Processo Penal Tribunais TJ

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

INQUÉRITO POLICIAL

1) CONCEITO E FINALIDADE

O Inquérito Policial é um procedimento administrativo, preliminar, presidido pelo delegado de polícia, no intuito de
identificar o autor do ilícito e os elementos que atestem a sua materialidade (existência), contribuindo para a formação da
opinião delitiva do titular da ação penal.

2) NATUREZA JURÍDICA

Procedimento eminentemente administrativo, de caráter informativo, preparatório para a ação penal, portanto, não se
trata de processo.

INQUÉRITO POLICIAL AÇÃO PENAL

Procedimento administrativo Processo criminal

3) CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

a) ESCRITO: o inquérito por exigência legal deve ser escrito, portanto não existe Inquérito Policial oral (art. 9º, CPP). Os atos
realizados de forma oral devem ser reduzidos a termo. Outras formas podem ser utilizadas para dar maior fidedignidade ao
Inquérito, como gravação de som e imagem.

b) INSTRUMENTAL: o Inquérito Policial é instrumento utilizado pelo Estado para reunir provas da materialidade do crime e
indícios de autoria.

c) OBRIGATÓRIO/OFICIOSIDADE: havendo um mínimo de elementos, a autoridade policial deve instaurar o Inquérito Policial
(art. 5º, par. 3º, CPP), quando se tratar de crimes de ação penal pública incondicionada. Caso seja crimes de ação penal pública
condicionada a representação do ofendido ou seu representante legal deve obrigatoriamente existir a representação para ser
instaurado do inquérito policial.

d) DISPENSÁVEL: o inquérito não é imprescindível para a propositura da ação penal pelo Ministério Público (art. 39, §5º do
CPP). Contudo se o inquérito for a base para a propositura da ação penal, este vai acompanhas a inicial acusatória apresentada
(art. 12 do CPP).

e) SIGILOSO (ART. 20, CPP): o inquérito é um procedimento sigiloso, no entanto, o sigilo não vigora para a autoridade judiciária,
membros do Ministério Público e advogado. A súmula vinculante 14 do STF prescreve que o defensor terá acesso às provas
produzidas no inquérito somente das que já estiverem documentadas.

f) INQUISITIVO: as atividades persecutórias ficam concentradas nas mãos de uma única autoridade (delegado de polícia) e não
há a oportunidade para o exercício do contraditório e da ampla defesa.

g) INDISPONIBILIDADE: a persecução criminal é de ordem pública, uma vez iniciado o inquérito policial, não pode o delegado
de polícia arquivá-lo.

h) DISCRICIONARIEDADE: o delegado de polícia conduz as investigações de forma que melhor lhe aprouver. Só não pode
indeferir a realização do exame de corpo de delito quando a infração praticada deixar vestígios.

i) OFICIALIDADE: O delegado de polícia de carreira, autoridade que preside o inquérito policial, constitui-se em órgão oficial
do Estado (art. 144, §4º da CF/88).

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LEI DO DIREITO AUTORAL – Nº 9.610 de 19 de FEVEREIRO de 1998
PROÍBE-SE A COMERCIALIZAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESSE MATERIAL OU DIVULGAÇÃO COM FINS COMERCIAIS OU NÃO, EM
QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO, INCLUSIVE NA INTERNET, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO INSANUS CONCURSOS.
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4) FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
a) Ação Penal Pública Incondicionada (o delegado tem o dever de instaurar o inquérito) através de:

- Portaria: “ex officio”

- Requisição: juiz ou MP

- Requerimento do ofendido (o delegado pode indeferir achando que o fato é atípico, cabendo recurso ao chefe de polícia.
Art. 5, § 2 CPP);

- Auto de prisão em flagrante.

b) Ação Penal Privada ou Pública Condicionada à Representação (o delegado deve ter autorização da vítima ou do seu
representante legal para instaurar o inquérito).

- Representação

c) Ação Penal Privada (o delegado deve ter autorização da vítima para instaurar o inquérito).

- Requerimento do ofendido

OBS: Incomunicabilidade (art. 21, CPP)

Tal artigo não foi recepcionado pela Constituição Federal (art. 136, § 3o, IV, CF), pois, se nem mesmo no Estado de Defesa,
que é um estado de exceção, foi proibido a incomunicabilidade, o que dirá então num estado de normalidade.

5) PRAZO PARA CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

RÉU PRESO RÉU SOLTO

CPP – 10 dias, prorrogável por até 15 dias – art. 3º CPP – 30 dias, admite dilação de
B, §2º CPP prazo
Lei 11.343/06 (antidrogas) – 30 dias. Lei 11.343/06 (Antidrogas) – 90 dias.
OBS: Os prazos acima podem ser duplicados pelo OBS: Os prazos acima podem ser
juiz, ouvido o MP duplicados pelo juiz, ouvido o MP
(art.51, parágrafo único, da Lei (art.51, parágrafo único, da Lei
11.343/06). 11.343/06).
Justiça Federal – 15 dias – Justiça Federal – 30 dias –
prorrogável uma vez. prorrogável. Nesse caso segue a
regra geral.

OBS: Se o réu estiver solto o prazo é processual, ou seja, exclui-se o dia do começo e inclui o dia do final. Por outro lado, se o
réu estiver preso o prazo será penal/material, isto é, inclui-se o dia do começo e exclui o dia do final.

