PlatôCearáplataforma Araújo 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Ciências Exatas e da Terra


Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PLATÔ DO CEARÁ: UMA PLATAFORMA CARBONÁTICA ISOLADA E


AFOGADA DA MARGEM EQUATORIAL BRASILEIRA

Autora: Isabelle Rosselyne Ferreira de Araújo

Orientadora: Profª. Drª. Helenice Vital

Co-orientador: Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes

Dissertação nº 214/PPGG

Natal/RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PLATÔ DO CEARÁ: UMA PLATAFORMA CARBONÁTICA ISOLADA E


AFOGADA DA MARGEM EQUATORIAL BRASILEIRA

Autora: Isabelle Rosselyne Ferreira de Araújo

Dissertação de Mestrado apresentada no dia 31


de Agosto de 2018, ao Programa de Pós-
Graduação em Geodinâmica e Geofísica
(PPGG) da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, para obtenção do Título de Mestre em
Geodinâmica e Geofísica, área de concentração
Geodinâmica.

Orientadora: Profª. Drª. Helenice Vital


Co-orientador: Prof. Dr. Moab Praxedes Gomes

Natal/RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

PLATÔ DO CEARÁ: UMA PLATAFORMA CARBONÁTICA ISOLADA E


AFOGADA DA MARGEM EQUATORIAL BRASILEIRA

Autora: Isabelle Rosselyne Ferreira de Araújo

Comissão Examinadora

Prof.ª Dr.ª Helenice Vital – Orientadora (PPGG/DG/UFRN)

Prof.ª Dr.ª Valéria Centurión Córdoba – Membro Interno (PPGG/DG/UFRN)

Dr. Pedro Xavier Neto – Membro Externo (PETROBRAS)

Natal/RN
2018
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET

Araújo, Isabelle Rosselyne Ferreira de.


Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada
da Margem Equatorial brasileira / Isabelle Rosselyne Ferreira de
Araújo. - 2018.
116f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande


do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-
Graduação em Geodinâmica e Geofísica. Natal, 2018.
Orientadora: Helenice Vital.
Coorientador: Moab Praxedes Gomes.

1. Platôs submarinos - Dissertação. 2. Monte submarino -


Dissertação. 3. Plataforma carbonática isolada - Dissertação. 4.
Plataforma afogada - Dissertação. 5. Margem equatorial
brasileira - Dissertação. I. Vital, Helenice. II. Gomes, Moab
Praxedes. III. Título.

RN/UF/CCET CDU 551.462.6

Elaborado por Joseneide Ferreira Dantas - CRB-15/324


O tempo e a maré não esperam por ninguém.

(“O aprendiz de assassino”, Robin Hobb)


Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Ciências Exatas e da Terra
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica

Esta dissertação de mestrado foi desenvolvida na Universidade Federal do Rio


Grande do Norte (UFRN), tendo sido subsidiada pelos seguintes agentes
financiadores:

• Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil


(CAPES) - através dos projetos de pesquisa “Geohazards e Tectônica – A
influência de zonas de fratura na reativação de margens passivas: Margem
Equatorial Brasileira” (Edital nº 38/2014 - IODP/CAPES - Brasil) e ”Paleoceanografia da
Margem Equatorial Brasileira”( Edital nº 43/2013 Ciências do Mar 2);
• Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq)
através do Auxilio PQ .Margem Equatorial Brasileira: Da Fonte a Deposição
(Processo nº311413/2016-1);
• INCT AmbTropic – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia “Ambientes
Marinhos Tropicais” (CNPq-FAPESB-CAPES)
AGRADECIMENTOS

Deixo os meus agradecimentos à Universidade Federal do Rio Grande do


Norte e ao Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica pela
disponibilização da infraestrutura necessária.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico
(CNPq) pela concessão da bolsa de mestrado e suporte financeiro através do Auxilio
PQ .Margem Equatorial Brasileira (Processo nº311413/2016-1).
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis- ANP pela
cessão dos dados sismoestratigráficos e de poços, através do Banco de Dados de
Exploração e Desenvolvimento –BDEP (Protocolos: 094013/2015 e 092950 de
03/10/2016).
A Marinha do Brasil (MB) e Diretoria de Hidrografia e Navegação (DHN)
pela cessão de dados sismoestratigráficos do Levantamento da Plataforma
Continental (LEPLAC);
A dGB Earth Sciences pela cessão da licença educacional do software
Opendtect.
A Schlumberger pela cessão da licença educacional do software PETREL.
Agradeço à Professora Helenice Vital, por todo o conhecimento
compartilhado. Muito obrigada pela oportunidade e pela confiança.
Agradeço imensamente ao Professor André Droxler, por plantar a semente
que gerou esse trabalho e por toda ajuda ao longo do caminho.
Aos professores Hilário, David e Moab pelo auxílio e ideias nas correções
do artigo.
Ao Laboratório de Geologia e Geofísica Marinha e Monitoramento
Ambiental (GGEMMA).
À Professora Valéria Córdoba e ao Dr. Pedro Xavier Neto, por aceitar o
convite para a banca examinadora.
À Francisco Neto, que esteve ao meu lado e me apoiou em todos os
momentos. Agradeço aos puxões de orelha quando queria desfazer tudo para
começar de novo e os incentivos quando batia o desespero. Obrigada por interpretar,
corrigir e escrever comigo. Não conseguiria sem você.
Aos meus pais pelo apoio incondicional de sempre. Obrigada por entender
todas as minhas ausências, pela paciência e suporte.
RESUMO

Estudos sobre a Margem Equatorial Brasileira (MEB) sempre estiveram concentrados


na plataforma continental, apoiados pela indústria de óleo e gás. A região de águas
profundas é vasta, desconhecida e economicamente inexplorada. Montes submarinos
são feições típicas da MEB que se elevam desde o fundo oceânico. O Platô do Ceará
(PtC) é um desses montes, localizado a 100 km da costa de Fortaleza (Brasil) e a
leste da Alto de Fortaleza. Sua origem é tida como vulcânica, baseada em seus
flancos íngremes e amostras coletadas em montes submarinos adjacentes. O topo
tem uma profundidade média de 280 m e a cobertura é calcário enriquecido com
fosforita (até 18%). O objetivo deste trabalho é discutir a evolução do PtC como uma
plataforma carbonática isolada e, posteriormente, seu declínio. Foram utilizados
dados de reflexão sísmica multicanal 2D associados à litologia e bioestratigrafia de
poços exploratórios. Nas linhas sísmicas foram interpretados a forma e o padrão de
terminação dos refletores, assim como a geometria externa e interna das fácies. Sete
padrões sísmicos e quatro sequências sísmicas foram reconhecidos no PtC. Os
resultados indicam que durante a transição Rupeliano/Chattiano, o substrato vulcânico
estava próximo a zona fótica, levando ao desenvolvimento de recifes em franja. O
desenvolvimento tornou-se progradacional (Chattiano-Burdigaliano) e depois
agradacional (Burdigaliano/Tortoniano). A produção carbonática cessou durante o
Tortoniano, provavelmente quando começou o degelo da calota da Antártica. A
tectônica, subsidência e mudanças eustáticas em escala global e regional atuaram
como fatores de controle no crescimento da plataforma. Essa plataforma pode ser
usada como modelo para o desenvolvimento estratigráfico dos montes submarinos
adjacentes da MEB.

Palavras-chave: Monte submarino; Plataforma carbonática isolada; Plataforma


afogada; Margem equatorial brasileira
ABSTRACT

Studies about the Brazilian Equatorial Margin (BEM) have always been concentrated
in the continental shelf, supported by oil and gas industry. Deep-waters are vast,
unknown and economically unexplored. In this way, there is a great data lack of the
BEM's deep portion. Ceará Plateau (CeP) is a seamount and a significant feature of
BEM, located 100 km offshore Fortaleza (Brazil) and east of Fortaleza High. Its origin
supposed to be volcanic based in its steep flanks and collected samples (olivine basalt)
in others surrounding seamounts. Its top is average 280 m depth and the coverage is
limestone enriched with phosphorite (up to 18%). The aim of this work is to define CeP
evolution as an isolated carbonatic platform and then its demise. We used 2D
multichannel seismic reflection data associated with lithology and biostratigraphy of
exploratory wells. In the seismic profiles, the shape and pattern of reflectors
termination was interpreted, as well as their external and internal sequences geometry.
In the seismic profiles, seven seismic patterns and four seismic sequences were
recognized on the volcanic CeP top. Our results indicate that during the
Rupelian/Chattian transition, the substrate was in the photic zone and partially
emerged, leading to the development of carbonate wedges on the flanks. The
development has become progradational (Chattian-Burdigalian) and then
aggradational (Burdigalian/ Tortonian). Carbonate production ceased during the
Tortonian, probably when the Antarctic ice sheet began to melt. Tectonics, subsidence
and eustatic changes on a global and regional scale acted as control factors in the
platform growth. This platform can be used as a model for the stratigraphic
development of adjacent BEM seamounts.

Keywords: Seamount; Isolated carbonate platform; Drowned platform; Brazilian


Equatorial Margin
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1
1.1 Objetivos e Justificativa .................................................................................. 2
1.2 Localização da Área de Estudos .................................................................... 3
2 CONTEXTO GEOLÓGICO .................................................................................. 5
2.1 Introdução ...................................................................................................... 5
2.2 Margem Equatorial Brasileira ......................................................................... 6
2.3 Bacia Potiguar .............................................................................................. 10
2.4 Platô do Ceará ............................................................................................. 14
2.5 Vulcanismo................................................................................................... 17
3 PLATAFORMAS CARBONÁTICAS ................................................................... 20
3.1 Definições e Classificações.......................................................................... 20
3.2 Fatores Controladores.................................................................................. 25
3.3 Plataformas Carbonáticas Isoladas .............................................................. 27
3.4 Afogamento de uma Plataforma Carbonática .............................................. 39
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 41
4.1 Batimetria ..................................................................................................... 41
4.2 Poços Exploratórios ..................................................................................... 43
4.3 Linhas Sísmicas ........................................................................................... 44
4.4 Sismoestratigrafia......................................................................................... 47
4.5 Fluxo de Trabalho ........................................................................................ 52
5 RESULTADOS ................................................................................................... 54
5.1 Artigo Submetido: Marine Geology .............................................................. 54
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 100
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 101
1
INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Os oceanos recobrem mais de 70% da superfície da Terra, com uma


profundidade média maior do que 3 km. Acreditava-se que o mar profundo era
composto por vastas planícies, rompidas apenas por vales ou ilhas vulcânicas
dispersas. Com o avanço do sensoriamento remoto, foi possível descobrir que o fundo
oceânico era muito mais complexo e diversificado (Erickson, 2003). Neles são
encontrados grandes dorsais oceânicas, ainda maiores do que as cadeias de
montanhas encontradas no continente; trincheiras mais profundas que qualquer vale.
A abertura progressiva do Atlântico já vinha sendo proposta por Wegener
desde 1912. Mas foi somente no início dos anos 1960 que as placas tectônicas foram
comprovadas, bem como o movimento dos continentes (Nicolas, 1995). Desde então,
foram descobertos vários outros fatores que evidenciavam essa separação, como o
padrão magnético alternado, paralelos a cadeias mesoceânicas e formando padrão
simétrico, por exemplo.
A Margem Equatorial Brasileira e a Margem Oeste Africana são exemplos
únicos de margens transformantes, apresentando 2.200 km ao longo do Atlântico Sul
(Matos, 2000), formando bacias mesozoicas e cenozoicas continentais e marinhas.
Isso torna o Brasil um dos países com maior extensão de margem continental do
mundo, com bacias sedimentares de diferentes contextos geológicos e potencial
exploratório (Mohriak, 2003).
Uma base de dados foi construída ao longo dos anos voltada para pesquisa
de hidrocarbonetos, envolvendo dados geológicos, geofísicos e levantamentos
regionais (e.g., LEPLAC, REMAC, etc.), adquiridos por companhias petrolíferas e
instituições de pesquisas governamentais. Atualmente, esses dados passaram a ser
disponibilizados pela Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Os resultados aqui apresentados fazem parte da Dissertação de Mestrado
para obtenção do título de Mestre em Geodinâmica e Geofísica pela Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A proposta encontra-se inserida nos
objetivos gerais do projeto Geohazards e Tectônica – A influência de zonas de fratura
na reativação de margens passivas: Margem Equatorial Brasileira (CAPES-IODP).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
2
INTRODUÇÃO

1.1 Objetivos e Justificativa

Águas profundas, também conhecidas como mar profundo, são aquelas


localizadas além da plataforma continental, cobrindo cerca de 67% da superfície
terrestre. Apenas 1/7 da região de águas profundas próximas as margens continentais
recebem suprimento sedimentar terrígeno vindo do continente (Piper, 2005). Isso
explica porquê a maioria dos depósitos sedimentares de mar profundo ocorrem nos
taludes e sopés continentais. Além de leques submarinos, ocorre sedimentação
pelágica, material biogênico e argilas transportadas por correntes desde o continente
até essa região (Piper, 2005). A esses acúmulos de sedimentos é dado o nome
depósitos sedimentares de mar profundo.
Ao longo dos anos, a exploração da indústria petrolífera concentrou seus
estudos sobre a plataforma continental (Milani et al., 2000). Assim, uma grande
carência de informações existe quando se fala sobre a região de mar profundo na
Margem Equatorial Brasileira (MEB) como, por exemplo, a existência de poucos poços
exploratórios. As bacias sedimentares dessa região tornaram-se importantes como
fonte potencial de hidrocarbonetos, já descoberto em alguns poços exploratórios
(Petrobras, 2015) e na margem conjugada do lado africano. Além disso, elas também
possuem grande potencial para registro de mudanças paleoceanográficas, podendo
ser a chave para entender as mudanças climáticas atuais (Piper, 2005; Jovane et al.,
2016) e descoberta de fontes de minerais de interesse econômico (i.e. fosforita).
Uma das importantes características da MEB é a presença de diversos
montes submarinos, relacionados às zonas de fraturas oceânicas e/ou trilhas de
pontos quentes (Matos, 2000). Uma das feições proeminentes da MEB é o Platô do
Ceará (PtC) (Fig. 1.1), localizado a noroeste da cidade de Fortaleza (CE),
aproximadamente 100 km costa afora, e inserido no contexto da porção submersa da
Bacia Potiguar.
Este trabalho teve como objetivo a caracterização sismoestratigráfica do
PtC e sua evolução, sendo assim a primeira plataforma carbonática isolada e afogada
descrita na MEB. Como objetivos específicos, este estudo pretende:

a) Reconhecer padrões e as fácies sísmicas no Platô do Ceará;


b) Descrever a evolução da plataforma carbonática sobre edifício vulcânico;

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
3
INTRODUÇÃO

c) Correlacionar o desenvolvimento dessa plataforma carbonática com a


Plataforma Continental;
d) Reconhecer as variações do nível do mar do Oligoceno ao Mioceno Superior
na região Equatorial Brasileira;

Espera-se que os resultados sejam úteis para compreender a evolução


desta parte da MEB e possam fornecer subsídios para futuras perfurações e estudos
em ambientes de águas profundas. Acreditamos ainda que o modelo da plataforma
carbonática poderá ser utilizado em outras plataformas do mesmo tipo que venham a
ser encontradas na região.

1.2 Localização da Área de Estudos

O PtC vêm sendo caracterizado como um monte submarino vulcânico


(Guazelli e Costa, 1978; Costa e Kowsmann, 1979; Jovane et al., 2016), com seu topo
em profundidade média de 280 m. Apresenta feição geomorfológica elíptica, mais ou
menos cônica, topo plano, com extensão areal de, aproximadamente, 894 km²
(isóbata de 300 m).
Entre o PtC e o talude strictu sensu ocorre uma depressão formando uma
bacia semi-confinada na qual sedimentos aparentemente provenientes do continente
são depositados em águas profundas (Fainstein e Milliman, 1979). Essa bacia ainda
não foi discutida na literatura e não havendo nenhuma nomenclatura anteriormente
registrada para ela, foi proposto o nome de Depressão do Ceará (Ceará Gap, Fig.
1.1), sendo este submetido e aceito à Organização Hidrográfica Internacional –
Comissão Oceanográfica Intergovernamental (IOH-IOC). Sua extensão areal é
superior a 2.000 km² e atinge a profundidade máxima de 1.900 metros.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
4
INTRODUÇÃO

Figura 1.1 – Mapa de localização da área de estudo mostrando o Platô do Ceará e a


Depressão do Ceará.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
5
CONTEXTO GEOLÓGICO

2 CONTEXTO GEOLÓGICO

Este capítulo irá discorrer sobre a abertura e evolução da Margem Atlântica


Sul, tendo foco o seguimento Equatorial desta margem, mais precisamente a Bacia
Potiguar. Além disso, serão discutidos também os trabalhos pretéritos sobre objeto de
estudo principal deste trabalho, o Platô do Ceará.

2.1 Introdução

O conceito de margem continental foi definido como sendo a extensão


submarina dos continentes, correspondendo a praticamente 28% da superfície
submersa pelos oceanos até a profundidade de 2000 metros, ou até onde a crosta
continental termina (Suguio, 1992; Cook e Carleton, 2000; Allaby, 2013). Há dois tipos
de margens continentais: ativa e passiva.
Margem continental ativa, também denominada de margem tipo Pacífico,
refere-se à borda submersa de um continente que se sobrepõe a uma litosfera
oceânica em um limite convergente de placas. O termo "ativo" enfatiza a importância
da atividade tectônica (sismicidade, vulcanismo, construção de montanhas) associada
à convergência de placas ao longo desse limite (Lallemand, 2014). Esse tipo de
margem continental é formado por plataforma continental, talude continental e fossas
oceânicas (Suguio, 2003). O talude continental e a plataforma são estreitos, com
gradientes que podem chegar a até 1:20 nas fossas oceânicas.
Margens continentais passivas, ou margem tipo Atlântico, são encontradas
em zonas sem atividade tectônica crustal pronunciada (Mann, 2015), não coincidindo
com a borda da placa tectônica. Elas são compostas, essencialmente, por plataforma
continental ampla, talude continental e sopé continental (Fig. 2.1), separando o
continente do mar profundo ou planície abissal (Suguio, 2003; IHO-IOC, 2017). A
Margem Equatorial Brasileira (MEB) é classificada como sendo do tipo passiva.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
6
CONTEXTO GEOLÓGICO

Figura 2.1 – Perfil fisiográfico esquemático de uma margem tipo "Atlântica” mostrando as
compartimentações geomorfológicas desde a transição continente-margem continental até
alcançar a cadeia mesoceânica (Coutinho, 1996). O perfil não tem relação de escala.

