Para Uma Europa Sustentável Até 2030

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DOCUMENTO DE REFLEXÃO

PARA UMA EUROPA SUSTENTÁVEL


ATÉ 2030

PT

1
Frans Timmermans Jyrki Katainen

Primeiro-Vice-Presidente
© União Europeia

© União Europeia
Legislar Melhor, Relações Vice-Presidente
Interinstitucionais, Estado de Emprego, Crescimento,
Direito e Carta dos Direitos Investimento
Fundamentais e Competitividade

Prefácio de Frans Timmermans, Primeiro Vice-Presidente,


e de Jyrki Katainen, Vice-Presidente
Nós, europeus, podemos orgulhar-nos do nosso afetados pela mudança: negá-lo seria carecer de
historial. Graças à integração e a uma cooperação senso comum. Resta saber se seremos meras vítimas
estreita, atingimos um nível de prosperidade ou se iremos aceitar e acompanhar esta mudança.
sem precedentes, usufruímos de padrões sociais Os europeus enfrentam desafios prementes
elevados e conseguimos oferecer oportunidades como a degradação do ambiente, as alterações
consideráveis aos nossos cidadãos. Consagrámos os climáticas, a transição demográfica, as migrações,
nossos princípios e valores comuns — a democracia, as desigualdades e a pressão sobre as finanças
os direitos humanos e o Estado de direito — nos públicas. Os cidadãos estão preocupados com o seu
nossos Tratados e construímos uma União Europeia futuro e com o dos seus filhos. Estamos a acumular
unida e livre. uma dívida ecológica cujas consequências serão
universais. Se não agirmos, as futuras gerações
Este êxito foi possível porque os europeus
pagarão um tributo elevado para a reembolsar.
se revelaram exigentes. As nossas culturas
profundamente democráticas incentivam debates A União Europeia deve servir os europeus e não
acesos — e com razão. Não é hora de cruzar os o contrário. Compete-lhe ajudar as pessoas
braços e deixar que a História siga o seu curso. Há a concretizar as suas ambições e dar resposta às
que continuar a melhorar as condições de vida de suas preocupações de forma célere e eficaz. Para tal,
todos os europeus, proteger, defender e capacitar é preciso fazer um balanço da situação e enfrentar
os cidadãos e reforçar a sua segurança face às a realidade sem tentar negar os factos. Mas em
diversas ameaças, sejam elas ligadas ao terrorismo vez de nos suscitarem preocupação ou medo, estes
ou às alterações climáticas. factos devem incitar-nos a agir.
O mundo está a evoluir e nós estamos a atravessar Muitas destas problemáticas prendem-se com
a quarta revolução industrial. Tudo e todos serão desafios que transcendem as fronteiras e ameaçam

Comissão Europeia
COM(2019) 22 de 30 de janeiro de 2019.

Rue de la Loi / Wetstraat, 200


1040 Bruxelles/Brussels
+32 2 299 11 11

2
os nossos empregos, a nossa prosperidade, as Europeia tem igualmente partilhado soluções de
nossas condições de vida, a nossa liberdade e a sustentabilidade com países terceiros.
nossa saúde. Nenhum Estado ou nação pode
A União Europeia foi fundada com base na premissa
enfrentá-los sozinho. Precisamos de agir à escala da de que «a paz mundial não poderá ser salvaguardada
União Europeia, que — quando unida e determinada sem esforços criativos que estejam à altura dos
— representa uma potência mundial imponente. perigos que a ameaçam», como o afirmou Robert
Contudo, em última análise, a escala europeia não Schuman, de forma tão eloquente, há quase 70
será suficiente; precisamos de uma agenda com anos. Hoje, além de «paz mundial», podemos
impacto mundial, idealmente encarnada pelos 17 acrescentar «o bem-estar e a sobrevivência dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nossos cidadãos».
subscritos por 193 Estados, incluindo a União
Europeia e os seus Estados-Membros. Estes ODS A agenda da sustentabilidade é uma agenda
constituem uma via para superar os desafios com positiva: trata-se de melhorar a vida das pessoas.
que nos deparamos e melhorar o nosso meio A Europa tem todas as cartas na mão para superar
ambiente, a nossa economia e as nossas vidas. o maior dos desafios. Juntos, podemos conseguir.
Precisamos do empenho de todos e de vontade
O desenvolvimento sustentável é um tema política para agir. Ao passo que outros batem em
complexo, mas exprime um conceito simples: trata- retirada, a Europa deve ir em frente, reforçar a sua
se de assegurar que o nosso modelo de crescimento competitividade, investir no crescimento sustentável
económico traz benefícios para toda a humanidade e dar o exemplo ao resto do mundo.
e que os humanos não consomem mais do que
os recursos disponíveis no nosso planeta. Tal Não basta ter uma visão; também é preciso chegar
implica modernizar a nossa economia com base a acordo sobre a forma de a concretizar. O presente
em padrões de consumo e produção sustentáveis, documento de reflexão é o nosso contributo para
corrigir os desequilíbrios no nosso sistema esse debate.
alimentar e encontrar uma forma sustentável Não teríamos conseguido elaborá-lo sem a valiosa
de nos deslocarmos, produzirmos e utilizarmos participação das partes interessadas a nível
energia e construirmos os nossos edifícios. Para europeu. A sociedade civil, o setor privado e o
isso, também precisamos de orientar a investigação mundo académico colaboram ativamente neste
científica, o financiamento, a política fiscal e a debate. A plataforma multilateral de alto nível
governação para a concretização dos ODS. para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável,
Não se trata de uma questão de esquerda ou criada pela Comissão Europeia em 2017, tem-nos
de direita, mas sim do que é correto ou errado. proporcionado uma excelente ocasião de reunir
Felizmente, as importantes vantagens competitivas ideias transversais.
da União Europeia constituem um bom ponto de As questões abordadas neste documento visam
partida. A Europa concebeu algumas das normas servir de base para um diálogo entre cidadãos,
ambientais mais elevadas a nível mundial, pôs em partes interessadas, governos e instituições ao longo
prática políticas climáticas ambiciosas e impulsionou dos próximos meses, com vista a alimentar o debate
o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. sobre o futuro da Europa, a preparação da agenda
Através das suas políticas externas e da sua agenda estratégica da União Europeia para 2019-2024 e a
comercial aberta e baseada em regras, a União lista de prioridades da próxima Comissão Europeia.

3
«Nestes tempos de mudança, e cientes das preocupações que afligem os nossos cidadãos,
manifestamos a nossa adesão à Agenda de Roma e comprometemo-nos a trabalhar em
prol de (...) uma Europa próspera e sustentável: (...) uma União que promova um crescimento
sustentado e sustentável (...); uma União onde haja convergência das economias; uma União onde
a energia seja segura e económica e o ambiente limpo e seguro. (...) Queremos, nos próximos dez
anos, uma União que seja segura e protegida, próspera, competitiva, sustentável e socialmente
responsável, com a vontade e a capacidade de desempenhar um papel fundamental no mundo
e de moldar a globalização.»

Declaração de Roma, de 25 de março de 2017

O futuro do nosso planeta exige ação imediata — em tempo real. É por esta razão que apelo
a todos os que estão envolvidos na transição ecológica e na modernização da economia para
que unam forças imediatamente com vista a consolidar as nossas economias e sociedades
fragmentadas. Isto acontece porque a transição ecológica e a modernização da economia são
questões que nos preocupam a todos. (...) E, uma vez que esta transição ecológica não será
harmoniosa e isenta de problemas, também estamos a trabalhar no sentido de assegurar
que os trabalhadores beneficiam de uma proteção social eficaz que os ajude na adaptação
à mudança, que os jovens têm formação adequada nas competências necessárias para os
empregos de amanhã, em especial nas tecnologias verdes e no setor digital, e que os agricultores
dispõem dos meios para aplicar práticas respeitadoras do ambiente e do clima graças ao apoio
de uma política agrícola comum modernizada.»

Jean-Claude Juncker,
Presidente da Comissão Europeia
Contributo da Comissão Juncker para a Cimeira Um Planeta, 12 de dezembro de 2017

4
Índice

1 Desenvolvimento sustentável em prol de um melhor nível de vida:


as vantagens competitivas da Europa 6

2 A UE e os desafios mundiais a enfrentar 10

3 Rumo a uma Europa sustentável até 2030 14

3.1 Bases políticas para um futuro sustentável 15


3.1.1 Da economia linear à economia circular 15
3.1.2 Sustentabilidade do prado ao prato 17
3.1.3 Energia, edifícios e mobilidade orientados para o futuro 18
3.1.4 Assegurar uma transição socialmente justa 20

3.2 Elementos viabilizadores transversais da transição para a sustentabilidade 22


3.2.1 Educação, ciência, tecnologia, investigação, inovação e digitalização 22
3.2.2 Financiamento, fixação de preços, fiscalidade e concorrência 24
3.2.3 Comportamentos empresariais responsáveis, responsabilidade social das empresas
e novos modelos de negócio 26
3.2.4 Comércio aberto e assente em normas 27
3.2.5 Governação e coerência estratégica a todos os níveis 29

4 A UE enquanto pioneira do desenvolvimento sustentável a nível mundial 31

5 Cenários para o futuro 33

Anexos45

Anexo I Contributo da Comissão Juncker para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 45

Anexo II Desempenho da UE em matéria de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 65

Anexo III Sumário do contributo da Plataforma Multilateral sobre os ODS para o documento
de reflexão – Para uma Europa sustentável até 2030 121

5
1 Desenvolvimento sustentável em prol de um melhor nível de vida:
as vantagens competitivas da Europa

Em setembro de 2015, na Assembleia Geral das Nações a produtividade e o crescimento na Europa. Embora a UE
Unidas, países de todo o mundo assinaram a Agenda 2030 ainda registe disparidades económicas, sociais e territoriais
para o Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030 das entre os seus Estados-Membros e regiões,(3) a sua política de
Nações Unidas) e os seus 17 Objetivos de Desenvolvimento coesão promoveu um crescimento generalizado e reduziu
Sustentável (ODS), chegando a acordo sobre uma «lista de estas diferenças em todo o continente, favorecendo assim
coisas a fazer para as pessoas e o planeta»(1). Os dirigentes a convergência. Além disso, a UE estabeleceu normas
mundiais comprometeram-se a pôr fim à pobreza, proteger sociais e ambientais das mais elevadas, adotou políticas
o planeta e garantir paz e prosperidade para todos os povos. ambiciosas em prol da saúde e assumiu a liderança na luta
Os ODS e o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas contra as alterações climáticas. Os Estados-Membros da
constituem um roteiro para um mundo melhor, bem como UE têm realizado progressos notáveis em muitos domínios
um quadro global para a cooperação internacional em abrangidos pela Agenda 2030 das Nações Unidas: em
prol do desenvolvimento sustentável e das suas dimensões virtude destes progressos, a UE é um dos melhores sítios
económica, social, ambiental e de governação. A UE foi do mundo para viver, senão o melhor.
um dos principais propulsores da Agenda 2030 das Nações
Unidas e está plenamente empenhada em executá-la.
A maioria dos inquiridos está satisfeita com a sua
O desenvolvimento sustentável — um desenvolvimento que vida familiar, o seu emprego, a vida no país em que
satisfaz as necessidades das gerações atuais sem comprometer reside e a vida na UE:
a capacidade de as futuras gerações satisfazerem as suas
próprias necessidades — está profundamente enraizado
no projeto europeu. A integração europeia e as políticas
da UE contribuíram para erradicar a pobreza e a fome no
pós-guerra e criaram um espaço de liberdade e democracia
onde os cidadãos europeus podem aceder a níveis inéditos 91% 64% 89% 78%
de prosperidade e bem-estar. Eurobarómetro sobre o futuro da Europa 2017

A UE agiu sempre em prol de sociedades mais inclusivas,


assentes na democracia e no Estado de direito, como
refletido no artigo 2.º do Tratado da União Europeia(2). A União Europeia é um dos melhores
Os padrões sociais e sanitários da UE estão entre os mais sítios para viver
exigentes do mundo e a Europa é o continente onde
a esperança de vida é mais elevada. A nossa economia • Nove Estados-Membros da UE-27 figuram entre
social de mercado tem gerado prosperidade e oferecido os 20 países mais felizes do mundo, sendo que
segurança graças a sistemas de proteção social robustos. a Finlândia ocupa o primeiro lugar da lista(4).
Os investimentos significativos na investigação e na • A satisfação geral com a vida na UE, com base
inovação têm permitido desenvolver novas tecnologias no bem-estar subjetivo dos cidadãos europeus,
e modelos de produção que permitem uma utilização é de 70 %(5).
mais sustentável dos recursos e a implantação de soluções
digitais. O equilíbrio dos orçamentos e a modernidade • Onze Estados-Membros da UE-27 estão entre
das economias desempenham um papel fundamental; os os 20 países mais bem classificados segundo
progressos realizados em direção a políticas orçamentais o Índice de Progresso da Juventude(6) do Fórum
e reformas estruturais sólidas reduziram os níveis de Europeu da Juventude. O Índice de Progresso
endividamento e promoveram a criação de empregos. da Juventude é um dos primeiros instrumentos
A taxa de emprego das pessoas com idade compreendida desenvolvidos com vista a apresentar uma
entre os 20 e os 64 anos aumentou para 73,5 % no panorâmica global da vida de um jovem
terceiro trimestre de 2018, um nível jamais alcançado na contemporâneo, independentemente dos
UE. Estes elementos tiveram um impacto positivo sobre indicadores económicos.

6
Os Estados-Membros da UE entre os melhores
classificados a nível dos ODS
61% dos europeus encaram
a União Europeia como um lugar de
A nível mundial, sete Estados-
estabilidade num mundo conturbado
Membros da UE-27 estão entre os
10 melhores classificados no Índice e o otimismo em relação ao futuro
de ODS, sendo que todos os Estados- da UE está a aumentar.
Membros da UE-27 estão entre os 50 Relatório do Eurobarómetro 2018
melhores classificados (em 156):

No entanto, nada é definitivo ou permanente. Precisamos


de envidar esforços contínuos para consolidar as nossas
Os Estados-Membros da UE-27 têm o melhor realizações em matéria de democracia, economia
desempenho, em média, a nível do ODS 1
(Acabar com a pobreza em todas as suas e ambiente, superar plenamente o impacto negativo da
formas, em todos os lugares.) crise económica e financeira, quebrar a correlação entre
a melhoria da nossa saúde, prosperidade e bem-estar e a
degradação ambiental, eliminar as desigualdades sociais
e encontrar soluções para desafios transfronteiras.
Têm também o segundo melhor
desempenho, em média, no ODS 3 (Garantir A quarta revolução industrial, que estamos a atravessar, trará
o acesso à saúde de qualidade e promover mudanças para todos. Resta-nos saber se conseguiremos
o bem-estar para todos, em todas as idades). tomar as rédeas e gerir a adaptação de acordo com os nossos
valores e os nossos interesses. A UE e os seus Estados-
Membros dispõem de vantagens competitivas significativas
que nos permitem assumir a liderança e modernizar as
Em média, a pontuação mais baixa é obtida
nossas economias, preservar o nosso ambiente e melhorar
no ODS 12 (Garantir padrões de consumo
e produção sustentáveis) e no ODS 14 a saúde e o bem-estar de todos os europeus. Tal implicará
(Conservar e usar de forma sustentável os apostar nos ODS e investir nas competências, na inovação
oceanos, mares e os recursos marinhos para e nas tecnologias emergentes, de maneira a dar um rumo
o desenvolvimento sustentável). mais sustentável à nossa economia e à nossa sociedade.
Devemos ponderar a forma de melhorar os nossos
padrões de produção e consumo. Temos de agir já para
Registam-se diferenças notáveis entre travar o aquecimento global e a perda de ecossistemas
os Estados-Membros a nível do ODS 10 e biodiversidade, que põem em risco o nosso bem-estar, as
(Reduzir as desigualdades no interior dos nossas perspetivas de crescimento sustentável e a própria
países e entre os países). sobrevivência humana neste planeta. Temos capacidade
para o fazer mas não podemos esperar mais. Apesar dos
progressos realizados, as desigualdades e as disparidades
territoriais ainda registam níveis elevados. Pôr-lhes fim
Nos últimos cinco anos, a UE permitir-nos-á garantir uma sociedade mais justa, mas
realizou progressos relativamente também salvaguardar e reforçar a coesão social e assegurar
a quase todos os Objetivos de a estabilidade social e política no interior e entre os
Desenvolvimento Sustentável (ODS). Estados-Membros da UE.

ligeiro progresso progresso


recuo moderado significativo

Fonte: Índice ODS SDSN; Eurostat, Desenvolvimento sustentável na


União Europeia, edição de 2018.

7
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

1. Erradicar a pobreza 10. Reduzir as desigualdades


2. Erradicar a fome 11. Cidades e comunidades sustentáveis
3. Saúde de qualidade 12. Produção e consumo sustentáveis
4. Educação de qualidade 13. Ação climática
5. Igualdade de género 14. Proteger a vida marinha
6. Água potável e saneamento 15. Proteger a vida terrestre
7. Energias renováveis e acessíveis 16. Paz, justiça e instituições eficazes
8. Trabalho digno e crescimento económico 17. Parcerias para a implementação dos objetivos
9. Indústria, inovação e infraestruturas

Fonte: Nações Unidas.

Além disso, uma ordem mundial multilateral respeitada, nas suas políticas(7), tendo lançado as bases da próxima geração
eficiente e baseada em regras é a melhor forma de evitar de políticas sustentáveis: desde o Pilar Europeu dos Direitos
um mundo anárquico onde impera a lei do mais forte, as Sociais ao novo Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento,
armas nucleares, o extremismo e a escassez de recursos. à estratégia «Comércio para Todos» assente em valores, ao
Estamos a assistir à ascensão de um nacionalismo perigoso, Compromisso Estratégico para a Igualdade de Género e ao
caracterizado por uma abordagem do tipo «o meu país Espaço Europeu da Educação; desde o pacote da economia
primeiro», que pode conduzir a discórdias e conflitos. circular ao pacote «Europa em Movimento», à União da
Vários países têm começado a repudiar os compromissos Energia, à Estratégia Crescimento Azul e à Estratégia para
que assumiram em matéria de bem-estar da população, a Bioeconomia; e desde o Plano de Investimento para
segurança, proteção do ambiente e ação climática, a Europa ao Plano de Ação sobre o Financiamento Sustentável,
destabilizando assim a ordem assente em regras. à Agenda Urbana da UE e ao Plano de Ação para a Natureza,
para referir apenas alguns exemplos.
Os ODS não são metas em si, mas servem-nos de ponto
de referência e roteiro, proporcionando uma visão A Comissão Juncker propôs também tornar as
a longo prazo que transcende os períodos eleitorais e as finanças da UE mais sustentáveis reforçando o vínculo
considerações efémeras. Servem-nos de orientação para entre o financiamento da UE e o Estado de direito
manter democracias sólidas, construir economias modernas e estabelecendo um objetivo mais ambicioso de 25 % para
e dinâmicas, contribuir para a melhoria das condições de a despesa climática no futuro orçamento da UE.
vida no mundo, reduzir as desigualdades e garantir que
Recentemente, a Comissão Juncker apresentou uma visão
ninguém fica para trás, garantindo simultaneamente
estratégica a longo prazo com vista a criar uma economia
o pleno respeito dos limites do nosso planeta e a sua
da UE moderna, competitiva, próspera e com um impacto
preservação para as gerações futuras.
neutro no clima até 2050(8). Esta visão abre o caminho
Desde o início do seu mandato, a Comissão Juncker tem a uma mudança estrutural da economia europeia,
envidado esforços para integrar o desenvolvimento sustentável promovendo o crescimento sustentável e o emprego.

8
Todas estas políticas estratégicas deverão ser implementadas Comissão deverá entrar em funções. O fim da «Estratégia
no terreno de forma plena e inequívoca. Terão igualmente Europa 2020 para um crescimento inteligente, sustentável
de ser complementadas por outras medidas, à luz da e inclusivo»(9) aproxima-se a passos largos. Por conseguinte,
interdependência entre as políticas, tendo simultaneamente precisamos de concentrar a nossa atenção no próximo ciclo
em consideração os novos desafios, factos e elementos de político de cinco anos para a Europa e no novo quadro
prova que vão surgindo. O diálogo social e as medidas financeiro plurianual, que estará em vigor de 2021 a 2027.
voluntárias aplicadas pelo setor privado também têm um O Conselho Europeu(10) congratulou-se com a intenção da
papel importante a desempenhar nesta matéria. Comissão de publicar o presente documento de reflexão,
que deverá abrir caminho a uma estratégia de aplicação
A UE está excecionalmente bem posicionada para assumir
abrangente em 2019. O presente documento lança
a liderança, visto que as políticas isolacionistas de outras
um debate sobre o futuro da visão de desenvolvimento
potências mundiais têm vindo a criar um vazio político.
sustentável da UE e a tónica das políticas setoriais após
A UE tem assim uma oportunidade importante de fazer
2020, preparando simultaneamente a execução dos ODS
prova de liderança e mostrar o caminho a seguir aos outros
a longo prazo.(11) A Comissão ambiciona contribuir para um
países.
debate abrangente e prospetivo sobre o futuro da Europa,
Em maio deste ano, os cidadãos europeus elegerão que deverá necessariamente integrar o desenvolvimento
um novo Parlamento Europeu. No outono, uma nova sustentável.

9
2 A UE e os desafios mundiais a enfrentar

Graças aos esforços de reforma envidados a todos os níveis, Nenhum país atingiu um nível de desenvolvimento
os indicadores económicos fundamentais da UE evoluíram humano elevado dentro do limite dos recursos do
positivamente após a crise económica e financeira(12). No planeta
entanto, previsões recentes(13) apontam para a necessidade Acima dos limites ambientais*
de aumentar as taxas de crescimento, reduzir as taxas de
16
endividamento e manter a disciplina orçamental a fim

Pegada ecológica por pessoa


14
de proporcionar um quadro para uma economia sólida.
12
Se não tomarmos medidas para aumentar a resiliência
10
económica e a coesão e suprir as vulnerabilidades
8
estruturais, poderemos assistir a uma perda de dinamismo
6
nos próximos anos, num contexto de riscos significativos
de revisão em baixa. Em contrapartida, se adotarmos as 4

necessárias reformas estruturais, poderemos assegurar um 2

maior bem-estar e um futuro assente em premissas mais 0


0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
sólidas, incluindo através do investimento na investigação
Desenvolvimento Desenvolvimento humano muito
e na inovação, nos serviços públicos, nos sistemas de humano baixo* elevado dentro dos limites
proteção social e na preservação do ambiente. É necessário ambientais*
agir tanto a nível da UE como dos Estados-Membros para
Índice de Desenvolvimento Humano
garantir a viabilidade a longo prazo dos sistemas fiscais
e de pensões, incluindo receitas fiscais estáveis no mercado África América Latina Outros
único. Ásia-Pacífico Médio Oriente / Ásia Central países da
UE-27 América do Norte Europa
Além disso, vários desafios cada vez mais prementes
ameaçam o nosso bem-estar e prosperidade económica. Fonte: Global Footprint Network, PNUD.
Nota: Os dados relativos ao índice de desenvolvimento humano e aos
Todos estes desafios são complexos e estreitamente limites ambientais dizem respeito a 2014.
interligados, pelo que a forma de gerir um deles pode ter
implicações positivas para outros. A transição para uma economia circular
é fundamental visto que a extração de matérias-
O défice de sustentabilidade mais grave, e o nosso maior
primas regista um aumento contínuo
desafio, é a dívida ecológica que estamos a acumular com
a utilização excessiva e a destruição dos nossos recursos projeções
200
naturais, comprometendo assim a capacidade de satisfazer
extrações em mil milhões

as necessidades das gerações futuras dentro dos limites 150


do nosso planeta. Em todo o mundo, a pressão sobre os
de toneladas

recursos essenciais — desde a água potável aos solos férteis 100


— coloca em perigo a existência humana. Hoje em dia,
a humanidade utiliza o equivalente a 1,7 planetas Terra.(14) 50
Em vários aspetos, o mundo está a caminhar rapidamente
0
para o seu ponto de rutura: entre 1900 e 2015, o consumo
19 0
19 8
19 6
19 4
19 2
19 0
19 8
19 6
19 4
19 2
19 0
19 8
20 6
20 4
20 2
20 0
20 8
20 6
44
9
0
1
2
3
4
4
5
6
7
8
8
9
0
1
2
2
3

mundial de matérias-primas foi multiplicado por catorze,


18

estando previsto que aumente para mais do dobro entre


Biomassa Minerais metálicos
2015 e 2050(15). Para além da pressão ambiental, tal Combustíveis fósseis Minerais não metálicos
representa um sério desafio para a economia europeia, que
Fonte: Comissão Europeia, Parceria Europeia de Inovação no domínio
depende de matérias-primas provenientes de mercados das matérias-primas, Painel de Avaliação das matérias-primas 2018,
internacionais. com base no Programa das Nações-Unidas para o Ambiente (dados
históricos) e Hatfield-Dodds et al. (2017) (projeções).

10
A biodiversidade e os ecossistemas são cada vez mais
ameaçados pela ação humana; em apenas 40 anos, as A maioria dos inquiridos europeus
populações de espécies de vertebrados registaram uma considera que a vida das crianças
diminuição média de 60 % a nível mundial(16). As florestas de hoje será mais difícil do que
tropicais estão a ser destruídas a um ritmo acelerado, a vida das pessoas da sua própria
verificando-se uma diminuição anual equivalente geração.
à superfície da Grécia. Este problema também nos afeta:
na UE, só 23 % das espécies e 16 % dos habitats são Relatório do Eurobarómetro 2017
considerados em bom estado. Os géneros alimentícios
à base de produtos animais têm uma pegada ecológica Para além deste desafio planetário, o modelo de proteção
particularmente elevada em termos de ocupação do solo(17) social da UE — uma pedra angular do projeto europeu
e a crescente procura de produtos do mar exerce uma — também se encontra ameaçado. As alterações
pressão significativa sobre os ecossistemas marinhos(18). demográficas, tecnológicas e estruturais num mundo
As emissões mundiais de gases com efeito de estufa globalizado estão a transformar a natureza do trabalho e a
continuam a aumentar a um ritmo alarmante, pôr em causa a nossa solidariedade, erodindo a premissa
maioritariamente impulsionadas pela utilização de energia, de que cada geração herdará um mundo melhor do que
pelo consumo excessivo de recursos e pela destruição dos a precedente. Tal poderá também intensificar a ameaça que
ecossistemas. Na UE, os transportes são responsáveis por pesa sobre a democracia, o Estado de direito e os direitos
27 % das emissões de gases com efeito de estufa e muitas fundamentais, valores centrais da UE.
zonas urbanas não respeitam os limites de poluição
atmosférica acordados a nível da União. A produção de A proporção de trabalhadores com salários médios
alimentos continua a implicar níveis significativos de está a diminuir em toda a UE
consumo de água e energia e de emissão de poluentes, sendo Empregos com remuneração elevada, média e baixa na
UE Variação entre 2002 e 2016 em pontos percentuais
responsável por cerca de 11,3 % das emissões de gases com
efeito de estufa da União. Na UE, os combustíveis fósseis LU
IE
continuam a beneficiar de subvenções públicas na ordem FR
dos 55 mil milhões de EUR por ano, o que corresponde PT
EL
a cerca de 20 % da sua fatura de importação de combustíveis ES
AT
fósseis, apesar das ambiciosas medidas de descarbonização IT
BE
adotadas e dos compromissos assumidos no âmbito do HR
UE27
G7 e do G20 no sentido de eliminar gradualmente estas CY
RO
subvenções.(19) HU
MT*
Globalmente, a UE tem conseguido reduzir as suas próprias SE
NL
emissões e dissociá-las do crescimento económico, dando SI
DE
assim um contributo significativo para o esforço coletivo, LT
CZ
tendo também em conta as emissões intrínsecas às FI
DK
importações e exportações da UE(20). Contudo, é necessário LV
SK
envidar mais esforços a nível da UE, mas também à escala BG
mundial. EE
PL

Se nada for feito, o impacto devastador das alterações -25 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25
climáticas e da degradação do capital natural afetará Remuneração mais Remuneração Remuneração mais
elevada média baixa
gravemente a economia, reduzirá a qualidade de vida em
Fonte: Evolução do emprego e da situação social na Europa, 2018.
todo o planeta e aumentará a intensidade e a frequência Nota: Variação para Malta entre 2009 e 2016.
das catástrofes naturais, colocando mais vidas em risco.
Embora inverter estas tendências negativas tenha um custo Atualmente, cerca de 22,5 % da população da UE continua
e exija um grande esforço coletivo, o custo da inação e as a estar em risco de pobreza ou de exclusão social e 6,9 %
respetivas consequências sociais seriam muito superiores.(21) dos europeus ainda vivem em situação de privação material
severa. Em 2017, as desigualdades de rendimentos nos
Estados-Membros da UE diminuíram pela primeira vez
desde a crise financeira. No entanto, estas desigualdades
continuam a atingir um nível demasiado elevado,
sendo que a riqueza continua a estar sistematicamente
concentrada nas classes mais altas. Esta situação tem várias

11
consequências sociais, conduzindo a discrepâncias no A percentagem de pessoas com idade superior
bem-estar e na qualidade de vida. Os Estados-Membros a 65 anos relativamente à população em idade
da UE também enfrentam obstáculos para garantir um ativa vai aumentar rapidamente
aprovisionamento em energia a preços acessíveis para todos Hoje 2070
os europeus, sendo que milhões de pessoas têm dificuldades
em aquecer devidamente as suas habitações(22). Ao passo
que cerca de 43 milhões de pessoas na UE não dispõem
de meios financeiros suficientes para fazer uma refeição de -43%
qualidade de dois em dois dias(23), cerca de 20 % da nossa
produção alimentar é desperdiçada(24) e mais de metade da
população adulta da UE tem excesso de peso,(25) sinónimo
de graves riscos para a saúde. A resistência antimicrobiana
3.5 trabalhadores / 1 2 trabalhadores / 1
é outro risco para a saúde, podendo vir a causar mais de reformado reformado
10 milhões de mortes por ano em todo o mundo nas
Fonte: Eurostat, Comissão Europeia.
próximas décadas(26). Nota: Este gráfico apresenta os rácios de dependência dos idosos,
ou seja, a proporção de pessoas com mais de 65 anos em relação
Na UE… à população em idade ativa (entre os 15 e os 64 anos).

Estima-se que
88 As desigualdades e o declínio da mobilidade social
20%
milhões
de toneladas constituem um risco para o nosso desenvolvimento
da produção ou 173 kg/pessoa económico global(29) e para a coesão social. Geralmente,
alimentar de alimentos são a UE regista um desempenho relativamente bom no
total seja disperdiçados
perdida ou todos os anos que toca à desigualdade de rendimentos e não tão bom
desperdiçada quanto à desigualdade de oportunidades. A desigualdade
Custo estimado em de oportunidades pode impossibilitar a inclusão social
143 mil milhões de EUR
e profissional de partes da população, prejudicando as
perspetivas de crescimento. O combate às desigualdades
43 Milhões
de pessoas
não têm meios para fazer uma
refeição de qualidade de dois é primordial se queremos que a população apoie
em dois dias a transição para a sustentabilidade. A tentação crescente
Fonte: Eurostat, Comissão Europeia, EU Fusions. do isolacionismo e do nacionalismo pode ser interpretada
como um sinal de que demasiados europeus não se sentem
Hoje em dia, continua a não existir uma plena igualdade devidamente protegidos contra um mundo que lhes parece
entre os homens e as mulheres. Embora a taxa de emprego cada vez mais injusto. É evidente que, por si só, nenhum
das mulheres e a presença das mesmas em cargos de alto Estado-Membro é suficientemente grande ou forte para
nível atinjam níveis historicamente elevados, a igualdade enfrentar os desafios transnacionais, mas unidos, enquanto
entre os sexos tem estagnado, ou mesmo regredido, em UE, podemos oferecer proteção.
outros aspetos(27). Ao longo dos últimos dez anos, doze
Estados-Membros da UE registaram um retrocesso no As desigualdades a nível mundial são também motivo
equilíbrio entre homens e mulheres em matéria de tempo de profunda preocupação. Tendo em conta as grandes
consagrado à prestação de cuidados, às tarefas domésticas disparidades em matéria de crescimento demográfico
e à participação em atividade sociais. Continuam a verificar- e condições de vida a nível mundial, bem como o aumento
se disparidades a nível de emprego e de salários(28). contínuo das temperaturas globais e o desaparecimento de
ecossistemas, assistiremos inevitavelmente ao aumento
O facto de a Europa ter a esperança de vida mais elevada das deslocações e migrações forçadas em todo o mundo.
do mundo é um êxito significativo. Mas o número A título de exemplo, calcula-se que até 2050, centenas
crescente de idosos e a diminuição da população em idade de milhões de pessoas sejam obrigadas a abandonar as
ativa acarreta desafios específicos para o nosso modelo suas casas devido às alterações climáticas e à degradação
socioeconómico. A conjugação do envelhecimento com ambiental(30). Este exemplo demonstra claramente
a longevidade e o número crescente de doenças crónicas a interligação e a interdependência entre diferentes
poderá ter um profundo impacto nas finanças públicas, questões complexas, bem como a necessidade de uma
incluindo sobre os sistemas de saúde, aumentando também resposta global. Não há qualquer solução milagrosa ou
o risco de desigualdades entre gerações. remédio fácil para estes desafios vastos e complexos.

12
Modernizar o nosso modelo económico, dar resposta Tendo em conta que os ODS são, por definição, objetivos
às problemáticas sociais que enfrentamos e continuar globais, aplicáveis a todas as partes do mundo, temos
a desenvolver e promover uma cooperação multilateral de os equacionar dessa forma. Ao agirmos, temos de ter
forte e assente em regras serão tarefas árduas. Contudo, em mente uma perspetiva internacional, dar o exemplo,
estes são fatores indispensáveis para garantir a estabilidade estabelecer normas globais e incitar os países, as indústrias
social, permitir que as economias prosperem e melhorar e as pessoas a aderir a esta visão. Constituindo o maior
a nossa saúde. As nossas sociedades livres exigem um mercado único do mundo, sendo o maior investidor,
dinamismo económico e um investimento contínuo a maior potência comercial e o principal prestador de
em tecnologias facilitadoras essenciais, bem como na ajuda ao desenvolvimento, a UE pode desempenhar um
educação. Se queremos proporcionar um futuro melhor papel crucial no êxito da Agenda 2030 das Nações Unidas.
para todos, precisamos de reinventar uma forma de A UE já pôs em prática muitas das políticas mais modernas
crescimento sustentável, sabendo que as condições-limite do mundo em prol da sustentabilidade. A trajetória que
do século 21 são muito diferentes das do século anterior. iniciámos deve ser prosseguida, mas é necessário intensificar
Estamos prontos para superar este desafio. o nosso ritmo para garantir uma Europa sustentável até
2030. Não nos podemos dar ao luxo de transferir a nossa
responsabilidade para as gerações futuras e o prazo para
Para fazer face aos principais desafios mundiais,
agir está a acabar. As decisões que tomarmos ou optarmos
a nossa sociedade deve dar prioridade à igualdade
por não tomar nos próximos anos irão determinar a nossa
social, à solidariedade e à proteção do capacidade para inverter estas tendências.
ambiente.

1. fator mais 2. fator mais


citado citado

Eurobarómetro sobre o futuro da Europa 2017

13
3 Rumo a uma Europa sustentável até 2030

O desenvolvimento sustentável passa por melhorar Na UE, os setores económicos ligados ao ambiente
o nível de vida das populações, dando-lhes uma estão a crescer a um ritmo superior ao da
verdadeira possibilidade de escolha, criando um ambiente economia global
estimulante, divulgando conhecimentos e fornecendo 180
melhores informações. Assim, devemos conseguir «viver 170
bem, dentro dos limites do nosso planeta»(31) graças a uma 160

2000=100
utilização inteligente dos recursos e a uma economia 150
140
moderna ao serviço da nossa saúde e do nosso bem-estar. 130
Por conseguinte, devemos prosseguir o caminho que 120
110
começámos a traçar: a transição para uma economia 100
hipocarbónica, com impacto neutro no clima, eficiente

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em termos de recursos e rica em biodiversidade, em
plena conformidade com a Agenda 2030 das Nações Economia ambiental: emprego
Unidas e com os 17 ODS. Esta transição tem de ser Economia ambiental: valor bruto acrescentado
realizada em benefício de todos, sem deixar ninguém Economia global: emprego
Economia global: produto interno bruto
para trás, assegurando a igualdade e a inclusividade.
O nosso crescimento económico tem de se tornar Fonte: Eurostat, Comissão Europeia.

menos dependente dos recursos não renováveis para que A UE poderá definir normas para o resto do mundo se
possamos maximizar a utilização dos recursos renováveis assumir a liderança na implementação dos ODS e na
e dos serviços ecossistémicos geridos de forma sustentável. transição para uma economia sustentável, incluindo
A UE já deu início a esta transição: entre 2000 e 2015, através de investimentos inteligentes em tecnologias
o emprego no setor do ambiente cresceu a um ritmo mais facilitadoras essenciais e na inovação. Assim, a UE seria
acelerado do que na economia em geral(32). As tecnologias a primeira a colher os benefícios da transição e possuiria
hipocarbónicas são cada vez mais comercializadas, a maior vantagem competitiva no mercado mundial do
permitindo que a UE beneficie de saldos comerciais muito futuro. Tal contribuirá para reforçar os Estados-Membros
positivos. Durante o período 2012-2015, as exportações e a própria União, ajudando as pessoas a prosseguir os seus
da UE de tecnologias de energia limpa atingiram 71 mil objetivos em matéria de bem-estar e liberdade e, assim,
milhões de EUR, ultrapassando as importações em 11 concretizar a visão da Europa.
mil milhões de EUR. A UE já começou a mostrar que O crescimento verde é suscetível de trazer benefícios
o crescimento económico é compatível com a redução das a todos(33), tanto do lado dos produtores como dos
emissões de carbono. consumidores. Estima-se que a concretização dos
ODS nos domínios da alimentação, da agricultura, da
A UE prova que o crescimento económico energia, das matérias-primas, das cidades, do bem-estar
é compatível com a transição para uma economia e da saúde leve à criação de oportunidades de mercado
hipocarbónica
equivalentes a mais de 10 biliões de EUR(34). A ambição
160 da UE de alcançar uma economia eficiente em termos de
140 recursos e com impacto neutro no clima demonstrará que
Índice 1990=100

120 a transição para uma economia verde pode andar a par com
100 o aumento da prosperidade. Para ter êxito, a UE e os seus
80
Estados-Membros devem assumir um papel de liderança
em matéria de investigação, tecnologia e infraestruturas
60
modernas. Devemos igualmente incentivar a emergência
40
de novos modelos de negócio, reduzir os obstáculos
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existentes no Mercado Único e tirar partido das novas


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PIB
tecnologias como a inteligência artificial. A investigação
Emissões de gases com efeito de estufa e a inovação, o financiamento, a fixação de preços e a
Intensidade dos gases com efeito de estufa fiscalidade, a conduta empresarial responsável, os novos
modelos de negócio e o ensino constituem elementos
Fonte: Comissão Europeia, Agência Europeia do Ambiente.
viabilizadores importantes que, se forem orientados para
uma transição económica inovadora, verde, inclusiva

14
e socialmente justa, criarão as condições adequadas para na produção e no consumo no domínio dos materiais
uma mudança sustentável. e produtos, da alimentação, da energia, da mobilidade
e das áreas construídas(36), tendo em conta as
Para o conseguir, temos de continuar a investir nas pessoas
consequências sociais das mudanças nestes domínios.
e nos diferentes sistemas que servem de suporte à nossa
É neles que a transição para a sustentabilidade é mais
sociedade. As medidas fragmentadas e isoladas revelaram-
necessária e implica maiores benefícios potenciais para
se ineficazes: é necessário formular estratégias abrangentes
e integradas. A título de exemplo, as questões ambientais não a economia, a sociedade e o ambiente natural da UE, bem
poderão ser resolvidas apenas através de políticas ambientais como fortes repercussões positivas a nível mundial. Estes
se as políticas económicas continuarem a promover os domínios não funcionam isoladamente: são estreitamente
combustíveis fósseis, a utilização ineficiente dos recursos ou interdependentes e reforçam-se mutuamente.
modelos de produção e consumo não sustentáveis. Do mesmo
modo, as políticas sociais não são suficientes para acompanhar 3.1.1 Da economia linear à economia
a quarta revolução industrial e apoiar a mão-de-obra afetada circular
pela transição para uma economia hipocarbónica; a aplicação
de políticas sólidas em matéria de educação, formação A maior disponibilidade e acessibilidade dos diferentes
e investigação e desenvolvimento será crucial para dotar as materiais e produtos simplificou as nossas vidas e contribuiu
nossas sociedades da resiliência necessária. para aumentar o nível e a qualidade de vida na UE. No
entanto, o nosso modelo de consumo tem acarretado uma
É necessário agir a todos os níveis. As instituições da UE, os extração de recursos excessiva e uma pressão crescente
Estados-Membros e as regiões terão de aderir ao projeto. As sobre o capital natural e o clima(37).
cidades, os municípios e as zonas rurais deverão impulsionar
a mudança. Os cidadãos, as empresas, a comunidade de Temos de nos assegurar que conseguimos crescer
investigação e conhecimento terão de trabalhar em equipa. economicamente e melhorar o nível de vida das pessoas
A UE e os seus Estados-Membros terão de cooperar com os de uma forma sustentável. Tal implicará conceber novos
seus parceiros internacionais. Se queremos ter êxito, todos materiais e produtos, que nos permitirão reutilizar, reparar
temos de avançar na mesma direção. e reciclar com maior frequência. Assim, reduziremos não
só os resíduos como também a necessidade de extrair
novos recursos, que implica um grande custo financeiro
3.1 BASES POLÍTICAS PARA UM FUTURO e ambiental. Numa verdadeira economia circular, quando
SUSTENTÁVEL um produto atinge o final da sua vida útil — seja ele um
Por conseguinte, é absolutamente essencial que todos os par de calças de ganga, um smartphone, um recipiente
intervenientes na UE deem prioridade à transição para alimentar ou uma peça de mobiliário —, a maior parte do
a sustentabilidade, continuando a aprofundar as agendas seu valor material é preservada. Assim, o que anteriormente
estratégicas transversais adotadas a nível da União nos seria considerado como um resíduo pode voltar a ser
últimos anos. Uma parte importante das políticas da UE utilizado para fabricar novos produtos.
já é orientada para a concretização dos ODS, mas é preciso
A economia circular reduz os resíduos
que os Estados-Membros as ponham em prática de forma
e a necessidade de novos recursos
integrada. A título de exemplo, os custos decorrentes da
não aplicação da atual legislação ambiental da UE são
estimados em cerca de 50 mil milhões de EUR por ano
em despesas de saúde e custos diretos para o ambiente. Matérias-primas
Conceção
O pleno cumprimento das regras ambientais da UE não de produtos
só traria benefícios significativos para o ambiente e a saúde
como contribuiria para a criação de emprego(35). Gestão
de resíduos
Na mesma ordem de ideias, não basta aumentar o ritmo
e a escala de difusão de soluções sustentáveis; também ECONOMIA
Recolha
é preciso reforçar a coerência e estabelecer ligações entre e reciclagem CIRCULAR
Produção
as diferentes agendas a todos os níveis. A coerência das
políticas é uma condição fundamental para concretizar Remanufatura
os ODS e assegurar um crescimento verde, inclusivo
e duradouro para a UE. Consumo Utilizar,
Resíduos reutilizar, reparar
finais
Em consonância com os dados concretos subjacentes
aos principais desafios e oportunidades em matéria
de sustentabilidade para a UE, importa pôr a tónica Fonte: Comissão Europeia.

