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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO TECNOLÓGICO - CTC


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL
ENS 7033 – OBRAS HIDRÁULICAS
PROFESSOR: DAVIDE FRANCO

PARTE: 3
DISPONIBILIDADE HÍDRICA

Ana Clara Inácio


Mariane Goedert Pauli

Florianópolis,

Maio de 2023

SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 2
2 DEMANDA HÍDRICA ANTRÓPICA - VAZÃO FIRME 3
3 DISPONIBILIDADE HÍDRICA NATURAL - VAZÃO ÚTIL 3
3.1 Caudabilidade 3
4 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO FIRME COM O RESERVATÓRIO 8
5 REFERÊNCIAS 10
ANEXO A - Ficha avaliativa do grupo 10
1 INTRODUÇÃO

As barragens foram fundamentais para o desenvolvimento da espécie humana, na


busca por soluções para o consumo e para uso em diversas atividades produtivas.
Considerando a importância social e ambiental desta reservação é fundamental elaborar
diversos estudos para garantir a segurança hídrica.
Em um município no interior, pretende-se construir um barramento, garantindo usos
múltiplos da água. Para este estudo foram utilizadas vazões consolidadas do Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS), monitoradas no reservatório.
Na terceira etapa do trabalho foi verificada a disponibilidade hídrica do rio em estudo
para os usos pretendidos e caso não seja atendida a vazão necessária, será estimado o volume
do reservatório a fim de garantir a vazão firme pretendida.

2 DEMANDA HÍDRICA ANTRÓPICA - VAZÃO FIRME

A vazão firme é a vazão máxima garantida durante um período de estiagem e é dada


pela equação (1).
Q firme=Qconsumo+ Qecológica (1)

Para efeitos deste estudo, a legislação local define como vazão de referência a Q7,10,
a vazão de consumo é igual a 35% da Q7,10 e a vazão ecológica 50% da Q7,10. Portanto,
sabendo que a Q7,10 obtida através da etapa 2 é igual a 8,22 m³/s, têm-se que a vazão de
consumo e a vazão ecológica são, respectivamente, 2,87 m³/s e 4,11 m³/s. Sendo assim, a
partir desses dois valores calculou-se a vazão firme através da equação (1), obtendo Qfirme =
6,98 m³/s.

3 DISPONIBILIDADE HÍDRICA NATURAL - VAZÃO ÚTIL

Para verificar a disponibilidade hídrica natural foi preciso determinar a vazão útil, ou
seja, aquela que o rio pode fornecer na pior estiagem, para um volume útil = 0 (sem
reservatório).
3.1 Caudabilidade

A caudabilidade de um reservatório indica a quantidade de água que o mesmo pode


fornecer para um determinado período. Ela é quantificada em função da vazão regularizada
que o mesmo consegue garantir durante um período de estiagem, ou seja, da vazão firme.
Basicamente a caudabilidade depende das dimensões do reservatório e do regime de vazões
do rio, que varia anualmente.
Para o cálculo do volume útil foi utilizado o método das diferenças totalizadas, onde
determinou-se os períodos de seca e a vazão média que pode ser disponibilizada pelo rio
durante as estiagens, para o período de 30 anos. Sendo assim, a mínima dessas vazões
representa a disponibilidade hídrica do rio no período de observação, e, caso esse valor seja
maior que a vazão firme, o reservatório não será necessário.
Na Figura 1 consta o hidrograma para o período de 30 anos estudado. Visto que a
QMLT = 30,00 m³/s, os períodos de estiagem se caracterizam por apresentar vazões abaixo
da vazão média de longo termo.
Figura 1 - Hidrograma mensal

Fonte: Os Autores (2023)

Para aplicar o método das diferenças totalizadas foram calculadas as vazões médias
com base no número de dias de cada mês. Após isso, foi verificado o excesso mensal de cada
vazão sob a vazão média. Assim, através da tabela gerada verificou-se os períodos em que
houve estiagem e a duração da estiagem.
O volume em déficit para a vazão a Qm é dado pela equação (2) e o volume em
déficit que não se pode garantir pela equação (3).

𝑉𝑚𝑑 = 𝑅𝑡1 − 𝑅𝑡2 (2)

𝑉f𝑑 = 𝑉𝑚𝑑 − Vu (3)

A partir desses cálculos pode-se definir a vazão que não se consegue garantir (𝑄fd) e a
vazão firme (Qf), através das equações (4) e (5).

