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UNIVERSIDADE PAULISTA

LUCAS TRAJANO DOS SANTOS

A VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DAS CARTAS PSICOGRAFADAS COMO


MEIO DE PROVA NO ÂMBITO DO JUDICIÁRIO

SOROCABA
2023

LUCAS TRAJANO DOS SANTOS


A VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DAS CARTAS PSICOGRAFADAS COMO
MEIO DE PROVA NO ÂMBITO DO JUDICIÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do título de graduação em
Direito apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo José Orsi


de Sanctis.

SOROCABA
2023

LUCAS TRAJANO DOS SANTOS


A VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DAS CARTAS PSICOGRAFADAS COMO
MEIO DE PROVA NO ÂMBITO DO JUDICIÁRIO

Trabalho de Conclusão de Curso para


obtenção do título de graduação em
Direito apresentado à Universidade
Paulista – UNIP.

Aprovado em:

BANCA EXAMINADORA
_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP
_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP
_______________________/__/___
Prof. Nome do Professor
Universidade Paulista – UNIP

SOROCABA
2023
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço essa oportunidade a Deus e aos


espíritos amigos, pela paciência para comigo, por me sustentarem nos momentos
de aflições e de angustias, bem como pelos momentos de felicidade e pela ajuda
direta e indiretamente para que esse sonho fosse alcançado.
Agradeço também a minha mãe, Maria de Lourdes Oliveira, que
sempre me apoiou e não mediu esforços para que eu alcançasse meus objetivos.
Agradeço ainda aos amigos que fiz nessa minha jornada, em
especial a Dra. Juliana Eiko Tangi que tanto contribuiu para meu crescimento
profissional, espiritual e moral. Sem ela, não chegaria tão longe. E também a
minha namorada e futura esposa, Miriã Visiedo de Morais, que me apoiou
incansavelmente para que eu progredisse profissionalmente e como pessoa.
Por fim, agradeço aos professores do curso de Direito da Faculdade
Esamc Sorocaba, por onde cursei boa parte da minha graduação e também a
Universidade Paulista de Sorocaba/SP, que abriu as portas para mim,
contribuindo com a minha formação não medindo esforços para me proporcionar
o máximo de aprendizado.
Ao professor Ricardo Sanctis, meu orientador, por sua competência,
dedicação, empenho e paciência na construção deste trabalho e principalmente
por sua sensibilidade, que o torna capaz de compreender tudo o que o cerca,
sem a necessidade das palavras.
A todos os amigos que me incentivaram nesta caminhada...muito
obrigado!!
“...O fardo é proporcional às forças,
como a recompensa será proporcional
à resignação e à coragem. ”

Allan Kardec
RESUMO

O presente estudo não tem a finalidade de confrontar a laicidade do Estado, nem


mesmo impor aos demais qualquer dogma religioso. Não se busca a doutrinação,
nem mesmo a imposição arbitraria de uma religião como historicamente ocorreu
nos tempos passados.
Em verdade, o que se busca é demonstrar que a psicografia, respaldada na
Constituição e demais Leis Federais, pode tornar-se uma grande aliada nas
soluções de conflitos e obtenção de provas em casos de extrema complexidade
que até então não estavam solucionados, evitando assim, julgamentos
precipitados e prejuízos irreversíveis na pessoa do julgado/condenado.
Ademais, passaremos por um breve histórico sobre o início dos trabalhos
mediúnicos e das cartas psicografadas, sua comprovação por meio histórico e, ao
final, demonstrei que a mediunidade e a carta psicografada já foi objeto de estudo
cientifico, e inclusive, já foi utilizada para solução de casos policiais e judiciais pelo
mundo, razão pela qual deve ser admitida, ao menos de forma subsidiaria, como
meio de prova no âmbito do judiciário.

Palavras-chave: a viabilidade da utilização das cartas psicografadas como meio


de prova no âmbito do judiciário. princípios constitucionais. Provas. Mediunidade.
Constitucionalidade.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

Primeiramente há de se destacar que preferiu este singelo


escritor situar, logo nos primeiros tópicos, uma breve síntese a respeito da
doutrina espírita, por ser este de maior interesse do público em geral, bem como
para facilitar a compreensão dos demais tópicos, evitando assim, uma impressão
completamente equivocada do tema, dada a sua complexidade.

Por outro lado, há de se destacar novamente que a intenção


do presente estudo não é o aprofundamento na doutrina espírita nem tão pouco
doutrinar os nobres leitores a servidão da religiosidade, e sim, demonstrar a
importância da psicografia como meio de prova no âmbito do judiciário.

O presente trabalho aborda a psicografia como um dos tipos


das chamadas provas espíritas ou de natureza espírita (que além das cartas
psicografadas ou provas psicografadas, também envolvem as transcomunicações
instrumentais e mesas redondas), sendo ela um meio de prova atípica ou
inominada, verificando-se o seu conteúdo, origem e modo de produção e, partindo
dessas premissas, analisar a licitude de sua admissão no âmbito processual em
face da ordem constitucional brasileira vigente. A abordagem do tema se justifica
diante das discussões existentes acerca de seu cabimento, havendo, de um lado,
corrente que deseja dar-lhe trato científico, desprezando sua raiz religiosa, e outra
que se posiciona por sua não admissão em face de seu cunho religioso. É certo,
todavia, que o assunto ainda padece de maiores estudos, doutrina e reflexões
jurídico-científicas que amadureçam o entendimento de seu conteúdo e
fundamento, bem como de sua compatibilidade com a ordem jurídica vigente, de
sua adequação processual e de sua eficácia.
Daremos, portanto, uma breve pincelada nos tópicos acima
elencados para que o nobre leitor possa ler e compreender sobre o tema
levantado.

1. ASPECTOS HISTÓRICOS DA PSICOGRAFIA

1.1 FUNDAMENTOS DA PSICOGRAFIA

A doutrina espírita, que tem como fundamento filosofia e


ciência, aqui destaca-se a palavra “Ciência” que será objeto de estudo no decorrer
do presente trabalho, surgiu na França, em meados do século XIX, construída a
partir de diálogos estabelecidos entre o pedagogo francês Hippolyte Léon
Denizard Rivail, conhecido mundialmente como Allan Kardec, e energias até então
desconhecidas da grande maioria da humanidade, que se comunicavam por meio
de mesas girantes.

Curioso em entender como se dava tal comunicação, Allan


Kardec começou a estudar tais fenômenos, despertando grande curiosidade pois
buscava compreender como mesas girantes podiam se comunicar se as mesmas
não possuem músculos ou formular respostas se ela não tem um cérebro. E foi o
próprio agente causador do fenômeno que teria respondido: "Não é a mesa que
pensa! Somos nós, as almas dos homens que viveram na Terra"

A partir de então, passou Allan Kardec estudar mais a fundo


o tema, desenvolvendo o Kardecismo, movimento religioso que surgira na época,
pautada na relação entre o físico e a moral, sendo possível transcrever em
diversos livros o que descobriu.