2.2 Margem Equatorial Brasileira

O desenvolvimento do Oceano Atlântico, desde a quebra do Gondwana,


deixou uma grande margem divergente entre os continentes americano e africano.
Este tema ainda é bastante debatido, particularmente no que dizer respeito a
localização da deformação intraplaca. Muitos modelos recentes apresentam
numerosas falhas inexplicáveis (lacunas, sobreposições, desalinhamentos). Embora
eles considerem a deformação intraplaca, nenhum deles apresenta um ajuste
baseado em dados geológicos e geofísicos (Moulin et al., 2010).
Segundo Moulin et al. (2010), o Atlântico Sul pode ser dividido em quatro
longos segmentos (~2.000 km), de norte para sul, sendo eles: Equatorial, Central,
Austral e Malvinas (Falklands). Para estes autores, o Atlântico Sul se separaria do
Atlântico Central pela Zona de Fratura Marathon, a norte dos Platôs Demerara e
Guineense (Fig. 2.2). O limite sul do segmento Equatorial é dado pelas zonas de
fratura Romanche e Chain (Fig. 2.3), a norte da bacia Potiguar, correspondendo ao
sistema transformante de Costa do Marfim e Gana (Mohriak, 2003). Mesmo com a
lacuna de alinhamentos magnéticos, devido à proximidade com o Equador, o início do

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
7
CONTEXTO GEOLÓGICO

espalhamento oceânico nesse segmento é datado do Albiano Superior (Mascle e


Blarez, 1987; Mascle et al., 1988).
A quebra do Supercontinente Gondwana ocorreu de sul para norte no ramo
sul; e de oeste para leste no ramo equatorial (Matos, 1992). Essa abertura gradual
resultou em uma considerável deformação diacrônica, sendo mais longa na margem
leste do Brasil e na porção central da margem africana; e mais curta na margem
equatorial (Matos, 2000). As bacias sedimentares meso-cenozoicas formadas
onshore e offshore estendem-se desde o limite com as Guianas até o limite com as
águas territoriais do Uruguai (Mohriak, 2003).

Figura 2.2 – Mapa tecto-estrutural geral do Atlântico Sul no Chron 34 (84 Ma), sumarizando
todas as estruturas geológicas compiladas e estudadas por Moulin et al. (2010).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
8
CONTEXTO GEOLÓGICO

Figura 2.3 – Mapa geológico esquemático da porção norte brasileira, mostrando as bacias
sedimentares da Margem Equatorial Brasileira e suas respectivas zonas de fraturas (Milani e
Thomaz-Filho, 2000).

Figura 2.4 – Modelo simplificado de separação continental através de falhas transformantes


(modificado de Mascle e Blarez (1987) mostrando a abertura do Oceano Atlântico na região
da margem equatorial.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
9
CONTEXTO GEOLÓGICO

2.2.1 Evolução da Margem Equatorial Brasileira

As bacias da MEB evoluíram com contexto tectônico bem distinto entre si.
Com mais de 2.200 km ao longo do Atlântico Sul, a Margem Equatorial Brasileira,
assim como sua correspondente africana, é um exemplo único de margem
transformante (Matos, 2000). A figura 2.4 mostra um esquema simplificado de
separação através de margens transformantes, que permitiu os diferentes estágios
evolutivos nas bacias sedimentares.
Três principais estágios de evolução tectonossedimentar podem ser
caracterizados na MEB: pré-transformante, sin-transformante e pós-transformante
(Mascle e Blarez, 1987; Matos, 2000). Matos (2000) resumiu os estágios na Tabela
2.1.

TABELA 2.1 – Evolução geodinâmica da Margem Equatorial Atlântica

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
10
CONTEXTO GEOLÓGICO

2.3 Bacia Potiguar

A Bacia Potiguar (Fig. 2.5) localiza-se na porção setentrional da Margem


Equatorial do Brasil, em sua maior parte no Estado do Rio Grande do Norte. Limita-se
a sul com a Faixa Seridó, um dos domínios da Província Borborema (Almeida et al.,
2000); a norte com o Oceano Atlântico, na isóbata de 2000 metros; a oeste, com a
Bacia do Ceará, através do Alto de Fortaleza; e a leste pelo Alto de Touros (Pessoa
Neto, 2003; Pessoa Neto et al., 2007).

Figura 2.5 – Representação da porção onshore da Bacia Potiguar (laranja) e suas


delimitações pelo Alto de Touros (leste), Alto de Fortaleza (oeste) e com o embasamento (sul,
em cinza). No mar, a bacia limita-se pela isóbata de 2000 metros, não representada nesta
figura. Modificado de Pessoa Neto (2003).

2.3.1 Evolução Tectono-sedimentar da Bacia Potiguar

O preenchimento sedimentar da Bacia Potiguar está diretamente


relacionado com as diferentes fases de evolução tectônica, sendo duas fases rifte (I e

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
11
CONTEXTO GEOLÓGICO

II), uma pós-rifte e a fase termal. Pessoa Neto et al. (2007) dividiu o registro
estratigráfico em três Supersequências: Rifte; Pós-rifte e Drifte.
A Supersequência Rifte, depositada a partir do Cretáceo Inferior, é
representada por depósitos flúvio-deltaicos e lacustres, constituindo os estágios
tectônicos de rifteamento. A Supersequência Pós-rifte registra as primeiras ingressões
marinhas que ocorreram durante o Andar Alagoas em regime tectônico pós-rifte. Por
fim, a Supersequência Drifte desenvolveu-se na fase tectônica termal, caracterizada
por uma sequência flúvio-marinha transgressiva recoberta por uma sequência clástica
e carbonática regressiva (Pessoa Neto et al., 2007).

2.3.1.1 Supersequência Rifte


Pessoa Neto et al. (2007) ainda dividiu a Supersequência Rifte em duas
fases, Rifte I (Neoberriasiano/Eobarremiano) e Rifte II (Neobarremiano/Eo-Aptiano),
sendo ambas caracterizadas pelo regime tectônico de estiramento crustal.
A primeira fase é marcada pela formação de meio-grábens assimétricos e
altos internos com direção NE-SW, além da formação de grandes calhas que foram
preenchidas por depósitos flúvio-deltaicos, lacustrinos e leques deltaicos que
constituem a Formação Pendências, tanto na margem falhada quanto na flexural
(Soares et al., 2003).
Já a segunda fase é caracterizada pela implantação do regime
transcorrente/transformante ao longo da futura MEB, com a migração do eixo de
rifteamento da porção emersa para a submersa. Ao mesmo tempo, a porção emersa
foi soerguida e erodida, comportando-se como ombreira para um novo rifte. Em
resposta ao início da deriva continental, a direção de transporte tectônico muda de
NNW para E-W, em movimentos predominantemente transtensionais dextrais. Nesse
momento é depositada a Fm. Pescada, restrita a porção submersa da bacia, que é
constituída por uma cunha clástica sintectônica (Soares et al., 2003; Pessoa Neto et
al., 2007).

2.3.1.2 Supersequência Pós-Rifte


A partir do Neo-aptiano inicia-se a deposição da megassequência
protooceânica sobre uma importante discordância angular em resposta ao início de
uma subsidência termal lenta e generalizada. Essa sequência é constituída pelas

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
12
CONTEXTO GEOLÓGICO

rochas sedimentares da Formação Alagamar, cujos sedimentos foram depositados


em sistemas flúvio-deltaicos (Membro Upanema) e transicionais (Membro Galinhos)
separados por um intervalo de rochas de um sistema lagunar constituído de folhelhos
pretos e calcilutitos ostracoidais, denominados informalmente de Camadas Ponta do
Tubarão(Araripe e Feijó, 1994; Pessoa Neto et al., 2007). Isso marca uma passagem
gradativa de sistemas deposicionais continentais para marinhos (Soares et al., 2003),
dando início ao sistema plataforma-talude-bacia (Pessoa Neto et al., 2007).

2.3.1.3 Supersequência Drifte


Compreendendo toda a sedimentação marinha do Albiano Inferior ao
recente, a Supersequência Drifte divide-se na Sequências Marinhas Transgressivas,
de idade Eoalbiano-Eocampaniano, e nas Sequências Marinhas Regressivas, de
idade Neocampaniana-Holoceno (Pessoa Neto et al., 2007).

A. Sequências Marinhas Transgressivas


Representada pelas rochas siliciclásticas das Formações Açu (proximal) e
Quebradas (distal), além das rochas carbonáticas da plataforma restrita da Formação
Ponta do Mel. O ápice desta transgressão deu-se durante a passagem do
Cenomaniano para o Turoniano, resultando no empilhamento vertical dos sistemas
fluviais da Formação Açu. Instalou-se então uma ampla plataforma/rampa carbonática
dominada por maré (Formação Jandaíra), com as rochas mais recentes apresentando
idade eocampaniana (Pessoa Neto et al., 2007; Soares et al., 2003).
A paleolinha de costa foi deslocada em direção à bacia, expondo a rampa
interna, devido ao evento magmático da Formação Serra do Cuó. Afloramentos de
soleiras de diabásio desta formação, na porção sul da bacia, têm tendência alcalina e
idade radiométrica da ordem de 85 a 90 Ma (Oliveira, 2000).

B. Sequências Marinhas Regressivas


Depois de um grande evento erosivo do Neocampaniano, um ciclo de
sequências regressivas instalou-se até o Holoceno. A base deste megaciclo é
representada por uma seção condensada de um evento transgressivo denominada
informalmente de Marco Radioativo (Pessoa Neto et al., 2007).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
13
CONTEXTO GEOLÓGICO

O registro estratigráfico entre o Neocampaniano e os dias atuais


representam 7 sequências deposicionais, ligadas a eventos regionais erosivos
(Pessoa Neto, 2003). Caracterizam-se por sistemas mistos compostos por leques
costeiros, sistemas de plataformas rasas com borda carbonática e sistemas de
talude/bacia. Os correspondentes litoestratigráficos dessas sequências são as rochas
contidas nas Formações Barreiras, Tibau, Guamaré e Ubarana. Nas sequências do
Neocampaniano-Eomioceno ocorrem resquícios de plataforma carbonática e fácies
talude e bacia, ocorrendo turbiditos intercalados com folhelhos de talude da Formação
Ubarana (Pessoa Neto et al., 2007).
A partir do Oligoceno/Mioceno, esforços tensionais globais E-W, causaram
o soerguimento da Província Borborema, depositando as formações siliciclásticas
continentais Tibau e Serra do Martins, além mudar também o clima da região (Saadi,
1993). Isso fez com que, durante o Eomioceno (ca. 17 Ma), os eventos erosivos
fossem intensificados, aumentando o aporte de sedimentos em direção à bacia, cuja
borda abrupta indica provável reativação tardia de falhas antigas do embasamento
(Morais Neto et al., 2003; Pessoa Neto et al., 2007).
Segundo Pessoa Neto (2003), um importante evento erosivo, a partir do
qual a última sequência regressiva instalou-se, causou grande deslocamento de fácies
em direção a bacia. Esse evento deu origem à Discordância do Mioceno Inferior (DMI)
e colocou em discordância carbonatos de plataformas rasas (30-40 m) sobre fácies
de talude pretéritas. Tal rebaixamento é observado na curva de Haq et al., (1987), em
torno dos 18 Ma. De acordo com o mesmo autor, esta megassequência é reconhecida
em quase todas as bacias da margem continental brasileira, cujos principais eventos
erosivos são correlacionáveis em escala regional. Durante o DMI, o rebaixamento
eustático causou a exposição subaérea da plataforma, ou pelo menos até o nível de
base de ondas normais. Com isso, os depósitos do Oligoceno Inferior foram
retrabalhados durante o Eomioceno.
A partir de então, Pessoa Neto (2003) reconhece pelo menos 3 sequências
na Bacia Potiguar: Sequência Mioceno Inferior/Médio; Sequência do Mioceno Médio;
Sequência do Mioceno Superior/Pleistoceno. Entre a segunda e terceira sequência,
ocorre uma discordância, chamada pelo autor de DMP-1, que marca um expressivo
rebaixamento relativo do nível do mar na área de estudo e inaugura uma fase de alto

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
14
CONTEXTO GEOLÓGICO

influxo de siliciclásticos na bacia, sendo sugerido sua correlação com um evento


global com idade equivalente ao Tortoniano (~10,5 Ma).

2.4 Platô do Ceará

Nos primeiros trabalhos, a origem do PtC era relacionada ao alinhamento


vulcânico Atol das Rocas-Fernando de Noronha-Mecejana (Gorini e Bryan, 1976),
sendo o último monte submarino que definia a Zona de Fratura de Fernando de
Noronha (Fainstein e Milliman, 1979). Embora não haja nenhuma amostra de seu
embasamento, ele é descrito como sendo supostamente de origem vulcânica e
instalado sobre crosta oceânica, com idade superior a 100 milhões de anos (Costa e
Kowsmann, 1979; Guazelli e Costa, 1978). Amostras de montes submarinos
adjacentes recuperaram seixos de olivina-basalto cimentado por óxido de ferro e
manganês, além de calcário sem fosfato (Guazelli et al., 1977). Com base nos dados
sísmicos existentes até aquele momento, afirmou-se que o edifício vulcânico que
compõe o PtC foi formado entre o fim do Oligoceno e o início do Pleistoceno.
As primeiras seções sísmicas da região mostravam que o PtC tinha topo
plano, alta inclinação e o caráter vulcânico nos flancos. No topo, a resolução sísmica
era baixa e não era possível caracterizar seu comportamento acústico (Costa e
Kowsmann, 1979), resultado das reflexões múltiplas e reverberações. No entanto, as
anomalias magnéticas de grande amplitude de comprimento de onda indicam um
embasamento magnético muito superficial (Fainstein e Milliman, 1979).
Apesar da baixa resolução sísmica, já era observada a existência uma
delgada camada, provavelmente sedimentar, paralela à superfície do PtC, truncando
os flancos (Guazelli e Costa, 1978). Os flancos laterais possuem declividades médias
levemente maiores do que o talude continental e são profundamente cortados por
pequenas voçorocas (gullies) e vales, assim como também são evidentes os
deslizamentos no flanco leste e falhamentos em diversas áreas (Fainstein e Milliman,
1979).
Dragagens realizadas durante o Cruzeiro CHAIN-115, como parte do
Projeto REMAC, recuperaram tanto amostras de sedimentos inconsolidados como
rochas sedimentares. Duas dragagens (Fig. 2.6A), uma no topo e outra no flanco
nordeste, foram feitas entre as profundidades de 305-270 metros e 1371-391 metros,

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
15
CONTEXTO GEOLÓGICO

respectivamente. A primeira delas apresentou até 18,4% de fosforita (P 2O5), enquanto


que a segunda obteve o máximo de 3,28%. As amostras de material consolidado
confirmaram a predominância de calcários no PtC, principalmente calcarenitos e
calcilutitos (blocos friáveis na escarpa inferior), crostas calcário fosfatizado de aspecto
ferruginoso (escarpa superior) e fragmentos coralíneos e algais calcários com
associação faunística variada morta (topo) (Guazelli et al., 1977; Guazelli e Costa,
1978). Em outros montes submarinos do Ceará, Guazelli et al. (1977) descreveu
olivinas-basalto cobertos por crosta de ferro e manganês (flanco inferior, provalemente
blocos rolados), calcários extremamente compacto, cimentado e não-fosfatizado
(flanco superior, ~400 m) e assembleia viva (algas calcárias, Halimeda, corais, tubos
de vermes, bivalves) idêntica àquela encontrada na plataforma continental externa do
Nordeste brasileiro, dentro da zona fótica (~50 m). Segundo os autores, esses
calcários bem compactados fazem parte de uma assembleia sub-recente semelhante
à atual, e são idênticos à assembleia morta encontrada no PtC.
Uma terceira dragagem (Fig. 2.6B) foi feita no PtC através do Cruzeiro de
Platôs Marginais do Nordeste Brasileiro, também pelo Projeto REMAC, entre 583 e
800 m no flanco NW. Foi recuperada uma laje de calcário, fosfatizada, com teor de
fosforita entre 12,5% e 14,2% (Costa e Kowsmann, 1979). Não existem indícios de
influências vulcânicas e terrígenas no calcário. Comunicações internas da
PETROBRAS sobre esta mesma dragagem discutem qual a sua idade. A presença
do macroforaminífero Lepidocyclina sp. data os intraclastos do calcário entre o Eoceno
Superior e o Mioceno Médio (Dimas Dias-Brito, comunicação escrita
PETROBRAS/DEPEX 10.004/79 apud Costa e Kowsmann, 1979). Já os nanofósseis,
provavelmente associados à matriz micrítica, pertencem a zona NN-5 de MARTINI
(1971), restringindo a idade ao Mioceno Médio Inferior (José Gomide, comunicação
escrita PETROBRAS/DEPEX 10.004/79 apud Costa e Kowsmann, 1979).
Em estudos mais recentes, Jovane et al. (2016) continuou atribuindo as
reflexões caóticas à origem vulcânica, mas interpretou os refletores sísmicos
horizontais como sedimentos pelágicos/hemipelágicos. Com base na resposta
sísmica, esses autores inferiram que o material no topo da elevação seria
predominantemente formado por sedimentos hemipelágicos, principalmente
compostos por carbonatos produzidos na parte superior da coluna de água e por
materiais finos provenientes do continente. Foram identificados 6 horizontes sísmicos,

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
16
CONTEXTO GEOLÓGICO

aos quais foram atribuídas idades a partir de poços, sendo dois dos horizontes
relacionados pelos autores a eventos vulcânicos. Cunhas progradantes em direção a
margem continental foram relacionadas a erupções vulcânicas ou crescimento de
corais.
(A) (B)

Figura 2.6 – Amostras do Platô do Ceará descritas dentro do Projeto REMAC. A: Duas
dragagens de material consolidado e inconsolidado, tendo uma delas (Dragagem-16)
apresentado até 18,4% de fosforita (Guazelli e Costa, 1978); B: Bloco calcário fosfatizado
consolidado dragado com 12.5%-14.2% de fosforita entre 583 e 800 m no flanco NW (Costa
e Kowsmann, 1979).