Qf𝑑 = 𝑉f𝑑 / Te (4)

Qf= Qm - Qf𝑑 (5)

A Tabela 1 apresenta os resultados obtidos com o método das diferenças totalizadas,


percebe-se que a menor vazão útil registrada foi de 15,45 m³/s e ocorreu no período de julho
a dezembro de 1988 com duração de 184 dias. Na série de dados analisada, em um período de
10958 dias 6809 dias apresentaram vazão inferior a 30,00 m³/s, portanto 62% dos dados estão
caracterizados como estiagem. Percebe-se que a disponibilidade hídrica natural é maior que a
vazão firme calculada anteriormente (7,74 m³/s), ou seja, não seria necessário um
reservatório.
Tabela 1 - Caracterização dos períodos de estiagem (Vazão Útil).
Duração Volume em falta Vazão em falta p/ Vazão útil Vazão útil %
Índice Início Mês-Ano Fim Mês-Ano
[dias] p/ QMLT [hm³] QMLT [m³/s] [m³/s] de QMLT

1 jan/84 nov/84 304 204,47 7,78 22,22 74%

2 jan/85 nov/86 699 617,32 10,22 19,78 66%

3 jan/87 jan/87 31 2,96 1,10 28,90 96%

4 mar/87 abr/87 61 41,34 7,84 22,16 74%

5 ago/87 out/87 92 79,14 9,96 20,04 67%

6 dez/87 abr/88 152 86,57 6,59 23,41 78%

7 jul/88 dez/88 184 231,31 14,55 15,45 52%

8 abr/89 jul/89 122 76,45 7,25 22,75 76%

9 out/89 dez/89 92 58,35 7,34 22,66 76%

10 mar/90 jun/90 122 58,61 5,56 24,44 81%

11 dez/90 jan/91 62 43,78 8,17 21,83 73%

12 abr/91 nov/91 244 179,97 8,54 21,46 72%

13 jan/92 fev/92 60 53,56 10,33 19,67 66%

14 jul/92 ago/92 62 28,65 5,35 24,65 82%

15 nov/92 dez/92 61 21,05 3,99 26,01 87%

16 mai/93 mai/93 31 9,30 3,47 26,53 88%

17 jul/93 ago/93 62 35,10 6,55 23,45 78%

18 nov/93 dez/93 61 36,81 6,98 23,02 77%

19 mar/94 dez/94 306 243,29 9,20 20,80 69%

20 mai/95 jun/95 61 38,82 7,37 22,63 75%

21 ago/95 set/95 61 61,82 11,73 18,27 61%

22 nov/95 dez/95 61 43,02 8,16 21,84 73%

23 mai/96 nov/96 214 141,56 7,66 22,34 74%

24 abr/97 mai/97 61 29,77 5,65 24,35 81%

25 ago/97 set/97 61 25,10 4,76 25,24 84%

26 jul/98 jul/98 31 0,52 0,19 29,81 99%

27 mai/99 jun/99 61 9,00 1,71 28,29 94%

28 ago/99 jan/00 184 191,63 12,05 17,95 60%


29 mar/00 ago/00 184 189,87 11,94 18,06 60%

30 out/00 dez/00 92 29,57 3,72 26,28 88%

31 abr/01 set/01 183 82,78 5,24 24,76 83%

32 nov/01 nov/01 30 21,67 8,36 21,64 72%

33 mar/02 abr/02 61 45,85 8,70 21,30 71%

34 jun/02 nov/02 183 142,31 9,00 21,00 70%

35 mai/03 dez/03 245 207,50 9,80 20,20 67%

36 mar/04 abr/04 61 49,80 9,45 20,55 69%

37 ago/04 out/04 92 68,62 8,63 21,37 71%

38 dez/04 dez/04 31 12,27 4,58 25,42 85%

39 mar/05 set/05 214 165,08 8,93 21,07 70%

40 dez/05 jan/06 62 27,38 5,11 24,89 83%

41 mar/06 dez/06 306 352,92 13,35 16,65 56%

42 abr/07 jun/07 91 80,97 10,30 19,70 66%

43 ago/07 dez/07 153 165,56 12,52 17,48 58%

44 fev/08 abr/08 90 19,99 2,57 27,43 91%

45 jun/08 jul/08 61 45,15 8,57 21,43 71%

46 set/08 dez/08 122 108,36 10,28 19,72 66%

47 mar/09 jun/09 122 124,90 11,85 18,15 61%

48 jun/10 nov/10 183 159,09 10,06 19,94 66%

49 abr/11 jul/11 122 75,60 7,17 22,83 76%

50 set/11 set/11 30 25,38 9,79 20,21 67%

51 nov/11 dez/11 61 33,41 6,34 23,66 79%

52 fev/12 mai/12 121 94,90 9,08 20,92 70%

