Gestin 13
Gestin 13
Gestin 13
Ano XIII
XIII -- N.º
N.º 13
13 -- dezembro
dezembro de
de 2016
2016
1
DIRETOR
Ana Rita Baptista Garcia
CORPO EXECUTIVO
Sara Margarida Isidoro Frade de Brito Filipe
Cristina Isabel Miranda Abreu Soares Fernandes
Hélio Pedro Gonçalves Lameiras
CORPO REDATORIAL
Ana Maria Gonçalves Lourenço Roque Santos Pinto, Ana Paula Robalo do Nascimento Castela, Ana Rita
Baptista Garcia, André João Pinheiro Costa, António José Fonseca Gaiola, António Mendes Pinto, Cristina Isabel
Miranda Abreu Soares Fernandes, Cristina Maria dos Santos Estevão, David José Geraldes Falcão, Fernando
António Alverca Paulico, Filipe Manuel Antunes Pires, Marta Filipa Geraldes Falcão, Nuno José Martins Guerra,
George Manuel Almeida Ramos, João Renato Caramona Belo Sebastião, Pedro Manuel Rodrigues Carvalho, Sara
Margarida Isidoro Frade de Brito Filipe, Sara Monteiro Morgado Dias Nunes.
Presidente do Comité Científico Português: Mário Lino Barata Raposo (Universidade da Beira Interior); Vice-
-Presidentes do Comité Científico Português: João José de Matos Ferreira (Universidade da Beira Interior); Helena
Maria Batista Alves, (Universidade da Beira Interior); Secretariado: Carla Fernandes (Universidade da Beira Interior);
Membros: Alberto Baptista (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Alcina Gaspar (Instituto Politécnico
de Leiria); Alcino Couto (Universidade da Beira Interior); Alzira Maria Ascensão Marques (Instituto Politécnico de
Leiria); Amélia Marques (Instituto Politécnico de Setúbal); Ana Bela Teixeira (Instituto Politécnico de Setúbal); Ana
Maria Rodrigues (Universidade de Coimbra); Ana Maria Soares (Universidade do Minho); Ana Maria Sotomayor
(Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa); Ana Marta-Costa, (Universidade de Trás-os-
-Montes e Alto Douro); Ana Morais (Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE)); Ana Paula Matias (Universidade da
Beira Interior); Ana Paula Rodrigues (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Anabela Almeida (Universi-
dade da Beira Interior); Anabela Correia, (Instituto Politécnico de Setúbal); Anabela Dinis, (Universidade da Beira
Interior); António Almeida (Instituto Politécnico de Setúbal); António Cardoso Marques (Universidade da Beira
Interior); António Carrizo Moreira (Universidade de Aveiro); António João Nunes (Universidade da Beira Interior);
António José Fernandes (Instituto Politécnico de Bragança) António Sousa (Universidade Évora); Arménio Rego
(Universidade de Aveiro); Arminda Maria Finisterra do Paço (Universidade da Beira Interior); Arnaldo Coelho
(Universidade de Coimbra); Artur Cristóvão (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Ascensão Braga (Ins-
tituto Politécnico da Guarda); Aurora Teixeira (Universidade do Porto); Carla Alexandra Amado (Universidade do
Algarve); Carla Marques (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Carlos Brito (Faculdade Economia Uni-
versidade do Porto); Carlos Fonseca (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Carlos Machado dos Santos
(Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Carlos Marques (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro);
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Carlos Rouco (Academia Militar); Carmem Leal (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Cátia Crespo
(Instituto Politécnico de Leiria); Christopher Gerry (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Conceição
Ilda da Silva Gomes (Instituto Politécnico de Leiria); Cristina Estevão (Instituto Politécnico de Castelo Branco);
Cristina Fernandes (Instituto Politécnico de Castelo Branco); Daniel Marinho (Universidade da Beira Interior);
Dina Miragaia (Universidade da Beira Interior); Elisabete Fernanda Mendes Duarte (Instituto Politécnico de Leiria);
Elizabeth Kasteinholz (Universidade de Aveiro); Emerson Wagner Mainardes (Universidade da Beira Interior);
Fernanda Nogueira (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Fernando Ferreira (Instituto Universitário de
Lisboa (ISCTE)); Filipe Coelho (Universidade de Coimbra); Francisco Carreira (Instituto Politécnico de Setúbal);
Francisco Diniz (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Francisco Vitorino Martins (Faculdade Economia
Universidade do Porto); Gabriela Silva (Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE)); Georgete Andraz (Universidade
do Algarve); Helena Alves (Universidade da Beira Interior / NECE); Henrique Diz (Universidade de Aveiro); Ilídio
Lopes (Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE)); Inês Lisboa (Instituto Politécnico de Leiria); Irina Golovano-
va (Academia Militar); Jacinta Moreira (Instituto Politécnico de Leiria); Jacinto Vidigal da Silva (Universidade de
Évora); João Cordeiro (Instituto Politécnico de Setúbal); João Ferreira (Universidade da Beira Interior / NECE);
João Monteiro (Universidade da Beira Interior); João Mota (Instituto Superior de Economia e Gestão); João Pedro
Pina Cordeiro (Instituto Politécnico de Setúbal); João Rebelo (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); João
Tomás (Instituto Politécnico de Setúbal); João Veríssimo de Oliveira Lisboa (Faculdade de Economia de Univer-
sidade de Coimbra); Joaquim Borges Gouveia (Universidade de Aveiro); Jorge Casas Novas (Universidade Évora);
José Alberto Fuinhas (Universidade da Beira Interior); José Carlos Pinho (Universidade do Minho); José Guilherme
Dantas (Instituto Politécnico de Leiria); José Luís Pereira Martins (Instituto Politécnico de Leiria); José Paulo Espe-
rança (Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE)); José Ramos Pires Manso (Universidade da Beira Interior); José
Rebelo (Instituto Politécnico de Setúbal); Júlia Fonseca (Instituto Politécnico de Leiria); Leonor Ferreira (Faculdade
de Economia da Universidade Nova de Lisboa); Lígia Febra (Instituto Politécnico de Leiria); Lúcia Rodrigues (EEG
Universidade do Minho); Luís Farinha (Instituto Politécnico de Castelo Branco); Luís Lourenço (Universidade da
Beira Interior); Luísa Carvalho (Universidade Aberta); Manuel Luís Tibério (Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro); Manuela Sarmento (Universidade Lusíada); Maria Antónia Jesus (Instituto Universitário de Lisboa
(ISCTE)); Maria de Fátima David (Instituto Politécnico da Guarda); Maria do Céu Ferreira Gaspar Alves (Univer-
sidade da Beira Interior); Maria Eduarda Silva Teixeira Fernandes (Instituto Politécnico de Leiria); Maria Elisabete
Duarte Neves (Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra); Maria João Machado (Instituto
Universitário de Lisboa (ISCTE)); Maria José Aguilar Madeira Silva (Universidade da Beira Interior); Maria José
Rainho (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Maria Natário (Instituto Politécnico da Guarda); Mário
José Batista Franco (Universidade da Beira Interior); Mário Raposo (Universidade da Beira Interior / NECE); Mário
Sérgio Teixeira (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Marta Silvério (Universidade de Évora); Natália
Maria Prudêncio Canadas (Instituto Politécnico de Leiria); Nelson Duarte (Instituto Politécnico do Porto); Neuza
Ribeiro (Instituto Politécnico de Leiria); Nuno Teixeira (Instituto Politécnico de Setúbal); Odete Pereira (Instituto
Politécnico de Setúbal); Orlando Manuel Martins Marques de Lima Rua (Instituto Politécnico do Porto); Patrícia
António (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro); Paula Odete Fernandes (Instituto Politécnico de Bragan-
ça); Paulo Alexandre Oliveira Duarte (Universidade da Beira Interior); Paulo Gonçalves Pinheiro (Universidade da
Beira Interior); Paulo Maças Nunes (Universidade da Beira Interior); Paulo Neves (Universidade do Algarve); Pedro
Dominguinhos, (Instituto Politécnico de Setúbal); Pedro Marques Silva, (Universidade da Beira Interior); Ricardo
Rodrigues (Universidade da Beira Interior); Rui Alberto de Freitas Martins (Instituto Politécnico de Leiria); Rui Rita
(Instituto Politécnico de Setúbal); Rui Robalo (Instituto Politécnico de Santarém); Rute Abreu (Instituto Politécnico
da Guarda); Sérgio Pereira dos Santos (Universidade do Algarve); Soumudip Sarkar (Universidade de Évora); Teresa
Cristina Pereira Eugénio (Instituto Politécnico de Leiria); Timothy Koehnen (Universidade de Trás-os-Montes e
Alto Douro); Vasco Eiriz (Universidade do Minho); Vítor Lélio da Silva Braga (Instituto Politécnico do Porto); Zélia
Maria da Silva Serrasqueiro (Universidade da Beira Interior).
