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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE MOGI DAS CRUZES
6ª VARA CÍVEL DO FÓRUM DE MOGI DAS CRUZES
ANTIGA 1ª VARA DO EXTINTO FORO DISTRITAL DE BRÁS CUBAS
RUA FRANCISCO AFONSO DE MELO, 550, Mogi das Cruzes - SP - CEP

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0003662-10.2011.8.26.0091 e código 2J0000000HGF6.
08740-310

SENTENÇA
Processo nº: 0003662-10.2011.8.26.0091
Classe - Assunto Usucapião - Usucapião Especial Coletiva
Requerente: Sonia Farias de Oliveira Carvalho
Requerido: Chead Abdalla e outros

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Ana Carmem de Souza Silva

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA CARMEM DE SOUZA SILVA, liberado nos autos em 29/09/2016 às 09:11 .
Vistos.
Trata-se de AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL COLETIVA ajuizada
por Humberto Genesio de Carvalho e Sonia Farias de Oliveira Carvalho em face de Chead Abdalla e
outros. Alegam os autores serem possuidores do imóvel composto por parte do Lote 07 da Quadra 14, do
Loteamento denominado Jardim Esperança, com área de 250,00 m², situado na Rua Yoshimi Kubota, nº 61,
Jardim Esperança, nesta Comarca. Alegam ainda que mantêm a posse mansa e pacífica do imóvel, com
animus domini, há mais de vinte anos. Pleitearam a procedência da ação e o reconhecimento de seu direito.
Juntaram documentos de fls. 06/24.
Emenda à inicial com documentos (fls. 29/37 e 39/40).
Foram deferidos à parte autora os benefícios da AJG (fl. 53).
Ofício do 2º Cartório de Registro de Imóveis juntado às fls. 47/52.
Citados os confrontantes às fls. 68, 281 e 284, não tendo apresentado
contestação no prazo legal.
As Fazendas manifestaram-se na ausência de interesse pelo feito (fls. 69,
100/101 e 108/111-240/241).
Edital de citação dos réus, confrontantes e terceiros interessados à fl.
128, tendo decorrido o prazo legal sem juntada de contestação.
Os réus citados por edital apresentaram contestação por negativa geral
através de curadora especial às fls. 141.
Réplica às fls. 147/148.
Feito saneado às fls. 178/179.
Laudo Pericial juntado às fls. 208/226.
O Ministério Público alegou não ter interesse no feito (fl. 250).

É o Relatório.
Fundamento e Decido.

A Usucapião Especial Urbana foi introduzida no ordenamento jurídico


brasileiro em Outubro de 1988 pelo artigo 183 da Constituição Federal.

0003662-10.2011.8.26.0091 - lauda 1
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE MOGI DAS CRUZES
6ª VARA CÍVEL DO FÓRUM DE MOGI DAS CRUZES
ANTIGA 1ª VARA DO EXTINTO FORO DISTRITAL DE BRÁS CUBAS
RUA FRANCISCO AFONSO DE MELO, 550, Mogi das Cruzes - SP - CEP

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08740-310

Referido dispositivo legal foi repetido pelo art. 1240 do Código Civil de
2002 que assim reza: “Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinquenta metros
quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural”.
Conforme a jurisprudência pátria o termo inicial do prazo de cinco anos
somente tem início a partir da vigência da CF de 1988 por se tratar de instituto jurídico novo1. Diante disso,
passo à análise do tempo de posse dos autores sobre o imóvel:
Consta dos autos que a parte autora adquiriu do réu o referido imóvel

