Aula 6 - 26 - 09 - Dislipidemia

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Doenças Cardiovasculares

Dislipidemia - DLP
Dislipidemias
A dislipidemia é caracterizada pela presença de
níveis elevados de lipídios (gorduras) no sangue.

COLESTEROL E TRIGLICÉRIDES.
Doença Aterosclerótica
Doença multifatorial e sistêmica que se desenvolve a
partir de dano endotelial, cursando com formação de
placas gordurosas que podem ou não originar
manifestações clínicas cardiovasculares

Fatores de risco → dano endotelial → placa aterosclerótica


→ ruptura/ trombose vascular → Manifestação clínica CV

Dislipidemias
Manifestações da Aterosclerose
Isquêmico
AVE
Hemorrágico

Angina pectoris
DAC
Infarto Agudo Miocárdio

Claudicação
Gangrena, necrose
Estrutura arterial normal

Placa aterosclerótica
Redução do lúmem arterial

Redução dos nutrientes


Remodelamento ventricular
Remodelamento ventricular: alterações ventriculares
moleculares, estruturais e funcionais
Cuidado Nutricional Integral ao paciente
dislipidêmico em prevenção primária e secundária
Cuidado Nutricional Integral ao paciente
dislipidêmico em prevenção primária e secundária

- Avaliação do tipo de dislipidemia (primária, secundária,


mista, isolada)
-Presença de doenças associadas (Diabetes/ Obesidade/
Hipotireoidismo)
- Uso de medicamentos hiperlipemiantes (corticóides/
antiretrovirais/ anabolizantes)
-Idade (crianças tem abordagem terapêutica diferente da de
adultos)
- Estilo de vida (tabagismo, etilismo, sedentarismo)
- Prevenção primária ou secundária
Dislipidemia
Sociedade Brasileira de Cardiologia:

• I Diretriz de Gorduras – 2013

• I Diretriz de Consumo de Gorduras - 2013

• V Diretriz de Dislipidemia – 2013

• Atualização da Diretriz de Dislipidemia e Prevenção de


Aterosclerose - 2017

http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes.asp
Classes de lipoproteínas (conforme a densidade):

❑ Lipoproteina VLDL: (lipoproteína de muito baixa


densidade. Sintetiza no fígado e transporta
Triglicerídeos (TG).

Quando o VLDL esta aumentado aumenta a deposição


de TG no vaso sanguíneo, ativando a cascata de
coagulação formando trombo e entupindo as veias.
❑ Lipoproteina LDL: (lipoproteína de baixa densidade). É a
proteína que transporta o colesterol produzida pelo
fígado para ser depositado nos vasos sanguíneos
(colesterol ruim).
❑ Lipoproteina HDL: (lipoproteína de alta densidade). É a
lipoproteína que transporta colesterol dos vasos
sanguíneos levando para o fígado produzir hormônios
ou membranas celulares.
❑ Quilomícrons: Ricas em TG (85%), maiores e menos
densas, origem intestinal.
❑ Alimentos que aumentam HDL: ácidos graxos
poliinsaturados - ômega 3 (anti-inflamatório EPA -
DHA), ômega 6 e ômega 9.
❑ LDL alimentos que aumentam o próprio colesterol,
gordura saturada, gordura trans, ômega 6 ( em altas
quantidades)
Classificação da DLP - 2017

• Hipercolesterolemia isolada: elevação isolada do LDL-C (≥


160 mg/dl);
• Hipertrigliceridemia isolada: elevação isolada dos TGs (≥ 150
mg/dl) que reflete o aumento de VLDL, IDL e quilomícrons.
• Hiperlipidemia mista: valores aumentados de LDL-C (≥ 160
mg/dl) e TG (≥ 150 mg/dl). Nos casos em que TGs ≥ 400
mg/dl, o cálculo do LDL-C pela fórmula de Friedewald é
inadequado, devendo-se, então, considerar a hiperlipidemia
mista quando CT ≥ 200 mg/dl;
• HDL-C baixo: redução do HDL-C (homens < 40 mg/ dl e
mulheres < 50 mg/dl) isolada ou em associação a
aumento de LDL-C ou de TG.
Valores de Referência - 2017

Fonte: http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2017/ Atualização_Diretriz_Brasileira_de_Dislipidemias. pdf


Recomendações Dietéticas - 2017

Fonte: http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2017/ AtualizaçãoDiretriz_Brasileira_de_Dislipidemias.pdf