Presidentes do Comité Científico Espanhol: Antonio Leal Millán (Universidad de Sevilla); Carmen Barroso Castro
(Universidad de Sevilla); Vice-Presidente e Secretario General do Comité Científico Espanhol: Antonio Navarro
García (Universidad de Sevilla); Membros: Agueda Esteban Talaya (Universidad de Castilla La Mancha); Alfonso
Rodríguez Sandiás (Universidad de Santiago de Compostela); Alfonso Vargas Sánchez (Universidad de Huelva); Ana
María Gutiérrez Arranz (Universidad de Valladolid); Ana Rosa del Águila Obra (Universidad de Málaga); Antonio
de la Torre Gallegos (Universidad de Sevilla); Antonio Padilla Meléndez (Universidad de Málaga); Arturo Rodríguez
Castellanos (Universidad del País Vasco); Begoña Barreiro Fernández (Universidad de Santiago de Compostela);
Belén Fernández-Feijóo Souto (Universidad de Vigo); Bernabé Escobar Pérez (Universidad de Sevilla); Carlos
Flavián Blanco (Universidad de Zaragoza); Daniel Carrasco Díaz (Universidad de Málaga); Domingo Ribeiro
Soriano (Universidad de Valencia); Encarnación González Vázquez (Universidad de Vigo); Enrique Bigné Alcañiz
(Universidad de Valencia); Enrique Buch Gómez (Universidad de Vigo); Enrique Claver Cortés (Universidad de Ali-
cante); Enrique Díez de Castro (Universidad de Sevilla); Enrique Martín Armario (Universidad de Sevilla); Francisca
Parra Guerrero (Universidad de Málaga); Francisco Javier Landa Bercebal (Universidad de Sevilla); Francisco Javier
Llorens Montes (Universidad de Granada); Francisco Javier Martínez García (Universidad de Cantabria); Guillermo
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Pérez-Bustamante Ilander (Universidad de Oviedo);Inés Küster Boluda (Universidad de Valencia); Jesús Barrena
Martinez (Universidad de Cádiz); Joaquina Laffarga Briones (Universidad de Sevilla); José Alberto Díez de Castro
(Universidad de Santiago de Compostela); José Ángel Miguel Dávila (Universidad de León); José Antonio Ariza
Montes (Universidad Loyola de Andalucía); José Antonio Fraiz Brea (Universidad de Vigo); José Antonio Jiménez
Quintero (Universidad de Málaga); José Luis Galán González (Universidad de Sevilla); José Luis Gascó Gascó (Uni-
versidad de Alicante); José Luis Miralles Quirós (Universidad de Extremadura); José María Gómez Gras (Universi-
dad Miguel Hernández); José Rodríguez Rodríguez (Universidad de Málaga); Juan Carlos Ayala Calvo (Universidad
de La Rioja); Juan José García Machado (Universidad de Huelva); Juan Llopis Taverner (Universidad de Alicante);
Juan Ramón Oreja Rodríguez (Universidad de La Laguna); Julio García del Junco (Universidad de Sevilla); Lázaro
Rodríguez Ariza (Universidad de Granada); Leonor González Menorca (Universidad de La Rioja); Luis Ángel
Guerras Martín (Universidad Rey Juan Carlos); Luis Tomás Díez de Castro (Universidad Rey Juan Carlos); Macario
Cámara de la Fuente (Universidad de Jaén); Manuel Cabanes Fuentes (Universidad Loyola de Andalucía); Manuel
González Rendón (Universidad de Sevilla); Manuel Guisado Tato (Universidad de Vigo); Manuel Parras Rosa
(Universidad de Jaén); María del Mar Miralles Quiros (Universidad de Extremadura); María Isabel Blanco Dopico
(Universidad de Santiago de Compostela); María Jesús Hernández Ortiz (Universidad de Jaén); María José Montero
Simó (Universidad Loyola de Andalucía ); María José Sanzo Pérez (Universidad de Oviedo); María Reyes González
Ramírez (Universidad de Alicante); Mariano Nieto Antolín (Universidad de León); Marta Peris Ortiz (Universidad
Politécnica de Valencia) Mercedes Ruiz Lozano (Universidad Loyola de Andalucía); Ramón Valle Cabrera (Universi-
dad Pablo Olavide); Ricardo Hernández Mogollón (Universidad de Extremadura); Rodolfo Vázquez Casielles (Uni-
versidad de Oviedo); Santiago García González (Universidad de Huelva); Teodoro Luque Martínez (Universidad de
Granada); Yolanda Polo Redondo (Universidad de Zaragoza).
PRODUÇÃO
Instituto Politécnico de Castelo Branco
CAPA
Tomás Monteiro
EXECUÇÃO GRÁFICA
Serviços Editoriais e de Publicação do Instituto Politécnico de Castelo Branco
ASSINATURAS
Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova
Palacete das Palmeiras
6060-163 Idanha-a-Nova
Telef. 277200220; Fax. 277202667; E-mail: [email protected]
PERIODICIDADE
A revista GESTIN é editada semestralmente
PREÇO E ASSINATURA
Assinatura anual: 4 Euros
ISSN Nº 1645-2534
Depósito Legal n.º 170902/02
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ÍNDICE
EDITORIAL 7
EDITORIAL
Este número da Revista GESTIN integra, à semelhança do editado
em junho, trabalhos apresentados nas XXVI Jornadas Luso-Espanho-
las de Gestão Científica que decorreram entre os dias 3 e 6 de feve-
reiro, de 2016, em Idanha-a-Nova, na Escola Superior de Gestão do
Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESG/IPCB). O intercâmbio
de conhecimento, e de práticas, em países de língua portuguesa e espa-
nhola, entre investigadores, docentes, estudantes e outros interessados,
nesta área do saber, valorizou e enriqueceu a abordagem científica. O
desenvolvimento deste evento fundamentou-se no conhecimento da
necessidade de as instituições do ensino superior garantirem que as
competências científicas, tecnológicas e culturais que constroem, re-
dundem em benfeitoria da prestação de serviços à comunidade. Na
verdade, o diagnóstico de carências confirmadas implica a pesquisa de
soluções práticas através da ciência e da tecnologia e o favorecer de
uma divulgação que permita à população ativa intervir positivamente
em diferentes domínios e contribuir para o bem-estar social.
Ora, apesar dos abstracts e resumos estarem inseridos em publicação
própria, editada pela Escola, entendemos que a exposição alargada dos
estudos e pesquisas sobre as principais áreas de atuação da Escola se
justificava. No ano em que comemoramos os 25 anos da criação do
Ensino Superior em Idanha-a-Nova, reiteramos o lema e o interesse
de semear conhecimento, cumprindo a finalidade maior da academia:
edificar um diálogo criador de luz, capaz de produzir dissensos e con-
sensos, fundados em princípios e métodos científicos.
A revista GESTIN, à semelhança do presente ano, estará, também,
associada às XXVII Jornadas Hispano-Lusas que se realizarão, em
2017, na Universidad de Alicante, Espanha.
