Monografia Ana Carolina de Castro - VF

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EM ENGENHARIA


MBA – GESTÃO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS

A importância da integração da análise de risco geológico na Avaliação de


Impactos Ambientais:

Estudo de Caso da regularização do loteamento Condomínio Rural Solar da


Serra.

ANA CAROLINA ARGOLO NASCIMENTO DE CASTRO

Terceiro ciclo/2019
ANA CAROLINA ARGOLO NASCIMENTO DE CASTRO

A importância da integração da análise de risco geológico na Avaliação de


Impactos Ambientais:

Estudo de Caso da regularização do loteamento Condomínio Rural Solar da


Serra.

Monografia apresentada à Escola Politécnica


da Universidade de São Paulo para obtenção
do título de MBA em Gestão e Tecnologias
Ambientais – MBA – USP.

Área de Concentração: Gestão e Tecnologias


Ambientais – MBA - USP

SÃO PAULO/2019

ii
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por sua bondade e misericórdia.

Agradeço ao meu marido pelo apoio e incentivo.

Agradeço à minha querida irmã Bruna pelo suporte.

Agradeço aos amigos que também me deram suporte, em


especial aos queridos Lilian e Rodrigo.

Agradeço aos professores da USP pelos conhecimentos


compartilhados com dedicação.

Deo Volente.

iii
RESUMO

No Distrito federal é crescente a ocupação de áreas irregulares - ocupadas ilegalmente (por


grilagem) por pessoas de renda média alta e a construção de condomínios com casas.
Atualmente o governo do Distrito Federal, através da Agência de Desenvolvimento do
Distrito Federal está empenhado em regularizar essas áreas. Este trabalho tem como objetivo
principal apresentar um estudo de caso de análise de risco geológico em condomínio
residencial em processo de regularização, propor medidas preventivas e analisar a
importância desta ferramenta nos processos de Avaliação de Impacto Ambiental. A análise
foi realizada utilizando a metodologia de setorização e classificação dos setores em graus de
risco (R1, R2 e R3) baseados na identificação dos fatores de perigo de instabilização de
encostas nos setores e na avaliação de vulnerabilidade das ocupações. O resultado consiste
no mapeamento de grau de risco e nas medias preventivas e é ferramenta crucial no processo
de Avaliação de Impactos Ambientais necessário pra dar continuidade ao licenciamento
ambiental do condomínio onde foi observado predominância de área de baixo e alto risco,
estas últimas associadas lotes ainda não ocupados. O estudo contribuiu com a avaliação de
impactos ambientais principalmente ao restringir lotes inaptos a ocupação, evitando assim o
agravamento de situações de risco no condomínio.
Palavras chave:
Risco Geológico; Avaliação de Impactos; Licenciamento Ambiental.

iv
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10
2 OBJETIVOS.................................................................................................................. 12
3 ESTADO DA TÉCNICA .............................................................................................. 13
Avaliação de Impactos .......................................................................................................... 13
3.1 .......................................................................................................................................... 13
3.2 Avaliação de Risco Ambientais ................................................................................ 15
4 METODOLOGIA ......................................................................................................... 19
4.1 Identificação dos fatores de perigo de instabilização de encostas nos setores
avaliados 21
4.2 Avaliação da Vulnerabilidade das Ocupações .......................................................... 23
DESENVOLVIMENTO ........................................................................................................... 25
5................................................................................................................................................. 25
5.1 Mapeamento de Risco do Condomínio Solar da Serra ............................................. 27
5.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................ 30
5.2.1 Resultados da análise dos Setores de Risco .......................................................... 30
5.2.2 Discussões ............................................................................................................. 31
6 CONCLUSÕES ............................................................................................................. 34
REFERÊNCIAS........................................................................................................................ 35
7................................................................................................................................................. 35
8 ANEXOS ....................................................................................................................... 38

v
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização do Condomínio Rural Solar da Serra no Distrito Federal.................... 11


Figura 2 – Medidas de prevenção de acidentes. Fonte: Adaptado de BRASIL, 2007. ............. 18
Figura 3 – Localização do Condomínio Rural Solar da Serra ................................................... 25
Figura 4 – Inclinação do condomínio sobreposto a loteamento com destaque nos lotes com
inclinação > 17°, objetos da análise de risco geológico. ........................................................... 26
Figura 5 – Setores de Risco. ...................................................................................................... 27
Figura 6 – Risco geológico – geotécnico. ................................................................................. 31
Figura 7 – Setor S01 .................................................................................................................. 42
Figura 8 – Setor S02 .................................................................................................................. 42
Figura 9 – Setor S03 .................................................................................................................. 42
Figura 10 – Setor S05 ................................................................................................................ 42
Figura 11 – Setor S10. ............................................................................................................... 43
Figura 12 – Setor S12. ............................................................................................................... 43
Figura 13 – Setor S14. ............................................................................................................... 43
Figura 14 – Setor S15. ............................................................................................................... 43
Figura 15 – Setor S16. ............................................................................................................... 44
Figura 16 – Setor S21. ............................................................................................................... 44
Figura 17 – Setor S22. ............................................................................................................... 44
Figura 18 – Setor S23. ............................................................................................................... 44
Figura 19 – Setor S24. ............................................................................................................... 45
Figura 20 – Setor S28. ............................................................................................................... 45
Figura 21 – Setor S17. ............................................................................................................... 45
Figura 22 – Setor S18. ............................................................................................................... 45
Figura 23 – Setor S20. ............................................................................................................... 46
Figura 24 – Setor S25. ............................................................................................................... 46
Figura 25 –Setor S26. ................................................................................................................ 46
Figura 26 – Setor S27. ............................................................................................................... 46
Figura 27 – Setor S30. ............................................................................................................... 47
Figura 28 – Setor S31. ............................................................................................................... 47
Figura 29 – Setor S04. ............................................................................................................... 48
Figura 30 – Setor S06. ............................................................................................................... 48
Figura 31 – Setor S07. ............................................................................................................... 48
Figura 32 – Setor S11. ............................................................................................................... 48
Figura 33 – Setor S13. ............................................................................................................... 49
Figura 34 – Setor S19. ............................................................................................................... 49
Figura 35 – Setor S08. ............................................................................................................... 50
Figura 36 – Setor S09. ............................................................................................................... 50
Figura 37 – Setor S23. ............................................................................................................... 50
Figura 38 – Setor S29. ............................................................................................................... 50
Figura 39 – Setor S32. ............................................................................................................... 51
Figura 40 – Setor S33. ............................................................................................................... 51
Figura 41 – Setor S34. ............................................................................................................... 51
Figura 42 – Setor S35. ............................................................................................................... 51
Figura 43 – Setor S36. ............................................................................................................... 52