Papel Fisiológico das Gorduras

• Saciedade;
• Palatabilidade;
• Necessidade de ômega 6 e 3;
• Constituinte de membranas celulares;
• Proteção aos órgãos, contra choques;
• Isolante térmico;
• Reserva energética;
• Veículo de transporte e absorção de vitaminas
lipossolúveis (A, D, E, e K);
• Formação de hormônios esteróides e sais biliares;
• Fonte de energia (9 Kcal/g) e armazenamento de energia;
• Participam da fabricação de hormônios sexuais;
• Maturação do sistema nervoso e retina de bebês;
• Modulam processos inflamatórios e de coagulação;
Consequência da Restrição Gorduras
• Fragilidade capilar

• Osteoporose

• ↑ susceptibilidade a infecções

• dificulta cicatrização de feridas

• Infertilidade em homens e mulheres

• Retardo no crescimento em crianças Dislipidemia

• Desbalanceamento da dieta
⭡LDL-C pequenas e densa

+⭡Triglicérides + 🢙HDL-C
http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/Diretriz_Gorduras.pdf
Magnitude das intervenções
nutricionais nas dislipidemias
AG saturados de cadeia curta

• Os AGCC são produzidos por bactérias intestinais,


principalmente em resposta a FOS (fruto oligossacarídeos)
→ proteção da mucosa intestinal
AG saturados de cadeia média

• Os TG de cadeia média (TCM), contém de 6 a 12 átomos de


carbono, e são encontrados na gordura do coco. (C12:0 – láurico)
• São absorvidos diretamente para a corrente sangüínea e levados para
o fígado.
• Não se incorporando significativamente às lipoproteínas para serem
transportados → porém resultam indiretamente no aumento de
lipoproteínas
AG saturados de cadeia longa

• Mirístico (14:0), encontrado no leite e seus


derivados;

• Palmítico (16:0), cujas principais fontes são a gordura animal e o


óleo de palma → Mais abundante na alimentação

• Esteárico (18:0), presente na gordura do cacau.


AG insaturados

• AG insaturados
• Monoinsaturados
• ômega 9 – oleico
• Poliinsaturados
• ômega 6 → Pró inflamatório
• linoleico (essencial e precursor dos demais poli)
• Araquidônico
• ômega 3 → Anti inflamatório
• Alfalinolênico (ALA) (fonte vegetal)
• Eicosapentaenóico (EPA)
• Docosahexaenóico (DHA) (fonte marinha)

EQUILÍBRIO NA DIETA= w6/w3= 5


Colesterol

Recomendação:

< 300 mg/dia (I, A).

http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2013/Diretriz_Gorduras.pdf
Importância biológica do colesterol

- Constituinte– chave das membranas celulares


-Precursor de hormônios esteróides, corticóides e
vitamina D
-Precursor de sais biliares, influenciando na digestão e
absorção de gorduras, vitaminas e colesterol

Morgan AE, et al. Ageing Res Rev. 2016;27:108-24.


Origem do Colesterol

Endógena Exógena
70% 30%
Alimentos de
origem animal

Morgan AE, et al. Ageing Res Rev. 2016;27:108-24.


Impacto na colesterolemia
Exógena 3x

30%
Alimentos de

+
origem animal
1x

SAFA Colesterol
dietético

O controle no consumo de colesterol


alimentar é importante na prevenção
e tratamento das doenças
cardiovasculares?

Mc Auley MT, et al. BMC Systems Biology, 2012


Aboliram o limite de
recomendação de consumo
alimentar de colesterol

National Lipid Association. NLA Recommendations for Patient-Centered Management of Dyslipidemia, 2015.
Jacobson, T.A, et al. National Lipid Association Recommendations for
Patient-Centered Management of Dyslipidemia: Part 1-Full Report. J. Clin. Lipidol. 2015, 9, 129–169.
US Department of Health and Human Services. Dietary Guidelines for Americans; US Department of Health and
Human Services: Washington, DC, USA, 2015.
Colesterol dietético: Colesterol dietético:
< 200 mg/ < 300 mg/ dia

Presença de dislipidemia Presença de diabetes


Evert, A.B, et al. Nutrition Therapy Recommendations for the Management of Adults With Diabetes.
Diabetes Care 2013, 36, 3821–3842.
National Lipid Association (NLA). National Lipid Association Recommendations for Patient-Centered
Management of Dyslipidemia 2015.
Ingestão de gorduras na alimentação

Lípides ou
Lipídeos Triglicerídeos
Glicerol (1)
Gorduras e
Triglicérides
Óleos Ácidos
Graxos (3)

Gorduras: Saturados Insaturados


sólidas em t°
ambiente
Óleos:
líquidos em t° Monoinsaturados Polinsaturados
ambiente
Ácidos Graxos Saturados
Classificação dos ácidos graxos saturados
em função do tamanho da cadeia carbônica