Assim, neste número,
Carla Sofia Teixeira Morais de Carvalho, Amélia Maria Martins Pi-
res e Paula Odete Fernandes autoras de ANÁLISE CRÍTICA DAS
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES E PREVISÍVEIS IMPACTOS DA
TRANSPOSIÇÃO DA DIRETIVA 2013/34/U.E. PARA PORTU-
GAL, efetuaram uma análise crítica às alterações introduzidas pela Di-
retiva 2013/34/U.E. Procuraram conhecer o impacto decorrentes des-
sas mudanças na preparação e divulgação da informação financeira, em
Portugal. Identificaram as principais implicações da transposição desta
Diretiva na profissão, em particular no que respeita aos custos admi-
nistrativos a suportar pelas empresas com a preparação da informação
financeira e no plano social. Aplicaram um inquérito, por questionário,
a profissionais nos distritos de Vila Real e Bragança. Apresentam como
conclusão o facto de esta nova Diretiva implicar uma maior responsabi-
lidade para o profissional, que negligencia, por vezes, conceitos oriun-
dos das normas internacionais e privilegia a redução dos encargos das
empresas descurando a qualidade da informação financeira.
Cláudia S. Costa desenvolve o tema FALHAS DE MERCADO NA
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ATIVIDADE TURÍSTICA: UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA DA
ATUAÇÃO DOS MUNICÍPIOS PORTUGUESES. A autora elabora
uma análise das intervenções dos municípios portugueses na resolução
de problemas do mercado turístico. A investigação tem como obje-
to um estudo de caso de cinco autarquias. Os resultados do trabalho
evidenciam que as Câmaras portuguesas utilizam as ferramentas políti-
cas identificadas na literatura, para combater as falhas do mercado. Os
dados apontam ainda que os municípios portugueses vão definindo
planos de ação especificamente orientados para a política de turismo
Deolinda Maria Fonseca Alberto disserta sobre: ESTRATÉGIA E
COMPETITIVIDADE DO SETOR AGROALIMENTAR EM POR-
TUGAL. Considera que o setor agroalimentar é uma das fileiras estra-
tégicas para a dinamização da economia nacional. Refere a alteração
do perfil das empresas agroalimentares emergindo, agora, uma maior
preocupação com a qualidade da matéria-prima, com a diferenciação
do produto, com o design, com a marca e com a internacionalização.
Utiliza como instrumento metodológico o modelo do Diamante de
Porter, procede à análise dos fatores de competitividade. Avalia depois
os vetores que estão na base da construção das vantagens competitivas.
Eduardo Augusto Diz Salvador, António Borges Fernandes e
Nuno Adriano Baptista Ribeiro estudam a: EFICIÊNCIA DA ILUMI-
NAÇÃO PÚBLICA - LÂMPADAS VAPOR DE SÓDIO DE ALTA
PRESSÃO V.S. TECNOLOGIA LED. Os autores efetuam uma análi-
se comparativa dos gastos entre duas variantes para a substituição das
luminárias, da iluminação pública em fim de vida, em Macedo de Cava-
leiros. Tendo como base o critério CAL – Custo Atual Líquido, verifica-
ram que a opção mais favorável, em termos económicos, é a tecnologia
LED. A variação da tarifa e o preço das luminárias foram as variáveis
que estiveram subjacentes à análise de sensibilidade.
Jacinta Raquel Miguel Moreira e Sara Gomes Alves debruçam-se so-
bre FATORES DETERMINANTES DA LEALDADE DOS CON-
SUMIDORES: ESTUDO APLICADO AO SETOR DA MODA. O
estudo teve como objetivo analisar a influência de um conjunto de fato-
res (ações de fidelização, comportamento afetivo, satisfação, confiança
e custos de mudança) na lealdade dos consumidores neste setor. As
autoras consideraram um quadro teórico que inclui a caracterização dos
fatores e que serviu de suporte à formulação das hipóteses de investi-
gação bem como ao respetivo estudo empírico. Realizaram um questio-
nário cujos dados foram submetidos a uma análise fatorial e modelos
de regressão logística. Concluíram que no setor da moda, a lealdade
dos consumidores é determinada e influenciada pelo comprometimen-
to afetivo, satisfação, confiança e custos de mudança à marca/empresa.
Jéssica Filipe Serradas e Júlia Fragoso da Fonseca estudam AÇÕES
DE FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE NO HOTEL VILLA BATA-
LHA. Explicam que, atualmente se verifica uma maior necessidade de
diferenciação, pelo que é importante que cada empresa se adapte aos
seus clientes e não imite as estratégias da concorrência. Os clientes não
procuram apenas um produto, pretendem um atendimento personali-
zado. Muitas empresas recorrem então Customer Relationship Manage-
ment - CRM, uma das ferramentas mais apropriadas, quando o objetivo
a atingir é desenvolver um relacionamento sustentável e duradouro: a
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fidelização dos clientes. As autoras sugerem, então, a implementação de
ações de CRM específico para o Hotel Villa Batalha.
João Dionísio Monteiro e José Ramos Pires Manso apresentam
o tema NIGHT AND DAYTIME EFFECTS IN US EQUITY EX-
CHANGE-TRADED FUND RETURNS. Este artigo examina os re-
tornos médios obtidos durante os períodos em que os mercados estão
abertos e fechados; usam uma amostra dos quatro principais fundos
negociados na bolsa de ações dos EUA (ETFs), no período que decor-
re entre janeiro de 1996 e janeiro de 2014.
Iniciam a abordagem avaliando os efeitos dos dias e noites
nos ETFs. Estudam depois os efeitos comuns dia e noite, por dia da
semana. Aplicam vários modelos de regressão e concluem que, a partir
de 2006, se verifica uma acentuada diminuição e/ou o desaparecimento
do efeito dia e noite. Outra conclusão é que a volatilidade dos retornos
dia é significativamente mais elevada do que a volatilidade dos retornos
noite.
José Guilherme Leitão Dantas e Alzira Maria Ascensão Marques
apresentam um estudo sobre: MARKETING EXPERIENCIAL: O
ESTUDO DE 3 HOTÉIS DE CHARME DA REGIÃO CENTRO
DE PORTUGAL.
Defendem que a competitividade das marcas depende, em par-
te, de as empresas associarem aos produtos e serviços experiências me-
moráveis. É neste contexto que emerge o marketing experiencial. Assim,
com base no caso de estudo de 3 hotéis de charme na região de Leiria
identificaram práticas de marketing experiencial, tendo verificado que es-
tão relacionadas com o nível de satisfação dos clientes e de popularidade
dos hotéis. Estão também na origem do WOM positivo que desempenha
um papel importante na captação de novos clientes. Concluíram que o
marketing experiencial se revela fundamental como orientação estratégi-
ca para o setor da hotelaria.
José Rascão estuda a QUALIDADE DA INFORMAÇÃO: CON-
CEITOS, EVOLUÇÃO E APLICAÇÕES. Este estudo sintetiza os
trabalhos académicos existentes, procurando gerar novos conheci-
mentos. Refere que os resultados podem ser utilizados para aplicação
prática, nas distintas áreas de conhecimento. Identifica, num primeiro
momento, os atributos aparentes focando especificamente alguns deles.
Finalizando o autor propõe um modelo de avaliação da qualidade da
informação para aplicação em futuras pesquisas e estudos empíricos.
Liliana Lima Lousinha Alves, Isabel Neira Gómez e Helena Ma-
ria da Silva Santos Rodrigues, analisam A INFLUÊNCIA DA REDE
FAMILIAR, REDE LABORAL E CONFIANÇA ORGANIZACIO-
NAL NA PERCEÇÃO DE FELICIDADE PESSOAL, SATISFA-
ÇÃO COM A VIDA E SATISFAÇÃO COM O TRABALHO: UM
ESTUDO EM CONTEXTO EMPRESARIAL. As autoras avaliam a
influência da rede familiar, da rede constituída pelos colegas de trabalho
(sem diferença hierárquica) e da confiança organizacional nas três com-
ponentes (felicidade pessoal, satisfação com a vida e com o trabalho) de
bem-estar subjetivo. Realizaram um questionário a empresas localiza-
das no norte de Portugal e na Galiza; obtiveram 224 respostas válidas.