2.4.1 Registro na Plataforma Continental

Cunha (2018) trabalhou com a porção da plataforma continental com base


em linhas sísmicas e poços exploratórios, incluindo o CES-154 utilizado nesta
dissertação. Segundo o autor, o intervalo drifte regressivo da Bacia Potiguar pôde ser
individualizado em cinco sequência deposicionais separadas por 6 limites de
sequência. Os limites de sequências definidos por eles correspondem às
discordâncias do Campaniano Superior (LS1), Paleoceno Superior ou Oligoceno
Superior (LS2), Mioceno Inferior (LS3), Mioceno Superior (LS4), Pleistoceno Superior
(LS5) e o Holoceno (LS6).
Ainda segundo Cunha (2018), as duas sequências mais antigas
(Sequências 1 e 2, limitadas na base, respectivamente por LS1 e LS2) apresentam-
se semelhantes em relação à sua geometria e composição, sendo caracterizadas,
predominantemente, por depósitos de talude com um empilhamento fortemente
progradacional. A Sequência 3, sobrepõe-se a superfície LS3 e é designada por uma

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
17
CONTEXTO GEOLÓGICO

grande expansão carbonática em direção às regiões mais proximais, marcando uma


grande mudança faciológica abaixo e acima desta sequência. Acima do LS4, deposita-
se a Sequência 4 relacionada a um grande influxo siliciclástico, que restringe a
sedimentação carbonática à borda da plataforma. Finalmente, a Sequência 5 é
retratada por uma importante expansão das sucessões mais distais em direção ao
continente, provavelmente indicando um estágio transgressivo. O fim do significativo
influxo siliciclástico é atribuído por Pessoa Neto (2003) ao Pleistoceno Médio, assim
infere-se que a deposição desta sequência tenha ocorrido entre o Pleistoceno
Superior e o Holoceno, sendo essas idades associadas ao seu limite basal (LS5) e
superior (LS6), respectivamente. Os limites de sequências LS3-LS6 identificados por
Cunha (2018) corroboram com os já citados por Pessoa Neto (2003) e Pessoa Neto
et al. 2007.

2.5 Vulcanismo

A cadeia E-W identificada pelas cartas batimétricas da Marinha do Brasil


desde 1955 engloba vários montes submarinos, que tiveram seus topos arrasados por
erosão subaérea e abrasão marinha, tornando-se os conhecidos guyots e atóis
recobertos de calcário biogênico (Almeida, 2006). O mais novo deles teve seu
vulcanismo extinto há 1,8 Ma. Eles fazem parte do conjunto denominado de Cadeia
de Fernando de Noronha (CFN) por Gorini e Bryan (1974), podendo ser a contraparte
tanto da Zona de Fratura Jean Charcot quanto corresponder à Zona de Fratura Chain
(Gorini e Bryan, 1976).
Para Almeida (2006), a CFN é resultado de feições tectônicas e vulcanismo
alcalino, totalizando cerca de 750 km de extensão (Fig. 2.7), sendo equivalente à Zona
de Fratura Fernando de Noronha (ZFFN) que permitiu sua instalação. O Alto de
Fortaleza, que separa as bacias Potiguar e Ceará, é também atribuído a ela por esse
autor.
Na porção emersa, relacionado ao Domo Fonolítico de Caruru, foi
encontrada a ocorrência do distrito alcalino, denominado de Vulcanismo Mecejana,
cuja semelhança com o Arquipélago já havia sido noticiada por Almeida (1955). Esse
fonólito foi datado de 29,9 ± 0,9 Ma (Cordani, 1970). Em outras manifestações
alcalinas da região, foram encontrados valores entre 36±2 Ma a 29,9±0,9 Ma através

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
18
CONTEXTO GEOLÓGICO

dos métodos K/Ar, Rb/Sr em rocha total e isócrona de referência Rb/Sr (e.g., Braga et
al., 1981; Cordani, 1970; Guimarães et al., 1982), fazendo com que o distrito alcalino
seja colocado entre idades do Eoceno Superior a Oligoceno Inferior. Idades mais
antigas, 43 ± 12 Ma e 44 ±03 Ma foram encontradas em feldspatos de brecha toleítica
da plataforma continental a noroeste de Fortaleza (Mizusaki e Saracchini, 1991 apud
Almeida, 2006).

Figura 2.7 – Porção leste da Margem Equatorial Brasileira com destaque para as zonas de
fratura e as Cadeia de Fernando de Noronha. 1- Limites de zonas de fratura. 2 – Rochas
magmáticas. Retirado de Almeida (2006).

Estudos de mineralogia, petrografia e geoquímica das rochas desse distrito


magmático correlacionam o desenvolvimento do PtC com a plataforma continental e
identificam suas semelhanças com o Arquipélago, formando diversas teorias sobre a
pluma de Fernando de Noronha (Almeida, 2006). A primeira hipótese era a de uma
pluma mantélica profunda (Morgan, 1971), que mais tarde ganhou apoio pela
comparação de composição isotópica e elementos de basaltos alcalinos (Fodor et al.,
1998). Mais tarde, Ernesto (2005) questionou esses dados baseando-se na posição
aparente dos polos magnéticos a partir do Cretáceo Inferior (±120 Ma), assim como

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
19
CONTEXTO GEOLÓGICO

as anomalias magnéticas da crosta oceânica. Concluiu-se então que, mesmo se o raio


de atuação dessa pluma fosse de 1.000 km, não havia possibilidade de
relacionamento entre os magmatismos. Anderson (2000) sugeriu a hipótese de
hotspots formados no manto superior, citando diversos fatores geofísicos que
permitiam a fusão nessas condições. Courtillot et al.(2003) chegou à conclusão que
hotspots do manto superior podem estar ligados à astenosfera, como réplicas
passivas das formas de rompimento litosférico.
Para Almeida (2006), esse seria o mecanismo que desenvolveu a CFN. O
hotspot teria surgido na região de Fortaleza durante o Eoceno Médio, ao longo da
borda afinada e fraturada da crosta continental em contato com a oceânica, originado
por anomalia térmica na astenosfera induzida pela cinemática litosférica. Esse
vulcanismo, sem indícios pretéritos reconhecidos, migrou com a movimentação da
placa, alcançando porções continentais a partir da ZFFN que, segundo as
reconstruções de Ernesto (2005), foram possivelmente reativadas, tendo seu sentido
de rotação alterados de horário para anti-horário, deslocando-se para norte em
direção à sua latitude atual. Essa mudança de polo durante o Eoceno Médio já havia
sido defendida por Sadowski (1987), que sugeriu um pulso importante na ativação
tectono-magmática na América do Sul e na África, correlacionando-se com uma
reorganização global das placas (Cande et al., 1988). Foi nesse mesmo momento que
se iniciou o vulcanismo na província alcalina de Fortaleza (vulcanismo Mecejana) e
na Bacia Potiguar (vulcanismo Macau) há cerca de 40 Ma. O encerramento desse
hotspot aconteceu no final do Plioceno ou no Arquipélago de Fernando de Noronha,
ou em um monte submarino situado a 60 km a ESE na mesma zona de fratura. A
causa pode ter sido (i) desvio do hotspot ou da zona de fratura, (ii) perda de atividade.
Rochas intrusivas alcalinas no Rio Grande do Norte também poderiam ser
atribuídas à fusão do manto superior no evento meso-eocênico, tendo a rocha alcalina
mais antiga encontrada 47±01 Ma (Mizusaki et al., 2002). O efeito do hotspot e
formação de uma cadeia oceânica na região potiguar não teria se repetido pela
ausência de uma zona de fratura que permitisse a canalização do magma (Almeida,
2006). Com exceção das rochas do Arquipélago de Fernando de Noronha, as rochas
vulcânicas da CFN não mais afloram, pois são estão recobertas, em diferentes
estágios de desenvolvimento por calcários biogênicos, como já discutido
anteriormente.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
20
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

3 PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Este capítulo irá discorrer sobre plataformas carbonáticas, como elas são
classificadas e quais os fatores controladores para sua existência. Também será dada
ênfase aos aspectos de plataformas carbonáticas isoladas, como modelos,
estratigrafia de sequências e seu afogamento ao longo do tempo.

3.1 Definições e Classificações

Plataforma carbonática é um termo geral utilizado para descrever


sequências de depósitos carbonáticos antigos e recentes (D. Bosence e Wilson,
2003). Elas podem estar inseridas em diversos contextos geotectônicos, embora
sejam mais encontradas ao longo de margens continentais passivas, em bacias
intracratônicas com falhamentos do tipo rifte e bacias de retroarco a antepaís (Tucker
e Wright, 1990).
As plataformas carbonáticas funcionam como “fábricas” de carbonatos, ou
seja, são não apenas os espaços onde o sedimento carbonático é desenvolvido, mas
também os processos de produção envolvidos (Tucker e Wright, 1990; Wright e
Burchette, 1996). Esse espaço de acomodação existente é preenchido até o nível do
mar (D. Bosence e Wilson, 2003) ou até que ocorra uma variação que impeça a
continuação de sua produção, seja por uma rápida subida no nível relativo do mar ou
por aumento de influxo siliciclástico, por exemplo.

3.1.1 Tipos de Plataformas Carbonáticas

O modelo desenvolvido por uma plataforma carbonática irá depender


principalmente da paleotopografia e da variação do nível do mar. Tucker e Wright
(1990; fig. 3.1) dividiu as plataformas carbonáticas em: i) plataforma com borda; ii)
plataforma em rampa; iii) plataforma epeirica; iv) plataforma isolada; v) plataforma
afogada. Essa divisão proporcionou uma terminologia comum em estrutura
morfológica em que a maioria dos tipos de plataformas poderia ser classificada (Read,
1985, 1982).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
21
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Embora trabalhos posteriores tenham tentado refinar essa classificação


(Wright e Burchette, 1996; Lukasik e Simo, 2008;), a diferenciação de plataformas
carbonáticas baseadas principalmente em critérios morfológicos permanece como a
forma mais comum de descrever a disposição deposicional do sistema carbonático,
independentemente da configuração, escala ou idade. Entretanto, a classificação de
plataformas pode tornar-se equivocada devido à falta de processos genéticos ligados
à sua definição, desenvolvimento e caráter ao longo do tempo.

Figura 3.1 – Principais modelos de plataformas carbonáticas. A-C: plataformas ligadas ao


continente; D: plataformas isoladas do continente. Modificado de Tucker e Wright (1990).

Plataformas com borda (fig. 3.1A) desenvolvem-se como plataformas de


águas rasas com uma quebra pronunciada em direção às águas profundas. Já as
plataformas em rampa (fig. 3.1B), mergulham suavemente (<1°) desde fácies
proximais (arenosas) até fácies mais distais (lamosas). Abrangendo grandes

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
22
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

extensões, as plataformas epeíricas (100-10.000 km de extensão; fig. 3.1C),


aproximadamente planas, podem ser formada pela cobertura de áreas cratônicas por
um mar raso.
Diferentemente das plataformas anteriores, as plataformas isoladas (fig.
3.1D) desenvolvem-se em águas rasas, mas que são cercadas por águas profundas
(Tucker e Wright, 1990) a ultra-profundas, tendo seus flancos íngremes. Uma
característica desse tipo de plataforma é o fato de que a distribuição de fácies é muito
afetada pelas direções predominantes do vento e de tempestades. Exemplos
clássicos modernos são Bahamas Bank (96.000 km²) e, em menor escala, as
plataformas desenvolvidas em Belize na porção offshore. Um atol é uma pequena
plataforma isolada geralmente formada sobre um vulcão subsidente (D. Bosence e
Wilson, 2003) ou alto estrutural.
Plataformas afogadas (fig. 3.1E) são comuns no registro geológico e podem
ser formadas por qualquer um dos modelos de plataformas carbonáticas existentes
(Schlager, 1981; Tucker e Wright, 1990). Elas são o resultado de uma rápida elevação
no nível relativo do mar, que passa a depositar fácies de águas mais profundas sobre
calcários marinhos rasos. Muitos calcários pelágicos foram depositados sobre
plataformas afogadas. Algumas plataformas afogadas formaram-se durante o
Jurássico (área do Mar Tethys) e Devoniano (Oeste Europeu). Exemplos recentes são
encontrados em Cay Sal Bank (Caribe) e Blake Plateau (Bahamas). Casos como esse
das Bahamas, foram identificados como afogamento seletivo (selective drowning) por
Schlager (1981). Esse mesmo termo é empregado para definir a transição de um atol
para guyot.

3.1.2 Tipos de Fábrica Carbonáticas

A partir de estudos dos atuais ambientes produtores de carbonatos e


antigas sucessões de calcário, sabe-se que existem três tipos principais de fábricas
carbonáticas (fig. 3.2): de águas quentes; de águas frias; e pelágicas (Bosence e
Wilson, 2005). Schlager (2005, 2003) introduziu os termos fábrica tropical (fábrica T
ou T factory), fábrica de águas frias (fábrica C ou C factory) e fábrica de mounds
lamosos (fábrica M ou M factory), equivalentes aos termos citados pelo trabalho
anterior.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
23
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

• Fábrica T – Desenvolvem-se no topo da coluna de água de ambientes marinhos


rasos, quentes, que suportam organismos calcários fotossintetizantes e
precipitações biologicamente controladas (D. Bosence e Wilson, 2003;
Schlager, 2005). É comum a construção de estruturas orgânicas resistentes a
ondas e cimentação marinha rápida (fig. 3.2A), principalmente na quebra da
plataforma-talude. Nos oceanos modernos, as fábricas T são encontradas entre
as latitudes de 30°N e 30°S, que possuem águas ricas em oxigênio e
temperatura mínima de 20°C (Schlager, 2005). Ainda segundo Bosence e
Wilson (2003), a razão para os calcários dessa fábrica dominarem o registro
geológico das rochas carbonáticas está na sua maior taxa de produção, que
permite maior acúmulo de sedimentos carbonáticos em relação às demais
fábricas.
• Fábrica C – Estão localizadas em profundidades rasas a moderadas de áreas
temperadas, árticas e, às vezes, tropicais, fora da zona fótica e, portanto, com
taxas de produção carbonática mais baixas em comparação com a fábrica T
(D. Bosence e Wilson, 2003). Suportam comunidades calcificadas de
invertebrados bentônicos marinhos, como moluscos, briozoários, foraminíferos
e cracas em associação com algas vermelhas calcificadas. Os produtos são
exclusivamente precipitados biocontrolados, com dominação de organismos
heterotróficos (Schlager, 2005). Não são encontrados recifes, nem oólitos, não
formando bordas (fig. 3.2B); lama carbonática e cimentos abióticos marinhos
são escassos. As fábricas C estendem-se desde os polos até o limite da fábrica
T, onde transiciona gradualmente. A fábrica C também pode ocorrer em baixas
latitudes na termoclina abaixo das águas superficiais quentes e em áreas de
ressurgência.
• Fábrica M – Ocorre em áreas oceânicas, onde as condições são adequadas
para organismos planctônicos, como cocólitos e foraminíferos. O plâncton
calcificado cresce na zona fótica rasa dos oceanos e após a morte, seus
detritos se acumulam em áreas de águas profundas, sendo então chamados
carbonatos pelágicos ou de águas profundas. No entanto, se as águas forem
muito profundas e frias, é provável que sejam subsaturadas em carbonato de
cálcio, fazendo com que o carbonato pelágico se dissolva e, portanto, nunca
atinja o fundo do mar (D. Bosence e Wilson, 2003). O componente

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
24
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

característico desta fábrica é o grão fino de carbonato que se precipitou in situ


denominado de automicrita (fig. 3.2C) e que funcionam como cimento para
formação de montes convexos. Uma série de estudos de caso detalhados
sugere que a precipitação desse tipo de grão é causada por uma interação
complexa rede de reações bióticas e abióticas com micróbios e decomposição
orgânica desempenhando um papel fundamental.