vi
Figura 44 – Setor S37. ............................................................................................................... 52
Figura 45 – Setor S38. ............................................................................................................... 52
Figura 46 – Setor S39. ............................................................................................................... 52
Figura 47 – Setor S01, visada para oeste, ocupações no topo da encosta (R1). ........................ 53
Figura 48 – Setor S01, visada para leste, área preservada......................................................... 53
Figura 49 – Setor S02 com área sem cobertura vegetal (R1) .................................................... 53
Figura 50 – Moradia em construção na porção com declividade menor que 30%.................... 53
Figura 51 – Setor S03,vista geral em sentido norte, via com pavimento intertravado (R1). .... 53
Figura 52 – Vista geral do setor S03, com casas localizadas no topo das encostas e áreas
declivosas preservadas. ............................................................................................................. 53
Figura 53 – Setor S04 apresentando árvores inclinadas (R2). .................................................. 54
Figura 54 – Setor S04 apresentando bananeiras plantadas na encosta. ..................................... 54
Figura 55 – Setor S05 Visão para sudeste. Casas no topo da encosta e áreas preservadas (R1).
................................................................................................................................................... 54
Figura 56 – Setor S05 visada para noroeste. ............................................................................. 54
Figura 57 – Setor S06, antiga via ao lado da ocupação. apresentando processos erosivos e
sedimentos transportados. (R2). ................................................................................................ 54
Figura 58 – Moradia em construção. ......................................................................................... 54
Figura 59 – Vista superior do Setor S06, na área delimitada observa-se o solo exposto em área
com declividade maior que 30%, apresentando fator de perigo e risco médio. ........................ 55
Figura 60 – Setor S07, vista geral de terreno com solo exposto e vegetação insuficiente em
taludes no meio da encosta em área com delividade alta (R2).................................................. 55
Figura 61 – Setor S07 vista aproximada de terreno com solo exposto e vegetação insuficiente
em taludes no meio da encosta em área com delividade alta, destaque para muro tombado. ... 55
Figura 62 – Setor S07, vista de cima do terreno. ...................................................................... 56
Figura 63 – – Setor S08, vista para oeste de terreno com declividade muito alta (R3). .......... 56
Figura 64 – Vista para leste, em direção a rua, ressalta-se a altura do desnível do terreno, verificar
a copa das árvores. .................................................................................................................... 56
Figura 65 – Setor S09, terreno com solo exposto, entulho nos taludes, rachadura na moradia e
muro embarrigado (R3). ............................................................................................................ 57
Figura 66 – Muro embarrigado, demonstrando instabilização do terreno................................. 57
Figura 67 – Vista de cima do setor S09..................................................................................... 57
Figura 68 – Setor S10, ocupação no alto da enconstra sem feiçoes de instabilidade (S09 ao
fundo) (R1) ................................................................................................................................ 58
Figura 69 – Vista em direção ao canal de escoamento, vegetação e solo preservados em áreas de
alta declividade. ......................................................................................................................... 58
Figura 70 – Setor S11, vista geral de terreno com solo exposto, depósito de solo e entulho na
enconsta e vegetação no meio da encosta em área com delividade alta (R2). ......................... 58
Figura 71 – vista aproximada do terreno. Destaque para bananeiras plantadas na encosta.. .... 58
Figura 72 –Setor S12, vista geral, no sentido sudoeste (R1) ..................................................... 58
Figura 73 – Setor S12, vista geral no sentido sudeste, sem ocupções e via não pavimentada. . 58
Figura 74 – Setor S13 antiga construção (abandonada) (R2). ................................................... 59
Figura 75 – Feições de instabilidade como trincas e muros embarrigados. .............................. 59
Figura 76 – Setor S14, ocupação em área plana (R1). .............................................................. 59
Figura 77 – Área com declividades altas preservadas. .............................................................. 59
Figura 78 – Setor S18, visada para sul (R1). ............................................................................. 59
Figura 79 – Visada para oeste. .................................................................................................. 59
Figura 80 – Setor S19, ocupação em área de declividade alta (R2). ......................................... 60

vii
Figura 81 – Trincas nas escadas de acesso da ocupação, destaque para inclinação do terreno. 60
Figura 82 – Setor S30, ocupação no alto da escosta (R1). ........................................................ 60
Figura 83 – Vista geral do setor com visada para leste. ............................................................ 60
Figura 84 – Setor S31, ocupação no alto da escosta (R1) ......................................................... 60
Figura 85 – Setor S31, vista para norte, vegetação e solos preservados (R1) ........................... 60

viii
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Resumo de parâmetros de análise do grau de risco ......................................... 27


Quadro 2 – Critérios para a determinação dos graus de risco ........................................... 28
Quadro 3 – Grau de risco atribuído a cada setor ................................................................. 30

ix
1 INTRODUÇÃO

De acordo com os princípios da Agenda 21, o principal documento resultante da


Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento Rio - 92, a
sociedade sustentável do futuro deverá mostrar um desenvolvimento econômico equilibrado, no
mundo todo, em harmonia com os sistemas de suporte da vida, em nosso planeta. As ciências
da terra têm um papel crucial, pois tem a responsabilidade da busca, do fornecimento e do
gerenciamento dos recursos minerais e energéticos, da conservação e o gerenciamento dos solos
e da água, do monitoramento contínuo dos processos dinâmicos do "Sistema Terra", e da
prevenção e mitigação dos desastres naturais (CORDANI, 1998).

Cada vez mais os desastres naturais são relatados em todo o mundo, em particular em
relação aos deslizamentos. Esses fenômenos naturais causam ferimentos, mortes e induzem a
danos físicos, ambientais e econômicos que impedem o desenvolvimento de regiões e países,
sejam ricos ou pobres. É necessário incluir considerações sobre os perigos de deslizamentos no
uso do solo e no planejamento para a segurança pública e para a realização de projetos seguros
de engenharia (MACEDO & BRESSANI, 2013). mais

A avaliação de impactos (AI) é o processo de identificação e análise das consequências


futuras de uma ação atual ou proposta. Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) desempenha
seu papel para que a variável ambiental seja considerada na tomada de decisão em nível de
projeto de engenharia, contando para tal com o conhecimento aportado pelas geociências
aplicadas, progressivamente integradas a temas bióticos e antrópicos (ABGE, 2108).

O Brasil exibe um extenso e crescente histórico de desastres geológicos associados a


deslizamentos (ABGE, 2018). A motivação para a realização deste trabalho é a aplicabilidade
da AIA para que esse cenário perca sua força. A susceptibilidade a deslizamentos e o
zoneamento de perigo, em menor extensão experimentaram um grande desenvolvimento
durante as últimas décadas (MACEDO & BRESSANI, 2013). Improvável

O aporte dos conhecimentos da geologia de engenharia e ambiental, das geociências


aplicadas à resiliência das cidades, do meio ambiente e a possibilidade de desastres é essencial
para o planejamento do uso do solo. Porém, a integração de estudos geológicos-geotécnicos
realizados para fins de projetos de engenharia e efetuados para fins de Avaliação de Impactos
Ambientais, de acordo com as diferentes fases do empreendimento, mostra-se ainda como um
dos principais desafios a equacionar, visando o maior e melhor aproveitamento dos múltiplos
conhecimentos gerados (BITTAR et al, 2011).

No Distrito federal é crescente a ocupação de áreas irregulares por pessoas de renda alta
e a construção de condomínios com casas de luxo. Atualmente o governo do Distrito Federal,
através da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (TERRACAP) está empenhado em
regularizar essas áreas.

Este documento apresenta um estudo de caso de uma área de condomínio residencial


denominado Condomínio Rural Solar da Serra, localizada no Setor Habitacional Jardim
Botânico, Região Administrativa Lago Sul, Distrito Federal (Figura 1). O condomínio Rural
Solar da Serra encontra-se em processo de licenciamento ambiental e urbanização
(pavimentação e implantação de sistema de drenagem), sua implantação foi iniciada de maneira
desordenada e sem licenciamento ambiental e autorização legal. Apesar de apresentar
predominantemente casas com bom padrão construtivo, no momento de sua implantação não
foram levados em conta os parâmetros ambientais sendo necessário, no atual período de
regularização, a realização de diversos estudos e diagnósticos e a investigação de risco
geológico-geotécnico no processo de Avaliação de Impactos Ambientais.

Figura 1 – Localização do Condomínio Rural Solar da Serra no Distrito Federal.

11
2 OBJETIVOS

O objetivo geral do presente estudo é apresentar um estudo de caso de análise de risco


geológico em condomínio residencial em processo de regularização, propor medidas
preventivas e analisar a importância desta ferramenta nos processos de Avaliação de Impacto
Ambiental. Os objetivos específicos são:

• Apresentar a setorização de risco geológico realizado no condomínio Solar da


Serra para avaliar as condições das ocupações presentes nas encostas frente a
processos geodinâmicos de instabilização dos terrenos;
• Apresentar mapeamento do risco geológico;
• Propor medidas preventivas; e Corretiva

• Avaliar a contribuição da análise de risco na Avaliação de Impacto Ambiental.

12
3 ESTADO DA TÉCNICA

3.1 Avaliação de Impactos

Conforme Moreira (1992) o impacto ambiental é definido como qualquer alteração no


meio ambiente em um ou mais de seus componentes – provocada por uma ação humana.

No Brasil, estudos ambientais são exigíveis para obter-se uma autorização


governamental (licença ambiental) para realizar atividades que utilizem recursos ambientais ou
tenham potencial de causar degradação ambiental (SÁNCHEZ, 2013). O licenciamento prevê
três tipos de licença: licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e licença de operação (LO).

O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) foi introduzido no sistema normativo brasileiro,


através da Lei 6.803/80, no seu artigo 10, § 3°, que tornou obrigatória apresentação de estudos
especiais de alternativas e de avaliações de impacto para a localização de pólos petroquímicos,
cloroquímicos, carboquímicos e instalações nucleares. Posteriormente, a Resolução CONAMA
001/86 estabeleceu a exigência de elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA e
respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA para o licenciamento de diversas atividades
modificadoras do meio ambiente, bem como as diretrizes e atividades técnicas para sua
execução.