A análise dos dados através de ordered probit regressions revelou que:
a confiança e a colaboração entre os membros da rede familiar e os
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membros da rede de colegas de trabalho (sem diferença hierárquica),
bem como a confiança na empresa estão associadas positivamente à
probabilidade de sentir felicidade pessoal e satisfação com o trabalho.
Acresce que a confiança nos superiores hierárquicos está positivamente
associada à probabilidade de sentir satisfação com a vida. Concluem
ainda que níveis de escolaridade mais elevados estão associados a me-
nor felicidade pessoal e satisfação com a vida; completam a informação
com um outro dado: o sexo masculino apresenta maior probabilidade
de sentir satisfação com o trabalho.
Ana Rita Garcia
Diretora da Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova
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Carla Sofia Teixeira Morais de Carvalho1, Amélia Maria Martins Pires2 e Paula Odete Fernandes3
Resumo
O objetivo geral deste estudo é o de desenvolver uma análise crítica às alterações in-
troduzidas pela Diretiva 2013/34/U.E. tomando como ponto de partida a identificação
das principais diferenças nela preconizadas e as até agora prescritas para procurar ante-
cipar o impacto produzido por essas alterações ao nível da preparação e divulgação da
informação financeira em Portugal. Mais concretamente procurar identificar as princi-
pais implicações da transposição da Diretiva na profissão e na envolvente, em particular
no que respeita aos custos administrativos a suportar pelas empresas com a preparação
da informação financeira e no plano social. Para lhe dar resposta aplicou-se um inquérito
por questionário a profissionais nos distritos de Vila Real e Bragança. Concluiu-se que a
transposição da nova Diretiva implica uma maior responsabilidade para o profissional,
que tende a descuidar conceitos oriundos das normas internacionais e a privilegiar a
redução dos encargos das empresas em detrimento da qualidade da informação.
PALAVRAS-CHAVE: Diretiva 2013/34/U.E., Harmonização Contabilística, Nova
Diretiva da Contabilidade, PME, Diretivas Comunitárias
Abstract
This study aimed to develop a critical analysis of the changes introduced by Direc-
tive 2013/34/EU starting from the identification of the main differences and recom-
mended it until now and anticipate the expected impacts of these changes at the level
the preparation and dissemination of financial information in Portugal. It was intended
to identify the main implications of the transposition of the Directive in the accounting
profession and the surrounding (company), particularly with regard to the administrative
costs incurred by companies with the preparation of the financial information and on a
social level. To answer to the main objectives of the study it was applied a questionnaire
to profession in Vila Real and Bragança districts. The results show that the transposition
of the new Directive implies greater responsibility for the profession, neglect concepts
from international standards and focuses on reducing the burdens on businesses in de-
triment of the information quality.
KEYWORDS: Directive 2013/34/EU, Accounting Harmonization, New Accounting
Policy, SMEs, Community Directives.
1
[email protected], Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico de Bragança.
2
[email protected], Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico de Bragança.
3
[email protected], Escola Superior de Tecnologia e Gestão, Instituto Politécnico de Bragança.
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1. INTRODUÇÃO
A União Europeia (U.E.), que tem como missão a promoção de um mercado único através
da convergência progressiva das leis dos diferentes Estados Membros (EM), assume a harmo-
nização das práticas de elaboração da informação financeira como um elemento imprescindível
para atingir tal desiderato (Morais & Lourenço, 2005). Para tanto, desencadeou um processo que
viria a culminar com a implementação de novas normas contabilísticas não só com o objetivo de
proporcionar aos utilizadores das demonstrações financeiras (DF) informação financeira fiável,
transparente e comparável (Matos, 2011) como reforçar a transparência dos mercados, estimular
investimentos e reduzir custos (Ribeiro, 2010). Porém, e não obstante os esforços que tem vindo
a levar a cabo para oferecer normas que sirvam os interesses dos diferentes utilizadores vem
manifestando preocupações no sentido de tais normas não se traduzirem em custos adminis-
trativos excessivos, em particular para as empresas de dimensão mais reduzida. Neste sentido
fez publicar, a 29 de Junho de 2013, no Jornal Oficial da União Europeia (JOUE), a Diretiva
2013/34/U.E. relativa às DF anuais e consolidadas e aos relatórios conexos de certas formas de
empresas. Esta Nova Diretiva, que vem substituir as Diretivas 78/660/CEE e 83/349/CEE (4ª e
7ª Diretivas) e que terá que ser transposta para todos os EM até 20 de Julho de 2015, decorre, de
entre outros, dos programas da Comissão “Legislar Melhor” e “A estratégia Europa 2020”, cujo
objetivo é, sem comprometer a qualidade da regulação, ver reduzidos os encargos administrati-
vos, em especial das Pequenas e Médias Empresas (PME), e promover a internacionalização. De
acordo com Correia (2013), a U.E. propõe-se simplificar os processos contabilísticos.
Neste contexto somos em crer que esta Nova Diretiva traz preocupações acrescidas para
com as pequenas empresas e que se prendem, no essencial, com a necessidade de limitar as
exigências de informação que lhe são impostas, impedindo os EM de serem demasiado exi-
gentes em termos de informação contabilística e de relato financeiro. Para evitar encargos
administrativos desproporcionados nessas empresas e assegurar que os requisitos que lhe se-
jam aplicáveis resultem, em larga medida, harmonizados em toda a U.E., esta Nova Diretiva
faz-se assentar no princípio de “pensar primeiro em pequena escala”. Porque é uma Diretiva
que quase tudo permite e muito pouco proíbe, exceto no que se refere às pequenas entidades,
relativamente às quais impõe limites em termos de exigências de divulgação e de complexida-
de ao nível do balanço, demonstração dos resultados e respetivo anexo, no dizer de Correia
(2013) o seu conteúdo distancia-se “em larga medida” das normas emitidas pelo International
Accounting Standards Board (IASB), as IAS/IFRS, que estão na origem da recente reforma
empreendida na U.E. e que em Portugal se traduziu na revogação do Plano Oficial de Conta-
bilidade (POC) e entrada em vigor do SNC.
É no quadro desta nova realidade que se inscreve o estudo que nos propomos realizar e
que tem como objetivo desenvolver uma análise crítica das alterações introduzidas pela Dire-
tiva 2013/34/U.E. a partir da identificação das principais diferenças nela preconizadas e as até
agora prescritas e, ainda, o de antecipar os expectáveis impactos que as previsíveis alterações
no quadro normativo nacional poderão trazer ao nível da preparação e divulgação da infor-
mação financeira e, por essa via, nos custos administrativos das empresas e no plano social.
Para tanto, este trabalho encontra-se estruturado, para além desta introdução e das respe-
tivas conclusões, em duas grandes partes. Uma primeira que respeita à revisão de literatura e
uma segunda que compreende uma investigação empírica, suportada numa metodologia quan-
titativa que utilizará como método de investigação o inquérito por questionário.
2. REVISÃO DA LITERATURA
O novo contexto de informação na U.E. apresenta como uma das principais causas a bus-
ca de harmonização dos relatórios financeiros pela via da obrigatoriedade de se aplicarem as
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IAS/IFRS, para certas empresas, e por força da reforma dos sistemas contabilísticos nacionais,
para as demais (Cañibano & Alberto, 2009). A publicação do Regulamento n.º 1606/2002/CE
incentivou, de certa forma, a que outras entidades, cuja obrigatoriedade de adoção das IAS/
IFRS não estava prevista, passassem a ser incluídas na vaga da harmonização contabilística por
via da reforma dos normativos nacionais (Albuquerque, Quirós & Marcelino, s/d).
