Revisão Véspera - Delegado PF - Processual Penal - Erico Palazzo

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Revisão Véspera

Delegado PF
Érico Palazzo
Princípio da não culpabilidade / presunção de inocência
Súmula 444-STJ: É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em
curso para agravar a pena-base.

Súmula 636-STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a


comprovar os maus antecedentes e a reincidência.
Aprovada em 26/06/2019
Princípio da ampla defesa
Súmula Vinculante n.º 14, STF

É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos


elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao
exercício do direito de defesa.

• SV 14 NÃO trouxe o contraditório e ampla defesa para o inquérito policial


Lei 13.869/19
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de
investigação preliminar, ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro
procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa, assim como
impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências
em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja
imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Atenção!
O advogado/defensor precisa de procuração para ter acesso aos autos do
inquérito policial?

Não, qualquer advogado/defensor tem direito a ter acesso a autos de inquérito


policial.
A exceção fica por conta de inquéritos policiais que corram em segredo de justiça
ou atos investigatórios que contenham informações sigilosas.
Código de Processo Penal
Juiz das Garantias (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na
fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de
acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Código de Processo Penal
Art. 3º-C. A competência do juiz das garantias abrange todas as infrações penais,
exceto as de menor potencial ofensivo, e cessa com o recebimento da denúncia ou
queixa na forma do art. 399 deste Código. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)

§ 1º Recebida a denúncia ou queixa, as questões pendentes serão decididas pelo


juiz da instrução e julgamento.

§ 2º As decisões proferidas pelo juiz das garantias não vinculam o juiz da instrução
e julgamento, que, após o recebimento da denúncia ou queixa, deverá reexaminar
a necessidade das medidas cautelares em curso, no prazo máximo de 10 (dez) dias.
Indiciado preso Indiciado solto
Código de Processo Penal 10 dias + 15 dias* 30 dias
Inquérito Policial Federal 15 dias + 15 dias 30 dias
Inquérito Policial Militar 20 dias 40 dias + 20 dias
Crimes contra a economia popular 10 dias 10 dias
Lei de Drogas (Lei 11.343/06) 30 dias + 30 dias 90 dias + 90 dias
Prisão temporária em crimes 30 dias + 30 dias -
hediondos

*CPP, Art. 3º-B, § 2º Se o investigado estiver preso, o juiz das garantias poderá, mediante
representação da autoridade policial e ouvido o Ministério Público, prorrogar, uma única
vez, a duração do inquérito por até 15 (quinze) dias, após o que, se ainda assim a
investigação não for concluída, a prisão será imediatamente relaxada.
Código de Processo Penal
Art. 14-A. Nos casos em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da
Constituição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos
policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a investigação de
fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional, de forma
consumada ou tentada, incluindo as situações dispostas no art. 23 do Decreto-Lei nº
2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), o indiciado poderá constituir
defensor. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Código de Processo Penal
Art. 14-A. (...)
§ 1º Para os casos previstos no caput deste artigo, o investigado deverá ser citado da
instauração do procedimento investigatório, podendo constituir defensor no prazo de até
48 (quarenta e oito) horas a contar do recebimento da citação
§ 2º Esgotado o prazo disposto no § 1º deste artigo com ausência de nomeação de
defensor pelo investigado, a autoridade responsável pela investigação deverá intimar a
instituição a que estava vinculado o investigado à época da ocorrência dos fatos, para que
essa, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, indique defensor para a representação do
investigado.
§§ 3º, 4º, 5º e 6º (...)
Código de Processo Penal
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos
informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à
vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a
instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei. (Redação
dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do
inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do recebimento da
comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão
ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União,
Estados e Municípios, a revisão do arquivamento do inquérito policial poderá ser
provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA
Lei 9.099/95
Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo
circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e
a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for
imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele
comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá fiança. Em caso de
violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu
afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima.
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA
STF – Ação Direta de Inconstitucionalidade n.º 3807
Julgada em 26/6/2020

De acordo com o STF, o termo circunstanciado de ocorrência representa mero


boletim de ocorrência detalhado e não ato de investigação.
E, por não se tratar de procedimento investigatório, não requer que seja
necessariamente lavrado por Delegado de Polícia.
ACORDO DE NÃO PERSECUÇÃO PENAL
Art. 28-A, CPP
Acordo de não persecução penal
• Atribuição para o oferecimento do acordo

• Competência para a homologação do acordo

• Competência para execução do acordo

• Origem no Brasil: Resolução n.º 181/2017 do CNMP

• Momento (limite temporal): antes do oferecimento da denúncia


Código de Processo Penal
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado
formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave
ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá
propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para
reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas
cumulativa e alternativamente: (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Código de Processo Penal
Art. 28-A. (...)