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QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO, INCLUSIVE NA INTERNET, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO INSANUS CONCURSOS.
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6) CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
O Inquérito Policial é concluído com um minucioso relatório da autoridade policial acerca das diligências desenvolvidas
na apuração da infração penal (art. 10, § 1º, CPP). Não existe juízo de valor, ou seja, não pode a autoridade policial dizer se o
indiciado é culpado ou inocente nesse relatório, pois é o Ministério Público que fica incumbido de formar a “opinio delicti”
(Opinião do crime). Todavia, observa-se que no caso da proibição de o delegado formar um juízo de valor tem uma exceção
que está prevista na Lei de Drogas (Lei 11.343/06 – art. 52, I).
Depois de concluído, o Inquérito Policial, segundo o CPP, deve ser encaminhado ao juízo competente, para em seguida ser
enviado ao Ministério Público. Entretanto, alguns Estados já enviam diretamente o Inquérito Policial ao órgão ministerial, não
observando a regra do CPP.

7) PROCEDIMENTO DO ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

Quando o Inquérito Policial for enviado para o Ministério Público, este adotará as seguintes providencias:

Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o
órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância
de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.

§ 1º Se a vítima, ou seu representante legal, não concordar com o arquivamento do inquérito policial, poderá, no prazo de 30
(trinta) dias do recebimento da comunicação, submeter a matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial,
conforme dispuser a respectiva lei orgânica

§ 2º Nas ações penais relativas a crimes praticados em detrimento da União, Estados e Municípios, a revisão do arquivamento
do inquérito policial poderá ser provocada pela chefia do órgão a quem couber a sua representação judicial.

Observações pertinentes ao dispositivo legal referente ao arquivamento do IP: de acordo com o trecho mencionado,
quando o Ministério Público decide pelo arquivamento do inquérito policial ou de documentos similares, ele deve seguir os
seguintes passos:

O STF atribuiu interpretação conforme à Constituição ao dispositivo para assentar que:

1) Mesmo sem previsão legal expressa, o MP possui o dever de submeter a sua manifestação de arquivamento à autoridade
judicial. Assim, ao se manifestar pelo arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma
natureza, o órgão do Ministério Público submeterá sua manifestação ao juiz competente e comunicará à vítima, ao investigado
e à autoridade policial.

2) Não existe uma obrigatoriedade de o MP encaminhar os autos para o PGJ ou para a CCR.
Segundo decidiu o STF, o membro do Ministério Público poderá encaminhar os autos para o Procurador-Geral ou para a
instância de revisão ministerial, quando houver, para fins de homologação, na forma da lei.

3) Mesmo sem previsão legal expressa, o juiz pode provocar o PGJ ou a CCR caso entenda que o arquivamento é ilegal ou
teratológico.

Desse modo, além da vítima ou de seu representante legal, a autoridade judicial competente também poderá submeter a
matéria à revisão da instância competente do órgão ministerial, caso verifique patente ilegalidade ou teratologia no ato do
arquivamento.

Se o juiz entender que a manifestação de arquivamento foi correta, ele não precisa proferir decisão homologatória. Basta se
manter inerte.

STF. Plenário. ADI 6.298/DF, ADI 6.299/DF, ADI 6.300/DF e ADI 6.305/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 24/08/2023 (Info
1106).

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QUALQUER MEIO DE COMUNICAÇÃO, INCLUSIVE NA INTERNET, SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO INSANUS CONCURSOS.
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8) VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL:

RELATIVO, pois carece de outros elementos colhidos durante a instrução processual. Pois para ter valor probatório, é
preciso que seja realizado sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.

9) “NOTITIA CRIMINIS” (NOTÍCIA DO CRIME):

9.1) Conceito: Normalmente é endereçada ao delegado de polícia, ministério público ou ao magistrado, é o conhecimento,
espontâneo ou provocado, de um fato aparentemente criminoso.

9.2) Espécies:

a) espontânea (cognição imediata): é o conhecimento direito dos fatos pela autoridade policial, ou seja, a própria autoridade
se depara com o fato delituoso.

b) provocada (cognição mediata): ocorre quando houver:

I - A requisição do Ministério Público ou do Juiz;


II - A requerimento da vítima;
III - Delação (qualquer do povo);
IV - Representação da vítima (“delatio criminis” postulatória);
V - Requisição do Ministro da Justiça.

c) notícia crime revestida de forma coercitiva: pode ser tanto espontânea como provocada, devendo ser apresentada
juntamente com o infrator preso em
flagrante.

10) PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS (ART. 6º E 7º DO CPP):

➢ Nos referidos artigos estão arrolados alguns procedimentos que a autoridade policial pode tomar no decorrer das
investigações. No entanto, salvo o exame de corpo de delito, não é obrigatório o delegado seguir esses procedimentos, haja
vista ser uma atividade discricionária a autoridade policial.

➢ A reprodução simulada dos fatos é a reconstituição do crime. O indiciado


não está obrigado a participar desta reprodução em decorrência do princípio do “Nemo tenetur se detege”, ou seja, ninguém
é obrigado a se auto incriminar.

➢ Destaca-se ainda o indiciamento que nada mais é que a cientificação do


suspeito a respeito do fato objeto das investigações.

Obs.: IMPORTANTE!!! ATENÇÃO!!! Assunto acrescentado ao CPP pelo Pacote anticrime da Lei 13.964/2019.