Na senda desta tomada de posição assiste-se, por toda a Europa, a um movimento de
reforma das legislações nacionais e que em Portugal culminou com a revogação do POC e en-
trada em vigor do SNC (publicação do Decreto-Lei (DL) n.º 158/2009). Este novo modelo é
de inspiração anglo-saxónico, porque construído a partir do referencial contabilístico do IASB,
e apresenta uma moldura legal que lhe permite acolher com oportunidade e tempestividade as
alterações que venham a ser adotadas na U.E. (Borges, Rodrigues & Rodrigues, 2010).
No âmbito deste movimento harmonizador a U.E. continua a desenvolver iniciativas onde
se enquadra, como a mais recente, a publicação da Diretiva 2013/34/U.E., em 29 de Junho
de 2013, que apresenta preocupações particulares com as pequenas empresas, no sentido de
limitar as exigências de informação que lhe são impostas, mas sem que tal comprometa a
harmonização dos requisitos aplicáveis às pequenas empresas em toda a U.E. (Correia, 2013).
Neste particular, merecem destaque as caraterísticas do tecido empresarial português, com-
posto maioritariamente por organizações com caraterísticas e dimensões que se enquadram
na categoria das PME. Estas empresas, que formam a estrutura empresarial portuguesa, são
constituídas, na sua maioria, por entidades de reduzida dimensão, e cariz familiar, onde a
gestão e a propriedade se encontram concentradas e com uma estrutura de capital tendencial-
mente fechada (Pires & Rodrigues, 2011). Consequentemente, são as principais responsáveis
pela criação de emprego (INE, 2010), gozam de enorme relevância e influência na economia
nacional (Carvalhosa, 2011) e desempenham um papel crucial na estrutura e no desenvolvi-
mento económico do país (Nunes & Serrasqueiro, 2004). Porém, os seus recursos tendem a
ser escassos e a gestão pouco profissionalizada, pelo que dispõem de sistemas de informação
e de controlo pouco aperfeiçoados. As DF tendem a ter maior interesse para credores finan-
ceiros e Administração Fiscal que para gestores e/ou investidores (Pires & Rodrigues, 2011;
Rosa, 2013; Pires, Rodrigues & Pereira, 2014).
É no quadro desta realidade, necessidade de balancear custos com o retorno esperado, que
se inscrevem os fundamentos que deram corpo à Diretiva 2013/34/U.E., desenvolvida sob o
lema “pensar primeiro em pequena escala”.
No nosso caso em particular, e atendendo a que o tecido empresarial português é com-
posto maioritariamente por organizações com caraterísticas e dimensões que se enquadram
na classificação de PME e, dentro destas, maioritariamente micro, a análise da relação custo
benefício goza de enorme significado e relevância pela influência que pode ter ao nível dos
custos de contexto. As PME caraterizam-se, também, por serem entidades financeiramente
mais constrangidas e com maiores dificuldades de acesso ao crédito. Esta maior dificulda-
de está, muitas das vezes, associada ao facto de apresentarem informação financeira menos
adequada ou mesmo insuficiente e, inclusive, assimetrias na informação financeira propor-
cionalmente maiores. A teoria aponta para o significativo peso das instituições bancárias nas
opções de financiamento das PME, nomeadamente em Portugal, identificando-se o crédito
bancário como a fonte de financiamento preferencial (Pires & Rodrigues, 2011). Neste contex-
to a informação financeira reveste-se de especial importância para as empresas com maiores
necessidades de financiamento por capitais alheios (Pires & Rodrigues, 2011; Rosa, 2013).
Identificamos, assim, uma dicotomia ou paradoxo. Se é verdade que a escassez de recursos que
geralmente se associam a estas entidades recomendam contenção de gastos e que se aliviem
as obrigações que lhe são impostas, por outro lado, quando muito dependentes de capitais
alheios, recomenda-se mais e melhor informação, enquanto veículo facilitador do acesso ao
crédito e das condições em que o mesmo é negociado.
14
Se é verdade que a preparação da informação financeira implica apreciações e opções que a
tornam dependente da envolvente onde a entidade atua (Pires & Rodrigues (2011), o perfil do
empresário emerge como uma das principais caraterísticas da empresa. O empresário “tipo” em
Portugal não possui conhecimentos contabilísticos suficientes e, por vezes, nem sequer é capaz
de avaliar a sua importância, revelando tendência para suportar o processo de tomada de decisão
na experiência e/ou intuição em vez da informação contabilística. Neste sentido, cabe ao conta-
bilista o papel de estreitar a aproximação e demonstrar a importância da contabilidade para a ade-
quada gestão empresarial (Kassai, 1997; Turner, 1997, citados por Nunes & Serrasqueiro, 2004).
Porém, se há quem defenda que para as PME se tornarem decididamente competitivas têm que
investir fortemente na planificação e em sistemas de informação estratégicos (Azeitão & Rober-
to, 2010), não é este o entendimento da U.E., ou pelo menos não o é para as pequenas empresas.
3. COMPONENTE EMPÍRICA
Para dar resposta aos objetivos do estudo fixaram-se as seguintes hipóteses de investigação:
Hipótese de Investigação 1 (H1): Identificação das principais implicações na profissão
de TOC com a transposição da Nova Diretiva.
Hipótese de Investigação 2 (H2): Identificação dos previsíveis impactos na envolvente
decorrente da transposição da Nova Diretiva.
No presente ponto apresentam-se e analisam-se os resultados obtidos para cada uma das
hipóteses levantadas (tabelas 1 a 5).
No que respeita “às implicações na profissão de TOC com a transposição da Nova Direti-
va” pudemos concluir que a maior parte das questões apresenta valores superiores a 3 pontos,
muito embora se encontrem próximos da média (3, na escala de Likert), o que nos permite
destacar que os inquiridos revelam alguma concordância com as afirmações em estudo. Acres-
ce, ainda, que o desvio padrão para cada variável analisada apresenta valores baixos, o que
revela uma concordância/discordância nas respostas obtidas em torno da média empírica. Os
resultados permitem ainda alcançar que existem questões que apresentam médias superiores à
média global, de 3,11 (desvio padrão de 0,394). Há, porém, outros em que, ainda que registan-
do concordância por parte dos inquiridos, apresentam média empírica inferior à média global
(3,11) e, ainda, algumas que apresentam média empírica inferior a 3 na escala de Likert e por
conseguinte abaixo da média global. Estes últimos resultados deixam transparecer uma certa
incerteza e talvez insegurança por parte dos inquiridos (TOC) na sua resposta. Fica, por isso,
a ideia de que o conhecimento acerca da Nova Diretiva pode ainda ser reduzido. Sugere-se,
neste particular, o reforço, por parte da OTOC, na formação sobre este documento que parece
ser pouco conhecido.
A informação descrita pretende responder ao primeiro objetivo do estudo, implicações na
profissão de TOC com a transposição da Nova Diretiva, e conduz a resultados a que corres-
ponde uma média de 3,11 (desvio padrão de 0,394), representativa de um comportamento de
concordância relativamente às implicações na profissão de TOC com a transposição da Nova
Diretiva, e à consequente hipótese de investigação relacionada com este objetivo (H1) (tabela
1).
17
Tabela 1: Hipótese de Investigação 1 versus Resultados da investigação.
Pode concluir-se que existe evidência estatística suficiente e significativa para afirmar que
pelo menos uma das distribuições para o grupo “área de formação” é diferente dos demais
porque o valor de prova obtido é inferior ao nível de significância assumido, ou seja, existe um
grupo, “área de formação em contabilidade”, que tem uma perceção diferente, quando com-
parado com os restantes grupos desta variável, quanto às implicações na profissão de TOC
com a transposição da Nova Diretiva. Para as restantes variáveis de caraterização sociodemo-
gráfica e profissional não existe evidência estatística suficiente para afirmar que possam existir
diferenças estatísticas em relação às implicações na profissão de TOC com a transposição da
Nova Diretiva, na perceção dos TOC. Neste sentido, H3 não foi corroborada.
Com o objetivo de se obter resposta para H4, ou seja, averiguar se existem diferenças por
variável de caraterização sociodemográfica e profissional relativamente aos previsíveis impac-
tos na envolvente (empresa) decorrentes da transposição da Nova Diretiva, foi também anali-
sado o valor de prova (tabela 5) e os resultados constam da tabela 6.