15
A transição para uma economia circular, incluindo sustentável dos recursos renováveis e permitindo que as
para uma bioeconomia circular, constitui uma enorme matérias-primas e subprodutos industriais renováveis sejam
oportunidade para a criação de vantagens competitivas convertidos em produtos de base biológica, tais como
numa base sustentável. A aplicação dos princípios da combustíveis, produtos químicos, materiais compósitos,
economia circular em todos os setores e indústrias não só mobiliário e fertilizantes.
trará benefícios ambientais e sociais à Europa como poderá
Agora, importa traduzir as políticas em vigor numa realidade
gerar um benefício económico líquido de 1,8 biliões de
concreta e continuar a dar prioridade a novas ações a todos
EUR (38)e criar mais de 1 milhão de novos postos de
os níveis de governação da UE. A título de exemplo, os
trabalho em toda a UE até 2030(39), contribuindo de
Estados-Membros deverão pôr em prática a modernização
forma decisiva para reduzir as emissões de gases com efeito
ambiciosa das normas da UE em matéria de resíduos. As
de estufa(40). Tendo em conta que os produtos da UE são
análises do ciclo de vida dos produtos devem tornar-se
fortemente dependentes de recursos provenientes de outras
sistemáticas e o quadro relativo à conceção ecológica —
partes do mundo, a transição para uma economia circular
destinado a aumentar a eficiência dos produtos para reduzir
também ajudará a UE a diminuir as pressões ambientais,
o consumo de energia e de recursos — deve ser alargado
sociais e económicas a nível mundial e aumentará a sua
tanto quanto possível. O trabalho iniciado em matéria
autonomia estratégica.
de produtos químicos, ambiente não tóxico, rotulagem
O uso de materiais circulares na UE está
ecológica e ecoinovação, matérias-primas críticas e adubos
a aumentar deve ser acelerado. O desenvolvimento do mercado das
Taxa de utilização em %, UE28 matérias-primas secundárias tem de continuar a ser uma
prioridade. Teremos de aprofundar o êxito obtido em
12 matéria de economia circular dos plásticos, bem como
incitar outras indústrias altamente poluentes e consumidoras
11
de recursos — tais como as indústrias alimentar, têxtil e de
produtos eletrónicos — a tornarem-se circulares. Devemos
10
expandir e reforçar os setores de base biológica, protegendo
9
simultaneamente os nossos ecossistemas e evitando a sobre-
exploração dos recursos naturais. No futuro, devemos
8 colocar a economia circular no centro da estratégia industrial
da UE, estimulando a circularidade em novos domínios
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e setores, capacitando os consumidores para fazerem escolhas


Fonte: Eurostat. informadas e intensificando os esforços do setor público
através de contratos públicos sustentáveis. As condições
A UE é a economia mais bem posicionada para beneficiar
necessárias estão reunidas e a reação popular em favor da
da transição para a economia circular ao fazer dos
estratégia da UE para os plásticos prova que os cidadãos
produtos circulares uma das suas principais imagens
estão cada vez mais sensibilizados para a necessidade de
de marca, o que criará vantagens competitivas. No
continuar nesta trajetória.
entanto, se queremos conservar essa vantagem, teremos
de intensificar os nossos esforços. O Plano de Ação para
a Economia Circular, adotado pela Comissão Juncker em Economia circular em ação: UE põe
2015, estabelece medidas para orientar a UE rumo a uma em prática a primeira estratégia global
economia circular e fazer dela um líder mundial nesta para os plásticos a nível mundial
transição. O plano inclui passos para mudar os padrões
de consumo e de produção, prestando especial atenção A estratégia da UE para os plásticos(41) e a legislação em
à conceção dos produtos (durabilidade, reparabilidade, matéria de plásticos de utilização única(42) permitirá
reutilização e reciclabilidade), à gestão dos resíduos proteger o ambiente da poluição por plásticos,
(prevenção, reciclagem das matérias-primas, valorização promovendo simultaneamente o crescimento e a
energética e proscrição da deposição em aterros) e ao inovação. Até 2030, todas as embalagens de plástico
aumento da sensibilização dos consumidores. Quase todos colocadas no mercado da UE terão de ser recicláveis
os elementos do Plano de Ação já foram concretizados, mas de forma economicamente viável, serão proibidos
será necessário tomar medidas adicionais para construir os microplásticos adicionados intencionalmente
uma economia europeia plenamente circular. e os produtos plásticos de utilização única mais
prejudiciais para os quais existem alternativas e os
A Estratégia revista da UE para a Bioeconomia, apresentada plásticos reciclados serão cada vez mais utilizados
em 2018, complementa o plano de ação para a economia para fabricar novos produtos.
circular, melhorando e intensificando a utilização

16
3.1.2 Sustentabilidade do prado ao prato menos gases com efeito de estufa. A agricultura biológica,
que coloca a tónica na proteção do ambiente e no bem-
O setor agrícola e as zonas rurais da UE são fundamentais
estar dos animais, tem vindo a aumentar em todos os
para o bem-estar dos cidadãos europeus. A nossa agricultura Estados-Membros da UE desde 2005 e prevê-se que
e a nossa indústria alimentar fazem da UE um dos maiores continue a crescer(46).
produtores mundiais de alimentos, garante de segurança
alimentar e empregador de milhões de cidadãos europeus. A agricultura biológica está a aumentar na UE,
Os agricultores da UE são também os primeiros guardiões representando quase o dobro da superfície
do meio natural, uma vez que cuidam dos recursos naturais agrícola total entre 2005 e 2016
em 48 % do território da UE, sendo que outros 40 % estão Superfície dedicada à agricultura biológica, %
a cargo dos silvicultores. As zonas rurais da UE acolhem da superfície agrícola utilizada
setores inovadores como a bioeconomia, sendo também 8
importantes pontos de concentração de atividades de lazer
e turismo. No entanto, os agricultores e os silvicultores 7
são os primeiros a serem afetados pela subida contínua das 6
temperaturas e pela degradação do ambiente natural.
5
A agricultura da UE realizou progressos concretos em
matéria de clima e ambiente: desde 1990, verificou-se 4
uma redução das emissões de gases com efeito de estufa
3
em 20 % e dos níveis de nitratos nos rios em 17,7 %. Não
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obstante, os desafios identificados subsistem. Se queremos
modernizar a nossa economia, proteger o ambiente Fonte: Eurostat.
e melhorar a qualidade da nossa alimentação, devemos
corrigir os desequilíbrios na nossa cadeia alimentar, desde Como primeiro exportador e importador de produtos
a agricultura e a pesca até à indústria alimentar e de agroalimentares do mundo,(47) a UE está bem posicionada
bebidas, aos transportes, à distribuição e ao consumo. para colher os benefícios desta oportunidade económica
e assumir a liderança mundial em matéria de alimentação
Os ODS mostram-nos o caminho a seguir. Estima-se que sustentável. Este objetivo pode ser concretizado.
um sistema alimentar e agrícola mundial em consonância Precisamos de uma abordagem abrangente que transforme
com os ODS possa gerar um rendimento económico o modo como produzimos, consumimos, transformamos
superior a 1,8 biliões de EUR até 2030(43). É também e distribuímos alimentos, acelerando a transição para um
suscetível de fornecer alimentos nutritivos e acessíveis sistema alimentar sustentável com base nos princípios
a uma população mundial em crescimento, gerar da economia circular e fazendo da produção alimentar
rendimentos mais elevados, ajudar a restaurar as florestas, inovadora, saudável, respeitadora do ambiente e do
os recursos de água doce e os ecossistemas e ser dotado bem-estar animal, segura e nutritiva um dos principais
de uma maior resiliência face aos riscos climáticos(44). elementos da nossa imagem de marca.
Até 2050, as práticas de produção agrícola e alimentar
A Comissão propôs modernizar a política agrícola comum
sustentável deverão criar mais de 200 milhões de empregos
(PAC), obrigando a que os planos nacionais dos Estados-
a tempo inteiro a nível mundial(45).
Membros reflitam os princípios de sustentabilidade
As exigências dos cidadãos neste domínio também estão subjacentes aos objetivos da PAC. A política comum das
a evoluir: verifica-se uma valorização crescente dos géneros pescas fomentou progressos significativos em matéria
alimentícios que trazem mais benefícios para a sociedade, de sustentabilidade do setor das pescas europeu. No
como os produtos biológicos, os produtos com indicações entanto, continua a ser fundamental aplicar devidamente
geográficas, os sistemas de produção alimentar locais com esta política, incluindo a gestão sustentável das unidades
menores pegadas ecológicas em termos de emissões de populacionais e o desenvolvimento de uma aquicultura
carbono e as soluções alimentares inovadoras que emitem sustentável.

17
Apoio à transição para a agricultura 3.1.3 Energia, edifícios e mobilidade
sustentável mediante uma PAC moderna orientados para o futuro
A futura PAC (2021-2027)(48) continuará a assegurar A energia limpa é fundamental para um futuro sustentável.
o acesso a alimentos de qualidade e o forte apoio Precisamos de produzir, armazenar e consumir energia
ao modelo agrícola europeu único, dando uma de forma sustentável, a fim de reduzir o nosso impacto
maior ênfase ao ambiente e ao clima, apoiando ambiental e proteger a saúde dos cidadãos europeus.
a transição para um setor agrícola mais sustentável
A UE é já uma das economias mais eficientes do mundo
e o desenvolvimento de zonas rurais dinâmicas.
em termos de emissões de carbono. As energias renováveis
As novas obrigações incluem a preservação dos são parte integrante do cabaz energético da Europa e mais
solos ricos em carbono através da proteção das de metade do aprovisionamento de eletricidade da UE
zonas húmidas e das turfeiras, a utilização de um tem um impacto neutro sobre o clima. As medidas de
instrumento de gestão de fertilizantes para melhorar eficiência energética, incluindo a etiquetagem energética,
a qualidade da água, reduzindo os níveis de amoníaco reduziram o consumo de energia nos últimos anos(51). Ao
e de óxido nitroso, e a substituição da diversificação comprarem eletrodomésticos, as pessoas optam cada vez
pela rotação de culturas. Todos os agricultores que mais por aparelhos eficientes do ponto de vista energético.
beneficiam do apoio da PAC terão de respeitar estas Os setores das energias renováveis e da eficiência energética
normas de base. representam cerca de 1,5 milhões de postos de trabalho na
Europa.
Cada Estado-Membro deverá criar regimes
ecológicos para apoiar e/ou incentivar os agricultores Em 2016, as energias renováveis representavam
a dar preferência a práticas agrícolas que sejam 17% da energia consumida na UE, rumo ao
benéficas para o clima e o ambiente, indo além dos objetivo de 20% em 2020
requisitos obrigatórios. Além disso, os agricultores Em % do consumo final bruto de energia
poderão contribuir para uma maior sustentabilidade
mediante um apoio suplementar concedido através UE
SE
de diversos regimes voluntários. FI
LV
AT
Neste contexto, importa observar uma utilização mais DK
prudente dos agentes antimicrobianos para diminuir EE
PT
o risco de resistência antimicrobiana nos animais e nos HR
seres humanos(49), prosseguir o plano de ação da UE de LT
combate ao desperdício de alimentos, reforçar a ênfase dada RO
SI
às normas em matéria de bem-estar dos animais, assegurar BG
a utilização sustentável de pesticidas e transformar os IT
ES
resíduos orgânicos, inorgânicos e os desperdícios em FR
recursos valiosos. A transparência das cadeias de valor EL
CZ
e o incentivo aos produtores e aos supermercados para DE
que ofereçam — e aos consumidores para que escolham HU
— alimentos sustentáveis e regimes alimentares saudáveis SK
PL
podem ser conseguidos através de medidas inovadoras, IE 2004
incluindo a melhoria da educação e da informação dos CY 2016
BE Objetivo para 2020 atingido
consumidores, proporcionando-lhes assim um verdadeiro MT Objetivo para 2020
leque de escolhas saudáveis a preços acessíveis. A evolução NL
LU
para um consumo mais sustentável de produtos de
origem animal poderá também trazer benefícios sanitários 0 10 20 30 40 50 60
significativos para os consumidores e ter um impacto Fonte: Eurostat.
positivo no ambiente natural(50).

18
Com a União da Energia, a Comissão Europeia dispõe recurso mais frequente a fontes de aquecimento elétrico
de um dos mais abrangentes quadros estratégicos globais eficientes e limpas, mas também a construção de edifícios
para a transição energética e a modernização económica, e equipamentos mais inteligentes e a utilização de melhores
reunindo o clima, a energia, os transportes, a investigação materiais de isolamento, plenamente conformes aos
e outras políticas. No âmbito da regulamentação ligada princípios da economia circular. A Diretiva Desempenho
à União da Energia, os objetivos fixados a nível da UE Energético dos Edifícios visa aumentar a qualidade de vida,
— atingir, pelo menos, 32 % de energias renováveis melhorando o isolamento, a ventilação e, por conseguinte,
no consumo total de energia e, pelo menos, 32,5 % de o conforto das nossas casas, bem como descarbonizar
eficiência energética em 2030 — permitir-nos-ão ir além o parque imobiliário até 2050. Estas medidas permitirão
do compromisso que assumimos no âmbito do Acordo de reduzir o custo de vida, favorecendo assim o poder de
Paris sobre as alterações climáticas: reduzir as emissões de compra dos cidadãos. Contudo, em primeiro lugar,
gases com efeito de estufa em, pelo menos, 40 % até 2030, é necessário encontrar meios para ajudar as pessoas a fazer
em comparação com os níveis de 1990. essa transição.
Outro motor decisivo da transição para uma economia
A energia limpa é uma oportunidade limpa, eficiente em termos de recursos e com impacto
de criar empregos e estimular o emprego neutro no clima é o setor da mobilidade, que inclui
a mobilidade urbana, as redes transeuropeias e os
Entre 2008 e 2014, o número de postos de trabalho transportes rodoviários, marítimos e aéreos. Os serviços
no domínio das tecnologias de energias renováveis de mobilidade e transporte empregam cerca de 11 milhões
aumentou em 70 %. Ao mobilizar o investimento de pessoas, sendo que a procura atual de mobilidade
público e privado, poder-se-ão criar 900 000 postos é elevada. Contudo, os meios de transporte atuais são
de trabalho adicionais até 2030. O setor da eficiência fonte de poluição atmosférica, ruído, congestionamentos
energética poderá criar até 400 000 novos postos de e acidentes rodoviários. O setor já representa quase um
trabalho locais. quarto das emissões de gases com efeito de estufa e a sua
pegada ecológica em termos de emissões está a aumentar.
Indo além de 2030, será necessário envidar mais esforços A Estratégia Europeia de Mobilidade Hipocarbónica,
para respeitar o texto e o espírito do Acordo de Paris apresentada pela Comissão em 2016, e as propostas
sobre as alterações climáticas, explorando plenamente «Europa em Movimento» que se seguiram, preveem várias
o potencial económico da transição energética. A UE pode medidas para melhorar a sustentabilidade do nosso sistema
diminuir consideravelmente a sua dependência onerosa de transportes. Estas medidas visam reduzir as emissões
em relação aos combustíveis fósseis, reduzir a sua fatura de gases com efeito de estufa e incitar as empresas da UE
de importação destes combustíveis de cerca de 260 mil a investir em transportes limpos, o que contribuirá para
milhões de EUR, aumentar a sua soberania energética estimular o crescimento e o emprego. Precisamos de dar
e contribuir para um mercado da energia mais justo. prioridade a alternativas limpas e acessíveis, tendo em
É primordial aprofundar a integração do mercado da vista a utilização exclusiva de veículos de zero emissões nas
energia, construindo as interligações em falta e facilitando estradas da UE, e tirar o melhor partido das tecnologias
o comércio transfronteiras de energia. A energia oceânica digitais para ajudar a reduzir o consumo de combustível.
e a energia eólica marítima também podem apoiar Do mesmo modo, os sistemas de navegação por satélite da
a transição para as energias limpas. No seu papel de líder UE contribuem para reduzir as emissões, por exemplo, nos
neste domínio, a UE deve continuar a usufruir das suas setores da aviação e do transporte rodoviário.
vantagens enquanto precursora.
Atendendo a que os edifícios são atualmente responsáveis A quota-parte de energia
por cerca de 40 % do consumo de energia, é necessário proveniente de fontes
promover a melhoria da sua eficiência energética através renováveis nos transportes
da reabilitação e modernização. Este processo já se
quase triplicou em 10 anos
encontra em curso. A título de exemplo, as ecoindústrias,
atingindo 7,1% em 2016.
nomeadamente ligadas à renovação de edifícios,
representam mais de 3,4 milhões de empregos na Europa. Eurostat 2018
A redução do consumo energético dos edifícios exige um

19
As cidades estão na vanguarda da transição para A legislação da UE em matéria de produtos químicos
a mobilidade sustentável e têm um papel importante contribuiu de forma significativa para garantir um
a desempenhar, através de um planeamento urbano elevado nível de proteção da saúde humana. Nas
sustentável que integre o ordenamento do território últimas quatro décadas, a exposição de pessoas
e satisfaça a procura de mobilidade e de infraestruturas. e do ambiente a substâncias perigosas diminuiu
As zonas urbanas também deveriam receber assistência no drasticamente. A legislação da UE também ajudou
que diz respeito à digitalização, à automatização e a outras a reduzir a exposição a determinados agentes
soluções inovadoras, promovendo modos de transporte cancerígenos no local de trabalho e, segundo as
ativos e partilhados, desde deslocações a pé e de bicicleta estimativas, permitiu prevenir cerca de um milhão
a serviços de partilha de veículos e coviaturagem. de novos casos de cancro na UE ao longo dos últimos
20 anos.
Além disso, importa analisar a conceção e o fim de vida dos
veículos, bem como as infraestruturas de transporte, a fim
de aproveitar ao máximo as oportunidades de transição Por vezes, criar sinergias e modernizar a nossa economia
para uma economia circular. Mesmo no fim do seu ciclo de também exige estabelecer compromissos difíceis.
vida, os veículos ainda contêm muitos materiais valiosos. A transição para a sustentabilidade criará novos empregos,
O quadro legislativo da UE sobre os veículos em fim de mas os empregos tradicionais poderão desaparecer ou sofrer
vida exige que os produtores concebam e fabriquem novos alterações, incluindo em consequência da digitalização e da
veículos sem substâncias perigosas e de uma forma que automatização, o que dará origem a tensões temporárias
facilite a reutilização e a reciclagem dos materiais de um no mercado de trabalho. A título de exemplo, ainda se
veículo usado para fabricar novos produtos. desconhece o impacto potencial da inteligência artificial
no mercado de trabalho.
Podemos e devemos fazer mais, desde utilizar materiais
reciclados em veículos e infraestruturas de transporte até Não obstante o facto de um grande número de famílias
reforçar a eficiência da reciclagem. A título de exemplo, atravessar dificuldades económicas, a opinião pública
o aumento das taxas de recolha e reciclagem de baterias de está cada vez mais ciente de que temos de mudar a nossa
automóveis elétricos na UE poderia reduzir a dependência forma de produzir e de consumir. No entanto, as pessoas
de materiais importados e contribuir para que os materiais que auferem rendimentos baixos ou médios podem não só
de recuperação conservassem o seu valor na economia da ser mais afetadas por estes desafios como suportar maiores
UE. Será importante criar incentivos adicionais, tanto encargos para, por exemplo, renovarem as suas habitações,
regulamentares como financeiros, a fim de tirar o máximo veículos e competências, por exemplo.
partido do potencial de economia circular no setor dos Esta transição terá impacto sobre os trabalhadores das
transportes. empresas afetadas e, por vezes, sobre regiões inteiras.
Um princípio fundamental é não deixar ninguém para
3.1.4 Assegurar uma transição socialmente trás. A transição para a sustentabilidade não pode ser
bem-sucedida se for efetuada em detrimento de pessoas,
justa
comunidades, setores ou regiões. Todos os elementos da
A solidariedade e a prosperidade são virtudes por si só nossa sociedade deverão ter as mesmas oportunidades de
e constituem o fio condutor das nossas sociedades livres contribuir para um futuro europeu sustentável e beneficiar
e democráticas. A transição para um crescimento económico da transição. Em especial, devemos capacitar as mulheres
e uma competitividade ecologicamente sustentáveis só poderá para a entrada no mercado de trabalho e a procura da
ter êxito se for inclusiva. Por conseguinte, a evolução para independência económica.
a sustentabilidade passa também por promover os direitos
Para conseguir dar um rumo sustentável à nossa sociedade,
sociais e o bem-estar de todos, contribuindo, por sua vez, para
temos de garantir que as nossas políticas facilitam esta
a coesão social nos Estados-Membros e em toda a UE.
mudança para todos os europeus, incluindo ao dotá-los
A transição para a sustentabilidade pode ter um forte das competências necessárias. A Comissão lançou, por
impacto positivo sobre o bem-estar social. Para além exemplo, a iniciativa para as regiões carboníferas em
de servir de fundamento à criação de empregos dignos, transição, que ajuda a conceber estratégias e projetos para
pode também trazer importantes benefícios para a saúde. uma transformação social, económica e tecnológica viável
É amplamente reconhecido que o estado de saúde está em certas regiões da UE, e que será alargada às regiões
estreitamente ligado ao estado do nosso ambiente natural. com elevada intensidade de emissões de carbono. Estas
Os efeitos nocivos da poluição do ar e da água são um bom iniciativas precursoras, que antecipam os desafios ligados
exemplo deste facto. Os sistemas alimentares sustentáveis à transição, devem ser reforçadas e aplicadas a outros
podem fornecer alimentos nutritivos de elevada qualidade setores em que a transformação é necessária, como é o caso
a todos os cidadãos. do setor automóvel e de certos setores alimentares.

20
A UE planeia a transição das regiões carboníferas por todos, caracterizando-se por um melhor acesso aos
com muita antecedência medicamentos, uma abordagem mais centrada no paciente
Potencial perda de empregos na UE27 e uma forte ênfase na promoção da saúde e na prevenção
Unidade 2030 (cumulativo) de doenças. Importa também generalizar e melhorar
<1000 Apoio da UE à transição em o planeamento e a previsão das necessidades de mão-de-
1000-3000 13 regiões carboníferas está obra no setor da saúde, bem como recorrer de forma mais
3000-6000 em curso
6000-15000
frequente a tecnologias digitais eficientes em termos de
>15000 custos(53).
(até 41000)
Por conseguinte, o investimento social deve continuar a ser
Brandenburg, Sachsen,
Sachsen-Anhalt (DE) uma das principais prioridades da UE e dos seus Estados-
Membros. O documento de reflexão sobre a dimensão
Śląsk (PL)
social da Europa(54) serve de ponto de referência importante
Karlovarský, Ústecký,
Moravskoslezský e analisa em pormenor as diferentes opções de adaptação
(CZ) dos nossos modelos sociais aos desafios que temos pela
frente. O principal quadro da UE para avançar nesta direção
Trenčín (SK)
é o Pilar Europeu dos Direitos Sociais, proclamado pelas
instituições da UE em novembro de 2017. O pilar serve
como instrumento orientador de um processo renovado
Valea Jiului
destinado a garantir melhores condições de vida e de
(RO) trabalho, estabelecendo princípios e direitos fundamentais
Dytiki nas esferas social e laboral. Devemos agora dedicar a nossa
Makedonia (EL)
Principado de Asturias, energia a pô-lo em prática. Daqui para a frente, devemos
Castilla y León, Aragón (ES) também garantir que a implementação do pilar passa por
dotar as pessoas das competências certas, permitindo-lhes
Fonte: Comissão Europeia (DG JRC, DG REGIO). ocupar empregos orientados para uma transição económica
Será crucial assegurar uma transição socialmente inclusiva, sustentável do ponto de vista ecológico.
justa e equitativa a fim de garantir a aceitação pública A transição para a sustentabilidade deve também
das medidas necessárias e permitir que a transição seja continuar a ajudar os Estados-Membros e as regiões
um sucesso coletivo. Tal implica uma participação mais a crescer individual e coletivamente, evitando o aumento
significativa e justa no mercado de trabalho, colocando da injustiça e das desigualdades regionais dentro e entre as
a tónica na qualidade do emprego e nas condições de zonas urbanas e rurais da UE.
trabalho. Implica também o respeito dos direitos das
Embora 75 % do território da UE seja rural, as zonas
minorias.
urbanas concentram mais de dois terços da população.
Neste contexto, os fluxos migratórios ordenados, legais Estas últimas geram até 85 % do PIB da UE, representam
e bem geridos podem criar oportunidades para a economia cerca de 60 a 80 % do consumo de energia e, tipicamente,
europeia, dando resposta às alterações demográficas, tanto enfrentam desafios como o congestionamento, a escassez
nos países de origem como nos países de destino dos de alojamento adequado, a poluição atmosférica e a
migrantes. A integração e a plena participação na sociedade degradação das infraestruturas(55). Devemos continuar
— seja ela de ordem económica, social ou cultural — a dar prioridade à implementação e ao desenvolvimento da
de todos os migrantes que residem de forma legítima Agenda Urbana da UE, bem como intensificar as sinergias
e legal na UE constitui uma responsabilidade comum e é com outras políticas de sustentabilidade e instrumentos.
fundamental para garantir a coesão social(52).
As zonas rurais são também as principais fornecedoras
A transição para a sustentabilidade exige também que se dos alimentos, da energia e das matérias-primas que
invista em sistemas de proteção social eficazes e integrados, consumimos, sendo por isso fundamentais na transição
incluindo serviços de qualidade em áreas como o ensino, para a sustentabilidade. O exemplo da bioeconomia
a formação, a aprendizagem ao longo da vida, as estruturas prova que é possível contribuir de forma significativa
de acolhimento de crianças, o acolhimento extraescolar, para a descarbonização da nossa economia, criando
a saúde e os cuidados de longa duração. Tal será essencial simultaneamente empregos nas zonas rurais. O turismo
para assegurar a igualdade de oportunidades e promover e os sistemas alimentares sustentáveis também são bons
a convergência económica e social. É particularmente exemplos de oportunidades económicas nas zonas rurais,
necessário assegurar a evolução dos sistemas de saúde para envolvendo a proteção e a valorização do património
que se tornem acessíveis e economicamente comportáveis cultural e natural.

21
Por si só, as medidas tomadas pela UE — tais como prioridades. Tirar partido do potencial da transformação
a política de coesão e a política de desenvolvimento rural, digital para atingir os ODS constitui uma prioridade
incluindo a ação da UE a favor das aldeias inteligentes — clara. A UE está plenamente empenhada em desenvolver
não serão suficientes. Todos os intervenientes, incluindo capacidades e conhecimentos quanto às principais
a nível nacional e regional, terão de cumprir a sua parte tecnologias digitais, como a conectividade, a «internet das
por forma a acelerar a transição para a sustentabilidade, coisas», a cibersegurança, a tecnologia de cadeia de blocos
aplicando as abordagens regulamentares adequadas, entre (blockchain) ou a computação de alto desempenho, não
outras, para consolidar as zonas rurais e garantir condições deixando de prestar atenção às potenciais externalidades
de vida equitativas. negativas das infraestruturas digitais.
A inteligência artificial é uma área em que a UE está
3.2 ELEMENTOS VIABILIZADORES menos avançada do que a China e os Estados Unidos(59).
TRANSVERSAIS DA TRANSIÇÃO PARA A UE tem de recuperar rapidamente esse atraso a fim
A SUSTENTABILIDADE de colher os benefícios económicos e, simultaneamente,
poder influenciar decisivamente a nova ética que deve
acompanhar necessariamente esta nova tecnologia. Desta
3.2.1 Educação, ciência, tecnologia, forma, a UE assegurará que a inteligência artificial traz
investigação, inovação e digitalização benefícios líquidos para a vida e o trabalho das pessoas.
A educação, a ciência, a tecnologia, a investigação e a Ao permitir tratar grandes quantidades de dados
inovação constituem um pré-requisito para garantir instantaneamente, a inteligência artificial tem potencial
a sustentabilidade da economia da UE que permita realizar para aumentar significativamente a produtividade em
os ODS(56). Temos de continuar a aumentar a sensibilização vários domínios, como os cuidados de saúde, a energia,
para esta questão, a enriquecer os nossos conhecimentos a agricultura, a educação e a proteção do ambiente. Por
e a aperfeiçoar as nossas competências. Devemos investir exemplo, no setor agrícola, os investigadores utilizam
mais nestes domínios, orientando-os para a consecução atualmente a inteligência artificial e os megadados para
dos ODS. prever o rendimento das culturas vários meses antes
das colheitas, ajudando os agricultores a aumentar
A educação, a formação e a aprendizagem ao longo a produtividade, a tomar decisões mais informadas quanto
da vida são indispensáveis para criarmos uma cultura às culturas e, em última instância, a aumentar a segurança
de sustentabilidade. Os dirigentes da UE acordaram alimentar.(60)
em envidar esforços para se criar, até 2025, um Espaço
Europeu da Educação, a fim de tirar partido de todo A investigação e a inovação podem desempenhar um
o potencial da educação, da formação e da cultura papel importante enquanto catalisadores das alterações
enquanto forças motrizes da criação de emprego, do necessárias. Permitem analisar o impacto dessas alterações
crescimento económico e da justiça social. A educação e são uma forma de garantir que a transição gera uma
é tanto uma virtude em si própria como um instrumento melhoria do nosso bem-estar. Permitem-nos igualmente
determinante para se poder alcançar o desenvolvimento economizar dinheiro. Investir mais hoje na inovação
sustentável. Melhorar a igualdade no acesso à educação e no desenvolvimento tecnológico ajudar-nos-á, a mais
inclusiva e de alta qualidade, assim como a formação em longo prazo, a reduzir os custos de consecução dos
todas as fases da vida, desde a infância ao ensino superior nossos objetivos políticos de longo prazo, nomeadamente
e à educação de adultos, deve, por conseguinte, ser uma das os decorrentes dos objetivos climáticos e ambientais.
principais prioridades. Os estabelecimentos de ensino dos A Europa dispõe dos cérebros, das competências e da
diferentes níveis devem ser incentivados a encarar os ODS criatividade inata. Se souber tirar partido do potencial
como orientação para as respetivas atividades, devendo ser da sua sólida comunidade de investigadores e inovadores,
ajudados a tornarem-se sítios onde as competências para a UE estará em boa posição para assumir a liderança no
a sustentabilidade sejam não só ensinadas mas ativamente desenvolvimento e concretização de soluções inovadoras
praticadas. Deve ser promovida a reforma e a modernização para o crescimento verde e inclusivo, tanto à escala da UE
dos sistemas de ensino, desde a construção de escolas como a nível global.
e cidades universitárias verdes ao desenvolvimento de
Contudo, para poder tirar pleno partido desse potencial, os
novas competências para a economia digital.
Estados-Membros da UE deverão aumentar os orçamentos
Reforçar as competências no domínio das TIC e as que consagram à investigação. Embora a UE tenha chegado
competências digitais de base, em consonância com a acordo para que, até 2020, 3 % do PIB dos Estados-
o Plano de ação para a educação digital(57), privilegiando Membros seja investido em investigação, desenvolvimento
a inteligência artificial(58), deve ser outra das nossas e inovação, ainda estamos longe de alcançar esse objetivo.

22
China está a investir em I&D a um ritmo superior assim como nas empresas inovadoras com potencial
ao da UE e dos EUA para se tornarem líderes na UE e a nível mundial no
Intensidade da I&D (total das despesas com I&D em % âmbito da transição para a sustentabilidade, bem como
do PIB), 1995-2017 na implantação efetiva e atempada dessas inovações.
4,5 Deverá ser prestada especial atenção aos sistemas agrícolas
KR
4,0 alimentares sustentáveis e inovadores, às tecnologias
3,5 limpas, à saúde humana e animal, às soluções eficientes
3,0 JP para os ecossistemas, assim como aos produtos e métodos
US
2,5
UE 27
de produção eficientes do ponto de vista dos recursos.
2,0 Além disso, será necessário definir um enquadramento
CN
1,5 normativo favorável, que promova eficazmente a inovação
RU
1,0 para o desenvolvimento sustentável.
IN
0,5
A UE e os seus Estados-Membros devem igualmente
95

00

05

10

15

promover o estabelecimento de ligações mais fortes


19

20

20

20

20

Coreia do Sul UE27(2) Índia(3) entre os investigadores e as empresas. As incubadoras de


Japão China(1)
Estados Unidos Federação Russa empresas e os polos de investigação, desenvolvimento
e inovação da UE têm um papel importante no apoio ao
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017

Fonte: DG Research and Innovation - Unit for Reforms and Economic


Impact - Country intelligence; Dados: Eurostat, OCDE, UNESCO. desenvolvimento sustentável, permitindo aos investigadores
Notas: (1) CN: China não inclui Hong Kong. (2) UE27: O Reino Unido não e às empresas encontrar-se, proceder ao intercâmbio de
está incluído. (3) IN: Não existem dados para 2012, 2013 e 2014. Os boas práticas e promover a inovação. Enquanto as grandes
valores foram extrapolados pela DG RTD.
empresas dispõem dos meios necessários para levar a cabo
A nível da UE, os programas-quadro de investigação internamente as suas atividades de investigação, tal não
e inovação são um catalisador da competitividade sucede muitas vezes com as pequenas e as médias empresas.
sustentável, do crescimento e do investimento. Para acelerar O estabelecimento de laços mais fortes e de ligações mais
a transição para a sustentabilidade, o financiamento da estreitas com a comunidade de investigadores pode ajudar
investigação e inovação deve ser complementado com a colmatar esta lacuna.
uma abordagem estratégica do investimento, permitindo
que cheguem ao mercado soluções inovadoras, dado que
Dispondo de 40 polos de inovação em toda a UE,
estas muitas vezes exigem investimentos de alto risco e de
o Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT)
elevada intensidade de capital. Já foram criados alguns
congrega o chamado «triângulo do conhecimento»:
instrumentos, nomeadamente o Fundo Europeu para
empresas, ensino e investigação. Já foram criadas
Investimentos Estratégicos, com o objetivo de reduzir
várias Comunidades de Conhecimento e Inovação
os riscos desse tipo de investimentos, tornando-os mais
(CCI), estando previsto que sejam criadas outras
atrativos para os interessados do setor privado. O Conselho
mais. Estas comunidades abordam os grandes
Europeu de Inovação, recentemente proposto, pode ser
desafios societais da UE relacionados com os ODS,
igualmente útil neste contexto, ajudando os inovadores
nomeadamente o clima, a energia, a alimentação,
de topo, as empresas em fase de arranque (start-ups),
a saúde, as matérias-primas, a sociedade digital,
as pequenas empresas e os investigadores envolvidos
a mobilidade urbana e as tecnologias de fabrico
em projetos inovadores de alto risco a expandirem-
avançadas. Reúnem mais de 1 200 parceiros
se internacionalmente e a beneficiarem do estímulo
provenientes de empresas, da investigação e da
intelectual recíproco.
educação a fim de enfrentar estes desafios.
A UE e os seus Estados-Membros poderão centrar-se no
financiamento de tecnologias inovadoras e revolucionárias,

23
3.2.2 Financiamento, fixação de preços, à escala mundial, assim como incentivar os investidores
fiscalidade e concorrência a preterir os investimentos que se mostrem insustentáveis.

Os custos de não se fazer nada são demasiado elevados As obrigações ecológicas estão a aumentar mas
a médio e a longo prazo. Simultaneamente, a transição permanecem marginais no mercado global das
para a sustentabilidade requer investimentos consideráveis obrigações (cerca de 1%)
a curto prazo, bem como uma alteração radical da forma Emissão annual de obrigações ecológicas por país
como o sistema financeiro funciona. Segundo as estimativas,
200
para se atingir os ODS seriam necessários, globalmente,
entre 4,5 e 6 biliões de EUR(61). Serão necessários cerca de

mil milhões equiv. US$


150
180 mil milhões de EUR de investimentos adicionais para
se atingir as metas da União para 2030 acordadas em Paris, 100

incluindo uma redução de 40 % nas emissões de gases 50


com efeito de estufa. Embora os recursos públicos devam
ser mais bem orientados e de forma mais inteligente para 0
a prossecução dos ODS, não será possível satisfazer as nossas

10

11

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14

15

16

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18
20

20

20

20

20

20

20

20

20
necessidades sem que o setor privado evolua também para
a sustentabilidade. A mobilização de recursos financeiros
UE27 República da Coreia
para financiar a transição deve ser combinada com China Canadá
a eliminação progressiva do financiamento de projetos que Estados Unidos Resto do mundo
prejudiquem o crescimento económico verde e inclusivo. Japão
Fonte: Banco Mundial, Bloomberg.
O Plano de Investimento para a Europa visa mobilizar
o financiamento privado em prol do bem comum. Lançado Importa prestar maior atenção à ligação entre
em 2015, o respetivo instrumento de financiamento o financiamento sustentável e a economia real, de modo
(Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos) permitiu a que ao aumento da procura de produtos e serviços
mobilizar até à data 370 mil milhões de EUR de investimento sustentáveis pelos investidores corresponda um aumento
em áreas cruciais para a modernização da economia da oferta. Neste contexto, é essencial uma fixação rigorosa
europeia. Entre essas áreas figuram as energias renováveis, do custo das externalidades. Devem também ser envidados
a eficiência energética, a investigação, o desenvolvimento novos esforços para informar os cidadãos europeus quanto
e a inovação, assim como as infraestruturas de caráter ao sistema de financiamento, para que tenham maior
social, como a habitação social ou a preços acessíveis. Para consciência sobre as atividades empresariais que financiam
o próximo quadro orçamental 2021-2027, a Comissão e possam responsabilizar os gestores de fundos quando
propôs a duplicação dos recursos orçamentais para o setor o seu dinheiro não seja gerido de forma sustentável.
social, incluindo o empreendedorismo social, e que apenas
sejam financiadas as infraestruturas que se mostrem A UE tem vindo a impor uma importante
sustentáveis. O Grupo do Banco Europeu de Investimento
reorientação do sistema financeiro
é hoje o principal financiador multilateral da luta contra
as alterações climáticas, tendo consagrado pelo menos para uma trajetória sustentável,
25 % dos seus investimentos à atenuação das alterações nomeadamente:
climáticas e à adaptação às mesmas. ▪▪ Estabelecendo uma linguagem comum: criando
Com base nas recomendações formuladas por um grupo um sistema de classificação («taxonomia») comum
de peritos de alto nível, a Comissão definiu igualmente a toda a UE a fim de definir quais as atividades
um roteiro para reforçar o papel do financiamento no económicas que são sustentáveis e identificar áreas
bom desempenho da economia, contemplando objetivos onde o investimento sustentável possa ter maior
ambientais e sociais. O Plano de Ação em matéria de impacto.
Financiamento Sustentável(62) e as propostas legislativas ▪▪ Reduzindo os riscos de ecobranqueamento
adotadas na sua sequência ajudarão os investidores (greenwashing): criando normas e rótulos para
a tomar decisões de investimento bem fundamentadas, os produtos financeiros verdes que permitam aos
com base em critérios claros quanto à sustentabilidade dos investidores identificar facilmente os investimentos
mesmos. Isto deverá facilitar a acelerar e intensificar os que satisfazem os critérios ecológicos ou de baixo
investimentos em projetos sustentáveis, tanto na UE como teor de carbono.

24
▪▪ Incorporando a sustentabilidade na consultoria Isto implica a introdução de alterações nos regimes fiscais,
sobre investimentos: exigindo às firmas de de modo a que os Estados-Membros possam reduzir
investimento e de seguros que aconselhem os a carga fiscal sobre os rendimentos do trabalho e aumentar
respetivos clientes em função das suas preferências os impostos sobre o capital, a poluição, os recursos
em matéria de sustentabilidade. subvalorizados e outras externalidades ambientais(64).
Importa fazer aplicar os princípios do «utilizador-pagador»
▪▪ Definindo parâmetros de sustentabilidade
e do «poluidor-pagador», de modo a prevenir e corrigir
e promovendo a sua transparência.
a deterioração ambiental, evitando que o ónus recaia
▪▪ Clarificando as obrigações dos investidores sobre os contribuintes. Hoje em dia, as receitas fiscais
institucionais e dos gestores de ativos provenientes do trabalho na UE continuam a ser oito
assegurando que têm em conta a sustentabilidade vezes superiores aos gerados pelos impostos ambientais.
no âmbito do processo de tomada de decisões Ao longo dos anos, só um pequeno número de Estados-
de investimento, reforçando os requisitos de Membros conseguiu reduzir a parte dos impostos sobre
divulgação. os rendimentos laborais a fim de aumentar a parte dos
▪▪ Reforçando a transparência das demonstrações impostos ambientais.
financeiras: revendo as orientações quanto
à divulgação de informações não financeiras.
▪▪ Incorporando a sustentabilidade nos requisitos
94% Quase todos os europeus
concordam que os grandes
prudenciais: incluindo um «fator de apoio poluidores devem reparar os
ecológico» sempre que tal se justifique do ponto danos ambientais que causam.
de vista do risco para salvaguardar a estabilidade
Eurobarómetro «Atitudes face
financeira. ao ambiente» 2017

A fim de salvaguardar a capacidade financeira das


autoridades públicas para investir na transição para
a sustentabilidade, é necessário tomar medidas para
Os custos externos dos transportes
assegurar uma reforma orçamental sustentável a todos os são demasiado elevados na UE
níveis. Importa reforçar a luta contra a evasão fiscal e a elisão A Comissão Europeia está a realizar um estudo
fiscal por parte das empresas. Importa igualmente assegurar sobre a internalização dos custos externos
a cooperação transnacional para resolver o problema dos relativamente a todos os modos de transporte,
paraísos fiscais que lesam a matéria coletável da UE ou dos abrangendo os congestionamentos, os acidentes, as
países em desenvolvimento. emissões de CO2, o ruído, a poluição atmosférica,
Mais importante ainda, os sistemas fiscais e de fixação dos a deterioração dos habitats, comparando-os com
preços da UE devem ser concebidos de modo a refletir o que é efetivamente pago pelos utilizadores.
os custos reais, a enfrentar as principais questões sociais O objetivo é avaliar em que medida os princípios do
e ambientais e a incentivar uma mudança comportamental «utilizador-pagador» e do «poluidor-pagador» estão
em todas as áreas da economia. A concorrência sustentável a ser aplicados na UE e identificar alternativas para
depende de os preços refletirem devidamente os custos reforçar a internalização das externalidades negativas.
reais da produção e utilização (internalização das Segundo os resultados preliminares do estudo,
externalidades)(63). o nível global dos custos externos dos transportes
nos Estados-Membros da UE foi estimado em cerca
As entidades reguladoras, as empresas e a sociedade civil de um bilião de EUR anuais, o que equivale a cerca
devem trabalhar em conjunto para criar condições de de 7 % do PIB. As conclusões deste estudo, que
equidade, em consonância com os ODS, promovendo deverá estar terminado em meados de 2019, darão
um tipo de desenvolvimento que permita que os produtos um importante contributo para o debate quanto ao
e serviços que são sustentáveis passem a ser igualmente os futuro da política de transportes da UE.
mais atrativos.

25
Importa igualmente garantir que a transição é justa do 3.2.3 Comportamentos empresariais
ponto de vista social, que os seus custos são equitativamente responsáveis, responsabilidade social das
repartidos entre os contribuintes e que cada pessoa paga empresas e novos modelos de negócio
a parte que lhe compete. As alterações fiscais que se
mostram necessárias e a eliminação dos incentivos fiscais As empresas podem desempenhar um papel fundamental
contraproducentes, como os subsídios aos combustíveis na transição para a sustentabilidade. Nas últimas décadas,
fósseis, podem ter efeitos regressivos e afetar mais quer a título voluntário quer por incentivo das autoridades
gravemente as populações mais pobres. Os responsáveis públicas, um número crescente de empresas fizeram
políticos devem, por conseguinte, mobilizar todos os da responsabilidade social e ambiental um elemento
instrumentos ao seu dispor e - para além de adotarem fundamental dos respetivos objetivos empresariais. Cada
medidas ativas em prol do mercado laboral, da educação vez mais empresas encaram os ODS como parte integrante
e da formação - assegurar que a transição é acompanhada da sua estratégia de crescimento e da sua competitividade.
de medidas que tornem mais progressivos os sistemas Aperceberam-se de que o comportamento empresarial
fiscais e a combinação de receitas fiscais, tendo em conta responsável pode gerar lucros e crescimento mais
os grupos mais vulneráveis(65). sustentável, novas oportunidades de mercado e valor
a mais longo prazo para os respetivos acionistas.
Quando avançar, a fiscalidade harmonizada sobre as
externalidades ambientais e sociais negativas no mercado
único da UE dará igualmente um contributo importante
para que a UE possa evoluir para uma economia mais Em 2017, 78% das
sustentável e eficiente, que assegure condições equitativas principais empresas do mundo
às empresas(66). A título de exemplo, o atual quadro incluíram a responsabilidade
jurídico da UE para a tributação da energia ainda contraria social corporativa nos seus
as metas ambientais e climáticas definidas(67), prejudicando relatórios anuais.
os objetivos estratégicos acordados. Abandonar a votação
KPMG Survey of Corporate Responsibility
por unanimidade no Conselho, em consonância com Reporting 2017 «The Road Ahead»
a comunicação da Comissão intitulada «Rumo a um
processo de decisão mais eficaz e mais democrático no
âmbito da política fiscal da UE»(68), é uma condição Dada a globalização e a complexidade crescente das cadeias
necessária para concretizar a mudança. de abastecimento, importa promover igualmente a adoção
pelos países terceiros de normas rigorosas em matéria de
Além disso, a concorrência é um elemento importante sustentabilidade. As práticas empresariais, os padrões de
da combinação global de políticas e da transição para consumo e de produção das empresas e dos consumidores
a sustentabilidade. A política de concorrência contribui da UE não devem contribuir indiretamente para a violação
para a «democracia económica» e a igualdade. Permite dos direitos humanos ou a deterioração do meio ambiente
a existência de preços acessíveis, de uma escolha diversificada noutras regiões do mundo.
e de maior qualidade, reduzindo o poder económico das
empresas já bem instaladas e cujo poder não assenta no Nos últimos dois anos, a UE reforçou os direitos dos
mérito. Os dados disponíveis(69) mostram que a política da acionistas(71) e investidores(72), ajudando-os a compreender
concorrência favorece as famílias mais pobres em relação às os aspetos financeiros e não financeiros do desempenho
mais ricas, gerando uma afetação mais eficaz dos recursos das empresas e permitindo-lhes responsabilizá-las mais
e promovendo a inovação, nomeadamente na fronteira eficazmente. A UE também adotou novos critérios
tecnológica. ambientais e sociais na sua legislação sobre a contratação
pública, a fim de incentivar as empresas a desenvolverem
produtos e serviços mais responsáveis do ponto de vista
A política da UE em matéria de auxílios estatais social. A UE adotou o regulamento relativo aos minerais
tem sido orientada para a sustentabilidade, provenientes de zonas de conflito(73), a fim de assegurar
nomeadamente desde a sua modernização nos que as empresas da UE só importam determinados metais
últimos anos. 94 % dos auxílios estatais globais e minerais que provenham de fontes responsáveis que não
concedidos na UE foram orientados para objetivos utilizam os seus lucros para financiar conflitos armados.
transversais de interesse comum, como a proteção Neste contexto, é igualmente pertinente o Plano de Ação
do ambiente, a investigação, o desenvolvimento, em matéria de Financiamento Sustentável, recentemente
a inovação e o desenvolvimento regional. 54 % adotado, uma vez que associa o sistema financeiro
das despesas globais foram consagradas ao apoio ao a projetos mais sustentáveis(74).
ambiente e à poupança de energia(70).