Figura 3.2 – Representação das geometrias dos três tipos de fábricas carbonáticas,
mostrando o nível do mar, a morfologia de fundo e o incremento típico do crescimento. A linha
de costa é marcada pela seta. (A) Em verde, a fábrica T é representada por plataformas com
borda de recife ou areias carbonáticas, que exportam sedimentos de tamanhos variados para
o talude, que por sua vez é íngreme e rico em detritos. (B) A fábrica C (azul), com geometria
em rampa, não constroem bordas rasas, apenas montiformas esqueletais em águas mais
profundas. (C) A fábrica M (vermelho) gera montiformas convexas abaixo da zona de ação
das ondas em taludes suaves, com estabilização por cimentos automicríticos (micritas
depositadas in situ), que permitem ângulos mais íngremes (até 42°). Modificado de Schlager
(2005). NM: Nível do mar.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
25
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

3.2 Fatores Controladores

O início, desenvolvimento e a extinção de plataformas carbonática e recifes


é a resposta à diversos mecanismos controladores. Dentre os mais importantes, estão
aqueles de origem tectônica, oceanográfica, climática, ecológica e eustática (Lukasik
e Simo, 2008) (fig. 3.3), que afetam direta ou indiretamente todos os estágios da
formação. Esses fatores criam os sinais físicos, químicos e biológicos responsáveis
pela resposta deposicional carbonática que, juntos, formam os sistemas deposicionais
presentes em ambientes modernos e antigos. Para esses autores, a resposta às
interações entre subsidência, hidrodinâmica (correntes, energia das ondas) e clima
(aridez, oferta de sedimentos, salinidade) está ligada ao desenvolvimento de
diferentes tipos de plataforma.
Por ser um sistema dinâmico, esses processos podem estar
interconectados e/ou superpostos, deixando mais difícil a separação no registro
geológico (Eberli, 1991). De modo geral, organismos que secretam carbonato
crescem em quase todas as condições, dos trópicos aos polos, em sistemas ricos ou
pobres em siliciclásticos, em áreas de alta ou baixa energia. Entretanto, eles formam
plataformas e recifes somente quando a soma dos resultados entre certos processos
deposicionais e seus controles permite a iniciação e crescimento de núcleos
carbonáticos (Lukasik e Simo, 2008). Em condições favoráveis, são produzidos
sedimentos carbonáticos suficientes para acreção vertical da plataforma em relação
ao nível do mar e sua progradação lateral sobre os flancos (Schlager, 1981). Do ponto
de vista temporal, a tectônica, a eustasia e o clima são principais controles em escalas
de longo prazo que refletem sua geração a partir de mecanismos globais, enquanto
as mudanças ambientais são significativas em escalas de curto prazo causadas por
perturbações regionais a locais no sistema oceânico (Lukasik e Simo, 2008).
A tectônica impulsiona muitos dos fatores predominantes para o
crescimento de plataformas e recifes, incluindo mudanças na acomodação, variações
do nível do mar, padrões de circulação, clima e mudanças na química da água (Wood,
2011). Isso resultará em impacto direto em fatores oceanográficos, climáticos e
hidrodinâmicos que, por sua vez, influenciará taxa e tipo de acumulação e na
distribuição das fácies sedimentares geradas pela plataforma ou recife (Lukasik e
Simo, 2008).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
26
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Figura 3.3 – Fatores controladores do desenvolvimento de plataformas carbonáticas e recifes


(Lukasik e Simo, 2008).

Mudanças eustáticas podem ser identificadas em qualquer escala, graças


às respostas estratigráficas criadas por diferentes ordens de mudança de nível
(Lukasik e Simo, 2008). As mudanças eustáticas em escala global podem caracterizar
condições de greenhouse e icehouse, movimentos de placas tectônicas, entre outros.
Já o clima exerce um grande controle sobre a evolução dos recifes a curto
e longo prazos, uma vez que as espécies produtoras de carbonato são diretamente
ligadas à temperatura da água, salinidade e energia de ondas do ambiente (Wood,
2011; Wright e Burchette, 1996). Ele produz um profundo efeito sobre a ecologia e
tipo de fábrica carbonática desenvolvida e sua expressão estratigráfica na escala de
plataforma regional (Lukasik e Simo, 2008), alterando as taxas de produção de
sedimentos carbonáticos através de mudanças nos níveis de recursos tróficos
induzidos pelo clima.
Deste modo, o crescimento do recife mostra a ciclicidade em todas as
escalas em resposta a termoscilações curtas (por exemplo, Milankovitch e ciclos
glacial-interglacial), bem como a intervalos climáticos de longo prazo, impulsionados
por processos mais lentos, como os comandados pela tectônica (Wood, 2011).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
27
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

3.3 Plataformas Carbonáticas Isoladas

Assim como as plataformas carbonáticas conectadas (attached), as


plataformas isoladas precisam de águas claras e condições climáticas favoráveis para
a produção do sedimento carbonático necessário ao seu desenvolvimento (Eberli,
1991). Além disso, elas exigem ainda algum relevo topográfico para a separação
inicial entre o banco e as áreas de águas mais profundas, embora não se saiba qual
o mínimo necessário. Embora possam ser encontradas na maior parte dos contextos
tectônicos, muitas dessas plataformas iniciaram-se em altos topográficos limitados por
falhas criados durante o tectonismo extensional da crosta continental (Wilson, 1975).
Dorobek (2008) fez uma revisão sobre plataformas carbonáticas
desenvolvidas em tectônica rifte, integrando conhecimentos da cinemática de falhas
e as respostas à deformação sin-rifte, a fim de entender os padrões estratais e fácies
encontradas nestas plataformas. Nesse contexto, tanto altos estruturais (próximo a
divisão entre crosta continental e oceânica; fig. 3.4) como edifícios vulcânicos
adormecidos (dentro da crosta oceânica) podem fornecer substratos adequados para
a sedimentação de plataformas carbonáticas isoladas ou não. Embora possa ser difícil
determinar quando o vulcanismo submarino ocorreu em relação à história tectônica
geral da bacia, sucessivas erupções submarinas de fontes locais podem construir
topografia de fundo marinho suficiente para alcançar a zona fótica, onde plataformas
carbonáticas de águas rasas e recifes podem ser iniciadas.

Figura 3.4 – Desenvolvimento de uma plataforma carbonática isolada sobre um alto marginal
em crosta transicional. No atual contexto de nível do mar (NM), ela estaria afogada. Modificada
de Dorobek (2008).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
28
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Contudo, a repetição da segmentação tectônica indica que a destruição é


importante no desenvolvimento de grandes plataformas "estáveis". Um banco
carbonático produtivo, no entanto, tem o "poder curativo" para cobrir as falhas e
soterrar o relevo tectônico através preenchimento das intra-plataformas e pela
progradação das suas margens (Eberli, 1991). Um exemplo clássico disso é a
plataforma isolada mais estudada, Great Bahama Bank, cuja extensa progradação
está atualmente a 27 km da falha inicial (Eberli e Ginsburg, 1989).

3.3.1 Geometria e desenvolvimento

As plataformas carbonáticas isoladas variam em tamanho de poucos até


centenas de quilômetros (mais raros) de diâmetro, com flancos mais íngremes que
15°, sendo que as maiores podem desenvolver pilhas de sedimentos com centenas
de metros (Wright e Burchette, 1996). Devido ao fato de serem cercadas por águas
profundas de todos os lados, as margens são fortemente influenciadas pela direção
dominante dos ventos, ondas e correntes de maré, fazendo com que a distinção entre
barlavento e sotavento seja bastante clara.
A geometria dos depósitos carbonáticos resulta dos padrões espaciais de
produção e dos efeitos superpostos da redistribuição de sedimentos por ondas e
correntes (Schlager, 2005). Os recifes desenvolvem-se preferencialmente ao longo da
margem de barlavento, formando uma discreta borda no limite plataforma/talude de
plataformas tropicais, onde a atividade de ondas e correntes é maior e soterramento
por mobilização de sedimentos tem menos influência (Wright e Burchette, 1996;
Schlager, 2005).
Os termos usados para descrever a geometria de recifes e acumulações
de carbonato são bastante numerosos e nem sempre autoexplicativos (Wilson, 1975;
Wright e Burchette, 1996; Schlager, 2005). Schlager (2005) compilou alguns dos
principais termos que capturam bem as principais tendências geométricas e estes são
mostrados a seguir.

a) Acumulações carbonáticas (carbonate build-up) – usado para descrever


feições carbonáticas que cresceram acima do fundo marinho adjacente, sem
que sua origem seja especificada. Pode ter a partir de alguns metros de altura

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
29
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

e diâmetro até dezenas de quilômetros. É possível usar para acumulações de


topo plano, como plataformas carbonáticas, assim como também recifes ou
montiformas convexas.
b) Recifes (reefs) – refere-se a um acúmulo de resistência à onda formado pela
interação de construção de estruturas orgânicas, erosão, sedimentação e
cimentação (Wright e Burchette, 1996). Os controles básicos da geometria do
recife são o crescimento ascendente da estrutura orgânica, o reforço da
corrente por esta estrutura e a exportação de sedimentos pela fábrica de
recifes, que compensa parcialmente o efeito de erosão das ondas e correntes.
Recifes funcionam como uma barreira protetiva: de um lado, atingido pelo
oceano, do outro, uma laguna calma. O resultado é a formação de “línguas”
progradantes de sedimento na direção da laguna, geradas pelo transporte de
detritos do recife.
c) Montiformas (mounds) – Na classificação de James e Bourque (1992), recifes
e montiformas foram diferenciados. Nela, montiformas constituem uma
estrutura submarina arredondada, em forma de colina, composta por material
esquelético ou auto-micrítico de origem predominantemente microbiana, que
podem ser interpretadas como estruturas hidrodinâmicas tal como qualquer
outra acumulação detrítica, siliciclástica ou carbonática. O topo convexo dos
montiformas provavelmente reflete sua formação em águas mais profundas
abaixo da zona de ação das ondas. Onde elas acumulam-se na zona de ação
intensiva das ondas, seu topo é achatado e suas fácies mudam. Por outro lado,
a geometria dos recifes que se afogam lentamente pode mudar gradualmente
de plataforma plana para montiforma à medida que subsidem abaixo da ação
das ondas (Neuhaus et al., 2004).
d) Borda da plataforma (platform rim) – Semelhante àquelas das plataformas com
borda (rimmed platforms) e plataformas siliciclásticas. É mais produtiva que a
laguna e o talude superior, para onde o excesso de sedimentos é extravasado
causando progradação bidirecional: progradação do leque de pós-recife
(backreef apron) dentro da laguna e simultaneamente progradação em direção
ao mar e talude. A borda não necessariamente é um recife, pode também ser
formada por bancos de areia carbonática formados em zona de supramaré e
litificados precocemente.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
30
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

e) Talude e bacia (slope and basin) – Essas áreas atuam como escoadores de
grande parte do excesso de sedimentos produzido pelo topo da plataforma, e
determinam também em grande parte a extensão e a forma do topo. Na
estratigrafia de sequências, elas desempenham um papel crucial, pois
registram grande parte da informação sobre os níveis de mar baixo. O
sedimento entra pela parte superior do talude e é distribuído no sentido
descendente pelo transporte gravitacional de sedimentos. Em ângulos de
declive moderados, a competência e capacidade dos agentes de transporte
diminuem constantemente a fonte de sedimentos na margem da plataforma.
Consequentemente, as taxas de sedimentação diminuem e as linhas temporais
convergem em direção à bacia. À medida que a declividade aumenta, a força
do fluxo gravitacional também aumenta e volumes significativos de sedimentos
começam a fazer bypass no talude e a depositar no piso adjacente da bacia.
Em direção a bacia, depois um talude ravinado, é formado um leque de
sedimentos como uma série de leques turbidíticos que se aglomeram
lateralmente, sendo comparáveis às elevações continentais dos oceanos
profundos.

3.3.2 Estratigrafia de Sequências

Os conceitos de estratigrafia de sequências aplicam-se a sistemas


carbonáticos quase da mesma maneira que a sistemas siliciclásticos ou outros
sistemas terrígenos terrestres (Cathro et al., 2003; Handford e Loucks, 1993; Hunt e
Tucker, 1993; Sarg, 1988; Schlager, 2005). Modelos-padrão de fácies carbonáticas
são bastante utilizados para a interpretar os paleoambientes e entender como os
carbonatos respondem à essas mudanças. Além disso, permitem a diferenciação dos
tipos de plataforma e construção de modelos para sequências deposicionais e tratos
de sistema (Handford e Loucks, 1993).

3.3.2.1 Sistemas siliciclásticos versus carbonáticos


Fundamentalmente, mudanças no nível de base têm um efeito recíproco
na disponibilidade de sedimentos em bacias carbonáticas e em bacias clásticas
(Catuneanu, 2006). Uma comparação das diferenças entre sistemas siliciclásticos e

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
31
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

carbonáticos foi feita por (James e Kendall, 1992; fig. 3.5). Eles observaram que
frequentemente os sistemas carbonáticos operam de maneira oposta em relação aos
siliciclásticos com relação ao nível do mar quando se trata de suprimento de
sedimentos. Nos sistemas siliciclásticos, o maior fornecimento ocorre durante
períodos de queda de nível de mar, quando ocorre incisão fluvial e a produção
carbonática cessa. Já os sistemas carbonáticos tem maiores taxas de crescimento
durante subidas no nível relativo do mar, que diminuem o influxo siliciclástico e
aumentam o espaço de acomodação (Bosence e Wilson, 2003). No caso das
plataformas isoladas, ainda é necessário levar em consideração outros fatores
críticos, como a área disponível para deposição e o fato do substrato ser plano ou não
(Wright e Burchette, 1996).
Para Catuneanu (2006), esta resposta oposta de sistemas carbonáticos e
siliciclásticos, em relação as mudanças de nível de base, é uma consequência da
origem intra- e extra-bacinal, respectivamente. Segundo ele, enquanto nos sistemas
siliciclásticos as taxas de agradação são uma função do suprimento de sedimentos
juntamente com o fluxo de energia local, independentemente da profundidade da
água; os sistemas carbonáticos são muito mais sensíveis à profundidade da água e
às condições ambientais em geral.

3.3.2.2 Superfícies limitantes


Seções estratigráficas carbonáticas são compostas por superfícies
estratigráficas que incluem discordâncias subaéreas, conformidades correlativas,
superfícies de inundação máxima, superfícies de inundação, superfícies regressivas
máximas, superfícies regressivas de erosão marinha e superfícies transgressivas de
ravinamento (Catuneanu et al., 2009). A diferença entre essas superfícies está no seu
caráter físico e nos sedimentos que elas subdividem. Segundo esse mesmo autor, a
interpretação de superfícies-chave em um contexto de sequência estratigráfica
carbonática pode ser particularmente problemática, pois os depósitos podem ser
apagados e eventos críticos podem não ser registrados. As superfícies limitantes
reconhecidas são os limites de sequências, superfícies transgressivas, superfícies de
máxima inundação e pseudo-discordâncias (Schlager, 2005), definidos a seguir.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
32
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Figura 3.5 – Comparação generalizada das respostas sedimentares com relação à variação
do nível do mar entre sistemas siliciclásticos e carbonáticos. Em ambos casos, quando ocorre
uma queda do nível do mar, ela ocorre abaixo da quebra da plataforma. (James e Kendall,
1992 adaptado por Bosence e Wilson, 2003).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
33
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

a) Limite de Sequências (LS) – A definição de Vail et al. (1977) é ampla e coloca


o limite de sequências como uma discordância que separa as sucessões
conformes dos estratos e deixa espaço para maiores especificações.
Posteriormente, Vail e Todd (1981) apresentaram 6 variações na produção de
discordâncias por erosão subaérea e marinha, embora somente 2 tenham sido
aceitas.
b) Superfície transgressiva (ST) – É altamente variável, dependendo da extensão
do TSMB. Onde o TSMB é estreito e dominado pelo crescimento de recife em
vez de acumulação de sedimento solto, a superfície transgressiva pode ter
muitos metros de relevo deposicional à medida que sobe e desce sobre corpos
recifais isolados (Schlager, 2005).
c) Superfície de inundação máxima (SIM) – Em plataformas tropicais e recifes, a
SIM é definida pelo momento em que ocorre mudança de fácies profundas para
mais rasas. Como os sedimentos carbonáticos são bastante sensíveis à
profundidade, essa relação pode ser tida com alguma certeza. A identificação
geométrica da SIM como um nível de downlap de clinoformas de TSMA é difícil
ou impossível porque os topos das plataformas são virtualmente horizontais,
com estratificação quase paralela e com lapouts escassos. Como
consequência, os níveis máximos de inundação são geralmente indicados
como intervalos e não como superfícies.
d) Pseudo-discordâncias – Também conhecidas como pseudo-lapout, são
identificadas pelas discrepâncias entre as discordâncias sísmicas e de poço ou
afloramento (Schlager, 2005). Isso pode ocorrer pela rápida mudança lateral e
com o tempo durante o processo de acumulação. As pseudo-discordâncias
incluem pseudo-toplap, pseudo-onlap e pseudo-downlap.

Dificuldades podem existir durante o rastreamento ou delimitação dos


limites das sequências na sísmica dentro de construções isoladas, principalmente
quando as margens não se interdigitam com sedimentos bacinais. A resolução
estratigráfica é baixa nas plataformas internas e recifes, de modo que a determinação
da idade absoluta é comumente impossível (Wright e Burchette, 1996). Isso torna mais
difícil a correlação dos limites estratigráficos internos com as interpretações
estratigráficas de sequência regional.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
34
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Raramente, as plataformas isoladas costumam ser tão progradacionais


quanto as plataformas conectadas, devido seu desenvolvimento inicial em situações
de limitado disponibilidade de substrato (blocos falhados ou outras elevações) e que
ainda estão expostos a subsidência moderada a elevada (Wright e Burchette, 1996).
No entanto, plataformas isoladas de tamanho pequeno a médio podem exibir
características globais de agradação ou retrogradação.