Obs.: Direito de os servidores vinculados às instituições previstas nos artigos 142 e 144, ambos da CF/88:

1º) Servidores constantes no art. 144 da CF/88 (segurança pública): esses servidores quando forem investigados por fatos
relacionados ao uso da força letal praticados no exercício funcional poderão constituir defensor, assim, o investigado deverá
ser citado para que no prazo de 48 horas constitua um defensor a contar do recebimento da citação. Caso o investigado não
indique defensor no referido prazo, a autoridade responsável pela investigação intimará a instituição do investigado para que
esta indique um defensor no prazo de 48 horas (Art. 14-A, §§1º, 2º, CPP)

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2º) Servidores constantes no art. 142 da CF/88 (forças armadas): aplica-se os mesmos direitos previstos para os servidores da
segurança pública, desde que os fatos investigados digam respeito a missões que estejam para Garantia da Lei e da Ordem.

Obs.: Acordo de não persecução criminal pelo Ministério Público – Art. 28-A CPP:

a) Conceito: não sendo caso de arquivamento do Inquérito Policial, tal instituto consiste em uma negociação feita entre o
representante do Ministério Público e o acusado, ou seja, ocorre uma solução negociada, todavia, deve ser observado diversos
requisitos e condições previstos no dispositivo legal.

b) Requisitos do acordo de não persecução criminal:

I – Confissão formal e circunstanciadamente da prática da infração penal pelo investigado;


II – Infração penal sem grave ameaça ou violência;
III – Penal mínima da infração penal deve ser inferior a 4 anos;
IV – O acordo de não persecução penal deve ser necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime.

c) Condições do acordo de não persecução criminal: destaca-se que as referidas condições poderão ser aplicadas
cumulativamente ou alternativamente:

I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;

II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do
crime;

III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito
diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de
7 de dezembro de 1940 (Código Penal);

IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente,
como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou

V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível
com a infração penal imputada.

d) Hipóteses de não aplicabilidade do acordo de não persecução criminal Art. 28-A, §2º do CPP:

I - se for cabível transação penal de competência dos Juizados Especiais Criminais, nos termos da lei;

II - se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem conduta criminal habitual, reiterada ou
profissional, exceto se insignificantes as infrações penais pretéritas;

III - ter sido o agente beneficiado nos 5 (cinco) anos anteriores ao cometimento da infração, em acordo de não persecução
penal, transação penal ou suspensão condicional do processo; e

IV - nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados contra a mulher por razões da condição
de sexo feminino, em favor do agressor.

e) Hipóteses de não aplicabilidade do acordo de não persecução criminal:

§ 3º O acordo de não persecução penal será formalizado por escrito e será firmado pelo membro do Ministério Público, pelo
investigado e por seu defensor.

§ 4º Para a homologação do acordo de não persecução penal, será realizada audiência na qual o juiz deverá verificar a sua
voluntariedade, por meio da oitiva do investigado na presença do seu defensor, e sua legalidade.

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§ 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal,
devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e
seu defensor.

§ 6º Homologado judicialmente o acordo de não persecução penal, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para que
inicie sua execução perante o juízo de execução penal.

§ 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a
adequação a que se refere o § 5º deste artigo.

§ 8º Recusada a homologação, o juiz devolverá os autos ao Ministério Público para a análise da necessidade de
complementação das investigações ou o oferecimento da denúncia.

§ 9º A vítima será intimada da homologação do acordo de não persecução penal e de seu descumprimento.

§ 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá
comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.

§ 11. O descumprimento do acordo de não persecução penal pelo investigado também poderá ser utilizado pelo Ministério
Público como justificativa para o eventual não oferecimento de suspensão condicional do processo.

§ 12. A celebração e o cumprimento do acordo de não persecução penal não constarão de certidão de antecedentes criminais,
exceto para os fins previstos no inciso III do § 2º deste artigo.

§ 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade.

§ 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá
requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.”

AÇÃO PENAL

1) CONCEITO DE AÇÃO PENAL

O Professor Fernando Capez nos traz o seguinte conceito de Ação Penal: “É o direito de pedir ao Estado-Juiz a aplicação do
direito penal objetivo a um caso concreto. É também um direito público subjetivo do Estado-Administração, único titular do
dever-poder de punir, de pleitear ao Estado-Juiz a aplicação do direito penal objetivo, com a consequente satisfação da
pretensão punitiva”.

2) CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL:

a) possibilidade jurídica do pedido: O pedido formulado deve encontrar amparo no ordenamento jurídico. Ex.: O fato narrado
na ação penal deve ser considerado crime.

b) legitimidade para agir: é a pertinência subjetiva da ação. A legitimidade ativa é do Ministério Público na Ação Penal Pública
e do ofendido ou seu representante legal na Ação Penal Privada. O polo passivo é ocupado pelo provável autor do fato
delituoso.

c) justa causa: É necessário lastro probatório mínimo para a instauração de um processo penal, ou seja, prova da materialidade
e indícios de autoria.

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3) CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES PENAIS:

Há dois tipos de ações: a Ação Penal Pública e a Ação Penal Privada.

➢ A Ação Penal Pública pode ser:

a) Ação Penal Pública Incondicionada.

b) Ação Penal Pública Condicionada a:


b.1) representação do ofendido;
b.2) requisição do Ministro da Justiça.

➢ Ação penal privada:

a) propriamente dita ou exclusiva;

b) personalíssima;

c) subsidiária da pública.