26
Existe, contudo, muito espaço para se fazer mais a todos os 3.2.4 Comércio aberto e assente em normas
níveis. A nível da UE, podem ser envidados mais esforços
O comércio aberto e assente em normas é um dos melhores
para identificar medidas adequadas e concretas para que
instrumentos para aumentar a nossa prosperidade e a dos
sejam adotadas práticas empresariais mais sustentáveis,
nossos parceiros, melhorar o nosso nível de vida e assegurar
que permitam atingir melhores resultados e reforçar
a sustentabilidade do planeta e das nossas democracias.
a vantagem competitiva das empresas da UE nesta área.
Se queremos ter êxito na construção de uma Europa
Temos de refletir sobre novas formas de incentivar as
sustentável e inserida num mundo igualmente sustentável,
empresas a integrarem os ODS nas respetivas operações
devemos utilizar as nossas instituições multilaterais, assim
e, nomeadamente, explorar o potencial das tecnologias
como os acordos comerciais bilaterais e multilaterais, para
emergentes e da economia circular. Tanto na sua ação
influenciar as normas à escala mundial.
interna como externa, a UE deve continuar a promover
o cumprimento dos princípios e orientações acordados As tendências protecionistas e as atitudes do tipo «o meu
internacionalmente em matéria de conduta empresarial país primeiro» são propensas a provocar conflitos. Além
responsável, nomeadamente os Princípios Orientadores disso, constituem um grande obstáculo à construção de
das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos. um planeta sustentável, tradicionalmente um objetivo que
Esta questão é igualmente importante a fim de assegurar requer cooperação internacional. Por várias razões, é do
condições de concorrência equitativas a nível internacional. interesse vital da UE apoiar e sustentar determinadamente
o sistema multilateral.
Olhando para o futuro, a economia colaborativa, que
permite aos consumidores entenderem-se diretamente entre No contexto da transição para a sustentabilidade, devemos
si, pode dar um importante contributo para o crescimento cooperar ainda mais ativamente com os nossos parceiros
sustentável e para o surgimento de modelos empresariais que partilham as nossas ideias, a fim de negociar novas
mais sustentáveis, desde que estes sejam devidamente normas progressivas que tenham em conta a Agenda 2030
incentivados e aplicados de uma forma responsável. Hoje das Nações Unidas. Esta última reconhece o papel decisivo
em dia, a grande diversidade das respostas normativas do sistema multilateral de comércio assente em normas
existente na UE cria alguma incerteza tanto para os para a consecução dos ODS, devendo a Organização
operadores tradicionais, como para os novos prestadores Mundial do Comércio (OMC) desempenhar um papel
de serviços e consumidores, travando o crescimento da fulcral neste contexto. Os esforços construtivos que
economia colaborativa na UE e os serviços inovadores que estão a ser envidados pela UE para modernizar a OMC
lhe estão associados. assumem, por conseguinte, uma importância crucial.
O empreendedorismo social – com o objetivo de resolver O facto de uma superpotência atual renunciar a acordos
problemas concretos das comunidades locais – pode de comércio internacional pode gerar novas oportunidades
desempenhar um papel importante na resposta aos desafios para a UE. Dispondo do mercado interno mais desenvolvido
da sustentabilidade, promovendo simultaneamente do mundo e de quase 500 milhões de consumidores,
o crescimento inclusivo, a criação de emprego a nível local, a União pode tirar partido das oportunidades que outros
a prosperidade partilhada e a inclusão social. Atualmente, menosprezaram e, de facto, tem vindo a fazê-lo. Além
as empresas de vocação social tendem a concentrar- disso, tem colocado o comércio numa via mais sustentável.
se em determinados nichos – nomeadamente à escala Todos os novos acordos comerciais e de investimento
local – e sentem muitas dificuldades para ganharem celebrados pela UE passaram a incluir um capítulo
dimensão no contexto da UE. O financiamento continua sobre desenvolvimento sustentável que visa defender
a ser um obstáculo importante, razão pela qual a UE e promover as normas sociais e ambientais. O acordo de
decidiu consagrar mais financiamento às empresas deste parceria económica assinado com o Japão em julho de
tipo. Tal como sucede com a economia colaborativa, 2018 foi o primeiro acordo a consagrar os compromissos
a complexidade ou inexistência do quadro normativo, assumidos no âmbito do Acordo de Paris sobre as
assim como as restrições impostas a nível local, podem Alterações Climáticas. Em setembro de 2018, a UE e o
constituir igualmente um obstáculo. Em França, por Canadá acordaram em colaborar em matéria de comércio
exemplo, o quadro normativo específico, criado em 2014, e alterações climáticas no âmbito do Acordo Económico
reconheceu as especificidades do setor e veio dar um novo e Comercial Global (CETA). A UE tem estado a negociar
impulso a estas empresas. disposições especificamente relacionadas com as questões
de género, a fim modernizar o acordo de associação com
o Chile.

27
A Comissão Juncker já adotou ou começou a aplicar incluindo uma utilização mais assertiva dos capítulos sobre
oito acordos comerciais com 15 países, nomeadamente a sustentabilidade no âmbito do mecanismo de resolução
Canadá, Ucrânia, Singapura, Vietname, Japão de litígios, e na melhor comunicação e transparência.
e vários países de África e do Pacífico(75). A UE tem
atualmente 39 acordos comerciais em vigor com No âmbito dos esforços de apoio aos países em
70 países de todo o mundo. As disposições em desenvolvimento, a UE concede preferências comerciais
matéria de comércio e desenvolvimento sustentável unilaterais ao abrigo do Sistema de Preferências
têm estado no cerne dos acordos de comércio livre Generalizadas. Essas preferências estão sujeitas
concluídos pela UE desde 2010. à condição de os países beneficiários cumprirem as
principais convenções e acordos internacionais sobre
A Comissão propôs 15 pontos para melhorar direitos humanos e laborais, proteção do ambiente e boa
a aplicação e a execução coerciva dos capítulos sobre governação, criando assim um incentivo a que estes países
comércio e desenvolvimento sustentável contidos nos adotem modelos de crescimento económico sustentáveis.
acordos comerciais da UE(76). Foi colocada a tónica Em caso de violação grave e sistemática dos princípios
no aprofundamento da cooperação com os diferentes consagrados nas convenções, a Comissão pode suspender
intervenientes, na maior eficácia da aplicação coerciva, temporariamente as preferências concedidas.

28
3.2.5 Governação e coerência estratégica melhor governação a todos os níveis. Será ainda necessário
a todos os níveis proceder a avaliações de impacto exaustivas de todas as
opções estratégicas e encontrar soluções de compromisso
A mudança para uma situação verdadeiramente entre os objetivos económicos, sociais e ambientais. As
sustentável que beneficie todos os europeus através da lacunas na execução que possam prejudicar a coerência da
consecução dos ODS requer uma abordagem global. estratégia para a sustentabilidade devem ser supridas de
A UE, os Estados-Membros e os nossos parceiros devem uma forma eficaz e estrutural.
ter em conta as interligações existentes entre os diferentes
desafios e oportunidades suscitados pela sustentabilidade, Os ODS foram concebidos de forma a serem indivisíveis,
assegurando a coerência entre os diferentes domínios, abrangendo a maior parte deles vários domínios de
intervenção. Consequentemente, o aprofundamento da
setores e níveis de tomada de decisão estratégicos.
cooperação entre as administrações deve ser acompanhado
Todas as partes interessadas devem apoiar de uma maior coerência entre os diferentes domínios de
e desempenhar um papel ativo na transição para intervenção. A alimentação, a energia e a gestão dos recursos
a sustentabilidade hídricos estão fortemente inter-relacionadas. O mesmo
sucede, nomeadamente, quanto ao transporte, à qualidade
Administrações públicas
do ar e à saúde. Uma tal abordagem, denominada de
«correlação», requer a existência de projetos multissetoriais
a todos os níveis que abordem as interligações existentes
entre os vários ODS. A Comissão Europeia tem vindo
a seguir esta abordagem, tendo adotado um método de
trabalho interno que permite superar a compartimentação
Indivíduos Empresas entre os Comissários e o pessoal da Comissão.
A coerência estratégica não se aplica apenas a nível interno,
devendo ser igualmente aplicada no que se refere ao impacto
das políticas internas na dimensão externa e vice-versa.
Temos de garantir que não iremos exportar a nossa pegada
Sociedade civil ecológica ou criar pobreza, desigualdade e instabilidade
noutras regiões do mundo. Enquanto europeus, temos
O respeito pelo Estado de direito, pela democracia e pelos clara consciência de que os impactos negativos noutros
direitos fundamentais constitui a «nossa identidade». Estes locais terão, por seu turno, um efeito de ricochete na
princípios e valores, consagrados nos Tratados da UE, são nossa própria economia e na nossa própria sociedade,
inegociáveis pois constituem as fundações com base nas por exemplo, em virtude do agravamento das causas da
quais construímos o futuro. Foram também integrados da migração. A UE está empenhada em assegurar a coerência
Agenda 2030 das Nações Unidas e nos ODS. O mesmo das políticas para o desenvolvimento, garantindo que
é válido para os princípios da paz, da justiça e da solidez o impacto das estratégias internas da UE para os países em
das instituições, que a UE sempre defendeu de forma desenvolvimento é sistematicamente tido em consideração.
determinada. Estes princípios e valores comuns não têm Foram integrados métodos de monitorização adequados
um efeito autoexecutório, pelo que a UE, os seus Estados- no acompanhamento global pela Comissão da Agenda
Membros e, na realidade, todos os cidadãos europeus, 2030 das Nações Unidas(77).
devem preservá-los, defendê-los e reforçá-los. Os parceiros
sociais podem dar um contributo importante. Esta parceria As políticas com êxito definem objetivos claros
deve ser mantida e aprofundada a fim de assegurar uma e mensuráveis, de modo a que os progressos possam ser
acompanhados e os seus resultados divulgados junto do
governação eficaz e a coerência estratégica adequada.
público. Enquanto nova etapa a nível da UE, deveríamos
Para além dos princípios de base, é essencial assegurar chegar a um acordo sobre esses objetivos e sobre um sistema
a coerência estratégica entre os diferentes níveis, com de monitorização. O Conselho Europeu congratulou-
base no planeamento, em políticas assentes em dados se com a intenção da Comissão de publicar o presente
concretos, na inclusividade, na eficácia, no respeito dos documento de reflexão a fim de abrir caminho a uma
princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade, estratégia de aplicação abrangente durante o corrente
na avaliação dos resultados e no acompanhamento. ano da Agenda 2030 das Nações Unidas, que poderia
Será também crucial «Legislar Melhor» e assegurar uma incorporar este exercício.

29
A consecução dos ODS exige igualmente uma cooperação em financiamento sustentável constitui outro exemplo
eficaz a nível da UE e das autoridades nacionais, regionais positivo da cooperação intersetorial, que foi fundamental
e locais. As recomendações formuladas na comunicação para preparar o Plano de Ação da Comissão em matéria de
da Comissão «Os princípios da subsidiariedade Financiamento Sustentável.
e proporcionalidade: reforçar o seu papel no processo de Para fazer face a desafios complexos, envolvendo uma vasta
elaboração de políticas da UE», publicada na sequência do gama de interesses concorrentes, podem ser promovidas
Grupo de Trabalho Subsidiariedade, Proporcionalidade parcerias entre os diferentes interessados, a fim de abordar
e «Fazer menos com maior eficiência» permitiram definir a interdependência entre os diferentes ODS.
um roteiro para atingir este objetivo(78). A Comissão
e outros organismos da UE poderiam, nomeadamente, No outro extremo, a abordagem de governação a vários
facilitar o intercâmbio de boas práticas entre as cidades níveis implica que os esforços da UE sejam bem articulados
e regiões, bem como definir os parâmetros para uma no plano da governação mundial. Para atingir os ODS
abordagem territorial transnacional para se atingir os haverá que superar muitos desafios que não conhecem
ODS. fronteiras. É, por conseguinte, necessário adotar uma
orientação «mais virada para o exterior», em estreita
A sociedade civil, o setor privado e as universidades devem, cooperação com os parceiros da UE de todo o mundo e de
evidentemente, ser integrados neste diálogo e nas medidas todos os níveis. No quadro das Nações Unidas, o Fórum
de execução. A plataforma multilateral de alto nível para Político de Alto Nível desempenha um papel crucial,
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, criada pela nomeadamente para acompanhar os progressos realizados.
Comissão Europeia em 2017(79), tem proporcionado uma Enquanto defensora incansável do multilateralismo, a UE
boa oportunidade para reunir algumas ideias transversais. pode assumir a liderança para garantir uma comunicação
O contributo desta plataforma tem sido essencial adequada sobre os progressos realizados para atingir os
para o trabalho da Comissão e acompanha o presente ODS, insistindo na implementação e no controlo rigorosos
documento de reflexão. O grupo de peritos de alto nível por todos os parceiros.

30
4 A UE enquanto pioneira do desenvolvimento sustentável
a nível mundial

A UE e as Nações Unidas são parceiros naturais nos A UE e os seus Estados-Membros são o principal
esforços para criar um mundo melhor e mais seguro para doador mundial de ajuda ao desenvolvimento e de ajuda
todos. Não precisamos de novos muros mas sim de normas humanitária. A UE assumiu coletivamente o compromisso
globais que sejam cumpridas por todos. O sistema assente de aumentar o seu contributo para a ajuda pública ao
em normas é a melhor forma de assegurar a sustentabilidade desenvolvimento para, pelo menos, 0,7 % do rendimento
da nossa economia e da nossa sociedade. Só a diplomacia nacional bruto anual da UE. Assegurando a cooperação
multilateral pode encontrar soluções para os problemas com 150 países em todo o mundo, a cooperação para
internacionais. A estratégia global para a política externa o desenvolvimento da UE é, simultaneamente, uma forma
e de segurança da UE reconhece a importância dos ODS de retirar as pessoas da pobreza, garantindo a dignidade
enquanto prioridade transversal, sendo necessário que e a igualdade, mas também de criar sociedades pacíficas,
a UE e os Estados-Membros envidem esforços concertados justas e inclusivas. A natureza prolongada das crises requer
nas suas relações com o resto do mundo. que a UE prossiga os seus esforços concertados para
abordar simultaneamente as necessidades humanitárias
Com o ressurgimento global dos conflitos violentos, e combater as causas mais profundas da pobreza, das
nomeadamente nos últimos cinco anos, fomos novamente pessoas deslocadas, da fragilidade e da instabilidade.
relembrados de que a paz e a segurança na UE dependem
igualmente da capacidade da UE para contribuir para O novo Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento
o estabelecimento e a manutenção da paz noutras orienta explicitamente a ação da UE para a execução
regiões do mundo. A experiência já adquirida pela UE da Agenda 2030 das Nações Unidas, com o principal
em estabelecer a paz dentro do seu território confere- objetivo de erradicar a pobreza. Um dos seus principais
lhe capacidade de influência e credibilidade enquanto pontos fortes é o facto de ser um compromisso conjunto
interveniente à escala mundial para assegurar uma paz da UE e de todos os seus Estados-Membros no sentido de
sustentável e prosperidade. serem envidados esforços em comum, incluindo através de
uma maior programação conjunta e de uma coordenação
A UE deve continuar igualmente a partilhar soluções mais eficaz no terreno. Esta nova orientação deve ser
sustentáveis para os problemas globais pois, se outros aperfeiçoada pelo futuro instrumento de financiamento
adotarem políticas antagónicas, as nossas políticas terão um externo da UE, expressamente concebido para apoiar
impacto limitado sobre o planeta. Ao ajudar e incentivar a consecução dos ODS.
os outros a seguir as suas ações, a UE contribui para criar
condições equitativas em que todos desfrutem das mesmas Iremos prosseguir o nosso envolvimento ativo junto dos
condições de concorrência. Além disso, a partilha com países parceiros através dos diálogos sobre as políticas, com
outros países das soluções encontradas pela UE permite base nos ODS, juntamente com a assistência financeira e a
criar novos postos de trabalho e assegurar um crescimento cooperação para o desenvolvimento. A nova parceria da
mais sustentável, não só nos países parceiros como também UE com os países de África, das Caraíbas e do Pacífico,
dentro da própria UE. que irá dar seguimento ao atual Acordo de Cotonu, deverá
permitir uma maior prosperidade através do cumprimento
Em última análise, para sermos bem-sucedidos na dos ODS. Quando finalmente se avançar, construir uma
transição para uma economia verde e inclusiva, teremos parceria forte e cooperar com África em pé de igualdade
de convencer os nossos parceiros mundiais a participar deverá assumir importância particular para a UE e para
igualmente, mostrando-lhes que o modelo global de os Estados-Membros. A UE tem um forte interesse no
desenvolvimento sustentável, assente nos nossos valores continente africano, o qual poderá prosperar económica
e princípios fundamentais, é a melhor forma de assegurar e politicamente, criando maiores oportunidades de
a prosperidade partilhada e um mundo sustentável. Os crescimento e de emprego local, novos modelos de
esforços envidados internamente pela UE quanto aos ODS negócio e relações comerciais reciprocamente vantajosas
e a sua projeção externa são, por conseguinte, duas faces com a Europa. Paralelamente, o compromisso assumido
da mesma moeda. É do interesse da UE desempenhar, pela UE em relação aos países em desenvolvimento mais
também a nível global, um papel de liderança na execução avançados quanto a uma grande diversidade de setores
da Agenda 2030 das Nações Unidas, através da sua ação poderá ter um impacto considerável no desenvolvimento
externa. sustentável global.

31
Assegurar o pleno envolvimento do setor privado oportuno criar uma rede internacional de jurisdições, tanto
e promover o investimento sustentável também para dos países desenvolvidos como dos em desenvolvimento,
além das fronteiras da UE continuará a ser uma empenhadas em promover o financiamento sustentável.
prioridade. O Plano Europeu de Investimento Externo Uma arquitetura e uma estratégia internacionais coerentes,
criou novos padrões na forma como os fundos públicos que mobilizem os esforços de instituições, como o Grupo
são utilizados para multiplicar os investimentos privados do Banco Mundial, a Organização de Cooperação
no desenvolvimento sustentável de países parceiros – e de Desenvolvimento Económicos, o Banco Europeu
a começar por África e pela vizinhança da UE(80). A nova de Investimento e o Banco Europeu de Reconstrução
Aliança África–Europa para Investimentos e Empregos e Desenvolvimento, contribuiriam para reforçar
Sustentáveis, lançada em setembro de 2018, tem um o financiamento sustentável e mobilizar investidores
grande potencial para desbloquear investimentos internacionais para investimentos sustentáveis em todo
sustentáveis, com a perspetiva de criar até 10 milhões de o mundo. Novas tecnologias e soluções de financiamento
postos de trabalho em África só nos próximos cinco anos. inovadoras oferecem novas oportunidades para associar
investidores globais a projetos sustentáveis.
Uma vez que os países em desenvolvimento sentem sérias
dificuldades em aceder a financiamento adequado para as As alterações climáticas e a deterioração do ambiente
suas necessidades em termos de infraestruturas sustentáveis representam uma ameaça cada vez maior para a paz e a
e de eficiência energética, o caráter global dos mercados segurança mundiais. Sem uma intervenção determinada
financeiros poderá desempenhar um papel importante poderão tornar-se uma fonte ainda maior de riscos globais,
no apoio a todos os países no âmbito da sua transição incluindo de deslocações forçadas e de migração. A UE
para satisfazerem as necessidades locais com fontes deve também assumir a liderança, nomeadamente na
de financiamento globais. Assegurar a harmonização aplicação rigorosa do Acordo de Paris sobre as Alterações
dos instrumentos e das iniciativas de financiamento Climáticas, e na prossecução dos esforços internacionais
sustentável entre as diferentes jurisdições permitiria para descarbonizar o setor dos transportes. A UE poderia
assegurar mercados compatíveis para ativos financeiros igualmente lançar o processo de negociação de acordos
sustentáveis a nível transnacional, garantindo economias globais vinculativos nos domínios da economia circular,
de escala e prevenindo a fragmentação. Esta medida traria da exploração dos recursos e da biodiversidade.
oportunidades de investimento únicas para as empresas e o
Se formos os primeiros a efetuar a transição para uma
setor financeiro a nível mundial.
economia verde e inclusiva, juntamente com um forte
A UE quer estar na vanguarda da coordenação dos esforços incentivo quanto à adoção de normas internacionais,
internacionais envidados para criar um sistema financeiro estaremos em posição de definir as normas aplicáveis a nível
que apoie o crescimento sustentável a nível mundial. global e beneficiar de uma forte vantagem competitiva no
Para aprofundar a cooperação e explorar sinergias, seria mercado mundial.

32
5 Cenários para o futuro

A UE está plenamente empenhada na concretização da UE, as empresas e a sociedade civil, de que é necessário
Agenda 2030 das Nações Unidas e na aplicação da mesma. um empenho reforçado, tanto na UE como no resto do
Com um novo ciclo político de cinco anos no horizonte, mundo, para garantir um futuro sustentável e atingir os
é chegado o momento de chegarmos a acordo quanto ODS até 2030 e posteriormente, no interesse de uma
à forma como tencionamos dar cumprimento ao nosso economia moderna, de um meio ambiente limpo e do
compromisso comum. As instituições da UE têm de bem-estar dos nossos cidadãos, assegurando-lhes um
decidir sobre as estruturas, os instrumentos e as estratégias planeta habitável.
que irão adotar para executar e atingir os ODS, bem como Existe acordo igualmente quanto ao facto de, embora
ajudar e orientar os nossos parceiros. Existem diferentes a sustentabilidade requerer uma ação à escala europeia, só
ideias sobre a melhor forma de alcançar este objetivo e cada podermos verdadeiramente ser bem sucedidos, em última
instituição - o Parlamento, o Conselho e a Comissão - tem análise, mediante uma abordagem global. Além disso, para
as suas próprias responsabilidades nos termos dos Tratados que a UE possa continuar a ser um continente próspero,
e dos nossos compromissos internacionais. partes consideráveis do mundo em desenvolvimento
Em outubro de 2018, o Conselho Europeu congratulou-se necessitarão de apoio para poderem recuperar o seu atraso
com a intenção da Comissão de publicar um documento económico e social. Na mesma ordem de ideias, apoiar
de reflexão a fim de abrir caminho a uma estratégia de o progresso económico dos países em desenvolvimento
aplicação abrangente em 2019. no sentido da consecução dos ODS contribui igualmente
para uma vasta gama de interesses estratégicos da UE,
O presente documento de reflexão apresenta três cenários como a redução da migração irregular. Os ODS, assinado
diferentes na sequência das indicações do Conselho por 193 países, criaram o melhor e mais moderno quadro
Europeu para conduzir o debate sobre como a consecução global em que os nossos esforços poderão assentar.
dos ODS poderá ser mais facilmente alcançada e sobre
O debate a nível europeu é agora sobre o que fazer e como
qual seria a melhor repartição de funções. Esta reflexão visa
fazê-lo. Os três cenários formulam respostas diferentes
alimentar um debate nos próximos meses entre os cidadãos,
embora partam todos do princípio de que a UE possui
as partes interessadas, os governos e as instituições, a fim
grandes vantagens competitivas para ser um líder mundial
de inspirar a elaboração da Agenda Estratégica da UE para
e desempenhar o papel de precursor. Nenhum dos cenários
o período 2019-2024 e definir as prioridades do próximo
é prescritivo ou restritivo. Todos eles têm apenas por
Presidente da Comissão Europeia.
objetivo apresentar ideias diferentes e estimular o debate
Os três cenários assentam na premissa de que existe um e a reflexão. O resultado final será provavelmente uma
amplo reconhecimento, entre os Estados-Membros da combinação de elementos de cada um.

33
5.1. Primeiro cenário:

Definição de uma estratégia global da UE quanto


aos ODS que oriente as intervenções da UE
e dos Estados-Membros
Uma forma de responder aos desafios que enfrentamos é apoiar, ao mais alto nível político da UE, os ODS acordados
a nível mundial, enquanto grandes objetivos estratégicos da UE e dos seus Estados-Membros. Tal abordagem seria
conforme com a recomendação da plataforma multilateral de alto nível para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Neste cenário, a Agenda 2030 das Nações Unidas e os ODS funcionariam como a nossa bússola e mapa, determinando
o quadro estratégico da UE e dos seus Estados-Membros.

A intervenção estratégica da UE e dos Estados-Membros, incluindo as autoridades regionais e locais, seria prosseguida
e coordenada com eficácia. Seria igualmente incentivada a adoção de uma abordagem comum a todos os níveis de
governo, em estreita cooperação com todos os interessados. Isto incluiria a integração, nas relações entre a UE e os países
terceiros, de uma componente sólida para prosseguir a ação internacional em matéria de sustentabilidade.

Implicaria igualmente o estabelecimento de um «processo europeu de coordenação da estratégia para os ODS» que
permita avaliar e acompanhar com regularidade os progressos realizados na execução, refletindo a natureza transversal e a
interligação entre os diferentes ODS, incluindo a governação interna da Comissão Europeia.

34
Tal poderá significar, na prática: Prós e contras

▪▪ Definiçãodos objetivos específicos da UE para ++ Criação de uma visão comum positiva em toda
a execução dos ODS, assim como aplicação a UE quanto ao futuro sustentável da Europa;
pela Comissão, pelo Parlamento Europeu e pelo
++ Reforço da apropriação política e aprofundamento
Conselho de uma estratégia global da UE neste
da coordenação entre todos os níveis de governação
domínio;
na UE e, dada a natureza transnacional dos
▪▪ Definição a nível nacional de estratégias globais desafios identificados, maiores possibilidades
para a consecução dos ODS; de cumprir a Agenda 2030 das Nações Unidas
e alcançar um crescimento verde e inclusivo em
▪▪ Definição pela Comissão e aprovação pelo
toda a UE;
Conselho Europeu de objetivos concretos
e calendarizados para 2030; ++ Dar um sinal claro a nível internacional de que
a UE está plenamente empenhada em cumprir
▪▪ Integraçãodo princípio da «sustentabilidade
as suas obrigações internacionais, a Agenda 2030
em primeiro lugar» nos programas da UE e dos
das Nações Unidas, assim como os ODS, tanto
Estados-Membros em matéria de «Legislar
interna como externamente;
Melhor»;
++ Comunicação clara e transparente e participação
▪▪ Criação e coordenação, a nível da UE e dos Estados-
dos interessados;
Membros, de um mecanismo de comunicação de
resultados e de monitorização dos progressos dos
ODS, nomeadamente no contexto do Semestre -- Risco de que a abordagem não seja suficientemente
Europeu; adaptada às especificidades e desafios concretos
dos Estados-Membros pois o quadro estratégico
▪▪ Reforço do papel da plataforma multilateral de pode não ter em conta todas as especificidades;
alto nível para os ODS, atribuindo-lhe um papel
específico na monitorização da execução dos -- Dada a dificuldade em chegar a um acordo
ODS; quanto aos objetivos à escala da UE nos diferentes
domínios dos ODS, risco de se consagrar
▪▪ Reforço da ação externa da UE em matéria de demasiado tempo à definição de estratégias em
sustentabilidade e direcionamento de todas as vez de se avançar nos domínios de intervenção
medidas de política externa para a execução dos que podem fazer a diferença.
ODS.

35
5.2. Segundo cenário:

A Comissão procede à integração contínua dos ODS


em todas as políticas pertinentes da UE, mas sem
efeitos vinculativos para a ação dos Estados-Membros
Neste cenário, os ODS continuarão a inspirar a tomada de decisões estratégicas quanto à elaboração das políticas da UE
e a orientar o desenvolvimento da estratégia de crescimento pós-UE2020, embora não obrigue os Estados-Membros
a atingirem coletivamente os compromissos quanto aos ODS prosseguidos pela UE.

No âmbito da Comissão Europeia, tal poderá implicar a atribuição a um membro do Colégio de amplas responsabilidades
em matéria de «sustentabilidade». Esse comissário continuaria a trabalhar juntamente com os outros no quadro de uma
equipa de projeto específica envolvendo todos os comissários. A fim de garantir a coerência, deve ser assegurada uma
estreita cooperação com as outras equipas de projeto da Comissão.

Através da sua iniciativa «Legislar melhor», a Comissão poderia assegurar um processo de tomada de decisão inclusivo
e assente em dados concretos. Em consonância com a estratégia de crescimento pós-UE2020, a maior integração dos
ODS no Semestre Europeu permitiria reforçar a coerência das políticas da UE e garantir que a UE se aproxima mais do
cumprimento dos ODS.

Esta abordagem deixaria, contudo, mais liberdade aos Estados-Membros e às autoridades regionais e locais para adaptarem
os seus esforços no sentido de uma concretização coerente dos ODS.

36
Tal poderá significar, na prática: Prós e contras

▪▪ A utilização dos ODS para orientar a definição ++ Uma vez que os domínios mais críticos para a UE
de uma estratégia de crescimento pós-UE2020, alcançar os ODS são, de um modo geral, fáceis
incidindo nas áreas com maior valor acrescentado de identificar, a UE poderia centrar-se em definir
a nível da UE, nomeadamente economia circular; as prioridades estratégicas e obter resultados
investigação e inovação; emprego e coesão social; concretos nas áreas em que tenha maior valor
clima e energia; sistemas alimentares, agricultura acrescentado;
e utilização dos solos; política de coesão;
++ O processo de tomada de decisão a nível da
▪▪ Integrar os ODS nas diferentes políticas UE seria mais célere e as negociações sobre as
e intervenções da UE, através do programa prioridades estratégicas mais consensuais;
«Legislar Melhor», adaptando-as à especificidade
++ A UE continuaria a ser um defensor global da
do contexto da UE com competências partilhadas
Agenda 2030 das Nações Unidas e dos ODS;
com os Estados-Membros;
▪▪ Utilizaro quadro financeiro plurianual (QFP) -- Seria mais difícil assegurar a coerência entre as
para disponibilizar uma parte do financiamento estratégias para o desenvolvimento sustentável da
suplementar necessário para concretizar UE e as nacionais;
a abordagem de integração da sustentabilidade;
-- Haveria um maior risco quanto ao cumprimento
os Estados-Membros comprometem-se a fazer
dos compromissos em matéria de sustentabilidade
o mesmo;
assumidos pela UE e pelos Estados-Membros no
▪▪ Os ODS e as metas pertinentes definidas pela UE seu conjunto e os Estados-Membros não poderiam
são incluídos no processo do Semestre Europeu ser coagidos a agir;
sempre que necessário para a estratégia de
-- As intervenções individuais dos Estados-Membros
crescimento pós-2020;
em certos domínios cruciais, em detrimento
▪▪ Se e quando os acordos de comércio livre da UE em de uma ação concertada e mais forte a nível
vigor forem modernizados ou sejam negociados da UE, poderiam afetar o mercado único e a
novos acordos comerciais, os capítulos sobre competitividade a nível global;
comércio e sustentabilidade seriam reforçados
-- Existe o risco de surgir um desfasamento entre
sempre que necessário, sendo assegurada a sua
o empenho político da UE em integrar os ODS
aplicação efetiva;
e a sua efetiva concretização.
▪▪ A UE verifica a consecução dos ODS através dos
relatórios de progresso elaborados pelo Eurostat,
os quais continuarão a ser desenvolvidos.
Os Estados-Membros elaboram anualmente
relatórios nacionais de acompanhamento.
▪▪ Os Estados-Membros continuam a deter
a principal responsabilidade por comunicar
os resultados quanto à consecução dos ODS,
devendo a Comissão Europeia comunicar
resultados quanto aos progressos realizados neste
domínio a nível internacional perante o Fórum
Político de Alto Nível das Nações Unidas sobre
o Desenvolvimento Sustentável.

37
5.3. Terceiro cenário:

Colocar mais ênfase na ação externa, consolidando,


simultaneamente, a ambição da UE em termos
de sustentabilidade
A ação externa receberia a prioridade no contexto dos ODS. Dado que a UE já é pioneira em muitos aspetos relacionados
com os ODS, a ênfase poderia ser colocada em ajudar o resto do mundo a recuperar o atraso, procurando simultaneamente
introduzir melhorias a nível da UE.

A nossa economia social de mercado tornou-se uma marca distintiva da UE, tendo permitido que as economias dos
Estados-Membros da UE gerem riqueza e prosperidade generalizada graças aos sólidos sistemas de segurança social.
A UE já possui algumas das normas ambientais mais rigorosas do mundo, estando as empresas europeias na linha da
frente em relação à restante concorrência mundial. A UE é também vista por muitos como um baluarte da liberdade
e da democracia, dispondo de instituições estáveis assentes no Estado de direito e de uma sociedade civil dinâmica. A UE
poderia, assim, optar por promover mais amplamente as suas normas ambientais, sociais e em matéria de governação no
âmbito das negociações multilaterais e dos acordos comerciais.

A UE também poderia intensificar a sua colaboração com as principais organizações e instâncias internacionais, como
as Nações Unidas, nomeadamente a Organização Internacional do Trabalho, a Organização Mundial do Comércio
e o G20, assim como com as entidades supervisoras dos acordos multilaterais no domínio do ambiente, a fim de fazer
avançar a agenda política externa assente nos valores da UE.

A posição da UE em prol do multilateralismo, com as Nações Unidas por centro, assim como a manutenção de relações
internacionais transparentes e fiáveis, continuaria a representar uma prioridade.

38
Tal poderá significar, na prática: Prós e contras

▪▪ A prossecução da integração dos ODS nas políticas ++ A UE concentraria os seus recursos nos
externas da UE, reconhecendo as diferentes países e regiões mais necessitados, efetuando
necessidades e interesses dos nossos parceiros, ajustamentos nas políticas da UE mediante
enquanto os ajustamentos internos seriam mais a integração dos ODS mas sem criar um quadro
limitados; estratégico específico;
▪▪ A UE procederia à comunicação pormenorizada ++ A ação externa da UE seria coerente com o objetivo
de resultados e ao acompanhamento dos de promover a sustentabilidade, a democracia,
progressos realizados quanto aos ODS no quadro os direitos humanos, o Estado de direito e as
da ação externa da UE a nível internacional no liberdades fundamentais em todo o mundo;
âmbito das Nações Unidas;
▪▪ Se e quando os acordos de comércio livre da UE em -- Existe o risco de esta abordagem poder
vigor forem modernizados ou sejam negociados comprometer a credibilidade e a liderança política
novos acordos comerciais, os capítulos sobre da UE quanto à Agenda 2030 das Nações Unidas
comércio e sustentabilidade seriam reforçados e aos ODS, tanto a nível nacional como mundial,
sempre que necessário, sendo assegurada a sua numa altura em que o multilateralismo está a ser
aplicação efetiva; posto em causa. Uma das principais características
da Agenda 2030 das Nações Unidas, ativamente
▪▪ Seria reforçada a aplicação da estratégia global para promovida pela UE, é o facto de esta ser universal;
a política externa e de segurança da UE e do novo
Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento; -- A UE perderia a oportunidade de definir uma
visão positiva para o futuro da Europa, centrada
▪▪ Seriam reforçadas as políticas europeias em matéria na sustentabilidade;
de defesa, política espacial, segurança e migração,
enquanto políticas que viabilizam a agenda de -- A UE não poderia tirar partido do facto de ter
política externa reforçada para o desenvolvimento sido precursora na definição de normas de
sustentável. sustentabilidade que serviriam de modelo ao
resto do mundo e os benefícios do crescimento
▪▪ Seriam igualmente reforçadas as novas formas de sustentável poderiam ser aproveitados por
financiamento e desenvolvimento sustentável, terceiros no mercado mundial;
nomeadamente o Plano Europeu de Investimento
Externo. -- A consolidação da estratégia atual da UE para
os ODS correria o risco de não satisfazer as
expectativas e ambições crescentes dos cidadãos.

39
Notas
1. Secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, na cimeira para a adoção da Agenda de Desenvolvimento pós-2015, em
Nova Iorque, em 25 de setembro de 2015. Disponível em: https://www.un.org/press/en/2015/sgsm17111.doc.htm
2. JO C 202 de 7.6.2016.
3. «A Minha Região, A Minha Europa, O Nosso Futuro: Sétimo relatório sobre a coesão económica, social e territorial»,
2017. Disponível em: https://ec.europa.eu/regional_policy/sources/docoffic/official/reports/cohesion7/7cr.pdf.
4. World Happiness Report 2018, de John F. Helliwell, Richard Layard e Jeffrey D. Sachs.
5. Eurostat, indicadores de qualidade de vida. Disponível em: https://ec.europa.eu/eurostat/statistics-explained/index.
php/Quality_of_life_indicators
6. Fórum Europeu da Juventude, Índice de Progresso da Juventude 2017. Disponível em: https://www.youthforum.
org/youth-progress-index.
7. O anexo 3 do documento de reflexão descreve de forma mais pormenorizada as grandes iniciativas da Comissão
Juncker que contribuem para a concretização da Agenda 2030 das Nações Unidas e do Acordo de Paris sobre as
alterações climáticas.
8. COM(2018) 773 final.
9. COM(2010) 2020 final.
10. EUCO 13/18 — Reunião do Conselho Europeu (18 de outubro de 2018), Conclusões, III.12.
11. COM(2016) 739 final.
12. Análise Anual do Crescimento para 2018, COM(2017) 690 final.
13. Previsões Económicas Europeias – outono de 2018, publicadas em 8 de novembro de 2018. Disponível em: https://
ec.europa.eu/info/sites/info/files/economy-finance/ip089_en_0.pdf.
14. Global Footprint Network. Disponível em: https://www.footprintnetwork.org/our-work/ecological-footprint/.
15. Comissão Europeia, Painel de Avaliação das Matérias-Primas 2018.
16. WWF. 2018. Living Planet Report - 2018: Aiming Higher. M. Grooten e R.E.A. Almond (Eds). WWF, Gland, Suíça.
17. Agência Europeia do Ambiente (2017), «Food in a green light, A systems approach to sustainable food».
18. SWD(2016) 319 final.
19. COM (2019)1.
20. Análise aprofundada em apoio à Comunicação da Comissão COM (2018)773, secção 5.6.2.3.
21. Dante Disparte, «If You Think Fighting Climate Change Will Be Expensive, Calculate the Cost of Letting It Happen»,
12 de junho de 2017, Harvard Business Review em linha. Disponível em: https://hbr.org/2017/06/if-you-think-
fighting-climate-change-will-be-expensive-calculate-the-cost-of-letting-it-happen
22. Eurostat, «Desenvolvimento sustentável na União Europeia – Relatório de acompanhamento sobre os progressos
para alcançar os ODS no contexto da UE – Edição de 2018».
23. https://ec.europa.eu/food/safety/food_waste_en.
24. Eurostat, «Desenvolvimento sustentável na União Europeia – Relatório de acompanhamento sobre os progressos
para alcançar os ODS no contexto da UE – Edição de 2018».
25. Eurostat, «Desenvolvimento sustentável na União Europeia – Relatório de acompanhamento sobre os progressos
para alcançar os ODS no contexto da UE – Edição de 2018».
26. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), 2016, «Antimicrobial resistance and our
food systems: challenges and solutions». Disponível em: http://www.fao.org/3/a-i6106e.pdf

40
27. Instituto Europeu para a Igualdade de Género (2017), Índice de Igualdade de Género 2017 — Medir a igualdade de
género na União Europeia 2005-2015, Comunicado de imprensa de 11 de outubro de 2017. Disponível em: https://
eige.europa.eu/news-and-events/news/gender-equality-index-2017-progress-snails-pace
28. Comissão Europeia, «Relatório de 2018 sobre a igualdade entre homens e mulheres na UE».
29. OCDE (2015), In It Together: Why Less Inequality Benefits All, Publicações da OCDE, Paris.
30. Organização Internacional para as Migrações, «Migration, Environment and Climate Change: Assessing the Evidence»,
2009.
31. Sétimo programa de ação em matéria de ambiente. Disponível em: https://eur-lex.europa.eu/legal-content/EN/
TXT/?uri=CELEX:32013D1386.
32. Eurostat, Economia ambiental — estatísticas sobre o emprego e o crescimento. Disponível em: https://ec.europa.eu/
eurostat/statistics-explained/pdfscache/10420.pdf. A economia ambiental engloba dois grandes grupos de atividades
e/ou produtos: a «proteção do ambiente», ou seja, todas as atividades relacionadas com a prevenção, a redução e a
eliminação da poluição, bem como qualquer outra degradação do ambiente, e a «gestão dos recursos» , que consiste
em preservar e manter os volumes de recursos naturais e, por conseguinte, evitar que estes se esgotem.
33. S. Fankhauser, A. Bowen et al. «Who will win the green race? In search of environmental competitiveness and innovation»,
2013.
34. Business and Sustainable Development Commission, «Better Business Better World, The report of the Business &
Sustainable Development Commission», janeiro de 2017 (p. 12).
35. Reexame da aplicação da política ambiental da UE 2017.
36. Entre outros: Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, «Aquecimento global de 1,5 °C: relatório
especial do PIAC sobre a repercussões de um aquecimento global 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais e as trajetórias
das emissões mundiais de gases com efeito de estufa associadas, no contexto do reforço da resposta mundial à ameaça
das alterações climáticas, do desenvolvimento sustentável e dos esforços de erradicação da pobreza », 2018; Sachs,
J., Schmidt-Traub, G. Kroll, C., Lafortune, G., Fuller, G. (2018): SDG Index and Dashboards Report 2018. Nova
Iorque: Bertelsmann Stiftung e Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável (SDSN); Europe moving towards
a sustainable future, Contribution of the Multi-Stakeholder Platform on the implementation of the Sustainable Goals in
the EU Reflection Paper, outubro de 2018.
37. Eurostat, «Desenvolvimento sustentável na União Europeia – Relatório de acompanhamento sobre os progressos
para alcançar os ODS no contexto da UE – Edição de 2018».
38. «Growth within: A circular economy vision for a competitive Europe», Fundação Ellen MacArthur e McKinsey Center
for Business and Environment, 2015.
39. Towards a circular economy – Waste management in the EU, 2017, Serviço de Estudos do Parlamento Europeu
40. SITRA, The circular economy - a powerful force for climate mitigation, 2018. Disponível em: https://www.sitra.fi/en/
publications/circular-economy-powerful-force-climate-mitigation/.
41. COM/2018/028 final.
42. COM/2018/340 final.
43. Business and Sustainable Development Commission, «Better Business Better World, The report of the Business &
Sustainable Development Commission», janeiro de 2017.
44. Business and Sustainable Development Commission, «Better Business Better World, The report of the Business &
Sustainable Development Commission», janeiro de 2017.
45. Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Green jobs. Disponível em: http://www.
fao.org/rural-employment/work-areas/green-jobs/en/
46. Eurostat, «Desenvolvimento sustentável na União Europeia – Relatório de acompanhamento sobre os progressos
para alcançar os ODS no contexto da UE – Edição de 2018».

41
47. Comissão Europeia, Monitoring Agri-trade Policy, MAP 2018-1, «Agri-food trade in 2017: another record year for EU
agri-food trade».
48. Disponível em: https://ec.europa.eu/commission/publications/natural-resources-and-environment.
49. Disponível em:https://ec.europa.eu/health/amr/sites/amr/files/amr_action_plan_2017_en.pdf.
50. Análise aprofundada em apoio à Comunicação da Comissão COM (2018)773 «Um Planeta Limpo para Todos
— Estratégica a longo prazo da UE para uma economia próspera, moderna, competitiva e com impacto neutro no
clima». A produção de carne implica uma das maiores taxas de ocupação de solo por caloria. A transformação e a
redução do consumo de carne permitirá disponibilizar terras adicionais.
51. A eficiência energética dos frigoríficos foi consideravelmente melhorada ao longo dos últimos dez anos (o mesmo
sucedeu, por exemplo, com as máquinas de lavar roupa/louça e com os televisores). Isto significa que as pessoas estão
a comprar aparelhos mais eficientes. Topten com base em dados GFK. Disponível em: topten.eu
52. COM(2016) 377.
53. Em 2017, os cuidados de saúde representaram até 9,6 % do PIB da Europa, pelo que a eficiência nas despesas de
saúde e a luta contra os gastos desnecessários é cada vez mais importante.
54. COM (2017)206, Documento de reflexão sobre a dimensão social da Europa, 26 de abril de 2017.
55. Nações Unidas, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Objetivo 11: Tornar as cidades e comunidades inclusivas,
seguras, resilientes e sustentáveis. Disponível em: https://www.un.org/sustainabledevelopment/cities/
56. The Role of Science, Technology and Innovation Policies to Foster the Implementation of the Sustainable Development
Goals, Relatório do grupo de peritos «Follow-up to Rio+20, notably the SDGs».
57. COM(2018) 22 final.
58. Em novembro de 2018, a Comissão Europeia criou o Observatório da Inteligência Artificial (AI Watch), com
o objetivo de acompanhar os desenvolvimentos neste domínio, tanto na UE como a nível mundial, proporcionando
a base analítica necessária para a adoção de novas medidas.
59. Comissão Europeia «USA-China-EU plans for AI: where do we stand?» janeiro de 2018 Disponível em: https://
ec.europa.eu/growth/tools-databases/dem/monitor/sites/default/files/DTM_AI%20USA-China-EU%20plans%20
for%20AI%20v5.pdf.
60. Jiaxuan You, Xiaocheng li, melvin low, David B. Lobell, Stefano Ermon, «Sustainability and Artificial Intelligence
Lab, Combining Remote Sensing Data and Machine Learning to Predict Crop Yield». Disponível em: http://sustain.
stanford.edu/crop-yield-analysis
61. Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. Disponível em: http://www.eurasia.undp.org/
content/rbec/en/home/blog/2017/7/12/What-kind-of-blender-do-we-need-to-finance-the-SDGs-.html
62. Plano de Ação em matéria de Financiamento Sustentável. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/
publications/180524-proposal-sustainable-finance_en.
63. Business and Sustainable Development Commission, «Better Business Better World, The report of the Business &
Sustainable Development Commission», janeiro de 2017.
64. Business and Sustainable Development Commission, «Better Business Better World, The report of the Business &
Sustainable Development Commission», janeiro de 2017.
65. Tax Policies in the European Union: 2018 Survey. Disponível em: https://ec.europa.eu/taxation_customs/business/
company-tax/tax-good-governance/european-semester/tax-policies-european-union-survey_en. Em dezembro de
2018, a Comissão lançou um estudo sobre as grandes tendências (alterações climáticas, digitalização, envelhecimento
demográfico, etc.) e o seu impacto nas economias da UE, nomeadamente na sustentabilidade dos regimes fiscais.
66. COM(2019) 8 final.
67. COM(2019) 8 final.
68. COM(2019) 8 final.