Tais obras, que hoje conhecemos como doutrinas


alicerceadoras do espiritismo moderno, destaca-se “O livro dos espíritos” inscrito
em 18 de abril de 1857, composto por 1018 tópicos no estilo pergunta e resposta,
e o “Livro dos médiuns” inscrito em 1861.

1.2 ESPIRITISMO NO BRASIL

Importante mencionar que a doutrina espírita, disseminada


no Brasil pelo ilustríssimo Francisco Candido Xavier, mais conhecido como Chico
Xavier, tem como princípios fundamentais a existência e unicidade de Deus,
diferentemente do que a doutrina católica entende como Santíssima Trindade.

Outro ponto que merece destaque é que diferentemente de


outras religiões, entende a doutrina espírita na existência e imortalidade do
espírito, compreendido como individualidade inteligente da criação divina, bem
como em sua reencarnação como mecanismo natural da evolução espiritual. E
ainda, na possibilidade de comunicação entre os espíritos encarnados, aqueles
que ainda então presos aos corpos terrenos, os vivos, e os espíritos
desencarnados, considerados para os incrédulos como mortos ou inexistentes,
através da mediunidade.

Por fim, importante mencionar que muito embora a doutrina


espírita tenha surgido na França, no século XIV e se massificado em todo o
mundo, o Brasil é quem possui o maior número de adeptos, sendo a FEB -
Federação Espirita do Brasil, o maior conselho unificado do país.

2. DOS MÉDIUNS ESCREVENTES/PSICÓGRAFOS.

2.1 CONCEITOS

A psicografia segundo Allan Kardec é a transmissão do


pensamento dos Espíritos por meio da escrita pela mão de um médium. Assim
como para os astrônomos o telescópio é o instrumento de trabalho para que possa
enxergar e estudar os astros; Assim como o microscópio é o instrumento de
trabalho para que biólogos possam estudar os microssistemas vivos; o médium
escrevente a mão é o instrumento para que os mortos possam se comunicar com
a vida como conhecemos.

O médium, do latim médium, meio, intermediário, é a pessoa


que pode servir de intermediário entre os espíritos e os homens, independente da
condição moral do receptor, de suas crenças ou mesmo de seu desenvolvimento
intelectual.

Explanados os conceitos basilares e antes de mais nada, é


importante também entender que, a psicografia não está atrelada a qualquer tipo
de religião ou filosofia, sendo, portanto, uma faculdade de que alguns seres
humanos são dotados, que deve ser mais bem estudada pela Parapsicologia, pois
que esta é a ciência capacitada para permitir o estudo de tal fenômeno extra-
sensorial.

Por outro lado, Allan Kardec séculos passados já tratava da


matéria psicografia, e devido a este fato, muitos que aderem a filosofia espírita
consideram a psicografia como sendo uma das faculdades mediúnicas descritas
pelo mesmo autor, porém, esclareça-se que o médium é uma pessoa que tem
suas faculdades extra-sensoriais mais aguçadas.

Ademais em se tratando de religião, a psicografia não é


exclusiva da doutrina espírita, existem no Brasil religiões que admitem este tipo de
prática de recepção como a Teosofia e a Umbanda. E novamente frise-se que, a
extra sensorialidade humana é estudada pela ciência da Parapsicologia,
independentemente de qualquer religião.

2.2 ESPECIES DE PSICOGRAFIAS


Aprofundando o tema, existem três tipos de psicografias, são
elas a semimecânica, onde a mão do médium se move sem a vontade deste,
embora o mesmo possua a consciência daquilo que escreve; a intuitiva, que é
facultativo e voluntário o movimento das mãos, tendo o médium a consciência do
que vem a escrever e a Psicografia mecânica, cujo movimento da mão do médium
é involuntário e não há a consciência do que se escreve. Allan Kardec (KARDEC,
1966, p. 36) define a psicografia como "transmissão do pensamento dos Espíritos
por meio da escrita pela mão do médium.

No médium escrevente a mão é o instrumento, porém a sua


alma ou Espírito nele encarnado é o intermediário ou Intérprete do Espírito
estranho que se comunica.

A psicografia se classifica em psicografia direta (também


conhecida como manual ou involuntária) e psicografia indireta. Segundo o mesmo
autor na psicografia direta a mão é agitada por um movimento involuntário, quase
febril; pessoas com esta mediunidade tomam o lápis mau grado seu, e assim o
largam: nem a vontade, nem o desejo as podem fazer prosseguir, caso não o
devam fazer.

Já na psicografia indireta “a escrita é obtida pela imposição


das mãos sobre um objeto colocado de modo conveniente e mundo de um lápis
ou qualquer outro instrumento para escrever.

Os objetos mais geralmente empregados são as pranchetas


ou as cestas convenientemente preparadas. A força oculta que age sobre a
pessoa transmite-se ao objeto, o qual se torna, destarte, uma espécie de apêndice
da mão e lhe imprime um movimento necessário para traçar os caracteres. Hoje a
psicografia evoluiu e não mais se utiliza a psicografia indireta, apenas a direta.
Os médiuns que possuem esta mediunidade recebem a
denominação de médiuns psicógrafos. No “Livro dos Médiuns” Kardec faz a
classificação dos médiuns psicógrafos: médiuns mecânicos, médiuns intuitivos e
médiuns semimecânicos (KARDEC, 1984).
2.3 PSICOGRAFIA MECÂNICA

Na psicografia mecânica o Espírito comunicante atua


diretamente sobre a mão do médium, dando-lhe impulso, independe da vontade
do médium. A mão escreva ininterruptamente até a conclusão da mensagem
ditada pelo Espírito. Segundo mesmo autor o que caracteriza o fenômeno é que o
médium não tem a menor consciência do que escreve.

Quando se dá a inconsciência absoluta, têm-se os médiuns


chamados passivos ou mecânicos. Kardec (1984) chama a atenção para este tipo
de comunicação por não permitir dúvida alguma sobre a independência do
pensamento daquele que escreve. Este tipo de intercambio é importante porque o
Espírito comunicante utiliza os próprios recursos intelectuais.

2.4 PSICOGRAFIA INTUITIVA

Na psicografia intuitiva o comunicante espiritual não atua


sobre a mão do médium, atua sobre a mente do medianeiro que captando a idéia
do comunicante a escreve. Em tal circunstância, o papel da alma (do médium )
não é o de inteira passividade; ela recebe o pensamento do Espírito livre ( livre do
corpo físico ) e o transmite. Ele tem consciência do que escreve, embora não
exprima o seu próprio pensamento.