4) PRINCÍPIOS DA AÇÃO PÚBLICA E PRIVADA:


4.1 Princípios da Ação Penal Pública:

a) Princípio do “ne procedat iudex ex officio: o juiz não pode agir de ofício.

b) Princípio da Oficialidade: a ação penal pública é promovida por um órgão oficial do Estado.

c) Princípio da Obrigatoriedade: o Ministério Público é obrigado a denunciar quando houver justa causa. Exceções: a)
transação penal (Princípio da oportunidade regrada ou Princípio da obrigatoriedade mitigada);

d) Princípio da Indisponibilidade: o MP não pode dispor da ação penal pública. O art. 42 e o art. 576 do CPP ensinam,
respectivamente, que o MP não pode desistir da ação interposta e que não pode desistir do recurso interposto.
Exceção: suspensão condicional do processo (art. 89 da lei 9099/95).

e) Princípio da Intranscendência: a ação penal não pode passar da pessoa do acusado. Não pode atingir terceiros não
envolvidos na conduta criminosa

f) Princípio do ne bis in idem ou da Inadmissibilidade da persecução penal múltipla: ninguém será processado duas vezes
pelo mesmo fato.

g) Princípio da (in) Divisibilidade: para o STF, na ação penal pública vige o Princípio da Divisibilidade, pois o MP pode
denunciar alguns agentes, sem prejuízo do prosseguimento da investigação com relação aos outros. Ex.: mensalão. Já para a
doutrina, na A.P. Pública vige o Princípio da Indivisibilidade, ou seja, havendo justa causa, o MP é obrigado a denunciar todos
os agentes.

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4.2 Princípios da Ação Penal Privada:
a) Princípio do Ne Procedat Iudex Ex Officio: o juiz não pode agir de ofício.

b) Princípio da Oportunidade e Conveniência: a vítima propõe a queixa-crime apenas se assim desejar; não é obrigada a propor
ação penal contra o autor do crime pelo qual foi vítima.

c) Princípio da Disponibilidade: o ofendido pode dispor da A.P. Privada nas hipóteses de perdão, perempção e desistência da
ação.

d) Princípio da Intranscendência: a ação penal não pode passar da pessoa do acusado. Não pode atingir terceiros não
envolvidos na conduta criminosa.

e) Princípio do ne bis in idem ou da Inadmissibilidade da persecução penal múltipla: ninguém será processado duas vezes
pelo mesmo fato.

f) Princípio da Indivisibilidade (art. 48): o processo de um, obriga ao processo de todos. Se o querelante deixar de citar um
autor na queixa, o que ocorre? R: o MP não pode aditar a queixa para incluir coautores (falta de legitimidade). O MP deve pedir
a intimação do querelante, para que o mesmo adite a queixa, sob pena de se interpretar que o ofendido renunciou ao coautor
não presente na queixa, estendendo-se essa renúncia aos demais.

5) ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL:

5.1) Ação Penal Pública Incondicionada:

O eminente Professor Damásio de Evangelista de Jesus ensina que “a ação penal é pública incondicionada quando o seu
exercício não se subordina
a qualquer requisito. Significa que pode ser iniciada sem a manifestação de vontade de qualquer pessoa”.

5.2) Ação Penal Pública Condicionada:

Nessa modalidade de ação a atuação do MP depende de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.

a) Representação do ofendido: é a manifestação do ofendido ou de seu representante legal no sentido de que possui interesse
na persecução penal do
autor do fato delituoso.

Obs.: Em relação à representação do ofendido vigora o princípio da oportunidade e conveniência.

Obs.: Não há necessidade de formalismo quanto à representação (HC 86.122 STF).

b) Natureza jurídica da representação: em regra ela funciona como condição específica da ação penal para os processos que
ainda não tiveram início.

Obs. Se, no entanto, o processo já estava em andamento e a lei passou a exigir representação, trata-se de condição de
prosseguibilidade. Ex. art. 91 da Lei 9.099/95.

c) Destinatários da representação (art. 39 CPP): o juiz, o MP ou a autoridade policial.

d) Titularidade para oferecimento da representação ou para a queixa crime:

I – o ofendido com 18 anos ou mais;

Obs. Quando o ofendido completa 18 anos já é plenamente capaz, não sendo possível que seu direito seja exercido por
representante legal. Assim, está tacitamente cancelada a súmula 594 do STF.

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II – o ofendido com menos de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental - nessas circunstâncias o direito será
exercido pelo seu representante legal.

Obs. Importante: Inércia do representante legal e decadência do direito de representação - duas correntes:

- 1ª corrente: Cuidando-se de incapaz o prazo não flui enquanto não cessar a incapacidade, já que não se pode falar em
decadência do um direito que não pode ser exercido (Guilherme Nucci, Mirabete e Capez).

- 2ª corrente: O representante legal exerce na plenitude o direito de queixa ou de representação. Portanto, havendo
decadência para o representante legal, estará extinta a punibilidade, ainda que o menor não tenha completado 18 anos (LFG,
Eugênio Pacelli e Aury Lopes).

III – o ofendido com menos de 18 anos, mentalmente enfermo ou retardado mental, que não tem representante legal ou
quando houver colisão de interesses – nesse caso deve ser nomeado curador especial pelo juiz (art. 33 CPP).

Obs. O curador especial não é obrigado a oferecer a representação ou queixa crime.

IV – Pessoa jurídica: deverão ser representadas por quem os contratos ou estatutos designarem e no silêncio pelos seus
diretores ou sócios gerentes.