20
Tabela 5: Valor de Prova entre as variáveis sociodemográficas/profissionais versus Previsíveis
Impactos na Envolvente (empresa) decorrentes da transposição da Nova Diretiva.
Foi possível concluir que existe evidência estatística suficiente para afirmar que pelo me-
nos uma das distribuições do grupo “idade” é diferente dos demais, uma vez que registou um
valor de prova inferior ao nível de significância assumido relativamente à variável “previsíveis
impactos na envolvente (empresa) decorrentes da transposição da Nova Diretiva”. Para as
variáveis de caraterização sociodemográfica e profissional (sexo, habilitações literárias, área de
formação e dimensão da entidade na qual exerce funções de TOC) não existem diferenças es-
tatisticamente significativas nas respostas em relação aos “previsíveis impactos na envolvente
(empresa) decorrentes da transposição da Nova Diretiva”, na perceção dos TOC. Assim, H4
não foi corroborada.
No sentido de validar H5 aplicou-se o coeficiente de correlação de Pearson, uma vez que
não foi violado o pressuposto da normalidade, obtendo se um coeficiente de correlação de
0,509 e um valor de prova inferior a 0,001 (tabela 7).
21
Tabela 7: Hipótese de Investigação 5 versus Resultados da investigação.
Registaram-se evidências estatísticas suficientes para afirmar que existe uma correlação posi-
tiva e direta entre as duas variáveis em análise. Isto é, à medida que aumentam as implicações na
profissão de TOC com a transposição da Nova Diretiva também aumentam os previsíveis im-
pactos na envolvente decorrente da sua transposição e vice-versa. Desta forma valida-se H5, em
linha com a teoria, nomeadamente com Monteiro (2014), que refere que a transposição da Nova
Diretiva implica uma alteração no atual normativo contabilístico e nas obrigações contabilísticas
e de relato financeiro, que se traduzem em limitações drásticas na informação exigível às peque-
nas empresas. Por sua vez, Diomeda (2013) defende que a Comissão Europeia opta por seguir
um rumo de clara simplificação, votando a questão da contabilidade das PME na Europa para
os padrões “mínimos” das normas nacionais, com claro prejuízo para a qualidade da informação
contabilística e para as empresas e a sociedade. Silva (2014) também defende que a Nova Diretiva
vê a contabilidade como um “fardo administrativo” porque ignora os benefícios e valor acres-
centado que pode aportar para a gestão e a dimensão de interesse público que lhe está associada.
Em concordância, estes resultados levam a acreditar que esta Nova Diretiva, se for transposta
tal como se apresenta, terá repercussões nas micro, pequenas e médias empresas em Portugal,
nomeadamente no que respeita às obrigações de relato e, por essa via, no plano social. Se é
verdade que a proposta de simplificação das obrigações em termos de informação financeira a
preparar e divulgar por este tipo de empresas merece uma nota positiva, e tanto mais que esta-
mos numa economia global e altamente competitiva onde as pequenas empresas lutam de forma
desigual para sobreviverem, também não é menos verdade que no plano técnico a reforma que
a mesma protagoniza representa um retrocesso quando comparada com o SNC recentemente
aprovado. Se a redução dos custos de contexto representa um argumento de peso no atual con-
23
texto económico, a necessidade de continuar a ver assegurados padrões de qualidade que não
comprometam a estabilidade e abalem a confiança é um argumento igualmente válido.
Assim, e ainda que se reconheça que as empresas de pequena dimensão têm maiores difi-
culdades em competir numa economia global, seja pelas carências ao nível dos recursos dispo-
níveis seja pelos encargos administrativos que são chamadas a suportar, convém não esquecer
que num país como Portugal, onde estas empresas são quase todas as empresas, no momento
de decidir deve considerar-se que o entendimento de “pequena empresa” para nós (Portugal)
não deverá ser o mesmo de “pequena empresa” no seio da U.E.. Recomenda-se, por isso, mui-
to “bom senso” na escolha daquela que virá a ser a posição assumida pelo Governo português,
a quem cabe a decisão final. A falta de consenso no seio da U.E. fez com que o texto final da
Nova Diretiva se apresente com elevado grau de flexibilidade, deixando para os Governos de
cada país a decisão final sobre a posição a adotar.
Não se pode, contudo, concluir sem antes referir que estes resultados devem ser analisados
no quadro das limitações encontradas e que marcaram o desenvolvimento deste estudo, no-
meadamente as limitações de tempo, que condicionaram a escolha da metodologia e o método
de recolha de dados. Por outro lado, e também pelas mesmas limitações (o tempo), a amostra é
não representativa da população e não aleatória, pelo que os resultados obtidos não nos permi-
tem fazer generalizações. Acrescente, ainda, o facto da investigação desenvolvida se constituir
uma análise exploratória, quer por se desconhecerem estudos anteriores quer pelas caraterísti-
cas que apresenta, o que nos leva a acreditar estarmos em presença de um estudo piloto.
Porém, e não obstante, acredita-se que os resultados obtidos poderão ajudar a conhecer
e compreender determinadas caraterísticas gerais e a identificar aspetos críticos deste tipo de
profissionais (TOC), pelo que sugerimos que sejam tidos em consideração na construção de
instrumentos de recolha de dados em futuras investigações, preferencialmente aplicados a todos
os TOC inscritos na OTOC de forma a ser possível generalizar conclusões. Acredita-se que seria
igualmente interessante desenvolver um estudo comparativo com outro(s) país(es) da U.E..
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Enquadram-se nesta categoria empresas que empregam menos de 250 pessoas, apresentam um volume de negócios
anual que não exceda os 50 milhões de euros e cujo balanço total anual não exceda 43 milhões de euros (Recomenda-
ção da Comissão (2003/361/CE), de 06 de maio de 2003). Esta definição engloba as micro, pequenas e as empresas
de média dimensão. As pequenas empresas distinguem-se das médias por terem menos de 50 trabalhadores e um
volume de negócios anual (ou ativo total líquido) que não exceda os 10 milhões de euros. As micro empresas distin-
guem-se das pequenas por terem menos de 10 trabalhadores e um volume de negócios anual (ou ativo total líquido)
que não exceda os 2 milhões de euros (INE, 2010). Todavia, são apontados aspetos de caráter quantitativo (número
de empregados, volume de negócios, total de balanço, etc.) como os mais utilizados para identificar, caraterizar e
distinguir uma PME de uma empresa de maior dimensão. Porém, se for considerado isoladamente, o tamanho,
apesar de objetivar a definição de PME, não é uma variável suficiente para definir e caraterizar uma empresa. Ou
seja, encontrar uma caraterística central que defina e distinga uma pequena empresa de uma grande empresa não é
consensual, daí surgir a necessidade de se identificarem tipologias que abranjam as principais diferenças associadas
às PME. Os aspetos de caráter qualitativo complementam os aspetos de natureza quantitativa e permitem uma me-
lhor tipificação das PME, nomeadamente no que concerne à estrutura proprietária e de gestão, à estrutura de capital
e tipo de financiamento, à gestão do resultado e às assimetrias na informação financeira (Rosa, 2013).
26
27
Cláudia S. Costa1
Abstract
KEYWORDS: market failures, tourism market failures, public policy tools, tourism policy
1. INTRODUÇÃO
1
[email protected], Escola Superior de Comunicação, Administração e Turismo, Instituto Politécnico de Bragança;
Centro de Investigação em Ciência Política, Universidade do Minho.
2
A abordagem instrumental representa uma nova linha de investigação que tem como objetivo avaliar a transforma-
ção das intenções políticas em ações administrativas (Bruijn e Hufen, 1998), considerando assim que os governos
usam determinados instrumentos para influenciar a economia e a sociedade e que a escolha dos instrumentos tem
diferentes impactos no sucesso daquelas intenções (Blair, 2002; Peters, 2000; Peters e Van Nispen; 1998).