Posteriormente, a Constituição Federal de 1988 fixou, através do artigo 225, inciso IV,
a obrigatoriedade do Poder Público exigir o Estudo Prévio de Impacto Ambiental para a
instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio
ambiente, despontando como a primeira Carta Magna do planeta a inscrever a obrigatoriedade
do estudo de impacto no âmbito constitucional (ASSUNÇÃO, 2012).

Segundo Sánchez (2013), a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) consiste no processo


de exame sistemático das consequências futuras de uma ação presente ou proposta, ou seja, ela
elabora exames sistemáticos dos impactos ambientais visando apresentar resultados e
alternativas para tomada de decisão.

A execução de uma AIA segue as seguintes etapas: desenvolvimento de um completo


entendimento da ação proposta; aquisição do conhecimento técnico do ambiente a ser afetado;
determinação dos possíveis impactos sobre as características ambientais; quantificando, quando

13
possível, as mudanças; apresentação dos resultados da análise de maneira tal que a ação; e
proposta possa ser utilizada em um processo de decisão (ASSUNÇÃO, 2012).

Existem diversos instrumentos desenvolvidos para identificar os impactos ambientais,


estre eles estão:

• Lista de verificação (checklist): identificação e enumeração dos impactos


realizados por especialistas dos meios físico, biótico e socioeconômico, de
acordo com o tipo de modificação antrópica introduzida (CUNHA; GUERRA,
2000);

• Matrizes de identificação de impactos: duas listas, dispostas na forma de linhas


e colunas. Em uma delas são elencadas as principais atividades ou ações que
compõem o empreendimento apresentado e na outra são apresentados os
principais componentes ou elementos do sistema ambiental, ou ainda processos
ambientais (SÁNCHEZ, 2013);
• Diagramas de interação: estabelece a sequência de impactos ambientais
utilizando o método gráfico. Têm por objetivo as relações de precedência entre
as ações de causa e efeito dos impactos (CUNHA; GUERRA, 2000);

• Metodologias quantitativas: utiliza indicadores de qualidade ambiental expressos


por gráficos que relacionam o estado de determinados compartimentos a sua
qualidade. Estipula um peso a cada fator para cada fase da implantação do
empreendimento, o que fornece parâmetros comparativos entre os mesmos
(CUNHA; GUERRA, 2000).

• Mapas de superposição (overlay mapping): são utilizadas as técnicas


cartográficas na localização/extensão dos impactos (CUNHA; GUERRA, 2000);

• Projeção de cenários: baseia-se na análise de situações ambientais prováveis em


termos da evolução de um ambiente (cada situação corresponde a um cenário)
para a elaboração de indicadores de tendências prováveis (CUNHA; GUERRA,
2000).

14
3.2 Avaliação de Risco Ambientais

A avaliação de riscos ambientais tem sido utilizada como instrumento de gestão em


empreendimentos e em planejamento urbano e ambiental, seja no desenvolvimento do contexto
histórico, baseado em fatos e acidentes já́ ocorridos, seja para prevenir ou mitigar danos. É
também empregada no incremento de instrumentos, fundamentos teóricos e demandas que dão
sustentação aos estudos científicos para sua aplicação (ASSUNÇÃO, 2012).

Os conceitos clássicos baseados no IUGS (1997) e adotados pelo instituto de Pesquisas


Tecnológicas (IPT) são:

• Deslizamento1: o movimento da massa de rochas, colúvios ou terra (solo) que


desliza em uma encosta (ABGE, 2013).
• Susceptibilidade: indica a potencialidade de ocorrência de processos naturais e
induzidos em uma dada área, expressando-se segundo classes de probabilidade
de ocorrência (ABGE, 2013)
• Vulnerabilidade: grau de perda para um dado elemento, grupo ou comunidade
dentro de uma determinada área passível de ser afetada por um fenômeno ou
processo (ABGE, 2013);
• Perigo: condição ou fenômeno com potencial para causar uma consequência
desagradável (ABGE, 2013);
• Risco: é a relação entre a possibilidade / probabilidade de ocorrência de um dado
processo ou fenômeno e a magnitude de danos ou consequências sociais e/ou
econômicas sobre um elemento, grupo ou comunidade (ABGE, 2013), ou seja, é
a interação da susceptibilidade com a vulnerabilidade, conforme apresentado
abaixo:

Risco = Susceptibilidade X Vulnerabilidade

• Risco Potencial: é o risco quando não existe ainda a vulnerabilidade (ABGE,


2013);

1
A palavra deslizamento foi escolhida para representar todos os movimentos de solos ou rochas e inclui
movimentos mais complexos, muitas vezes chamados de escorregamentos (ABGE, 2013).

15
• Risco Social: risco de moradias serem atingidas por processos de instabilização
de encostas apresentando como consequência os danos sociais (ABGE, 2013).

A classificação de riscos, conforme Cerri e Amaral (1998) são:

• Riscos Tecnológicos: são os provenientes de vazamento de produtos tóxicos,


inflamáveis, radioativos, provenientes da colisão entre veículos, queda de aviões,
entre outros.

• Riscos Sociais: referem-se aos riscos produzidos por assaltos, conflitos, guerras,
sequestros, atentados e outros.

• Riscos Naturais: os riscos naturais se subdividem em Riscos Físicos e Riscos


Biológicos: riscos Físicos são os que se originam dos movimentos naturais do
meio físico e podem ser subdivididos em Riscos Atmosféricos, Riscos
Geológicos e Riscos Hidrológicos:

o Riscos Atmosféricos: são os furacões, as secas, as tempestades, os


granizos, os raios, entre outros;
o Riscos Geológicos: podem ser os Endógenos – terremotos, atividades
vulcânicas e “tsunamis”; e os Exógenos são os escorregamentos de terras
e processos correlatos, erosões, assoreamentos, subsidências e colapsos
de solo, solos expansivos;
o Riscos Hidrológicos: são os provenientes das enchentes e inundações.
o Riscos Biológicos: podem ser os associados à Fauna e os associados à
Flora;
§ Riscos associados à Fauna são os que advêm de doenças
provocadas por vírus e/ou bactérias, pragas (roedores,
gafanhotos), picadas de animais venenosos;
§ Riscos associados à Flora são as doenças provocadas por fungos,
pragas (ervas daninhas), ervas tóxicas e venenosas.

O presente estudo fará a análise de risco geológico exógeno, associados a colapsos de


solo e escorregamentos.

16
A instabilização de encostas ocorre sob a influência de condicionantes naturais,
antrópicos ou ambos. As causas destes processos devem ser entendidas, a fim de se evitar e
controlar deslizamentos (BRASIL, 2007).

A água é o principal agente deflagrador em processos de instabilização em encostas,


entretanto existem diversos condicionantes geológico-geotécnicos no processo de instabilização
que são utilizados como parâmetros básicos de análise de risco.

A avaliação de risco é uma atividade correlata à avaliação de impacto ambiental, mas as


duas se desenvolvem em contextos separados, por comunidades profissionais e disciplinares
diferentes (ANDREWS,1998 apud SANCHÉZ, 2013).

Conforme Sanchéz (2013) dentro da Avaliação de Impacto Ambiental a percepção do


risco é muito importante e a repartição dos riscos e dos benefícios é talvez um dos pontos
centrais quando a instalação de um empreendimento perigoso está em discussão. Na maior parte
dos casos, aqueles que se beneficiam com o empreendimento não são aqueles que deverão
suportar os riscos, estabelecendo-se então um grande potencial de conflito, essas questões
devem ser levadas em consideração na análise e na discussão sobre os impactos ambientais de
um empreendimento. (SÁNCHES, 2013).

No Brasil, a elaboração e a análise de estudos de análise de risco não envolvem nenhuma


forma de consulta a população, ao contrário dos estudos de impacto ambiental, daí a necessidade
de integrar os estudos e sua análise técnica. O processo de avaliação de impacto ambiental, por
outro lado, representa uma oportunidade de participação pública na análise e decisão sobre
instalações perigosas (SÁNCHEZ, 2013).

Conforme Brasil (2007) existem diversas alternativas de ações de prevenção de acidentes


de deslizamentos que se resumem em medidas de caráter estrutural e não estrutural. A Figura 2
apresenta medidas de prevenção de acidentes para situações de risco atual e de risco potencial.