V – o ofendido maior de 16 anos e menos de 18 anos casado: esse cidadão não é dotado de capacidade para oferecer
representação ou queixa crime por mais que tenha havido a emancipação. Duas soluções:

a) nomeação de curador especial;

b) aguarda-se que a vítima complete 18 anos, quando então poderá exercer o seu direito.

VI – Na hipótese de morte da vítima: nesse caso ocorrerá a chamada sucessão


processual, ou seja, o seu direito vai ser transferido aos seus sucessores (CADI, art. 24, §1º CPP). Obs. Não se esquecer do
companheiro, pois ele é equiparado ao cônjuge nos termos da CF/88.

Obs. Há uma ordem preferencial no CADI (art. 36 do CPP).

Obs. Havendo divergência entre os sucessores prevalece a vontade daquele que deseja dar início a persecução penal.

e) Prazo decadencial para o oferecimento da representação ou queixa crime (art. 38 CPP): o prazo decadencial é de 6 (seis)
meses, tendo a decadência natureza jurídica de causa extintiva da punibilidade. A contagem desse prazo deve ser feita
incluindo dia do começo e excluindo o dia fim, pois esse prazo é material, ou seja, é prazo penal.

Obs.: Esse prazo decadencial não está sujeito a interrupções ou suspensões, logo, é um prazo fatal, improrrogável,
peremptório.

Obs.: O prazo decadencial começa a fluir, em regra, desde o conhecimento da autoria. No entanto, tem como exceção o art.
236 CP, pois neste crime o prazo decadencial começa a fluir desde o trânsito em julgado da sentença civil que anulou o
casamento por motivo de erro ou impedimento.

f) Retratação da representação (art. 25 CPP): retratar significa voltar à trás, arrepender-se, pressupondo o prévio exercício de
um direito. Essa retratação
pode ocorrer até o oferecimento da denúncia.

g) Eficácia objetiva da representação: feita a representação contra apenas um dos coautores, esta se estende aos demais
agentes. Por outro lado, feita a representação em relação a um delito, o MP não pode oferecer denúncia em relação a outros
crimes cuja representação não tenha sido oferecida.

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h) Requisição do Ministro da Justiça: requisição é a manifestação da vontade do Ministro da Justiça no sentido de que possui
interesse na persecução penal do fato delituoso.

Obs. A requisição também funciona como uma condição específica da ação penal. Cuidado – requisição não é sinônimo de
ordem, ou seja, a ação é pública, assim quem vai analisar é o MP se cabe a ação ou não.

Obs. A requisição do Ministro da Justiça não está sujeita a prazo decadencial,


mas o delito está sujeito ao prazo prescricional.

Obs. Quando à retratação da requisição do Ministro da Justiça: duas correntes:

1ª Não é cabível a retratação da requisição (Tourinho Filho).

2ª É cabível a retratação da requisição até o oferecimento da denúncia (LFG,


Pacelli)

5.3) Ação Penal Privada:

a) Conceito: nas ações penais que ofendem a intimidade da vítima, a persecução criminal é transferida excepcionalmente ao
particular que atua em nome próprio, na tutela de interesse alheio (“jus puniendi” do Estado).

Obs. O titular da ação penal privada será o ofendido ou seu representante legal.

Obs. A peça acusatória é a queixa-crime.

b) A ação penal de iniciativa privada possui 3 espécies:

➢ Ação penal exclusivamente privada ou propriamente dita: nessa espécie é possível a sucessão processual pelo CADI.

➢ Ação penal privada personalíssima: não é possível a sucessão processual. Ex. art. 236 CP.

➢ Ação Penal Privada Subsidiária da Pública (art. 5º, LIX, CF/88): é também conhecida como ação acidentalmente
privada ou supletiva:

a) Conceito e cabimento: esta ação só é cabível diante da inércia do MP, ou seja, quando o “Parquet” não realizar o pedido de
arquivamento, oferecimento da denúncia ou não pedir novas diligências.

b) Prazo decadencial (art. 38 CPP): prazo decadencial de 6 meses, contados do dia em que esgotar o prazo do MP.

Obs. Como o crime é de ação penal pública a decadência não irá acarretar a extinção da punibilidade, sendo chamada de
decadência imprópria.

c) Poderes do MP na ação penal privada subsidiária da pública (art. 29 CPP):

I - Opinar pela rejeição da peça acusatória, caso presente uma das hipóteses
do art. 395 do CPP;
II - Aditar a queixa crime. Ex.incluir co-autores;
III - Pode o MP repudiar a queixa crime, hipótese em que é obrigado a oferecer
denúncia substitutiva.
IV - Intervir em todos os termos do processo;
V - Verificando-se a inércia ou negligência do querelante deve o MP retomar o processo como parte principal. Essa retomada
se chama de ação penal indireta.

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Obs. Na ação penal privada subsidiária da pública não há o instituto da perempção, pois caso o querelante seja inerte o MP
retomará a ação como parte principal.

6) PEÇA ACUSATÓRIA:

É chamada de denúncia nos crimes de ação penal pública e nos crimes de ação penal privada é a queixa-crime.