É o que se chama de médium intuitivo (KARDEC, 1984). Na


psicografia semimecânica, segundo o mesmo autor, um impulso é dado na mão
do médium, sem o seu controle, mas, instantaneamente ele tem consciência do
que escreve, à medida que as palavras se formam.”
Importantíssimo para este trabalho é a abordagem de Kardec
em “O Livro dos Médiuns” sobre a mudança de caligrafia, importante porque é um
dos meios para que se possa provar, através da perícia, a autenticidade do
documento apresentado. Assim leciona Kardec (1984): um fenômeno muito
comum nos médiuns escreventes é a mudança de caligrafia, conforme os espíritos
se comunicam. E o que há de mais notável é que uma certa caligrafia se reproduz
constantemente com determinado Espírito, sendo às vezes idêntica `a que este
tinha em vida. [...] a mudança da caligrafia só se dá com os médiuns mecânicos
ou semimecânicos, porque neles é involuntário o movimento da mão e dirigido
unicamente pelo Espírito.

O mesmo já não sucede com os médiuns puramente


intuitivos, visto que, neste caso, o Espírito apenas atua sobre o pensamento,
sendo a mão dirigida, como nas circunstancias ordinárias pela vontade do
médium. Mas a uniformidade da caligrafia, mesmo em se tratando de médium
mecânico, nada absolutamente prova contra a sua faculdade, porquanto a
variação da forma da escrita não é condição absoluta na manifestação dos
Espíritos: deriva de uma aptidão especial, de que nem sempre são dotados os
médiuns, ainda os mais mecânicos. Aos que a possuem damos a denominação de
Médiuns polígrafos. Em O livro dos médiuns, Kardec (1984) ensina que o papel do
médium mecânico é o de uma máquina; o médium intuitivo age como faria um
intérprete.

Este, de fato, para transmitir o pensamento, precisa


compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo fielmente e, no
entanto, esse pensamento não é seu, apenas lhe atravessa o cérebro. Kardec
(1984), já familiarizado com a metodologia das comunicações mediúnicas escreve
em "O Livro dos Médiuns" [...] já nos achamos em condições de comunicar com os
Espíritos, tão fácil e rapidamente, como o fazem os homens entre si e pelos
mesmos meios: a escrita e a palavra. A escrita, sobretudo, tem a vantagem de
assinalar, de modo mais material, a intervenção de uma força oculta e de deixar
traços que se podem conservar, como fazemos com a nossa correspondência.
Após estas explanações sobre a psicografia é importante analisar a possibilidade
de seu emprego como meio de prova.

3. ASPECTOS CIENTIFICOS E DOUTRINARIOS DA PSICOGRAFIA

Importante frisar que a psicografia, a fim de que possa ser


utilizada no âmbito do judiciário, deve vir respaldada de subsídios mínimos de
confiabilidade e verossimilhança.

Para desmistificar tal “crença”, a psicografia foi objeto de


vários estudos desde sua identificação e catalogação por Allan Kardec.

Acerca do conceito de espiritismo, a doutrina espírita relata


que “o espiritismo é uma filosofia de bases científicas e consequências religiosas”
(CHAGAS, 2018, https://radioboanova.com.br/espiritismo-o-que-e-e-por-que-
estuda-lo/).

Conforme Kardec (2009, p.7) o espiritismo ou a doutrina


espírita tem como pilar a relação entre o mundo material com os espíritos, ou seja,
aqueles seres invisíveis que já partiram. Ademais, o espiritismo é uma filosofia que
necessita de estudo aprofundado, assim como qualquer outra ciência, para ser
entendido, abordando todas as questões atinentes à humanidade.

A base do espiritismo é a crença em espíritos, mas esta deve


ser uma questão secundária, “uma consequência, não é o ponto de partida”
(KARDEC, 2016, p. 34-35).
Segundo Polízio (2009, p. 20-22) o espiritismo é tido como
uma ciência, vez que é necessário conhecimento e estudo aprofundado do mundo
dos espíritos, trazendo para a prática no mundo físico. Ademais, é tido como uma
religião, vez que “abraça, pratica e divulga o evangelho”, sem estereotipar e
formalizar os atos, como nos cultos evangelistas.

Conforme Moura (2018, p. 71) “a proposta do espiritismo é a


de esclarecer e educar o médium, à luz do conhecimento espírita presente nas
obras codificadas por Allan Kardec, assim como a vivência do Evangelho de
Jesus”

3.1 EXAMES CIENTIFICOS

O professor Carlos Augusto Perandréa da Universidade


Estadual de Londrina, Estado do Paraná, desenvolveu um trabalho inédito no
Brasil e no mundo, através da elaboração de exames científicos, que permitiram
comprovar a autoria das mensagens psicografadas.

Ele aprofundou os estudos na área da psicografia, a partir da


aplicação da Grafoscopia, definida por ele como "o conjunto de conhecimentos
norteadores dos exames gráficos, que verificam as causas geradoras e
modificadoras da escrita, através de uma metodologia apropriada para a
determinação da autenticidade gráfica".

Daí se pode aferir que ela pode verificar a autenticidade e a


autoria de uma mensagem manuscrita através da psicografia.

Para a realização deste trabalho, foi necessário ao perito o


domínio de causas modificadoras do grafismo, mão guiada, pivô da escrita e
exames da gênese gráfica. Nas 28 pesquisas, foram analisados como material os
originais oriundos de mensagens psicografadas unicamente pelo médium
Francisco de Paula Cândido Xavier, nascido no seio de uma família humilde, era
filho de João Cândido Xavier, um vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João
de Deus, uma dona de casa católica.

Certamente o ilustríssimo leitor já ouviu falar do Médium


João de Deus. Aqui cabe uns parênteses. Não quero aqui traze-lo a cruz a fim de
julgar sua moral perante os inúmeros casos de abusos a qual vem sendo
investigado. Daremos a João Teixeira de Faria, o João de Deus, a credibilidade
que lhe é devida diante dos inúmeros casos de cura presenciados e confirmados
por milhares de pessoas curadas por suas mãos.

Para quem não o conhece, João de Deus é considerado um


médium de cura, conhecido em todo o mundo por inserir objetos no corpo de uma
pessoa, por vezes a corta-la, sem qualquer anestesia, sobre o pretexto de cura-la.

João de Deus foi objeto de estudo de diversas universidades,


dentre elas a Universidade de São Paulo – USP, que acompanhou diversas
sessões do médium, bem como acompanhou diversos pacientes pôs cirurgia que
foram curados sem qualquer explicação cientifica, chegando a seguinte conclusão:
as intervenções e cortes não eram truques de ilusionismo. Necessitava, portanto,
de mais estudos.

Outro estudo cientifico sobre o tema, foi do Dr. Frederico


Leão, Psiquiatra da Universidade de São Paulo (USP).

Frederico Leão, em determinado estudo, buscando entender


os efeitos das sessões mediúnicas em internos, com retardo mental, de uma
instituição espirita onde trabalhava como psiquiatra, após sessões onde médiuns
da casa buscavam acessar a consciência psíquica do paciente, buscando falar
pela língua destes, sobre o pretexto de identificar seus problemas emocionais,
constatou que 55% dos pacientes que tinham passado pela terapia espírita
apresentaram alguma melhora em seu estado mental depois do tratamento, contra
15% dos que não tinham passado, demonstrando de forma criteriosa e cientifica a
influência da mediunidade sobre os seres.