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA CARMEM DE SOUZA SILVA, liberado nos autos em 29/09/2016 às 09:11 .
(contrato de compromisso de venda e compra - fls. 13/17) em 12 de maio de 1981, e que fixou residência no
local desde então. Ao ingressar com a presente ação em 2011 já contava com mais de trinta anos, tempo
superior ao exigido pela novel codificação civil.
A prova pericial também atestou a posse longeva dos autores, o que
dispensa a produção de prova oral, visando à celeridade do feito já que se tratar de processo na meta do CNJ
(fl. 217 – item A). A prova pericial também atestou a área do imóvel que é de 125,00 m², cumprindo o
requisito legal da área.
A parte autora comprovou não ser proprietária de outros bens imóveis na
comarca (fls. 20 e 168/170).
Não consta dos autos informação de que foi ajuizada ação de
reintegração de posse ajuizada em face da parte autora (fls. 19 e 175/176).
Não houve interesse das Fazendas Públicas, bem como ausente
impugnação por parte dos requeridos ou dos confrontantes (tabulares e de fato).
Estes elementos de prova conjugados levam inequivocamente à
conclusão de que foram cumpridos os requisitos da usucapião especial urbana, sendo desnecessária dilação
probatória com oitiva de testemunhas.
Muito embora a ação tenha sido contestada por Curadora Especial
devidamente indicada, a contestação não logrou êxito em afastar a posse da parte autora, uma vez que
trouxe apenas argumentos genéricos.
Ocorre que a Lei não exige justo título ou boa-fé para esta modalidade
de usucapião, não sendo óbice legal o julgamento favorável do pedido mesmo que os autores tivessem
ciência de que a área era de outrem.
Os requisitos legais para o reconhecimento da usucapião especial urbana
estão presentes conforme acima exposto.
Diante disso, impõe-se o acolhimento da pretensão.
Ressalto que a perícia atestou pequena divergência na área do imóvel
com relação à petição inicial: 125,00 m2, conforme fls. 316.
1Código Civil Comentado; coordenador: Ministro Cezar Peluso; 2ª Edição, Editora Manole, página 1174,
artigo comentado pelo juiz e doutrinador Francisco Eduardo Loureiro.

0003662-10.2011.8.26.0091 - lauda 2
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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 0003662-10.2011.8.26.0091 e código 2J0000000HGF6.
08740-310

Dispositivo.

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE a presente ação de usucapião,


com a Resolução de Mérito, nos termos do artigo 487, I, do CPC, para reconhecer que Humberto Genesio
de Carvalho e Sonia Farias de Oliveira Carvalho detém o domínio do imóvel composto por parte do Lote
07 da Quadra 14, do Loteamento denominado Jardim Esperança, com área de 125,00 m², situado na Rua
Yoshimi Kubota, nº 61, Jardim Esperança, nesta Comarca, oriundo da matrícula nº 2.992 do 2º Cartório de

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ANA CARMEM DE SOUZA SILVA, liberado nos autos em 29/09/2016 às 09:11 .
Registro de Imóveis de Mogi das Cruzes e das transcriçãos nº 47.478, nº 61.885, nº 61.931-A, nº 61.932, nº
75.020 e nº 75,031, todas do 1º Cartório de Registro de Imóveis de Mogi das Cruzes, imóvel especificado
pelo memorial descritivo de fl. 291 e levantamento de fl. 292, que passa a fazer parte integrante desta
sentença.
Em consequência, determino ao Oficial do Cartório de Registro de
Imóveis Competente que proceda à abertura de nova matrícula referente ao imóvel em questão, indicando a
titularidade do bem em nome dos autores.
Sem custas porque a parte autora é beneficiaria da assistência judiciária
gratuita.
Condeno os réus ao pagamento de despesas processuais e honorários
advocatícios à patrona da parte autora que arbitro em 10% sobre o valor atribuído à causa, corrigido desde o
ajuizamento da demanda, atendidos os requisitos do art. 85, § 2º, I a IV, do Código de Processo Civil.
Fixos os honorários da Curadora Especial nomeada à fl. 132, por
equidade ao trabalho desenvolvido, em 100% da Tabela do Convênio DPE/OAB.
Lance a Serventia tarja de feito sentenciado, retire a tarja de atuação do
CNJ e dê-se baixa do feito na planilha do CNJ.
Transitada em Julgado, expeça-se mandado de registro e a competente
certidão de honorários.
Após, adotadas as providencias de praxe, arquivem-se os autos.
P. R. I. C.
Mogi das Cruzes, 28 de setembro de 2016.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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