42
69. Dierx, Adriaan, Ilzkovitz, Pataracchia, Ratto, Thum-Thysen and Varga (2017), «Does EU competition policy support
inclusive growth?», Journal of Competition Law & Economics, Vol. 13, n.º 2; OCDE Factsheet on how competition
policy affects macro-economic outcomes (outubro de 2014); Fabienne Ilzkovitz e Adriaan Dierx, «Ex-post economic
evaluation of competition policy enforcement: A review of the literature», Direcção-Geral da Concorrência, junho de
2015.
70. http://ec.europa.eu/competition/state_aid/scoreboard/index_en.html
71. Diretiva 2017/828 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de maio de 2017, que altera a Diretiva 2007/36/
CE no que se refere aos incentivos ao envolvimento dos acionistas a longo prazo (Texto relevante para efeitos do
EEE)
72. Diretiva 2014/95/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 22 de outubro de 2014, que altera a Diretiva
2013/34/UE no que se refere à divulgação de informações não financeiras e de informações sobre a diversidade por
parte de certas grandes empresas e grupos (Texto relevante para efeitos do EEE)
73. Regulamento (UE) 2017/821 relativo aos minerais provenientes de zonas de conflito.
74. https://ec.europa.eu/info/publications/180524-proposal-sustainable-finance_en#investment. Uma visão mais
exaustiva dos recentes progressos efetuados pela UE quanto à responsabilidade social das empresas e ao comportamento
responsável das mesmas (RSE/CER), assim como quanto às empresas e os direitos humanos, será apresentada no
início de 2019 no quadro das Jornadas Europeias da Indústria.
75. Camarões, Costa do Marfim, Gana e os países da SADC que subscreveram o Acordo de Parceria Económica:
Botsuana, Lesoto, Moçambique, Namíbia, África do Sul e Suazilândia.
76. Documento informal dos serviços da Comissão. Disponível em: http://trade.ec.europa.eu/doclib/docs/2018/
february/tradoc_156618.pdf.
77. Os progressos são descritos no relatório da UE de 2019 sobre a coerência das políticas para o desenvolvimento,
publicado conjuntamente com o presente documento de reflexão: documento de trabalho dos serviços da Comissão
SEC(2019) 20.
78. COM(2018) 703 final. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/communication-principles-
subsidiarity-proportionality-strengthening-role-policymaking_en.pdf and https://ec.europa.eu/commission/
priorities/democratic-change/better-regulation/task-force-subsidiarity-proportionality-and-doing-less-more-
efficiently_en.
79. Disponível em: https://ec.europa.eu/info/strategy/international-strategies/global-topics/sustainable-development-
goals/multi-stakeholder-platform-sdgs_en.
80. Com mais de 37 mil milhões de EUR mobilizados desde a sua conceção, em setembro de 2017, esta iniciativa está
bem encaminhada para atingir o objetivo de 44 mil milhões de EUR de investimentos para o desenvolvimento
sustentável até 2020.

43
44
Anexo I
CONTRIBUTO DA COMISSÃO JUNCKER PARA OS
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

45
46
Contributo da Comissão
Juncker para os Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável

A Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento em prol de uma Europa sustentável no futuro: desde o Pilar
Sustentável, adotada em 25 de setembro de 2015, traça Europeu dos Direitos Sociais, o Consenso Europeu sobre
um quadro global para alcançar um desenvolvimento o Desenvolvimento e a estratégia global para a política
sustentável até 2030. Apresenta um conjunto ambicioso externa e de segurança da União Europeia até à estratégia
de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de comércio para todos assente em valores, o compromisso
e 169 metas afins que os países e as partes interessadas estratégico para a igualdade de género e um Espaço
deverão levar por diante. Europeu da Educação; desde os pacotes de economia
circular, mobilidade e energias limpas à estratégia de
A UE teve um papel decisivo na configuração da Agenda
crescimento azul; desde o Plano de Investimento para
2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento
a Europa e o plano de ação em matéria de financiamento
Sustentável e, a par dos Estados-Membros, está empenhada
sustentável à agenda urbana da UE e ao plano de ação
em permanecer na linha da frente da sua execução, tanto
para a natureza, para referir apenas alguns exemplos.
ao nível interno da União como ao nível da prestação
A Comissão propôs igualmente reforçar a ligação entre
de apoio aos esforços de execução de países terceiros,
o financiamento da UE e o Estado de direito, avaliar
com destaque para os mais carenciados, através das suas
o impacto social e ambiental de todas as atividades de
políticas externas.
investigação e inovação cofinanciadas pela UE, bem como
As dez prioridades da Comissão Juncker integram adotar uma meta mais ambiciosa em matéria de despesas
vertentes fundamentais do desenvolvimento sustentável: relacionadas com o clima para o futuro orçamento
emprego, crescimento e investimento (prioridade 1); um da UE. Mais recentemente, a Comissão apresentou
mercado único digital (prioridade 2); energia mais segura, a visão estratégica europeia a longo prazo para garantir,
acessível e sustentável (prioridade 3); um mercado interno no horizonte 2050, uma economia próspera, moderna
aprofundado e mais equitativo (prioridade 4); uma união e competitiva com impacto neutro no clima, o que abre
económica e monetária aprofundada e mais equitativa caminho a uma mudança estrutural da economia europeia,
(prioridade 5); comércio aberto e justo (prioridade 6); impulsionando o crescimento e o emprego, ao mesmo
justiça e direitos fundamentais (prioridade 7); migração tempo que alcançando uma neutralidade climática. Tal
(prioridade 8); uma Europa mais forte na cena mundial exigirá soluções inovadoras e investimento na investigação
(prioridade 9); uma união de mudança democrática e inovação.
(prioridade 10).
O presente documento fornece uma panorâmica dos
Desde o início do seu mandato, em novembro de contributos da Comissão Juncker para a Agenda 2030 das
2014, a Comissão Juncker integrou o desenvolvimento Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. Em
sustentável em agendas transversais fundamentais, bem primeiro lugar, delineia as principais iniciativas políticas;
como em políticas e iniciativas setoriais, utilizando os em segundo, apresenta uma lista de diferentes medidas
instrumentos da iniciativa «Legislar melhor». Todas tomadas em relação a cada ODS.
as avaliações de impacto da Comissão que precedem
Embora o presente anexo ponha a tónica nas iniciativas
propostas legislativas incluem a análise dos impactos
da Comissão Juncker, escusado será dizer que há muitas
sociais, ambientais e económicos, com vista a ponderar
outras políticas da UE, já em vigor antes da entrada em
devidamente e a tomar em conta considerações em matéria
funções da atual Comissão, que têm vindo a contribuir para
de desenvolvimento sustentável. Além disso, todos os
a consecução dos ODS. A Carta dos Direitos Fundamentais
acordos comerciais recentes da UE incluem um capítulo
da UE, a estratégia de biodiversidade da União para 2020,
sobre o desenvolvimento sustentável, na ótica de promover
o pacote Ar Limpo, a execução sustentada da estratégia de
um crescimento e desenvolvimento sustentáveis e um
responsabilidade social das empresas, o Cartão Europeu de
trabalho digno para todos.
Seguro de Doença, as regras sobre a utilização sustentável
A Comissão Juncker plantou um conjunto de sementes dos pesticidas e as normas da UE em matéria de produtos
essenciais, de que germinará a próxima geração de políticas do tabaco são disso exemplos não exaustivos.

47
Principais iniciativas políticas

Pilar Europeu dos Direitos Ação da UE em matéria de Estratégia da UE para


Sociais igualdade de género a Juventude

O Pilar Europeu dos Direitos Sociais, Em 2015, a Comissão adotou um Em maio de 2018, a Comissão apre-
de novembro de 2017, estabelece compromisso estratégico para a igual- sentou uma série de ideias no sen-
vinte princípios diretamente orienta- dade de género 2016‑2019. Este é o tido de «Envolver, ligar e capacitar os
dos para a promoção de uma conver- quadro em que se insere o trabalho jovens», na ótica de uma nova Estra-
gência ascendente com vista a garantir contínuo da Comissão para promover tégia da UE para a Juventude, que
melhores condições de vida e de tra- a igualdade de género e o empodera- o Conselho aprovou em novembro
balho na Europa. Ajuda a combater mento das mulheres. O Pilar Europeu de 2018. O novo quadro de coope-
a pobreza em todas as suas dimensões dos Direitos Sociais confirmou o com- ração no domínio da juventude para
e a garantir sistemas de proteção social promisso da UE em prol da igualdade 2019-2027 visa aproximar a UE dos
justos, adequados e sustentáveis. de tratamento e de oportunidades jovens e ajudar a enfrentar questões
Apoia a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres em todos que constituem para eles motivo de
e de acesso ao mercado de traba- os domínios. Em 2017, a Comissão preocupação. A nova Estratégia da
lho, incluindo a igualdade de género apresentou um pacote abrangente de UE para a Juventude tem por objetivo
e condições de trabalho equitativas, medidas legislativas e políticas em incentivar a participação dos jovens na
para além de promover a inclusão e a matéria de conciliação entre a vida vida cívica e democrática (envolver);
proteção sociais. É acompanhado de profissional e a vida familiar, incen- conectar os jovens de toda a UE e fora
um painel de indicadores sociais que, tivando uma maior participação das dela para promover o voluntariado, as
a par de outros instrumentos, contri- mulheres no mercado de trabalho. oportunidades de aprendizagem no
bui para o seu acompanhamento. estrangeiro, a solidariedade e a com-
O plano de ação da UE sobre o género
preensão intercultural (ligar); e apoiar
A aplicação dos princípios e direitos 2016-2020 é o quadro da UE para
a capacitação dos jovens fomentando
enunciados no Pilar Europeu dos a promoção da igualdade de género
a inovação, a qualidade e o reconheci-
Direitos Sociais também dará um con- e do empoderamento das mulheres
mento do trabalho com jovens (capa-
tributo fundamental para uma Europa e raparigas nas relações externas da UE
citação). Os instrumentos propostos
sustentável, apoiando ativamente com os países terceiros, bem como em
para atingir os objetivos da estratégia
a segurança laboral e salários justos instâncias e agendas internacionais.
incluem um diálogo com a juven-
compatíveis com um nível de vida A UE põe em prática o seu plano de
tude renovado, a utilização da folha
digno, ajudando a dotar as pessoas ação sobre o género através da política
de programação das futuras atividades
das competências do século XXI, dan- europeia de vizinhança revista e da sua
nacionais, bem como um plano de
do-lhes acesso a empregos de elevada política de desenvolvimento.
trabalho do Conselho para a juven-
qualidade e contrariando o impacto
tude (2019-2020).
do envelhecimento da população no
mercado de trabalho e nos sistemas A Comissão também ajuda os Estados-
de proteção social. Ao mesmo tempo -Membros a estimularem o emprego
que apoiará a inovação e a competiti- dos jovens. Todos os anos, mais de 3,5
vidade, o Pilar Europeu dos Direitos milhões de jovens inscritos na Garan-
Sociais promoverá a justiça social, tia para a Juventude recebem uma
a igualdade de oportunidades, o diá- oferta de emprego, formação contí-
logo social e o acesso a cuidados de nua, estágio ou aprendizagem.
saúde de qualidade, incluindo ser-
viços de saúde de qualidade a preços
acessíveis para todos, serviços de aco-
lhimento de crianças e de cuidados
prolongados, assistência à habitação
e outros serviços essenciais.

48
Ligar o financiamento da Plano de Investimento para Horizonte 2020 – o programa
UE ao respeito do Estado de a Europa / Plano Juncker de investigação e inovação
direito da UE
Para o próximo orçamento europeu No rescaldo da crise económica O Horizonte 2020 é o maior programa
plurianual relativo ao período 2021- e financeira mundial, a UE estava mundial de promoção da cooperação
2027, a Comissão propõe um orça- a registar baixos níveis de investi- no domínio da ciência, tecnologia
mento norteado pelos princípios da mento. O Plano de Investimento para e inovação na UE e fora dela.
prosperidade, sustentabilidade, soli- a Europa, conhecido como o «Plano
Ao longo de sete anos (2014-2020)
dariedade e segurança. Juncker», visa eliminar os obstácu-
estão disponíveis quase 77 mil
los ao investimento, proporcionar
A proposta inclui um novo mecanismo milhões de EUR de financiamento
visibilidade e assistência técnica aos
destinado a reforçar a ligação entre para o Horizonte 2020, o atual pro-
projetos de investimento e utilizar
o financiamento da UE e o Estado de grama-quadro de investigação e ino-
de forma mais inteligente os recursos
direito. A ocorrência de falhas gene- vação, para além do investimento
financeiros.
ralizadas em matéria de Estado de público nacional e privado que essa
direito num dado Estado-Membro Em julho de 2018, o Fundo Euro- verba atrairá. Mais de 60 % deste
tem consequências graves para uma peu para Investimentos Estratégicos, orçamento é investido no desenvol-
gestão financeira sólida e para a eficá- no âmbito do Plano Juncker, atingiu vimento sustentável. Para o programa
cia do financiamento da UE. Não se a sua meta inicial de investimento Horizonte Europa que lhe sucederá
trata de um mecanismo sancionató- de 315 mil milhões de EUR. Em propõe-se um orçamento ainda mais
rio, mas de um instrumento orçamen- dezembro de 2018, tinha mobilizado elevado.
tal que permite proteger o orçamento 371 mil milhões de EUR de investi-
O Horizonte 2020 visa contribuir
da UE e assegurar uma boa gestão mentos adicionais em toda a UE desde
para alcançar um crescimento inte-
financeira, promovendo em simultâ- 2015. Já apoiou a criação de mais de
ligente, sustentável e inclusivo. Tem
neo o Estado de direito. 750 000 postos de trabalho, um valor
por objetivo assegurar que a UE pro-
que deverá aumentar para 1,4 milhões
duz ciência e tecnologia de craveira
até 2020. Mais de 850 000 peque-
internacional em benefício da eco-
nas e médias empresas (PME) estão
nomia, da sociedade e do ambiente,
a beneficiar da melhoria do acesso
eliminando os obstáculos à inovação
ao financiamento. Pelo menos 40 %
e facilitando a colaboração entre os
do financiamento do Fundo Euro-
setores público e privado na busca de
peu para Investimentos Estratégicos
soluções para os grandes desafios que
ao abrigo da vertente Infraestruturas
a nossa sociedade enfrenta.
e Inovação destina-se a apoiar com-
ponentes de projetos que contribuam
para a ação climática, em consonân-
cia com o Acordo de Paris sobre ação
climática.

49
Financiar o crescimento Plano de ação para Um planeta limpo para
sustentável a economia circular todos – visão a longo prazo
no horizonte 2050 de uma
economia próspera, moderna
e competitiva de impacto
neutro no clima
À medida que o nosso planeta se vê Numa economia circular, o valor dos A visão a longo prazo no horizonte
crescentemente a braços com as con- produtos, materiais e recursos per- 2050 de uma economia próspera,
sequências imprevisíveis das altera- manece na economia o máximo de moderna e competitiva de impacto
ções climáticas e do esgotamento dos tempo possível, ao mesmo tempo que neutro no clima, que a Comissão ado-
recursos, urge tomar medidas no sen- se minimiza a produção de resíduos tou em novembro de 2018, mostra
tido de adotar um modelo mais sus- (por exemplo, resíduos alimentares, de que modo a Europa pode liderar
tentável. Há estimativas que apontam plásticos, lixo marinho). Os benefí- o caminho no sentido da neutralidade
para a necessidade de prever cerca de cios mais vastos de uma economia climática através da modernização
180 mil milhões de EUR de investi- circular incluem a criação de novas do sistema energético, investindo em
mentos adicionais por ano, a fim de vantagens competitivas e a redução da soluções tecnológicas realistas, capa-
atingir as metas da União para 2030 necessidade de recursos escassos, do citando os cidadãos e alinhando a sua
acordadas em Paris, incluindo uma consumo de energia e dos níveis de ação em domínios essenciais como
redução de 40 % nas emissões de gases emissão de dióxido de carbono. a política industrial, o financiamento,
com efeito de estufa. a economia circular e a investigação
As ações que a Comissão pôs em prá-
– garantindo ao mesmo tempo a jus-
É por esse motivo que, em março de tica desde a adoção do plano de ação
tiça social e o apoio a uma transição
2018, a Comissão adotou um plano para a economia circular em 2015
justa. Em plena coerência com os
de ação em matéria de financiamento apoiam uma economia circular em
ODS, descreve igualmente uma série
sustentável com vista a reforçar o papel cada etapa da cadeia de valor. Através
de componentes estratégicas visando
do financiamento na promoção de do seu pacote relativo à economia cir-
a transição para uma UE com impacto
uma economia capaz de aliar um bom cular, a União Europeia está a enviar
neutro no clima.
desempenho ao cumprimento de um sinal claro aos operadores econó-
objetivos ambientais e sociais. Desse micos e à sociedade sobre o caminho A visão a longo prazo tem por objetivo
modo, a UE estará a permitir que a seguir. A ação a nível da UE pode definir o rumo da política climática da
o setor financeiro use de toda a sua fomentar o investimento, criar condi- UE e encetar um debate aprofundado
influência na consecução dos ODS. ções equitativas e eliminar obstáculos sobre a forma como a UE se deve pre-
no mercado único. parar para o horizonte de 2050, no
#SustainableFinanceEU
intuito de apresentar em 2020 uma
ambiciosa estratégia da UE a longo
prazo para a Convenção-Quadro das
Nações Unidas sobre as Alterações
Climáticas até 2020.

50
Acordo de Paris sobre A Europa em movimento Estratégia da UE
as alterações climáticas – para os plásticos
pacote de energias limpas
para todos os europeus

A Europa teve um papel decisivo na Na sequência da estratégia europeia de É fundamental para a nossa existên-
conclusão do primeiro acordo univer- mobilidade hipocarbónica, a Comis- cia garantir oceanos saudáveis. São
sal e juridicamente vinculativo sobre são adotou três pacotes de mobilidade uma fonte essencial de alimentos e de
o clima, em Paris, que estabelece um intitulados «A Europa em movimento» rendimentos para cerca de 40 % da
plano de ação global para combater as em 2017 e 2018, respetivamente. «A população mundial. Em última aná-
alterações climáticas. A UE compro- Europa em movimento» é um vasto lise, o mar regula o nosso clima e é
meteu-se a reduzir em, pelo menos, conjunto de iniciativas que irão tornar fonte de água e oxigénio.
40 % as emissões de gases com efeito o trânsito mais seguro; promover uma
A agenda da UE de governação inter-
de estufa até 2030, em comparação tarifação rodoviária inteligente; redu-
nacional dos oceanos estabeleceu um
com os níveis de 1990. zir as emissões de CO2, a poluição do
quadro global para reforçar a governa-
ar e o congestionamento; diminuir
Abriu o caminho para o pacote de ção internacional dos oceanos, a fim
a burocracia para as empresas; comba-
energias limpas para todos os euro- de assegurar oceanos seguros e limpos,
ter o trabalho não declarado e garan-
peus, impulsionando a transição para utilizados de forma legal e sustentável.
tir condições de trabalho e tempos de
as energias limpas e a modernização Uma das ações desta agenda era a luta
descanso adequados para os trabalha-
do sistema energético para permitir contra o lixo marinho.
dores. Os benefícios destas medidas
a consecução dos objetivos de Paris.
a longo prazo extravasarão em muito Em maio de 2018, a Comissão propôs
A transição para as energias limpas o setor dos transportes, promovendo novas regras a nível da UE que visa-
e a luta contra as alterações climáti- o crescimento e a criação de emprego, vam os dez produtos de plástico de
cas transformarão significativamente reforçando a justiça social, alargando utilização única mais frequentemente
o modo como produzimos e consu- o leque de escolhas dos consumidores encontrados nos mares e praias da
mimos energia. O seu impacto será e encarrilando firmemente a Europa Europa, bem como as artes de pesca
diferente consoante o setor e a região. na via das emissões zero. perdidas e abandonadas. No seu con-
À medida que os modelos de negócio junto, estes produtos representam
O último pacote «A Europa em movi-
com grande intensidade de carbono, 70 % de todas as unidades de lixo
mento» define uma agenda positiva,
como a exploração mineira de carvão, marinho.
visando permitir a todos os cidadãos
vão perdendo rentabilidade, acabarão
europeus beneficiar de tráfego mais Outras iniciativas relativas aos plás-
por ser progressivamente eliminados.
seguro, veículos menos poluentes ticos incluem medidas para obstar
A Comissão lançou, por isso, ini- e soluções tecnológicas mais avan- à deposição de lixo, tornar a economia
ciativas específicas para enfrentar os çadas, apoiando simultaneamente dos plásticos circular, combater fontes
desafios sociais e económicos com que a competitividade da indústria da UE. de lixo marinho de origem marítima,
se defrontam os cidadãos nas regiões Para o efeito, as iniciativas incluíram e garantir uma melhor compreensão
carboníferas. As iniciativas apoiam uma política integrada para o futuro e controlo do lixo marinho.
o desenvolvimento de estratégias da segurança rodoviária com medi-
de transição, projetos concretos de das de segurança para os veículos e as
diversificação estrutural e a transição infraestruturas; as primeiras normas
tecnológica. As ações de apoio a 41 em matéria de CO2 para os veículos
regiões com atividades de extração pesados; um plano de ação estratégico
do carvão em 12 Estados-Membros para o desenvolvimento e fabrico de
da UE visam converter a transição baterias na Europa e uma estratégia
numa oportunidade, fomentando prospetiva sobre a mobilidade conec-
a inovação, o investimento e novas tada e automatizada.
competências.

51
Plano de ação da UE Agenda urbana da UE Agenda de competências
para a natureza, a população para a Europa
e a economia

As Diretivas Aves e Habitats são As cidades da Europa estão no cerne Com a nova agenda de competências
emblemáticas da proteção da natureza de muitos dos atuais desafios econó- para a Europa, a Europa investe nas
preconizada pela UE. Estabelecem micos, ambientais e sociais. Mais de pessoas, para que elas possam enca-
a maior rede mundial de áreas protegi- 70 % dos cidadãos da UE vive em rar o futuro com confiança. Ao pôr
das ricas em biodiversidade («Natura zonas urbanas e cerca de 85 % do PIB em prática as dez ações da agenda
2000»), as quais contribuem para da UE é gerado nas cidades. de competências, a Comissão ajuda
a economia da UE através da depu- a dotar as pessoas das competências
A agenda urbana da UE, lançada em
ração da água, do armazenamento de adequadas para acompanharem as
maio de 2016, é crucial para garan-
carbono, da polinização e do turismo mudanças na sociedade e no mercado
tir que as zonas urbanas atuam como
(os chamados «serviços ecossistémi- de trabalho. A Europa também está
catalisadoras para a obtenção de solu-
cos») e representam entre 1,7 e 2,5 % a tornar as competências mais visíveis
ções inovadoras e sustentáveis que
do PIB da UE. e comparáveis e a facilitar a recolha de
promovam a transição para sociedades
informações sobre as necessidades em
Em abril de 2017, a Comissão ado- hipocarbónicas e resilientes. A agenda
matéria de competências em determi-
tou um plano de ação para a natu- urbana é um esforço conjunto da
nadas áreas profissionais e setores em
reza, a população e a economia» com Comissão, dos Estados-Membros
toda a Europa. A Comissão apoiou
vista a assegurar a plena aplicação da e das cidades europeias para garantir
igualmente alguns países europeus no
legislação no terreno e, desse modo, uma atenção reforçada ao impacto
reforço da assistência aos adultos com
melhorar a proteção da natureza em das políticas nas zonas urbanas. Tem
um fraco domínio de competências
benefício dos cidadãos da UE e da igualmente por objetivo fortalecer
básicas. Lançaram-se iniciativas para
economia. a resiliência das zonas urbanas através
preparar as pessoas para a revolução
da prevenção de riscos relacionados
O plano prevê 15 ações principais digital e o futuro do trabalho. Por
com catástrofes e com o clima.
a realizar até 2019, a par de quatro último, a Comissão criou a Semana
prioridades fundamentais: melhorar A agenda urbana é reforçada por ini- Europeia da Formação Profissional,
os conhecimentos e as orientações para ciativas da Comissão que promovem a fim de chamar a atenção para as
reforçar a coerência com as atividades ações a longo prazo em matéria de oportunidades que o ensino e for-
socioeconómicas; completar a rede energia e clima a nível local, como mação profissionais têm a oferecer.
e assegurar a sua gestão eficaz; reforçar o Pacto dos Autarcas. Com base Desde 2016, estas campanhas anuais
o investimento na rede Natura 2000 nesta iniciativa europeia, criou-se bem-sucedidas ajudaram milhões
e garantir um maior financiamento; em 2016 o Pacto Global de Autarcas de jovens e adultos a descobrir que
envolver os cidadãos, as partes interes- para o Clima e a Energia, que reúne o ensino e formação profissionais são
sadas e as comunidades locais. 10,28 % da população mundial numa uma opção vantajosa e não menos
aliança em prol da luta contra as alte- válida.
rações climáticas e a transição para
uma sociedade com baixo nível de
emissões.

52
Uma bioeconomia sustentável Política de coesão da UE Espaço Europeu da Educação
da UE para reforçar a ligação
entre a economia, a sociedade
e o ambiente
Vivemos num mundo de recursos A política de coesão da UE é a prin- A UE pretende criar um Espaço Euro-
limitados. Desafios mundiais como as cipal política de investimento da UE, peu da Educação no horizonte 2025,
alterações climáticas, a degradação dos cuja principal missão consiste em no qual «a aprendizagem, o estudo
solos e dos ecossistemas, a par de uma alcançar a coesão económica, social e a investigação não estejam à mercê
população em crescimento, obrigam- e territorial mediante a redução das de fronteiras. Um continente onde seja
-nos a procurar novas formas de pro- disparidades entre os níveis de desen- normal viver noutro Estado-Membro
duzir e consumir os nossos recursos volvimento das diferentes regiões. – para estudar, aprender ou trabalhar
biológicos no respeito dos limites eco- É uma das políticas mais transversais, – e onde a regra seja falar outras duas
lógicos do planeta. Com um volume contribuindo para a maioria, se não línguas para além da língua materna.
de negócios no valor de 2,3 biliões de para a totalidade, dos 17 ODS. Um continente onde as pessoas possuam
EUR e representando 8,2 % da mão um forte sentimento da sua identidade
Além disso, os princípios e objetivos
de obra da UE, a bioeconomia é uma europeia, do património cultural euro-
transversais fundamentais – como
componente essencial da economia da peu e da sua diversidade.»
o desenvolvimento sustentável, a eli-
UE.
minação das desigualdades, a pro- Em conformidade com o primeiro
A versão atualizada da estratégia da moção da igualdade entre homens princípio do Pilar Europeu dos Direi-
UE para a bioeconomia lançará 14 e mulheres, a integração da perspetiva tos Sociais, o objetivo é tornar uni-
ações que abrirão caminho a uma de género e o combate à discriminação versalmente acessíveis modalidades
sociedade mais inovadora, eficiente – são integrados em todas as fases de de aprendizagem ao longo da vida
na utilização dos recursos e competi- execução da política. A priorização do inovadoras e inclusivas. As primeiras
tiva, conciliando a segurança alimen- princípio da parceria garante a partici- ações concretas incluem o desenvol-
tar com a utilização sustentável dos pação e a responsabilização dos inter- vimento de universidades europeias;
recursos renováveis bióticos e garan- venientes nacionais e infranacionais o reconhecimento automático em
tindo em simultâneo a proteção do na concretização das prioridades da todos os Estados-Membros das quali-
ambiente. Reforçará os setores de base UE através de projetos cofinanciados. ficações obtidas no ensino secundário
biológica e desenvolverá novas tecno- e no ensino superior, bem como dos
logias para converter os biorresíduos períodos de aprendizagem no estran-
em valor, proporcionará benefícios às geiro; a melhoria da aprendizagem das
comunidades rurais e assegurará que línguas; a promoção de uma educação
a bioeconomia opera dentro de limites e acolhimento na primeira infância
ecológicos. de qualidade; o apoio à aquisição de
competências essenciais e o reforço da
aprendizagem digital.

53
Plataforma da UE Consenso Europeu Rumo a uma nova
para as perdas e o desperdício sobre o Desenvolvimento «Aliança África – Europa»
de alimentos

Na UE, perde-se ou desperdiça-se cerca Em 2017, a UE e os Estados-Membros A UE é o principal parceiro de África


de 20 % da totalidade dos alimentos adotaram o Consenso Europeu sobre no plano do comércio, do investi-
produzidos, enquanto 43 milhões de o Desenvolvimento. Constituindo mento e do desenvolvimento. Em
pessoas não têm meios para comprar uma visão conjunta da política de 2017, a UE representou 36 % do
uma refeição de qualidade de dois desenvolvimento, o consenso reflete comércio de mercadorias de África;
em dois dias. Os agregados familiares o novo quadro de ação externa e atua- em 2016, o volume de investimento
geram mais de metade do total do des- liza a visão da política de desenvolvi- da UE representou 40 % do investi-
perdício alimentar na UE, sendo que mento na ótica da Agenda 2030 das mento direto estrangeiro em África,
70 % das perdas neste domínio pro- Nações Unidas e dos ODS. Promove um valor correspondente a 291
vêm das famílias, dos serviços de res- igualmente a aplicação coordenada do mil milhões de EUR; só nesse ano,
tauração e do setor retalhista. Acordo de Paris sobre a ação climática a África recebeu 55 % da sua ajuda
e da agenda do trabalho digno. pública ao desenvolvimento, ou seja,
Não há uma causa única nem uma
23 mil milhões de EUR, da UE e dos
solução única para este problema, uma O Consenso Europeu sobre o Desen-
Estados-Membros.
vez que a cadeia alimentar é um sistema volvimento articula-se em torno dos «5
complexo e dinâmico. O combate ao P» em que se alicerça a Agenda 2030 Procurando levar esta parceria ainda
desperdício alimentar implica traba- das Nações Unidas para o Desenvol- mais longe, a Comissão lançou, em
lhar em conjunto com todos os princi- vimento Sustentável: pessoas, planeta, setembro de 2018, uma nova «Aliança
pais intervenientes dos setores público prosperidade, paz e parceria. A erra- África – Europa para Investimentos
e privado, a fim de melhor identificar, dicação da pobreza continua a ser e Empregos Sustentáveis».
aferir, compreender e encontrar solu- o objetivo primordial. O consenso
A aliança define as principais linhas
ções para o fenómeno. integra as dimensões económica,
de ação para a UE e os seus parcei-
social e ambiental do desenvolvi-
Criada em 2016, a plataforma da UE ros africanos, a fim de atrair investi-
mento sustentável. Reforça a ligação
para as perdas e o desperdício de ali- dores privados, melhorar o ambiente
fundamental entre as políticas exter-
mentos reúne organizações interna- empresarial, apoiar a ensino e as com-
nas – como as políticas humanitá-
cionais, Estados-Membros e partes petências e fomentar o comércio.
rias, de desenvolvimento e comerciais
interessadas para definir boas práticas
– e as políticas para apoiar a paz e a A aliança vem complementar uma
e catalisar os progressos na prevenção
segurança, bem como para lidar com parceria política de longa data, pro-
do desperdício alimentar. Coadjuvada
a migração, o ambiente e as alterações pondo uma mudança de paradigma
pela plataforma, a Comissão adotou
climáticas. que supera a abordagem doador-bene-
orientações da UE para facilitar a doa-
ficiário na ótica de uma aliança entre
ção de alimentos (2017), estando em
iguais. Tem por base o compromisso
curso um projeto-piloto europeu,
conjunto para impulsionar o inves-
com a duração de três anos, destinado
timento, a criação de emprego e o
a promover a sua aplicação no ter-
comércio assumido na quinta Cimeira
reno. Em 2018, adotaram-se linhas de
da União Africana – União Europeia,
orientação da UE para valorizar a uti-
em 2017.
lização de alimentos seguros, embora
já não comercializáveis para fins de «A África precisa de uma parceria ver-
consumo humano, como recurso para dadeira e justa. E nós, europeus, precisa-
rações animais. A Comissão também mos desta parceria tanto como ela.»
está a examinar ativamente formas de Jean-Claude Juncker,
melhorar a utilização e compreensão Presidente da Comissão Europeia
das datas de validade para consumo («a Discurso sobre o estado da União, 2018
consumir até») e das datas de consumo
recomendadas («a consumir de prefe-
rência antes de») na cadeia de abasteci-
mento e pelos consumidores, a fim de
reduzir o desperdício alimentar a elas
associado.

54
Estratégia global Comércio para todos –
para a política externa rumo a uma política mais
e de segurança da UE responsável em matéria
de comércio e de investimento
A estratégia global para a política O atual sistema económico, essen-
externa e de segurança apresenta uma cialmente global e digital, assenta em
visão do papel que a UE tem a desem- cadeias de valor internacionais, com
penhar no mundo. Os ODS são uma bens e serviços cada vez mais transa-
dimensão transversal de todo o traba- cionados além-fronteiras.
lho de execução da estratégia.
A Comissão reconhece a necessidade
A UE está a ajudar a construir socie- de a política comercial e de investi-
dades pacíficas e inclusivas. No atual mento da UE enfrentar os desafios do
contexto de diminuição do espaço nosso tempo e facilitar o intercâmbio
cívico e democrático, a UE reafirmou de ideias, competências e inovação.
o seu apoio incondicional à demo- Além disso, a Comissão reconhece
cracia, aos direitos humanos e à boa que uma política comercial eficaz deve
governação a nível mundial. ser coerente com o desenvolvimento
sustentável e com a política externa
Este compromisso assume diversas
mais ampla, bem como com os obje-
formas, incluindo o diálogo político
tivos externos das políticas internas
e estratégico e o apoio financeiro
da UE, a fim de que estas se reforcem
através do Instrumento Europeu para
mutuamente. A Comissão destaca
a Democracia e os Direitos Huma-
que o comércio deve assegurar condi-
nos. O Plano de Ação da UE para
ções equitativas de concorrência pro-
os Direitos Humanos e a Democra-
movendo em simultâneo princípios
cia (2015-2019) fornece um quadro
essenciais como os direitos humanos,
para políticas com os países terceiros.
o trabalho digno, o desenvolvimento
Ao longo dos anos, a União esta-
sustentável no mundo ou uma legis-
beleceu diálogos sobre os direitos
lação e serviços públicos de elevada
humanos com um número crescente
qualidade a nível interno.
de países terceiros, a fim de reforçar
a cooperação em matéria de direitos Através da estratégia de comér-
humanos e melhorar a situação dos cio assente em valores intitulada
direitos humanos em países terceiros, «Comércio para todos – rumo a uma
incluindo o acesso à justiça. política mais responsável em maté-
ria de comércio e de investimento»,
Além disso, a UE apoia programas
a Comissão mostra que a política
destinados a reforçar a transparên-
comercial da UE é para todos e deve
cia e a responsabilização das insti-
produzir crescimento, emprego e ino-
tuições, incluindo os parlamentos,
vação, mas também tem de ser coe-
autoridades judiciárias, organismos
rente com os princípios do modelo
responsáveis pela aplicação da lei
europeu. Em suma, tem de ser uma
e instituições nacionais de direitos
política responsável.
humanos. A União também está a tra-
balhar em prol do reforço da resiliên-
cia nos países parceiros como forma de
dar resposta a situações de fragilidade,
para além de apoiar iniciativas de pre-
venção de conflitos e de consolidação
da paz, inclusive mediante a melho-
ria da governação do setor da segu-
rança nos países parceiros para ajudar
a evitar crises e fomentar a segurança
humana.

55
O próximo orçamento europeu plurianual – um instrumento para
integrar a sustentabilidade

Para o próximo orçamento europeu plurianual relativo A política de coesão reformada permitirá à UE atingir
ao período 2021-2027, a Comissão propõe um as metas do Acordo de Paris sobre a ação climática
orçamento norteado pelos princípios da prosperidade, e ajudar a localizar os ODS, tendo em conta que a sua
da sustentabilidade, da solidariedade e da segurança. realização se processa em estreita cooperação com as
Elemento nuclear das propostas é o desenvolvimento autoridades locais e regionais. O investimento nas
sustentável. Prioridade transversal, mais do que uma pessoas será uma prioridade fundamental no âmbito do
rubrica ou programa único, a sustentabilidade é promovida futuro Fundo Social Europeu (FSE+), que contribui
e integrada em vários programas e instrumentos de para a aplicação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais,
despesas. Eis alguns exemplos das propostas da Comissão com um orçamento proposto de 101 mil milhões de
para o próximo orçamento europeu plurianual: EUR.
▪▪ Uma reestruturação de fundo dos instrumentos ▪▪ Uma proposta para catalisar investimentos estratégicos
de ação externa da UE para reforçar a coerência através de um novo fundo de investimento plenamente
entre os instrumentos, explorar as economias de integrado, o InvestEU, o qual será essencial para
escala e as sinergias entre programas e simplificar os a prosperidade futura da Europa e a sua liderança na
procedimentos. A UE ficará assim mais bem equipada consecução dos ODS. Com uma contribuição do
para alcançar os seus objetivos e projetar as suas orçamento da UE no montante de 15 200 milhões de
ambições, políticas, valores e interesses a nível global. EUR, o InvestEU deverá permitir mobilizar mais de
A proposta de um novo Instrumento de Vizinhança, 650 mil milhões EUR de investimento adicional em
de Cooperação para o Desenvolvimento e de toda a Europa.
Cooperação Internacional, dotado de um orçamento ▪▪ Uma política agrícola comum modernizada
de quase 90 mil milhões de EUR, está em sintonia com e simplificada, dotada de um orçamento total de
a Agenda 2030 das Nações Unidas e os respetivos ODS. 365 mil milhões de EUR, a fim de assegurar o acesso
Através do novo Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, a alimentos seguros, nutritivos e diversificados de
orçado em 10 500 milhões de EUR, a UE fará também elevada qualidade e a preços comportáveis para os
por reforçar a sua capacidade para prevenir conflitos, 500 milhões de consumidores da UE. A nova política
consolidar a paz e reforçar a segurança internacional. agrícola comum colocará uma ênfase acrescida no
▪▪ A busca de soluções inovadoras em prol da transição ambiente e no clima. Todos os agricultores que
para um desenvolvimento sustentável exigirá um recebem pagamentos por superfície e pagamentos por
investimento sem precedentes na investigação animal terão de satisfazer um conjunto de requisitos
e inovação através do Horizonte Europa, o maior relacionados com as alterações climáticas, a água, os
programa de sempre em matéria de investigação solos, a biodiversidade e a paisagem, bem como em
e inovação na UE, com um orçamento proposto de matéria de saúde pública, fitossanidade e saúde e bem-
100 mil milhões de EUR. estar animal.

▪▪ Um objetivo mais ambicioso de integração da ação ▪▪ O reforço do programa LIFE em matéria de ambiente,
climática em todos os programas da UE, propondo-se dotado de um orçamento de 5 500 milhões de EUR
uma contribuição de, pelo menos, 25 % das despesas da para projetos em prol do ambiente e da ação climática,
UE para os objetivos climáticos, incluindo a transição incluindo uma nova vertente consagrada ao apoio
para energias limpas. Este valor eleva-se para 35 % à transição para as energias limpas.
do orçamento total da proposta de programa-quadro ▪▪ Propõe-se duplicar o orçamento para o futuro programa
de investigação e inovação Horizonte Europa, que Erasmus para 30 mil milhões de EUR, a fim de permitir
é concebido e formulado em consonância com os ODS. a mais cidadãos europeus estudar, adquirir formação,
▪▪ Uma política de coesão reformada com mais de 370 fazer voluntariado e obter experiência profissional no
mil milhões de EUR – o maior orçamento de todas estrangeiro.
as políticas e iniciativas da UE para 2021-2027 –, ▪▪ O programa do Mecanismo Interligar a Europa para
visando mobilizar investimentos adicionais avultados o período 2021-2027, tem por objetivo desenvolver
a nível nacional e privado. A proposta põe a tónica infraestruturas inteligentes, sustentáveis, inclusivas
no crescimento sustentável, na transição para uma e seguras no domínio dos transportes, da energia
economia hipocarbónica e circular, no ambiente, na e digital, com um orçamento proposto de 42 300
eficiência na utilização dos recursos e na inclusão social. milhões de EUR. Promover-se-ão sinergias entre os

56
três setores, estando na calha uma racionalização do
investimento assente em critérios de elegibilidade
coerentes e numa visibilidade adequada. Pelo menos
60 % do financiamento do Mecanismo Interligar
a Europa contribuirá para a ação climática.
▪▪ A transformação digital é um importante elemento
viabilizador da transição para uma economia circular
e hipocarbónica e da sociedade necessária para atingir
os ODS. A proposta de Programa Europa Digital,
dotado de um orçamento de 9 200 milhões de EUR,
trabalhará para esse fim, apoiando, por exemplo,
o fornecimento de capacidades em grande escala
em matéria de computação de alto rendimento e de
inteligência artificial, o que proporcionará novas
oportunidades para o desenvolvimento sustentável,
incluindo a redução de CO2.
▪▪ Um Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos
e das Pescas simplificado e mais orientado, com
um orçamento total de 6 140 milhões de EUR,
para apoiar a política comum das pescas, a política
marítima da UE e os compromissos internacionais no
domínio da governação dos oceanos, em particular
no contexto da Agenda 2030 das Nações Unidas para
o Desenvolvimento Sustentável.