§ 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste
artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso
concreto.
Acordo de não persecução penal
Logo, os requisitos do acordo de não persecução penal são:

1) Infração penal cuja pena mínima seja inferior a 4 anos

2) Infração penal que não tenha sido praticada com violência ou grave ameaça à
pessoa

3) Não ser caso de arquivamento do procedimento investigatório

4) Confissão formal e circunstanciada da prática do delito


Código de Processo Penal
Art. 28-A. (...) mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como
instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena
mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da
execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada
pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais
ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que
proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Acordo de não persecução penal
Logo, as condições do acordo de não persecução penal são:

1) Reparação do dano ou restituição da coisa à vítima (quando possível)

2) Renúncia a bens e direitos que configurem instrumentos, produto ou proveito


do crime

3) Prestação de serviços à comunidade pelo tempo correspondente à pena


mínima cominada ao delito, diminuída de um a dois terços

4) Prestação pecuniária

5) Qualquer outra condição imposta pelo Ministério Público, desde que


proporcional e compatível com a infração praticada
Código de Processo Penal
Art. 28-A, § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses:

I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos
termos da lei;

II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem


conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
Código de Processo Penal
Art. 28-A, § 2º O disposto no caput deste artigo não se aplica nas seguintes hipóteses: (...)

III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional
do processo; e

IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados


contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
Código de Processo Penal
Art. 28-A,
§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado
pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor.
1) Requisição de novas diligências
Delegado MP decide qual 2) Arquivamento do IP
encaminha autos procedimento 3) Oferecimento denúncia
do IP ao MP adotar 4) Acordo de não persecução penal

Investigado aceita o
MP analisa e acordo (assistido por
oferece ANPP defensor) - §3º

Juiz designa audiência (§4º) para verificar


voluntariedade e legalidade e adota uma das
seguintes providências:
Devolve autos ao MP para este executar o
1) Homologar o acordo; acordo junto ao juízo da execução penal (§6º)

2) Não homologa por considerar as condições 2) Devolve os autos ao MP para que seja
abusivas, insuficientes ou inadequadas formulada nova proposta (§5º)

3) Recusar homologação à proposta que não 3) MP requisita novas investigações ou oferece


preenche os requisitos legais a denúncia
Código de Processo Penal
Art. 28-A,
§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e
de seu descumprimento.
Código de Processo Penal
Art. 28-A,
§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não
persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua
rescisão e posterior oferecimento de denúncia.

Súmula Vinculante n.º 35


A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa
julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior,
possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante
oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial.
Código Penal
Causas impeditivas da prescrição
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
(...)
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Código de Processo Penal
Art. 28-A,

§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não


constarão de certidão de antecedentes criminais, exceto para os fins previstos no
inciso III do § 2º deste artigo.

§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo


competente decretará a extinção de punibilidade.
Acordo de não persecução penal
O acordo de não persecução penal pode ser oferecido a crimes ocorridos antes de
sua entrada em vigor?

Sim, aplicação imediata da lei processual penal.


Sim, retroatividade da lei penal benéfica.
Acordo de não persecução penal
Trata-se de direito subjetivo do acusado ou de ato discricionário do Ministério
Público?
Prevalece o entendimento de que se trata de discricionariedade do MP.
Este é, inclusive, o teor do Enunciado n. 19 do Conselho Nacional de Procuradores-
Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União (CNPG): “O acordo de não
persecução penal é faculdade do Ministério Público, que avaliará, inclusive em
última análise (§14), se o instrumento é necessário e suficiente para a reprovação e
prevenção do crime no caso concreto.”
Acordo de não persecução penal
E se o investigado discordar da decisão do MP em não lhe oferecer o acordo?

CPP, Art. 28-A, § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor
o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos
autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.

CPP, Art. 28, § 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o
arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30 (trinta) dias do
recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância
competente do órgão ministerial, conforme dispuser a respectiva lei orgânica.
Acordo de não persecução penal
É cabível o acordo de não persecução penal a crimes hediondos e equiparados?