28
necessária intervenção governamental, de modo a proporcionar uma alocação mais eficiente
dos bens e serviços públicos turísticos.
Perante esta breve contextualização, o presente trabalho tem como principal objetivo ana-
lisar, de modo exploratório, a intervenção dos municípios portugueses na mitigação das fa-
lhas de mercado resultantes da atividade turística. Nesse sentido, serão avaliadas, de forma
mais aprofundada, as políticas na área do turismo de cinco municípios. Esta primeira análise,
sustentada num estudo de caso com cinco municípios, visa aferir a perceção dos municípios
portugueses relativamente à problemática das falhas de mercado existentes na atividade turís-
tica e analisar as respetivas formas de intervenção neste domínio. Assim sendo, e de modo a
compreender mais facilmente o trabalho desenvolvido pelos municípios, apresentamos, em
primeiro lugar e de modo sucinto, os principais argumentos teóricos relativos às falhas de
mercado no âmbito da atividade turística e os instrumentos de políticas públicas. Em seguida,
efetuamos uma breve contextualização do papel dos municípios na área do turismo e, poste-
riormente, a análise e discussão do estudo de caso.
Sob o ponto de vista económico, o mercado turístico é tratado como um mercado imperfei-
to, com uma forte presença de bens públicos, externalidades, monopólios naturais e assimetria
de informação (Michael, 2001). No caso dos bens públicos puros, bens caracterizados pela não
rivalidade no consumo e não exclusividade no acesso, é possível referenciar um vasto conjunto
de autores que advogam a existência, no contexto da atividade turística, de bens ou serviços que
possuem as características acima indicadas, particularmente: a promoção turística, a provisão
de infraestruturas turísticas e a coordenação/planeamento3 da atividade turística (Blake e Sin-
clair, 2007; Rigall-I-Torrent, 2008). A promoção turística nacional e/ou dos destinos constitui o
exemplo mais notável de bem público, sendo ao mesmo tempo não-rival e não-exclusivo (Mak
e Miklius, 1989; Dwyer and Forsyth, 1993; Bonham e Mak, 1996; Mak, 2006; Blake e Sinclair,
2007; Cooper e Hall, 2008; Hall, 2008; Hall, Müller e Saarinen, 2009). Tal significa que os recur-
sos financeiros que as empresas privadas usam na promoção de um destino beneficiam todas
as empresas desse destino, independentemente de estas colaborarem ou não nessa promoção
(não rivalidade). Deste modo, as empresas tendem a minimizar ou a não despender qualquer
investimento financeiro em promoção na expectativa do investimento de outras empresas e, con-
sequentemente, as empresas promotoras não têm capacidade para impedir que essas empresas
beneficiem da promoção turística – não exclusividade (Cooper e Hall, 2008). Mesmo que algu-
mas empresas participem financeiramente na promoção, existem outras empresas que tenderão
a adotar comportamentos do tipo free rider (Mak e Miklius, 1989; Dwyer e Forsyth, 1992 e 1993;
Pearce, 1992; Lundtorp, 2003; Mak, 2004 e 2006; Hall, 2005; Blake e Sinclair, 2007; Cooper e
Hall, 2008; Hall, 2008; Shi, 2012). Este tipo de comportamento resulta, assim, numa incorreta
afetação dos recursos económicos, dado o subfinanciamento da promoção turística (Mak, 2006),
sendo consensual o argumento de que a promoção turística requer alguma forma de intervenção
pública, uma vez que é extremamente difícil determinar com rigor quem é que beneficia com
a promoção turística (Bonham e Mak, 1996; Cunha e Abrantes, 2013). Nesse sentido, a litera-
tura tem sugerido diversos instrumentos de atuação: provisão direta; participação dos agentes
turísticos privados num fundo de financiamento da promoção turística; criação de sistemas de
financiamento cooperativo/princípio do utilizador-pagador; tributação da obtenção de divisas
estrangeiras; tributação de investimentos turísticos; e estabelecimento de taxas turísticas (taxa
de pernoita), entre outros (Bonham e Mak, 1996; Mak, 2006; Blake e Sinclair, 2007; Shi, 2012).
3
Embora a coordenação e o planeamento da atividade turística constituam conceitos distintos, dada a sua comple-
mentaridade, optamos por tratar estas falhas de mercado de forma conjunta.
29
De igual modo, a provisão de infraestruturas turísticas4 constitui um outro exemplo, per-
feitamente documentado, de bem público (Perry, 2003; Wanhill, 2005; Sakai, 2006; Blake e
Sinclair, 2007). De facto, é mais do que evidente que estas representam uma parte importante
e integrante do produto turístico e, por isso, é necessário assegurar a respetiva provisão, de
modo a aumentar a competitividade dos destinos turísticos (Candela, Figini e Scorcu, 2008).
No entanto, e apesar de o setor privado assegurar a provisão de algumas infraestruturas, este
não dispõe de incentivos para prover infraestruturas com características de bem público, par-
ticularmente aquelas em que não é exequível ou rentável, em termos económicos, excluir
indivíduos do seu consumo (Blake e Sinclair, 2007). Assim sendo, o nível eficiente de provisão
de infraestruturas turísticas depende da intervenção governamental, dispondo os governos
de diversos instrumentos elencados na literatura, a saber: provisão direta, cofinanciamento
de capitais públicos e privados, financiamento por parte das empresas privadas, atribuição de
incentivos financeiros e isenções fiscais e ainda a tributação das infraestruturas turísticas (Ja-
mieson, 2001; Jeffries, 2001; Sakai, 2006; Blake e Sinclair, 2007; Hall, Müller e Saarinen; 2009;
Benner, 2013).
À semelhança da promoção turística e da provisão de infraestruturas turísticas, a coorde-
nação/planeamento da atividade turística também evidencia características de bem público
(Blake e Sinclair, 2007). Sendo o turismo uma atividade extremamente complexa com uma
estrutura altamente fragmentada que congrega um vasto conjunto de atividades e produtos
de diversa natureza e envolve uma multiplicidade de agentes públicos, privados, entre outros
(Jeffries, 2001; Blake e Sinclair, 2007; Candela e Figini, 2012; Cunha e Abrantes, 2013), é muito
comum encontrar problemas de coordenação no seio da atividade turística ((Jamal e Getz,
1995; Blake e Sinclair, 2007; Cooper e Hall, 2008; Okazaki, 2008; Hall, Müller e Saarinen, 2009;
Candela e Figini, 2012; Cunha e Abrantes, 2013). A falta de coordenação constitui um fenó-
meno tão característico da atividade turística (Jamal e Getz, 1995; Okazaki, 2008), que muitas
das vezes ocorre de forma não planeada e sem qualquer arranjo institucional (Hall, 2008). Se
a coordenação da atividade turística fosse realizada por agentes privados, esta certamente seria
não-exclusiva e existiriam incentivos para a adoção de comportamentos do tipo free rider
(Blake e Sinclair, 2007; Hall, 2008). Nesse sentido, torna-se indispensável o desenvolvimento
de instrumentos que garantam a coordenação entre os vários agentes públicos dos diferentes
níveis de governo, entre os agentes públicos e privados, e entre os agentes privados (Jamal
e Getz, 1995; Fayos-Sola, 1996; Candela e Figini, 2012; Benner, 2013; Cunha e Abrantes,
2013). Nesse sentido, a comunidade científica é unânime em reconhecer a importante ação de
coordenação assumida pelos governos nacionais, regionais e locais e por outras estruturas de
coordenação, nomeadamente a existência de estruturas de coordenação criadas pelos próprios
governos e que funcionam numa lógica mais próxima do mercado ou de estruturas de coorde-
nação independentes do poder público (Jamal e Getz, 1995; Fayos-Sola, 1996; Faulkner, 2005;
Blake e Sinclair, 2007; Candela, Figini e Scorcu, 2008; Candela e Figini, 2012; Benner, 2013;
Cunha e Abrantes, 2013).