17
Figura 2 – Medidas de prevenção de acidentes. Fonte: Adaptado de BRASIL, 2007.

As medidas estruturais são aquelas onde se aplicam soluções da engenharia, executando-


se obras de estabilização de encostas, sistemas de micro e macrodrenagem, obras de
infraestrutura urbana, relocação de moradias (BRASIL, 2007).

As ações não-estruturais são aquelas onde se aplica um rol de medidas relacionadas às


políticas urbanas, planejamento urbano, legislação, planos de defesa civil e educação. São
consideradas tecnologias brandas e, normalmente, tem custo muito mais baixo que as medidas
estruturais (tecnologias duras), além de apresentar bons resultados, principalmente na prevenção
dos desastres. Tratam-se, portanto, de medidas sem a intervenção de obras de engenharia
(BRASIL, 2007).
EXPLICAR MELHOR

18
4 METODOLOGIA

Conforme Lakatos e Marconi (2003) o método é o conjunto das atividades sistemáticas


e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos
válidos e verdadeiros, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista (LAKATOS & MARCONI, 2003). Assim, o presente capítulo busca
abordar a sistemática de elaboração do trabalho para o alcance dos objetivos propostos.

Gil (2008) apresenta a classificação mais adotada quanto aos níveis de pesquisas:
pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas explicativas. Tendo em vista o
objetivo geral proposto, e considerando as informações apresentadas até o momento, é possível
classificar o presente trabalho como um tipo de pesquisa exploratória quanto ao seu objetivo
(GIL, 2008).

Ainda, segundo Gil (2008), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade
desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de
problemas mais precisos”. O autor ainda aborda o fato de, geralmente, este tipo de pesquisa
envolver levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de
caso.

Quanto à técnica adotada, é possível destacar a utilização de um estudo de caso para a


obtenção dos resultados e sua avaliação. Quanto ao estudo de caso, vale salientar que, segundo
Gil (2008), ele é “caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos,
de maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado”.

Já quanto ao tipo de análise, identifica-se como adequada a qualitativa, tendo em vista o


tipo de pesquisa e técnica aplicadas. A análise dos dados nas pesquisas experimentais e nos
levantamentos é essencialmente quantitativa, não ocorrendo o mesmo nos estudos de caso, cujos
procedimentos analíticos são principalmente qualitativos. Desta forma, apesar de obter
resultados numéricos por meio das simulações dos reparos concentrados – estudo de caso, as
principais conclusões serão qualitativas (GIL, 2008).

Assim, em resumo, a presente pesquisa é exploratória, usando técnicas de pesquisa


bibliográfica e estudo de caso, e adotando análises qualitativas. Desta forma, não visa a obtenção
de resultados quantitativos exatos.

19
De maneira geral, primeiramente fez-se o levantamento de dados para realização do
planejamento das coletas, a organização e o tratamento das informações como fotos aéreas,
imagens de satélites, mapas de susceptibilidade à erosão, visando subsidiar o trabalho de campo.
Com base nas informações levantadas e fez-se a setorização das áreas de risco, que será
detalhada mais a frente.

Em seguida fez-se o levantamento de dados in loco que consistiu em inspeções técnicas


no condomínio Solar da Serra para a análise e classificação do grau de risco. Durante estas
inspeções técnicas de campo, foram obtidas fotografias de detalhes dos setores vistoriados,
visando ilustrar a descrição de características geológicas e geotécnicas dos terrenos e condições
atuais de adensamento urbano e vulnerabilidade das ocupações. Por fim, foi confeccionado
Mapa de Risco Geológico-Geotécnico.

O método de mapeamento de risco adotado foi a setorização ou compartimentação de


áreas de risco, conforme os critérios adotados na metodologia proposta pelo IPT para o
Ministério das Cidades, no tocante às diretrizes para erradicação de riscos em setores de encosta
e de baixada, detalhada a seguir. BRASIL, 2007

Para a definição dos setores de risco levou-se em conta dois critérios:

i. A identificação de compartimentação geológico-geotécnico que apresenta


susceptibilidade a ocorrência de eventos de instabilização de encosta, através da
observação e caracterização das condições do terreno quanto a indicadores geométricos
naturais (declividades, alturas) e antrópicos (taludes de escavação), materiais presentes
na encosta, situação do escoamento de água e feições de movimentação do terreno (tais
como trincas, rachaduras e degraus de abatimento nas casas e no terreno);
ii. A identificação da vulnerabilidade das ocupações de serem atingidas por eventos de
instabilização. Faz-se a estimativa de atingimento e potencial de danos às habitações e
seus moradores, considerando a posição nas encostas e a distância relativa das moradias
em relação aos taludes críticos, e o grau de vulnerabilidade das edificações, avaliado
segundo seu padrão construtivo e nível de consolidação urbana.

A análise dos critérios permitiu o mapeamento segundo setores de risco com situações
homogêneas.

20
As áreas de risco são passiveis a serem atingidas por fenômenos ou processos naturais
e/ou induzidos que causem efeito adverso. As pessoas que habitam essas áreas estão sujeitas a
danos à integridade física, perdas materiais e patrimoniais. Normalmente, no contexto das
cidades brasileiras, essas áreas correspondem a núcleos habitacionais de baixa renda
(assentamentos precários). Ressalta-se que essa não é a realidade na área objeto deste estudo.

Para efeito deste estudo o perigo ou ameaça são os processos de instabilização de


encostas, que podem ocorrer sob a forma de movimentos de massa naturais nas encostas,
escorregamentos induzidos pela ocupação em taludes de corte e aterro e processos correlatos
em áreas cujo a declividade é maior que 30% (inclinação >17°), sobrepostas a lotes ocupados
ou não.

4.1 Identificação dos fatores de perigo de instabilização de encostas nos setores avaliados

Os parâmetros intrínsecos dos processos de instabilização considerado fatores de risco


são: geometria da encosta natural e taludes artificiais (declividade, altura); tipos de matérias
geológico-geotécnicos; e características hidráulicas e hidrogeológicas presentes em superfície.

A presença de água em superfície ou contida no terreno, combinada com os parâmetros


citados e com intervenções humanas não adequadas caracteriza situação perigosa para
deflagração de instabilizações. explicar processo de forma resumida

Os parâmetros ou fatores de perigo foram observados durante a inspeção de campo, onde


foram analisadas as seguintes características:

a) Declividade do terreno e geometria da condição analisada

Considerou-se como fator de perigo, quando talude ou encosta natural de enquadrou em


declividades superiores a 30%. Conforme IPT (2007) encostas naturais e taludes de corte e
aterro altos (superior a 3 m) e íngremes seriam, de forma genérica, as piores situações de perigo
de ocorrência de instabilização sob o ponto de vista geométrico.

b) Tipos de materiais presentes no terreno analisado

Terrenos constituídos por matérias instáveis, como coberturas superficiais de idade


Quaternária classificadas como tálus ou colúvio, depósitos de materiais recentes resultado do

21
acúmulo de material transportado por processos erosivos, e depósitos detríticos antropogênicos
de naturezas diversas (aterro lançado, lixo e entulho).

c) Características hidráulicas e hidrogeológicas

Inexistência de um sistema de drenagem de águas pluviais gera fatores de perigo como:


feições erosivas associadas ao escoamento acelerado das águas superficiais, surgência de água
em muros de contenção e taludes; cursos d’águas assoreados e com blocos de rocha entre outros
(IPT, 2007).

d) Intervenções para formação de patamares de corte – aterro para instalação de


moradias

Conformação natural das encostas submetida a cortes e aterros sem o devido controle
técnico e a análise de sua estabilidade. Neste estudo, adotou-se como indicativo de perigo, cortes
ou aterros que suplantam a altura média das moradias encosta (IPT, 2007).
em encosta
e) Feições, sinais ou evidências de instabilização do terreno

Processos de escorregamentos em áreas de encosta frequentemente mostram sinais de


instabilidade antes da ruptura, principalmente em taludes de corte e aterro. Por essa razão,
feições de instabilização do terreno como trincas, rachaduras, degraus de abatimento, árvores e
postes inclinados, muros embarrigados e estruturas de contenção precárias são fatores
importantes para a definição do grau de perigo de um dado setor de ocupação de encosta (IPT,
2007).

f) Presença de fragmentos rochosos instáveis

Presença de blocos rochosos instáveis no setor, principalmente no interior e a montante


da área ocupada, é outro indicativo de perigo devido ao seu alto potencial de causar danos, por
instabilizações tais como queda de blocos e deslizamento ou rolamento de corpos rochosos.