6.1) Requisitos da peça acusatória (art. 41 CPP):

a) exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias: no processo penal prevalece o entendimento de que o
acusado defende-se dos
fatos que lhe são imputados.

b) qualificação do acusado ou esclarecimentos que possa identificá-lo: deve ser realizada a menção do nome, filiação,
documentos de identificação, residência, etc. Vide art. 259 CPP.

c) classificação do crime: é requisito dispensável, pois, o acusado defende-se dos fatos que lhe são imputados,
independentemente da classificação.

d) rol de testemunhas: para a acusação o momento da apresentação é a acusação; será apresentado se necessário, sob pena
de preclusão;

e) redação em vernáculo: a denúncia deve ser redigida em português, pois o processo é público, bem como a denúncia tem
como função precípua de o acusado se defender dos fatos narrados na denúncia.

f) a peça acusatória deve ser subscrita pelo promotor ou pelo advogado do querelante: a denúncia ou queixa crime deve ser
assinada.

Obs. Procuração na queixa-crime (art. 44 CPP): na queixa crime é necessário com poderes especiais, o qual haja menção ao
fato delituoso. Os Tribunais entendem que a menção do fato delituoso basta dizer o artigo de lei. Para o STF eventuais
irregularidades da procuração podem ser supridas a qualquer momento, mesmo após o decurso do prazo decadencial.

7) PRAZO PARA O OFERECIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA:

LEGISLAÇÕES PRESO PRESO SOLTO

CPP – Denúncia (geral) 5 dias 15 dias

Queixa – crime (geral) 5 dias 6 meses

Lei de drogas 10 dias 10 dias 10 dias

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8) REJEIÇÃO DA PEÇA ACUSATÓRIA:

Rejeição é a mesma coisa que não recebimento da peça acusatória.

8.1 – causas de rejeição da peça acusatória (art. 395 CPP):

I – Inépcia da peça acusatória: a peça não preenche seus requisitos obrigatórios. A inépcia deve ser arguida até o momento da
sentença, sob pena de preclusão.
II – quando verificar a ausência dos pressupostos processuais ou condições da ação;

III – ausência de justa causa para o exercício da ação penal: Justa causa é um lastro probatório mínimo para a instauração de
um processo.

8.2 – Recurso cabível contra a rejeição da denúncia:


o recurso cabível é o
RESE nos termos do art. 581, I do CPP. No momento da interposição do RESE.

Obs. Nos juizados especiais criminais o recurso cabível contra a rejeição da


denúncia é cabível APELAÇÃO nos termos do art. 82 da Lei 9.099/95.

9) RECEBIMENTO DA PEÇA ACUSATÓRIA: o recebimento da peça acusatória faz interromper a


prescrição.

9.1 - momento do recebimento da peça acusatória: a lei 11.719/08 prescreve esse momento em dois artigos:

I - art. 396 do CPP, nesse caso o momento é logo após o oferecimento da denúncia.
Obs. O STJ já se manifestou no sentido que o momento do recebimento é o do
art. 396 do CPP (HC 138089 STJ).

9.2 - Importante! Há necessidade de fundamentação no recebimento da denúncia?


R. Há divergência entre a doutrina e a jurisprudência.
A doutrina entende que o recebimento é uma decisão judicial, por isso deve ser fundamentada nos termos do art. 93, IX da
CF/88, sob pena de nulidade. Por outro lado, a jurisprudência entende que o recebimento não precisa ser fundamentado, salvo
nos procedimentos em que houver previsão de defesa preliminar.

9.3 - Recurso cabível contra o recebimento da peça acusatória:


quando o juiz recebe a peça acusatória, em regra, essa decisão é irrecorrível. No entanto, poderá caber HC pedindo o
trancamento do processo penal. Esse trancamento do processo por meio de HC é medida de natureza excepcional que só pode
ser usado nas seguintes hipóteses:
I – manifesta atipicidade da conduta. Ex. princípio da insignificância.
II – presença de causa extintiva da punibilidade.
III – ausência de justa causa para o exercício da ação penal.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
SUJEITOS NO PROCESSO PENAL

1) ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO E DO MINISTÉRIO PÚBLICO:

a) Juiz: é o órgão incumbido de conduzir o processo, proferindo decisão final. Nesse viés, é sujeito na relação processual, mas
não parte. Atua supra partes, com visão totalmente imparcial, fazendo valer a lei ao caso concreto.

b) Ministério Público: é o titular da ação penal pública (art. 129, I da CF/88). Nesse sentido, é parte, figurando ora no polo
ativo, conduzindo a demanda, ora como fiscal da lei, nas ações penais privadas. Pode-se denominá-lo de parte imparcial, uma
vez que não está vinculado necessariamente à defesa de propostas prejudiciais ao réu.

c) Funcionários do Poder Judiciário: os servidores da justiça – ou serventuários – são funcionários públicos a serviço do Poder
Judiciário. São os escrivães-diretores, escreventes, oficiais de justiça, auxiliares, dentre outros.

d) Auxiliares do juízo: são auxiliares do juízo aqueles que, não sendo servidores da justiça, colaboram com o juízo nos pontos
em que este precisa de esclarecimentos ou de conhecimentos especializados. São os peritos e os intérpretes.

e) Assistente do Ministério Público: podem ser assistentes do MP o ofendido ou seu representante legal, ou na falta deste, o
CADI (cônjuge, ascendente, descendente e irmão). Os assistentes poderão indicar provas e requerer perguntas às testemunhas
(art. 268 a 273 do CPP), e antes de transitar em julgado a sentença receberão o processo no estado em que se achar. Sobre a
habilitação dos assistentes nos autos, será ouvido o MP, não cabendo recurso contra a decisão que o admitir ou não.

f) Perito: é o especialista em determinada matéria, encarregado de servir como auxiliar da justiça, esclarecendo temas de
interesse ao processo penal, sempre da confiança do juiz.

g) Intérprete: é o especialista em idiomas estrangeiros ou determinada forma de linguagem, que serve de intermediário entre
pessoa a ser ouvida e o magistrado e as partes, devendo igualmente ser da confiança do magistrado.