Saturados

Cadeia Curta Cadeia média Cadeia longa


até 4 carbonos de 6 a 12 mais de 12
carbonos carbonos

Láurico 12:0 Mirístico 14:0


↑ LDL-C
Palmítico 16:0
↑ risco de diabetes
Esteárico 18:0
↓ controle da pressão alta
Como obter o melhor desempenho na
redução do risco cardiovascular

Substituição de
~10% no risco
SAFA por PUFA
DCV
5% VCT

✓ Redução salina
✓ Inclusão de frutas e vegetais
✓ Eliminação da gordura trans
✓ Presença de ômega 3
Micha R, Mozaffarian D, Lipids, 45:893-905, 2010
Manteiga x Margarina
e Creme Vegetal
• Manteiga: derivado lácteo
•Margarina/ Creme vegetal: produzida com óleos
vegetais – método de produção industrial:

Hidrogenação ou Interesterificação

Presença de ácidos Ausência de ácidos


graxos trans graxos trans
Manteiga de cacau

• Composição:

- 33% de ácido oléico (18:1)

- 25% de ácido palmítico (16:0)

- 33% de ácido esteárico (18:0)

USDA National Nutrient Database


[http://www.nal.usda.gov/fnic/foodcomp/search/]
Ovo
• Importante fonte de colesterol: aprox. 200mg/ 50g
• Teor médio de gorduras: 1,3g SAFA; 1,8g MUFA, 0,6g MUFA
• Presença de colina
Impacto na colesterolemia

3x

1x

SAFA Colesterol
dietético
Taco, 2011
Ácidos Graxos Monoinsaturados
Recomendação de Ácidos Graxos
MONOINSATURADOS – MUFA (% VET)

“Substituir ácidos graxos saturados da dieta por MUFA, perfazendo


15% da energia total, pode ser recomendado para reduzir o risco
cardiovascular”.

I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arq Bras


Cardiol. 2013;100(1Supl.3):1-40
Benefícios do Ácido Oléico
Principais fontes: azeite de oliva extra-virgem, abacate, castanhas

-  colesterol total
-  LDL - c
-  glicemia de jejum
-  níveis de insulina sanguínea
-  resistência a insulina
“MANTEIGA
-  GLP-1 DE AZEITE”

FDA, 2003:
Claim para Azeite de oliva

23g de azeite virgem por dia (17.5g


de MUFA) - Aproximadamente 2
colheres de sopa
Franz M.J. et al, Diabetes Care, v.25(1), 2002
Rocca, A.,et al. Endocrinology 142:1148-1155, 2001
Ácidos Graxos
Monoinsaturados

☺ Ácidos graxos CIS Ácidos graxos TRANS 


Ácido Oleico (C18:1) Ácido Elaídico (C18:1)

- Melhora do perfil lipídico e do - Piora do perfil lipídico ( LDL-C e 


controle dos fatores de risco HDL-c) e piora do controle dos fatores de
cardiovasculares risco cardiovasculares

Schwingshackl L, Hoffmann G. Nutrients 2012, 4, p.1989-2007


Imamura F, et al. Circulation. 2013 April 9; 127(14): 1512–1522
Ácidos Graxos
Poli-insaturados

☺ Omega 3 Omega 6 ☺
Ácido Linolênico (C18:2) Ácido Linoléico (C18:2)
Ácido Eicosapentaenóico (EPA – C20:5)
Ácido Docosahexaenóico (DHA – C22:6)
- Cascata inflamatória
- Cascata anti-inflamatória - Reduz LDL-C e CT
- Protege contra DCV -Efeito benéfico nos fatores de
- Anti-arrítmico
risco da Síndrome Metabólica
- Reduz trigliceridemia
Schwingshackl L, Hoffmann G. Nutrients 2012, 4, p.1989-2007
Imamura F, et al. Circulation. 2013 April 9; 127(14): 1512–1522
Ácidos Graxos Poli-insaturados (PUFA)
Essencialidade
Série Omega 6
-Ácido linoléico (18:2) - cremes vegetais, maionese, margarina, óleo de
soja, óleo de milho, óleo de girassol