3.2 EQM

EQM, sigla que significa “Experiência de quase morte”,


traduz-se no estado de morte momentânea do corpo, seja pela pessoa que
acabara que se afogar e o coração parou de funcionar, encontrando-se em estado
de desfalecimento, na qual após massagens cardíacas volta a vida ou então,
aquelas pessoas que acabara de sofrer uma parada cardíaca ficando sem sinais
vitais por vários minutos e voltam a vida após passarem pela incomoda sensação
de ter um desfibrilador descarregando cargas elétricas nunca inferiores a 300 volts
na parede torácica do seu corpo, e após retornar a consciência relatam visões do
mundo exterior a qual não conhecemos, como por exemplo, visualizar o próprio
corpo desfalecido, ter visões do que conhecemos como céu, aqui traduz-se a
palavra “céu” na linguagem bíblica., viagem no espaço tempo em questão de
segundos, etc.

O fato é que experiências de quase morte são corriqueiras


nos corredores dos hospitais, e por hora, mesmo não comprovada cientificamente,
os inúmeros relatos corroboram firmemente com sua veracidade.

3.3 EXAMES DOUTRINARIOS

Um dos livros escritos por chico chavier, Humberto de


campos, a qual em seu final está assinada por Humberto de Campos, com a
mesma assinatura que ele tinha em vida, tendo, inclusive, a viúva dele ajuizado
ação judicial para receber direitos autorais pelas obras publicadas por Chico.
Um estudo bastante interessante foi realizado por Carlos
Augusto perito, que foi grafotécnico do Banco do Brasil de 1965 até 1986, o
mesmo é perito judiciário em documentos copia desde 1965, e desde 1974 é
professor do Departamento de Patologia, Legislação e Deontologia da
Universidade Estadual de Londrina - Paraná, na disciplina Identificação
Datiloscópica e Grafotécnica. Em 1991, Perandréa escreveu o livro “A Psicografia
à Luz da Grafoscopia” onde analisou mensagens psicografadas do médium Chico
Xavier, posto que o perito também é médium.

O livro trata de uma verdadeira pesquisa científica, e das 400


cartas constantes de seu livro, 398 também foram confirmadas por outros 29
peritos, demonstrando confiabilidade, afinal a margem de acerto foi de 99,5%.

Carlos Augusto é um perito especialista que trabalha com


psicografia, e como nos orienta Tourinho Filho (3000, p.40): “frequentemente os
peritos são chamados a procederem a exames grafológicos ou grafotécnicos,
trata-se de exames delicados e que, por isso mesmo, devem ser entregues a
pessoas altamente credenciadas.”

O Código de Processo Penal em seu artigo 174 alude que no


exame para o reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á
o seguinte: I - a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será
intimada para o ato, se for encontrada; II - para a comparação, poderão servir
quaisquer documentos que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido
judicialmente reconhecidos como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não
houver dúvida; III - a autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os
documentos que existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes
realizará a diligência, se daí não puderem ser retirados; IV - quando não houver
escritos para a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade
mandará que a pessoa escreva o que lhe for ditado.
Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última
diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão as palavras que
a pessoa será intimada a escrever. No exame pericial devem ser confrontadas as
grafias da mensagem psicografada e a grafia da pessoa quando viva.

Aqui não se trata de “adivinhação” e sim de exame


respaldado cientificamente, porquanto são comparados vários hábitos gráficos
(pontos característicos) tais como, pressão, direção, velocidade, ataques, remates,
ligações, linhas de impulsos, cortes do t, pingo do i, calibre, gênese, letras
(passantes, não passantes e dupla passantes), alinhamento gráfico, espaçamento
ortográfico, valores angulares e curvilíneos. Por tais motivos vemos que a
Grafoscopia é uma ciência, e que por trás desta, existem especialistas que
reconhecem e autenticam documentos psicografados, para então colaborar com
os processos judiciais.

Sendo assim, os inúmeros estudos científicos e doutrinários


dão respaldo mínimo para a utilização das cartas psicografadas no âmbito do
judiciário, pois passaram pelo crivo de estudiosos, além de ser consenso de
milhões de pessoas que não só presenciaram tal fenômeno, como foram parte da
catalogação dos eventos psicográficos.

4. CONCEITUAÇÃO DE PROVA NO ÂMBITO JURÍDICO

Conforme se extrai da doutrina, esta confirma que são


previstas determinadas etapas, em ordem cronológica, para a realização da prova
em juízo, geralmente podendo ser catalogadas em quatro – a) requerimento da
prova, pela parte; b) deferimento (ou “admissão”) da prova, pelo juiz; c) produção
da prova, pela parte ou por terceiro (perito); d) valoração da prova, pelo juiz.
Sistema da persuasão racional: livre convencimento
motivado do juiz; não é aceita hierarquia absoluta de provas, podendo o julgador
se valer de qualquer uma, desde que haja motivação a respeito – é o sistema
atualmente adotado pelo Brasil, conforme art. 93, IX CF/88

Hierarquia de provas: de acordo com a disciplina do art.


332 do CPC articulado com o art. 131 (o sistema de persuasão racional, como
modelo de valoração da prova), não há hierarquia de provas, podendo ser
utilizados meios de prova típicos e mesmo atípicos, desde que moralmente
legítimos.

A propósito, Moacyr Amaral Santos alude que"os meios de


prova não são criações abstratas da lei, mas generalizações da experiência", o
que indica estarmos diante de fenômeno de criação/desenvolvimento incessante e
irrefreável. Repara-se então, a importância da existência de uma" cláusula
escapatória "nos sistemas processuais reguladores da prova, já que aos meios
probantes apresentados e delimitados pelo legislador em determinado lapso
temporal, podem ser desenvolvidos outros, que enquanto ainda não positivados,
não poderiam ser afastados como fontes hábeis, se lícitas, para o convencimento
do órgão judicial.

Nas palavras de Scarpinella Bueno seria a prova “tudo que


puder influenciar, de alguma maneira, na formação da convicção do magistrado
para decidir de uma forma ou de outra, acolhendo, no todo ou em parte, ou
rejeitando o pedido do autor”.

Já para Marinoni e Mitidiero, poderíamos definir a prova


como “meio retórico, regulado pela legislação, destinado a convencer o Estado da
validade de proposições controversas no processo, dentro de parâmetros fixados
pelo direito e de critérios racionais”
Moura (2006) entende que o Direito não é estático e também
não pode sê-lo quando se pensa na adoção de meios de prova. Investigar para se
chegar o mais próximo quanto possível da verdade real é a meta.

Segundo o Ferreira (1988, p.535) a palavra prova pode ser


conceituado em formas, sendo que para este estudo pode-se usar: Aquilo que
atesta a veracidade ou a autenticidade de alguma coisa; demonstração evidente.;
Ato que atesta ou garante uma intenção, um sentimento; testemunho, garantia de
atividade realizada no processo com o fim de ministrar ao órgão judicial os
elementos de convicção necessários ao julgamento de cada um dos meios
empregados para formar a convicção do julgador levando à admissão de uma
afirmação ou da realidade de um fato DIR. JUD. CIV. E PEN.