2) ACUSADO E DEFENSOR:

O acusado: é o sujeito passivo da ação penal condenatória. É chamado de acusado ou réu quando existe relação processual
instaurada (a partir do recebimento da denúncia). Antes, quando do inquérito, o que se tem é indiciado. Em sede de execução
penal, chama-se de executado, apenado ou sentenciado. A assistência do defensor é uma garantia impostergável do acusado.
O defensor: não é parte, mas representante do acusado. Excepcionalmente, quando o réu for advogado e quiser promover
a sua própria defesa, torna-se parte. Está sempre vinculado à defesa dos interesses do réu, constituindo parte parcial.

3) QUERELANTE:
é o sujeito ativo da relação processual penal condenatória, quando se tratar de ação penal privada.

4) QUERELADO:
é o sujeito passivo da relação processual penal quando a ação for privada.

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COMPETÊNCIA PENAL DO STF, DO STJ, DOS TRIBUNAIS ESTADUAIS E DOS JUÍZES
ESTADUAIS

1) Competência Penal dos Tribunais de Justiça Estaduais - TJ:

a) Executivo: o TJ julgará os Prefeitos nos crimes comuns.

b) Legislativo: o TJ julgará os Deputados Estaduais nos crimes comuns.

c) Judiciário: o TJ julgará os Juízes de Direito nos crimes comuns.

d) outras autoridades: o TJ julgará os Membros do Ministério Público estadual.

2) Competência Penal do Superior Tribunal de Justiça - STJ:

a) Executivo: o STJ julgará os Governadores nos crimes comuns.

b) Legislativo: não existe essa competência do STJ.

c) Judiciário: o STJ julgará nos crimes comuns os Membros dos TRF, dos TRE, do TJ e do TRT.

d) outras autoridades: o STJ julgará nos crimes comuns Membros dos Tribunais de Contas dos Estados, Distrito Federal e
Municípios. Julgará ainda os Membros do Ministério Público da União que atuam perante Tribunais.

3) Competência Penal do Supremo Tribunal Federal – STF:

a) Executivo: o STF julgará o Presidente da República; Vice-Presidente; Ministro de Estado; Advogado Geral da União;
Presidente do Banco Central e o Controlador-Geral da União, todos nos crimes comuns.

b) Legislativo: o STF julgará Membros do Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores), ambos nos crimes
comuns.

c) Judiciário: o STF julgará Membros dos Tribunais Superiores (STF, STJ,


TST, TSE e STM), todos nos crimes comuns.

d) outras autoridades: o STF julgará o Procurador-Geral da República; Comandantes das Forças Armadas; Membros do
Tribunal de Contas da União e os Chefes de Missões Diplomáticas Permanente, todos nos crimes comuns.

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DIREITO PROCESSUAL PENAL
ATOS PROCESSUAIS: FORMA, TEMPO E LUGAR.

1 - Forma dos Atos Processuais:

➢ Os atos processuais devem observar a forma prescrita em lei, sendo escritos, verbais ou mistos, conforme a exigência
de cada situação.

➢ Devem ser redigidos com clareza, utilizando linguagem acessível e respeitando as normas gramaticais.

➢ Alguns atos processuais exigem a forma solene, como a citação, intimação e notificação, que devem ser realizadas por
escrito e conforme as regras específicas estabelecidas.

2 - Tempo dos Atos Processuais:

➢ Cada ato processual tem um prazo específico para ser praticado, que pode ser determinado pela lei ou pelo juiz.

➢ Os prazos podem ser contados em dias úteis ou corridos, conforme estabelecido na legislação ou na decisão judicial.

➢ O não cumprimento dos prazos pode acarretar em preclusão, ou seja, a perda do direito de praticar o ato naquele
momento processual.

3 - Lugar dos Atos Processuais:

➢ Os atos processuais devem ser realizados no local determinado pela legislação ou pelo juiz.

➢ O lugar pode variar de acordo com o tipo de processo, a competência territorial e outras circunstâncias específicas.

➢ Em alguns casos, os atos processuais podem ser realizados por meio eletrônico, conforme a regulamentação vigente.

ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL

1) Formas de comunicação processual:


os atos de comunicação poderão revestir o caráter de citação, intimação ou notificação. O CPP não é uniforme na indicação do
nome de cada um desses atos, sendo a definição dada pela doutrina.

2) Citação:

a) Conceito: é o ato processual de chamamento do réu a juízo, para defender-se pessoalmente e por intermédio de advogado,
cientificando-o da imputação criminal que lhe é feita.

b) Citação por mandado ou pessoal: é a forma usual de citação, realizada por oficial de justiça, que dá ciência diretamente à
pessoa do acusado.

c) Citação por hora certa: é a forma de citação utilizada aos réus que se ocultam, devendo haver certidão do oficial de justiça
nesse sentido e a intimação de familiar ou vizinho dando ciência de que haverá retorno do meirinho para encontrar o acusado
em dia e hora previamente designados. Se o réu não estiver presente, lavra-se certidão, deixa-se a contrafé e depois se envia
uma correspondência ao interessado, dando-o por citado.