Resolução n.º 181/2017 do CNMP expressamente negava o ANPP aos crimes


hediondos e equiparados, mas a Lei n.º 13.964/19 foi silente.
Diante disso, surgiram dois posicionamentos:
1. É vedado o acordo a crimes hediondos ou equiparados, pois o ANPP não seria
suficiente para “reprovação e prevenção do crime” (art. 28-A, CPP);
2. É permitido o acordo a crimes hediondos, pois não há vedação legal.
Extinção da punibilidade
Decadência Prescrição
Possível ocorrer somente na: Possível ocorrer em qualquer espécie de ação
1) Ação penal pública condicionada à penal
representação
2) Ação penal de iniciativa privada
3) Ação penal privada subsidiária da pública

Ocorre antes do início da ação penal Ocorre antes, durante ou após o início da ação
penal

Não se suspende nem se interrompe Possível ser suspensa ou interrompida


Art. 38, CPP Art. 109 a 119, CP
Código Penal
Art. 171 (...)
§ 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a vítima for: (Incluído
pela Lei nº 13.964, de 2019)
I - a Administração Pública, direta ou indireta;
II - criança ou adolescente;
III - pessoa com deficiência mental; ou
IV - maior de 70 (setenta) anos de idade ou incapaz.
STJ e STF
A exigência de representação da vítima no crime de estelionato não retroage aos processos
cuja denúncia já foi oferecida.
Do contrário, estar-se-ia conferindo efeito distinto ao estabelecido na nova regra,
transformando-se a representação em condição de prosseguibilidade e não procedibilidade.
STJ. 3ª Seção. HC 610.201/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/03/2021 (Info 691).
STF. 1ª Turma. HC 187341, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020.
STF. 2ª Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 24/08/2020.
Código de Processo Penal
Art. 260. Se o acusado não atender à intimação para o interrogatório,
reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado, a
autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. (Vide ADPF 395)(Vide ADPF
444)
Parágrafo único. O mandado conterá, além da ordem de condução, os requisitos
mencionados no art. 352, no que Ihe for aplicável.
Condução coercitiva
Pessoas que podem sofrer condução coercitiva:
1. Indiciado/réu, exceto quando presente o nemo tenetur se detegere
2. Ofendido (art. 201, §1º, CPP)
3. Testemunhas (art. 218, CPP)
4. Perito (art. 278, CPP)

Necessária prévia intimação!


Condução coercitiva
Consequências para a condução coercitiva indevida:
• Responsabilidade disciplinar, civil e penal* do agente ou da autoridade
• Ilicitude das provas obtidas
• Responsabilidade civil do Estado

* Lei 13.869/19: Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado


manifestamente descabida ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: Pena -
detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Ratione materiae – natureza da infração

Súmula 38 - STJ: Compete à Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de


1988, o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas.
Ainda que a contravenção seja conexa a crime de competência da Justiça Federal, deverá ser
processada e julgada na Justiça Estadual.
CONTRAVENÇÃO. CONTRABANDO (ART. 334 DO CP). CONEXÃO. INVIABILIDADE DE JULGAMENTO
PERANTE O MESMO JUÍZO. SÚMULA Nº 38/STJ. DESMEMBRAMENTO.
1. Apesar da existência de conexão entre o crime de contrabando e contravenção penal,
mostra-se inviável a reunião de julgamentos das infrações penais perante o mesmo Juízo, uma
vez que a Constituição Federal expressamente excluiu, em seu art. 109, IV, a competência da
Justiça Federal para o julgamento das contravenções penais, ainda que praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União. Súmula nº 38/STJ. Precedentes.
2. Firmando-se a competência do Juízo Federal para processar e julgar o crime de contrabando
conexo à contravenção penal, impõe-se o desmembramento do feito, de sorte que a contravenção
penal seja julgada perante o Juízo estadual.
STJ. CC 120406/RJ, Terceira Seção, julgado em 12/12/2012.
Ratione materiae – natureza da infração
Súmula 546 - STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento
falso é firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento
público, não importando a qualificação do órgão expedidor.
Foro por prerrogativa de função - Ratione funcionae
Regra da contemporaneidade
Súmula 394, STF (cancelada): Cometido o crime durante o exercício funcional,
prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito
ou ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício.

Regra da atualidade
A competência será do foro por prerrogativa de função a partir do momento em
que o acusado entrasse em exercício ou fosse diplomado, independentemente de o
fato ter relação com as funções desempenhadas.
Consequência: fuga do foro
Foro por prerrogativa de função - Ratione funcionae
STF. Tribunal Pleno. Questão de Ordem na AP 937/STF, julgado em 03/05/2018
Resolução da questão de ordem com a fixação das seguintes teses:
(i) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos
durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas; e
(ii) Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de
intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar
e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a
ocupar cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo.
Atualmente, adota-se a denominada regra da atualidade limitada, restrita ou mista
Foro por prerrogativa de função - Ratione funcionae
Suponha que um deputado federal cometa um crime de homicídio, indaga-se:
quem é competente para julgá-lo, Tribunal do Júri ou o Supremo Tribunal Federal?

