Caso Vila Primeiro de Maio AC597163518
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1997/CIVEL
ACÓRDÃO
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JPF
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RELATÓRIO
VOTO
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acabando por ensejar uma ação de vistoria pelos herdeiros, que objetivavam
resguardar seus direitos.
Nesse meio tempo, a zona Magnabosco (hoje parte do Bairro 1º
de Maio), por tratar-se de área próxima ao perímetro central, proporcionando
fácil acesso à todas as vantagens do grande centro, foi sendo ocupada
gradativamente por pessoas oriunda dos mais diferentes lugares.
Eram migrantes em busca de um lugar para estabelecer sua
moradia na cidade grande, bem como a migração de favelados de outros
locais, que dada a localização privilegiada da área, estariam mais próximos das
facilidades que a cidade oferecia.
Diante da rapidez com que os moradores foram ocupando as
áreas ociosas, a prefeitura passou a tomar uma série de medidas, colocando
fiscais no local para impedir a proliferação de novas favelas.
Em 1978, com a área tomada por grande número de famílias, a
prefeitura encaminhou, ao Legislativo Municipal, um projeto de lei pedindo
autorização para devolver as terras aos herdeiros Magnabosco, instalando-se
a partir daí uma questão política, onde de um lado a classe política da cidade
apresentava divisões para a resolução do impasse, enquanto a prefeitura
utilizava-se de força policial para impedir a construção de novos barracos.
Feita esta explanação, ainda, consigno que há mais de 30 anos o
Município foi obrigado a devolver a área aos herdeiros Magnabosco, o que
foi feito, devido à ordem judicial, conforme a Escritura Pública de Resilição de
Doação, firmada no Cartório de Notas, 2º Tabelionato no Livro de Contratos nº
34 (fls. 90/91), não sendo contestado pelos autores.
Quando da invasão das terras, a área já havia sido devolvida pelo
Município aos herdeiros Magnabosco, que passaram a ter posse e domínio (fls.
1711/1738).
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urbana nos artigos 21, inciso XX, e 182, pautando a política urbana, cujo
objetivo deve ser ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Significa isso sublinhar o que
já estava na natureza das coisas: a cidade tem funções sociais que se impõem
desenvolvidas. Mais ainda: reafirma-se assim que qualquer propriedade
assentada na cidade há de possuir, por conseqüência, uma função social que
venha a se compatibilizar com as próprias funções interativas da cidade, tais
como ambiente ecologicamente equilibrado, vias de acesso e trânsito
razoáveis, edificações ventiladas e com distâncias mínimas, garantias de
habitação, recreação e trabalho, entre outras, de modo a assegurar boa
convivência entre os moradores (cf., a respeito, Kátia Magalhães Arruda, A
função social da propriedade e sua repercussão urbana, in Revista de
Informação Legislativa, 132(out/dez 1996):313-330, esp. p. 316).
Doutrinadores dedicados ao direito urbanístico moderno,
mostram-se atentos, igualmente, ao entorno social dos imóveis urbanos
titulados por propriedade privada, de forma a não permitir que tal direito
alcance eficácia de hierarquia superior a outros, alheios, em função dos quais
se legitima e justifica a própria intervenção do Estado na economia, em defesa
dos últimos. Em matéria de terra, essa conseqüência decorre da própria
natureza física do bem em disputa, como bem destaca Angel Sustaeta Elustiza
(Propriedad y urbanismo, Madrid, Montecorvo, 1978, p. 140-141), nestes
termos:
“O solo, em geral, não se concebe tão só como um objeto sobre o
qual se exercita um direito em função de economia privada, não é tão só um
conjunto de superfícies de bens imóveis. É, como afirma Martín Blanco, ´antes
do mais e preferentemente, uma unidade ou elemento orgânico que serve de
assento e fundamento da vida da comunidade ou núcleo sobre o assentado,
que implica fator essencial para a formação e desenvolvimento daquela
comunidade.` O solo se projeta mais e mais em função da comunidade, a que
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Grupo, que é um dos muito bem lançados do Des. Antônio Vilella Amaral
Braga. Ao citar o acórdão do Des. Braga, fazia referência a que o aresto era
tão bom que estava publicado em duas Revistas, a nº 101 e a nº 103. Nele,
dizia o Des. Braga que o conceito de posse injusta do art. 524 do Código Civil é
bem mais dilargado de que aquela posse injusta para fins dos interditos
possessórios, coisa com a qual sempre concordei.
No caso concreto, o Des. Carlos Alberto, a meu juízo, demonstrou
que não é de se prover a apelação.
O Dr. Juiz, embora em sentença bastante sintética, e essa síntese
se explica, porque ele aderiu ao parecer do Ministério Público dizendo que toda
a argumentação do Ministério Público de 1º grau fazia parte integrante da
sentença, desatou o mérito da causa, a meu juízo, corretamente, pela
improcedência.
O Des. Alvaro de Oliveira começou a examinar desde o problema
no plano fático, dizendo que a inicial desta ação data de 15-09-83 e que a área
que se pretende reivindicar, em 1983, se dizia que já estava invadida há
pouco mais de cinco anos, ou seja, que, em 1978, na melhor das hipóteses
para os autores da reivindicatória, já havia começado a ocupação por essas
centenas de pessoas que hoje estão lá morando depois de terem construído
casas dos mais variados tipos - existem casas de alvenaria muito boas, casas
bem modestas, casas comerciais.
O eminente Revisor citou a inspeção judicial realizada pelo
eminente Dr. Paulo Felipe Becker, em 14-02-90, portanto, há mais de dez
anos. O longo auto dessa inspeção está às fls. 1.535 a 1536, muito bem
redigido pelo Dr. Paulo Felipe Becker, que, aliás, até já se aposentou em face
da sua longa vivência no Direito. O Des. Carlos Alberto citou tudo o que já
existe lá; é um verdadeiro bairro, com água encanada, esgoto feito pela
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