No entendimento de Teixeira Filho (1983, p.22), o vocábulo


prova, é originário do latim “proba”; “denota tudo o que demonstra a veracidade de
uma proposição ou a realidade de um fato. Constituindo prova todo procedimento
deste gênero, qualquer que seja sua natureza: mostrar uma coisa ou um fato,
exibir um documento, dar testemunho, efetuar uma indução.”

O Segundo o professor Tourinho Filho (2000 p. 221) “a


palavra prova significa, de ordinário, os elementos produzidos pelas partes ou pelo
próprio Juiz, visando a estabelecer, dentro do processo, a existência de certos
fatos. ”

O mesmo autor faz uma diferenciação no sentido que a


palavra é empregada.

Às vezes ela é empregada com o sentido de ação de provar.


Para ele significa fazer conhecer a outros uma verdade conhecida por nós. Ou
seja, nós a conhecemos; os outros não.
No processo, a prova é todo meio dedicado a persuadir o juiz
a respeito da verdade de uma situação de fato (GRECO FILHO, 1997).

As provas, nesse dado contexto, seguem salvaguardadas


pela garantia constitucional do Devido Processo Legal (art. 5º, LIV, CF), princípio
este que “confere a todo sujeito de direito, no Brasil, o direito fundamental a um
processo devido (justo, equitativo, etc.).”

Não bastasse o fato de ser tutelada e, por conseguinte, ter


assegurada a sua garantia existencial por meio do devido processo legal formal ou
procedimental, a prova também passa a ser envolta nos mantos protetivos do
contraditório e da ampla defesa (art. 5º, LV, CF) e do princípio da paridade das
armas ou igualdade processual (art. 5º, I, CPC).

Sendo assim, devem os legisladores resguardar o direito


individual, os princípios constitucionais, aqui destaca-se o direito à liberdade e a
vida digna devem evoluir de acordo com a sociedade.

4.1 VERDADE REAL X VERDADE FORMAL

A doutrina clássica costuma realizar uma divisão da verdade


em real (também chamada substancial) e formal (também chamada processual ou
verossimilhança).

Verdade real é aquilo que aconteceu na realidade,


independentemente da vontade humana. Verdade formal é a verossimilhança, ou
seja, a verdade que se extrai dos autos no processo. Verdade real e verdade
formal são inconfundíveis para os fins da teoria da prova. A primeira decorre dos
fatos que realmente acontecem na vida, ou seja, a verdade em si; a segunda
corresponde aos elementos constantes dos autos, como resultado das provas
produzidas pelos sujeitos do processo.
A verdade, no processo, deve ser sempre buscada pelo Juiz,
mas o legislador, embora se preocupe com a busca da verdade, não a coloca
como um fim absoluto em si mesmo.

Ou seja, o que é suficiente, muitas vezes para a validade e a


eficácia da sentença é a verossimilhança dos fatos.

O que se pretende significar é que, conquanto o escopo do


juiz haja de ser a descoberta da verdade, este fim não é absoluto, no sentido, de
que, se um processo tiver tido sua prova mal avaliada, deixe a decisão nele
proferida de subsistir, pois a má apreciação da prova não enseja cabimento ou
não é fundamento para ação rescisória. Isso mostra que o direito processual como
um todo ainda carece de aprimoramento, pois se nem mesmo a verdade formal
pode ser garantida de forma absoluta, como então defender à busca por uma
verdade que ultrapassa a barreira dos critérios meramente formais e desemboca
num oceano de probabilidades lógicas, porém, terminantemente complexas?

De fato, é uma incógnita que precisa ser solucionada. E essa


preocupação assola ainda mais quando o que se está em pauta são os interesses
indisponíveis que permeiam a seara do direito processual. Como aduzir que o
Estado-Juiz fez justiça no caso concreto se nem mesmo conseguiu cumprir as
formalidades procedimentais mais singelas?

Tutelam-se no âmbito processual bens jurídicos de


incomensurável importância. Como decidir sobre a vida de alguém com base
somente no “pro forma”?

Desse modo, a moderna doutrina defende a tese da


superação da diferenciação entre verdade real e formal, dizendo que a verdade é
uma só, a real, mas esta é praticamente impossível de ser atingida. Não obstante,
todos que atuam no processo, principalmente o julgador, deve empregar esforços
para se chegar ao acertamento mais próximo da realidade (verdade substancial).

E é por isso que todas e quaisquer espécies de provas,


desde que não advenham de vias ilícitas ou não sejam consideradas ilegítimas,
devem ser admitidas para fins de se buscar a verdade substancial. Insere-se no
rol de provas não eivadas de ilegitimidade e ilicitude, como adiante se
demonstrará, a psicografia.

4.2 A LIBERDADE DA PROVA

No Processo Penal brasileiro vigora o princípio da verdade


real, disso decorre que não deve haver limitação à prova, caso contrário o
interesse do Estado na justa aplicação da lei seria prejudicado.

O juiz no Processo criminal deverá procurar a verdade por si


mesmo, caso ela não se encontre pronta.

No Código Penal Brasileiro os meios probatórios estão


dispostos dos artigos 158 a 250. Mas este rol é taxativo?

Conforme o entendimento de grande parte da doutrina esta


enumeração não é taxativa; isto porque seria muita pretensão do legislador não
prever sua própria falibilidade (TOURINHO FILHO, 2000).

Exemplificando esta visão doutrinária está o artigo 332 do


Código de Processo Civil que reza: “Art. 332. Todos os meios legais, bem como os
moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para
provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa. “
Os autores que defendem a tese da não-taxatividade deste
rol fazem restrição a todo e qualquer meio de prova que atente contra a
moralidade ou viole o respeito à dignidade humana. A tendência de abolir a
taxatividade, tem o cuidado de proibir qualquer meio probatório que atente contra
a moralidade ou violente o respeito à dignidade humana (TOURINHO FILHO,
2000).

O Código de Processo Penal Brasileiro não limita os meios


de prova, não havendo restrição a produção de provas além das indicadas no
Código. O controle que é feito aos atentados a moralidade e dignidade da pessoa
humana decorre, principalmente dos princípios constitucionais. É clara esta não
limitação no artigo 155 do Código de Processo Penal que diz “in verbis”: “Artigo
155No juízo penal, somente quanto ao estado das pessoas, serão observadas as
restrições à prova estabelecidas na lei civil. 29 “ 26 No artigo 6° do mesmo código,
nos incisos III a IX, esta liberdade pela procura do princípio da verdade real está
bem clara. O inciso III chega a dizer claramente “colher todas as provas que
servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias”.

Sempre se deve lembrar que há os princípios constitucionais


a serem respeitados. Daí concluir a não aceitação das provas conseguidas por
meio de hipnose, narcoanálise, lie-detector, retinoscópio, soro da verdade, e
também a quais quer outros processos para obtenção de prova que cause
alterações psicofísicas na pessoa (GRECO FILHO, 1997).