Depende.
Situação 1) Se o crime for praticado durante o mandato do deputado federal e em
decorrência do mandato exercido, a competência será do STF. Logo, o foro por
prerrogativa de função estabelecido da Constituição Federal prevalece sobre a
competência do Tribunal do Júri.
Situação 2) Se o crime for praticado antes ou depois do mandato, ou se não tiver
relação com este, a competência será do Tribunal do Júri.
Foro por prerrogativa de função - Ratione funcionae
Foro por prerrogativa de função estabelecido por Constituição Estadual.

Princípio da simetria ou paralelismo

Súmula Vinculante 45
A competência constitucional do tribunal do júri prevalece sobre o foro por
prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.
Constituição Estadual não pode estabelecer foro por prerrogativa de função a
Delegado (Geral) da Polícia Civil.
Desrespeito ao princípio da simetria ou paralelismo.
STF. Plenário. ADI 5591/SP, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 20/3/2021 (Info 1010).
STF. Plenário. ADI 2553/MA, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 15/5/2019 (Info 940).
Foro por prerrogativa de função - Ratione funcionae
Foro por prerrogativa de função e concurso de pessoas
Imagine a situação em que dois indivíduos praticaram delito em concurso de
pessoas. Um deles, desembargador, tem foro por prerrogativa de função (STJ). O
outro, particular, não possui foro por prerrogativa de função.
Indaga-se: ambos deverão ser julgados no STJ ou haverá o desmembramento do
processo, de forma que somente o desembargador seja julgado pelo STJ?
De acordo com o STF, a regra é o desmembramento do processo (ou IP).
Entretanto, se a separação do processo puder causar relevante prejuízo à prestação
jurisdicional, admite-se que coautores e partícipes sejam julgados perante o foro
por prerrogativa de função, ainda que não detentores do privilégio. (STF. Tribunal
Pleno. Inq. 3.515 AgR/SP, julgado em 13/02/2014)
Foro por prerrogativa de função - Ratione funcionae
Foro por prerrogativa de função e concurso de pessoas

Súmula 704 - STF: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do
devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do co-réu
ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.

Atenção: se o fato praticado configurar crime doloso contra a vida, obrigatoriamente


haverá o desmembramento da ação penal
Foro por prerrogativa de função - Ratione funcionae
Vereadores possuem foro por prerrogativa de função?

Apesar de ser um tema polêmico, o entendimento mais recente do STF é no sentido de


que as Constituições Estaduais e Leis Orgânicas municipais não podem atribuir foro por
prerrogativa de função a vereadores. (RHC 181895 AgR/RJ, j. em 22/06/2020)

Lembre-se, por outro lado que a Constituição Federal determina que vereadores
possuem inviolabilidade de suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e
na circunscrição do Município.
Artigos 70, 71 e 73 do CPP Competência
Regra geral Lugar da consumação da infração penal
Crimes tentados Lugar em que for praticado o último ato de execução
Execução do crime no Brasil, mas Lugar no Brasil em que foi praticado o último ato de execução
consumação no estrangeiro
Execução do crime no estrangeiro, Lugar no Brasil em que foi produzido ou deveria se produzir o
mas consumação no Brasil resultado
Local incerto Competência será firmada pela prevenção
Infração continuada ou permanente Competência será firmada pela prevenção
praticada em dois ou mais territórios
Lugar desconhecido Competência do domicílio ou residência do réu. Se tiver mais
de uma residência - prevenção
Crimes de ação penal de iniciativa Foro de eleição – querelante pode optar pelo foro de domicílio
privada ou residência do réu, ainda que conhecido o lugar da infração
Conexão e continência
Diante de conexão e continência, qual é o foro prevalente, ou seja, quem exerce a força atrativa
(fórum attractionis ou vis attractiva)?

Regra 1: Tribunal do Júri prevalece sobre os demais

Regra 2: Lugar da infração mais grave prevalece sobre o lugar da infração menos grave, exceto na
hipótese de uma delas ser da competência da Justiça Federal (sum. 122, STJ)

Regra 3: Crimes de igual gravidade, prepondera o lugar onde houve maior número de infrações

Regra 4: Entre jurisdições de categorias distintas, prevalece a de maior graduação (sum. 704, STF)

Regra 5: Entre jurisdição comum e especial, prevalece a última


Súmula 122, STJ
Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos
de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, a, do
Código de Processo Penal.