57
Principais iniciativas da Comissão
Juncker relacionadas com os ODS

ERRADICAR ERRADICAR A FOME SAÚDE DE QUALIDADE


A POBREZA E BEM-ESTAR
PARA TODOS
▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais, ▪▪ Política agrícola comum ▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais,
painel de indicadores sociais ▪▪ Política comum das pescas painel de indicadores sociais
▪▪ Semestre Europeu reforçado para ▪▪ Plano de ação para a economia circular ▪▪ Situação da saúde na UE – ciclo de
a coordenação das políticas económicas apresentação de relatórios
▪▪ Plataforma da UE para as perdas e o
e sociais
desperdício de alimentos ▪▪ Transformação digital da saúde e dos
▪▪ Recomendação sobre o desemprego de cuidados de saúde Transformação
longa duração ▪▪ Normas em matéria de agricultura digital da saúde e dos cuidados – Levar
biológica
▪▪ Recomendação sobre o acesso serviços de saúde e cuidados melhores
à proteção social para todos ▪▪ Iniciativa Alimentação 2030, com o fito e mais eficazes a mais cidadãos
de desenvolver uma agenda coerente ▪▪
▪▪ Quadro da UE para as estratégias de investigação e inovação na ótica
Plano de ação europeu «Uma Só
nacionais de integração dos ciganos Saúde» contra a resistência aos
de sistemas alimentares e nutricionais agentes antimicrobianos
▪▪ Lei europeia da acessibilidade sustentáveis
▪▪ Atualização das regras em matéria de
▪▪ Plano de ação para colmatar as ▪▪ Uma bioeconomia sustentável na agentes cancerígenos e mutagénicos
disparidades salariais de género Europa: reforçar as ligações entre
▪▪ Cooperação da UE em matéria de
▪▪ Uma abordagem estratégica em a economia, a sociedade e o ambiente
doenças que podem ser prevenidas por
matéria de resiliência na ação externa ▪▪ Consenso Europeu sobre vacinação
da UE o Desenvolvimento
▪▪ Grupo diretor para a promoção da
▪▪ Consenso Europeu sobre ▪▪ Política europeia de vizinhança revista saúde, prevenção das doenças e gestão
o Desenvolvimento e estratégia de alargamento da UE, de doenças não transmissíveis
▪▪ Plano de ação para o quadro de Sendai estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Novas regras sobre dispositivos
para a redução do risco de catástrofes ▪▪ Grupo de Trabalho para a África rural médicos
2015-2030 ▪▪ Estratégia de comércio para todos ▪▪ Aplicação das normas da UE em
▪▪ Política europeia de vizinhança revista matéria de poluição atmosférica e das
e estratégia de alargamento da UE, medidas de apoio aos intervenientes
estratégia para os Balcãs Ocidentais nacionais, regionais e locais na luta
▪▪ Estratégia de comércio para todos contra a poluição atmosférica
▪▪ Estratégia atualizada para a ajuda ao ▪▪ Um planeta limpo para todos – visão
comércio a longo prazo no horizonte 2050 de
uma economia próspera, moderna
e competitiva de impacto neutro no
clima
▪▪ Plano de ação estratégico para
a segurança rodoviária
▪▪ Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento
▪▪ Parceria de investigação com África
contra o VIH/SIDA, a tuberculose
e outras doenças infecciosas
▪▪ Política europeia de vizinhança revista
e estratégia de alargamento da UE,
estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Estratégia de comércio para todos

58
EDUCAÇÃO IGUALDADE ÁGUA LIMPA
DE QUALIDADE DE GÉNERO E SANEAMENTO

▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais, ▪▪ Compromisso estratégico para ▪▪ Proposta de revisão das regras em
painel de indicadores sociais a igualdade de género 2016-2019 matéria de água potável
▪▪ Rumo a um Espaço Europeu da ▪▪ Pacote de conciliação entre a vida ▪▪ Proposta de requisitos mínimos para
Educação até 2025 profissional e a vida familiar a reutilização da água
▪▪ Nova agenda da UE em prol do ensino ▪▪ Plano de ação para colmatar as ▪▪ Consenso Europeu sobre
superior disparidades salariais de género o Desenvolvimento
▪▪ Nova agenda de competências para ▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais, ▪▪ Política europeia de vizinhança revista
a Europa painel de indicadores sociais e estratégia de alargamento da UE,
▪▪ Estratégia para a Juventude 2019- ▪▪ Semestre Europeu reforçado para estratégia para os Balcãs Ocidentais
2027 a coordenação das políticas económicas ▪▪ Estratégia global para a política externa
▪▪ Plano de ação para a educação digital e sociais e de segurança da UE
▪▪ Recomendações sobre sistemas de ▪▪ As mulheres nos transportes
educação e acolhimento na primeira ▪▪ Plano de ação para a igualdade de
infância de elevada qualidade; género e o empoderamento das
sobre o reconhecimento mútuo mulheres nas relações externas
automático dos diplomas e períodos ▪▪ Consenso Europeu sobre
de aprendizagem no estrangeiro; sobre o Desenvolvimento
a melhoria do ensino e aprendizagem
das línguas; relativa a um quadro ▪▪ Aliança global: Iniciativa «Spotlight»
europeu para a qualidade e a (UE-ONU) para eliminar a violência
eficácia da aprendizagem; sobre contra as mulheres e as raparigas
as competências essenciais para ▪▪ Política europeia de vizinhança revista
a aprendizagem ao longo da vida; e estratégia de alargamento da UE,
e sobre percursos de melhoria de estratégia para os Balcãs Ocidentais
competências: novas oportunidades ▪▪ Estratégia de comércio para todos
para adultos
▪▪ Semestre Europeu reforçado para
a coordenação das políticas económicas
e sociais
▪▪ Ação da UE sobre a educação em
situações de emergência e crises
prolongadas
▪▪ Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento
▪▪ Política europeia de vizinhança revista
e estratégia de alargamento da UE,
estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Uma nova «Aliança África – Europa»

59
ENERGIAS TRABALHO DIGNO INDÚSTRIA, INOVAÇÃO
RENOVÁVEIS E CRESCIMENTO E INFRAESTRUTURAS
E ACESSÍVEIS ECONÓMICO
▪▪ Estratégia para a União da Energia ▪▪ Plano de Investimento para a Europa / ▪▪ Estratégia de política industrial
▪▪ Pacotes «A Europa em movimento» Plano Juncker renovada da UE e a lista de matérias-
▪▪ Pacote «Energia limpa para todos os ▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais, primas essenciais
europeus» painel de indicadores sociais ▪▪ Mesa-redonda de alto nível «Indústria
▪▪ Um planeta limpo para todos – visão ▪▪ Semestre Europeu reforçado para 2030»
a longo prazo no horizonte 2050 de a coordenação das políticas económicas ▪▪ Plano de ação para a economia circular
uma economia próspera, moderna e sociais ▪▪ Um planeta limpo para todos – a visão
e competitiva de impacto neutro no ▪▪ Estratégia de política industrial a longo prazo no horizonte 2050 de
clima renovada da UE uma economia próspera, moderna
▪▪ Quadro de ação relativo ao clima e à ▪▪ Agenda renovada da investigação e competitiva de impacto neutro no
energia para 2030 e inovação e programa Horizonte 2020 clima
▪▪ Iniciativa em larga escala no âmbito do ▪▪ Política de coesão ▪▪ Agenda renovada para a investigação
e a inovação e o programa Horizonte
Horizonte 2020 sobre a transformação ▪▪ Regras para condições de trabalho 2020, incluindo um vasto domínio de
digital no setor da energia através da transparentes e previsíveis
Internet das coisas incidência sobre a «Digitalização da
▪▪ Atualização das regras em matéria de Indústria Europeia»
▪▪ Plano estratégico para as tecnologias destacamento de trabalhadores
energéticas ▪▪ Política de coesão
▪▪ Proposta de criação de uma Autoridade ▪▪
▪▪ Aliança europeia para as baterias Europeia do Trabalho
Estratégia para o mercado único digital
▪▪ ▪▪ Plano de ação em matéria de
Missão Inovação ▪▪ Atualização das regras em matéria de financiamento sustentável
▪▪ Apoio às regiões carboníferas em agentes cancerígenos e mutagénicos
▪▪ Pacote «Energia limpa para todos os
transição ▪▪ Recomendação sobre o acesso europeus»
▪▪ Observatório da pobreza energética à proteção social para todos
▪▪ Observatório da pobreza energética
▪▪ Iniciativa «Energia limpa para as ilhas ▪▪ Recomendação sobre o desemprego de
da UE» longa duração ▪▪ Execução da estratégia de
responsabilidade social das empresas
▪▪ Política de coesão ▪▪ Um planeta limpo para todos – visão
▪▪ Pacotes «A Europa em movimento»
▪▪ Plano de ação em matéria de a longo prazo no horizonte 2050 de
financiamento sustentável uma economia próspera, moderna ▪▪ As mulheres nos transportes
▪▪ Estratégia de desenvolvimento
e competitiva de impacto neutro no ▪▪ Mecanismo Interligar a Europa
clima
hipocarbónico ▪▪ Iniciativa do Processador Europeu
▪▪ Plano de ação para a economia circular
▪▪ Consenso Europeu sobre ▪▪ Estratégia de mobilidade hipocarbónica
▪▪ Plano de investimento externo,
o Desenvolvimento
incluindo o Fundo Europeu para ▪▪ Plano de investimento externo
▪▪ Estratégia para dinamizar a energia em o Desenvolvimento Sustentável ▪▪ Consenso Europeu sobre
África o Desenvolvimento
▪▪ Consenso Europeu sobre
▪▪ Pacto europeu e global de autarcas o Desenvolvimento ▪▪ Política europeia de vizinhança revista
para o clima e a energia e estratégia de alargamento da UE,
▪▪ Política europeia de vizinhança revista
▪▪ Política europeia de vizinhança revista e estratégia de alargamento da UE, estratégia para os Balcãs Ocidentais
e estratégia de alargamento da UE, estratégia para os Balcãs Ocidentais ▪▪ Estratégia de comércio para todos
estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Estratégia de comércio para todos ▪▪ Uma nova «Aliança África – Europa»
▪▪ Estratégia global para a política externa
e de segurança da UE ▪▪ Estratégia atualizada para a ajuda ao
comércio
▪▪ Estratégia global para a política externa
e de segurança da UE
▪▪ Uma nova «Aliança África – Europa»

60
REDUZIR AS CIDADES PRODUÇÃO
DESIGUALDADES E COMUNIDADES E CONSUMO
SUSTENTÁVEIS SUSTENTÁVEIS
▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais, ▪▪ Agenda urbana da UE ▪▪ Plano de ação para a economia
painel de indicadores sociais ▪▪ Estratégia de mobilidade hipocarbónica circular, incluindo um quadro de
▪▪ Semestre Europeu reforçado para ▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais,
acompanhamento e a plataforma
a coordenação das políticas económicas europeia das partes interessadas para
painel de indicadores sociais a economia circular
e sociais
▪▪ Agenda renovada para a investigação ▪▪
▪▪ Lei europeia da acessibilidade e a inovação e o programa Horizonte
Um planeta limpo para todos – visão
a longo prazo no horizonte 2050 de
▪▪ Recomendação sobre o acesso 2020, incluindo a iniciativa em larga uma economia próspera, moderna
à proteção social para todos escala do Horizonte 2020 sobre e competitiva de impacto neutro no
▪▪ Pacote de conciliação entre a vida a transformação digital no âmbito das clima
profissional e a vida familiar cidades e comunidades inteligentes
▪▪ Plataforma da UE para as perdas e o
▪▪ Regras para condições de trabalho ▪▪ Comunicação conjunta sobre desperdício de alimentos
transparentes e previsíveis em toda a resiliência
▪▪ Novas normas da UE em matéria de
a UE ▪▪ Política de coesão resíduos, incluindo medidas sobre as
▪▪ Política de coesão ▪▪ Um planeta limpo para todos – visão perdas e desperdícios alimentares
▪▪ Quadro da UE para as estratégias a longo prazo no horizonte 2050 de ▪▪ Estratégia da UE para os plásticos
nacionais de integração dos ciganos uma economia próspera, moderna
e competitiva de impacto neutro no ▪▪ Iniciativas em larga escala no
▪▪ Agenda europeia da migração clima âmbito do Horizonte 2020 sobre
▪▪ Plano de ação da UE para os direitos ▪▪ Plano de ação para a economia circular
a transformação digital e sustentável
humanos e a democracia (2015-2019) do setor agroalimentar
▪▪ Pacto europeu e global de autarcas ▪▪
▪▪ Consenso Europeu sobre para o clima e a energia
Uma bioeconomia sustentável na
o Desenvolvimento Europa: reforçar as ligações entre
▪▪ Reforçar a gestão das catástrofes pela a economia, a sociedade e o ambiente
▪▪ Política europeia de vizinhança revista UE (rescEU) e revisão do mecanismo de
e estratégia de alargamento da UE, ▪▪ Plano de trabalho em matéria de
proteção civil da União conceção ecológica e rotulagem
estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Plano de ação para o quadro de Sendai energética
▪▪ Estratégia de comércio para todos para a redução do risco de catástrofes
▪▪ Estratégia global para a política externa
▪▪ Agenda europeia para a economia
2015-2030 colaborativa
e de segurança da UE ▪▪ Consenso Europeu sobre ▪▪ Execução da estratégia de
o Desenvolvimento responsabilidade social das empresas
▪▪ Política europeia de vizinhança revista ▪▪ Regras em matéria de minerais de
e estratégia de alargamento da UE, conflito
estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Consenso Europeu sobre
▪▪ Prémio Cidades da UE pelo Comércio o Desenvolvimento
Justo e Ético
▪▪ Política europeia de vizinhança revista
e estratégia de alargamento da UE,
estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Estratégia de comércio para todos

61
AÇÃO CLIMÁTICA PROTEGER A VIDA VIDA TERRESTRE
MARINHA

▪▪ Entrada em vigor do Acordo de Paris ▪▪ Estratégia da UE para os plásticos ▪▪ Plano de ação para a natureza, as
sobre a ação climática ▪▪ Agenda para a governação pessoas e a economia
▪▪ Um planeta limpo para todos – visão internacional dos oceanos ▪▪ Iniciativa da UE relativa aos
a longo prazo no horizonte 2050 de ▪▪ Estratégia «Crescimento azul da UE» polinizadores
uma economia próspera, moderna
▪▪ Novas regras para a gestão sustentável ▪▪ Novas regras em matéria de espécies
e competitiva de impacto neutro no exóticas invasoras
clima das frotas de pesca externas
▪▪ Proposta de revisão do sistema de ▪▪ Novas normas para a agricultura
▪▪ Quadro de ação relativo ao clima e à biológica
energia para 2030 controlo das pescas da UE
▪▪ Luta contra a pesca ilegal, não ▪▪ Plano de ação da UE contra o tráfico de
▪▪ Novo sistema de comércio de licenças animais selvagens
de emissão da UE declarada e não regulamentada
▪▪ Um planeta limpo para todos – visão ▪▪ Um planeta limpo para todos – visão
▪▪ Pacote «Energia limpa para todos os a longo prazo no horizonte 2050 de
europeus» a longo prazo no horizonte 2050 de
uma economia próspera, moderna uma economia próspera, moderna
▪▪ Pacotes «A Europa em movimento» e competitiva de impacto neutro no e competitiva de impacto neutro no
▪▪ Estratégia de mobilidade hipocarbónica clima clima
▪▪ Plano de ação para a economia circular ▪▪ Consenso Europeu sobre ▪▪ Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento
▪▪ Agenda de governação dos oceanos o Desenvolvimento
▪▪ ▪▪ Política europeia de vizinhança revista
▪▪ Lista de matérias-primas essenciais Política europeia de vizinhança revista
e estratégia de alargamento da UE,
e estratégia de alargamento da UE,
▪▪ Pacto europeu e global de autarcas estratégia para os Balcãs Ocidentais estratégia para os Balcãs Ocidentais
para o clima e a energia ▪▪
▪▪ Estratégia de comércio para todos Estratégia de comércio para todos
▪▪ Reforçar a gestão das catástrofes pela
UE (rescEU) e revisão do mecanismo de ▪▪ Estratégia global para a política externa
proteção civil da União e de segurança da UE
▪▪ Plano de ação para o quadro de Sendai
para a redução do risco de catástrofes
2015-2030
▪▪ Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento
▪▪ Política europeia de vizinhança revista
e estratégia de alargamento da UE,
estratégia para os Balcãs Ocidentais
▪▪ Estratégia de comércio para todos
▪▪ Estratégia global para a política externa
e de segurança da UE

62
PAZ, JUSTIÇA PARCERIAS PARA
E INSTITUIÇÕES A IMPLEMENTAÇÃO
EFICAZES DOS OBJETIVOS
▪▪ Estratégia global para a política externa ▪▪ Programa da UE «Legislar melhor»
e de segurança da UE ▪▪ Plataforma multilateral sobre
▪▪ Consenso Europeu sobre a execução dos ODS na UE
o Desenvolvimento ▪▪ Iniciativa sobre as «Próximas etapas
▪▪ Estratégia de comércio para todos para um futuro europeu sustentável»
▪▪ Política europeia de vizinhança revista ▪▪ Relatório de monitorização anual sobre
e estratégia de alargamento da UE, os progressos realizados pela UE na
estratégia para os Balcãs Ocidentais realização dos ODS
▪▪ Uma nova «Aliança África – Europa» ▪▪ Pilar Europeu dos Direitos Sociais
▪▪ Agenda europeia para a segurança ▪▪ Plataforma para a política de saúde
▪▪ Plano de ação para proteger os espaços da UE
públicos ▪▪ Corpo europeu de solidariedade
▪▪ Medidas para combater os conteúdos ▪▪ Novo começo para o diálogo social
ilegais em linha ▪▪ Iniciativa «Cobrar mais, gastar melhor»
▪▪ Plano de ação da UE para os direitos ▪▪ Plano de ação em matéria de
humanos e a democracia financiamento sustentável
▪▪ Execução da estratégia de ▪▪ Plano europeu de investimento
responsabilidade social das empresas externo e o Fundo Europeu para
▪▪ Procuradoria Europeia o Desenvolvimento Sustentável a ele
▪▪ Regras em matéria de luta contra associado
o branqueamento de capitais e o ▪▪ Lista de matérias-primas essenciais
financiamento do terrorismo ▪▪ Um planeta limpo para todos – visão
▪▪ Regras em matéria de transparência a longo prazo no horizonte 2050 de
fiscal e medidas antielisão fiscal uma economia próspera, moderna
▪▪ Reforço das regras em matéria de e competitiva de impacto neutro no
direitos processuais dos suspeitos clima
e arguidos ▪▪ Cooperação internacional em matéria
▪▪ Revisão das regras em matéria de de urbanização
armas de fogo ▪▪ Iniciativa «Financiamento inteligente
▪▪ Medidas para garantir eleições para edifícios inteligentes»
europeias livres e justas ▪▪ Semestre Europeu reforçado para
▪▪ Plano de ação contra a desinformação a coordenação das políticas económicas
e sociais
▪▪ Semestre Europeu reforçado para
a coordenação das políticas económicas ▪▪ Consenso Europeu sobre
e sociais o Desenvolvimento
▪▪ Um planeta limpo para todos – visão ▪▪ Política europeia de vizinhança revista
a longo prazo no horizonte 2050 de e estratégia de alargamento da UE,
uma economia próspera, moderna estratégia para os Balcãs Ocidentais
e competitiva de impacto neutro no ▪▪ Estratégia de comércio para todos
clima ▪▪ Estratégia atualizada para a ajuda ao
comércio
▪▪ Estratégia global para a política externa
e de segurança da UE

63
64
Anexo II
DESEMPENHO DA UE EM MATÉRIA
DE OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL (ODS)

65
Desempenho da UE em matéria
de Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)

A UE é um dos melhores sítios para viver no mundo obstáculos passíveis de prejudicar a transição para uma
e os Estados-Membros estão já a liderar a aplicação dos Europa sustentável. O desenvolvimento sustentável deve
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). ser um esforço conjunto que mobilize todos os membros da
Todavia, nenhum país do mundo atingiu todos os objetivos sociedade. Por esse motivo, apresentam-se vários exemplos
acordados. Uma análise mais aprofundada do desempenho de situações reais com vista a divulgar boas práticas de
da UE no tocante aos ODS aponta igualmente para diferentes intervenientes a diferentes níveis.
a necessidade de a UE perseverar nos seus esforços em
Numa comparação à escala mundial, sete Estados-
todas as frentes.
Membros da UE-27 encontram-se nas dez primeiras
Os 17 ODS da Agenda 2030 das Nações Unidas posições da classificação global do índice dos ODS. Todos
para o Desenvolvimento Sustentável estão fortemente os Estados-Membros da UE-27 figuram nos cinquenta
interligados e foram concebidos no sentido de serem primeiros dos 156 países avaliados(1). Nos últimos cinco
indissociáveis, razão pela qual a sua integração nas ações anos, a UE no seu conjunto realizou progressos em relação
de todos os intervenientes é essencial para o êxito da a quase todos os ODS. O progresso maior verificou-se no
sua execução no terreno. É importante criar melhores ODS 3 – Assegurar uma vida saudável e promover o bem-
sinergias e assegurar a coerência entre as políticas, bem estar para todos, em todas as idades, e no ODS 4 – Garantir
como desenvolver um ambiente regulamentar, financeiro o acesso à educação inclusiva, de qualidade e equitativa,
e comportamental de molde a fazer destes objetivos uma e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da
realidade. vida para todos. Estes objetivos também figuram no pódio
dos ODS em que os Estados-Membros da UE-27 ocupam
Enveredar pela senda da sustentabilidade em termos
uma posição cimeira no cômputo mundial. Em média,
de padrões de produção, distribuição e consumo,
na classificação global, os Estados‑Membros da UE-27
enfrentar as alterações climáticas e fortalecer as ações
apresentam a pontuação mais alta no ODS 1 – Erradicar
em prol dos oceanos, os ecossistemas e a biodiversidade
a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
devem constituir prioridades, uma vez que os sistemas
Em contrapartida, a UE deixou-se ficar para trás no ODS
naturais do planeta – base da vida na Terra – estão a ser
10 – Reduzir as desigualdades no interior dos países
crescentemente explorados até ao limite. Há que reforçar
e entre países, apresentando disparidades significativas
a luta contra a pobreza, a exclusão social, as desigualdades
entre os Estados-Membros. É importante notar que
e as disparidades de género para garantir a prosperidade e o
a realização de progressos não implica necessariamente
bem-estar de todos, velar pela estabilidade social e política
que o estado atual do objetivo em causa seja satisfatório
e manter o apoio ao projeto europeu. Importa continuar
para a UE. Por exemplo, embora se tenham registado
a promover e a apoiar o desenvolvimento do Estado de
progressos significativos na consecução do ODS 12 –
direito, da democracia e dos direitos fundamentais, bem
Garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis,
como de um multilateralismo e de um comércio assentes
este é também o ODS que obteve dos Estados-Membros
em regras sólidas.
da UE-27 a segunda pontuação média mais baixa,
O presente documento dá conta do desempenho da UE havendo ainda muito trabalho a fazer neste domínio. Em
em matéria de ODS. Para cada objetivo, traça um quadro média, na classificação global, os Estados-Membros da
geral da situação da UE hoje em dia, assinala as tendências UE-27 apresentam o seu pior desempenho no ODS 14
de desenvolvimento e avalia o desempenho da UE em – Conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos,
comparação com o cenário internacional. Apresenta em mares e recursos marinhos, com vista ao desenvolvimento
traços largos os progressos da UE que estão previstos no sustentável.
horizonte 2030, assim como os motores e os eventuais

(1) Neste parágrafo, a classificação global baseia-se no Relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS, produzido pela Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN) e a Bertelsmann Stiftung; por seu turno, as tendências na UE baseiam-se na edição de 2018
do relatório do Eurostat «Desenvolvimento sustentável na União Europeia – Relatório de acompanhamento sobre os progressos para alcançar os
ODS no contexto da UE – Edição de 2018».

66
Panorâmica dos progressos na consecução
dos ODS no contexto da UE(2)

progressos
significativos
Saúde
Educação de qualidade
de qualidade e bem-estar

Cidades e comunidades
sustentáveis

Igualdade
de género

Erradicar Energias renováveis


a pobreza e acessíveis

Produção e consumo
Erradicar sustentáveis
a fome
Trabalho digno
e crescimento
económico

Objetivos cujas tendências


Parcerias para não podem ser calculadas (*)
a implementação
dos objetivos
Água potável
Vida terrestre e saneamento

Indústria, inovação Ação climática


e infraestruturas
Reduzir as
desigualdades
Proteger a vida marina

retrocesso progresso
moderado moderado Paz, justiça
e instituições eficazes

(*) Devido à falta de séries cronológicas


para mais de 25 % dos indicadores

(2) Eurostat (2018), «Desenvolvimento sustentável na União Europeia – Relatório de acompanhamento sobre os progressos para alcançar os ODS
no contexto da UE – Edição de 2018»

67
Erradicar a pobreza em todas as suas
formas, em todos os lugares

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
Embora a UE esteja no pelotão da frente na maioria dos domínios sociais e de emprego, a nossa sociedade ainda enfrenta
desafios a que cumpre dar resposta. A pobreza coarta as oportunidades das pessoas para realizarem as suas potencialidades,
a sua participação ativa na sociedade e os seus direitos de acesso a serviços de qualidade. A pobreza é pluridimensional:
é mais do que a falta de rendimento adequado e inclui outros aspetos que vão desde a discriminação à privação material
e à falta de participação no processo de tomada de decisão. A pobreza pode persistir ao longo do tempo e das gerações.
A UE agiu em múltiplas frentes para combater a pobreza, tanto a nível interno como externo, que vão desde intervenções
legislativas à previsão de financiamento específico, à coordenação estratégica, a instrumentos jurídicos não vinculativos,
à promoção da responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas e ao diálogo social, no
respeito das suas competências e dos princípios da subsidiariedade e da proporcionalidade. Em 2017, pela primeira vez
desde a eclosão da crise mundial, o número de pessoas em risco de pobreza ou de exclusão social na UE desceu abaixo do
ponto de referência de 2008: há menos 3,1 milhões de pessoas em risco de pobreza ou de exclusão social em comparação
com 2008, e menos 10,8 milhões de pessoas em relação ao pico atingido em 2012. No entanto, o objetivo da UE de
tirar pelo menos 20 milhões de pessoas de situações de pobreza ou de exclusão social até 2020, em relação aos níveis de
2008, continua a ser um importante desafio. As pessoas em situações vulneráveis, como as crianças, os jovens, as pessoas
com deficiência, as pessoas com baixos níveis de educação, os desempregados, as pessoas nascidas em países terceiros,
as pessoas de comunidades marginalizadas e as que vivem em agregados familiares com muito baixa intensidade de
trabalho ou trabalham em empregos precários estão em maior risco de pobreza ou exclusão social. Na vertente externa,
a UE é um líder mundial no contributo que dá para a erradicação da pobreza através de uma combinação coerente de
políticas, incluindo a cooperação para o desenvolvimento, vários instrumentos de política comercial, a política europeia
de vizinhança e a política de alargamento. O Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento – o quadro da UE e dos
Estados-Membros de cooperação para o desenvolvimento – assume como prioridades centrais a erradicação da pobreza,
o combate às discriminações e desigualdades e o objetivo de não deixar ninguém para trás. Os acordos de comércio livre
da UE, as preferências comerciais unilaterais e a estratégia atualizada para a ajuda ao comércio de 2017 ajudam a apoiar
a redução da pobreza nos países em desenvolvimento.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ Os dados mais recentes revelam que, em 2017, 112,9 milhões de pessoas, ou 22,5 % da população da UE, estavam
em risco de pobreza ou de exclusão social, o que implica que se depararam com, pelo menos, uma das seguintes
situações: risco de pobreza, privação material grave ou intensidade de trabalho muito baixa. Esta situação mantém
a tendência descendente iniciada em 2012, quando o número de pessoas em risco de pobreza ou de exclusão
social ascendeu ao valor máximo de 123,8 milhões. As mulheres em toda a UE estão expostas a um risco mais
elevado de pobreza, acima de tudo devido às desigualdades de género no mercado de trabalho sentidas ao longo da
vida. Embora esteja a diminuir, a percentagem de crianças em risco de pobreza ou de exclusão social (0-17 anos)
permanece muito acima da percentagem da população em geral na maioria dos Estados-Membros. Dentro da UE
persistem disparidades significativas entre países.
▪▪ A percentagem de pessoas em risco de pobreza monetária aumentou durante vários anos após a crise, mas
estabilizou em 2015-2016 (cerca de 17,3 %) e diminuiu em 2017 para 16,9 % da população da UE, graças
à recuperação em curso e à melhoria das condições do mercado de trabalho. No que diz respeito aos trabalhadores
pobres, 9,6 % dos que estavam empregados também sofreram pobreza monetária em 2017. Esta situação estabilizou
nos últimos quatro anos, embora a um nível mais elevado do que em 2008 (8,6 %).

68
▪▪ A percentagem de pessoas em situação de privação material grave diminuiu consistentemente desde o seu pico
de 9,9 % da população da UE em 2012 para 6,9 % em 2017, sendo inferior ao nível de 2008 (8,5 %), ou seja, cerca
de uma em cada 14 pessoas está condicionada pela falta de recursos – não consegue, por exemplo, pagar faturas,
aquecer adequadamente a habitação ou tirar uma semana de férias longe de casa.
▪▪ As pessoas em risco de pobreza tendem a estar mais expostas a deficiências habitacionais, como casas com
infiltrações no telhado, humidade nas paredes ou falta de instalações sanitárias de base. Registando uma tendência
decrescente, esta situação afetava 13,1 % da população da UE em 2017.

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), todos os Estados-Membros da UE têm uma pontuação superior a 95 em
100 para o ODS 1, correspondendo em média à pontuação mais elevada de um ODS para os Estados-Membros da UE.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Espera-se que no horizonte 2030, malgrado a persistência de desafios de vulto, a UE tenha realizado novos progressos
significativos no sentido de erradicar a pobreza e a exclusão social. O crescimento do emprego desempenhará um papel
importante, mas não bastará para retirar todas as pessoas da situação de pobreza. Será necessário adaptar o acesso universal
a uma proteção social adequada, a cuidados de saúde de qualidade, à educação, à habitação e aos serviços sociais de modo
a responder às futuras alterações demográficas, às novas tecnologias, à evolução das formas de trabalho, à migração e aos
desafios das alterações climáticas. Espera-se de uma vasta gama de partes interessadas a todos os níveis, incluindo a nível
local, nacional e europeu, que realizem progressos contínuos neste domínio. As políticas externas da UE continuarão
a contribuir para a erradicação da pobreza nos países terceiros.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Instrumentos estratégicos ligados ao emprego e ao bem-estar social (em particular os sistemas de proteção social
e de inclusão social, as políticas do mercado de trabalho, a igualdade de género, o nível de habilitações, os níveis de
competências, a aprendizagem ao longo da vida, os cuidados de saúde e os cuidados de longa duração), igualdade de
acesso às novas tecnologias, inovação social, finanças sustentáveis, multilateralismo, comércio aberto e justo, participação
da sociedade e política participativa, responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas,
fiscalidade.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Desigualdade de oportunidades, envelhecimento das sociedades, alteração da composição do agregado familiar (por
exemplo, agregados com uma só pessoa), alterações climáticas, instabilidade geopolítica e ameaças à segurança, regresso
do protecionismo económico a nível mundial, segmentação do mercado de trabalho e precariedade laboral, fosso digital.

69
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

O Pilar Europeu dos Direitos Sociais constitui o principal quadro orientador para
combater a pobreza a nível da UE. A maioria dos seus vinte princípios incide
diretamente sobre as metas dos ODS em matéria de pobreza, como sejam a redução
da pobreza em todas as suas dimensões, a aplicação de sistemas de proteção
Ao nível da UE adequados a nível nacional e a definição de quadros estratégicos sólidos em prol
de investimentos no domínio da erradicação da pobreza. O painel de indicadores
sociais ajuda a monitorizar o desempenho e acompanhar as tendências em todos os
Estados-Membros no domínio do emprego e dos assuntos sociais, incluindo o risco
de pobreza ou de exclusão social.

Portugal tomou várias medidas para reforçar a proteção social e a luta contra
a pobreza, a exclusão social e as desigualdades. O chamado «Pacote Rendimento»
Ao nível dos apoia os rendimentos das famílias através da atualização do montante das pensões;
Estados- da reposição do valor de referência do rendimento de solidariedade social, bem
-Membros como das escalas de equivalência para o cálculo das prestações de rendimento
mínimo; e do aumento do abono de família. Atualizou-se o Indexante dos Apoios
Sociais – um valor de referência para medidas de proteção social – e alargou-se
a cobertura do regime de rendimento mínimo.

A cidade de Munique (Alemanha), implementou, com o apoio do Fundo Social


Europeu no período 2015-2018, várias iniciativas destinadas a apoiar a integração
dos desempregados no mercado de trabalho local e, dessa forma, contribuir para
A nível
reduzir a pobreza. Entre as iniciativas são de destacar: o projeto «Work & Act»,
regional/local
em prol da reinserção profissional dos desempregados; o projeto «Power-M»,
que incentiva as mulheres a regressar ao trabalho após a licença de maternidade;
o projeto «Guide», que fornece orientações às mulheres empresárias; e os projetos
«FIBA» e «MigraNet», em prol da integração dos migrantes no mercado de trabalho.

A Naturgy, uma empresa de gás e de eletricidade espanhola, adotou um plano


em matéria de vulnerabilidade energética que garante a proteção dos clientes
A nível
vulneráveis. O impacto social do plano visa impor a nova empresa privada como
empresarial
um catalisador na luta contra a pobreza e no apoio aos agentes sociais que lutam
contra a exclusão social.

A Rede Europeia do Rendimento Mínimo sensibiliza para a necessidade de fornecer


prestações de rendimento mínimo adequadas, assegurando uma existência condigna
A nível da
em todas as fases da vida e um acesso eficaz a bens e serviços essenciais. Reúne
sociedade civil
organizações de ordem vária, peritos, profissionais, académicos e outras entidades
ativas na luta contra a pobreza e a exclusão social.

70
Erradicar a fome, atingir a segurança alimentar e a melhoria
alimentar e promover a agricultura sustentável

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
Na UE, é prioritário proporcionar regimes alimentares saudáveis e seguros e garantir sistemas agrícolas, pescas e aquicultura
produtivos e sustentáveis. Através das suas políticas, a UE está a ajudar os agricultores e os pescadores a satisfazer a procura
alimentar e a fornecer alimentos de alta qualidade, seguros e estáveis, produzidos de forma sustentável a preços acessíveis
para a população. É essencial que a agricultura, as pescas e a aquicultura sejam sustentáveis e sensíveis à nutrição para
garantir aos consumidores do presente e do futuro um abastecimento consistente de alimentos seguros e saudáveis, em
particular face a desafios como as alterações climáticas e o crescimento da população. Neste contexto, as exportações
da UE são um dos principais contribuidores para o abastecimento alimentar a nível mundial. Ao mesmo tempo que
a produtividade alimentar continuou a aumentar na Europa ao longo da última década, ainda que a um ritmo mais
lento do que no passado, também se estão a adotar medidas para melhorar o desempenho da agricultura, da pesca e da
aquicultura no plano do ambiente e do clima, a fim de assegurar a sua sustentabilidade a longo prazo, levando igualmente
em conta o impacto nos países terceiros. Ao contrário de outras regiões do mundo em que há fome, os grandes problemas
nutricionais da UE são o excesso de peso e a obesidade, bem como as carências de micronutrientes. Globalmente, dois
terços da população pobre do mundo vive em zonas rurais e depende da agricultura para a sua subsistência. A UE tem
continuamente mantido a segurança alimentar e nutricional no cerne da cooperação para o desenvolvimento e presta
especial atenção à segurança alimentar e à agricultura e pescas sustentáveis nas suas relações comerciais e nas políticas de
alargamento e de vizinhança. A UE é o maior doador mundial em matéria de assistência alimentar humanitária às vítimas
de crises alimentares em todo o mundo e investe em larga escala na resposta aos países que enfrentam o risco de fome.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A obesidade é um problema de saúde significativo na UE: em 2014, 15,9 % da população adulta total era obesa.
A obesidade afeta de modo desproporcionado as pessoas com baixos níveis de educação e os idosos na Europa.
Considerado em conjunto com a pré-obesidade, o problema torna-se mais grave, uma vez que afeta mais de metade
da população adulta total da UE, prevendo-se que a situação só venha a piorar nos próximos anos.
▪▪ O setor agrícola europeu tem de ser economicamente sustentável para assegurar a sua viabilidade a longo prazo.
O rendimento dos fatores agrícolas por unidade de trabalho-ano – um indicador de produtividade do trabalho –
regista uma ligeira tendência ascendente na UE e está atualmente 21,6 % acima dos níveis de 2010. Porém, há
diferenças significativas entre os Estados-Membros.
▪▪ A quota da agricultura biológica na superfície agrícola total quase duplicou entre 2005 e 2017, passando de 3,6 %
para 7,0 %. A superfície biológica total da UE-28 (ou seja, a superfície total convertida e a superfície em conversão)
ocupava quase 12 milhões de hectares em 2016. O valor do mercado a retalho de produtos biológicos na UE foi
de 30 700 milhões de EUR em 2016, com um aumento de 12 % das vendas a retalho entre 2015 e 2016.
▪▪ Vários indicadores que medem os efeitos negativos da agricultura no ambiente revelam algumas tendências
positivas, mas também sinais de uma evolução preocupante ao longo dos últimos anos, incluindo o aumento do
consumo de pesticidas em certas partes da Europa e o consumo ainda elevado de antimicrobianos (70% dos quais
utilizados na UE nos animais destinados à produção de alimentos), não se tendo registado progressos significativos
na luta contra o declínio da biodiversidade global.
▪▪ As emissões de gases com efeito de estufa provenientes da agricultura têm vindo a aumentar lentamente desde
2010, apesar de ainda estarem muito abaixo dos níveis de 1990. Este aumento pode ser imputado a um acréscimo
da produção e da produtividade do setor agrícola.
▪▪ A área de território da UE afetado pelo risco de erosão grave do solo está a diminuir, em parte graças às medidas de
condicionalidade preexistentes obrigatórias na política agrícola comum da UE. A percentagem de área erosiva não
artificial considerada em risco de erosão grave do solo pela água diminuiu de 6,0 % para 5,2 % entre 2000 e 2012.

71
▪▪ Durante o período de 2014-2016, observou-se uma melhoria contínua no desempenho do setor da aquicultura
da UE. Em 2016, o setor da aquicultura da UE colocou no mercado 1,4 milhões de toneladas de produtos do mar,
no valor de quase 5 000 milhões de EUR. Entre 2014 e 2016 registou um aumento anual de 2,2 % em volume
e de 3,1 % em valor. Também se verifica uma transição crescente da aquicultura convencional para a aquicultura
biológica.

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 14 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 70 em 100
para o ODS 2. Treze Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Prevê-se que a UE continue a evoluir no sentido de erradicar a fome e promover práticas sustentáveis no futuro. Com base
nas perspetivas agrícolas da UE para 2030, não se preveem insuficiências graves em matéria de segurança alimentar da
UE na ausência de perturbações que abalem fortemente os mercados. As políticas de segurança alimentar garantem um
elevado nível de segurança alimentar, saúde animal e fitossanidade na UE, assegurando, ao mesmo tempo, um mercado
interno eficaz. Persistirão sempre incertezas, pelo que se faz uma monitorização de riscos selecionados. A realização
deste ODS dependerá fortemente da consciencialização crescente da indústria, das organizações não governamentais,
das autoridades e dos cidadãos em relação aos fatores individuais, sociais e comerciais que têm um papel determinante
nos regimes alimentares pouco saudáveis, bem como em relação às suas repercussões tanto na saúde humana como nos
orçamentos públicos. A este respeito, os esforços em curso em prol da reformulação alimentar podem desempenhar um
papel importante na luta contra o excesso de peso e a obesidade e o seu impacto económico. Dependerá igualmente da
educação das pessoas para os modos de utilizar novas tecnologias ou de enfrentar novos desafios. A forte participação da
sociedade a todos os níveis (associações, governos, setor privado, cientistas e peritos em matéria de saúde) será crucial para
melhorar o impacto dos sistemas alimentares no ambiente e na saúde, identificando boas práticas, gerindo com eficiência
os recursos alimentares, etc. O investimento numa agricultura mais sustentável também terá efeitos positivos na melhoria
da segurança do abastecimento alimentar, necessário para enfrentar desafios como o crescimento da população mundial
ou as alterações climáticas. As pessoas ganhariam com um controlo integrado das pragas ou de alimentos com excelentes
qualidades nutricionais, uma vez que tal contribuiria para melhorar o seu bem-estar e, portanto, a sua qualidade de vida.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Participação social e política participativa, mudanças de comportamento, responsabilidade social das empresas/
comportamento responsável das empresas, finanças sustentáveis, parcerias público-privadas, sistemas alimentares
sustentáveis, novas tecnologias, inteligência artificial, investigação e inovação, enfoque na resiliência das sociedades,
educação, investimentos públicos e privados, comércio aberto e justo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Pobreza, desigualdades sociais e de saúde, envelhecimento da população, instabilidade geopolítica, alterações climáticas
e perda de biodiversidade, doenças dos animais não controladas, pragas vegetais e contaminantes.

72
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

Lançada em abril de 2016, a parceria UE-África em matéria de agricultura sustentável


A UE a nível e segurança alimentar e nutricional promove a cooperação para a investigação e a
internacional inovação nos domínios da intensificação sustentável, da agricultura e dos sistemas
alimentares para os mercados e o comércio agrícolas e alimentares.

A política agrícola comum modernizada e simplificada tem por objetivo maximizar


a sua contribuição para a realização dos ODS. As propostas da Comissão para
Ao nível da UE o próximo orçamento plurianual 2021-2027 definem explicitamente o objetivo de
continuar a melhorar o desenvolvimento sustentável da agricultura, da alimentação
e das zonas rurais.

Ao nível dos O programa para a diversidade das plantas cultivadas é um programa nacional que
Estados- visa servir de instrumento de adaptação para criar um modo inteligente e sustentável
-Membros de conservar e utilizar a riqueza vegetal da Suécia. Por toda a Suécia se estão
a recolher sementes e outras variedades mais antigas para conservação no Banco
Nórdico de Genes. O projeto reintroduz antigas plantas cultivadas no mercado.

O Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 para Portugal Continental


A nível
promove investimentos na agricultura com o objetivo de aumentar a capacidade de
regional/local
gerar valor acrescentado, aumentar a produtividade, promover uma utilização mais
eficiente dos recursos e apoiar o tecido produtivo e social nas zonas rurais.

Em Espanha, o Grupo Cooperativo Cajamar faz parte do projeto TomGEM, que


desenvolve novas estratégias destinadas a manter rendimentos elevados na produção
A nível de hortofrutícolas em condições de elevada temperatura. O projeto visa descrever
empresarial o fenótipo de uma vasta gama de recursos genéticos para identificar cultivares/
genótipos que apresentem um rendimento estável e descobrir os genes que
controlam a indução floral, a fertilidade do pólen e a entrada em frutificação).

A iniciativa «Agricultura respeitadora do Báltico» consiste num ciclo de seminários


organizados pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF) da Polónia, sob os
A nível da auspícios do Centro de Consultoria Agrícola de Brwinów. Permitiu reforçar os
sociedade civil conhecimentos dos agricultores no tocante a métodos de redução das perdas de
compostos de azoto e de fósforo nas explorações agrícolas que contribuem para
a poluição da água.

73
Assegurar uma vida saudável e promover
o bem‑estar para todos, em todas as idades

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
A saúde é uma necessidade humana básica. A UE fez progressos significativos na redução das desigualdades na saúde
e nos fatores sociais e ambientais a elas subjacentes. Uma boa saúde é preciosa não só a título individual, enquanto
fator decisivo da qualidade de vida, bem-estar e participação social, mas também contribui para moldar uma economia
sustentável na Europa. A cobertura universal de saúde é um objetivo da Carta dos Direitos Fundamentais da UE e um
dos direitos consagrados no Pilar Europeu dos Direitos Sociais, pelo que constitui um importante objetivo político
para a UE e os Estados-Membros. A par da eficácia e da sustentabilidade orçamental, a acessibilidade e a razoabilidade
dos preços dos cuidados de saúde para os doentes continuam a ser os principais objetivos políticos das reformas dos
sistemas de saúde em debate no contexto da UE. No entanto, o tabaco e o consumo excessivo de álcool, o excesso de
peso, a falta de atividade física, problemas de saúde mental como a depressão e o suicídio, juntamente com as doenças
transmissíveis, continuam a ter um impacto negativo na saúde, gerando, a par das alterações demográficas e sociais,
encargos suplementares para os sistemas de saúde da UE. A UE apoia os Estados-Membros, por exemplo através da luta
contra os fatores de risco das doenças não transmissíveis, do intercâmbio de boas práticas, do contributo para garantir
o acesso a cuidados de saúde de qualidade, do reforço da capacidade para prevenir e gerir as ameaças globais à saúde,
como a resistência antimicrobiana, e do investimento na investigação e na inovação. No plano internacional, a ajuda ao
desenvolvimento da UE promove o acesso universal a serviços de saúde de qualidade. Em consonância com o Consenso
Europeu sobre o Desenvolvimento, a UE ajuda a reforçar todos os domínios dos sistemas de saúde e os progressos no
sentido da cobertura universal de saúde.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ Os europeus usufruem de uma longevidade sem precedentes, tendência que se deverá manter. Em 2016,
a esperança de vida na UE era de 81 anos, mais 3,3 anos do que em 2002.
▪▪ Os estilos de vida pouco saudáveis têm repercussões na saúde humana, nos orçamentos públicos e na produtividade.
A prevalência do tabagismo entre a população com 15 ou mais anos de idade diminuiu para 26 % em 2017.
Contudo, ainda mais de metade da população adulta na UE tinha excesso de peso em 2014.
▪▪ Em 2017, 1,6 % da população da UE acusou necessidades de cuidados médicos não satisfeitas, em comparação
com 3,4 % em 2011. Os custos e as longas listas de espera são as principais razões para o não suprimento de tais
necessidades.
▪▪ As mortes por doenças não transmissíveis antes dos 65 anos de idade diminuíram de forma constante entre 2002
e 2015. No entanto, estas doenças representam até 80 % dos custos dos cuidados de saúde. Note-se que apenas
cerca de 3 % dos orçamentos da saúde são gastos na prevenção. As mortes na UE causadas por VIH, tuberculose
e hepatite diminuíram de forma constante entre 2002 e 2015. A resistência antimicrobiana é responsável por
cerca de 33 000 mortes por ano na UE, com um custo de 1 500 milhões de EUR por ano em despesas de saúde
e perdas de produtividade.
▪▪ A exposição à poluição atmosférica por partículas finas nas zonas urbanas diminuiu quase 20 % na UE em 2010-
2015. Todavia, a poluição atmosférica continua a ser a principal causa ambiental de morte prematura. Todos os
anos mais de 400 000 pessoas morrem prematuramente na UE devido à má qualidade do ar; milhões sofrem de
doenças respiratórias e cardiovasculares causadas pela poluição atmosférica.
▪▪ A segurança rodoviária na UE melhorou consideravelmente nas últimas décadas. A UE tornou-se a região mais
segura do mundo, com 49 mortes por milhão de habitantes devido a acidentes rodoviários. Em 2001-2010,
o número de vítimas mortais em acidentes de viação na UE diminuiu 43 % e, em 2010-2016, diminuiu outros
20 %.

74
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 18 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 90 em 100
para o ODS 3. Onze Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial. No cômputo
global, este ODS figura no pódio dos ODS que obtiveram a pontuação mais elevada para os Estados-Membros da UE.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Para continuar a assegurar uma cobertura universal de saúde na UE, os sistemas de saúde terão de ser resilientes a evoluções
futuras e garantir acessibilidade e eficácia. Será necessário efetuar uma transição para um modelo mais orientado para
a prevenção das doenças e a promoção da saúde, mais personalizado e capitalizador das tecnologias digitais, bem como
reforçar os cuidados primários e o desenvolvimento de cuidados integrados centrados no doente. Tal será igualmente
importante para reduzir a oferta e a procura de drogas ilícitas. A UE continua empenhada em combater as doenças
tanto transmissíveis como não transmissíveis e a resistência antimicrobiana. Está em curso um esforço importante para
promover uma aplicação em mais larga escala das boas práticas validadas neste domínio. A UE desenvolverá novas metas
intercalares para reduzir para metade o número de mortes na estrada e de feridos graves entre 2020 e 2030.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Participação social e política participativa, mudança de comportamentos, mão-de-obra e população mais saudável,
responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas, financiamento sustentável, parcerias
público-privadas, prevenção e promoção da saúde, investigação e inovação nesse domínio, novas tecnologias,
transformação digital da saúde e dos cuidados, enfoque nas sociedades resilientes, educação, investimentos públicos
e privados, comércio aberto e justo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Pobreza, desigualdades sociais e de saúde, ameaças biológicas, alterações climáticas e riscos ambientais, sustentabilidade
orçamental afetada pelo envelhecimento demográfico e inflação dos custos associados às novas tecnologias e aos riscos
socioeconómicos, envelhecimento da população, hábitos pouco saudáveis, instabilidade geopolítica e ameaças à segurança
sanitária.

75
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

A UE contribuiu para a Parceria Universal da Saúde EU‑Organização Mundial da


A UE a nível Saúde, um programa destinado a reforçar os sistemas de saúde em mais de 35 países
internacional parceiros, e, em conjunto com a ONU, apoia a melhoria do acesso e da procura
do planeamento familiar, bem como a redução de práticas tradicionais nocivas e da
violência baseada no género.

No que diz respeito à resistência antimicrobiana, a UE adotou um plano de ação


ambicioso, intitulado «Uma só saúde», para preservar a possibilidade de tratamento
eficaz das infeções nos seres humanos e nos animais. Fornece orientações sobre
a utilização prudente de agentes antimicrobianos na saúde humana, fomenta
Ao nível da UE a investigação sobre novos agentes antimicrobianos, vacinas e diagnósticos, incentiva
a inovação, contribui para a adoção de políticas cientificamente fundamentadas
e medidas legais e aborda as lacunas de conhecimento. Em matéria de prevenção,
implementa em mais larga escala as boas práticas validadas em estreita cooperação
com os Estados-Membros.

Ao nível dos Na Eslováquia, o setor da saúde pública dispõe de uma rede de centros consultivos
Estados- de clínica geral e de especialidade que prestam aconselhamento com base no exame
-Membros dos principais fatores de risco (como o tabagismo, a nutrição, a atividade física ou
o stress). Servem igualmente para sensibilizar a população e fomentar a realização de
rastreios e exames médicos preventivos.