4.3 O JUIZ PERANTE A PROVA - CONVICÇÃO ÍNTIMA E LIVRE

O princípio da livre convicção está disciplinado no artigo 155


do Código de Processo Penal, que dispõe: O juiz formará sua convicção pela livre
apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar
sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas (BRASIL, 2020,
http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm).

Ao analisar a prova, deve-se sempre compatibilizar entre o


livre convencimento e o que a lei disciplina, não podendo o magistrado decidir com
base na sua vivência e opinião pessoal (NUCCI, 2008, p. 339).

Entretanto, quando se tratarem de crimes dolosos contra a


vida, de competência do tribunal do júri, os jurados serão os “juízes”, que decidirão
com base no que foi apresentado em plenário e de acordo com sua íntima
convicção, não se exigindo motivação ou fundamentação na decisão, o que
configura uma exceção ao princípio outrora abordado (NUCCI, 2013, p. 424).

Dessa forma, julgar através de sua íntima convicção, por


meio de sua consciência, não ficando adstrito às provas e à lei e não necessitando
dar satisfação a ninguém, sabendo que sua decisão é soberana, pois está
representando o povo, ampara, ainda mais, o direito de liberdade (TOURINHO
FILHO, 2010, p. 63).

Avena (2009, p. 381) explica que, no Tribunal do Júri, os


jurados não ficam adstritos às provas produzidas nos autos e respondem, de
forma secreta e sem comunicação entre si, os quesitos formulados, podendo
decidir de acordo com critérios próprios, muitas vezes em sentido contrário ao que
indicado nos autos.

Dessa forma, em contraponto com o Juiz singular, que


decidiria com base no seu convencimento, através das provas produzidas, e da
legislação vigente, os jurados decidem de acordo com suas convicções, não
precisando fundamentar, o que torna o instituto do Júri tão singular e diferente.

5. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA EM CARTAS PSICOGRAFADAS


As perícias são elaboradas por técnicos com formação
profissional para tanto. Estes exames são, geralmente, formados de uma parte
descritiva, onde é relatado o que foi observado pelos peritos e a parte conclusiva
onde eles respondem aos quesitos.

O juiz e as partes poderão formular questionamentos, mas


estes serão analisados pelo magistrado quanto a pertinência. Caso haja
contradição entre os laudos, o juiz nomeará um terceiro perito para que a dúvida
se desfaça.

É importante frisar que uma perícia não anula a outra,


devendo ambas ser colocadas nos autos para a apreciação do magistrado. No
processo penal é nulo o exame realizado por apenas um perito, isto está
preceituado na súmula 361 do Supremo Tribunal Federal. A necessidade de mais
de um perito se justifica pela segurança da perícia (GRECO FILHO, 1997).

Vale relatar que a despeito de seu conteúdo técnico, o juiz


não fica restrito ao laudo pericial, podendo aceitá-lo ou rejeitá-lo, no todo ou em
parte, quer na parte descritiva, quer na parte conclusiva. Deverá, porém, como é
óbvio, demonstrar as razões de seu convencimento em contrário.

O artigo 174 do Código de Processo Penal trata do


reconhecimento de escritos por comparação de letra:

Artigo174 - No exame para o reconhecimento de escritos, por


comparação de letra, observar-se-á o seguinte: Poderá ser feita por precatória, em
que se consignarão as palavras que a pessoa será intimada a escrever I- a
pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato,
se for encontrada; II -para a comparação, poderão servir quaisquer documentos
que a dita pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos como
de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III- a autoridade,
quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que existirem em
arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a diligência, se daí não
puderem ser retirados; IV-quando não houver escritos para a comparação ou
forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a pessoa escreva o que
lhe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar certo, esta última
diligência.

Kardec (2008, p. 195) afirma que é muito corriqueiro, no


tocante aos médiuns escreventes, ocorrer a alteração da caligrafia.

No entanto, muitas vezes, a mesma caligrafia pode se repetir


com o mesmo espírito ou até mesmo se mostrar idêntica àquela que o espírito
possuía em vida. Ademais, Perandreá, em seu livro “Psicografia à Luz da
Grafoscopia” posicionasse no sentido de que só haverá mudança de caligrafia nos
médiuns mecânicos e semimecânicos, vez que, nestes casos, a impulsão da mão
dá-se pelo espírito.

Entretanto, nos médiuns intuitivos, o espírito atua somente


sobre o pensamento do médium, fazendo com que este inicie a escrita por sua
própria vontade.

Dessa forma, fins de conferir maior veracidade ao documento


emitido pelo médium e possível utilização deste como prova, poderá ser utilizada a
perícia grafotécnica, que mede a autenticidade ou falsidade de documentos, indo
muito além da escrita propriamente dita, retratando, também, se a carta
apresentada é de origem fraudulenta ou não (GALVÃO, 2010, p. 120).

Acerca do debate da utilização da carta psicografa como


meio de prova, Barros (2014, https://jus.com.br/artigos/35198/a-psicografia-como-
meio-de-prova-no-proce sso-penal-brasileiro/2) menciona a obra da advogada
Patrícia Gonçalves dos Santos Guedes, que analisou casos concretos de
utilização do documento, esclarecendo que a capacidade do médium e a
veracidade da carta escrita fica à cargo dos jurados e magistrado quando de sua
utilização, vez que “honradez e credibilidade são questões de foro íntimo, que não
podem ser medidas pela ciência [...]”.

O artigo 174 do Código de Processo Penal elenca regras


para o reconhecimento da escrita por comparação: No exame para o
reconhecimento de escritos, por comparação de letra, observar-se-á o seguinte: I -
a pessoa a quem se atribua ou se possa atribuir o escrito será intimada para o ato,
se for encontrada; II - para a comparação, poderão servir quaisquer documentos
que a dita 41 pessoa reconhecer ou já tiverem sido judicialmente reconhecidos
como de seu punho, ou sobre cuja autenticidade não houver dúvida; III - a
autoridade, quando necessário, requisitará, para o exame, os documentos que
existirem em arquivos ou estabelecimentos públicos, ou nestes realizará a
diligência, se daí não puderem ser retirados; IV - quando não houver escritos para
a comparação ou forem insuficientes os exibidos, a autoridade mandará que a
pessoa escreva o que Ihe for ditado. Se estiver ausente a pessoa, mas em lugar
certo, esta última diligência poderá ser feita por precatória, em que se consignarão
as palavras que a pessoa será intimada a escrever (BRASIL, 2020,
http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/decreto-lei/del3689compilado.htm).

Menciona Galvão (2010, p. 122) que a perícia grafotécnica


não tem o condão de comprovar que existe vida após a morte, mas tão somente
validar a carta psicografada como meio de prova.