Os fatores básicos de perigo para definir a probabilidade de ocorrência de rupturas,

• Declividade do terreno de média a alta (> 30%);


• Presença de encostas e taludes com altura elevada (H>3,0m);
• Ação desfavorável da água no terreno e existência de linhas de drenagem;

22
• Terrenos constituídos por depósitos detríticos diversos e ou solos transportados;
• Presença de blocos rochosos no setor ou à montante do setor;
• Feições de instabilidade.

4.2 Avaliação da Vulnerabilidade das Ocupações Vulnerabilidade ao o que?

Para avaliação da atribuição de risco, são analisados os fatores de danos, associados a


vulnerabilidade do conjunto de moradias, que a depender de sua posição no terreno, seu padrão
construtivo, adensamento e condição da infraestrutura urbana, poderão estar num cenário de
risco mais ou menos exposto aos fenômenos de natureza geológico-geotécnico.

a) Posição Relativa das moradias na encosta:

A posição das moradias na encosta é um dado importante para considerar em análises de


risco. De forma geral, as moradias situadas no alto da encosta apresentam risco de queda e as
localizadas na base apresentam possibilidade de atingimento. As moradias localizadas em meia
encosta apresentam tanto a possibilidade de queda como atingimento. Outro indicador
importante na análise de risco é a distância entre o talude e a moradia, quanto mais próxima a
casa do talude, maior o risco de ser atingida.

b) Nível de adensamento ou quantidade de casas

Esses dados indicam a magnitude quanto ao risco social e compõe o cenário de


vulnerabilidade urbana. O adensamento populacional refere-se à quantidade de pessoas
morando por unidade de área em um dado setor. Para esse componente urbano, quanto maior o
número de moradias maior a população sujeita ao risco de acidente.

c) Vulnerabilidade devido á tipologia das construções

O padrão construtivo (alvenaria, madeira ou misto) e a qualidade das habitações e


construções adjacentes são aspectos básico da análise de vulnerabilidade.

d) Consolidação urbana

A consolidação urbana, muitas vezes vem acompanhada por benfeitorias, como sistemas
de contenção de massa e sistemas de drenagem de águas superficiais. De forma que quanto

23
maior a consolidação urbana menor é a quantidade de terrenos naturais expostos, e observam-
se menos os processos erosivos e pequenas rupturas do solo, isto devido à proteção contra o
impacto direto da chuva.

A consolidação urbana possui uma relação com o adensamento, pois as áreas mais
consolidadas tendem a possuir uma distribuição de moradias mais equitativa por unidade de
área (IPT, 2007).

24
5 DESENVOLVIMENTO

O Condomínio Rural Solar da Serra possui 256,740 ha e está amplamente ocupado


conforme observado na Figura 3. Este Condomínio é delimitado pelo ribeirão Taboquinha e
córrego Taboca apresenta topografia irregular e incomum para a região do planalto central, com
morros e serras de inclinação acentuada. Sua vegetação é exuberante e típica para o cerrado,
pois concentram vários corredores verdes, especialmente as duas matas ciliares limítrofes.

Figura 3 – Localização do Condomínio Rural Solar da Serra

25
Figura 4 – Inclinação do condomínio sobreposto a loteamento com destaque nos lotes com inclinação > 17°, objetos da
análise de risco geológico.

A setorização foi realizada nos lotes que apresentaram risco geológico ao possuírem
inclinações maiores que 17° (Figura 4). O agrupamento dos lotes em setores foi baseado em
situações de risco homogêneos e posição geográfica. O resultado foram os 39 setores
visualizados na Figura 5.

26
Figura 5 – Setores de Risco.

5.1 Mapeamento de Risco do Condomínio Solar da Serra

O mapeamento de risco foi realizado considerando a conjugação dos fatores de perigo e


os fatores de danos presentes nos diversos setores de encostas ocupados. O Quadro 1 apresenta
um resumo dos critérios e parâmetros geológico-geotécnicos de análise.

Quadro 1 – Resumo de parâmetros de análise do grau de risco


Condicionantes naturais Geometria da encosta.
Declividades
Perfil geológico-geotécnico
Coberturas detríticas superficiais
Fragmentos rochosos instáveis
Drenagem
Intervenções antrópicas Talude de corte
Talude de aterro
Concentração de águas pluviais
Coberturas superficiais antropogênica (aterro lançado,
entulho e lixo)
Solo exposto
Processos do meio físico Escorregamento natural

27
Escorregamento induzido
Fluxo de detritos (solo, fragmentos de rocha e detritos
vegetais nas linhas de drenagem)
Rastejo
Queda ou rolamento de blocos
Nível de adensamento
Vulnerabilidade da ocupação Padrão construtivo
Consolidação urbana
Posição das casas na encosta

Brasil, 2007
Analisada as áreas conforme os parâmetros citados, definiu-se o grau de risco de cada
setor, conforme os critérios contidos no Quadro 2.

Quadro 2 – Critérios para a determinação dos graus de risco


Grau de Probabilidade Descrição
Ø Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes
(inclinação, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no
setor são de baixa ou nenhuma potencialidade para o
desenvolvimento de processos de deslizamentos e
solapamentos.
Ø Não se observa(m) sinal/feição/evidência(s) de
R1 Baixo ou sem risco
instabilidade. Não há indícios de desenvolvimento de
processos de instabilização de encostas e de margens de
drenagens.
Ø Mantidas as condições existentes não se espera a
ocorrência de eventos destrutivos no período compreendido
por uma estação chuvosa normal.
Ø Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes
(inclinação, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no
setor são de média potencialidade para o desenvolvimento de
processos de deslizamentos e solapamentos.
Ø Observa-se a presença de algum(s) sinal/feição/
evidência(s) de instabilidade (encostas e margens de
R2 Médio
drenagens), porém incipiente(s). Processo de instabilização
em estágio inicial de desenvolvimento.
Ø Mantidas as condições existentes, é reduzida a
possibilidade de ocorrência de eventos destrutivos durante
episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período
compreendido por uma estação chuvosa.
Ø Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes
(inclinação, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no
setor são de alta potencialidade para o desenvolvimento de
processos de deslizamentos e solapamentos.
Ø Observa-se a presença de significativo(s) sinal/ feição/
evidência(s) de instabilidade (trincas no solo, degraus de
R3 Alto abatimento em taludes, etc.). Processo de instabilização em
pleno desenvolvimento, ainda sendo possível monitorar a
evolução do processo.
Ø Mantidas as condições existentes, é perfeitamente
possível a ocorrência de eventos destrutivos durante
episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período
compreendido por uma estação chuvosa.
Ø Os condicionantes geológico-geotécnicos predisponentes
R4 Muito Alto (inclinação, tipo de terreno, etc.) e o nível de intervenção no
setor são de muito alta potencialidade para o

28
desenvolvimento de processos de deslizamentos e
solapamentos.
Ø Os sinais/feições/evidências de instabilidade (trincas no
solo, degraus de abatimento em taludes, trincas em moradias
ou em muros de contenção, árvores ou postes inclinados,
cicatrizes de deslizamento, feições erosivas, proximidade da
moradia em relação à margem de córregos, etc.) são
expressivas e estão presentes em grande número ou
magnitude. Processo de instabilização em avançado estágio
de desenvolvimento. É a condição mais crítica, sendo
impossível monitorar a evolução do processo, dado seu
elevado estágio de desenvolvimento.
Ø Mantidas as condições existentes, é muito provável a
ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de
chuvas intensas e prolongadas, no período compreendido por
uma estação chuvosa.
Fonte: Brasil, 2007;

29
5.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.2.1 Resultados da análise dos Setores de Risco no item X


A partir da metodologia de análise de risco citada, foram observados os graus de risco
R1, R2 e R3 nos setores, ou seja, baixo, médio e alto respectivamente, conforme apresentado
em resumo no Quadro 3.