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d) Citação por edital: é a forma ficta de citação, voltada ao acusado não localizado, por qualquer razão, que se faz publicando
na imprensa ou no átrio do fórum de peça contendo todos os dados da ação penal, presumindo-se que o réu leia, tomando
ciência da acusação.

e) Citação por precatória: é forma de citação pessoal, embora seja dirigida de um juiz a outro, justamente pelo fato de estar o
réu em Comarca diversa daquela onde tramita o processo criminal. Portanto, o juiz do feito depreca a outro a realização do
ato de chamamento.

f) Citação por rogatória: é forma de citação pessoal, envolvendo pedido de juiz brasileiro a juiz estrangeiro, cujo trâmite se dá
por intermédio dos Ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, que encaminham o pedido ao outro país.

g) Intimação: é o ato processual que dá ciência da realização de um outro ato processual, precedente ou a ocorrer, com a
finalidade de materializar o direito ao contraditório ou buscando o comparecimento de alguém em juízo.

h) A notificação: é a ciência que é dada ao interessado de seu dever ou de seu ônus de praticar algum ato processual ou de
adotar determinada conduta, pressupondo um comportamento positivo.

SENTENÇA – ART. 381 a 392 do CPP

1.CONCEITO DE SENTENÇA
É a decisão terminativa do processo e definitiva quanto ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do
Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação. Esta é considerada a autêntica sentença, tal como consta do
art. 381 do Código de Processo Penal, vale dizer, cuida-se do conceito estrito de sentença.

Pode ser condenatória, quando julga procedente a acusação, impondo pena


Pode ser absolutória, quando a considera improcedente a acusação.

Dentre as absolutórias, existem as denominadas impróprias, que, apesar de não considerarem o réu um criminoso, porque
inimputável, impõem a ele medida de segurança, uma sanção penal constritiva à liberdade, mas no interesse da sua
recuperação e cura.

2.OUTROS ATOS JURISDICIONAIS

Além da sentença, ápice da atividade jurisdicional, há outros atos que merecem destaque:

A) DESPACHOS:
decisões do magistrado, sem abordar questão controvertida, com a finalidade de dar andamento ao processo (ex.: designação
de audiência, determinação da intimação das partes, determinação da juntada de documentos, entre outras);

B) DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS:
soluções dadas pelo juiz, acerca de qualquer questão controversa, envolvendo a contraposição de interesses das partes,
podendo ou não colocar fim ao processo.

São chamadas interlocutórias simples as decisões que dirimem uma controvérsia, sem colocar fim ao processo ou a um
estágio do procedimento (ex.: decretação da preventiva, quebra do sigilo telefônico ou fiscal, determinação de busca e
apreensão, recebimento de denúncia ou queixa, entre outras).

São denominadas interlocutórias mistas:


• Decisão interlocutória mista terminativa: encerra o processo sem julgamento do mérito, como a decisão que rejeita a
denúncia, de impronúncia ou que reconhece a menoridade do réu.

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• Decisão interlocutória mista não terminativa: resolve uma questão processual, sem encerrar qualquer fase do processo
e sem julgar o mérito, como a decisão de pronúncia.

c) decisões definitivas: são as tomadas pelo juiz, colocando fim ao processo, julgando o mérito em sentido lato, ou seja,
decidindo acerca da pretensão punitiva do Estado, mas sem avaliar a procedência ou improcedência da imputação.

Nessas hipóteses, somente chegam a afastar a pretensão punitiva estatal, por reconhecerem presente alguma causa
extintiva da punibilidade (ex.: decisão que reconhece a existência da prescrição, morte do agente, decadência, etc.).

Obs.: Diferem das interlocutórias mistas, pois estas, embora coloquem fim ao processo ou a uma fase do mesmo, não avaliam
a pretensão punitiva do Estado.

3. PUBLICAÇÃO E INTIMAÇÃO DA SENTENÇA


A publicação da sentença em mão do escrivão (art. 389, CPP) é a transformação do ato individual do juiz, sem valor jurídico,
em ato processual, pois passa a ser do conhecimento geral o veredicto dado. Nos autos, será lavrado um termo, bem como há,
em todo ofício, um livro específico para seu registro.

4. EFEITOS DA SENTENÇA CONDENATÓRIA


A prisão do réu em caso de condenação não é necessária. Pode ser um dos efeitos da condenação sujeita a recurso, no caso
de o juiz negar ao acusado o direito de permanecer em liberdade, para recorrer, como no caso de se vislumbrar presentes os
requisitos da prisão preventiva, nos termos do art. 387, § 1.º, do CPP.

Quando a sentença condenatória transita em julgado produz os seguintes efeitos:

A) PENAIS
(pode gerar reincidência, impedir ou revogar o sursis, impedir, ampliar o prazo ou revogar o livramento condicional, impedir a
concessão de penas restritivas de direitos e multa ou causar a reconversão das restritivas de direito em privativa de liberdade,
entre outros);

B) EXTRAPENAIS
(torna certa a obrigação de reparar o dano, gerando título executivo judicial, provoca a perda dos instrumentos do crime, se
ilícitos, do produto ou proveito do crime, além de poder gerar efeitos específicos para determinados crimes, como, por
exemplo, a perda do pátrio poder (ou poder familiar, segundo a denominação adotada pelo Código Civil), em crimes apenados
com reclusão, cometidos por pais contra filhos).

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