3.3.2.3 Tratos de Sistemas


Tratos de sistemas são formados por sistemas deposicionais
contemporâneos, formando a subdivisão de uma sequência (Brown e Fisher, 1977).
Eles são interpretados com base em padrões de empilhamento estratigráfico, relações
estratigráficas e tipos de superfícies limitantes (Catuneanu, 2017, 2006; Sarg, 1988),
em diferentes escalas, dependendo da resolução dos dados disponíveis.
Uma sequência é interpretada como sendo depositada durante um ciclo de
mudança eustática do nível do mar, começando e terminando próximo dos pontos de
inflexão da curva do nível do mar (Sarg, 1988), enquanto os tratos de sistemas são
intervalos específicos dessa curva Catuneanu (2006) definiu três tratos de sistemas
para sistemas carbonáticos: trato de sistema de mar alto (TSMA), trato de sistema de
mar baixo (TSMB1) e trato de sistema transgressivo (TST). Alguns autores (Bosence
e Wilson, 2003b; Wright e Burchette, 1996) consideram ainda um quarto estágio, que
representa o estágio de queda (TSMB2). A figura 3.6, modificada de Wright e Burchette
(1996) por Bosence e Wilson (2003) representa os quatro estágios na curva de
variação do nível do mar, bem como a resposta do sedimento carbonático.
Para Bosence e Wilson (2003b), a progradação devido ao “derrame” de
nível alto (highstand shedding) é dominante durante o TSMA (fig.3.6a, d). Em seguida.
uma pequena cunha de sedimentos é formada sobre o topo do TSMA anterior (fig.
3.6bi) durante a regressão forçada devido à baixa produtividade carbonática durante
o estágio de queda do nível relativo do mar (TSMB 1). Pode ocorrer também a
progradação com downstepping ou downlapping (fig. 3.6bii) quando (1) a produção
carbonática seja maior, ou (2) ocorrer uma significativa erosão física do talude
carbonático; ou (3) a inclinação é de menor ângulo, ou (4) a taxa de variação relativa
do nível do mar é lenta. Em todos os casos, os sedimentos mais antigos sofrerão
exposição subaérea e uma discordância que representa o limite da sequência

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
35
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

começará a ser formada. Uma geometria similar àquela da figura 3.6bii continuará no
trato de sistema de mar baixo (TSMB2), embora a quantidade de sedimentos
depositados possa ser menor ou ausente, especialmente quando a margem é
íngreme. É nesta fase que ocorre a erosão química, caso a plataforma esteja em clima
úmido, de modo que o material é removido da sucessão, deixando apenas um
pequeno traço no registro estratigráfico.

Figura 3.6 – Representação do desenvolvimento dos tratos de sistema carbonáticos em um


ciclo idealizado de mudança do nível do mar. TSMB1: Trato de sistema de mar baixo – estágio
de queda; TSMB2: Trato de sistema de mar baixo; TST: Trato de sistema transgressivo; TSMA:
Trato de sistema de mar alto. (Wright e Burchette, 1996)

Ainda segundo os autores citados anteriormente, o espaço de acomodação


começa a aumentar durante o TST, podendo ser progradacional (taxa de produção >
espaço de acomodação; fig. 3.6ci) ou agradacional (taxa de produção = espaço de
acomodação; fig. 3.6cii). Se a produção de carbonática não conseguir acompanhar o
aumento do espaço de acomodação, uma série de pequenas acumulações
carbonáticas, como montiformas, se formará em sucessão e mostrará um padrão
retrogradacional de pequenas plataformas afogadas sobre o declive anterior (fig.
3.6ciii). Caso a taxa de aumento no espaço de acomodação seja muito elevada, as
fábricas carbonáticas podem não ser reestabelecidas, ocorrendo o afogamento da
plataforma (fig. 3.6civ). A plataforma pode então ser coberta por uma fina camada de
sedimentos pelágicos (fig. 3.7).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
36
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Plataformas carbonáticas que não estão ligadas à terra mostram mudanças


significativas na geometria e enfrentam condições oceanográficas que variam em
torno das margens. Pesquisas sobre as plataformas isoladas do Caribe (incluindo as
Bahamas) mostraram que há um forte efeito de barlavento/sotavento sobre a dinâmica
dos sedimentos da plataforma e das fácies preservadas.

3.3.3 Plataformas isoladas e atóis


Segundo Bosence e Wilson (2003b), as margens de barlavento têm menor
suprimento sedimentar, uma vez que o sedimento é transportado em direção da
plataforma e para fora da margem, como mostrado na sequência acima do LS (i) da
figura 3.7 (lado direito). As condições de alta energia resultam na erosão da margem
de barlavento, formando escarpas íngremes com queda de rochas (olistolitos) e
depósitos de fluxo de grãos em sua base. Já as margens de sotavento são
caracterizadas por sequências progradacionais espessas, lateralmente extensas,
compostas pelo material retirado do topo da plataforma e das margens (lado esquerdo
da figura 3.7). No caso de atóis, os flancos são muito íngremes e cercados por
profundas bacias oceânicas, deixando pouca oportunidade de progradação.

Figura 3.7 – Desenvolvimento estratigráfico de uma plataforma isolada. A sequência acima


do LS (i) desenvolveu-se durante uma baixa taxa de subida relativa do nível do mar: ventos e
correntes dominantes vieram da direita, formando uma margem faminta na direita, e
progradação a esquerda devido ao mar alto (highstand shedding). A sequência acima do LS
(ii) desenvolveu-se durante um período de subida do nível do mar que superou a produção
carbonática, resultando em retrogradação e eventual afogamento. O TSMB1 e TSMB2 foram
representados juntos e ambos são mostrados em rosa. Os limites de sequência estão
representados como linhas vermelha e as superfícies de máxima inundação em linhas verdes
(Wright e Burchette, 1996).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
37
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

3.3.3.1 Controles na estratigrafia de sequência de plataformas carbonáticas isoladas


Para Dorobek (2008), as direções de paleovento e o fornecimento de
sedimentos siliciclásticos para os depocentros adjacentes influenciam as distribuições
de fácies, assim como também a morfologia da plataforma e o desenvolvimento
estratigráfico geral.

• A direção do vento influencia na localização das fácies e dos padrões


estratigráficos de crescimento nos altos. As fácies de margem de plataforma
no barlavento apresentam taxas de acumulação mais alta do que na plataforma
interna, de modo que a mudança de geometria de agradacional para
retrogradacional pode dominar o lado que enfrenta a dominação dos ventos. O
lado barlavento será mais faminto de sedimentos, enquanto o de sotavento terá
grande suprimento sedimentar para o talude.
• A largura da plataforma também é importante para reconhecer padrões
estratais. No caso de plataformas estreitas (<30 km) poucos padrões estratais
internos são desenvolvidos. Já para aquelas com mais de 30 km, a elevação
cumulativa faz com que as fácies de margem de plataforma inclinem-se em
direção ao seu interior. No caso de plataformas sobre horsts, essa inclinação
deve diminuir progressivamente nos estratos mais jovens, uma vez que o
deslocamento nas falhas limitantes diminui com o tempo.
• Eventos sísmicos podem provocar falhas gravitacionais e eventos de perda de
massa ao longo das margens e encostas da plataforma. Esses depósitos irão
acumular-se na base da elevação, sendo conhecidos como olistolitos
carbonáticos.
• Em relação à estratigrafia de sequências (fig. 3.8), padrões estratiformes
semelhantes devem caracterizar as plataformas em horst, embora os estratos
do TSMB possam não ser bem desenvolvidos no interior da plataforma e sejam
preferencialmente desenvolvidos em encostas a sotavento. As escarpas de
falha são tipicamente muito íngremes para o acúmulo maior de qualquer
sedimento carbonático, exceto por finas lâminas de sedimentos ligadas às
escarpas de falha por organismos incrustantes. A encosta a barlavento é
dominada por estratos do TSMA e TST superpostos por superfícies de
exposição.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
38
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Na figura 3.8 de Dorobek (2008), os padrões estratais de crescimento


internos da plataforma são controlados pela topografia e pela distância das principais
falhas delimitantes do horst. Segundo ele, as margens aparentemente “elevadas” e o
amplo sagging dentro do interior da plataforma não são reconhecidas dentro das
plataformas sin-rifte isoladas, a menos que o espaçamento entre as falhas limitantes
seja de pelo menos 30 km. As falhas secundárias antitéticas ou sintéticas interiores
também podem afetar os padrões estratais de crescimento. Esse mesmo poderia ser
adaptado para plataformas nucleadas sobre altos vulcânicos, embora o controle
tectônico causado pelas falhas limitantes não esteja presente, espera-se que as fácies
e tratos sejam distribuídos de maneira semelhante.

Figura 3.8 – Modelo tectono-estratigráfico de uma plataforma isolada sin-rifte sobre um horst
(alto estrutural). Note a diferença entre as fácies de barlavento e sotavento ao longo do topo
da plataforma e nos flancos. Embora não seja mostrado em detalhes neste diagrama, o TSMB
podem ser melhor expresso ao longo das margens de sotavento. Modificado de Dorobek
(2008).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
39
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

3.4 Afogamento de uma Plataforma Carbonática

Plataformas carbonáticas de águas rasas e recifes são afogados quando a


taxa de subsidência tectônica ou do aumento do nível do mar ultrapassa a taxa
acumulação de carbonatos, e a produção de carbonato cessa (Schlager, 1981) (fig.
3.9). Pulsos rápidos de aumento relativo do nível do mar ou redução do crescimento
bentônico por deterioração do ambiente continuam sendo as únicas explicações
plausíveis do afogamento.
Segundo Schlager (2005), plataformas afogadas exibem tipicamente uma
sequência de depósitos neríticos, passando rapidamente para sedimentos marinhos
profundos. Para este autor, os substratos endurecidos (hardgrounds) com crostas de
óxido de ferro-manganês, fosfato ou glauconita comumente separam depósitos
neríticos e de águas profundas e indicam um período de não-deposição dentro do
ambiente marinho. Alguns depósitos de plataforma mostram os efeitos da diagênese
meteórica, sugerindo a exposição da plataforma antes do afogamento.

Figura 3.9 – Diagrama esquemático de Schlager (1981) mostrando o início, crescimento e afogamento
de plataformais e recifes carbonáticos. Neste modelo, o crescimento carbonático aconteceu apenas
enquanto as plataformas estavam na zona fótica. Quando a acumulação de carbonatos era maior igual
ao aumento do nível do mar, os recifes estavam próximo ao nível do mar. O afogamento ocorreu quando
a taxa de subida foi maior que o acúmulo de sedimentos.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
40
PLATAFORMAS CARBONÁTICAS

Segundo Catuneanu et al., (2009), a descontinuidade da produção


carbonática e a mudança para um sistema siliciclástico podem ser atribuídos a vários
controles, incluindo:
(1) exposição subaérea desencadeada pela queda do nível de base;
(2) aumento rápido do nível de base e consequente afogamento do
sistema de carbonato;
(3) progradação de sistemas siliciclásticos em condições regressivas
normais; e
(4) mudança de clima e condições ecológicas.

No caso do afogamento, o contato entre os carbonatos e a fácies


sobrejacente de granulação hemipelágica foi denominado “discordância de
afogamento” (Schlager, 1989), sendo então um tipo especial de limite de sequência
em sucessões mistas de carbonato-siliciclástico (Schlager, 1999).
Há inúmeros exemplos de antigas plataformas carbonáticas afogadas no
registro geológico (Wright e Burchette, 1996). No sul da Europa muitas plataformas
Jurássicas foram rifteadas e subsidiram durante a instalação da margem passiva
Tethiana, de modo que seu afogamento foi ligado à subsidência (Bosellini, 1989;
Schlager, 1981). Globalmente, um evento ocorrido do início até a metade do Cretáceo
(Valanginiano a Turoniano) também afogou diversas plataformas carbonáticas,
correspondendo a períodos oceanos anóxicos e inversões periódicas da coluna de
água, de modo que as águas mais profundas ficavam ricas em nutrientes, bloqueando
a continuidade na formação de carbonatos (Schlager, 1991). Já, os afogamentos
ocorridos durante o Plio-Pleistoceno são ligados a instalação de extensos mantos de
gelo, causando variações glacio-eustáticas no nível do mar (Wright e Burchette, 1996).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
41
MATERIAIS E MÉTODOS

4 MATERIAIS E MÉTODOS

O fluxo de trabalho (fig. 4.1) seguido nesta dissertação consistiu de


diversas etapas, entre elas a pesquisa de material bibliográfico, compilação de dados
de batimetria da região e interpretação de dados sísmicos pós-empilhamento e perfis
de poço de exploração disponibilizados. Aos dados sísmicos foram aplicados
atributos, que evidenciaram refletores/falhas, melhorando a qualidade da
interpretação. Todos os dados foram analisados de forma que fosse possível integrá-
los para caracterização sismoestratigráfica do Platô do Ceará e das áreas adjacentes.

Figura 4.1 – Fluxograma de trabalho seguido para este trabalho.

Os poços e seções sísmicas foram disponibilizados pela Agência Nacional


do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e pela Marinha do Brasil, em
parceria com o projeto Geohazards e Tectônica – A influência de zonas de fratura na
reativação de margens passivas: Margem Equatorial Brasileira (CAPES-IODP).

4.1 Batimetria

Mesmo com os recursos existentes atualmente, a maior parte dos oceanos


não possui cobertura batimétrica de boa resolução e grande parte dos dados baseia-

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
42
MATERIAIS E MÉTODOS

se em intepretações e compilações de tracklines randômicas de diferentes fontes e


interpolações de dados de gravimetria.
Os dados batimétricos utilizados (fig. 4.2) foram obtidos no banco de dados
disponibilizado pela GEBCO (GEBCO_2014 Grid) no formato *.ASCII (x, y, z) com grid
disponível em intervalos de 30 arcos-segundo e referenciados ao nível médio do mar
(GEBCO, [s.d.]) e com resolução de 925 m. Esses dados são de variadas fontes e
qualidades de cobertura e não incluem batimetria detalhada de plataformas de águas
rasas, mas satisfazem para trabalhos de escala mais regional e delimitação de
grandes feições.

Figura 4.2 – Grid batimétrico gerado através de imagens SRTM_30 Plus em intervalos de 30
arcos-segundo disponibilizado pela GEBCO.

Os dados de batimetria obtidos da área de interesse foram inseridos no ArcGis


10.3. Neste software foram gerados arquivos, na sequência, shapefiles pontuais
(GRID regular), modelos TIN (Triangular Irregular Network), arquivos raster e curvas
batimétricas. As curvas foram espaçadas em 50 m para delimitação das feições de
plataforma e talude, além dos contornos do Platô do Ceará. Foram ainda destacadas

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
43
MATERIAIS E MÉTODOS

as isóbatas de 100 m, 500 m, 1.000 m, 2.000 m e 3.000 m, que melhor definem as


feições regionais citadas acima.
Além dos dados batimétricos fornecidos pela GEBCO, foi utilizado o mapa-
base do oceano fornecido pela ESRI no banco de dados do ArcGIS, atualizado em
2013 (ESRI, 2016). A base de dados inclui batimetria, nomenclaturas de feições
oceânicas e valores derivados de profundidade em metros. As informações foram
compiladas de diversas fontes e servidores, incluindo a Carta Batimétrica Geral dos
Oceanos GEBCO_08 Grid (originalmente feita a partir de dados SRTM30_plus);
Dicionário Geográfico de Nomenclatura das Feições Submersas versão 2010 (IHO-
IOC GEBCO – Gazetteer of Undersea Feature Names); Administração Oceânica e
Atmosférica Nacional (NOAA, em inglês); entre outros.

4.2 Poços Exploratórios

Neste trabalho, foi utilizado apenas um poço exploratório, 1-CES-154A, que


foi recebido na forma de perfil composto escaneado em *.PDF. Deste poço, foram
utilizadas as marcações dos topos de formação e as informações de datação
bioestratigráficas como principais marcadores cronoestratigráficos deste trabalho.
Esse poço totalizou 3942 m de perfilagem na região da Depressão do Ceará, cruzando
rochas sedimentares desde o Mioceno Superior (N-640) até Turoniano (N-260.4), não
atingindo o embasamento.
As informações do poço foram inseridas no software OpendTect 6.0 da
dGB Earth Science, disponibilizado pelo Programa de Pós-Graduação em
Geodinâmica e Geofísica (PPGG/UFRN), em tempo duplo. A velocidade foi ajustada
com o perfil sísmico vertical (vertical seismic profile, VSP) existente no arquivo do perfil
composto. Os topos de formações e as idades foram inseridas como marcadores
sobre o poço.
Em seguida, foi feita a amarração sísmica-poço na seção 0448 utilizando o
topo das biozonas definidas no poço exploratório, que correspondiam à algumas das
idades indicadas pelo poço (fig.4.3). A correlação das discordâncias interpretadas
neste trabalho para as regiões de plataforma e borda de plataforma foi comparada
com os resultados obtidos por Cunha (2018), que estudou a sucessão Drifte
regressiva da Bacia Potiguar nesta porção.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
44
MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 4.3 – Correlação poço-sísmica no software OpendTect. Linha vermelha indica o limite
inferido do embasamento. Linhas pretas indicam falhas estruturais.

4.3 Linhas Sísmicas

O conjunto de dados utilizado para a interpretação sismoestratigráfica


consistiu de 13 linhas sísmicas 2D pós-empilhadas (pos-stacking) (fig. 4.4), sendo elas
8 dip (SW-NE) e 5 strike (NW-SE), abrangendo tanto a região do talude, como o Platô
do Ceará, Depressão do Ceará e uma pequena porção da planície abissal. Os perfis
foram inicialmente carregados no software OpendTect 6.0.
Inicialmente, foi marcado o refletor correspondente ao fundo oceânico e em
seguida, foram calculadas as superfícies referentes à primeira e segunda múltiplas
deste (M1 e M2, respectivamente) para eventuais dúvidas. Posteriormente, foram
aplicados atributos e filtros aos dados sísmicos para melhoria do dado e que serão
comentados a seguir.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
45
MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 4.4 – Mapa de localização dos poços exploratórios (ponto verde) e perfis sísmicos 2D
disponibilizados para este trabalho. O destaque em vermelho nos perfis corresponde as
figuras que serão mostradas nos resultados deste trabalho.