Súmula 704, STF


Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a
atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa
de função de um dos denunciados.
Contrabando ou descaminho quando os produtos são apreendidos em localidade
distinta da entrada da mercadoria

Súmula 151, STJ:


A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou
descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos
bens.
Competência da Justiça Federal
Não se constata o caráter de internacionalidade, ainda que potencial, quando o panorama
fático envolve apenas a comunicação eletrônica havida entre particulares em canal de
comunicação fechado, tal como ocorre na troca de e-mails ou conversas privadas entre
pessoas situadas no Brasil. Evidenciado que o conteúdo permaneceu enclausurado entre os
participantes da conversa virtual, bem como que os envolvidos se conectaram por meio de
computadores instalados em território nacional, não há que se cogitar na internacionalidade
do resultado.
Tese fixada: “Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes consistentes em
disponibilizar ou adquirir material pornográfico, acessível transnacionalmente, envolvendo
criança ou adolescente (arts. 241, 241-A e 241-B da Lei nº 8.069/1990) quando praticados
por meio da rede mundial de computadores”.
STF. Plenário. RE 628624 ED, Rel. Edson Fachin, julgado em 18/08/2020 (Info 990)
SÚMULA IMPORTANTES PARA A PROVA
Súmula 397, STF: O poder de polícia da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, em
caso de crime cometido nas suas dependências, compreende, consoante o regimento, a
prisão em flagrante do acusado e a realização do inquérito.

Súmula 523, STF: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas
a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

Súmula 714, STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do


ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por
crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
Súmula 42, STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar as causas
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu
detrimento.

Súmula 234, STJ: A participação de membro do Ministério Público na fase


investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o
oferecimento da denúncia.
Incompetência
Súmula 33, STJ – A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.
ATENÇÃO: esta súmula aplica-se somente ao processo civil. Logo, em direito
processual penal, é possível que o juiz declare a incompetência relativa de ofício.

SÚMULA 706, STF – É relativa a nulidade decorrente da inobservância da


competência penal por prevenção.
Competência
Súmula 147 - STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados
contra funcionário público federal, quando relacionados com o exercício da função.
Súmula Vinculante 36: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil
denunciado pelos crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de
falsificação da Caderneta de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de
Amador (CHA), ainda que expedidas pela Marinha do Brasil.
Súmula 522 - STF: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a
competência será da Justiça Federal, compete a justiça dos estados o processo e o
julgamento dos crimes relativos a entorpecentes.
Crimes que não são de competência da Justiça Federal:
Súmula 140 - STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena
figure como autor ou vítima.
Súmula 104 - STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação
e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.
Súmula 62 - STJ: Compete à Justiça Estadual processar e julgar o crime de falsa anotação na
Carteira de Trabalho e Previdência Social, atribuído à empresa privada.
Súmula 107 - STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato
praticado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias,
quando não ocorrente lesão à autarquia federal.
Súmula 91 - STJ: Compete a justiça federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna.
Súmula cancelada! Logo, compete à justiça estadual processar e julgar os crimes praticados
contra a fauna.
Prefeitos – competência processual
Súmula 208 - STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar prefeito municipal por
desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.
Súmula 209 - STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de
verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal.
Súmula 702 - STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se
aos crimes de competência da justiça comum estadual; nos demais casos, a competência
originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau.
Competência em relação ao crime de estelionato, na modalidade de emissão de
cheque sem fundos (art. 171, §2º, VI, CP)

Súmula 244, STJ


Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante
cheque sem provisão de fundos.

Súmula 521, STF


O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a
modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se
deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Competência em relação ao crime de estelionato, praticado mediante uso de
cheque falsificado

Súmula 48, STJ


Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime
de estelionato cometido mediante falsificação de cheque.
Competência em relação ao crime de estelionato, praticado mediante vítima que realiza depósito
ou transferência bancária
Deve prevalecer a orientação que estabelece diferenciação entre a hipótese em que o estelionato se
dá mediante cheque adulterado ou falsificado (consumação no banco sacado, onde a vítima mantém
a conta bancária), do caso no qual o crime ocorre mediante depósito ou transferência bancária
(consumação na agência beneficiária do depósito ou transferência bancária).
Se o crime de estelionato só se consuma com a efetiva obtenção da vantagem indevida pelo agente
ativo, é certo que só há falar em consumação, nas hipóteses de transferência e depósito, quando o
valor efetivamente ingressa na conta bancária do beneficiário do crime.
No caso, considerando que a vantagem indevida foi auferida mediante o depósito em contas
bancárias situadas em São Paulo/SP, a competência deverá ser declarada em favor daquele Juízo
(suscitado).
(STJ. 3ª Seção. CC 169.053/DF, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 11/12/2019. No mesmo
sentido: STJ. 3ª Seção. CC 161.881/CE, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 13/03/2019.)

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