Em 2011, a associação intermunicipal para a conservação da natureza no Luxemburgo


lançou o projeto «Saborear a natureza – Comer alimentos regionais, biológicos
e justos». Este projeto tem por objetivo promover a alimentação sustentável nas
cantinas escolares dos 33 municípios membros e proporcionar oportunidades
A nível económicas para os agricultores da região que estejam particularmente empenhados
regional/local na proteção do ambiente. Para além de respeitar os critérios em matéria de proteção
geral do ambiente e de bem-estar animal, os agricultores interessados em aderir
ao projeto devem utilizar 5 % do seu terreno agrícola para fins de proteção da
biodiversidade. As cantinas escolares oferecem cursos de formação específica para
o pessoal: «Conhecer os produtores», alimentos saudáveis, menus sazonais, impacto
da alimentação no clima e países em desenvolvimento.

Contando com o apoio da Fundação Bill e Melinda Gates, a empresa alemã CureVac
A nível GmbH foi a vencedora da primeira edição do Prémio de Incentivo à Inovação pelos
empresarial progressos realizados em prol de uma nova tecnologia capaz de manter as vacinas
estáveis a qualquer temperatura ambiente.

No âmbito do Programa Nacional de Saúde na Polónia, algumas organizações


não governamentais desenvolveram ferramentas de rastreio das perturbações de
A nível da
humor, materiais de assistência no domínio dos problemas mentais, programas de
sociedade civil
rádio, publicações e vídeos educativos, criaram um fórum em linha e realizaram
campanhas de informação.

76
Garantir o acesso à educação inclusiva,
de qualidade e equitativa, e promover oportunidades
de aprendizagem ao longo da vida para todos.

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
A educação, a formação profissional e a aprendizagem ao longo da vida têm um papel central a desempenhar na
construção de uma Europa do futuro sustentável, resiliente, competitiva e coesa, na medida em que permitem que
as pessoas realizem o seu pleno potencial. Em todas as fases da vida, a educação e a formação são aspetos cruciais do
desenvolvimento humano e motores essenciais do crescimento, do emprego e da coesão social. Os níveis de educação dos
jovens estão a melhorar de forma contínua na Europa. A UE está no bom caminho para concretizar as metas da Estratégia
Europa 2020 em matéria de abandono escolar precoce e conclusão do ensino superior. Se se registaram progressos
satisfatórios no atinente à participação na educação e acolhimento na primeira infância, há ainda algum trabalho a fazer
para combater o insucesso na matemática, nas ciências e na leitura, bem como em matéria de competências digitais e de
participação dos adultos na aprendizagem. Os jovens com deficiência ou provenientes de famílias migrantes apresentam
níveis de escolaridade significativamente mais baixos. Os jovens que abandonam precocemente os estudos ou a formação
e têm baixos níveis de escolaridade enfrentam problemas particularmente sérios no mercado de trabalho. No palco
internacional, há numerosos países parceiros da UE que beneficiam de programas bilaterais de apoio que contribuem
para reforçar os seus sistemas de ensino, centrando-se na melhoria do acesso das famílias com baixos rendimentos a um
ensino básico de qualidade, bem como em países frágeis e afetados por conflitos, pondo a tónica nas raparigas e nos
grupos marginalizados.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A percentagem de abandono precoce do sistema de ensino e formação tem vindo a baixar continuamente.
A diminuição de 17 % em 2002 para 10,6 % em 2017, representa um progresso claro no sentido do cumprimento
da meta da Estratégia Europa 2020 de 10 %.
▪▪ A meta de 40% da Estratégia Europa 2020 para a taxa de conclusão do ensino superior na faixa etária dos 30-
34 anos de idade foi praticamente atingida (39,9 % em 2017).
▪▪ A participação na educação e acolhimento na primeira infância regista um aumento constante desde 2003.
Em 2016 alcançou-se a meta da UE no sentido de 95 % das crianças entre os 4 anos e a idade da escolaridade
obrigatória frequentarem o ensino pré-escolar, ainda que subsistam diferenças entre países.
▪▪ A UE também estabeleceu um objetivo de, até 2020, reduzir para menos de 15 % a percentagem de jovens
de 15 anos com um baixo nível de leitura, matemática e ciências. Os Estados-Membros apresentam fortes
disparidades no que diz respeito à percentagem de alunos com fraco aproveitamento nestes três domínios. No
conjunto, a UE está a ficar para trás nesses três domínios, sendo que, de acordo com os últimos dados disponíveis
de 2015, retrocedeu face aos resultados de 2012 (ciências: 20,6 %, +4,0 pontos percentuais; leitura: 19,7 %, +1,9
pontos percentuais; matemática: 22,2 %, 0,1 pontos percentuais).
▪▪ Em 2017, 57 % da população da UE entre os 16 e os 64 tinha, pelo menos, competências digitais básicas.
▪▪ A taxa de emprego dos recém-licenciados aumentou de 76,9 % em 2015 para 80,2 % em 2017, estando perto
do cumprimento da meta da UE de 82 %.
▪▪ A percentagem de jovens que não trabalham, não estudam nem seguem uma formação continua a decair,
baixando do seu valor máximo de 13,2 % em 2012 para 10,9 % em 2017.
▪▪ A participação dos adultos (25-64 anos) na aprendizagem ao longo da vida era de 10,9 % em 2017, muito abaixo
do objetivo mínimo de 15 %.

77
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 16 Estados-Membros da UE têm uma pontuação superior a 90 em 100
para o ODS 4. Sete Estados-Membros da UE estão entre os vinte primeiros a nível mundial. Em média, este ODS figura
no pódio dos ODS que obtiveram a pontuação mais elevada para os Estados-Membros da UE.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Prevê-se que o nível educacional dos jovens continue a aumentar no futuro em resultado das mutações estruturais
nos mercados de trabalho, das alterações demográficas e das reformas políticas. Até 2030, o Espaço Europeu da
Educação estará firmemente estabelecido, esperando-se que não haja fronteiras nem obstáculos à mobilidade para fins de
aprendizagem inclusiva e à cooperação académica. Todos os jovens deveriam receber uma educação e formação de melhor
qualidade, independentemente da sua origem socioeconómica, permitindo-lhes adquirir mais e melhores competências.
A educação inclusiva e a aprendizagem ao longo da vida deverão conduzir a uma redução do abandono escolar precoce e a
um aumento do corpo discente a todos os níveis. Espera-se igualmente que as transformações nos mercados de trabalho
se traduzam numa maior participação dos adultos na educação e na formação. As pessoas terão a possibilidade de obter
a validação das aptidões adquiridas fora dos sistemas formais de ensino e formação. A oferta de educação e formação
passará a conter uma forte dimensão de aprendizagem em meio profissional e a tirar partido de uma cooperação mais
estreita com as empresas e a sociedade civil. Continuará a ser importante redobrar de esforços para integrar a educação
em matéria de desenvolvimento sustentável nos programas curriculares de todos os níveis de ensino.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Participação social e política participativa, mudanças de comportamento, responsabilidade social das empresas/
comportamento responsável das empresas, financiamento sustentável, parcerias público-privadas, investigação e inovação,
tecnologias digitais e plataformas em linha, inteligência artificial, mercado de trabalho em mutação e necessidades de
competências, enfoque em sociedades sustentáveis resilientes.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Desigualdade de oportunidades, pobreza, baixos níveis de investimento público e privado, inadequação de competências,
aumento das lacunas de conhecimento.

78
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

Em consonância com o primeiro princípio do Pilar Europeu dos Direitos Sociais,


a Comissão está a coordenar a Nova Agenda de Competências para a Europa e a
trabalhar com os Estados-Membros para criar um Espaço Europeu da Educação
até 2025. O objetivo é melhorar os sistemas de educação e formação para sejam
inclusivos, assentes na aprendizagem ao longo da vida e impulsionados pela
Ao nível da UE inovação. As medidas apresentadas em 2018 para o Espaço Europeu da Educação
no horizonte 2025 prendem-se com o reconhecimento mútuo automático dos
diplomas e dos períodos de estudo no estrangeiro, as competências essenciais, as
competências digitais, os valores comuns e o caráter inclusivo da educação, uma
educação e acolhimento na primeira infância de elevada qualidade e a melhoria do
ensino e da aprendizagem das línguas.

A Eslovénia lançou, em 2016, um programa destinado a melhorar a qualidade


Ao nível dos do ensino e a experiência de aprendizagem oferecendo a professores e mentores
Estados- oportunidades para aumentarem os seus conhecimentos, aptidões e competências
-Membros através da rotação de funções. A decorrer até 2022, o programa tem um
financiamento de 1,65 milhões de EUR, dos quais 1,32 milhões de EUR provêm
do Fundo Social Europeu.

Uma iniciativa da região do Véneto, em Itália, financiada pelo Fundo Social


Europeu, permite que os adultos sem diploma do ensino secundário, incluindo
A nível
aqueles cuja qualificação profissional de nível mais baixo perdeu relevância no
regional/local
mercado de trabalho, obtenham o reconhecimento de créditos pela sua experiência
profissional ou formativa anterior e enveredem por um percurso de formação
personalizado.

Em 2018, foi assinado um acordo tripartido em França, criando uma secção de


aprendizagem inclusiva para os jovens e para adultos com deficiência na região da
A nível Nova Aquitânia. Uma dúzia de aprendizes com deficiência receberão formação nos
empresarial setores da eletrónica, eletricidade e engenharia eletrotécnica. Metade deles ficarão
nas instalações da empresa de eletricidade Enedis e a outra metade em empresas
adaptadas.

O projeto ToekomstATELIERdelAvenir (conhecido por TADA) proporciona


uma educação orientada para a sociedade de caráter complementar e voluntário
a adolescentes vulneráveis de bairros desfavorecidos de Bruxelas, na Bélgica.
A nível da
Pretende capacitar os jovens participantes, prevenindo a desmotivação e as suas
sociedade civil
consequências negativas (como a fadiga de aprendizagem, o abandono escolar
precoce, a delinquência, o desemprego, a radicalização extremista), e contribuir
para o reforço da integração e da coesão social.

79
Alcançar a igualdade de género e empoderar
todas as mulheres e raparigas

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
A UE é um dos líderes mundiais em matéria de igualdade de género e realizou progressos neste domínio ao longo das
últimas décadas. Essa evolução é o resultado da legislação relativa à igualdade de tratamento, da integração da perspetiva
de género e de medidas específicas para promover os direitos das mulheres e a igualdade de género. O número de
mulheres no mercado de trabalho da UE aumentou e a educação e formação a que têm acesso também melhorou.
Contudo, as mulheres continuam a estar sobrerrepresentadas nos setores menos bem remunerados e sub-representadas
nos cargos de decisão. As diferenças de género em termos de rendimentos e de perfis de carreira traduzem-se amiúde
em direitos de pensão mais baixos para as mulheres. A necessidade e o ímpeto no sentido de produzir mais melhorias
permanecem uma realidade. Um inquérito Eurobarómetro Especial realizado em 2017 revelou que a população europeia
em geral é globalmente favorável à igualdade de género:84 % dos europeus consideram-na pessoalmente importante
(incluindo 80 % dos homens).A nível internacional, a UE integra a perspetiva do género no âmbito das suas políticas
externas, que vão desde os instrumentos comerciais ao Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento e às políticas de
alargamento e de vizinhança da UE.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ O Índice da Igualdade de Género do Instituto Europeu para a Igualdade de Género (2017) mostra que na última
década se assistiu a um desenvolvimento genericamente positivo, ainda que lento, no sentido da igualdade de
género. A melhoria mais significativa realizou‑se no domínio do poder (por exemplo, aos níveis de tomada de
decisão tanto no setor privado como no setor público), ao passo que as desigualdades de género aumentaram no
domínio do tempo (por exemplo, em termos de tarefas domésticas, lazer, prestação de cuidados não remunerados).
Há uma grande variabilidade de desempenhos dependendo dos Estados-Membros. A maioria dos Estados-
Membros melhorou a sua pontuação global desde 2005. A pontuação global de alguns Estados-Membros estagnou
ou inclusive baixou ligeiramente.
▪▪ A disparidade nas taxas de emprego de homens e mulheres a nível da UE era inferior a12 pontos percentuais
em 2017, uma percentagem substancialmente inferior à registada em 2008, altura em que atingiu 15,1 pontos
percentuais. Esta melhoria deveu-se em larga medida a um aumento da taxa de emprego das mulheres. A falta de
serviços de acolhimento formais disponíveis, acessíveis e de qualidade, em particular na primeira infância, é um
dos principais fatores que obsta à participação das mulheres no mercado de trabalho. Em 2016, apenas 32,9 %
das crianças com idades compreendidas entre os 0 e os 3 anos na UE frequentavam estruturas formais de ensino
e acolhimento para a primeira infância, contra 28 % em 2008.
▪▪ A disparidade salarial entre homens e mulheres diminuiu ligeiramente nos últimos anos. Em 2016, a remuneração
horária bruta das mulheres era, em média, 16,2 % inferior à dos homens; após a reforma, esta diferença aumenta
exponencialmente – a disparidade de género nas pensões é de 36,6 %.
▪▪ No tocante à igualdade de género na política europeia, a proporção de lugares ocupados por mulheres nos
parlamentos nacionais aumentou de 20,9 % em 2004 para 29,7 % em 2018.
▪▪ Em 2017, um quarto dos membros dos conselhos de administração das maiores empresas cotadas em bolsa
eram mulheres. Entre 2003 e 2017, deu-se um aumento anual quase estável de um total de 16,8 pontos percentuais.
▪▪ Em comparação com a situação há uma década, o modo como os homens e as mulheres afetam tempo à prestação
de cuidados, ao trabalho doméstico e a atividades sociais tornou-se mais desigual na UE. Este declínio em
termos de igualdade verificou-se em doze Estados-Membros, embora se tenham constatado melhorias em oito
Estados-Membros.
▪▪ Uma em cada três mulheres na Europa já foi vítima de violência física e/ou sexual desde os 15 anos de idade.

80
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 11 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 80 em 100
para o ODS 5. Onze Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A continuação dos progressos em matéria de igualdade de género e empoderamento das mulheres e das raparigas requer
empenho, mais financiamento e esforços persistentes pelos intervenientes a todos os níveis, desde o agregado familiar às
instituições da UE. Embora os incentivos regulamentares sejam importantes para acelerar esses progressos, a igualdade
de género depende fortemente dos valores culturais e éticos e da evolução das mudanças sociais. Até 2030, poder-se-á
esperar que a UE tenha realizado novos progressos em relação à emancipação económica das mulheres, ao equilíbrio de
género nas tomadas de decisão e ao combate à violência contra as mulheres e raparigas. A concretização e o alcance de tais
progressos dependem do contexto cultural e político em desenvolvimento, bem como de futuras medidas regulamentares.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Participação social e política participativa, alterações das normas sociais, mudanças de comportamento, responsabilidade
social das empresas/comportamento responsável das empresas, estruturas formais de acolhimento de crianças, regimes
de licença familiar equilibrados, regimes de trabalho flexíveis, um sistema de educação equilibrado, acesso a novas
tecnologias, melhoria das competências tecnológicas das mulheres, promoção de um comércio aberto e justo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Desigualdade de oportunidades, reação negativa contra os progressos, inadequação de competências, ameaças à segurança,
regresso ao protecionismo económico a nível mundial.

81
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

Em 2015, a UE adotou o seu segundo plano de ação em matéria de igualdade de


A UE a nível género e empoderamento das mulheres no âmbito das relações externas (2016-
internacional 2020). Em setembro de 2017, a Comissão lançou a Iniciativa «Spotlight» (UE-
ONU) para pôr cobro à violência contra as mulheres e as raparigas.

Em 2015, a Comissão adotou um compromisso estratégico para a igualdade de


género 2016-2019. O compromisso estratégico é o quadro para a prossecução do
trabalho da Comissão em prol da igualdade de género e do empoderamento das
mulheres, centrando-se nos cinco domínios prioritários seguintes: 1) aumentar
a participação das mulheres no mercado de trabalho e a igualdade em termos de
Ao nível da UE independência económica; 2) reduzir as disparidades de género em termos de
salários, rendimentos e pensões de reforma; 3) promover a igualdade entre mulheres
no processo de tomada de decisões; 4) combater a violência de género; 5) promover
a igualdade de género e os direitos das mulheres em todo o mundo. Além disso,
o compromisso estratégico prevê a integração da perspetiva da igualdade de género
em todas as políticas e programas de financiamento da UE.

Em geral, a Dinamarca apresenta uma boa pontuação em matéria de igualdade


de género. Neste país, as mulheres tendem a trabalhar fora de casa e a prosseguir
Ao nível dos uma carreira ao mesmo tempo que constituem família, usufruindo de uma licença
Estados- parental generosa e de serviços de acolhimento de crianças objeto de benefícios
-Membros fiscais. Os homens dinamarqueses também beneficiam com a igualdade de
género. Têm mais tempo para estar com a família do que em muitos outros países.
A licença parental após o nascimento de uma criança pode ser repartida pelos dois
progenitores; o número limitado de dias de trabalho permite que seja amiúde o pai
a ir buscar os filhos à escola ou infantário.

A França introduziu um sistema binomial de candidatos para eleições departamentais


em que o voto vai para uma equipa de candidatos do sexo masculino e feminino.
A nível
Tal garante a paridade de género a nível departamental e cria posições partilhadas
regional/local
de tomada de decisão em matéria de políticas territoriais, promovendo a partilha de
responsabilidades e melhorando as possibilidades de conciliação da vida profissional
e familiar dos políticos.

A empresa GründerRegio M e.V. recebeu cofinanciamento do Fundo Social


Europeu para prestar formação, aconselhamento e ligações em rede às mulheres
A nível empresárias em Munique. Tem por alvo as mulheres que regressam ao mercado de
empresarial trabalho depois de se terem consagrado à família, bem como mulheres com mais de
50 anos. O projeto GUIDE apoiou cerca de 5.000 mulheres empresárias, 56 % das
quais criaram as suas próprias empresas.

Duas organizações búlgaras estão a gerir o projeto «Career ROCKET», que forma
professores, diretores escolares e orientadores escolares e profissionais no sentido
A nível da
de introduzir a igualdade de género em todas as matérias do ensino secundário,
sociedade civil
fornecendo informações sobre o contributo das mulheres nas ciências naturais,
tecnologia, política, história, geografia, matemática, literatura, artes e música.

82
Garantir a disponibilidade e gestão sustentável
da água e do saneamento para todos

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
O acesso à água é uma necessidade humana básica. A água também constitui um recurso económico importante de que
depende regulação da biodiversidade, do clima e dos ecossistemas. Para satisfazer as necessidades das gerações atuais
e futuras e manter a estabilidade política a nível nacional e regional, é crucial proteger os ecossistemas aquáticos contra
a poluição e as alterações hidromorfológicas e utilizar a água de forma sustentável. Na UE, uma política global da água
visa velar pela disponibilidade de água de boa qualidade em quantidade suficiente tanto para as necessidades das pessoas
como para o ambiente, regulando as principais fontes de pressão (agricultura, indústria, águas residuais urbanas), as
utilizações da água (águas balneares, águas subterrâneas, água potável) e a gestão integrada da água. A grande maioria
dos cidadãos europeus tem acesso a saneamento básico e está no mínimo ligada a estações de tratamento secundário
de águas residuais. Além disso, os cidadãos europeus usufruem de água potável de qualidade muito elevada. Contudo,
a pressão decorrente da urbanização, a poluição difusa proveniente da agricultura e da indústria e as alterações climáticas
influenciam a qualidade da água e a segurança dos recursos hídricos a longo prazo. A nível mundial, a UE está a promover
a disponibilidade e a gestão sustentável da água e do saneamento para todos através do novo Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento e as políticas de alargamento e de vizinhança da UE.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A percentagem de pessoas sem acesso a instalações sanitárias melhoradas nos seus lares diminuiu de 3,2 % em
2007 para apenas 2,0 % da população europeia em 2017. O número de pessoas ligadas a estações de tratamento
secundário de águas residuais aumentou entre 2010 e 2015. Todavia, subsistem disparidades entre Estados-
Membros, alguns dos quais continuam a enfrentar problemas consideráveis. Há um novo tipo de poluição que está
a assumir contornos relevantes – os escoamentos urbanos ou sistemas de esgotos combinados que libertam vastas
quantidades de poluição em caso de forte pluviosidade.
▪▪ Em 2017, as águas balneares de 86,3 % de todas as zonas balneares costeiras e 82,1 % das zonas balneares
interiores apresentaram excelente qualidade.
▪▪ A qualidade da água nos rios europeus aumentou significativamente entre 2000 e 2014; as concentrações médias
de fosfato nos rios europeus mostram uma tendência decrescente.
▪▪ Não obstante os progressos realizados em vários domínios, só cerca de 40 % das águas de superfície alcançaram
um bom estado ecológico em 2015; o panorama das águas subterrâneas é mais positivo: 74 % apresenta um bom
estado químico e 89 % um bom estado quantitativo. Embora a poluição causada pelos nitratos provenientes da
agricultura tenha diminuído nas duas últimas décadas, subsistem alguns problemas. Os nitratos são os poluentes mais
comummente responsáveis pelo mau estado químico das águas subterrâneas na UE. Esta situação é particularmente
problemática, uma vez que, a seguir às águas superficiais, as águas subterrâneas, são uma importante fonte de água
potável na Europa.
▪▪ A pressão sobre os recursos hídricos é baixa na maioria dos países da UE, mas elevada em alguns, sobretudo na
Europa meridional, tratando-se de um fenómeno em aumento na Europa ocidental e setentrional.
▪▪ Para reduzir a escassez de água, todos os setores relevantes precisam de utilizar a água doce de forma eficiente. Na
última década, a captação de água na Europa diminuiu, enquanto a eficiência na utilização de água aumentou.
O consumo médio de água potável diminuiu nos últimos 20 anos, passando de cerca de 200 litros por pessoa
e por dia para cerca de 120 litros.

83
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 25 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 80 em 100
para o ODS 6. Três Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Globalmente, prevê-se que a UE continue a fazer progressos na gestão sustentável da água e do saneamento. Quase todos
os cidadãos beneficiarão de um bom acesso a serviços hídricos – como água potável e tratamento de águas residuais –
e a instalações sanitárias. No entanto, impõem-se mais esforços para assegurar o pleno acesso desses serviços a todos os
cidadãos da UE, garantir o tratamento das águas residuais em conformidade com as normas exigidas em todo o território
e alcançar um bom estado para todas as massas de água da Europa. Nos anos vindouros, também caberá consagrar uma
atenção específica a poluentes emergentes, como microplásticos e fármacos. Há que reduzir ainda mais a poluição difusa
proveniente da agricultura. É preciso continuar a reforçar a eficiência da utilização da água. Por último, as alterações
climáticas e os seus efeitos agravantes sobre as secas e as inundações nas regiões europeias fazem aumentar a necessidade
de tornar a gestão dos recursos hídricos mais sustentável. As alterações climáticas contribuirão para aumentar a pressão
sobre os recursos hídricos já sentida em massas de água sobretudo do sul da Europa, mas também, e cada vez mais,
noutras partes do continente. A aplicação da atual legislação no domínio da água e a elaboração de nova legislação,
como as recentes propostas de reutilização da água potável, ajudarão a dar resposta a estes desafios. A avaliação/balanço
de qualidade em curso de uma parte substancial da legislação da UE no domínio da água contribuirá para determinar se
o quadro legislativo precisa de ser adaptado em nome da plena consecução dos ODS relevantes.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Mudanças comportamentais, participação social e política participativa, pressão da sociedade no sentido de sistemas
alimentares e cadeias de produção sustentáveis, responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das
empresas, financiamento sustentável, parcerias público-privadas, digitalização, obtenção de dados de melhor qualidade
mediante a utilização de instrumentos de observação da Terra, como a componente global do serviço de monitorização do
meio terrestre Copernicus da UE, aumento da reutilização da água, inteligência artificial e novas tecnologias, investigação
e inovação, Internet das coisas, economia circular, multilateralismo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Pobreza e desigualdade de oportunidades, alterações climáticas, poluição difusa proveniente da agricultura, urbanização,
poluentes orgânicos, resíduos de produtos farmacêuticos, resíduos de plástico, produção industrial, descargas domésticas,
instabilidade geopolítica e ameaças à segurança, preço da água e respetiva acessibilidade.

84
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

A investigação e a inovação europeias no domínio da água promovem soluções para


os desafios no setor da água. A Parceria para a Investigação e a Inovação na Região
Ao nível da UE
Mediterrânica (PRIMA), uma iniciativa de 494 milhões de EUR, incide sobre
a escassez de água, a agricultura e a segurança alimentar na região do Mediterrâneo.

Ao nível dos Em Chipre, a água reciclada é uma fonte estável e crescente utilizada, nomeadamente,
Estados- para a irrigação e a proteção contra a seca. Com a ajuda de fundos europeus, estão
-Membros já em curso dois projetos: o sistema de reutilização da água de Anthoupolis Scheme
e o sistema de reutilização da água de Larnaca.

Na Baixa Silésia (Polónia) está em construção o reservatório de proteção contra


A nível inundações Racibórz Dolny. Este programa abrangente de proteção contra
regional/local as inundações tem por objetivo proteger contra as inundações do rio Óder,
restabelecendo a retenção natural das inundações do vale deste rio e a sua planície
aluvial natural.

Por toda a Europa há estações de tratamento de águas residuais que começam


a utilizar a energia e outros recursos contidos nos resíduos para reduzir o seu
A nível consumo e inclusive atuar como produtoras de energia. Um exemplo ilustrativo
empresarial é uma estação de tratamento de água de Aarhus, na localidade de Marselisborg
(Dinamarca), que produz mais de 150 % da energia de que necessita para funcionar,
investindo em tecnologia mais eficiente.

Malta incentiva a participação das comunidades locais na melhoria da gestão da


água e do saneamento. O ciclo de planeamento das bacias hidrográficas garante
A nível da
um elevado nível de participação das comunidades e das partes interessadas, visto
sociedade civil
que as decisões sobre certas medidas implicam um equilíbrio entre os interesses dos
diferentes grupos.

85
Garantir o acesso a fontes de energia fiáveis,
sustentáveis e modernas para todos

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
Os objetivos climáticos e energéticos da UE para 2020 colocaram a União na via certa para garantir uma energia segura,
abordável e limpa para todos os europeus. Já se alcançaram progressos sólidos no aumento da utilização de fontes de
energia renováveis e de uma maior eficiência energética, sendo que a UE está a avançar em frente na transição para
energias limpas. A transição da UE de uma economia assente em combustíveis fósseis para uma economia hipocarbónica
com um sistema de energia digital centrado no consumidor está a tornar-se a nova realidade no terreno. Prosseguiu
a dissociação das emissões de gases com efeito de estufa em relação ao produto interno bruto, motivada sobretudo pela
inovação. O crescimento económico e o consumo de energia foram igualmente dissociados. As alterações mundiais
a nível da produção e da procura de energia têm impacto significativo na geopolítica e na competitividade industrial.
Esta situação coloca sérios desafios à Europa, mas também cria oportunidades únicas. Neste contexto, a UE pretende
intensificar o seu papel de líder mundial na transição para energias limpas, proporcionando simultaneamente segurança
energética a todos os seus cidadãos. Mediante a União da Energia, a União Europeia pretende fornecer energia limpa,
sustentável e a preços acessíveis para os cidadãos e as empresas da UE. Na vertente externa, o Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento incide na melhoria do acesso a serviços energéticos modernos, fiáveis, economicamente acessíveis
e sustentáveis, no aumento da implantação de energias renováveis e de medidas de eficiência energética e no contributo
para a luta contra as alterações climáticas. A UE é pioneira na captação de investimentos privados para o setor da energia
sustentável com os seus instrumentos mistos, o Plano de Investimento Externo da UE e a iniciativa de financiamento
à eletrificação. As políticas de alargamento e de vizinhança também dão um contributo neste domínio.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ As tendências na Europa apontam para uma dissociação do crescimento económico em relação aos influxos de
energia e às respetivas emissões de gases com efeito de estufa. Entre 1990 e 2017, as emissões de gases com efeito
de estufa diminuíram 22 %, enquanto o PIB aumentou 58 %. Tanto a produtividade energética como a intensidade
de gases com efeito de estufa no consumo energético melhoraram quase continuamente desde 2000 na UE.
▪▪ A UE pretende atingir a sua meta de eficiência energética de 20 % para 2020. Entre 2005 e 2016, o consumo de
energia primária da UE caiu 9,9 % e o seu consumo de energia final caiu 7,1 %.
▪▪ A UE está no bom caminho para cumprir o seu objetivo de 20 % do consumo final de energia proveniente de
fontes de energia renováveis até 2020. A utilização de energias renováveis aumentou continuamente na UE ao
longo da última década, passando de 9,0 % para 17 % do consumo final bruto de energia entre 2005 e 2016. Os
principais fatores que contribuíram para este aumento foram um quadro regulamentar previsível a nível da UE,
tecnologias mais eficientes, a diminuição dos custos associados às fontes de energia renováveis e um apoio mais
orientado para o mercado.
▪▪ A UE continua a depender da importação de combustíveis de países terceiros para satisfazer as suas necessidades
energéticas. Situando-se a um nível de 53,6 %, a dependência da UE destas importações permaneceu quase
constante entre 2006 e 2016, enquanto a produção de energia diminuiu 14 % durante o mesmo período. Ainda
neste período, observou-se uma redução consistente do consumo de energia primária de cerca de 10 %.
▪▪ A UE registou progressos em matéria de melhoria do acesso a energia a preços comportáveis. Nos últimos anos,
a incapacidade de manter a casa adequadamente quente tornou-se menos frequente. Em 2017, 8,1 % da população
da UE acusou falta de acesso a energia a preços acessíveis – menos 2,8 pontos percentuais do que em 2007.

86
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 26 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 80 em 100
para o ODS 7. Sete Estados-Membros da UE estão entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A UE continuará a progredir no sentido de uma energia para todos fiável, sustentável, moderna e a preços acessíveis, com
base no ambicioso quadro regulamentar acordado a nível da UE. Em 2030, os principais objetivos da UE traduzem-se
em pelo menos 40 % de redução das emissões de gases com efeito de estufa, pelo menos 32 % da energia da UE obtida
a partir de energias renováveis e um aumento da eficiência energética de, pelo menos, 32,5 %. Estes objetivos lançam as
bases necessárias para uma profunda transformação da sociedade, levando a um futuro de energia limpa e sustentável.
O Mecanismo Interligar a Europa continuará a apoiar o desenvolvimento das infraestruturas energéticas. No âmbito
do novo Programa-Quadro Horizonte Europa, foi proposto um intenso programa de investigação e inovação, com um
orçamento de 15 mil milhões de EUR para a energia, a mobilidade e o clima. Globalmente, para o quadro financeiro
plurianual para 2021-2027, o objetivo de integração das considerações climáticas proposto de 25 % significaria que
um em cada quatro euros seria gasto em questões relacionadas com o clima, também relevantes para o setor da energia.
É necessária uma mobilização contínua para garantir a realização da União da Energia, incluindo um diálogo ativo com
a sociedade civil e as partes interessadas, uma vez que o seu contributo e empenho são a chave para o êxito da transição
energética.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Mudança de comportamentos, consumidores informados, protegidos e capacitados, a participação social e política
participativa, políticas de antecipação para uma transição justa, responsabilidade social das empresas/comportamento
responsável das empresas, novas oportunidades de negócio, financiamento colaborativo e outras formas de financiamento
inovador, financiamento sustentável, parcerias público-privadas, tributação dos recursos, Internet das coisas, educação,
digitalização, inteligência artificial e novas tecnologias, investigação e inovação, economia hipocarbónica circular,
mobilidade com emissões baixas e nulas, sociedades resilientes, multilateralismo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Aumento do consumo de eletricidade provocado pela digitalização, volatilidade dos preços da energia, dependência
contínua e subvenção dos combustíveis fósseis, falta de mudança de comportamento, abrandamento na execução das
políticas, baixo investimento público e privado, fosso digital, alterações climáticas, instabilidade geopolítica e ameaças
à segurança, transição mais dispendiosa em termos relativos para as pessoas de rendimentos médios e mais baixos.

87
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

Em maio de 2017, visando imprimir um novo ímpeto à Parceria África-UE,


A UE a nível a UE propôs a Estratégia Dinamizar África. A UE comprometeu-se a estimular os
internacional investimentos públicos e privados no domínio da energia sustentável em África,
em particular no contexto do Plano de Investimento Externo, e a aprofundar as
alianças e a colaboração estratégicas.

A criação de uma União Europeia da Energia tornou-se uma prioridade central


da Comissão. Adotaram-se iniciativas para esse efeito, nomeadamente, o pacote
Energias Limpas para Todos os Europeus, de 2016, que conduzirá a um sistema
Ao nível da UE energético mais competitivo, moderno e limpo, articulado em torno de três
objetivos principais: dar prioridade à eficiência energética, alcançar uma posição
de liderança mundial em energias renováveis e proporcionar condições equitativas
para os consumidores.

Em 2013, mais de 40 organizações nos Países Baixos (governos locais e nacionais,


Ao nível dos empresas, sindicatos e organizações ambientais) assinaram um acordo em matéria
Estados- de energia para o crescimento sustentável, com vista a aumentar a quota das energias
-Membros renováveis de 5,8 % em 2015 para 16 % em 2023. Fixa metas para uma transição
para veículos com taxas nulas de emissões: até 2035, todos os automóveis novos
vendidos deverão ser sem emissões e, em 2050, todos os automóveis em circulação
terão de ser sem emissões.

Budapeste é membro do Pacto de Autarcas, uma iniciativa financiada pela UE


que reúne regiões e municípios empenhados em aplicar os objetivos climáticos
e energéticos da UE. Desde 2011, uma das termas mais célebres desta cidade – os
A nível banhos termais de Szechenyi –, o jardim zoológico, situado nas imediações, e a
regional/local empresa de aquecimento urbano local criaram uma parceria que permite baixar
as emissões de carbono e reduzir a fatura de energia. O calor das águas termais de
Szechenyi é reciclado para o jardim zoológico de Budapeste, fornecendo ar quente
a cerca de 350 espécies animais e a quase 500 espécies vegetais repartidas por cerca
de 26 edifícios.

A empresa de energia Fortum Jelgava, fundada em 2008 em Jelgava (Letónia),


reestruturou a rede de calor da cidade, substituindo estação de caldeira a gás por
A nível
uma nova estação de cogeração de biomassa que utiliza aparas de madeira. O sistema
empresarial
de aquecimento urbano da cidade mudou na sua quase totalidade de combustíveis
fósseis para o recurso renovável de madeira de origem local.

As comunidades de energias renováveis são entidades que permitem aos cidadãos


e/ou às autoridades locais possuir ou participar na produção e/ou utilização de
energia proveniente de fontes renováveis. Contando com mais de 2500 iniciativas
A nível da
à escala da UE, estão a ser fundamentais para a transição energética na Europa.
sociedade civil
A implantação e apropriação local desse tipo de iniciativas faz aumentar a aceitação
social de projetos no domínio das energias renováveis, em particular a energia eólica.
Permitem igualmente baixar os custos, disponibilizando os sítios mais adequados.

88
Promover o crescimento económico sustentado,
inclusivo e sustentável, o emprego pleno
e produtivo e o trabalho digno para todos

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
A recuperação da Europa após a crise económica favoreceu o aumento constante do emprego. O investimento já quase
retomou o nível anterior à crise e as finanças públicas estão a melhorar, embora a recuperação enfrente riscos de revisão
em baixa. A retoma não está, no entanto, a beneficiar todos os cidadãos e Estados-Membros da mesma maneira, sendo
que o desemprego, em particular, permanece elevado em alguns países. As tendências de investimento e produtividade
sugerem que é possível fazer mais para fomentar a recuperação e a transição para um crescimento económico mais
sustentável no contexto dos desafios mundiais a longo prazo associados à evolução demográfica e à digitalização. Para além
de perseverar no sentido de alcançar a sustentabilidade das finanças públicas a longo prazo, a UE continua a promover
o investimento, especialmente nos domínios da educação, das competências e da I&D, e as reformas estruturais para
aumentar a eficácia do ambiente empresarial e dos mercados de produtos e de trabalho. O Plano de Investimento
para a Europa é decisivo para atrair investimento privado em setores estratégicos da economia europeia. As reformas
estruturais destinadas a melhorar os mercados de trabalho e as políticas sociais deverão ajudar os trabalhadores a adquirir
as competências requeridas pela transição para uma economia verde e promover um melhor acesso e igualdade de
oportunidades no mercado de trabalho, condições de trabalho justas, bem como sistemas de proteção social adequados
e sustentáveis. Deverão igualmente contribuir para aumentar a produtividade do fator trabalho e, por conseguinte,
o crescimento dos salários. A participação dos parceiros sociais na conceção e aplicação das reformas pode melhorar a sua
apropriação, impacto e resultados. A nível internacional, a UE aposta no crescimento inclusivo e sustentável, na criação
de emprego digno e na promoção dos direitos laborais e humanos. Exemplos de ações externas neste campo incluem
o Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento, o plano de investimento externo da UE, o Plano de Ação da UE para os
Direitos Humanos e a Democracia 2015-2019 e a ação da UE através das suas políticas de alargamento e de vizinhança.
A política comercial da UE promove o respeito das normas laborais internacionais fundamentais e dos direitos humanos.
A promoção de práticas empresariais responsáveis com base em orientações internacionais está consagrada em várias
políticas da UE, incluindo a política comercial.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ Os europeus têm, em média, um nível de vida mais elevado do que há duas décadas. No período de 2002-2017,
o PIB real per capita cresceu, em média, 1,1 % por ano. Recentemente, a economia da UE registou o ritmo de
crescimento mais elevado desde o espoletar da crise de 2008, com um aumento do PIB real para 2,2 % em 2017.
▪▪ A participação total dos investimentos no PIB na UE foi de 20,8 % em 2017, após uma queda acentuada durante
a crise económica e financeira. O investimento cresceu, em média, 1,0 % por ano desde 2013. Espera-se que
o Plano de Investimento para a Europa crie 1,4 milhões de postos de trabalho e produza um aumento de 1,3% no
PIB da UE até 2020.
▪▪ A produtividade do trabalho acelerou ligeiramente, mas o seu crescimento permanece inferior às tendências antes
da recessão.
▪▪ A participação no mercado de trabalho continua a aumentar de forma estável, a taxa de atividade atingindo os
73,4 % em 2017. Este aumento foi impulsionado sobretudo pelos trabalhadores mais velhos e pelas mulheres.
O emprego total atingiu um número recorde de 239 milhões de trabalhadores. O trabalho a tempo inteiro está
a aumentar, correspondendo a mais 2,3 milhões de postos de trabalho, enquanto o número de trabalhadores
a tempo parcial permaneceu estável. Em 2015, o emprego no setor dos bens e serviços ambientais tinha, por si
só, aumentado 47,3 % desde 2000. O desemprego de longa duração continua a diminuir, mas ainda representa
pouco menos de metade do desemprego total. O desemprego jovem, que atingiu um pico de 23,8 % em 2013,
baixou para 16,8 % em 2017. Em 2017, 7,7 % dos trabalhadores europeus trabalhavam involuntariamente com

89
contratos a prazo, correspondendo a 57,7 % de todos os trabalhadores temporários, uma percentagem que
tem vindo a aumentar ligeiramente ao longo da última década. A proporção de trabalhadores a tempo parcial
involuntário na UE, algo que afeta principalmente as mulheres, em percentagem do trabalho a tempo parcial total
aumentou de 25,6 % em 2008 para um pico de 29,6 % em 2014, após o que diminuiu para 26,4 % em 2017.
▪▪ No que diz respeito aos trabalhadores pobres, 9,6 % dos que estavam empregados também estavam em risco de
pobreza em 2017. Esta situação estabilizou nos últimos quatro anos, embora a um nível mais elevado do que em
2008 (8,5 %).

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 17 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação igual ou superior a 80
em 100 para o ODS 8. Nove Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A UE terá de garantir elevadas taxas globais de emprego através da criação de empregos de qualidade ao serviço da
transição para a sustentabilidade, em particular para as mulheres, os jovens, os idosos, as pessoas com deficiência, os
migrantes e as comunidades marginalizadas. Tal contribuiria para garantir a adequação e a sustentabilidade do modelo
de bem-estar social europeu num contexto de envelhecimento da população e de crescimento lento da produtividade.
Embora os investimentos na economia europeia continuem a aumentar, necessitam de apoio sustentado para superar
eventuais estrangulamentos. O declínio da população e o enfraquecimento do poder económico da UE influenciarão
a sua posição na ordem económica mundial. A digitalização e a demografia terão implicações tanto para o crescimento
futuro como para a evolução do mercado de trabalho. Tal exige um enfoque reforçado nas vantagens comparativas da UE
ligadas à educação de qualidade e mais investimento na investigação e na inovação na ótica de promover a inclusão social
e a sustentabilidade ambiental. A transição para uma economia circular prosseguirá, assim como prosseguirão as ações
destinadas a erradicar o trabalho forçado e o tráfico de seres humanos.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Melhoria de competências e reconversão profissional, investigação e inovação, participação social e política participativa,
pressão da sociedade no sentido de cadeias de produção sustentável, inteligência artificial, novas tecnologias,
responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas, financiamento sustentável, parcerias
público-privadas, economia hipocarbónica, circular e colaborativa, economia social e desenvolvimento de ecossistemas
de economia social, enfoque em sociedades resilientes, multilateralismo, comércio aberto e justo, investigação e inovação.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Crescimento lento da produtividade, inadequação das competências, difusão lenta das novas tecnologias digitais e do
impacto das transformações tecnológicas nos trabalhadores e em setores específicos, desigualdades sociais, disparidades
regionais e territoriais, impacto das alterações demográficas e o papel das migrações e das deslocações forçadas, degradação
ambiental e alterações climáticas, instabilidade geopolítica e ameaças à segurança, regresso ao protecionismo económico
a nível mundial, dificuldade de medir a produtividade em economias cada vez mais incorpóreas, segmentação do mercado
de trabalho e precariedade do emprego, fosso digital, proteção de dados, equilíbrio entre vida profissional e familiar.

90
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

O Plano de Investimento para a Europa, também conhecido como Plano Juncker,


está a ter um êxito considerável no reforço do clima de investimento. Em julho de
2018, o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE) atingiu a sua meta
inicial de investimento de 315 mil milhões de EUR. Em dezembro de 2018, tinha
mobilizado 371 mil milhões de EUR de investimentos adicionais em toda a UE
desde 2015. Já apoiou a criação de mais de 750 000 postos de trabalho, um valor que
Ao nível da UE
deverá aumentar para 1,4 milhões até 2020. Mais de 850 000 pequenas e médias
empresas (PME) estão a beneficiar da melhoria do acesso ao financiamento. Pelo
menos 40 % do financiamento do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos
ao abrigo da vertente Infraestruturas e Inovação destina-se a apoiar componentes
de projetos que contribuam para a ação climática, em consonância com o Acordo
de Paris sobre ação climática.

Em 2017, a República Checa introduziu mais flexibilidade em termos de:


Ao nível dos programação e direitos em matéria de horas de trabalho e de licenças; reforço do
Estados- processo de negociação coletiva; alterações em matéria de direito dos contratos;
-Membros alterações no regime de despedimentos coletivos; alterações nas disposições
relacionadas com o teletrabalho; reforço dos mecanismos de conciliação como
o «trabalho em casa».

A cidade de Gand (Bélgica) utiliza regularmente o Fundo Social Europeu para


apoiar a integração dos ciganos nos mercados de trabalho. O seu projeto «Labour
A nível
Team IEM» (2015-2017), por exemplo, proporcionou aos ciganos uma orientação
regional/local
mais personalizada. Tinha por principal objetivo ajudar pelo menos 190 migrantes
intraeuropeus, maioritariamente de origem cigana, a entrar no mercado de trabalho.
O projeto prossegue em 2018-2019 e conta com o apoio do Fundo Social Europeu.

O Banco Europeu de Investimento forneceu um empréstimo de 7,5 milhões de


euros (apoiado pelo Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos) à Greenfiber
A nível International S.A., para financiar um projeto de reciclagem e de economia circular
empresarial na Roménia. O projeto contribuirá para a criação de 280 postos de trabalho
a tempo inteiro e permitirá um aumento da quantidade de resíduos recolhidos
e tratados superior a 50 000 toneladas por ano.

Em 2014, criou-se uma coligação nacional de organizações de cúpula da sociedade


civil em Portugal com o objetivo de preparar uma posição comum sobre a Agenda
2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. As coligações
A nível da
organizaram processos de consulta nacionais, questionários em linha e seminários
sociedade civil
locais para debater expectativas sobre a Agenda 2030 das Nações Unidas para
o Desenvolvimento Sustentável, nomeadamente as relacionadas com a realização
do ODS 8.