Perandreà (1991, p. 20-23), perito do Judiciário desde 1965,


analisa em sua obra psicografias realizadas por Chico Xavier e relata que, das 400
cartas analisadas, 398 foram avaliadas e confirmadas por outros peritos. Kardec
(1985, p. 47) conclui que o espiritismo e a ciência devem manter um diálogo entre
si. Nesse norte, o perito Carlos Augusto Perandreà, avaliou uma carta atribuída a
Ilda Mascaro Saullo, que morreu de câncer em 1977, na Itália. A carta, em língua
italiana, idioma este desconhecido pelo médium Chico Xavier, foi comparado com
um cartão postal escrito por Ilda anos antes de sua morte. Em perícia grafotécnica
realizada pelo referido perito, este concluiu: A mensagem psicografada por
Francisco Candido Xavier, em 22 de julho de 1978, atribuída a Ilda Mascaro
Saullo, contém, conforme demonstração fotográfica, (figura 13 a 18), em “número”
e em “qualidade”, consideráveis e irrefutáveis características de gênese gráfica
suficiente para a revelação e identificação de Ilda Mascaro Saullo como autora da
mensagem questionada.

Em menor número, constam, também, elementos de gênese


gráfica, que coincidem com os existentes na escrita padrão de Francisco Cândido
Xavier(PERANDREÀ, 1991, p. 56).

Ademais, cumpre salientar que, o fato de a carta


psicografada ser submetida à perícia grafotécnica e ser constatada a sua
autenticidade, não confere a ela valor absoluto, devendo ser analisado um todo do
conjunto probatório. Nesse sentido: Vale a pena lembrar que no sistema
processual em vigor no Brasil, nenhum tipo de prova (confissão, testemunha,
documento, perícia) tem valor absoluto.

Em outras palavras, o órgão julgador tem liberdade para, em


maior ou menor grau, valorar a prova, ou seja, para, em cada processo, atribuir a
cada prova e ao seu conjunto o valor que pareça ao órgão julgador mais jurídico,
mais certo, mais razoável, mais justo (PERANDREÀ, 1991, p. 15).

Dessa forma, a admissibilidade da carta psicografada


remonta diversas opiniões divergentes, vez que alguns juristas acreditam ser uma
afronta aos preceitos fundamentais, configurando uma prova ilícita. De outro lado,
muitos acreditam que tal prova poderá ser considerada documental, conforme
dispõe o artigo 232 do CPP, não se tratando de um fenômeno espiritual, mas sim
da existência humana.

Nesse sentido, Polízio (2009, p. 152) conforme Barros (2014,


https://jus.com.br/artigos/35198/a-psicografia-como-meio-de-prova-no
processopenalbrasileiro/2) menciona que a carta psicografada apresentada,
possui natureza probatória de prova documental, vez que é a manifestação
daquela pessoa que já morreu e dessa forma, será submetida ao regramento do
Código de Processo Penal, podendo ser impugnada e arguida sua falsidade.

Nesse diapasão, considerando que o rol contido no artigo


232 do Código de Processo Penal deve ser interpretado de forma expansiva,
sendo admitidos “quaisquer escritos” e tendo em vista que qualquer prova a ser
utilizada no Plenário do Júri deverá ser juntada aos autos, previamente, fins de
observância do princípio do contraditório e da ampla defesa, não há o que se falar
em inadmissibilidade deste meio de prova.

Ademais, em havendo qualquer irresignação quanto à carta


psicografada, esta poderá assar por um exame grafológico, conforme mencionado
anteriormente, fins de medir sua autenticidade. A análise acerca da sua
idoneidade será realizada por aquele que for julgar, ou seja, pelos jurados,
devendo analisar as provas apresentadas em conjunto e não isoladamente.

Além do mais, a decisão a ser tomada parte da premissa


daquilo que os jurados acreditam, do que possuem fé, observando-se o caráter
laico do Estado e utilizando-se do princípio da íntima e livre convicção para
decidirem (CALADO, 2012, https://jus. com.br/artigos/22273/o-carater-laico-do-
estado-brasileiro-e-as-cartas-psicografadasno-tribunal-do-juri/3).

Diante do exposto, ressalta-se que não serão todos os casos


em que será valorada a carta psicografada apresentada no Tribunal do Júri, vez
que dependerá exclusivamente daquilo que os jurados acreditarem, bem como,
cumpre salientar que aquela carta escrita por médium mecânico, ou seja, aquele
que não possui consciência durante a manifestação do espírito, conforme já
mencionado anteriormente, poderá ser a forma mais perceptível e fácil de se
compreender e analisar a prova através da perícia.

6. O PAPEL DA PSICOGRAFIA COMO MEIO DE PROVA NO ORDENAMENTO


JURÍDICO

A aprovação das cartas psicografadas como prova no âmbito


do judiciário brasileiro é um assunto muito polêmico, visto que a maioria das
pessoas desconhece o assunto e faz juízos de valor errôneos sobre elas.

Conforme já exprimido, a Constituição Republicana de 1988


proclama em seu art. 5º, LVI(2010, p.10): “são inadmissíveis no processo, as
provas obtidas por meios ilícitos”. Significa que o legislador tornou defeso qualquer
prova que viole direito material ou processual. Nesta linha de raciocínio, cabe
referir o art. 332 do CPC (2010, p. 413) que coloca: “Todos os meios legais, bem
como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são
hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa”.

Entrando no campo da psicografia, mencionar que não se


trata de um meio de prova ilícito e muito menos, ilegítimo, logo não é passível de
vedação constitucional. Sabe-se que o ordenamento jurídico pátrio toma como
critério o sistema de provas meramente exemplificativo, ou seja, além das provas
nominadas, aquelas previstas expressamente em lei, há também as inominadas,
não previstas, contudo possíveis. Em vista disso, reputa-se que a psicografia é
prova inominada e por suas características, já expostas, pode ser equiparada à
prova documental particular, pois está em consonância com o art. 232 do CPP
(2010, p. 636) que dispõe: “Consideram-se documentos, quaisquer escritos,
instrumentos ou papéis, públicos ou particulares”.
Todavia jamais pode ser acolhida como fonte autônoma e
sim como fonte subsidiária, devendo ser analisada em conjunto com as demais
provas, exceto se for a única prova produzida, onde deverá ser examinado
minuciosamente seu conteúdo e sua autenticidade. Vale recordar também que no
sistema processual brasileiro não há hierarquia entre as provas, traduzindo,
nenhuma prova tem valor absoluto, o órgão julgador formará seu convencimento
pela livre apreciação de cada prova, vai valorá-las com o critério que julgar mais
razoável e justo.

Quanto ao magistrado, não há objeção alguma em aceitar a


psicografia, como já esposado exaustivamente é amparado pelo princípio da
verdade real em que pode determinar a produção de provas que entenda
necessário para se chegar o mais próximo possível da realidade dos fatos; e pelo
princípio do livre convencimento motivado ou persuasão racional em que possui
ampla liberdade para decidir em conformidade com suas convicções, mas desde
que tal decisão seja devidamente fundamentada estando preso a qualquer critério
legal de prefixação de valores probatórios.