4.3.1 Filtro de mergulho médio (dip-steered median filter)

Esse filtro ajuda na remoção do ruído randômico no dado sísmico (dGB


Earth Sciences, 2016), fazendo com que os refletores fiquem mais contínuos (Fig. 4.5)
e tornando-os mais fáceis de serem interpretados.

(A) (B)

Figura 4.5 – Filtro de mergulho médio. A) Dado bruto B) Dado com filtro.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
46
MATERIAIS E MÉTODOS

4.3.2 Filtro de Aprimoramento de Falhas (fault enhancement filter)

O filtro de aprimoramento de falhas acentua arestas (falhas) por meio de


filtragem mediana ou de difusão, ao longo do mergulho estrutural (dGB Earth
Sciences, 2016). Com a aplicação desse filtro, as falhas ficaram mais evidentes,
embora também podem ser criadas algumas outras que não existam, dependendo da
qualidade do dado.

4.3.3 Pseudo-relevo (pseudo relief)

Pseudo-relevo é um atributo aplicado na sísmica, a fim de criar uma


imagem mais consistente para uma interpretação mais fácil de falhas e horizontes
(dGB Earth Sciences, 2016) (fig. 4.6). É bastante útil quando aplicado em dados 2D,
pois gera mapas de amplitude e seções sísmicas que refletem, o mais fielmente
possível, a geologia de subsuperfície (Bulhões e Amorim, 2005).
O cálculo para o pseudo-relevo consiste em dois passos: (1) cálculo de
energia com uma janela de [-4; +4] ms; e (2) aplicação da transformada de Hilbert na
RMS de amplitude. Nesse trabalho foi usado o padrão do software, que tornou
possível identificar o embasamento acústico, além de feições diversas.

(A) (B)

Figura 4.6 – Atributo de pseudo-relevo. A) Dado bruto B) Dado com atributo empregado.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
47
MATERIAIS E MÉTODOS

4.4 Sismoestratigrafia

A sismoestratigrafia baseia-se na analogia entre as reflexões sísmicas de


um perfil e uma sucessão de estratos (Vail e Mitchum, 1977). Desse modo, os
refletores são associados às superfícies chaves da Estratigrafia de Sequências ,
assim como também pelo reconhecimento dos padrões de terminação dos refletores
sísmicos e análise das fácies sísmicas, além da geometria externa e de
preenchimento (Bally, 1978; Catuneanu, 2006; Catuneanu et al., 2011; Ribeiro, 2001;
Vail, 1987).
Pressupõe-se na sismoestratigrafia que as reflexões sísmicas são,
primariamente, resultado do contraste de impedância acústica sobre superfícies
físicas de caráter temporal e com conotação cronoestratigráfica e não
necessariamente coincidem com contatos litológicos (Ribeiro, 2001).

4.4.1 Terminações estratais

Na análise sismoestratigráfica, é levada em consideração a relação


geométrica entre os estratos e a superfície estratigráfica sobre a qual eles terminam
como, por exemplo, onlap, downlap, toplap, etc. (fig. 4.7 e 4.8), sendo os dois
primeiros os mais facilmente identificáveis. Os padrões de terminação desses podem
indicar direção da linha de costa durante a deposição (Catuneanu, 2006). É possível
também, a partir dos padrões estratais, interpretar processos de deposição e erosão,
limites, geometria e arquitetura relacionados a variações (Posamentier et al., 1988).
Algumas terminações são típicas de determinados sistemas deposicionais como, por
exemplo, o padrão toplap que evidencia um hiato não-deposicional em nível de base
muito baixo, impedindo deposição acima do estrato, gerando uma superfície de by-
pass e depósitos progradantes lateralmente (Ribeiro, 2001).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
48
MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 4.7 – Padrões de terminação em uma sequência de modelo padrão idealizado.


Modificado de Vail, 1987.

Figura 4.8 – Esquema de padrões de terminação de reflexões/estratos nos limites superior e


inferior de uma sequência sísmica/deposicional. Modificado de Mitchum et al., (1977).

Como já foi mostrado no capítulo 3, a estratigrafia de sequência carbonática


assemelha-se bastante com a estratigrafia de siliciclásticos e suas fácies
correspondem diretamente a mudanças no nível relativo do mar (Cathro et al., 2003;
Handford e Loucks, 1993; Hunt e Tucker, 1993; Sarg, 1988; Schlager, 2005).
Entretanto, alguns padrões de terminações sísmicos são característicos de sistemas
carbonáticos (fig. 4.9).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
49
MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 4.9 – Padrões de terminação em sequências carbonáticas são mais variados do que
em siliciclásticas, especialmente porque existem muitos centros localizados de alta produção,
como recifes, e áreas localizadas de erosão, como canais inter-recifais. Uma característica
particular é a margem elevada da plataforma que pode progradar simultaneamente em
direção a terra e em direção ao mar. Os números referem-se a situações características em
sistemas carbonáticos. Modificada por Schlager (2005).

4.4.2 Fácies sísmicas

Fácies sísmicas são definidas como uma unidade tridimensional,


demarcada por área e constituída por reflexões sísmicas cujos parâmetros diferem
daqueles das fácies adjacentes (Ribeiro, 2001), consistindo então no registro dos
fatores geológico que as geraram (litologia, estratificação, feições deposicionais, etc.).
Mitchum et al. (1977) (Tabela 4.1) definiu os parâmetros de reflexão usados para
interpretação das fácies sísmicas e sua correlação geológica, sendo eles:
configuração (fig. 4.10); geometria externa (fig. 4.11); continuidade, amplitude,
frequência dos refletores (fig. 4.12).
Segundo Ribeiro (2001), as configurações internas (fig. 4.9) podem indicar:
taxas de deposição uniforme sobre uma superfície estável ou uniformemente
subsidente (configuração paralela/subparalela); taxas de deposição variáveis e/ou
inclinação progressiva do substrato (configuração divergente); superposição lateral de

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
50
MATERIAIS E MÉTODOS

estratos, formando clinoformas (configuração progradante); reflexões discordantes ou


descontínuas, com arranjo desordenado (configuração caótica); padrão ondulado
segmentado com terminações não-sistemáticas (configuração hummocky); ou ainda
intervalos com ausência de reflexão (configuração transparente).

Tabela 4.1 – Parâmetros de reflexão sísmica usados na interpretação


sismoestratigráfica e seus significados (modificado de Mitchum et al., 1977).

Parâmetros de Fácies Sísmicas Interpretação Geológica


• Padrão de estratificação
Configuração das reflexões • Processo deposicional
• Erosão e paleotopografia
• Contato de fluidos
• Continuidade dos estratos
Continuidade das reflexões
• Processo deposicional
• Contraste
velocidade/densidade
Amplitude das reflexões
• Espaçamento dos estratos
• Conteúdo do fluido
• Espessura dos estratos
Frequência das reflexões
• Conteúdo do fluido
• Estimativa de litologia
Velocidade intervalar • Estimativa de porosidade
• Conteúdo do fluido
• Ambiente deposicional
Forma externa e associação
• Fonte sedimentar
areal das fácies sísmicas
• Sítio geológico

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
51
MATERIAIS E MÉTODOS

Figura 4.10 – Padrão de configuração de fácies sísmicas. Modificado de Mitchum et al., 1977.

Figura 4.11 – Geometrias externas típicas de algumas unidades de fácies sísmicas.


Modificado de Mitchum et al., 1977.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
52
MATERIAIS E MÉTODOS

Foram ainda consideradas a continuidade, amplitude e a frequência dos


refletores (fig. 4.12). Segundo Ribeiro (2001) alta continuidade e amplitude são
indicadoras de alternância litológica, sugerindo processos alternantes de alta e baixa
energia em ambientes relativamente extenso e uniforme. Já as fácies sísmicas de
baixa continuidade e baixa amplitude associam-se a delgadas camadas próximas dos
limites de resolução sísmica, ou devido à predominância de determinada litologia.

Figura 4.12 – Relações de amplitude e continuidade em fácies sísmicas. Modificado de


Mitchum et al., 1977.

4.5 Fluxo de Trabalho

Neste trabalho, para interpretação sismoestratigráfica das linhas sísmicas,


foram levados em consideração, não necessariamente nesta sequência, a
configuração (terminação), continuidade, amplitude e frequência dos refletores. Além
disso, foi feito o reconhecimento de falhas ao longo da seção para determinação da
configuração tectônica da área estudada.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
53
MATERIAIS E MÉTODOS

A partir das interpretações anteriores, foram definidas as expressões


sísmicas existentes, bem como as superfícies de limites de sequências, de acordo
com os critérios apresentados na seção 3.3.2. Essas superfícies foram marcadas no
software OpendTect, exportadas como horizonte no formato *.ASCII. Posteriormente,
os horizontes foram carregados no software Petrel EeP da Schlumberger para
geração dos modelos 2D que serão apresentados a seguir. As idades apresentadas
para os limites são baseadas no poço CES-154.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
54
RESULTADOS

5 RESULTADOS

5.1 Artigo Submetido: Marine Geology

Formation and drowning of a carbonate platform in the Equatorial margin of


Brazil – implications for Oligocene-Miocene eustatic changes

Isabelle R. F. Araújo1*; Helenice Vital1, 2; Francisco C. Nascimento Neto1; Francisco


H. R. Bezerra1, 2; André W. Droxler3; David L. Castro1, 2; Yoe A. R. Pérez1; Moab P.
Gomes1, 2

¹Post-Graduate Program in Geodynamics and Geophysics, Federal University of Rio


Grande do Norte. ²Post-Graduate in Geodynamics and Geophysics, Department of
Geology, Federal University of Rio Grande do Norte, Brazil; CNPq researcher. 3Rice
University, Department of Earth Science, Houston, United States.

*Corresponding author: [email protected]; Present address: Universidade


Federal do Rio Grande do Norte, Campus Universitário, Departamento de Geologia,
Rua das Engenharias s/n, P.O. Box 1596. CEP 59072-970. Natal, Rio Grande do
Norte, Brazil.

E-mail adresses: [email protected] (I. R. F. Araújo), [email protected]


(H. Vital), [email protected] (F.C. Nascimento Neto), [email protected]
(F.H.R. Bezerra); [email protected] (A. W. Droxler); [email protected] (D. L.
Castro), [email protected] (Y.A. R. Pérez), [email protected] (M.P.
Gomes)

HIGHLIGHTS

• We study an isolated carbonate platform in the Brazilian Equatorial Margin

• The carbonate platform was formed between Oligocene and Miocene

• Evolution the continental shelf is consistent with that of the carbonate platform

• The Tortonian sea-level rise that drowned the platform also flooded the margin

• Eustatic record of the carbonate platform matches that of regional events

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
55
RESULTADOS

Abstract

The Ceará Plateau (CeP) is a volcanic seamount related with the Fernando de

Noronha Fracture Zone and located 100 km offshore the Brazilian Equatorial Margin

(BEM). The aim of this work is to investigate the evolution of an isolated carbonate

platform on the top of the CeP and its implications for Oligocene-Miocene eustatic

changes. We used seismic reflection data associated with analyses of lithology and

biostratigraphy from exploratory wells. The top of the CeP is ~280 m depth and it is

capped by a limestone without terrigenous sediments and enriched with up to 18% of

phosphorite. Our results indicate the occurrence of seven seismic patterns and four

seismic sequences in the top layers. The volcanic substrate was in the photic zone or

partially emerged during the Rupelian/Chattian transition, leading to the development

of carbonate wedges on the seamount flanks. The deposition of a progradational

carbonate unit occurred during the Chattian-Burdigalian and an aggradational unit

during the Burdigalian/Tortonian at the seamount side facing the continent. A stage

of subaerial exposure occurred in the Serravalian, causing phosphatization in the

carbonate platform. This phosphatization coincides with the laterization of Miocene

transgressive marine sediments along the present-day Brazilian littoral zone. The

CeP carbonate deposition ceased during the Tortonian, probably during the onset of

the Antarctic ice sheet melting. This platform can be used as a model for the

stratigraphic development of adjacent seamounts in the Brazilian Equatorial margin.

Keywords: Seamount; Isolated Carbonate Platform; Drowned Platform; Brazilian

Equatorial Margin

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
56
RESULTADOS

1 Introduction

The Oligocene-Miocene was marked by significant sea-level changes.

However, the magnitude of these changes has been proposed as varying ~ 180 m

(Haq et al., 1987) to a few dozen meters (Miller et al., 2005). Oligocene-Miocene

eustatic changes were described in several continental areas, but these changes

differ when different sites are compared.

In South America, a few studies have compared these eustatic changes

with global patterns (e.g. Cuitiño et al., 2012; Hernández et al., 2005; Marengo, 2006;

Scasso et al., 2001; Scasso and del Río, 1987; Scasso and Castro, 1999). Along the

Brazilian margin, Rossetti (2004) e Rossetti et al. (2013) described one transgressive

episode in the Oligo-Miocene and another in the early/middle Miocene, which

resulted in the deposition of the Barreiras Formation along most of the Brazilian

littoral zone. A drop in the sea level finished the Barreiras deposition, creating a

subaerial exposure unconformity and generating horizons of lateritic paleosol at its

top. No confirmation of these events using offshore data have been reported so far.

One of the key areas to unravel sea-level changes in the Oligocene-

Miocene is the Brazilian Equatorial Margin (BEM; Fig. 1), which is practically

unknown from this point of view. In the past decades, oil exploratory efforts have

focused on the continental shelf (Milani et al., 2000). Additional studies have

investigated the paleoceanographic changes (Piper, 2005; Jovane et al., 2016) and

the great biological diversity in seamounts (Jones et al., 2002; Victorero et al., 2018).

One of these key points is the Ceará Plateau (CeP) (Fig. 2), which is located ~100

km offshore Fortaleza. The Cep is separated from the continental slope by the Ceará

Gap (CeG), a semi-confined basin that reaches 2000 m depth; and the CeP reaches

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
57
RESULTADOS

the abyssal plain in the north limit (Fig. 3). Fainstein and Milliman (1979) already

cited CeP as a carbonatic platform, although the analyzed data did not allow more

detailed analysis.

This study investigates the seismic stratigraphy of the CeP, as the first

isolated and drowned carbonate platform described in the BEM (Figs. 1, 2). We

recognized several carbonate platforms seismic facies in the seismic profiles and

defined a few seismic units. We explain the evolution of CeP and its correlation with

the continental shelf, with eustatic variations between Oligocene and Late Miocene.

We then describe the Equatorial margin evolution and analyze the correlation

between eustatic regional and global events.

2 The Geology of the Brazilian Equatorial Margin

Numerous seamounts and guyots (flat top) in the BEM, as the CeP, are

related to the ocean fracture zones and/or hotspot trails (Matos, 2000). The BEM is

limited in the north by the Marathon Fracture Zone; and in the south by the

Romanche and Chain Fracture Zones (e.g. Mohriak, 2003; Moulin et al., 2010). The

beginning of oceanic scattering in this equatorial margin dates from the Late Albian

(Davison et al., 2015; Mascle et al., 1988; Mascle and Blarez, 1987).

Three main tectonic-sedimentary evolution stages are distinguished in the

BEM: pre-transformant, sin-transformant and post-transformant (Mascle and Blarez,

1987; Matos, 2000). They correspond, respectively, to the pre-extension/extension,

wrench, and drift phases (Matos, 2000).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
58
RESULTADOS

2.1 Stratigraphy and eustatic variations in the Potiguar Basin

The Potiguar Basin is located in the eastern part of BEM (Fig. 1). The

sedimentary filling of this basin is directly connected to the different tectonic evolution

stages, composed by two rift phases, one post-rift and one thermal phase (Matos,

2000). Thus, the stratigraphic record is divided into three Supersequences: Rift; Post-

rift and Drift (Pessoa Neto et al., 2007). The Drift sequence of the Potiguar Basin

(Albian to Recent) is characterized by a transgressive marine-fluid sequence covered

by a regressive clastic-carbonatic sequence in the thermal tectonic stage (Pessoa

Neto et al., 2007). In the Oligocene/Miocene period, the sediment load increased the

basin, whose rough edge indicates late reactivation of old basement faults (Pessoa

Neto et al., 2007).

The regressive sequence was settled after a massive erosional event that

generated great facies displacement towards the basin. This regressive sequence

named Early Miocene Unconformity was recognized in almost all BEM basins, whose

main erosive events are correlated in a regional scale (Pessoa Neto, 2003). This

regressive event put in discordance shallow platform carbonates (30-40 m depth)

over earlier slope facies. A global sea-level decrease is also observed in the eustatic

curve ~18 Ma (Haq et al., 1987). Thus, the Oligocene sediments were reworked

during the Early Miocene.

After the Early Miocene Unconformity, at least three sequences are

recognized in the Potiguar Basin: Early/Middle Miocene Sequence, Middle Miocene

Sequence, and Late Miocene/Pleistocene Sequence (Pessoa Neto, 2003). An

unconformity occurs between the second and third sequences indicating a significant

regional relative sea-level decrease. At that moment, a phase of high siliciclastic

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
59
RESULTADOS

sediments influx was initiated in the shelf, suggesting a correlation with the Tortonian

global event (10.5 Ma).

Cunha (2018) analysed a regressive drift interval with five depositional

sequences and six sequence limits (Late Campanian, Late Paleocene or Late

Oligocene, Early Miocene, Late Miocene, Late Pleistocene, and Holocene) in a

seismic profile in the shelf close to the CeP (Fig. 4A). The last four sequence limits

he described are consistent with findings of previous studies (e.g. Pessoa Neto,

2003; Pessoa Neto et al., 2007; Gomes et al., 2014).