Quadro 3 – Grau de risco atribuído a cada setor


Grau de Risco Setores
R1 S1, S2, S3, S5, S10, S12, S14, S15, S16, S17, S18, S20,
S21, S22, S23, S24, S25, S26, S27, S28, S29, S30 e
S31
R2 S4, S6, S7, S11, S13 e S19
R3 S8, S9, S23, S29, S32. S33, S34, S35, S36, S37,
S38 e S39

Fonte: autora

Os resultados da análise de risco demostraram que 53,8% dos setores são classificados
com grau de risco baixo (R1), 15,3% dos setores classificados com grau de risco médio (R2) e
30,7% dos setores são classificados com grau de risco alto (R3).

A descrição de cada setor conforme o grau de risco encontra-se no Anexo A – Descrição


dos Setores e sua espacialização geral é visualizada na Figura 6.

A visualização detalhada de cada setor está no Anexo B – Delimitação de Cada Setor


por Grau de Risco, destaca-se que as delimitações dos setores foram sobrepostas as imagens
coletadas por aerolevantamento com VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) com precisão de
aproximadamente 5 cm. As fotos coletadas estão no Anexo C – Relatório Fotográfico.

30
Figura 6 – Risco geológico – geotécnico.

5.2.2 Discussões

O condomínio Rural Solar da Serra teve o início de sua instalação e ocupação de maneira
ilegal, sem a realização de estudos e avaliação de impactos ambientais devidos. Atualmente o
condomínio está em processo de regularização e ainda não possui infraestrutura urbanística
adequada instalada, o que contribui para agravamento do risco nas áreas com instabilidades
existentes. A alternativa de intervenção necessária é justamente a urbanização da ocupação e
implantação de sistema de drenagem e pavimentação.

As áreas de maiores declividades são mais propensas a ocorrência de movimento de


instabilização que comumente ocorrem em favelas, loteamentos irregulares e demais formas de
assentamentos precários que abrigam a população de baixa renda no Brasil. De forma geral o
condomínio Solar da Serra abriga uma população de renda média alta e com moradias com
padrão construtivo adequado, mesmo assim foi possível observar construções inadequadas
apresentando sinais de instabilidades.

31
Os setores classificados como de Alto Risco (R3) apresentam alta probabilidade de
ocorrência de acidentes associados a taludes de corte e aterro. No Setor 09 a manutenção da
ocupação deve ser feita desde que haja uma investigação das condições da edificação. As áreas
verdes contidas neste grupo de risco devem ser mantidas. Além disso, a implantação de sistema
de drenagem de águas pluviais é essencial para a manutenção da estabilidade dessas áreas.

Nos setores caracterizados como Médio Risco (R2) a probabilidade de ocorrência de


acidentes é média. São áreas que precisam de ser vistoriadas continuamente para verificação se
haverá aumento de feições de instabilidade e a necessidade de intervenção de engenharia. A
inserção de melhorias na infraestrutura urbana tende a melhorar as condições deste setor.

Os setores caracterizados como de Baixo Risco (R1) compreendem lotes em que as


moradias estão construídas em áreas planas, as encostas íngremes estão preservadas e não há
previsão de alteração delas antes de implantação de infraestrutura urbana, essas áreas não
apresentam riscos.

A situação do condomínio apesar de ser fora dos padrões legais é bastante típica no
Distrito Federal. Teoricamente, num cenário ideal, a análise de risco geológico subsidia a
Avaliação de Impactos Ambientais para evitar prejuízos ao empreendedor e ao meio ambiente.
Porém, essa integração entre análise de risco e avaliação de impacto nem sempre ocorre.

Destaca-se que as áreas classificadas como R3 – alto risco, possuem a particularidade


de, com exceção do setor S9 que apresenta uma construção com sinais de instabilidade do
terreno, serem áreas em que os acessos às partes planas dos terrenos (onde se pode construir)
são inviabilizados pelos altos declives.

Diante do exposto, destaca-se a importância do licenciamento ambiental. Na realidade,


os prejuízos decorrentes da implantação sem o devido licenciamento ambiental são inevitáveis
para aqueles que já adquiriram os terrenos nas condições explicitadas no parágrafo acima.
Algumas medidas preventivas devem ser tomadas para minimizar esses prejuízos. Situação legal

5.2.2.1 Medidas de Prevenção

No condomínio Solar da Serra as moradias apresentam, de maneira geral, o padrão


construtivo adequado, não sendo necessário obras de engenharia. Com exceção do setor S09,
onde recomenda-se uma investigação por engenheiro civil das condições da edificação.

32
A medida estrutural mais importante a ser tomada é a implantação de sistema de
drenagem de águas superficiais. As obras de drenagem têm por objetivo captar e conduzir as
águas superficiais e subterrâneas das encostas, evitando a erosão, infiltração e o acúmulo da
água no solo, responsáveis pela deflagração de deslizamentos (BRASIL, 2007).

Outra medida importante é manter a proteção natural da superfície, principalmente nas


áreas com declividades maiores, para evitar o surgimento e desenvolvimento de processos
erosivos nas encostas. Além da própria cobertura vegetal, a superfície também pode ser
protegida artificialmente com a impermeabilização asfáltica. desenvolver um pouco mais

O processo de licenciamento ambiental do condomínio, que está em andamento prevê a


adoção das medidas citadas.

33
6 CONCLUSÕES

A análise de risco geológico do condomínio Rural Solar da Serra resultou em setores


classificados em três graus de risco: baixo, médio e alto. No condomínio predominam áreas de
baixo e alto risco.

De maneira generalizada as ocupações estão em boas condições a presentam bom padrão


construtivo, com exceção da ocupação do setor S9.

O fato de o condomínio ainda não estar completamente ocupado é fator positivo no caso
apresentado, pois os resultados foram úteis principalmente quanto aos lotes ainda não ocupados
e inaptos a ocupação (por possuírem declividades altíssimas que impossibilitam os acessos a
parte planas desses terrenos). Essa informação é importante para o processo de licenciamento,
pois pode ser utilizada como um fator restritivo e evitar a ocupação inadequada desses lotes.

Obviamente a extinção destes lotes no parcelamento trás prejuízo ao empreendedor e


possivelmente às pessoas que porventura, no momento anterior ao licenciamento tenham
adquirido algum dos lotes delimitados.

Este estudo de caso é um exemplo de como a Avaliação de Impactos Ambientais


associada a análise de risco (quando esta for necessária) são ferramentas fundamentais para
evitar prejuízos ao meio ambiente, ao responsável pela atividade e ao consumidor final.

O estudo de caso apresentado é uma realidade bem presente no Distrito Federal e


demonstra que a realização da análise de risco e posterior avaliação de impactos ambientais,
mesmo que fora do tempo legal, de maneira corretiva é fundamental, inclusive por propor
medidas que evitem o agravamento da situação de risco.

34
7 REFERÊNCIAS

ABGE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E


AMBIENTAL. Geologia de engenharia e ambiental, volume 2: métodos e técnicas /
editores Antonio Manoel dos Santos Oliveira, João Monticeli. São Paulo. 2018.

ABGE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E


AMBIENTAL. Geologia de engenharia e ambiental, volume ABGE – ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL. Geologia de
engenharia e ambiental, volume 3: aplicações / editores Antonio Manoel dos Santos
Oliveira, João Monticeli. São Paulo. 2018.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL,


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MECANICA DE SOLOS E ENGENHARIA. Diretrizes
para zoneamento de Suscetibilidade, perigo e risco de Deslizamentos para Planejamento
do Uso do Solo. Coordenadores Eduardo Soares de Macedo, Luiz Antônio Bressani. 1° edição.
São Paulo. 2003.

ASSUNÇÃO, S. G. S. Metodologia para avaliação de riscos ambientais em áreas urbanas


da região metropolitana de Goiânia-go. Tese de doutorado: UNIVERSIDADE FEDERAL
DE GOIÁS. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS.
Goiânia, 2012.

AUGUSTO FILHO, O. Escorregamentos em encostas naturais e ocupadas: análise e


controle. In: BITAR, O.Y. (Coord.). Curso de geologia aplicada ao meio ambiente. São Paulo:
Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE) e Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), 1995. cap. 3.4, p.77-100.

BITAR, O. Y.; GALLARDO, A.L.C.F.; CAMPOS,S.J.A.M.; BRAGA,T.O. ;CAVALHIERI,


C.P. Integração dos estudos geológico-geotécnicos aplicados a projetos de engenharia e à
avaliação de impactos ambientais: estamos avançando? Revista Brasileira de Geologia de
engenharia e Ambiental, v.1, p 57-72. 2011

BRASIL. Lei n 6.803 de 2 de julho de 1980. Dispõe sobre as diretrizes básicas para o
zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição, e dá outras providências. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 3 DE SETEMBRO DE 1980.