No entanto, essa liberdade não é absoluta, sendo necessária


a devida fundamentação. O juiz, portanto, decide livremente de acordo com a sua
consciência, devendo, contudo, explicitar motivadamente as razões de sua opção
e obedecer a certos balizamentos legais, ainda que flexíveis.

Neste prisma, cumpre também fazer referência à admissão


da psicografia no tribunal do júri. Capez (2007, p. 314) reforça a ideia: O juiz tem a
liberdade para formar a sua convicção, não a se o juiz togado pode adotar este
meio de Prova , com mais razão ainda, pode ser reconhecida pelos jurados.

O corpo de jurados é constituído por sete pessoas leigas,


que tomam suas decisões de acordo com suas íntimas convicções e por este
motivo não precisa fundamentar o veredicto.
Nessa esteira, para a existência de uma defesa plena, é
necessário extrapolar o comum, bem como que a lei não traz nenhuma vedação
para o uso da carta psicografada (POLÍZIO, 2009, p. 124). Até porque uma carta
supostamente ditada por um espírito e grafada por um médium não fere qualquer
preceito legal. Pelo contrário, encontra plena guarida na própria Carta Magna, não
se podendo incluí-la entre as provas obtidas por meios ilícitos de que trata o art.
5º, LVI, da mesma Lei Maior. É evidente que a verdade da origem e do conteúdo
de uma carta psicografada será apreciada de acordo com a convicção religiosa ou
mesmo científica de cada um. Mas jamais tal documento, com a vênia dos que
pensam diferentemente, poderá ser tachado de ilegal ou de ilegítimo.

7. CASOS DE ACEITABILIDADE DA PSICOGRAFIA POR TRIBUNAIS NO


BRASIL

No Direito Penal Brasileiro, há seis casos conhecidos da


aceitabilidade de comunicações mediúnicas psicografadas. Os casos são os
seguintes: O primeiro caso ocorreu dia 10 de fevereiro de 1976 e tendo como réu
João Batista França e vítima Henrique Emmanuel Gregoris, que obteve absolvição
sumária. O processo teve como juiz o Dr. Orimar Bastos. A psicografia utilizada foi
do médium mineiro Francisco Cândido Xavier.

O segundo caso foi crime de homicídio, ocorrido em Goiânia,


Goiás, no dia 8 de maio de 1976, praticado por José Divino Gomes contra
Maurício Garcez Henriques. O Juiz de Direito da 6ª. Vara Criminal de Goiânia, Dr.
Orimar Bastos, absolveu o réu, sob fundamento de que a mensagem psicografada
de Francisco Cândido Xavier, anexada aos autos, merece credibilidade e nela a
vítima relata o fato e isenta de culpa o acusado.

No Terceiro caso, João Francisco Marcondes Fernandes de


Deus foi acusado de ter matado a sua esposa, a ex-mis Campo Grande, Gleide
Dutra de Deus, no dia 1º de março de 1980. Em março de 1982, o juiz Armando
de Lima remeteu o processo ao Tribunal do Júri. No primeiro júri realizado, os
jurados reconheceram, por unanimidade, que o réu não teve a vontade de matar,
sendo absolvido. Após a acusação recorrer, foi determinado novo júri e, no
segundo julgamento popular, já em 1990, João Francisco foi acusado por
homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar.

No Quarto caso também foi crime de homicídio, ocorrido na


localidade de Mandaguari, Paraná, no dia 21 de outubro de 1982, praticado pelo
soldado da Polícia Militar, Aparecido Andrade Branco, vulgo "Branquinho" contra o
deputado federal Heitor Cavalcante de Alencar Furtado. Embora admitida como
prova a mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier, na qual o espírito
da vítima inocentava o réu pelo tiro que deste recebera, o tribunal do júri, por cinco
votos a dois, o considerou culpado, tendo o Juiz de Direito, Dr. Miguel Tomás
Pessoa Filho, condenado o réu a oito anos e vinte dias de reclusão.

No quinto caso, ocorrido em julho de 2003, o tabelião Ercy da


Silva Cardoso, de 71 anos, foi encontrado morto com dois tiros na cabeça em sua
casa em Porto Alegre. A suspeita recaiu sobre uma mulher de 63 anos, Iara
Marques Barcelos, ex-amante de Cardoso.

O advogado utilizou duas cartas psicografadas pelo médium


Jorge José Santa Maria, da Sociedade Beneficente Espírita Amor e Luz. Os textos
psicografados foram incorporados ao processo por terem sido "apresentados em
tempo". Essa inclusão não foi contestada pela acusação. Iara foi inocentada por
cinco votos a dois.

O sexto caso ocorreu na cidade paulista de Ourinhos. O


crime ocorreu em 1997, quando o comerciante Paulo Roberto Pires foi baleado
por dois homens. O assassino Valdinei Ferreira, condenado por ser o mandante
do crime, acusou o cunhado de Paulo, Milton dos Santos, de ser co-autor. A carta
da vítima inocenta Milton de qualquer envolvimento nos crimes. O promotor pediu
adiamento do julgamento alegando que a carta provocaria comoção.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve o intuito de se aprofundar com base


em doutrina e legislação,a possibilidade de admissão da carta psicografada como
prova no processo penal. A psicografia não possui restrição alguma no campo das
provas, sendo assim um meio de prova aplicável.

O artigo 332 do Código de Processo Civil muito bem se


coloca a esclarecer tal proposição, enfatizando que quaisquer meios lícitos de
provas são aceitos, sejam elas nominadas ou inominadas. Além do mais, a
psicografia seja advinda deste ou doutra dimensão e, desde que comprometida a
auxiliar o magistrado na busca pela verdade, deve ser aceita em juízo. A
psicografia não pode ser vista comoprova ilícita de maneira alguma,já que os
meios para obter a carta são lícitos e seus resultados não violam direitos.

Em conclusão, a psicografia é um tema alvo de muitas


críticas, cada indivíduo possui livre escolha na religião que quer seguir, direito este
previsto constitucionalmente. Além do mais, a própria Constituição em seu artigo
5º, LV ,prevê o direito dos litigantes ao contraditório e a ampla defesa,
proporcionando o ônus de se defender-se com as provas que lhe forem
convenientes ,desde que não violem a moral e os bons costumes .

Fica evidenciado que a carta psicografada deve ser admitida


como meio de prova, pois se trata de prova documental, atípica por não ter
previsão legal, mas lícita visto que a sua obtenção é de forma idônea e sua
autenticidade pode ser comprovada pela grafoscopia.
Ademais, pode ser aceita tanto pelo Juiz singular por meio de
sua livre convicção motivada, quanto mais, pelo tribunal do júri, que pelo princípio
da soberania dos veredictos não precisa fundamentar suas decisões, sendo
permitido decidirem de acordo com seus valores éticos e morais. Se antes a
psicografia era encarada como um fenômeno repreensível, com o avanço da
ciência pode-se observar que ela realmente existe e merece ser acatada no
Direito.

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