91
Construir infraestruturas resilientes,
promover a industrialização inclusiva
e sustentável e fomentar a inovação

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
A disponibilidade de infraestruturas de elevado desempenho nos setores dos transportes, da energia e digital é essencial
para uma UE bem conectada e integrada, onde os cidadãos e as empresas possam beneficiar plenamente da livre
circulação e do mercado único, bem como de infraestruturas sociais adequadas. É também por esse motivo que as
redes transeuropeias de transportes, energia e do setor digital abordam de forma integrada a necessidade de dispor de
infraestruturas resilientes, sustentáveis, inovadoras e sem descontinuidades. Os investimentos em infraestruturas espaciais
constituem igualmente uma preocupação estratégica. A indústria europeia é forte e tem mantido uma posição de
liderança em muitos setores nos mercados mundiais. A UE facilita a transição para uma indústria inteligente, inovadora
e sustentável que traga benefícios para todos os cidadãos. Enquanto o PIB da UE está a crescer, as emissões de gases com
efeito de estufa estão a diminuir, o que sugere uma dissociação entre estes dois elementos. As políticas europeias estão
orientadas para habilitar a indústria a exercer a sua atividade de forma responsável e sustentável, criar emprego, dinamizar
a competitividade da Europa, estimular o investimento e a inovação em energias limpas e tecnologias digitais e defender
as regiões e os trabalhadores da Europa mais afetados pelas transformações da indústria. A ênfase da UE no investimento
na investigação e inovação, bem como na transformação digital, ajuda-nos a competir a nível mundial através da criação
de mais emprego e oportunidades de negócio. A UE é o mercado de investigação e inovação mais aberto do mundo,
mas impõem-se melhorias em termos de expansão e difusão, sendo que as inovações nem sempre se traduzem em
novas oportunidades de mercado e crescimento. É preciso aumentar o investimento do setor empresarial no domínio
da investigação e da inovação, uma vez que atualmente corresponde a uns meros 1,3 % do PIB, ficando atrás da China
(1,6 %), dos Estados Unidos (2 %) e do Japão (2,6 %). A transformação digital é um importante elemento viabilizador da
transição para uma sociedade e economia circulares e hipocarbónicas. A nível internacional, o Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento apoia a conceção, construção e funcionamento de infraestruturas respeitadoras do clima, resilientes
e de elevada qualidade, a fim de promover um acesso equitativo e a preços acessíveis para todos, crescimento, comércio
e investimento. As políticas comerciais, de alargamento e de vizinhança da UE também contribuem neste domínio.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A indústria transformadora representa dois terços das exportações da UE, proporciona emprego a 36 milhões de
pessoas – um em cada cinco postos de trabalho na Europa – e contribui para os elevados níveis de vida dos cidadãos
europeus.
▪▪ Em termos de processos industriais e utilização de produtos, as emissões de gases com efeito de estufa diminuíram
mais de 17 % no período de 2000-2016. Além disso, esta melhoria é confirmada pela redução do consumo de
energia de 17 % na indústria nesse mesmo período.
▪▪ Investimento em I&D: a Europa é responsável por 20 % do investimento global em I&D, produz um terço de todas
as publicações científicas de alta qualidade e detém uma posição de liderança mundial em setores industriais como
o dos produtos farmacêuticos, produtos químicos, a engenharia mecânica e a moda. Os dois maiores investidores
no domínio da investigação e desenvolvimento são o setor empresarial (65 %) e o setor do ensino superior (23 %),
enquanto o setor público detinha uma quota de 11 % em 2016.
▪▪ Os pedidos de patente na UE aumentaram consideravelmente antes da crise económica, tendo estagnado desde
então.
▪▪ Responsabilidade social das empresas: 77 % das empresas da UE incluem a responsabilidade social das empresas
na elaboração dos seus relatórios, sendo muitas delas líderes na integração de atividades de responsabilidade social
das empresas/comportamento responsável das empresas com os ODS.

92
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 10 Estados-Membros da UE têm uma pontuação superior a 73 em 100
para o ODS 9, havendo disparidades consideráveis entre os Estados-Membros. Dez Estados-Membros da UE encontram-
se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A Europa está a liderar o caminho para uma indústria mais sustentável e inclusiva. Aumentará o ritmo das transformações
económicas, societais e ambientais, bem como das descobertas tecnológicas em domínios como a robótica, a Internet das
Coisas, a inteligência artificial e os sistemas energéticos. A automatização, que se tornou possível graças às tecnologias
da informação, transformará os processos de fabrico tradicionais e a natureza do trabalho. A indústria está cada vez mais
integrada em cadeias de valor à escala mundial com fortes componentes de serviços. Os modelos de negócio emergentes
porão em causa os mercados tradicionais. A própria inovação e criação de valor estão a passar por profundas transformações,
impulsionadas por uma nova geração de consumidores que esperam a cocriação de valor, o comportamento sustentável
das empresas, a conectividade e a medição do desempenho em tempo real. Os dados tornaram-se no novo fator de
competitividade. A procura de matérias-primas continuará a aumentar. Num contexto em que a escassez de recursos
naturais e as alterações climáticas se tornam uma realidade cada vez mais tangível, a procura de produtos sustentáveis,
o consumo circular e as emissões baixas ou nulas aumentarão de forma exponencial, sendo necessárias ecoinovações.
A Europa intensificará os seus investimentos em investigação e inovação e em infraestruturas resilientes, nomeadamente
através do Horizonte Europa, o próximo Programa-Quadro de Investigação e Inovação da UE.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Participação social e política participativa, inteligência artificial, Internet das coisas, plena digitalização, economia
circular e colaborativa com emissões nulas, enfoque na resiliência das sociedades, responsabilidade social das empresas/
comportamento responsável das empresas, extração mineira e de matérias-primas responsável e sustentável, financiamento
sustentável, parcerias público-privadas, financiamento colaborativo e educação, multilateralismo, comércio aberto e justo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Baixo investimento do setor público e privado, também no domínio da investigação e inovação, cadeias de valor em
mutação, inadequação de competências, variações a nível da procura mundial, instabilidade geopolítica e ameaças
à segurança, desigualdades sociais, envelhecimento da sociedade, alterações climáticas e riscos ambientais associados
à procura crescente de recursos naturais, clivagem entre zonas urbanas e rurais.

93
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

Graças à sua maior precisão e fiabilidade, os programas europeus de navegação


por satélite Galileo e EGNOS oferecem uma maior precisão das informações de
A UE a nível localização e cronometria, com importantes implicações positivas para muitos
internacional serviços e produtos europeus que as pessoas utilizam diariamente, desde o dispositivo
de navegação no automóvel ao telemóvel, bem como serviços essenciais de resposta
a emergências. O Grupo de Observação da Terra promove aplicações de observações
ambientais em prol dos ODS e do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

As redes transeuropeias dão resposta à necessidade de infraestruturas resilientes,


inovadoras e sem descontinuidades nos setores digital, dos transportes e da energia.
Têm por objetivo proporcionar conectividade a todas as regiões da UE e desse
Ao nível da UE modo contribuir para a «inclusão» dos cidadãos em todas as regiões da Europa. As
infraestruturas são construídas e adaptadas de forma a assegurar a sua resistência
a riscos associados às alterações climáticas, promovendo simultaneamente a inclusão,
a inovação e a criação de emprego.

A Suécia é líder da inovação na UE, com um elevado investimento público e privado


Ao nível dos no domínio da investigação e desenvolvimento, um elevado número de pedidos de
Estados- registo de patentes, PME inovadoras e uma elevada percentagem de emprego em
-Membros atividades com utilização intensiva de conhecimento. Além disso, o investimento
na indústria transformadora cresceu mais rapidamente do que a média da UE,
sendo a eficiência energética da produção industrial muito alta.

A plataforma temática de especialização inteligente para a modernização industrial


A nível oferece às autoridades de gestão regionais com prioridades semelhantes em
regional/local matéria de especialização inteligente oportunidades de cooperação com base nas
competências mútuas e na partilha de infraestruturas, permitindo expandir com
vista a um maior impacto e desenvolver projetos de investimento conjunto.

O Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos ajudou uma empresa


estónia a produzir um dispositivo de armazenamento de energia designado de
A nível ultracondensador, o qual é cem vezes mais potente do que uma bateria vulgar
empresarial e pode suportar um milhão de ciclos de recarga. A empresa reuniu 15 milhões de
EUR para a construção de uma unidade fabril na Alemanha com capacidade para
produzir milhões destes novos ultracondensadores por ano.

94
Reduzir as desigualdades no interior dos países e entre países

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
À semelhança da pobreza, a desigualdade é um conceito pluridimensional. Abrange as desigualdades tanto em termos
de resultados como de oportunidades, como a desigualdade de rendimentos, a desigualdade de acesso à proteção social,
assim como a transmissão intergeracional das desigualdades. A desigualdade de oportunidades é um importante fator
da desigualdade de rendimentos. A UE tem vindo a assistir a uma convergência de rendimentos e o nível de vida está
a recuperar da crise na maioria dos Estados-Membros. No entanto, à medida que as economias europeias estão a recuperar
a sua força, têm vindo a crescer preocupações em relação à inclusividade do crescimento económico. No seu conjunto,
a desigualdade de rendimentos na UE estabilizou nos últimos anos, embora se mantenha a um nível que constitui um
desafio. Os grupos marginalizados e vulneráveis, como as pessoas com deficiência, os migrantes e as minorias étnicas
(incluindo os ciganos), os sem-abrigo, os idosos isolados e as crianças são vítimas de formas particulares de desigualdade.
A sua inclusão socioeconómica continua a ser inadequada. A desigualdade pode prejudicar o crescimento económico,
a estabilidade macroeconómica e pode, potencialmente, comprometer a coesão social. Globalmente, a persistência de
elevados níveis de desigualdade nos países parceiros da UE constitui uma ameaça aos progressos na consecução dos ODS.
A desigualdade global pode igualmente conduzir a um aumento da migração para a UE. Perante os recentes desafios
no domínio da migração, a Comissão trabalhou no sentido de lhes dar uma resposta imediata e construir um sistema
sustentável para o futuro apto a resistir a crises. A gestão sustentável dos fluxos migratórios é essencial. A ação externa
da UE, incluindo a sua política externa e de segurança, a política de desenvolvimento, as políticas de alargamento e de
vizinhança, a política comercial e de investimento da UE, contribui para combater as causas da desigualdade fora da
Europa. Por exemplo, o Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento promove o princípio de não deixar ninguém para
trás e compromete-se a tomar medidas para reduzir a desigualdade de resultados e promover a igualdade de oportunidades
para todos.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ Rendimento disponível: As disparidades económicas entre os países da UE têm vindo a diminuir ao longo do
tempo. O rendimento disponível bruto real per capita dos agregados familiares em valor ajustado aumentou na
grande maioria dos Estados-Membros. Em 2017, era em média 4,4 % superior ao nível anterior à crise, em 2008.
Houve alguma convergência de rendimentos entre os Estados-Membros, uma vez que o rendimento disponível
nos Estados-Membros com rendimentos mais baixos, como a Roménia, a Bulgária e a Polónia, cresceu mais
rapidamente do que a média da UE.
▪▪ Desigualdade de rendimentos: Em 2017, na UE no seu conjunto, os agregados que compunham a categoria dos
20% mais ricos auferiam em média rendimentos 5,1 vezes superiores aos dos 20% mais pobres, valor que se mantém
ainda acima dos níveis anteriores à crise (4,9 em 2009). No entanto, este rácio diminuiu em relação a 2016 (5,2),
o que aponta para algumas perspetivas de melhoria no plano da redução das desigualdades de rendimentos nos
Estados-Membros. Analisando a proporção do rendimento dos 40 % mais desfavorecidos da população, também
se observam tendências de estabilização no tocante à desigualdade de rendimentos dentro dos Estados-Membros.
Esta proporção situava-se nos 21,2 % em 2008 e em 2012, diminuiu ligeiramente para 20,9 % em 2016 e tornou
a aumentar para 21,2 % em 2017.
▪▪ Desigualdade de oportunidades: Uma característica importante da desigualdade de oportunidades é o impacto
da categoria socioeconómica dos progenitores no aproveitamento escolar dos filhos. De acordo com o teste de
2015 do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), 33,8 % dos alunos da UE provenientes dos meios
socioeconómicos mais desfavorecidos eram alunos com fraco aproveitamento em ciências, em comparação com
apenas 7,6 % dos seus pares mais privilegiados. Havia grandes disparidades entre os Estados-Membros.

95
▪▪ Ajuda ao desenvolvimento: A UE continua a ser o maior doador mundial, prestando mais de metade de toda
a ajuda ao desenvolvimento à escala global, contribuindo assim também para reduzir as desigualdades em todo
o mundo. O financiamento total da UE para os países em desenvolvimento, incluindo os fluxos do setor público
e privado, mais do que duplicou desde 2001, o que representa uma taxa média de crescimento anual de 6,4 %.

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 13 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação igual ou superior a 80
em 100 para o ODS 10. Onze Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A UE e os Estados-Membros trabalharão no sentido de assegurar um crescimento inclusivo e sustentável na UE, uma
condição necessária para reduzir as desigualdades. Procurarão conjugar uma proteção social e serviços de apoio eficientes,
eficazes e adequados com uma boa educação que proporcione igualdade de oportunidades para todos, bem como com
mercados de trabalho funcionais, assentes em políticas eficazes do mercado de trabalho. Tal não só permitirá reduzir
as desigualdades entre os Estados-Membros, mas também reduzir significativamente as desigualdades no interior dos
Estados-Membros. Importará gerir bem os avanços tecnológicos, com destaque para o recurso à inteligência artificial,
a fim de evitar a formação de uma clivagem digital. No atinente às tendências migratórias, é evidente que nenhum país
da UE pode nem deve ter de enfrentar sozinho pressões migratórias de enorme envergadura. A UE continuar a reduzir
os incentivos à migração irregular, a salvar vidas e a proteger as fronteiras externas, aplicando uma política comum sólida
em matéria de asilo e políticas em matéria de migração legal, contribuindo ao mesmo tempo para uma integração eficaz
dos migrantes legais e dos refugiados nos mercados de trabalho da UE e na sociedade. A ação externa da UE continuará
a lutar contra a desigualdade fora da Europa.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Participação social e política participativa, responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas,
segurança social (por exemplo, tributação e sistemas de proteção social e de inclusão social, políticas do mercado de
trabalho, políticas de habitação, cuidados de saúde, acolhimento de crianças, nível de habilitações, nível de competências
e aprendizagem ao longo da vida), transportes e acessibilidade digital, luta contra a dimensão espacial das desigualdades,
luta contra a fraude e a corrupção, financiamento sustentável, multilateralismo, comércio aberto e justo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Desigualdade de oportunidades, envelhecimento das sociedades, alteração da composição do agregado familiar (por
exemplo, agregados com uma só pessoa), lacunas em matéria de segurança social, alterações climáticas e degradação do
ambiente, instabilidade geopolítica e ameaças à segurança, regresso do protecionismo económico a nível mundial.

96
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

O Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento promove o princípio de não deixar


ninguém para trás e compromete-se a tomar medidas para reduzir a desigualdade
de resultados e promover a igualdade de oportunidades para todos. A política
A UE a nível comercial e de investimento da UE visa maximizar o potencial das preferências
internacional comerciais, dos acordos comerciais e dos acordos de investimento visando a criação
de emprego, níveis elevados de proteção laboral e geração de investimentos em
países parceiros, nomeadamente nos países em desenvolvimento, contribuindo
assim para a redução das desigualdades.

Muitos dos vinte princípios do Pilar Europeu dos Direitos Sociais preconizam
a igualdade de oportunidades para todos, a equidade e a inclusão no mercado
de trabalho e na sociedade. O pilar é acompanhado de um painel de indicadores
sociais para acompanhar as tendências e os desempenhos em toda a UE. O Semestre
Ao nível da UE
Europeu é um mecanismo fundamental de aplicação do pilar cujo reforço pôs
a tónica na justiça social, nas desigualdades e num crescimento mais inclusivo.
A política de coesão da UE promove a inclusão social, lutando em simultâneo
contra a pobreza e a discriminação.

O sistema fiscal e de segurança social de Chipre tornou-se mais eficaz no combate


Ao nível dos à desigualdade de rendimentos. Os seus efeitos redistributivos praticamente
Estados- duplicaram desde a crise (durante o período de 2009-2016). Por exemplo, Chipre
-Membros introduziu em 2014 um regime de rendimento mínimo garantido que também
contribui para incentivar o trabalho. O regime parece ter um forte impacto positivo
na redução da pobreza e das desigualdades e contribuiu para reforçar a rede de
segurança social.

O projeto-piloto «Prioridade ao alojamento para as famílias», gerido pelo


município de Brno (República Checa), dá conta do papel de liderança assumido
por este município, em conjunto com parceiros locais, na abordagem do problema
A nível
dos sem-abrigo. Este projeto de gestão municipal prevê um programa intensivo
regional/local
de alojamento prioritário para cinquenta famílias ciganas e não ciganas, para além
de providenciar abrigos e de combater a condição de sem-abrigo nas suas várias
formas. Com base no projeto-piloto, o município de Brno adotou um plano de
ação para 2018-2025 destinado a pôr cobro à situação das famílias sem-abrigo.

A empresa La Bolsa Social é a primeira plataforma de capitais próprios de impacto


colaborativo em Espanha para os investidores e as empresas empenhados em
produzir um impacto social positivo. A empresa estabelece a ligação entre os
A nível investidores com impacto social e as empresas para promover os ODS. La Bolsa
empresarial Social financiou dez empresas com impacto social e ambiental no montante de
1,8 milhões de EUR. Cinco delas centraram-se especificamente nas pessoas com
deficiência, providenciando-lhes acesso a informação, à vida social e ao espaço
público.

O projeto sueco «Pão em Bergslagen» incluiu a organização de cursos de cozedura de


pão tradicional como meio de integrar as novas chegadas de migrantes e de oferecer
A nível da
uma formação profissional. Utilizou a atividade física como ponto de partida para
sociedade civil
o diálogo, contando com voluntários treinados para facilitar as interações entre os
participantes.

97
Tornar as cidades e comunidades inclusivas,
seguras, resilientes e sustentáveis

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
As cidades da Europa estão no cerne dos atuais desafios económicos, ambientais e sociais. Mais de 70 % dos cidadãos
da UE vivem em zonas urbanas e cerca de 85 % do PIB da UE é gerado nas cidades. As cidades e as comunidades são
essenciais para o bem-estar dos cidadãos europeus e para a sua qualidade de vida, visto que funcionam como polos de
desenvolvimento económico e social e de inovação. Graças ao vasto leque de oportunidades de educação, emprego,
divertimento e cultura que têm a oferecer, atraem muitas pessoas. Contudo, as cidades da UE também enfrentam
desafios, como as pressões migratórias e a exclusão social, o congestionamento do tráfego, a escassez de alojamento
adequado, infraestruturas em declínio e o aumento da poluição atmosférica, para referir apenas alguns exemplos. As
cidades são também particularmente vulneráveis ao impacto das alterações climáticas e das catástrofes naturais. O reforço
da dimensão urbana das políticas europeias e nacionais é um esforço conjunto da Comissão, dos Estados-Membros
e das cidades europeias. Em consonância com a Nova Agenda Urbana das Nações Unidas, a UE reforça a resiliência dos
ambientes urbanos através da prevenção de riscos relacionados com catástrofes e com o clima e responde de modo mais
coordenado aos diferentes desafios urbanos. A nível internacional, as políticas europeias em matéria de desenvolvimento,
assuntos externos e de segurança, alargamento e vizinhança, visam melhorar as condições de vida nas cidades. O Consenso
Europeu sobre o Desenvolvimento salienta a necessidade de pôr a tónica nas cidades e nas autarquias locais enquanto
intervenientes importantes para a concretização dos ODS.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ Entre 2007 e 2016, a taxa de reciclagem de resíduos urbanos aumentou 11,0 pontos percentuais no total.
▪▪ A qualidade da habitação na UE melhorou ao longo dos últimos seis anos. A percentagem de habitantes da UE
que registam défices de base nas suas condições de alojamento diminuiu 4,8 pontos percentuais entre 2007 e 2017,
ano em que se elevava a 13,1 %.
▪▪ Os residentes nas cidades tinham um acesso mais fácil aos transportes públicos, sendo que apenas 9,7 % das
pessoas acusou dificuldades elevadas ou muito elevadas neste domínio, em comparação com 37,4 % dos residentes
das zonas rurais.
▪▪ Continuam a existir zonas críticas consideráveis de poluição atmosférica, embora a exposição à poluição atmosférica
por partículas finas tenha diminuído quase 20 % entre 2010 e 2015.
▪▪ A cobertura artificial do solo per capita tinha aumentado 6 % em 2015, desde 2009. Uma vez que a Europa
é um dos continentes mais urbanizados do mundo, são necessários mais esforços para travar a degradação dos solos.
▪▪ As autoridades locais e regionais que participam nos planos de ação do Pacto de Autarcas Europeu lograram
uma redução de 23 % das emissões de gases com efeito de estufa e de 18 % do consumo de energia final, estando
a trabalhar no sentido de aumentar a quota-parte da produção local de energia para 19 % da energia consumida
até 2020.

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 23 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação igual ou superior a 80
em 100 para o ODS 11. Dez Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

98
A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Em 2050, a percentagem da população urbana na Europa deverá superar os 80 %. A UE e os Estados-Membros a todos
os níveis de governação, em conjunto com a sociedade civil, as empresas e os investigadores, estão a colaborar com vista
a criar a cidade em constante evolução para a sociedade do futuro. As cidades europeias continuarão a ser polos de atração
para os cidadãos, oferecendo crescentes possibilidades de emprego, qualidade de vida e serviços sociais. A fim de garantir
uma vida coletiva harmoniosa, as cidades europeias trabalham de forma participativa com as partes interessadas a todos
os níveis, em domínios como a habitação, a energia, a mobilidade, a água, a ação climática, a erradicação da pobreza,
a desigualdade, a economia circular, a resiliência e a segurança. As cidades europeias tornar‑se-ão cidades inteligentes, onde
as redes e os serviços tradicionais serão mais eficientes graças à utilização de tecnologias digitais e das telecomunicações
em benefício dos cidadãos e das empresas.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Especialização inteligente, parcerias entre cidades, participação social e política participativa (por exemplo, governação
urbana colaborativa, plataformas multilaterais), planos de mobilidade urbana sustentável, responsabilidade social
das empresas/comportamento responsável das empresas, financiamento colaborativo e outras formas inovadoras de
financiamento, digitalização, inteligência artificial e novas tecnologias, economia colaborativa, transportes públicos
hipocarbónicos, mobilidade ativa (deslocações a pé e de bicicleta) e infraestruturas a ela associadas, investigação
e inovação, edifícios hipocarbónicos, agricultura urbana, espaços verdes urbanos.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Degradação do ambiente e alterações climáticas, poluição, envelhecimento das sociedades, criminalidade e ameaças
à segurança, fraude e corrupção, desigualdades sociais, aumento dos preços da habitação.

99
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

No domínio do desenvolvimento, a Comissão adotou uma nova abordagem


A UE a nível em matéria de «Cooperação da União Europeia com as cidades e as autoridades
internacional locais em países terceiros», centrando a ajuda externa da UE no planeamento,
financiamento, e a governação das cidades.

A Agenda Urbana da UE foi lançada em maio de 2016 com o Pacto de Amesterdão.


Constitui um novo método de trabalho a vários níveis para promover a cooperação
entre os Estados-Membros, as cidades, a Comissão e outras partes interessadas,
Ao nível da UE visando estimular o crescimento, a qualidade de vida e a inovação nas cidades
europeias, bem como identificar e enfrentar os desafios sociais. Incidindo em
prioridades concretas no âmbito de parcerias específicas, a Agenda Urbana da UE
pretende melhorar a qualidade de vida nas zonas urbanas.

A atual pressão habitacional na Irlanda é em parte fruto do colapso dos níveis de


Ao nível dos construção de habitações. Em 2016, o Governo irlandês lançou um plano de ação
Estados- no domínio da habitação, dos sem-abrigo e da reconstrução da Irlanda, que visa
-Membros acelerar a oferta de habitação em relação a todos os tipos de propriedade. O plano
de ação assenta em cinco grandes «pilares» para fazer frente a desafios específicos:
dar resposta ao problema dos sem-abrigo, fomentar a habitação social, construir
mais fogos, melhorar o setor do arrendamento e utilizar as habitações existentes.

A região alemã da Renânia do Norte-Vestefália é palco de um projeto intitulado


«Global Nachhaltige Kommune» [Município globalmente sustentável] que visa
A nível ajudar 15 autarquias locais, desde pequenas e médias localidades a vilas de maior
regional/local dimensão e distritos rurais, através de um apoio sistemático na elaboração de uma
estratégia de sustentabilidade para fazer face aos desafios locais específicos, com
base no quadro global de desenvolvimento sustentável dos ODS. Esta abordagem
também foi adotada noutras regiões alemãs.

A LIPOR, uma empresa intermunicipal portuguesa de gestão de resíduos do


Grande Porto, é responsável pela gestão, recuperação e tratamento dos resíduos
A nível sólidos urbanos produzidos nos municípios associados. A LIPOR investiu e criou
empresarial um «Parque Aventura» num antigo aterro após a sua recuperação ambiental
e paisagística. O resultado foi a criação de uma zona consagrada ao lazer e à
formação num espaço lúdico.

A organização não governamental estónia «Laboratório Urbano» atua no domínio


A nível da do desenvolvimento de cidades sustentáveis e inclusivas. Esta ONG presta
sociedade civil aconselhamento às autoridades locais, introduzindo tendências modernas na
Estónia e sensibilizando as pessoas para o ambiente de vida.

100
Garantir padrões de consumo e de produção sustentáveis

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
O consumo e a produção sustentáveis visam reduzir a pegada ecológica da Europa, alterando o modo como produzimos,
distribuímos e consumimos bens e utilizamos recursos. A UE realizou progressos ao longo dos últimos anos no sentido
de se tornar uma economia eficiente em termos de recursos, ecológica e hipocarbónica competitiva, mas o consumo e a
produção sustentáveis permanecem o desafio-chave na ótica da realização dos ODS na UE, exigindo esforços continuados
a todos os níveis. A abordagem da UE consiste em promover a eficiência em termos de recursos, reduzindo ao mesmo
tempo o impacto ambiental através da transição para uma economia circular que prolongue ao máximo o valor dos
produtos, dos materiais e dos recursos e reduza ao mínimo a geração de resíduos e a poluição. As 54 ações do plano de
ação da UE para a economia circular, de 2015, abrangem todas as fases dos ciclos de materiais e produtos (produção,
consumo, gestão de resíduos, mercado de matérias-primas secundárias, inovação e investimento, monitorização) e cinco
domínios prioritários (plásticos, resíduos alimentares, matérias-primas essenciais, construção e demolição, biomassa
e produtos de base biológica). Em 2018, já se tinham executado mais de 85 % das ações, tendo sido lançadas as restantes.
Em 2017, criou-se a Plataforma Europeia das Partes Interessadas para a Economia Circular com o objetivo de incentivar
as empresas, as autoridades públicas e outras partes interessadas a partilhar conhecimentos e dar a conhecer boas práticas;
em 2016 criou-se Plataforma da UE para as Perdas e o Desperdício de Alimentos. No âmbito da Agenda Urbana da
UE, estabeleceu-se uma parceria especificamente consagrada a este domínio, a qual propõe ações de ordem vária para
integrar a economia circular nas cidades. Além disso, a estratégia da UE para a bioeconomia, renovada em 2018, apoia
a modernização e o reforço da base industrial da UE através da criação de novas cadeias de valor e de processos industriais
mais ecológicos e mais rentáveis. Na vertente externa, a UE promove a gestão responsável das cadeias de abastecimento
e de regimes de comércio justo e ético como parte integrante da sua agenda comercial assente em valores; as políticas da
UE no domínio do desenvolvimento, alargamento e vizinhança sublinham a importância do consumo e da produção
sustentáveis nas suas ações.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A dissociação do crescimento económico do consumo de recursos naturais é medida pela produtividade da UE
em matéria de recursos e de energia. Desde 2001, a produtividade de recursos da UE aumentou 36,4 % (2017) e a
produtividade energética aumentou 29,2 % (2016), o que é sinal de um aumento da produção (em termos de PIB)
por unidade de materiais ou energia utilizados.
▪▪ Entre 2004 e 2016, a quantidade de resíduos gerados, excluindo os principais resíduos minerais, diminuiu 6,5 %
na UE. Entre 2004 e 2014, a taxa de reciclagem da UE aumentou ligeiramente, de 53 % para 55 %, e a taxa de
utilização dos materiais circulares, indicando a percentagem de materiais provenientes de resíduos recolhidos em
relação à utilização total de matérias-primas, aumentou de 8,3 % para 11,7 %.
▪▪ A economia da UE depende de matérias-primas provenientes do resto do mundo. Mais de 60 % do total das
importações físicas da UE são matérias-primas.

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede
de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 11 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 60 em
100 para o ODS 12. Globalmente, este é, em média, o ODS em que os Estados-Membros da UE obtêm a segunda
classificação mais baixa.

101
A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Atendendo à pressão a que está sujeita em termos de abastecimento de matérias-primas e à relativa escassez dos seus
próprios recursos, a Europa terá de continuar a apostar na produção e consumo sustentáveis. Será necessário prestar
especial atenção aos minérios e às matérias‑primas essenciais, que são de valor elevado e de cuja importação a Europa
é particularmente dependente. Cumprirá igualmente pôr a tónica nos materiais pesados e que requerem uma utilização
intensiva de energia, como o cimento, o alumínio, o aço e o plástico, tendo em conta o seu potencial para reduzir as
emissões de gases com efeito de estufa. A não descurar serão igualmente os setores cuja utilização de recursos tem um
impacto particularmente elevado no ambiente (por exemplo, em termos de utilização da água, poluição, qualidade do
ar e nutrientes), como é o caso dos sistemas alimentares e dos têxteis. Graças à legislação da UE em matéria de resíduos
revista e ao plano de ação da UE em matéria de desperdícios alimentares, a UE reduzirá os desperdícios alimentares
gerados anualmente para ajudar a atingir o objetivo global de diminuir para metade os resíduos alimentares até 2030.
A legislação em matéria de resíduos fará aumentar as taxas de reciclagem rumo ao objetivo juridicamente vinculativo
de 60 % no horizonte 2030, impondo taxas mais elevadas a numerosos materiais de embalagem. Será preciso velar
pelo reforço da qualidade da reciclagem, e não apenas da quantidade, reduzir a utilização de recursos e a geração de
resíduos através de uma melhor conceção dos produtos, e prever abordagens sistémicas que mantenham os produtos e os
materiais em utilização, criando valor na economia. O teor de materiais reciclados nos novos produtos, nomeadamente
nos produtos de plástico, terá de aumentar.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Mudança de comportamento, participação da sociedade, pressão da sociedade em prol de cadeias de produção sustentável,
parcerias e política participativa, educação, responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das
empresas, financiamento colaborativo e outras formas de financiamento inovador, medidas preventivas para uma transição
justa, inteligência artificial, novas tecnologias, investigação e inovação, economia circular e colaborativa, bioeconomia,
digitalização, financiamento sustentável, reforma fiscal (por exemplo, tributação dos recursos e da poluição), contratos
públicos ecológicos, cidades inteligentes, Internet das coisas, comércio aberto e justo.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Padrões tradicionais/conservadores de consumo e produção, resistência por parte dos setores/regiões que perdem as suas
atividades económicas tradicionais, mudança lenta do quadro regulamentar, falta de incentivos financeiros.

102
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

A nível internacional, uma das ações da UE é a iniciativa emblemática de transição


A UE a nível para uma economia verde «Switch to Green», que reúne governos e partes
internacional interessadas da UE e de países parceiros para se focalizarem na adoção de práticas
sustentáveis de produção e consumo por parte do setor privado.

Em 2018, a UE adotou novas normas em matéria de resíduos com o objetivo de


que, até 2030, todos os Estados-Membros reutilizem ou reciclem 60 % dos resíduos
municipais e 70 % dos resíduos de embalagens, e reduzam a deposição em aterro
Ao nível da UE para menos de 10 % até 2035. Pela primeira vez, as novas regras neste domínio
obrigam os Estados-Membros a adotar programas específicos de prevenção de
resíduos alimentares e a reduzir, acompanhar e comunicar os níveis de desperdício
alimentar.

Uma recente proposta de regulamento na Suécia opera um corte no imposto


Ao nível dos sobre o valor acrescentado (IVA) sobre trabalhos de reparação e prevê reduções
Estados- fiscais para o custo da mão de obra nessa área de atividade. A medida permitirá
-Membros reduzir os custos dos aparelhos de reparação para os consumidores e incentivá-los
a encomendar trabalhos de reparação, em vez de deitar fora os produtos e comprar
produtos novos.

Com a ajuda dos fundos da UE, Liubliana desenvolveu um sistema integrado de


tratamento de resíduos que abrange 37 municípios com um centro regional de gestão
A nível de resíduos. Desde a adesão da Eslovénia à UE, a sua capital aumentou a recolha
regional/local seletiva e a reciclagem e reduziu 59 % da quantidade dos resíduos depositados em
aterro. Além disso, investiu na prevenção e na reutilização. Atualmente, Liubliana
gera menos 41 % de resíduos per capita do que a média europeia e decidiu não
construir dois incineradores que estavam inicialmente previstos.

Em vinte anos, a Umicore deixou de ser uma empresa belga de extração de metais
não ferrosos para se transformar num conglomerado global no domínio da
tecnologia e da reciclagem de materiais, com 10 000 trabalhadores e um volume de
A nível
negócios de 10 400 milhões de EUR, investindo na Bélgica, na Bulgária, nos Países
empresarial
Baixos e em França. A empresa adotou o modelo da economia circular, recuperando
metais valiosos e matérias-primas essenciais a partir de resíduos de equipamentos
eletrónicos e elétricos.

Juntamente com os seus membros, a Federação Europeia de Bancos Alimentares


forneceu em 2017 4,1 milhões de refeições por dia a 44 700 organizações de
A nível da beneficência no terreno, em benefício de 8,1 milhões de pessoas. Este trabalho
sociedade civil realiza-se em estreita colaboração com operadores de empresas do setor alimentar,
a fim de aproveitar alimentos que, de outra forma, seriam desperdiçados,
disponibilizando-os às pessoas mais carenciadas.

103
Adotar medidas urgentes para combater
as alterações climáticas e os seus impactos

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
As alterações climáticas constituem um dos maiores desafios mundiais da nossa geração. Lutar contra as alterações
climáticas requer medidas à escala global para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa a nível mundial. A UE
tem estado na vanguarda dos esforços internacionais com vista a um acordo universal sobre o clima. A comunidade
internacional, incluindo a UE, está empenhada em travar o aumento da temperatura global bem abaixo dos 2 °C em
relação aos níveis pré-industriais e a prosseguir esforços para limitar o aumento a 1,5 °C. Estes objetivos, avalizados
pela investigação científica no âmbito do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, estão consagrados
no Acordo de Paris. A UE comprometeu-se a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 20 % até 2020 e em
pelo menos 40 % até 2030 (em relação aos níveis de 1990). A UE está no bom caminho para atingir o seu objetivo de
redução de emissões até 2020 e tem em vigor legislação com vista a atingir o seu objetivo para 2030, incluindo legislação
ambiciosa em matéria de eficiência energética e de energias renováveis. Desde 2013, a estratégia da UE em matéria de
adaptação às alterações climáticas apoia ações destinadas a tornar a UE mais resiliente neste domínio. Todavia, a UE
tem de ir mais longe para cumprir o Acordo de Paris e reduzir significativamente a sua dependência em relação aos
combustíveis fósseis, os quais ainda são fortemente subvencionados. A Comissão Europeia apresentou em novembro
de 2018 a sua visão estratégica a longo prazo no horizonte 2050 de uma economia próspera, moderna e competitiva
de impacto neutro no clima destacando a forma como todos os setores e âmbitos de intervenção deverão contribuir
para alcançar esta transição. A nível internacional, as políticas da UE no domínio dos assuntos externos e de segurança,
desenvolvimento, alargamento e vizinhança integram ativamente os objetivos em matéria de clima. A luta contra as
alterações climáticas também consta dos capítulos sobre comércio e desenvolvimento sustentável da nova geração de
acordos comerciais e de investimento da UE e é parte integrante das posições da UE no G20, um importante fórum das
maiores economias do mundo.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A União Europeia continua a dissociar o crescimento económico das emissões de gases com efeito de estufa:
durante o período de 1990-2017, o produto interno bruto combinado da UE cresceu 58 %, enquanto as emissões
totais de gases com efeito de estufa diminuíram 22 %, em comparação com os níveis de 1990. A nível dos
Estados‑Membros, há diferenças significativas nas tendências das emissões de gases com efeito de estufa desde 1990
– se alguns Estados-Membros cortaram quase 60 % das emissões, também houve um número reduzido de países
que aumentaram as emissões.
▪▪ A intensidade dos gases com efeito de estufa no consumo energético – as emissões por unidade de energia
consumida – diminuiu 12,1 % entre 2000 e 2016.
▪▪ A UE pretende atingir a sua meta de eficiência energética de 20 % para 2020. Entre 2005 e 2016, o consumo
de energia primária da UE caiu 9,9 % e o seu consumo de energia final caiu 7,1 %. Entre 1980 e 2016, as perdas
relacionadas com fatores meteorológicos e climáticos comportaram prejuízos para os Estados-Membros no total
de 410 mil milhões de EUR, tomando como referência valores de 2016.
▪▪ As subvenções para os combustíveis fósseis continuam a ser elevadas. Na UE, estima-se que se tenham afetado
anualmente cerca de 112 mil milhões de EUR à produção e ao consumo destes combustíveis entre 2014 e 2016.
▪▪ A UE visa um objetivo global de destinar 20 % do atual orçamento plurianual europeu para o período de 2014-
2020 a despesas relacionadas com a ação climática e propôs aumentar esse objetivo para, pelo menos, 25 % no
período de 2021-2027.

104
▪▪ Entre 2013 e 2018, o número de Estados-Membros com uma estratégia nacional de adaptação às alterações
climáticas passou de 15 para 25, estando em curso trabalhos para o efeito nos restantes Estados-Membros. Segundo
as estimativas, em 2018, 26 % de todas as cidades da UE e 40 % das cidades com mais de 150 000 habitantes
tinham planos locais de adaptação.
▪▪ A União e os seus Estados-Membros são os maiores financiadores mundiais da ação climática: em 2017, a UE,
o Banco Europeu de Investimento e os Estados-Membros disponibilizaram um montante de 20 400 milhões de
EUR para ajudar os países em desenvolvimento no esforço de combate e adaptação às alterações climáticas, um
valor superior ao dobro do montante de 2013. Este apoio perfaz cerca de metade do total a nível mundial.

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 22 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 80 em 100
para o ODS 13. Cinco Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A UE continua decidida a assumir um papel de liderança na luta contra as alterações climáticas e, no horizonte 2030,
terá atingido o seu objetivo de reduzir, pelo menos, 40 % das suas emissões de gases com efeito de estufa em relação aos
níveis de 1990. No outono de 2018, a Comissão apresentou uma proposta para uma visão estratégica a longo prazo da
UE, em conformidade com o Acordo de Paris, que inclui vias para alcançar o objetivo de zero emissões líquidas de gases
com efeito de estufa na UE até 2050. A Comissão forneceu uma visão abrangente para tornar a economia europeia mais
moderna, competitiva e resiliente, para além de socialmente mais justa para todos os europeus, não deixando ninguém
para trás. A UE terá de continuar a assumir a liderança no domínio da ação climática e a pugnar por uma maior ambição
global para além de 2030 por parte dos principais países poluentes de todo o mundo. Neste contexto, a consolidação de
uma resposta global ambiciosa ao impacto das alterações climáticas permanecerá uma prioridade. No topo da agenda
continuarão igualmente a figurar a redução do risco de catástrofes, a adaptação às alterações climáticas e a atenuação das
suas consequências. A UE prosseguirá a sua cooperação no âmbito de instâncias internacionais, como a Organização da
Aviação Civil Internacional e a Organização Marítima Internacional.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Energia limpa e mobilidade com emissões baixas e nulas, economia hipocarbónica circular, bioeconomia e cadeias de
produção sustentável, mudança de comportamentos, política participativa, políticas de antecipação para uma transição
justa, responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas, financiamento sustentável
e inovador, parcerias público-privadas, contratos públicos ecológicos reforma fiscal (por exemplo, tributação da utilização
de recursos e da poluição), educação, digitalização ecológica, inteligência artificial e novas tecnologias, investigação
e inovação, sociedades resilientes, multilateralismo, aceitação dos bens e serviços ambientais.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Investimento público e privado insuficiente, instabilidade geopolítica e ameaças à segurança, regresso ao protecionismo
económico a nível mundial, desigualdades sociais, aumento do consumo de energia e impacto ambiental negativo
provocado pela digitalização, destruição continuada dos ecossistemas e da biodiversidade, alterações lentas no ambiente
regulamentar.

105
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

A UE a nível A Aliança Mundial contra as Alterações Climáticas (AMAC +) da UE pretende


internacional reforçar o diálogo político e apoiar os países em desenvolvimento nos seus esforços
para combater as alterações climáticas.

As autoridades locais são motores fundamentais da luta contra as alterações


climáticas ao nível de governação mais próximo dos cidadãos. O Pacto de Autarcas
da UE para o clima e a energia reúne milhares de governos locais voluntariamente
empenhados em aplicar os objetivos climáticos e energéticos da UE. Tem também
Ao nível da UE
contribuído significativamente para aumentar a sensibilização a nível local para
a necessidade de preparação para o impacto das alterações climáticas, sendo que as
ações locais em matéria de adaptação e resiliência desempenham um papel crucial
na proteção das pessoas e dos seus bens.

França impôs aos municípios com mais de 20 000 habitantes (abrangendo 90 % da


população do país) a obrigação de adotar planos locais de luta contra as alterações
Ao nível dos climáticas, de que devem constar secções consagradas à adaptação às alterações
Estados- climáticas e à atenuação das suas consequências. Em 2018, cerca de 75 % dos
-Membros municípios franceses tinham desenvolvido planos locais de atenuação e cerca de
55 % tinham desenvolvido planos locais de adaptação. Estas percentagens são 2
a 5 vezes mais elevadas do que nos países que não dispõem de uma regulamentação
nacional semelhante.

Uma central geotérmica em Prelog (Croácia) estará em condições de utilizar


a totalidade do conteúdo energético da salmoura geotérmica: o calor da água
A nível
termal e da energia contida nos gases do aquífero, como o metano, dissolvidos na
regional/local
água, tornam este conteúdo quase 100 % isento de emissões de gases com efeito de
estufa. Pode servir de modelo para uma exploração mais sustentável dos recursos
geotérmicos que é passível de replicação na Europa e em todo o mundo.

A iniciativa HYBRIT (tecnologia revolucionária de produção de ferro com recurso


a hidrogénio) foi lançada em 2016 por três grandes empresas suecas. Visa criar um
A nível
processo de produção de ferro com emissões quase nulas de gases com efeito de
empresarial
estufa, pelo qual se remove o oxigénio do minério de ferro utilizando hidrogénio
gasoso em vez de coque (de carvão).

O Corpo Europeu de Solidariedade é uma iniciativa da UE que até 2020 poderá


consagrar mais de 40 milhões de EUR à criação de oportunidades de voluntariado
de base comunitária para os jovens nos domínios da ação climática e do ambiente.
A nível da
Um exemplo é o projeto Vänö Vänner, na Finlândia, que permitiu a jovens italianos
sociedade civil
contribuir para a sustentabilidade e a promoção de soluções de paisagismo cultural
respeitadoras do ambiente no arquipélago Turku, concorrendo assim para uma ação
climática positiva.

106
Conservar e utilizar de forma sustentável
os oceanos, mares e recursos marinhos,
com vista ao desenvolvimento sustentável

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
Vinte e três dos vinte e oito Estados-Membros da UE têm uma orla costeira. A costa marítima da UE é sete vezes mais
longa do que a dos EUA e quatro vezes mais longa do que a da Rússia. Se se incluírem as suas regiões ultraperiféricas,
a UE tem o maior território marítimo do mundo. A UE e os seus países vizinhos partilham quatro regiões marinhas
principais: o mar Báltico, o Mar Mediterrâneo, o mar Negro, e o Atlântico Nordeste. A alteração dos habitats, a poluição,
a sobrepesca, a poluição e a acidificação são dos principais fatores que influenciam o seu estado ambiental. A qualidade
balnear das águas costeiras europeias é tida como muito elevada, mas os poluentes orgânicos e químicos resultantes de
atividades humanas e do lixo marinho continuam a representar uma ameaça séria para os ecossistemas marinhos da
Europa: no início de 2018, apenas 40 a 58 % das águas costeiras da UE estavam em bom estado químico. A política da
UE no domínio do ambiente, incluindo a sua iniciativa legislativa emblemática Diretiva-Quadro Estratégia Marinha e a
política marítima integrada, fornece um quadro para a abordagem holística destes problemas. Propõem-se novas regras
a nível da UE que visam os dez produtos de plástico descartáveis mais frequentemente encontrados nas praias europeias,
bem como as artes de pesca perdidas e abandonadas, os quais, em conjunto, representam 70 % de todo o lixo marinho.
As novas regras colocarão a Europa na vanguarda de uma questão que tem implicações a nível mundial. A UE está
a apoiar a conservação das zonas costeiras e marinhas a nível mundial. A agenda da UE de governação internacional dos
oceanos para o futuro dos oceanos estabeleceu um quadro global para reforçar a governação internacional dos oceanos,
a fim de assegurar oceanos seguros e limpos, utilizados de forma legal e sustentável. Além disso, os acordos comerciais
e de investimento da UE incluem disposições específicas sobre a gestão sustentável e a conservação dos recursos naturais,
como a biodiversidade marinha e as pescas. O Programa Europeu de Observação da Terra Copernicus também está
a produzir resultados em matéria de monitorização dos oceanos com o objetivo de melhorar a qualidade da água.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ Entre 2012 e o final de 2016, a cobertura das zonas marinhas protegidas na Europa quase duplicou (de 6 % para
10,8 % da superfície do mar da UE) e continua a aumentar graças sobretudo à rede marinha da UE «Natura 2000».
Em 2016, três regiões europeias ultrapassaram os 10 % da meta de Aichi em matéria de diversidade biológica (mar
Báltico, mar Mediterrâneo e Mar Negro), enquanto o Atlântico Nordeste esteve muito perto de a atingir (9,9 %).
▪▪ O estado de conservação da grande maioria das espécies e habitats marinhos individuais é desfavorável, segundo
a última avaliação disponível. Desde 1988, há um aumento consistente e alarmante da acidez dos oceanos. Desde
2008, realizaram-se progressos significativos na definição, monitorização e avaliação do bom estado ambiental do
meio marinho, o que constitui um pré-requisito para a medição dos progressos na consecução de mares e oceanos
limpos e saudáveis.
▪▪ A sustentabilidade das pescas no Atlântico Nordeste, de onde provêm 75 % das capturas da UE, melhorou.
O número de unidades populacionais de peixes com importância comercial capturadas a níveis sustentáveis
aumentou de 34 % em 2007 para 60 % em 2015. As pescas no Mediterrâneo e no mar Negro não estão a avançar
para a sustentabilidade ao mesmo ritmo. No mar Mediterrâneo, mais de 82 % das unidades populacionais
conhecidas são objeto de sobrepesca.
▪▪ Na UE, a economia azul é duas vezes e meio superior às economias da defesa e da aeronáutica combinadas. Gera
um volume anual de negócios de 566 mil milhões de EUR (mais 7,2 % do que em 2009) e emprega 3,5 milhões de
pessoas (5 % mais do que em 2014), o que representa um aumento de 7,2 % e 2 %, respetivamente, em comparação
com 2009. Em vários Estados-Membros, a economia azul cresceu mais rapidamente do que a economia nacional.
Os países com as maiores economias azuis da Europa são o Reino Unido, Espanha, Itália, França e Grécia.