BRASIL. Ministério das Cidades / Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT. Mapeamento


de Riscos em Encostas e Margem de Rios. Celso Santos Carvalho, Eduardo Soares de
Macedo e Agostinho Tadashi Ogura, organizadores – Brasília: Ministério das Cidades;
Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007

BRESSANI, L. A. et al. Processos Geológicos e Geotécnicos de Dinâminca Superficial:


movimentos de massa. In: COUTINHO, R. Q. (Coord.). Parâmetros Para a Cartografia
Geotécnica e Diretrizes para Medidas de Intervenção de Áreas Sujeitas a Desastres Naturais.
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BRESSANI, L. A.; COSTA, E. A. Cartas Geotécnicas Aplicadas ao Planejamento
Territorial: alguns ajustes no instrumento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
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DO MEIO AMBIENTE - IBAMA, no uso das atribuições que lhe confere o artigo 48 do
Decreto nº 88.351, de 1º de junho de 1983, para efetivo exercício das responsabilidades que
lhe são atribuídas pelo artigo 18 do mesmo decreto, e Considerando a necessidade de se
estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais
para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da
Política Nacional do Meio Ambiente," Data da legislação: 23/01/1986 - Publicação DOU:
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Análise de Riscos Geológicos e Geotécnicos dos Bairros Cota 95/100, 200 e 400 no
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LAKATOS, E. M., MARCONI, M. A. “Fundamentos de Metodologia Científica.” 5ª Ed.


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Perigo e Risco de Deslizamento Para Planejamento do Uso do Solo. São Paulo:
ABGE/ABMS, 2013.

MACEDO, E. S.; BRESSANI, L.A. Diretrizes Para o Zoneamento da Suscetibilidade,


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MOREIRA, I.V. Origem e Síntese dos Principais Métodos de Avaliação de Impactos


Ambientais (AIA). MAIA, 1a Edição, abril, 1992.

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Dissertação de Mestrado. Brasília/DF. 109p. 2009.

36
SANCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. 2. Ed. São Paulo,
2013.

37
8 ANEXOS

38
Anexo A – Descrição do Setores

Grau de Risco Setores Descrição


o setor S01 localiza-se na parte sudoeste do condomínio. Os lotes contidos neste setor apresentam declividades variáveis, sendo que as áreas com
declividades maiores que 30 % se encontram preservadas. A taxa de ocupação e impermeabilização desses lotes é baixa, e as moradias encontram-
se, de maneira geral, construídas na parte plana dos terrenos. Neste setor ainda existem lotes desocupados, com a vegetação e solos preservados.

Inexiste sistema de drenagem superficial nessas áreas, fazendo com que as águas pluviais sejam infiltradas ou destinadas para os canais de escoamento
S1 natural. Ressalta-se que a área é composta por cambissolos e neossolos litólicos, ou seja, a infiltração é baixa e o escoamento predomina.

Quanto a vulnerabilidade das ocupações, as moradias são de alvenaria e não apresentam feições de instabilidade.

o setor S02 localiza-se na parte oeste do condomínio. Os lotes contidos neste setor apresentam declividades variáveis, sendo que as áreas com
declividades maiores que 30% se encontram preservadas. Apenas dois lotes, dos seis contidos neste setor estão ocupados, a impermeabilização desses
lotes é baixa, e as moradias encontram-se, de maneira geral, construídas na parte plana dos terrenos, no alto da encosta.

Este setor não possui sistema de drenagem superficial, a via não pavimentada possui processos erosivos significativos em evolução. Além disso,
R1 S2 foram observadas erosões laminares e muito sedimentos carreados em direção aos lotes mais baixos e ao canal de escoamento localizado no fundo
dos lotes.

Quanto a vulnerabilidade das ocupações, as moradias são de alvenaria e não apresentam feições de instabilidade.

o setor 03 localiza-se na parte oeste do condomínio e possui 11 lotes, dos quais apenas 4 estão ocupados. As moradias estão localizadas no topo da
encosta.

Neste setor as áreas com declividades superiores a 30% possuem a vegetação nativa arbórea e herbácea preservada e não há feições que indiquem
instabilidade.
S3
A moradias construídas estão no topo da encosta e são de alvenaria, aparentando boas condições construtivas.

A rua é composta por piso intertravado, o que auxilia na infiltração da água pluvial que também escoa em direção ao canal natural de escoamento
localizado a oeste.

39
Grau de Risco Setores Descrição
o setor localiza-se na porção noroeste do condomínio e possui 26 lotes, sendo 16 ocupados, todos no alto da encosta, em porções com declividades de
até 30%. As áreas com declividades maiores que 30% estão preservadas e sem interferência antrópica. Nelas não foram observadas feições erosivas,
nem outros indícios de instabilidade do terreno.
S5
As moradias são de alvenaria e não apresentam sinais de instabilidade como rachaduras e trincas. A rua é composta por piso intertravado, o que auxilia
na infiltração da água pluvial, porém, nos lotes, a água infiltra no terreno e/ou escoa pelo canal natural de escoamento a noroeste.
o setor localizado em frente ao setor S05, com o escoamento natural na direção noroeste. O setor possui 21 lotes, sendo 13 ocupados com moradias
localizadas em área de declives menores (até 30%) no alto da encosta. As áreas com declividades maiores que 30% estão preservadas e sem
interferência antrópica.
S10
As moradias são de alvenaria e não possuem sinais de instabilidade como rachaduras e trincas. A rua é composta por piso intertravado, o que auxilia
na infiltração da água pluvial, porém, nos lotes, a água infiltra no terreno e/ou escoa pelo canal natural de escoamento.
o setor está localizado na porção sul do condomínio, possui 14 lotes e nenhum deles está ocupado. Não existe sistema de drenagem de água superficial
nas vias. O escoamento das águas pluviais é em direção aos canais naturais de escoamento e em direção ao Ribeirão Taboca. A vegetação apresenta
S12
bom estado de conservação, composta por árvores e gramíneas. O terreno não apresenta feições de instabilidade. Os lotes apresentam porções com
declividades variáveis, e apresentam viabilidade de construção nas porções de declives baixos (menores que 30%).
o setor está localizado na porção sudeste do condomínio, possui 3 lotes, sendo apenas 1 ocupado. As áreas de declividade acima de 30% se encontram
S14
preservadas e sem feições de instabilidade. As águas superficiais escoam em direção ao Córrego Taboquinha.
S15, S16, estes setores correspondem a lotes isolados, desocupados, com vegetação preservada e sem indícios de movimentação no terreno. Tomadas as devidas
S21, S22, precauções ao se construir nas áreas menos declivosas, preservando a área de maior perigo e utilizando-se os métodos construtivos adequados, o risco
S23, S24, potencial desses lotes é baixo.

S28 e S29
localizado na área central do condômino, este setor é composto por 2 lotes ocupados. As construções são feitas de alvenaria e não apresentam feições
S17
de instabilidade. As águas pluviais escoam no terreno no sentido sudoeste em direção de canal natural de escoamento.
R1 localizado na área central do condomínio, este setor possui 4 lotes, 3 ocupados. As porções com declividades maiores que 30% são muito pequenas e
S18
totalmente preservadas. As ocupações encontram-se nas porções de menores declives dos lotes e não apresentam sinais de instabilidade.
localizado na porção sul do condomínio, este setor possui 2 lotes sendo 1 ocupado, as áreas com alta declividade (30 a 45%) são muito pequenas e
S20
completamente preservadas, a ocupação ocorre em área plana e não apresenta nenhuma feição de instabilidade.
localizados na porção central, esses setores possuem lotes ocupados, de alvenaria nas porções planas do terreno. As áreas declivosas se encontram
S25 e S26,
distantes dos lotes, preservadas e não apresentam feições de instabilidade.
localizados na porção oeste, na entrada do condomínio, estes setores possuem 1 lote com moradia de alvenaria, construída na área de menor declive
S27 e S30
(3 a 8%). As áreas com maiores declives encontram-se preservadas e não possuem evidencias de movimentação.
localizado no centro da área do condomínio, este setor possui 3 lotes, sendo 1 ocupado. As áreas de encosta encontram-se preservadas no fundo dos
S31
lotes. A ocupação existente é de alvenaria e não apresenta problemas estruturais que que evidencie instabilidade.
localizado no próximo ao setor S03, próximo a ocupação, onde houve antropização no terreno, foram observadas árvores inclinadas e a plantação de
S4 bananeiras na encosta, além de áreas com ausência de vegetação herbácea, deixando o solo exposto sujeito a erosões. Ressalta-se que a área é
composta por solos rasos e não possui uma boa infiltração.
R2
este setor está localizado próximo ao setor S05 em área declivosa, no interior de lote com moradia em construção. Corresponde a porção em que se
S6 está fazendo o corte e aterro para execução de taludes, possui declividade maior que 30%, solo exposto e está ao lado de uma antiga via não
pavimentada, por onde escoa a água pluvial com alta velocidade, se tornando propício ao desenvolvimento de instabilizações na encosta.

