Acordao-2018 1216223
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
SFVC
Nº 70077619476 (Nº CNJ: 0127159-86.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL
L.F.S. APELANTE
..
B.Z. APELADO
..
E.L.A. INTERESSADO
..
S.B.A. INTERESSADO
..
S.H.S.A. INTERESSADO
..
S.O.A.S.S. INTERESSADO
..
A.M.A. INTERESSADO
..
ACÓRDÃO
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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
SFVC
Nº 70077619476 (Nº CNJ: 0127159-86.2018.8.21.7000)
2018/CÍVEL
RELATÓRIO
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (RELATOR)
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Nº 70077619476 (Nº CNJ: 0127159-86.2018.8.21.7000)
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É o relatório.
VOTOS
DES. SÉRGIO FERNANDO DE VASCONCELLOS CHAVES (RELATOR)
Com efeito, a questão posta nos autos é singela, pois o testador dispor em
usufruto vitalício em favor da sua companheira de bem imóvel que não era de propriedade
exclusiva, pois fora adquirido no casamento anterior com a mãe da autora, que faleceu, tendo
sido partilhado, motivo pelo qual a autora era condômina.
Sendo assim, o de cujus, não poderia ele deixar em usufruto vitalício para
sua companheira sem a concordância da filha, pois o bem pertence a ambos em condomínio,
tendo incidência o disposto no art. 1.314, parágrafo único do Código Civil:
Art. 1.314 – Cada condômino pode usar da coisa conforme sua destinação, sobre ela
exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão, reivindica-la de terceiro,
defender a sua posse e alhear respectiva parte ideal, ou gravá-la.
Portanto, não se trata do fato de ter o testador afirmado que estava dispondo
da sua parte disponível, como sustenta a apelante, insistindo que a disposição de última
vontade não afronta o disposto no art. 1857 do CCB, pois o imóvel está em situação
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Nº 70077619476 (Nº CNJ: 0127159-86.2018.8.21.7000)
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condomínio ele não poderia dar posse, uso e gozo a estranhos, sem o consenso da
condômina, tendo clareza solar o que estabelece o art. 1.314, parágrafo único do CCB
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Nº 70077619476 (Nº CNJ: 0127159-86.2018.8.21.7000)
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Como se vê, Hélio instituiu, em favor de sua companheira Lourdes, ônus real
sobre bens dos quais não era exclusivo proprietário. Afinal, a morte precedente de
sua esposa Odet, coproprietária e meeira dos direitos em questão, fez abrir a
sucessão, de sorte a deixar também para os filhos (no caso, hoje apenas para a
autora, diante da superveniente renúncia dos demais) os direitos correspondentes.
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Nº 70077619476 (Nº CNJ: 0127159-86.2018.8.21.7000)
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Nesse contexto, não merece reforma a sentença fustigada, uma vez que o
falecido não poderia gravar com ônus real imóvel que não era de sua exclusiva
propriedade.