107
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), quatro Estados-Membros da UE têm uma pontuação superior a 60 em
100 para o ODS 14. Cinco Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial. Globalmente,
esta é o ODS que obteve dos Estados-Membros da UE a pontuação mais baixa, sendo grandes as disparidades entre os
países.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A UE continuará ativa na configuração da governação internacional dos oceanos em todas as instâncias internacionais
pertinentes e, a nível bilateral, com os principais parceiros a nível mundial, tendo em conta que cerca de 60 % dos oceanos
não se encontram sob jurisdição nacional. São necessários esforços suplementares no plano da cooperação intersetorial
e transfronteiras, em particular a nível regional, para fazer face aos desafios existentes e emergentes. Esta dinâmica
deverá intensificar-se com a iniciativa da Década da Ciência dos Oceanos das Nações Unidas 2021-2030, na qual a UE
participa ativamente. A UE continuará a promover a criação de zonas protegidas, bem como a sua gestão eficaz e assente
em dados científicos. São necessários esforços suplementares para conseguir uma pesca sustentável, em particular no
Mediterrâneo e no Mar Negro. A poluição marinha, incluindo os plásticos, o ruído e os nutrientes provenientes da
agricultura, continuará a ser um problema. A deposição de novos detritos de plástico no oceano poderá diminuir com
o tempo, mas o plástico que já lá se encontra vai continuar a ter um impacto negativo. Impõe-se uma ação reforçada
para reduzir as descargas de resíduos gerados em navios e outras formas de poluição, em particular nutrientes e ruído.
A economia azul na Europa continuará a prosperar. Estima-se que, até 2030, a economia azul a nível mundial possa
duplicar em dimensão. Para a Europa, tal significaria 10,8 milhões de postos de trabalho e mais de um bilião de EUR de
volume de negócios. Até 2021, todas as águas da UE serão abrangidas por planos de ordenamento do espaço marítimo
baseados nos ecossistemas.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Governação internacional e regional dos oceanos, mudança de comportamentos, participação social e política participativa,
megadados, observação da Terra, inteligência artificial, tecnologias submarinas e novas tecnologias (por exemplo, ciência
molecular), investigação e inovação, responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas,
financiamento colaborativo e outras formas de financiamento inovador, financiamento sustentável, parcerias público-
privadas, contratos públicos ecológicos, reforma fiscal (por exemplo, tributação da utilização dos recursos e da poluição),
Internet das coisas, educação, digitalização, economia hipocarbónica circular e colaborativa.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Degradação ambiental e alterações climáticas, poluição, turismo irresponsável, sobrepesca, pesca ilegal, não declarada
e não regulamentada, desigualdades sociais.

108
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

Lançada em 2017, a Aliança para a Investigação de Todo o Oceano Atlântico é uma


A UE a nível colaboração entre a UE, o Brasil e a África do Sul, com o objetivo de aprofundar
internacional o conhecimento científico dos ecossistemas marinhos e as inter-relações com os
oceanos, as alterações climáticas e a alimentação.

A UE, os seus Estados-Membros e os parceiros estão a elaborar um conjunto


concreto de medidas para alcançar um ambiente marinho saudável e produtivo
para o mar Báltico, o Atlântico Nordeste e o mar Mediterrâneo no horizonte
2020, com base num processo de acompanhamento e avaliação. Além disso,
Ao nível da UE
a UE promove ambiciosas iniciativas regionais complementares sobre pontos de
pressão específicos, como o compromisso de 2017 de reduzir 80 % das emissões
de NOx provenientes de navios que navegam no mar Báltico, a fim de lutar contra
o problema da eutrofização na região.

Ao nível dos Recentemente, a França designou novas zonas marinhas protegidas. Entre elas,
Estados- o maior sítio marinho Natura 2000, que dá pelo nome de «Mers Celtiques – Talus
-Membros du golfe de Gascogne» [Mares Célticos – Talude do golfo da Biscaia], estendendo-se
ao longo de 62 320 km², oferecerá proteção a habitats e a espécies marinhas móveis,
como o boto e o roaz-corvineiro.

O projeto «Arquipélago Limpo» é uma parceria multilateral público-privada


gerida pela região da Toscânia (Itália), em cooperação com o ministério italiano do
A nível local/ Ambiente, a Unicoop Firenze e outras associações. Lançado em abril de 2018, em
regional e a colaboração com dez embarcações de uma associação cooperativa de pescadores,
nível das o projeto quer remover o lixo do mar. A parceria visa oferecer incentivos económicos
empresas aos pescadores para que recolham os resíduos de plástico pescados e os levem para
os pontos de recolha no interior dos portos. Esses plásticos pescados serão depois
reciclados.

A iniciativa «Fish Forward», um projeto a cargo do WWF Áustria, reúne 17 parceiros


que trabalham em conjunto com os consumidores, as empresas e as instituições
A nível da governamentais para apoiar um modelo socialmente justo e climaticamente
sociedade civil inteligente de produção e consumo de produtos do mar. Tal garante uma gestão
responsável das atividades da pesca e a rastreabilidade, contribuindo para a utilização
sustentável dos oceanos e dos recursos marinhos.

109
Proteger, restaurar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres,
gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, travar
e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
Obtiveram-se progressos significativos ao nível do reforço dos quadros estratégicos e da base de conhecimentos ao abrigo
da legislação da UE no domínio da natureza e da Estratégia de Biodiversidade da UE para 2020. Após séculos de perdas
florestais e de degradação, as florestas europeias recuperaram, cobrindo atualmente mais de 40 % do território da UE,
embora seja necessário melhorar o seu estado de conservação. Os recursos naturais definem os limites ecológicos para
os nossos sistemas socioeconómicos («fronteiras planetárias»). Relatórios recentes da Plataforma Intergovernamental
Científica e Política sobre a Biodiversidade e os Serviços Ecossistémicos demonstram claramente os efeitos persistentes
e devastadores da degradação dos solos e da perda de biodiversidade nas sociedades humanas. Não obstante os progressos
realizados, as pressões sobre o capital natural da Europa e do mundo resultantes dos nossos padrões de produção e de
consumo permanecem elevadas e é provável que continuem a aumentar. Ultrapassar os limites do planeta poderá
comprometer ou inclusive reverter os progressos alcançados em termos de níveis de vida. A nível internacional, a UE
utiliza a sua agenda de política externa para promover os objetivos neste domínio. Apoia ativamente acordos multilaterais
em matéria de ambiente, incentiva a mudança de estratégia nos países parceiros, promove a responsabilidade social das
empresas/comportamento responsável das empresas e integra as preocupações ambientais em todas as suas ações.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ O número de sítios protegidos no âmbito da rede Natura 2000 aumentou, bem como as medidas de conservação
para esses sítios. Em 2018, quase 70 % dos sítios comunicou a adoção de tais medidas. Em 2017, a UE tinha
protegido mais de 790 000 km² de habitats terrestres, abrangendo 18,2 % da sua área terrestre. Os Estados-
Membros com a percentagem mais elevada de zonas protegidas são a Eslovénia (37,9 %), a Croácia (36,6 %) e a
Bulgária (34,5 %).
▪▪ O relatório da UE sobre o estado da natureza, que abrange o estado de conservação das espécies e dos habitats de
interesse europeu, revela que muitos habitats e espécies não se encontram num estado de conservação favorável. Em
2012, na UE, só 23 % das espécies avaliadas e 16 % dos habitats avaliados apresentavam um estado «favorável»,
sendo que apenas 52 % das espécies de aves apresentavam um estado «seguro». De um modo mais geral, a revisão
intercalar da estratégia de biodiversidade para 2020 confirmou que se mantém a tendência para a perda de
biodiversidade e a degradação dos serviços ecossistémicos na UE.
▪▪ Em 2015, as florestas cobriam 41,9 % da superfície terrestre total da UE. Entre 2009 e 2015, a percentagem de
florestas proporcionalmente ao território total da UE registou um ligeiro aumento de 2,6 %.
▪▪ O relatório sobre o estado do ambiente de 2015 (da Agência Europeia do Ambiente) sublinhou o mau estado
dos solos na Europa. Os esforços para combater e atenuar a erosão dos solos pela água geraram alguns resultados
positivos: ao integrar o potencial impacto das medidas da política agrícola comum na erosão do solo, houve uma
redução de 14 % das áreas consideradas em risco de erosão grave do solo pela água entre 2000 e 2012 na UE. No
entanto, apesar dos esforços envidados para limitar a impermeabilização dos solos, a reconversão de terras em zonas
artificiais tem vindo a aumentar na UE ao longo dos anos – entre 2012 e 2015, tendo este aumento sido cerca de
6 % superior ao do período de 2009‑2012. Além disso, 45 % da área agrícola da UE tem um solo fraco em termos
de carga orgânica (o que afeta a fertilidade dos solos e a biodiversidade).

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 19 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 70 em 100
para o ODS 15. Catorze Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

110
A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


As avaliações em curso a nível mundial e europeu dão conta de uma tendência contínua de perda de biodiversidade e de
degradação dos solos e dos ecossistemas, com repercussões negativas nos serviços ecossistémicos (alimentos, água, materiais,
energia, etc.), ameaçando assim a produção económica e o bem-estar da Europa. Importar reforçar consideravelmente os
esforços em matéria de aplicação da legislação da UE no domínio da natureza para garantir que, até 2030, a UE melhora
substancialmente o estado de conservação das espécies e dos habitats de interesse europeu protegidos ao abrigo das regras
relativas às aves e aos habitats. Cabe igualmente acelerar o ritmo de recuperação da biodiversidade florestal. A UE terá de
desempenhar um papel fundamental na 15.ª Conferência das Partes na Convenção sobre a Diversidade Biológica, em
Pequim (China), no final de 2020, que deverá adotar o novo quadro mundial para a biodiversidade pós-2020 para evitar
a perda de biodiversidade à escala global.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Mudança de comportamentos, participação social e política participativa, pressão da sociedade em prol de cadeias
de produção sustentável (agroecologia, agricultura biológica), responsabilidade social das empresas/comportamento
responsável das empresas, financiamento colaborativo e outras formas de financiamento inovador, financiamento
sustentável, parcerias público-privadas, contratos públicos ecológicos, recurso mais alargado a soluções baseadas na
natureza, reforma fiscal (por exemplo, tributação da utilização de recursos e da poluição), educação, inteligência artificial
e novas tecnologias, investigação e inovação, economia hipocarbónica colaborativa e circular, sociedades resilientes,
multilateralismo, comércio aberto e justo, turismo sustentável.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Degradação ambiental e alterações climáticas, ceticismo ambiental e retrocessos ao nível de políticas conexas, visão de
curto prazo, resistência à mudança no sistema de produção alimentar, baixo investimento público e privado, instabilidade
geopolítica e ameaças à segurança, desigualdades sociais.

111
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

A UE adotou em 2017 um plano de ação para a natureza, a população e a economia.


O plano visa acelerar a aplicação da legislação da UE e os progressos para a realização
do objetivo da UE para 2020 de travar e inverter a perda de biodiversidade e de
Ao nível da UE
serviços ecossistémicos e de tomar melhor em conta os objetivos socioeconómicos.
É complementado por uma iniciativa destinada a combater o declínio dos
polinizadores na UE e contribuir para os esforços globais de conservação.

A recente lei francesa relativa à «Recuperação da biodiversidade, natureza


Ao nível dos e paisagens» instituiu uma nova Agência Francesa para a Biodiversidade. O plano
Estados- de biodiversidade de 4 de julho de 2018 salienta a importância de abordar em
-Membros conjunto as alterações climáticas e os desafios da biodiversidade e inclui novas
metas em matéria de ausência de ocupação líquida de terras, zonas verdes urbanas,
agroecologia e proteção do solo, bem como ações relacionadas com os pagamentos
por serviços ambientais, os polinizadores e a restauração dos ecossistemas.

Na Alemanha, o estado de Bade-Vurtemberga aumentou a dotação para


a conservação da natureza de 30 milhões de EUR para 90 milhões de EUR em
A nível
dez anos. A designação dos parques nacionais e a restauração dos ecossistemas traz
regional/local
benefícios aos agricultores e à economia, incluindo empresas em fase de arranque
que produzem embalagens de papel a partir de terrenos de pastagem ricos em
biodiversidade, e o setor do turismo da natureza.

Cinquenta e nove agricultores austríacos, a cadeia SPAR e o WWF criaram uma


aliança sólida no projeto «Solos saudáveis para alimentos saudáveis». Garantindo
A nível a venda dos produtos hortícolas produzidos e pagando aos agricultores um prémio
empresarial de 30 EUR por tonelada de CO2 armazenada no solo, a SPAR fomenta práticas
de gestão sustentável dos solos. São utilizadas amostras de solo para monitorizar
a eficácia do projeto.

A Sociedade Grega de Ornitologia, o WWF Grécia, a Sociedade Búlgara para


A nível da a Proteção das Aves e a Real Sociedade para a Proteção dos Pássaros uniram esforços
sociedade civil para travar o declínio da população de abutres-do-egito nos Balcãs. Alargaram a sua
abordagem transfronteiras a outros países ao longo da rota desta espécie.

112
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento
sustentável, proporcionar acesso à justiça para todos e criar
instituições eficazes, responsáveis e inclusivas a todos os níveis

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
A UE é um dos projetos de paz mais bem-sucedidos do mundo. Sob a égide dos Tratados europeus, celebrados pela
primeira vez em 1957, a UE tem atrás de si sessenta anos de paz, democracia e solidariedade. Em 2012, recebeu
o prémio Nobel da paz pela sua promoção das causas da paz, da reconciliação, da democracia e dos direitos humanos na
Europa. Promover e respeitar o Estado de direito e os valores fundamentais da União Europeia constitui uma prioridade
fundamental da UE, tanto a nível interno como nas suas relações externas. Os sistemas judiciais eficazes desempenham
um papel fundamental a este respeito. Garantem que os cidadãos possam exercer plenamente os seus direitos e que
as empresas beneficiem de segurança jurídica e de um ambiente favorável ao investimento no mercado único. A UE
incentiva os Estados-Membros a melhorar a independência, a qualidade e a eficiência dos seus sistemas judiciais, inclusive
mediante um acompanhamento eficaz através do Semestre Europeu e do painel de avaliação da justiça na UE. De um
modo mais geral, a Comissão vela pelo respeito do Estado de direito e dos restantes valores fundamentais da UE com
todas as ferramentas e instrumentos à sua disposição. Um dos desafios para as sociedades europeias é a corrupção, que
abala a confiança nas instituições democráticas e fragiliza a responsabilização dos líderes políticos. A Comissão dispõe de
um mandato político para acompanhar a luta contra a corrupção e implementar uma política abrangente da UE neste
domínio. Na vertente externa, a UE contribui para a paz internacional e ajuda países parceiros a enfrentar situações
de fragilidade, criar instituições responsáveis e transparentes, fomentar a tomada de decisões participativa e garantir
processos eleitorais inclusivos e credíveis através da sua política externa e de segurança. Os direitos humanos, a igualdade
de género, a inclusão e a não discriminação estão no cerne do Consenso Europeu sobre o Desenvolvimento. Através
das suas políticas de alargamento e de vizinhança contribui igualmente para a paz e a estabilidade. Em particular, a UE
promove e presta assistência aos países candidatos à adesão no tocante ao respeito do Estado de direito, à reforma do
sistema judicial, à luta contra a corrupção e a criminalidade organizada, à segurança, aos direitos fundamentais e às
instituições democráticas.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A perceção que as pessoas têm da criminalidade, da violência ou do vandalismo melhorou; em 2016, 13,0 % da
população europeia sentia-se afetada por estas questões, menos 2,9 pontos percentuais do que em 2007.
▪▪ O Painel de Avaliação da Justiça na UE de 2018 revela que, em comparação com 2010, a eficiência dos sistemas
judiciais nos Estados-Membros melhorou ou permaneceu estável em quase todos os Estados-Membros, com
poucas exceções. Todavia, os processos civis e comerciais continuam ser muito longos em vários Estados-Membros.
▪▪ As despesas das administrações públicas com tribunais judiciais na UE aumentaram mais de 11 % em 2007-
2016, ultrapassando ligeiramente os 50 mil milhões de EUR em 2016. Esta taxa de crescimento foi um pouco
inferior ao crescimento do PIB.
▪▪ Em 2018, 56 % dos habitantes da UE classificaram a independência dos tribunais e juízes no seu país em termos
de «muito bom» ou «bom», o que representa um aumento de quatro pontos percentuais em relação a 2016.
▪▪ De acordo com o Índice de Perceção da Corrupção, publicado pela Transparência Internacional, os Estados-
Membros continuam a figurar entre os menos corruptos à escala mundial em 2017, ocupando metade dos lugares
cimeiros dos vinte países menos corruptos do mundo.
▪▪ A situação do Estado de direito em alguns Estados-Membros suscita preocupações, as quais são abordadas por uma
série de ações a nível da UE.

113
CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), 19 Estados‑Membros da UE têm uma pontuação superior a 70 em 100
para o ODS 16. Nove Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


A UE continua a ter um percurso pacífico. Através das suas políticas de alargamento e de vizinhança contribui igualmente
para a paz e a estabilidade. Promove e presta assistência aos países candidatos à adesão no tocante ao respeito do Estado
de direito, à reforma do sistema judicial, à luta contra a corrupção e a criminalidade organizada, à segurança, aos direitos
fundamentais e às instituições democráticas. As relações externas e a política de desenvolvimento da UE também
concorrem para a paz no resto do mundo. Além disso, a UE continua a promover e a defender o Estado de direito
entre os seus próprios Estados-Membros. É necessário envidar mais esforços para melhorar a eficiência, a qualidade
e a independência dos sistemas judiciais nacionais em alguns Estados-Membros. A nível internacional, registou-se
uma tendência para regimes autoritários de governação numa série de países. A promoção da democracia, dos direitos
humanos e do Estado de direito permanecerá, pois, uma prioridade fundamental da UE, tanto a nível interno como
nas suas relações externas. A UE continuará a diligenciar no sentido de melhorar o acesso à justiça, combater a fraude
e a criminalidade e enfrentar a evolução das ameaças à segurança através de um reforço da cooperação e do intercâmbio
de informações entre as autoridades policiais e as autoridades de aplicação da lei dos Estados-Membros, para além de
promover a cooperação internacional neste domínio.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Valores culturais consonantes com o respeito dos direitos fundamentais, participação social e política participativa,
responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas, educação, digitalização, inteligência
artificial e novas tecnologias, investigação e inovação, infraestruturas e sociedades resilientes, multilateralismo, comércio
aberto e justo, ajuda ao desenvolvimento.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Instabilidade geopolítica e ameaças à segurança, alterações climáticas e degradação ambiental, migração e deslocações
forçadas, regresso do protecionismo económico a nível mundial, falta de cooperação internacional, desafios ao Estado de
direito, populismo, desigualdades sociais.

114
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

As regras da UE em matéria de minerais de conflito, de 2017, estabelecem obrigações


referentes ao dever de diligência na cadeia de aprovisionamento que incumbe aos
A UE a nível importadores da União de estanho, de tântalo, de tungsténio e de ouro, a fim de
internacional garantir que são obtidos maneira responsável, sem financiamento direto ou indireto
de conflitos armados ou conducentes a violações dos direitos humanos em zonas de
conflito e de alto risco.

Em 2017, foi criada a Procuradoria Europeia como um Ministério Público


Europeu independente com competência para investigar e processar judicialmente
as infrações lesivas dos interesses financeiros da UE. Após uma fase de arranque
Ao nível da UE
de três anos, prevê-se que a Procuradoria Europeia assuma funções até ao final de
2020. Será um passo decisivo na luta contra a fraude, a corrupção e outros crimes
contra o orçamento da UE.

A lei francesa de 2017 sobre o dever de vigilância impõe às empresas a responsabilidade


de aplicar medidas que garantam que as suas filiais, fornecedores e subcontratantes
Ao nível dos em todo o mundo respeitam boas práticas sociais, ambientais e éticas. A lei visa
Estados- sensibilizar as empresas para o papel que têm a desempenhar na prevenção de
-Membros tragédias em França e no estrangeiro, bem como assegurar que as vítimas recebem
uma indemnização por quaisquer danos causados pelo não cumprimento da nova
obrigação das empresas de aplicar planos de vigilância. É aplicável às empresas
com mais de 5 000 trabalhadores sediadas em França ou às empresas com mais de
10 000 trabalhadores sediadas no estrangeiro.

Em 2011, a Maersk Line, companhia dinamarquesa de transporte marítimo de


contentores, foi uma das fundadoras da rede anticorrupção marítima. Esta parceria
A nível intersetorial composta por sociedades proprietárias de navios, proprietários de
empresarial mercadorias e prestadores de serviços colabora com as principais partes interessadas,
incluindo governos e organizações internacionais, para identificar e atenuar as
causas da corrupção no setor marítimo.

Na Eslováquia, o Governo promove a participação da sociedade civil e de


organizações não governamentais na elaboração, execução e controlo das políticas
A nível da
públicas em vários domínios. No domínio da política ambiental, há uma estrutura
sociedade civil
tripartida verde para canalizar as sugestões e observações dos intervenientes não
governamentais no processo de elaboração e aplicação das políticas.

115
Reforçar os meios de implementação e revitalizar
a parceria global para o desenvolvimento sustentável

A UNIÃO EUROPEIA HOJE

PANORÂMICA/SÍNTESE QUALITATIVA
Os ODS constituem uma dimensão transversal da aplicação da estratégia global para a política externa e de segurança
da UE, que apresenta uma visão para um compromisso comum da UE no mundo. O Consenso Europeu sobre
o Desenvolvimento estabelece um quadro para uma abordagem comum da política de desenvolvimento da UE e dos
Estados-Membros com base nos ODS. Com base no princípio da coerência das políticas para o desenvolvimento, a UE
pretende maximizar a coerência e desenvolver sinergias entre as suas diferentes políticas para ajudar os países parceiros
a alcançar os ODS. Hoje em dia, a UE é o maior doador mundial de ajuda pública ao desenvolvimento. Ao longo da
última década, deu-se uma mudança no equilíbrio dos papéis, passando-se de uma dinâmica doador-beneficiário para
uma parceria mais equilibrada. A política de alargamento da UE e a política europeia de vizinhança revista estão a centrar-
se nos aspetos políticos e económicos fundamentais, incluindo o Estado de direito, os direitos humanos, a democracia e o
crescimento económico e o desenvolvimento sustentáveis, em plena consonância com a Agenda 2030 das Nações Unidas
para o Desenvolvimento Sustentável. O empenhamento humanitário da UE passa por trabalhar em prol da dignidade
humana em estreita parceria com um grande número de organizações internacionais da sociedade civil e das Nações
Unidas no domínio da assistência humanitária e do desenvolvimento. Tal como definida na estratégia de comércio para
todos, a política comercial e de investimento assente em valores levada a cabo pela UE, traça um quadro dos ODS que
integra a execução do desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões. A UE permanece uma defensora acérrima
de um sistema comercial multilateral universal, baseado em regras, aberto, não discriminatório e equitativo, alicerçado
na Organização Mundial do Comércio (OMC), e está a trabalhar ativamente para preservar e reforçar esta organização,
em todas as suas funções. A UE também colabora estreitamente com outras organizações internacionais, como o Alto-
Comissariado para os Direitos Humanos (ACDH), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização de
Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE), a fim de promover os direitos humanos, a responsabilidade
social das empresas/comportamento responsável das empresas, bem como os objetivos sociais e ambientais na sua
política comercial. A UE promove ativamente a execução da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Sustentável e os ODS no âmbito do G20. A UE consolida a sua própria governação orçamental e económica através do
Semestre Europeu de coordenação das políticas, contribuindo assim para a estabilidade macroeconómica global. Através
do programa «Legislar melhor», a Comissão contribui para reforçar a coerência das políticas.

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS
▪▪ A UE é o maior doador mundial de ajuda pública ao desenvolvimento, tendo consagrado 75 700 milhões de
EUR para o efeito em 2017. Além disso, o rácio global Ajuda Pública ao Desenvolvimento/Rendimento Nacional
Bruto (RNB) da UE foi significativamente mais elevado – 0,5 % em 2017 – do que o da maioria dos outros doadores
da OCDE, como o Canadá, o Japão ou os Estados Unidos da América. A Suécia, a Dinamarca, o Luxemburgo
e o Reino Unido atingiram o objetivo de gastar 0,7 % do seu RNB em ajuda pública ao desenvolvimento (2017).
▪▪ As relações comerciais com os países em desenvolvimento intensificaram-se. As exportações podem criar
postos de trabalho a nível nacional e permitir que os países em desenvolvimento obtenham divisas estrangeiras, as
quais podem ser utilizadas para importar outros produtos necessários. Entre 2002 e 2017, as importações da UE
provenientes de países em desenvolvimento mais do que duplicaram.
▪▪ A parte das importações da UE provenientes de países menos desenvolvidos aumentou entre 2002 e 2017. Não
obstante, em termos globais, praticamente cinquenta dos países menos desenvolvidos continuam a representaram
uns meros 2,0 % do total das importações para a UE em 2017. Nos últimos anos, a UE reforçou o seu papel
enquanto principal mercado de exportação para países menos desenvolvidos: a sua quota no total das exportações
de bens dos países menos desenvolvidos aumentou de 20,5 % em 2012 para quase 25 % em 2016, seguida da
China (21 %) e dos Estados Unidos (8,2 %).

116
▪▪ É crucial ajudar os países em desenvolvimento a aumentarem os seus recursos nacionais. Adaptou-se a abordagem
da UE em matéria de apoio orçamental a países parceiros para melhor promover os ODS (ODS), melhorar
o enfoque nos resultados das políticas dos países e apoiar a criação de capacidades mediante um apoio mais eficaz
à melhoria da governação e da gestão das finanças públicas, incluindo medidas contra a corrupção.
▪▪ A transferência da carga fiscal sobre o trabalho para o ambiente pode impulsionar o emprego, reduzir as
desigualdades e limitar as pressões sobre o ambiente. A percentagem proveniente dos impostos ambientais nas
receitas totais da UE permaneceu praticamente inalterada (6,8 % em 2002 e 6,1 % em 2017).

CLASSIFICAÇÃO GLOBAL
De acordo com o relatório mundial de 2018 – Índice e quadro de controlo dos ODS (Bertelsmann Stiftung e Rede de
Soluções para o Desenvolvimento Sustentável), seis Estados-Membros da UE têm uma pontuação superior a 70 em 100
para o ODS 17. Três Estados-Membros da UE encontram-se entre os vinte primeiros a nível mundial.

A UNIÃO EUROPEIA EM 2030

TENDÊNCIAS ATUAIS DA UE, EM IGUALDADE DE CIRCUNSTÂNCIAS


Os desafios que a Europa e o mundo têm pela frente serão mais complexos, interligados e globais do que nunca. Será
indispensável criar parcerias globais em matéria de erradicação da pobreza e de todos os outros ODS. A nível internacional,
a UE continuará, pois, a promover a preservação e o reforço da ordem internacional multilateral baseada em regras,
tendo as Nações Unidas como cerne. Trata-se de uma condição imprescindível para garantir os meios de execução.
A UE continuará a utilizar a sua política comercial assente em valores para promover o desenvolvimento sustentável,
incluindo a responsabilidade social das empresas/comportamento responsável das empresas, e apoiar firmemente
a Organização Mundial do Comércio. Por exemplo, a fim de melhorar os resultados mediante a divisão mais eficiente do
trabalho, a UE e os Estados-Membros utilizarão a programação conjunta e a execução conjunta como meio eficaz para
a execução de parcerias de cooperação para o desenvolvimento – ou seja, definirão em conjunto qual o doador que deverá
trabalhar em que setor. Além disso, as instituições da UE e os Estados-Membros continuarão a redobrar de esforços para
aplicar o Programa de Ação de Adis Abeba, que constitui o quadro global para o financiamento da Agenda 2030 para
o Desenvolvimento Sustentável e que salienta o papel da ciência, da tecnologia e da inovação. O Horizonte Europa,
o próximo programa de investigação e inovação da UE (2021-2027), sublinha o papel central da colaboração científica
internacional para a realização dos ODS. A UE está bem posicionada relativamente à maioria dos compromissos de
financiamento para o desenvolvimento até 2030. Também se promoverão as parcerias para o desenvolvimento sustentável
dentro da UE.

OPORTUNIDADES/FATORES POSITIVOS
Participação da sociedade e política participativa, responsabilidade social das empresas/comportamento responsável
das empresas, legislar melhor, educação, digitalização, inteligência artificial, novas tecnologias, investigação e inovação,
transferência eficaz de tecnologias e partilha de conhecimentos, observação da Terra, educação, voluntariado,
financiamento coletivo e outras formas inovadoras de financiamento, financiamento sustentável, parcerias público-
privadas, multilateralismo, comércio aberto e justo, ajuda ao desenvolvimento.

RISCOS/FATORES NEGATIVOS
Instabilidade geopolítica e ameaças à segurança, protecionismo económico, falta de cooperação internacional,
enfraquecimento das instituições multilaterais existentes.

117
PRINCIPAIS INICIATIVAS POLÍTICAS

A UE colabora com outros parceiros do G20 e organizações internacionais do


Pacto do G20 com África, com o objetivo de estimular o investimento nos países
A UE a nível africanos participantes. A UE apoiará igualmente a cooperação triangular – ou
internacional seja, parcerias orientadas para o Sul entre dois ou mais países em desenvolvimento,
apoiadas por um país desenvolvido ou uma organização multilateral, enquanto
importante instrumento para chegar aos países em desenvolvimento e outras partes
interessadas.

O Plano de Investimento Externo Europeu e o respetivo Fundo Europeu para


o Desenvolvimento Sustentável apresentaram o orçamento da UE como garantia
para desbloquear e estimular o investimento em África e territórios vizinhos. O seu
Ao nível da UE foco principal são países interiores menos desenvolvidos, fragilizados e afetados pela
violência e por situações de conflito, que acusam a maior necessidade. Até 2020,
pretende desbloquear investimentos privados e mobilizar investimentos adicionais
no montante de 44 mil milhões de EUR.

A declaração de intenções intitulada «A Finlândia que queremos em 2050 –


Ao nível dos Compromisso da Sociedade para o Desenvolvimento Sustentável» é uma forma
Estados- inovadora de envolver toda a sociedade na implementação dos ODS. A fim de
-Membros atingir os oito objetivos em prol da sua visão para 2050, estão a ser assumidos
compromissos operacionais com setores administrativos e outros intervenientes na
sociedade, como empresas, municípios, organizações, estabelecimentos de ensino
e operadores locais. Os compromissos têm de ser novos e mensuráveis.

Os governos locais e as organizações não governamentais da Letónia participam


ativamente em projetos de cooperação para o desenvolvimento com países da
A nível Parceria Oriental e da Ásia Central – Moldávia, Geórgia, Ucrânia, Quirguistão
regional/local e outros. A Associação dos Poderes Locais e Regionais da Letónia tem prestado
apoio especializado a longo prazo ao nível do planeamento orçamental, negociação
com o governo, participação dos cidadãos no processo de decisão e promoção das
empresas nos países parceiros.

A Unilever, uma companhia transnacional de bens de consumo, tem sido uma


forte defensora dos ODS desde a adoção da Agenda 2030 das Nações Unidas para
o Desenvolvimento Sustentável, o seu diretor executivo integrando inclusive o grupo
A nível de defesa dos objetivos globais do secretário-geral das Nações Unidas. A Unilever
empresarial cofundou em 2016 a Comissão para as Empresas e o Desenvolvimento Sustentável,
que culminou no lançamento de um relatório pioneiro em 2017, intitulado «Better
Business Better World» [Empresas melhores, mundo melhor], sobre a necessidade
de as empresas atuarem em prol dos ODS.

A Aliança Italiana para o Desenvolvimento Sustentável (ASviS) quer aumentar


a sensibilização e mobilizar a sociedade italiana, os agentes económicos e as instituições
A nível da
para a importância da Agenda 2030 das Nações Unidas para o Desenvolvimento
sociedade civil
Sustentável. Reúne mais de 180 das principais instituições e redes da sociedade
civil, juntamente com universidades e empresas.

118
120
Anexo III
SUMÁRIO DO CONTRIBUTO DA PLATAFORMA MULTILATERAL SOBRE OS ODS
PARA O DOCUMENTO DE REFLEXÃO – PARA UMA EUROPA SUSTENTÁVEL ATÉ 2030

121
122
A Europa rumo a um futuro
sustentável
RESUMO DO CONTRIBUTO DA PLATAFORMA MULTILATERAL SOBRE OS ODS
PARA O DOCUMENTO DE REFLEXÃO «PARA UMA EUROPA SUSTENTÁVEL ATÉ 2030»

Membros da plataforma: Birdlife; BusinessEurope; Conselho dos Municípios e das Regiões da Europa (CMRE) COFACE
Families Europe; Comité das Regiões Europeu CONCORD Europe; COPA-COGECA; RSE Europa; EUROCITIES, Confedera-
ção Europeia dos Sindicatos (CES) Comité Económico e Social Europeu (CESE); ENEL; Aliança Europeia de Saúde Pública
(EPHA) ESADE Business School; Comité Sindical Europeu da Educação (CSEE) Associação Europeia de Universidades
(AEU); European Environmental Bureau (EEB); Fórum Europeu da Juventude (YFJ); O Conselho Internacional de Infor-
mação Integrada (IIRC); FoodDrinkEurope; Fair Trade Advocacy Office (FTAO); Plataforma social; ODS Watch Europe;
Transparência Internacional; Unilever; Fundo Mundial para a Natureza (WWF); Vandinika Shukla; Christian Thimann;
Wiebe Draijer; Janez Potocnik
Observadores da plataforma: Conselhos Consultivos Europeus para o Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável
(EEAC); Banco Europeu de Investimento (BEI): Rede Europeia de Desenvolvimento Sustentável (ESDN); União Interna-
cional para a Conservação da Natureza (UICN): Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económicos (OCDE):
Nações Unidas (ONU); Banco Mundial (BM)

123
Carta dos membros da plataforma

Bruxelas, 11 de outubro de 2018

Aos dirigentes atuais e futuros da Comissão Europeia e de outras instituições da UE,


A todos os intervenientes com uma forte participação no modo de vida sustentável das pessoas e na
evolução ambiental, social, económica e em termos de governação da Europa,
Aos cidadãos e eleitores na Europa,
Através desta nova plataforma e do nosso relatório, queremos enviar um sinal galvanizador aos dirigentes,
aos intervenientes e aos cidadãos dentro e fora da União Europeia: está na hora – mais do que nunca – de
desenvolver e aplicar uma Estratégia Europa Sustentável 2030 visionária e ambiciosa.
É importante notar que não se espera de nenhum dos membros da plataforma que subscreva todas as
recomendações ou pontos de vista constantes deste relatório. A cada um assiste o direito de ter uma
opinião diferente sobre as questões em foco.
Todavia, apostámos em conseguir em pouco tempo aproveitar e respeitar a diversidade de contextos
e perspetivas que nos caracteriza, com o objetivo de avançar na mesma direção rumo a uma Europa melhor
e sustentável.
Com base em sólidos valores comuns, melhorias em matéria de políticas estruturais e propostas de ações
inovadoras, alicerçamos as nossas recomendações na experiência e nos esforços de milhares de homens
e mulheres do setor público, da sociedade civil e do setor privado. Move-os a ambição comum de transformar
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em soluções práticas para o bem-estar dos cidadãos e a
proteção do ambiente para as gerações presentes e futuras.
O nosso relatório salienta as diferentes perspetivas e aborda alguns compromissos difíceis entre as
dimensões ambientais, económicas, sociais e de governação do desenvolvimento sustentável. Se lográmos
negociar alguns deles, outros há que requerem mais clarificação e consenso.
Estamos confiantes de que a confiança e o empenho dos cidadãos e dos dirigentes na contínua transformação
da Europa darão frutos. É necessária uma cultura justa e equitativa de diálogo e de parceria a todos os
níveis, em que cada parceiro, confiante de não estar só nesse processo, pode colaborar na conceção de uma
Europa ao serviço e em benefício de todos. Também é necessária uma estratégia global para uma Europa
sustentável que oriente todas as políticas e programas europeus capazes de acelerar os nossos recursos
individuais e coletivos, a fim de alcançar segurança, prosperidade e dignidade sustentáveis para todos.
Orgulhamo-nos do trabalho realizado até à data, ao mesmo tempo que sentimos a urgência de fazer muito
mais. Fazemos, pois, votos, de que o diálogo sobre a sustentabilidade e a colaboração no âmbito desta
plataforma – tanto entre as partes interessadas e com as instituições da UE – medre e floresça rapidamente.

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Resumo

A EUROPA RUMO A UM FUTURO SUSTENTÁVEL –


Contributo da Plataforma Multilateral sobre os ODS para o documento de reflexão – Para uma Europa
sustentável até 2030 (outubro de 2018)
A Plataforma Multilateral para a Execução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável na União Europeia –
a «plataforma multilateral da UE sobre os ODS» – foi criada em maio de 2017 para apoiar e aconselhar a Comissão
Europeia e todas as partes interessadas na aplicação dos ODS a nível da UE.
Movidos por sólidos valores comuns, na nossa qualidade de representantes do setor público, da sociedade civil e do setor
privado, empenhámo-nos em formular recomendações judiciosas e fundamentadas sobre o modo de transformar os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em soluções práticas para o bem-estar das nossas gerações presentes e futuras
na UE e fora dela. As nossas recomendações visam inspirar e orientar o documento de reflexão da Comissão – Rumo
a uma Europa sustentável até 2030.
Atendendo à agenda ambiciosa e à natureza universal e indivisível dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, não
há uma receita única que se possa defender. A consecução dos objetivos exige uma análise abrangente, a identificação dos
domínios em que são necessárias alterações e o desenvolvimento de políticas coerentes geradoras de benefícios conexos
duradouros no plano social, económico, ambiental e de governação, reconhecendo e atuando com base nas interligações
entre todos os objetivos e metas. As nossas recomendações dão um contributo ambicioso e consensual para este objetivo.
Como ações prioritárias, recomendamos que a UE desenvolva e aplique uma Estratégia Europa Sustentável 2030 global,
visionária e transformadora, à laia de orientação para todas as políticas e programas da UE. Para ser eficaz, esta estratégia
deve incluir metas intercalares e a longo prazo e delinear a visão da Europa para uma Europa sustentável para além da
Agenda 2030.
Ao aplicar a Agenda 2030, a Comissão Europeia e todas as outras partes interessadas têm de respeitar princípios
fundamentais, cumprir os atuais compromissos assumidos no âmbito de acordos internacionais, comprometer-se
a transformar o nosso modelo social e económico, priorizar e facilitar ações para os mais pobres e mais marginalizados na
sociedade («não deixar ninguém para trás»), reconhecer os limites do planeta, respeitar os direitos humanos e o Estado
de direito, e garantir a coerência das políticas para o desenvolvimento sustentável.
Também formulamos algumas recomendações transversais. Aconselhamos a UE a reinventar o seu sistema de governação
para garantir uma abordagem coerente do desenvolvimento sustentável. O presidente da Comissão, coadjuvado por uma
equipa de projeto específica, deverá ser responsável pela Agenda 2030, assegurar uma coordenação efetiva e dar conta
da sua execução no discurso anual sobre o estado da União Europeia. Igualmente necessária será a ação das regiões, dos
municípios, dos cidadãos, das comunidades, das empresas e da sociedade civil em toda a sua diversidade para a aplicação
dos ODS e do Acordo de Paris. A UE deve advogar uma abordagem territorial para a realização dos ODS e viabilizar
um diálogo bidirecional pelo qual as estratégias europeias e nacionais associem as autoridades regionais e locais, bem
como a sociedade civil e as organizações profissionais numa abordagem de governação a vários níveis e com múltiplas
partes interessadas. Também nos propomos avaliar os méritos desta plataforma – quanto à sua composição e missão –
e debater de que modo poderá futuramente contribuir da melhor forma para a nossa proposta de uma Estratégia Europa
Sustentável 2030 inclusiva, participativa e transparente. Por último, importa realizar esforços suplementares para garantir
a coerência das políticas em prol do desenvolvimento sustentável, o que significa que todas as políticas da UE devem
concorrer para o desenvolvimento sustentável dentro ou fora da Europa.
Temos ainda algumas recomendações específicas sobre a forma de reforçar a atual panóplia de instrumentos da UE.
O programa «Legislar Melhor» poderia passar a ser um instrumento mais poderoso mediante a plena integração dos
princípios e objetivos de desenvolvimento sustentável e no processo de elaboração das políticas. Os responsáveis
políticos da UE devem melhorar a utilização e aperfeiçoar as orientações relativas à avaliação de impacto na ótica de
integrar o desenvolvimento sustentável. Cumpre criar um ciclo de coordenação da Europa sustentável, dotado de planos
de ação para o desenvolvimento sustentável da UE, relatórios dos Estados-Membros e da Comissão Europeia sobre
o desenvolvimento sustentável e recomendações. O processo do Semestre Europeu deve nortear-se pela Estratégia Europa

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Sustentável 2030 e incluir um controlo da sustentabilidade. As finanças públicas da UE, incluindo o Quadro Financeiro
Plurianual, devem ser plenamente sustentáveis; a definição de riscos ambientais, sociais e de governação deve estar
integrada nos regulamentos financeiros. Há que proceder a reformas orçamentais sustentáveis ao nível dos Estados-
Membros, fazer frente à elisão fiscal e ao dumping fiscal, bem aplicar integralmente a Agenda de Ação de Adis Abeba.
A bem de informar os futuros decisores políticos, a UE deve continuar a desenvolver um quadro integrado e participativo
de acompanhamento, responsabilização e avaliação, incluindo um conjunto abrangente de indicadores dos ODS da UE
e uma análise qualitativa.
Formulamos igualmente recomendações setoriais específicas. A sustentabilidade deve refletir-se de modo coerente em
todas as políticas e iniciativas da UE. Para o âmbito do presente documento, porém, identificámos cinco domínios de
intervenção da UE que desempenham um papel fundamental na consecução dos ODS:
(1) Importa continuar a promover, incentivar e regulamentar o consumo e a produção sustentáveis, prestando
atenção especial às cadeias de abastecimento mundiais. Precisamos igualmente de medidas jurídicas, políticas e de
financiamento que conduzam esta transição. É preciso reduzir a pegada da UE, estabelecer uma convenção para
a gestão de recursos e desenvolver indicadores baseados no consumo. A sustentabilidade deve ser parte integrante da
Estratégia Indústria Europeia 2030.
(2) A UE deve investir em atividades de investigação e inovação, nas pessoas e nos talentos humanos,
na empregabilidade e na inclusão social. Cumpre aplicar na íntegra o Pilar Europeu dos Direitos Sociais. Há que
promover a economia social e solidária, reforçar o investimento na saúde e no bem-estar e tornar a sustentabilidade
numa ciência interdisciplinar. Há que assegurar uma educação de qualidade, priorizar o apoio às crianças e jovens
e prever um quadro regulamentar para garantir vias seguras para os requerentes de asilo e migrantes, reforçando, ao
mesmo tempo, a integração e a inclusão.
(3) Política climática e energética. A UE deve alinhar as suas metas em matéria de clima e energia com o objetivo
acordado de limitar o aumento da temperatura mundial a 1,5 graus em relação aos níveis pré-industriais, aumentando
simultaneamente a resiliência. Há que suprimir progressivamente os combustíveis fósseis; aumentar os investimentos na
eficiência energética e nas energias limpas; promover a adoção de soluções baseadas na natureza. O congestionamento
do tráfego deve diminuir, cabendo fomentar infraestruturas sustentáveis e planos de mobilidade abrangentes. A UE
também deve apoiar os países em desenvolvimento na adaptação e resiliência às alterações climáticas.
(4) Alimentação, agricultura e utilização dos solos, incluindo a política agrícola comum. A UE deve
velar por que a globalidade do investimento europeu na agricultura esteja em consonância com o Tratado da UE,
a fim de garantir um elevado nível de proteção da saúde humana, segurança alimentar, bem como a proteção e a
melhoria da qualidade do ambiente. O apoio às receitas públicas deve apoiar a produção alimentar, o fornecimento
de bens públicos e a prestação de serviços ecossistémicos, assegurando em simultâneo um nível de vida equitativo
para a comunidade agrícola e facilitando a transição para uma agricultura e sistemas alimentares sustentáveis. Importa
dar prioridade a investimentos e investigação em matéria de práticas compatíveis com o ambiente e economicamente
viáveis, bem como tornar as cadeias de valor mundiais sustentáveis.
(5) A política de coesão é um importante instrumento de investimento da UE para apoiar a aplicação dos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Deve reforçar a localização dos objetivos prestando apoio direto aos
governos infranacionais, apoiar a Agenda Urbana da UE, continuar a promover os objetivos sociais e incentivar
melhor os investimentos em infraestruturas mais ecológicas e mais sustentáveis, inclusive nas zonas rurais.
A fim de responder à necessidade urgente de ação, exortamos vivamente a Comissão a dar seguimento às nossas
recomendações de modo célere e expedito, permitindo que a Europa agarre plena e rapidamente a oportunidade que
o desenvolvimento sustentável representa para as nossas sociedades. A execução dos nossos requisitos exigirá uma
abordagem inclusiva e participativa que nos comprometemos plenamente a apoiar. O nosso objetivo último é garantir
que o desenvolvimento sustentável se torne uma característica permanente da elaboração das políticas europeias.

A versão integral do contributo da Plataforma Multilateral sobre os ODS para o documento de reflexão – Para uma
Europa sustentável até 2030 – está disponível em https://ec.europa.eu/info/sites/info/files/sdg_multi-stakeholder_
platform_input_to_reflection_paper_sustainable_europe2.pdf.

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doi:10.2775/50527

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