2.2 The Ceará Plateau (CeP)

The CeP has been associated with the Atol das Rocas-Fernando de

Noronha-Mecejana volcanic alignment (Gorini and Bryan, 1976), being the last

seamount that defines the Fernando de Noronha Fracture Zone (FNFZ, Fig. 1) (

Fainstein and Milliman, 1979; Almeida, 2006). A volcanic origin on the 100-million-

years-old oceanic crust has been proposed (Guazelli and Costa, 1978; Costa and

Kowsmann, 1979). Dredging samples from adjacent seamounts recovered olivine-

basalt pebbles cemented with iron and manganese oxide (Guazelli et al., 1977).The

magnetic anomalies in CeP have large wavelength showing a very shallow magnetic

basement (Fainstein and Milliman, 1979).

The first analyses of the CeP seismic profiles indicated that it has a flat

top, steep slopes, volcanic features on the flanks, and was originated between the

end of the Oligocene and the beginning of the Pleistocene (Fainstein and Milliman,

1979). Low resolution, multiple reflections, and reverberations limited the acoustic

behaviour analysis on the shallowest sequences of the CeP top (Costa and

Kowsmann, 1979). The lateral flanks have mean slopes slightly larger than the

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
60
RESULTADOS

continental slope and are deeply cut by small gullies and valleys. A thin layer of

sediment parallel to the Plateau and reflectors truncation in the flanks were described

(Guazelli and Costa, 1978; Menor et al., 1979). Sliding deposits on the eastern flank

and faults in several areas were also observed (Fainstein and Milliman, 1979).

Except for the Fernando de Noronha Archipelago, the oceanic volcanic seamounts

such as the CeP, are covered at different development stages by biogenic

limestones (Almeida, 2006).

Mineralogy, petrography and geochemistry studies of the Mecejana

Volcanism indicate that the development of the volcanic rocks in the continent and

the CeP are related to the Fernando de Noronha Chain, where similarities between

alkaline continental and oceanic magmatism have been described (Gorini and Bryan,

1976; Almeida, 2006). It is speculated that a hotspot, formed in the upper mantle and

connected to the asthenosphere (Anderson, 2000; Courtillot et al., 2003) would have

appeared near Fortaleza in the Middle Eocene along the thinned and fractured

margin edge in continental-oceanic boundary (COB, Fig. 1) (Almeida, 2006). This

hotspot would have migrated to the continent through the fracture zones (e.g.

Fortaleza High) and then to the north during tectonic-magmatic reactivation and

global plates reorganization (Cande et al., 1988; Ernesto, 2005). At the same time,

around 40 Ma, the alkaline volcanism started in the continent at the western part of

the Potiguar Basin (Mecejana volcanism) and at the central and offshore parts of the

Potiguar Basin (Macau volcanism). For example, one continental phonolitic record

(Caruru Dome) dated 29.9 ± 0.9 Ma (Cordani, 1970). In other alkaline volcanic units

in the region, values ranging from 36 ± 2 to 29.9 ± 0.9 Ma using the K/Ar, Rb/Sr total

rock, and Rb/Sr reference isochronous were found ( Cordani, 1970; Braga et al.,

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
61
RESULTADOS

1981; Guimarães et al., 1982), dating the alkaline volcanic units between the Late

Eocene and Early Oligocene.

Dredging on different cruises carried out as part of the REMAC Project,

recovered both unconsolidated sediment and sedimentary rocks. In the CHAIN-115

Cruise, two dredges (DA; Fig. 2) between the depths of 305-270 m and 1371-391 m,

respectively (DB; Fig. 2), confirmed the occurrence of limestones in CeP.

Phosphatized ferruginous limestones (up to 18% P2O5), coral fragments, and

calcareous algae with a diverse dead faunal association were described (Guazelli et

al., 1978, 1977; Menor et al., 1979). Another dredging (DC; Fig. 2) was performed on

the NW flank (DC; Fig. 2) between 583 and 800 m. A slab of phosphatized limestone

(12.5% -14.2% P2O5) was recovered in the last dredging point, with no evidence of

volcanic or terrigenous influences (Costa and Kowsmann, 1979; Menor et al., 1979).

This limestone is composed of a calcilutite with foraminifera, angular intraclasts of

bioclastic limestone, and micritic matrix. The paleontological analysis shows an

association of benthic and planktonic foraminifera (Globigerinoides sp., Amphistegina

sp., Rotaliina, Bulimina sp., Brizalina sp., Lenticulina sp.), Pelecypoda, echinodea,

bryozoans e red/green algae. Intraclasts are composed of Lepidocyclina sp.,

Amphistegina sp., corals fragments, benthic foraminifers (rare), Globigerinoides and

red/green algae. The Lepidocyclina large foraminifers identified in the intraclast

fragments are Late Eocene/Middle Miocene, whereas the micritic matrix nannofossils

belong to the NN5 zone (Martini, 1971), limiting the limestone age to the Middle

Miocene (Costa and Kowsmann, 1979; Backman et al., 2012).

In a recent work, chaotic reflections were attributed to a volcanic origin

(Jovane et al., 2016). However, horizontal seismic reflectors were linked to

pelagic/hemipelagic sediments, which were composed of carbonates produced at the

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
62
RESULTADOS

water column top and thin materials from the continent. These authors identified six

seismic horizons with age related to well data. Two of these horizons were related to

volcanic events. Prograding wedges toward the continental margin were related to

volcanic eruptions or coral growth (Jovane et al., 2016).

3 Materials and Methods

The dataset used in this work consisted of fourteen post-stacking 2D-

seismic profiles and one exploratory well (Figs. 2, 4B), with more than 1,200 km of

seismic data covering the region between the continental shelf and the CeP. The

data set was provided by the National Petroleum, Natural Gas and Biofuels Agency

(ANP) and the Brazilian Navy.

We used the software OpendTect 6.0.6 for seismic interpretation and

applied some seismic attributes and filters (e.g. dip-steered median filter, fault-

enhancement filter, and pseudo-relief) following the workflow of the software User

Guide (dGB Earth Sciences, 2016). The reflector corresponding to the ocean floor

was identified and then calculated to the first and second multiple. Faults were also

identified and mapped along the profiles to determine the structural and tectonic

configuration of the study area (Fig. 3). We used the stratigraphic unit boundaries

and the biostratigraphy data (Fig. 4 B, C) as the main chronostratigraphic markers

(Araripe and Feijó, 1994). This well reached 3942 m depth in the CeG, recovering

sediments from the from the Messinian to the Turonian, but it did not reach the

basement. The vertical seismic profile (VSP) was used to adjust the depth-time

relation between well and seismic data.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
63
RESULTADOS

A seismic-stratigraphic analysis was based on seismic reflectors, as well

as the interpretation of seismic reflectors termination patterns and analysis of seismic

facies (continuity, amplitude and frequency), external and internal geometry (Mitchum

et al., 1977; Bally, 1978; Ribeiro, 2001; Catuneanu, 2007, 2006; Catuneanu et al.,

2011;). The carbonate sequence stratigraphy is closely similar to the siliciclastics

stratigraphy, and their facies correspond directly to changes in the relative sea level

(Bosscher and Schlager, 1993; Handford and Loucks, 1993; Hunt and Tucker, 1993;

Sarg, 1988; Schlager, 2005). Figure 5 shows the seismic patterns recognized in the

profiles used to describe the CeP region.

Using the horizons interpreted (Fig. 6) in the OpendTect and the ages

obtained through the biostratigraphy, we created 2D models in Petrel EeP software.

We also tried to identify the stratigraphic signature of Neogene constructed based

oxygen isotopes variations (Tcherepanov et al., 2008). Finally, the results obtained

with the seismic stratigraphic analysis were correlated with the regional (Pessoa

Neto, 2003) and global (Haq et al., 1987; Miller et al., 2005) eustatic variation curves,

as well as related.

4 Results

4.1 Seismic Facies

Based on the seismic profiles, we described and interpreted seven

patterns using the seismic facies character described below. Figure 5 summarizes

the reflectors termination patterns (Figs. 5A-5C) and internal and external geometries

(Figs. 5D-5G), as well as environment/geological feature represented by them.

The first three patterns described (onlap, downlap and toplap) were also

identified in the lower part of the CeP. They occur as interbedded sediments

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
64
RESULTADOS

produced by the carbonate platform and continental sediments. From these patterns,

it is possible to identify the provenance of the sediments. Onlapping reflectors are

currently related to sediments originating from the continent, whereas downlapping

reflectors are linked to sediments produced in the CeP (Fig. 12).

4.2 Seismic Sequences

Five seismic sequences were identified in the isolated carbonate platform

developed over CeP (Fig. 6 to Fig. 13). To achieve this result, we considered the

seismic reflections interpretation, reflectors patterns termination and stacking

patterns, besides the main stratigraphic surfaces. Each unit will be described next, as

well as the structural maps (double time) produced from the sequence boundaries

identified in the profiles (Fig. 14).

The top of the acoustic basement is irregular and represents an angular

unconformity clearly defined by the pseudo-relief filter. The basement’s chaotic

internal facies occur below this interface. Furthermore, there are occurrences of

onlap terminations on both basement sides. We identified the volcanic top at profiles

0444 and 0045 (Figs. 6, 7) throughout the CeP. In the first profile, the flanks of the

basement are steep; whereas in the second profile they are smoother. The basement

exhibits two highs with a maximum 200 ms difference (Fig. 14A). The western high

reaches the minimum depth ~1250 ms, and the eastern high reaches the minimum

depth only at 1450 ms.

A different oriented and organized pattern occurs below the mean surface

as the basement/sediment interface (dashed purple line on Figs. 10, 13,). Apparently,

faults disrupt the parallel/sub-parallel orientation of the reflectors. These reflectors

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
65
RESULTADOS

are in the range of 2500-3500 ms and are continues in both directions of the seismic

profiles.

The seismic sequence 1 (SS1, pink on Fig. 6 to Fig. 13) was the first to be

formed on the CeP volcanic seamount. Its reflectors terminate in onlap on both sides

of the seamount and the basement on the west side was not entirely covered by

SS1. Low amplitude and continuity reflections dominate the interior of this seismic

sequence. The top is limited by the sequence boundary 1 (SB1). In map view (Fig.

14B), the SS1 reaches 1100 ms in the CeP eastern portion, in spite of its central

region and major extension are marked by the 1250 ms isochrone.

On the side facing the continent, we identified wedges that aggrade and

prograde over the basement (Fig. 8), where there is accommodation space and it

may also prograde towards the basin (Figs. 9 and 12). In the first case, local

progradation was followed by downstepping, probably indicating an additional relative

sea-level fall and possible subaerial exposure. On the northern side flank, the

reflectors have mainly onlap terminations (Fig. 8A), developing platform aggradation,

although some progradation were also identified (Fig. 8C), where the substrate is not

so steep. There is no progradation towards the abyssal plain on this side.

The seismic sequence 2 (SS2, orange on Fig. 6 to Fig. 13) was the first

seismic unit to cover entirely the CeP (Figs. 9, 10, 11). Reflections of low to

moderate amplitudes predominate in this sequence, but high amplitude and

continues reflectors are also observed near the top. The SS2 exhibits strong

progradation towards the CeG and sometimes it interfingers with sediments from the

continent (Fig. 12). In the portion of the CeP top, an aggradational stacking pattern

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
66
RESULTADOS

occurs, where montiforms on CeP occurs. This unit reaches the minimum depth of

750 ms in the eastern portion of the CeP and less than 1050 ms in the western

portion the CeP. SS2 is limited at the base by SB1 and at the top by SB2.

The seismic sequence 3 (SS3, yellow on Fig. 6 to Fig. 13), which is

analogous to the SS2, also exhibits an aggradation pattern at the CeP top and a

progradation pattern towards the CeG. The progradation (tongue-like) pattern

decreases eastwards (Figs. 10, 11). An erosional channel was formed at the CeP

slope-toe in this sequence in the eastern portion, forming a moat that increases in

depth to SE (Fig. 12).

Internally, the SS3 exhibits reflectors ranging from low to medium

amplitude. The montiform frequency, with convex reflections upward and two-

directional downlaps, increases when compared with those from the SS2. They can

be found even at the platform edges, where they reach ~2 km in length and 300 ms

in thickness (double time; Figs. 5D, 11), extending from the SB2 limit to SB3. Onlap

lateral reflectors often continue on these montiforms.

The top of seismic sequence 4 (SS4, blue on Fig. 6 to Fig. 13) was

identified in all seismic profiles as a high amplitude and continue surface, although it

sometimes exhibits irregular relief (Fig. 6). The reflectors internally vary from low to

high amplitude, as well as its continuity. This horizon was defined as the drowning

unconformity (DU), which marks the end of the carbonate platform growth.

Sometimes the reflectors appear transparent, which was caused by signal

weakening. In the NW-SE-oriented profile 0421 (Fig. 13), this seismic sequence

appears only in the form of sparse structures on the lower seismic boundary (SB3). In

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
67
RESULTADOS

contrast to the units described above, a change occurs in deposition relation of this

unit. The SS4 does not exhibit clear progradation towards the CeG basin,

concentrating mainly on the CeP top.

4.3 Geomorphologic Elements

A fairly sharp retreat of the SS4 occurs in profile 0440 (Fig. 10), creating a

relatively flat surface (~ 1 km extension) over the lower sequence (SS3) that we

related to terraces. This same SS4 retreat is observed in other profiles (Fig. 7),

notwithstanding the flat surface has not been shaped. A very similar record, even in a

minor expression, is also noted in SS3.

Along the toe of CeP slope, a deep moat was cut (Fig. 12) and limited to

the south margin. At this point, progradational wedges from the carbonate platform

were partially eroded by incision. They represent erosional furrows ~3.5 km wide and

200-260 m deep. Seismic reflectors from the continental shelf converge in the

direction of the moat. At this point, erosion and low sedimentation rates prevail. The

current that shaped this feature became active after the SS4 deposition, which is

marked by the erosion of this sequence in Fig. 12B. The moat was partial infilled by

sediments with continental provenance. There is no evidence of paleo-moats

showing earlier currents to this record in the region.

Gullies and channels intersect the CeP flank facing the continent. The

shapes and dimensions of these features are diverse (Figs. 5E, 15) and most reach

only the uppermost layers. In seismic section, it is possible to note that they caused

some disorganization of the reflectors of the lateral sediments.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
68
RESULTADOS

Despite the flat top, the steep flanks of the CeP allowed the occurrence of

breaks due to faults or mass movements. The collapsed margins produced "blocks"

of varying sizes (Figs. 3, 7), which can reach up to 10 km. They were deposit in the

basal portions of the seamount slopes, showing deep basin sediments deposited on

them in an onlap manner. We also observed that an entire part of the SS4 slid on the

flank facing the continent, but its internal patterns were preserved (profile 1140, Fig.

9).

5 Discussion

5.1 The evolution of the Ceará Plateau Platform

The interpretations based on seismic and well data indicate that the

development of the carbonate platform on the CeP top occurred between the Early

Oligocene and the Middle/Late Miocene. Four stages of evolution were identified in

seismic profiles (Figs. 16, 17), based on the patterns of reflectors, geometries,

depositional and architectural style of the seismic sequences. These stages are (1)

initial stage of formation, (2) stage of progradational growth, (3) aggradation growth,

and (4) decline stage.

Onset of the carbonate system in the Early-Late Oligocene

The volcanic substrate, which forms the basement of the carbonate

platform, was emplaced probably under subaerial exposure when it was colonized by

carbonate-producing organisms. An evidence of this is the developed wedges (SS1)

on both sides of the CeP during the first carbonate sequence (Figs. 8, 17). Other

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
69
RESULTADOS

examples of carbonate accretion at the top of volcanic seamounts, in which isolated

carbonate platforms were formed around the world, are pointed out by many studies

(e.g.Courgeon et al., 2017; Paumard et al., 2017; Counts et al., 2018), being the

Maldives an example of giant isolated platform (e.g. Belopolsky and Droxler, 2004;

Lüdmann et al., 2013).

The carbonate deposition on the CeP was possibly initiated at the Early-

Late Oligocene transition (Figs 7-12; 14). This period had a relatively high global sea

level (Haq et al., 1987), but a significant drop occurred in the Rupelian-Chattian (Fig.

16). Biostratigraphic data from wells (Fig. 3), correlated with seismic profiles of the

CeP, show that the SS1 upper boundary (SB1) of the basal carbonate sequence is

either at or shortly above the Early-Late Oligocene limit.

As part of the basement was in subaerial exposure (Figs. 8, 17B), the

carbonate wedges initially developed aggradationally in the flanks, but also with a

slight progradational component. At the top of the sequence, we noticed that the sea

level rose again, flooding the carbonate platform, and depositing sediments during

transgression until it partially (Figs. 6 and 8A) or completely (Figs. 7, 8) capped the

basement.

Late Oligocene – Early Miocene progradation stage

From the Late Oligocene (Chattian) to the Early Miocene (Burdigalian), the

progradation facies became dominant in the SS2 and SS3 (Fig. 17C, D), even if

there were still an aggradation component. The progradation during this stage

reached the CeG in all the analyzed seismic profiles, with extensions up to 20 km.

They did occur on the CeP northern flank. Progradations of these sequences also

appear in the strike profile (E-W), (Fig. 13). The occurrence of substantial

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
70
RESULTADOS

development is due to the highstand shedding and it indicates high sea level stage

(Bosence and Wilson, 2003).

With the CeP upper portion submerged, the formation of montiforms inside

the sequences (Figs. 6, 7) and at the edges platform (Figs. 10, 11) were favored. In

the first case, it is possible that they were linked to bioconstructions or reefs within

lagoons or inner seas. In the second case, they formed rigid protective structures at

the edges of the platform, which were resistant to wave and wind act.

Instead, we noticed clear progradation of the SS3 base in less steep

flanks and unprotected edges. The wedges prograded more intensely in the western

side (Figs. 6, 9) than in the eastern side (Figs. 10, 11). This might be related to the

existence of edge protection or a change in current or wind patterns. Moreover, the

inclination angle of the underlying substrates towards the CeG is different in both

cases.