40
Grau de Risco Setores Descrição
localizado nos fundos de ocupação do setor S05, este setor apresentou solo exposto em corte de aterro. Além disso, observou-se muro tombado,
S7
insinuando sinal de movimentação da encosta.
S11 localizado no fundo de lote do Setor S10, este setor corresponde a área de declividade maior que 30% com área desmatada e solo exposto.
localizado no fundo de lote no setor S14, corresponde a área de declive alto (30 a 45%) com uma antiga construção (abandonada) apresentando
S13
diversas feições de instabilidade como trincas e muros embarrigados.
localizado próximo ao setor S18, corresponde a 1 lote ocupado, cuja construção está localizada em área de declividade muito alta (45 a 75%) no
meio da encosta, construída em diversos patamares. Observou-se a presença de trincas e rachaduras em alguns pontos da construção, principalmente
S19
na escadaria construída para acesso entre os patamares. Mas não foram observadas nenhum outro tipo de feição indicando instabilidade do terreno.
O nível de preservação da vegetação e do solo nas áreas não construídas é muito bom.
S8, S23, S29, localizados em diferentes pontos da área do condomínio, esses setores tem em comum o fato de serem lotes não edificados e possuírem declividades
S32, S33, S34, maiores que 30% ocupando praticamente todas as áreas dos lotes, ou apresentando altos declives nas áreas de acesso e baixos declividades em
S35, S36, S37, pontos sem acesso no lote. Esses fatores tornam a construção nestes lotes desaconselhável devido ao risco potencial alto de acidente.
S38 e S39
R3 localizado próximo do setor S10 corresponde a um lote ocupado no alto da encosta com uma moradia de alvenaria. Apresentou depósito na encosta
e no aterro de bastante entulho, além de vegetação suprimida e solo exposto.
S9
A ocupação apresentou trincas e rachaduras, há um muro embarrigado que indica a movimentação do terreno.

41
Anexo B – Delimitação de Cada Setor por Grau de Risco

Setores do Grupo de Risco Baixo (R1)

Figura 7 – Setor S01 Figura 8 – Setor S02

Figura 9 – Setor S03 Figura 10 – Setor S05

42
Setores do Grupo de Risco Baixo (R1)

Figura 11 – Setor S10. Figura 12 – Setor S12.

Figura 13 – Setor S14. Figura 14 – Setor S15.

43
Setores do Grupo de Risco Baixo (R1)

Figura 15 – Setor S16. Figura 16 – Setor S21.

Figura 17 – Setor S22. Figura 18 – Setor S23.

44
Setores do Grupo de Risco Baixo (R1)

Figura 19 – Setor S24. Figura 20 – Setor S28.

Figura 21 – Setor S17. Figura 22 – Setor S18.

45
Setores do Grupo de Risco Baixo (R1)

Figura 23 – Setor S20. Figura 24 – Setor S25.

Figura 25 –Setor S26. Figura 26 – Setor S27.

46
Setores do Grupo de Risco Baixo (R1)

Figura 27 – Setor S30. Figura 28 – Setor S31.

47
Setores do Grupo de Risco Baixo (R2)

Figura 29 – Setor S04. Figura 30 – Setor S06.

Figura 31 – Setor S07. Figura 32 – Setor S11.

48
Setores do Grupo de Risco Baixo (R2)

Figura 33 – Setor S13. Figura 34 – Setor S19.

49
Setores do Grupo de Risco Baixo (R3)

Figura 35 – Setor S08. Figura 36 – Setor S09.

Figura 37 – Setor S23. Figura 38 – Setor S29.

50
Setores do Grupo de Risco Baixo (R3)

Figura 39 – Setor S32. Figura 40 – Setor S33.

Figura 41 – Setor S34. Figura 42 – Setor S35.

51
Setores do Grupo de Risco Baixo (R3)

Figura 43 – Setor S36. Figura 44 – Setor S37.

Figura 45 – Setor S38. Figura 46 – Setor S39.

52
Anexo C – Relatório fotográfico

Figura 47 – Setor S01, visada para oeste, ocupações no


Figura 48 – Setor S01, visada para leste, área preservada.
topo da encosta (R1).

Figura 49 – Setor S02 com área sem cobertura vegetal Figura 50 – Moradia em construção na porção com
(R1) declividade menor que 30%.

Figura 52 – Vista geral do setor S03, com casas


Figura 51 – Setor S03,vista geral em sentido norte, via
localizadas no topo das encostas e áreas declivosas
com pavimento intertravado (R1).
preservadas.

53
Figura 53 – Setor S04 apresentando árvores inclinadas Figura 54 – Setor S04 apresentando bananeiras plantadas
(R2). na encosta.

Figura 55 – Setor S05 Visão para sudeste. Casas no topo


Figura 56 – Setor S05 visada para noroeste.
da encosta e áreas preservadas (R1).

Figura 57 – Setor S06, antiga via ao lado da ocupação.


apresentando processos erosivos e sedimentos Figura 58 – Moradia em construção.
transportados. (R2).

54
Figura 59 – Vista superior do Setor S06, na área delimitada observa-se o solo exposto em área com declividade maior que
30%, apresentando fator de perigo e risco médio.

Figura 61 – Setor S07 vista aproximada de terreno com


Figura 60 – Setor S07, vista geral de terreno com solo
solo exposto e vegetação insuficiente em taludes no meio
exposto e vegetação insuficiente em taludes no meio da
da encosta em área com delividade alta, destaque para
encosta em área com delividade alta (R2).
muro tombado.

55
Figura 62 – Setor S07, vista de cima do terreno.

Figura 64 – Vista para leste, em direção a rua, ressalta-se


Figura 63 – – Setor S08, vista para oeste de terreno com
a altura do desnível do terreno, verificar a copa das
declividade muito alta (R3).
árvores.

56
Figura 65 – Setor S09, terreno com solo exposto, entulho
Figura 66 – Muro embarrigado, demonstrando
nos taludes, rachadura na moradia e muro embarrigado
instabilização do terreno.
(R3).

Figura 67 – Vista de cima do setor S09.

57
Figura 69 – Vista em direção ao canal de escoamento,
Figura 68 – Setor S10, ocupação no alto da enconstra
vegetação e solo preservados em áreas de alta
sem feiçoes de instabilidade (S09 ao fundo) (R1)
declividade.

Figura 70 – Setor S11, vista geral de terreno com solo


exposto, depósito de solo e entulho na enconsta e Figura 71 – vista aproximada do terreno. Destaque para
vegetação no meio da encosta em área com delividade alta bananeiras plantadas na encosta..
(R2).

Figura 72 –Setor S12, vista geral, no sentido sudoeste Figura 73 – Setor S12, vista geral no sentido sudeste,
(R1) sem ocupções e via não pavimentada.

58
Figura 74 – Setor S13 antiga construção (abandonada) Figura 75 – Feições de instabilidade como trincas e
(R2). muros embarrigados.

Figura 76 – Setor S14, ocupação em área plana (R1). Figura 77 – Área com declividades altas preservadas.

Figura 78 – Setor S18, visada para sul (R1). Figura 79 – Visada para oeste.

59
Figura 80 – Setor S19, ocupação em área de declividade Figura 81 – Trincas nas escadas de acesso da ocupação,
alta (R2). destaque para inclinação do terreno.

Figura 82 – Setor S30, ocupação no alto da escosta (R1). Figura 83 – Vista geral do setor com visada para leste.

Figura 85 – Setor S31, vista para norte, vegetação e solos


Figura 84 – Setor S31, ocupação no alto da escosta (R1)
preservados (R1)

60

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