Série Omega 3
- Ácido linolênico (18:3) - linhaça, nozes, óleo de canola, óleo de soja
- Ácido EPA (20:5) - peixes e óleos de peixes
- Ácido DHA (20:6) - peixes e óleos de peixes
Fibras Alimentares
No papel da boa alimentação, as fibras alimentares (FAs)
estão entre os principais fatores que contribuem para a
prevenção das dislipidemias. As FAs são resistentes à ação de
enzimas digestivas humanas e classificadas em fibras solúveis
e insolúveis. Para a avaliação dos benefícios preventivos e
terapêuticos das FAs é importante identificar a natureza
físicoquímica e sua atuação no organismo. Desta forma, a
ingestão diária das FAs mostra efeitos significativos na
redução da dislipidemia

Marquez, LR. A fibra terapêutica, 2ed, 2000


A ação terapêutica das FAs solúveis tem
capacidade de aumentar a excreção de
ácidos biliares e auxiliar na diminuição
dos níveis de colesterol. Deste modo, as
FAs solúveis diminuem a absorção de
lipídios no intestino delgado na
formação de ácidos graxos de cadeia
curta, que, após sua absorção,
alcançam o fígado inibindo nova síntese
de colesterol, dessa forma, regula a
colesterolemia
Am J Clin Nutr 1999; 69:30-42
J Nutr 2002; 132(12):3772-81
Hipertrigliceridemia
SECUNDÁRIA
* dietas ricas em carboidratos
* aumento dos níveis de ácidos graxos livres
* ingestão de etanol
*hiperinsulinemia ( síntese e esterificação, inibindo a oxidação de ácidos graxos
livres)

* outras situações patológicas (diabetes, obesidade, nefropatias, drogas)

PRIMÁRIA
*deficiência enzimática (homo ou heterozigoto), especialmente de lipase
lipoprotéica →  Quilomícrons

MURRAY et al, 1994


CUPPARI, L, 2002
CARBOIDRATOS X
HIPERTRIGLICERIDEMIA
Cuidado nutricional
-mono e dissacarídeos estimulam mais intensamente a lipogênese
(especialmente frutose)

- alimentos em consistência líquida aceleram a produção de TG

- presença de fibras, principalmente solúveis, parece retardar esse


estímulo lipogênico
-quantidade de carboidratos deve ser definida individualmente de
acordo com estado nutricional e patologias associadas

Bantle, JP et al, AM J Clin Nutr, 2000


Parks EJ, Hellerstein, MK, Am J Clin Nutr, 2000 71:412 - 435
Conduta nutricional
- adequação do peso através de dieta hipocalórica, de acordo com as
necessidades individuais (evitando dietas < 1200 Kcal/ dia)
-restrição de gorduras, especialmente saturadas (até 7% VCT), dando
preferência para gorduras monoinsaturadas
- preferir carboidratos complexos
- adequação do consumo de fibras (20 a 30g/ dia)
- suspensão no consumo de etanol, pois  oxidação de ácidos graxos e
 síntese de TG no hepatócito.

TG etanol

Ciclo
Acil - CoA oxidação do
- ácido
cítrico
MURRAY et al, 1994
AG livres lipogênese de CHO
VIDON, C, et al, Am J Clin Nutr, 2001
Abordagem prática

Feijoada Estronogoff Embutidos

Substituição de ingredientes/ alimentos


Abordagem prática
Conceito: Pequeno, Médio e Grande

Porção: 150g 100g 80g


Calorias: 350Kcal 240Kcal 190Kcal
SAFA: 7,6g 5,1g 4,0g
Fonte: Taco, 2011
Queijo branco x Queijo amarelo
A cor do queijo é devida a presença de gorduras e também
corante natural - urucum
Queijo 30g Calorias Gorduras Gorduras Colesterol
(Kcal) totais (g) saturadas (g) (mg)
Minas frescal 1 fatia 79,0 6,0 3,42 18,6
pequena
Mussarela 2 fatias 99,0 7,5 4,2 24,0
médias
Parmesão 3 colheres de 136,0 10,0 5,9 31,8
sopa

Queijo 60g Calorias Gorduras Gorduras Colesterol


(Kcal) totais (g) saturadas (g) (mg)
Minas frescal 1 fatia média/ 158,0 12,0 6,8 37,2
grande

Fonte: Taco, 2011


Abordagem prática
Adequação do padrão alimentar

Fonte: arquivo pessoal


Desjejum:
Pão 100% integral
Manteiga de azeite
Leite desnatado
Café sem açúcar

Lanche da Manhã:
Fruta
Amendoim/castanha

Almoço/Jantar:
Arroz integral
Feijão
Carne magra
Salada de folhas
Vegetais
Linhaça triturada
Fruta IOGURTE

Lanche da tarde/noite:
Lacteo desnatado
Farelo de aveia
Fruta
Insanidade é fazer
sempre a mesma
coisa e esperar
resultados
diferentes.

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