Early Miocene – Late Miocene aggradation stage

Aggradation occurred at the end of SS3 in response to the relative sea-

level rise (see eustatic curves in Fig. 16). This geometry indicates that all

accommodation space created was being occupied in the same proportion (Bosence

and Wilson, 2003). The SS4 supposedly occurred only over previous flatter

sediments, without progradation to the edge as the earlier sequences (SS1, SS2,

and SS3). This backstepping observed at the platform margin could be related to

insufficient carbonate production to fill the platform and very accelerated sea-level

change. The montiforms observed in SS4 of the strike profile (Fig. 13) are probably

catch-up features. Perhaps, they could not be maintained when sea level started to

increase.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
71
RESULTADOS

Late Miocene demise stage

At the Serravalian-Tortonian transition, the relative sea level was low, as

observed in both global and local eustatic curves (e.g. Haq et al., 1987, Pessoa Neto,

2003). The platform demise probably occurred after a subaerial exposure, causing

sediment phosphatization and hardground formation (e.g. Schlager, 1989, 1981;

Camoin et al., 1998; Godet, 2013). The dredged phosphatized rocks are the

evidence that subaerial exposure also occurred in the CeP.

The sea level rise during the Tortonian re-established the growth of the

platform (Fig. 17F). However, the platform could not follow the rise. The carbonate

production was not enough to occupy the space created and to remain in the photic

zone. Some authors (e.g. Shevenell et al., 2004; Holbourn et al., 2005) associated

the sea level decline at 14.5 Ma (Langhian/Serravalian) to the extensive ice sheet

volume increase in Antarctica and global cooling. Still, re-flooding and aggradation of

carbonatic platforms (i.e. Gulf of Papua, Maldives and Bahamas) between 10.8 Ma

and 9.5 Ma (Tortonian) are the results of reduction ice sheet continental volume in

Antarctica (Tcherepanov et al., 2008).

In the CeP, the break of carbonate production could be attributed to the

rapid sea-level rise and, consequently drowning the carbonate system. The final

production horizon was considered as a drowning discordance (DU, sensu Schlager,

2005, 1989, 1981), observed in all interpreted profiles as a high amplitude and

continue hardground surface.

5.2 Controls on the Carbonate Growth

Tropical carbonate platforms are developed in places where space

accommodation (created by eustasy, tectonics or thermal subsidence) and where

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
72
RESULTADOS

light is available (photic zone), allowing the development of carbonate-producer

organisms (Kendall and Schlager, 1981; Tucker and Wright, 1990; Handford and

Loucks, 1993; Schlager, 2005). The space filling generates geometries

(aggradational, progradational or backstepping) depending on the carbonate

responses to sediment distribution. Carbonate systems have a higher growth rate

during periods of high sea level, in which accommodation space is amplified

(Bosence and Wilson, 2003).

We argue that the development of the CeP carbonate platform could be

associated with three development factors in different proportions. Admitting that the

CeP is nearby COB (Fig. 1), we consider the area as unstable and vulnerable to

thermal subsidence and tectonics. Reactivations of ancient faults may have

influenced the development likewise in the continental shelf (Pessoa Neto, 2003;

Pessoa Neto et al., 2007). Eustatic variation can be observed when compared to the

Neogene stratigraphic signature compiled by Tcherepanov et al. (2008) and

discussed above.

The occurrence of well-developed progradations on just one side of the

CeP suggests that the platform development was asymmetric. This is a natural

response to wind action, as predicted in architectural models of isolated carbonate

platforms (e.g., Wright and Burchette, 1996; Dorobek, 2011). The windward margins

would have lower sedimentary supply without the presence of progradations, unlike

the leeward margin, where these features could be observed (Bosence and Wilson,

2003). In the CeP, this distribution corresponds to the northern and southern flanks,

respectively.

The dipping or tilting observed in the structural maps (Fig. 14) may also be

a response to the regional wind pattern. In the model for isolated platforms settled in

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
73
RESULTADOS

structural highs, a gentle gradient is noticed from windward to leeward, the first

“taller" than another (Dorobek, 2011).

Due to the high energy conditions, the side facing the deep ocean

presents steep escarpments with falling rocks and grain flow deposits at its base,

illustrating the collapsed margin. The CeP north face shape ("bean-shaped") is a

distinct embayment. It could be attributed to the margin collapses causing large-scale

erosional features, possibly triggered by seismic events. Similar structures are

described in carbonate platforms in the Gulf of Mexico and Caribbean (Mullins and

Hine, 1989).

We can correlate the eustatic Neogene changes and the regional

stratigraphic events (Fig. 16) described in this study and previous studies from the

continental shelf (Pessoa Neto, 2003). Even though the relation is not fully accurate,

some events are similar, with global eustatic fluctuations being attributed. The

Neogene curve is based on volume ice sheet variations described in five steps by

Tcherepanov et al. (2008). First, Tcherepavnov’s signature step 1 (aggradation,

backstepping and partial drowning) should be imprinted to the SS1 and SS2

sequences. The expected aggradation can be observed in the SS1 sequence of the

CeP. However, as we move to SS2, the aggradation component, although existing, is

no longer dominant. The step 2 (aggradational) appears in the CeP as predominantly

progradational, and less dominance of the aggradational pattern. The step 3

(downward shift) occurred earlier in the Potiguar Basin due to a Borborema Province

regional uplift event, which generated the Early Miocene Unconformity. This event is

very pronounced due to the superposition of the regional tectonic event itself and the

global eustatic event (Pessoa Neto, 2003). The typical progression of step 4 did not

occur or was masked in the CeP. The step 5 (reflooding and aggradation) could be

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
74
RESULTADOS

linked with the end of SS4, until the platform decline. The discrepancies in relation to

the Neogene signature may be connected to the regional tectonic events. Tectonic

events in the BEM probably are a stronger factor than the location for which the

curve was based, Gulf of Papua, Bahamas and West Maldives (Belopolsky and

Droxler, 2004; Tcherepanov et al., 2008).

5.3 Comparison Between Ceará Plateau and Continental Shelf Evolutions

During the Oligocene, the continental shelf presented evidence that it was

a carbonate platform, with prograding oblique clinoforms (Pessoa Neto, 2003;

Pessoa Neto et al., 2007), with slope and basin facies recognized. During the

transition to the Miocene, a progradational carbonate wedge with slope and basin

facies was described. Considering that the prograding sequences of the CeP (SS2

and SS3) almost reach a maximum of 20 km and the distance to the well is 35 km,

our data indicate that the carbonate represented in well CES_154A (between 3000

and 3500 m depth) is from the continent (10 km away from the actual edge).

With the uplift of the Borborema Province, the continental shelf was in

subaerial exposure or at the waves base level marked by the Early Miocene

Unconformity. As a result, the shelf facies moved towards the basin, starting a

shallow-water deposit (30-40 m) composed of reef facies intercalated with pelitic

facies (wackstones and packstones), depending on the relative sea level (Pessoa

Neto, 2003). In this way, the carbonates could not prograde and no longer reach the

well CES_154A location. At that time, the CeP carbonate progradation was also

interrupted.

The first siliciclastic pulses of the Potiguar Basin occurred in the Middle

Miocene (Langhian/Serravalian), causing migration of reef facies towards the shelf

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
75
RESULTADOS

and their replacement by red algae, mainly rhodolites (Pessoa Neto, 2003). This

expansion of red algae during the Middle/Late Miocene is globally recognized and

related to paleoclimatic changes (Godet, 2013). The replacement of phototrophic to

mesotrophic producer organisms peaked at 17 Ma, but occurred until the Messinian.

This change indicates not only that there was an increase in terrigenous but also a

profound change in carbonate-producer organisms (Halfar and Mutti, 2005).

During the Serravalian/Tortonian, the carbonates of the continental shelf

were aggradational and occurrred only at the shelf edge and canyons (Pessoa Neto,

2003), probably banished by the great increase of the siliciclastic influx of that period.

Our data suggest that this change of reefs to red algae may also have occurred in

the CeP seamount, even though there is no siliciclastic influx arriving at the

seamount. We suggest that the change based in similar biota to those described in

the CeP dredging (Guazelli et al., 1977; Menor et al., 1979) was found in other

seamounts on the Trinidad, Western Irian Jaya and other latitudes similar to CeP

(e.g. rhodoliths; benthic foraminifera; large benthic foraminifera; corals; echinoderms,

bryozoa, green algae) (Halfar and Mutti, 2005).

6 Conclusion

The investigation on the Ceará carbonate platform (CeP) indicate the following

points:

1 The Ceará carbonate platform in the Brazilian Equatorial margin formed from

the Oligocene to the Upper Miocene.

2 Seismic and well data allowed the description of four seismic sequences,

based on stratigraphic and geometry relations: aggrading wedges (SS1) over the

acoustic basement initiated in Rupelian/ Chattian transition; progradation to the

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
76
RESULTADOS

Ceará Gap (SS2; SS3) (Chattian-Burdigalian) reaching up 20 km; and aggradation

(SS3, SS4) (Burdigalian-Tortonian).

3 Progradations in large-scale to the Ceará Gap indicate a high sea level. In the

continental shelf, sedimentary packages have thin record during Early/Middle

Miocene, probably linked to increased depth. The Barreiras Formation along the

littoral zone of Brazil was deposited in this period.

4 A sea-level fall during the Tortonian caused a great subaerial exposure of the

CeP top sequences. This event is marked by phosphatized limestone recovered in

dredges between 500 and 800 m. Laterization of marine sediments along the

Brazilian littoral zone occurred in same period.

5 Our data indicate a new sea-level increase in the Tortonian that drowned the

carbonate platform, which is consistent with the deposition of marine sediments

along more than 5,000 km of the Brazilian littoral zone.

Acknowledgment

Thanks are due to Brazilian National Agency of Petroleum, Natural Gas and Biofuels

– ANP for providing the seismic and well data. The first author thanks to Brazilian

National Council for Scientific and Technological Development (CNPq) for the

master’s scholarship provided and to Federal University of Rio Grande do Norte for

the infrastructure required for the data processing and interpretation. CNPq is also

acknowledged for research grant to F.H. Bezerra, D.L. Castro and H. Vital. We thank

Schlumberger for providing the Petrel software and dGB Earth Sciences for

OpendTect software. This is a contribution to Project Geohazards and Tectônica

(CAPES-IODP grant number 88887.123925/2015-00).

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
77
RESULTADOS

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Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
83
RESULTADOS

FIGURES

Figure 1 - Tectonic and structural map of the eastern Brazilian Equatorial Margin with
the GEBCO gridded bathymetry. Studied area (black rectangle) and numbered
seamounts are highlighted. The bold red lines indicate the position of the fracture
zones. The dashed line labeled with “COB” marks the continent-ocean boundary.
Fracture zones and COB were retrieved from the South America tectonic map (citar a
fonte). RFZ – Romanche Fracture Zone; CFZ – Chain Fracture Zone; FNFZ –
Fernando de Noronha Fracture Zone

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84
RESULTADOS

Figure 2 - Zoom in Ceará Plateau and Ceará Gap. (A) Gridded bathymetric map,
showing the location of seismic profiles (black lines), previous dredges (red
triangles), exploratory well (green circle). (B) Indication of the profiles interpreted in
figures below. Contours are derived from the bathymetric grid.

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85
RESULTADOS

Figure 3 - Regional cross-section (profile 0044), showing the geomorphological


elements comprised in the studied area. Note that, even if there is a gap, the CeP
depth does not differ much from that observed on the continental shelf. For location,
see Figure 2.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
86
RESULTADOS

Figure 4 - (A) CES_154A well tied to SW–NE oriented seismic profile (0448). Blue
lines represent the sequence boundaries (left square) described by Cunha (2018) for
the continental shelf. The other lines (yellow, orange and pink) represent the
biostratigraphic tops taken by well (B) for the CeG, also being correlated with the
chronostratigraphic chart (C) (Araripe and Feijó, 1994). In this way, N-530 (pink) was
noticed as Late/Early Oligocene; N-570 as Early Miocene; and N-640 as Late
Miocene.

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87
RESULTADOS

Figure 5 - Summary of the seismic patterns recognized and interpreted in 2D seismic


profiles in double time (ms). MFS: Maximum flood surface. SB: Sequence boundary.

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88
RESULTADOS

Figure 6 - Seismic profile 0044 cut, crossing the carbonate platform in a SW–NE
direction. (A) Un-interpreted view. (B) Distribution of seismic units at the top of the
CeP and the progradation of its units towards the CeG interbedded with sediments
coming from the continent. 1: drowning surface. 2: sequence boundary or correlative
concordance surface (dashed). 3: faults. 4: acoustic basement. SS1-SS4: seismic
sequences 1 to 4. For location, see Fig. 2.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
89
RESULTADOS

Figure 7 - Seismic profile 0045 cut un-interpreted (A) and interpreted units (B). For
location, see Fig. 2; and legend, Fig. 6.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
90
RESULTADOS

Figure 8 - Progradational reflector of profiles 0044 (A, B) and 0045 (C, D),
respectively, on the acoustic basement (red). Progradational reflector: black lines;
retrogradational reflectors: green lines; montiforms: blue convex-upward form;
downlapping reflectors: pink lines. Location in Fig. 6 and 7, respectively.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
91
RESULTADOS

Figure 9 - Seismic profile 1140 (a) and its interpretation (b). For location, see Fig. 2;
and legend, Fig. 6.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
92
RESULTADOS

Figure 10 Profile 0440 (A) clean and (B) interpreted. For location, see Fig. 2; and
legend, Figure 6.

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93
RESULTADOS

Figure 11 - Profile 0441(A) clean and (B) interpreted. For location, see Fig. 2;
legends in Fig. 6.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
94
RESULTADOS

Figure 12 - Progradations and moat on seismic profiles 1140 (A), 0440 (B) and 0441
(C). The reflectors terminations in onlap (green), downlap (pink) and toplap (blue)
helped the definition of the sediment’s provenance. The onlap terminations indicate
that the sediments are derived from the continent (gray). Locations in Figs. 9, 10 and
11, respectively; for legends, see Fig. 6.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
95
RESULTADOS

Figure 13 - Profile 0421 oriented along the NW-SE trend: (A) clean and (B)
interpreted. SS1, SS2 and SS3 prograded to the lateral basin located on eastern
CeP. SS4 was represented only by mounds on top. Seismic profile location in Fig. 2;
legends are in Fig. 6.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
96
RESULTADOS

Figure 14 - Structural maps (double time) of the boundary surfaces defined in the
CeP. Contour lines are every 50 ms (thin black lines). The blue line is the 400 m
isobath derived from GEBCO bathymetry.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
97
RESULTADOS

Figure 15 - W-E-oriented profile 1167. Channels and gullies occur on the side of CeP
facing the continent. Seafloor (solid blue lines) and their multiples (dashed blue lines)
are marked, as well as faults (black lines). Location in Fig. 2; legends are in Fig. 6.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
RESULTADOS

Figure 16 - Correlation of global (Haq et al. 1987; Miller et al., 2005; Tcherepanov et al. 2008) and regional eustatic curves

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
and events with those observed in the CeP (last column).
98
99
RESULTADOS

Figure 17 - Schematic model of the isolated carbonate platform on the CeP.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
100
CONSIDERAÇÕES FINAIS

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A integração da interpretação dos perfis sísmicos 2D (fácies sísmicas e


sequências sísmicas) e dados de poços (bioestratigrafia e litologia), bem como a
compilação de dados pretéritos de amostras de dragagem, permitiu descrever a
plataforma carbonática isolada desenvolvida sobre o edifício vulcânico do Platô do
Ceará. As interpretações desses dados indicam que essa plataforma teria se
desenvolvido entre o Oligoceno e o Mioceno Superior, favorecida pelas condições
ambientais (e.g. ventos, clima, baixa turbidez), tectônicas e eustáticas.
Quatro sequências sísmicas foram definidas, baseadas em relações
estratigráficas, geométricas e padrões sísmicos. Inicialmente, cunhas agradacionais
(SS1, Chattiano/Rupeliano) se desenvolveram sobre o embasamento vulcânico. Em
seguida, originaram-se as sequências progradantes em direção a Depressão do
Ceará (SS2 e SS3, Chattiano-Aquitaniano e Aquitaniano-Burdigaliano,
respectivamente), indicando níveis de mar alto e desenvolvimento assimétrico da
plataforma. Uma grande mudança ocorreu tanto na plataforma continental quanto no
estilo deposicional da Platô do Ceará com a queda do nível do mar e a sobreposição
causada pela mudança no nível da base regional (Discordância do Mioceno Inferior).
Esse padrão de agradação permaneceu até o Tortoniano, sendo seguida por uma.
uma grande exposição subaérea. Em seguida, houve um novo aumento no nível do
mar, com agradação e backstepping (SS4). O desenvolvimento carbonático não
conseguiu acompanhar a taxa de subida do nível do mar, então a plataforma afogou.
A deposição dos pacotes sedimentares progradacionais da plataforma
carbonática (Platô do Ceará) e dos sedimentos marinhos da Formação Barreiras
(Mioceno Inferior/Médio) no mesmo período confirmam um nível do mar alto. Já a
fosfatização ocorrida na plataforma carbonática poderia ser contemporânea a
sedimentação dos sedimentos da Fm. Barreiras.
Concluímos que a plataforma carbonática desenvolvida, que gerou o Platô
do Ceará, registra as mudanças do nível do mar entre o Oligoceno e o Mioceno
Superior (Tortoniano). Ela é o registro mais offshore das mudanças de nível do mar
na Margem Equatorial Brasileira. O modelo de desenvolvimento do Platô do Ceará
pode ser empregado para outras plataformas carbonáticas isoladas na região
equatorial.

Platô do Ceará: uma plataforma carbonática isolada e afogada da Margem Equatorial Brasileira
101
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