53 ago/12 dez/12 153 141,50 10,70 19,30 64%

54 mai/13 mai/13 31 3,08 1,15 28,85 96%

55 ago/13 set/13 61 17,45 3,31 26,69 89%

56 nov/13 dez/13 61 47,52 9,02 20,98 70%

Fonte: Os Autores (2023).

Abaixo, na Figura 2, observa-se a curva dos volumes residuais, com os períodos de


seca.
Figura 2 - Curva dos volumes residuais.

Fonte: Os Autores (2023).

A Tabela 2 apresenta a síntese dos resultados encontrados.

Tabela 2 - Síntese das vazões.

Nome Estimativa m³/s % de QMLT

Referência Q7,10 8,22 27%

Consumo 35% de Q7,10 2,88 10%

Ecológica 50% de Q7,10 4,11 14%

Firme legal Consumo + Ecológica 6,98 23%

Útil Método das diferenças totalizadas 15,22 51%


Fonte: Os Autores (2023).

4 DETERMINAÇÃO DA VAZÃO FIRME COM O RESERVATÓRIO


Nessa etapa objetivou-se, também através do método das diferenças totalizadas,
determinar qual a vazão firme que pode ser garantida ao se considerar um volume útil de 32
hm³, em cada estiagem ao longo do período de 30 anos.
O procedimento realizado é igual ao descrito no item 3, porém agora considerando o
Vu = 32 hm³. Os resultados obtidos nesta etapa estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 - Caracterização dos períodos de estiagem com volume útil.


Volume em falta Vazão em falta p/ Vazão útil Vazão útil
Duração
Índice Início Mês-Ano Fim Mês-Ano p/ QMLT com VU QMLT com VU com VU com VU %
[dias]
[hm³] [m³/s] [m³/s] de QMLT

1 jan/84 nov/84 304 204,47 7,78 22,22 74%

2 jan/85 nov/86 699 617,32 10,22 19,78 66%

3 jan/87 jan/87 31 2,96 1,10 28,90 96%

4 mar/87 abr/87 61 41,34 7,84 22,16 74%

5 ago/87 out/87 92 79,14 9,96 20,04 67%

6 dez/87 abr/88 152 86,57 6,59 23,41 78%

7 jul/88 dez/88 184 231,31 14,55 15,45 52%

8 abr/89 jul/89 122 76,45 7,25 22,75 76%

9 out/89 dez/89 92 58,35 7,34 22,66 76%

Fonte: Os Autores (2023).

A partir dos cálculos realizados, obteve-se volume útil igual a 17,23 m³/s. O volume
morto foi considerado igual a 9% desse valor. Na Tabela 4 está apresentada a síntese das
vazões e na Tabela 5 a síntese dos volumes.

Tabela 4 - Síntese das vazões.

Nome Estimativa m³/s % de QMLT

Firme de VU Método das diferenças totalizadas 17,23 57


Fonte: Os Autores (2023).
Tabela 5 - Síntese dos volumes.

Volumes Volumes acumulados


Nome Estimativa
hm³ VU% hm² VU%

QMÁX (T=10.000 anos);


Enchente 42,41 132,53 83,47 260,84
Duração = 72 horas

MÁX (T=25 anos);


Espera 6,18 19,30 41,06 128,30
Duração = 32 horas

Útil Valor de projeto 32,00 100,00 34,88 109,00

Morto 9% de VU 2,88 9,00 2,88 9,00


Fonte: Os Autores (2023).

5 REFERÊNCIAS

NAGHETTINI, Mauro; PINTO, Éber José De Andrade. Hidrologia Estatística. Belo


Horizonte: CPRM,2007. 552p.

Moodle. Notas de aula. Slides disponíveis no Moodle da Disciplina. Acesso em:


06/05/2023.

ANEXO A - Ficha avaliativa do grupo

Etapa avaliada no Trabalho Nota


Nome dos Integrantes do Peso Nota Final
grupo I II III IV T.
Ana Clara Inácio 50% 50% 50%
Mariane Goedert Pauli 50% 50% 50%
SOMA TOTAL 100% 100% 100%

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