Subjacente a esta ação de coordenação, alguns autores sublinham a importância que um
processo de planeamento também assume no contexto desta atividade (Costa, 2001; Simpson,
2001; Ruhanen, 2004; Cooper e Hall, 2008; Hall, 2008; Dredge e Jenkins 2011). Ao consti-
tuir um processo de preparação de um conjunto de decisões para a ação futura, direcionadas
para alcançar metas estrategicamente identificadas, estabelecendo profundas inter-relações
4
No âmbito desta matéria, a literatura costuma distinguir entre infraestruturas turísticas e superestruturas turísticas
(Porter, 1990; Ritchie e Crouch, 2003). Assim, as infraestruturas turísticas correspondem às construções subterrâ-
neas e de superfície, tais como os sistemas de abastecimento de águas, sistemas de esgotos, gás e eletricidade, siste-
mas de drenagem, estradas, aeroportos, parques de estacionamento, marinas, facilidades de transporte, entre outras
(Jeffries, 2001; Dwyer e Kim, 2003; Levine, 2003; Ritchie e Crouch, 2003; Sakai, 2006; Dwyer, Forsyth e Dwyer,
2010; Candela e Figini, 2012; Cunha e Abrantes, 2013); e as superestruturas turísticas são compostas pelos equipa-
mentos que respondem diretamente às necessidades da procura turística, entre eles o alojamento e os restaurantes,
pelos equipamentos de diversão e pelos serviços de receção turística (Ritchie e Crouch, 2003).
30
e interdependências com diversos setores de atividade, o planeamento de um dado destino
não consegue ser assegurado por empresas privadas (Mason, 2003; Blake e Sinclair, 2007;
Cooper e Hall, 2008; Hall, Müller e Saarinen, 2009; Cunha e Abrantes, 2013). Estas, embora
desenvolvam exercícios de planeamento na área do turismo, têm objetivos orientados para o
lucro ou para o retorno dos investimentos realizados, o que não corresponde aos objetivos
do planeamento por iniciativa pública que preveem um retorno económico ou outro tipo de
retorno, mas sempre sob uma perspetiva de bem público (Hall, Müller e Saarinen, 2009). De
facto, o planeamento do turismo também é passível de ser tratado como um bem público
puro e, como tal, requer a intervenção dos governos para mitigar esta falha de mercado (Choy,
1991; Simpson, 2001; Blake e Sinclair, 2007; Hall, 2008; Hall, Müller e Saarinen, 2009). Com
efeito, muitos governos têm desenvolvido um papel ativo no planeamento da atividade turís-
tica, adotando planos a nível nacional, regional e/ou local dedicados em exclusivo ao turismo,
sem deixarem, obviamente, de enquadrar as restantes atividades e setores de que depende
(Bramwell e Sharman, 1999; Simpson, 2001; Hall, 2005; Blake e Sinclair, 2007; Cooper e Hall,
2008; Cunha e Abrantes; 2013).
Para além da existência de bens públicos turísticos, vários estudos têm reconhecido que
a importância e amplitude da atividade turística arrasta consigo uma série de impactos, que
a literatura vulgarmente designa por externalidades ou efeitos externos (Mathieson e Wall,
1982; Ap e Crompton, 1998; Mason, 2003; Palmer e Riera, 2003; Veal, 2003; Schubert, 2010;
Concu e Atzeni, 2012; Candela e Figini, 2012). Estas externalidades resultam da influência de
uma atividade, positiva ou negativa, sobre terceiros, sem que haja uma contrapartida direta
(Mathieson e Wall, 1982; Ap e Crompton, 1998; Schubert, 2010; Tribe, 2011). Deste modo,
os efeitos do desenvolvimento da atividade turística podem ser positivos ou negativos e, nor-
malmente, são categorizados em efeitos económicos, socioculturais e ambientais (Mathieson
e Wall, 1982; Lindberg e Johnson, 1997; Ap e Crompton, 1998; Lindberg, Dellaert e Rassing,
1999; Biagi e Detotto, 2012; Sharpley, 2014). Ao não serem refletidos nos preços de mercado,
criando diferenças entre o ótimo privado e o ótimo social, os efeitos externos provocados
pela atividade turística pressupõem alguma forma de intervenção governamental de modo a
internalizar aqueles efeitos (Blake e Sinclair, 2007; Figini, Castellani e Vici, 2007; Candela, Cas-
tellani e Dieci, 2008; Schubert, 2010; Rinaldi, 2012; Candela e Figini, 2012). Nesse sentido, a
literatura sugere genericamente dois grandes grupos de soluções. Por um lado, um grupo com
caráter mais centralizado em que os governos podem exercer um controlo direto, recorrendo,
por exemplo, à regulação da atividade turística, ou um controlo indireto, através da definição
de taxas e subsídios (Candela e Figini, 2012). Apesar de algumas divergências, diversos autores
têm defendido o uso de taxas pigouvianas como a solução mais eficiente na resolução dos
problemas causados pelas externalidades (Palmer e Riera, 2003; Piga, 2003; Blake e Sinclair,
2007; Candela, Castellani e Dieci, 2008; Liang e Wang, 2010; Schubert, 2010; Pazienza, 2011;
Rinaldi, 2012). Além de internalizar os efeitos externos, o uso destas taxas permite a obtenção
de receitas que os governos poderão utilizar no desenvolvimento da atividade turística e na
provisão de infraestruturas e serviços aos residentes locais (Rinaldi, 2012). Por outro lado,
também é possível identificar um grupo de soluções com um caráter mais descentralizado e
privado, evidenciando a adoção de mecanismos puros de mercado, fundamentados no teore-
ma de Coase (Candela, Castellani e Dieci, 2008; Hojman e Hiscock, 2010; Candela e Figini,
2012; Zeng e Jin, 2013). Nesse sentido, a resolução do problema das externalidades não exige a
intervenção dos governos. Estes devem limitar-se a definir os direitos de propriedade para que
os agentes económicos através da livre transação desses direitos entre eles, atinjam a eficiência
económica (Candela, Castellani e Dieci, 2008; Santos, 2012).
Considerando o conceito e os exemplos mais comuns que retratam as situações de mono-
pólio natural, não seria de esperar que tais situações se verificassem no contexto da atividade
turística. No entanto, vários autores contrariam esta ideia e reconhecem que a ocorrência
de monopólios naturais é frequente no desenvolvimento da atividade turística (Veal, 2003 e
31
2006; Gooroochurn e Sinclair, 2005; Sakai, 2006; Blake e Sinclair, 2007; Liang e Wang, 2010;
Krozer, 2011; Tribe, 2011). O principal argumento incide sobre as características das atrações
turísticas, em particular a escassez, unicidade, imobilidade e diferenças regionais que podem
resultar numa situação de monopólio natural (Veal, 2003 e 2006; Liang e Wang, 2010). Por
outras palavras, a natureza diferenciadora dos produtos turísticos, em termos de tipologia e
qualidade das atrações turísticas, permite a existência de algum poder de monopólio (Forsyth
e Dwyer, 2002; Gooroochurn e Sinclair, 2005). Conforme refere Veal (2003 e 2006) só existe
um Templo Pártenon, umas Cataratas do Niágara, uma Torre de Londres, um Grand Canyon
ou uma Torre Eiffel, ao que o autor designa por monopólios sociais. De acordo com a teoria
económica, e uma vez que não é possível impor concorrência5, os monopólios tendem a pro-
porcionar lucros excessivos, pelo que estas situações só são minimizadas se a atração turística
for propriedade do Estado, se este regular o preço praticado pelos agentes privados ou ainda
se este retiver parte dos lucros aos agentes privados, a favor da comunidade local (Veal, 2006).
A intervenção governamental é necessária para evitar que os agentes privados tendam a apro-
veitar-se dos benefícios que tal situação proporciona e explorem a vantagem monopolista, es-
pecialmente através da cobrança de preços excessivos (Veal, 2003 e 2006; Ryan e Hoontrakul,
2004; Rodriguez e Murdy, 2006; Blake e Sinclair, 2007; Liang e Wang, 2010).
Finalmente, a última falha de mercado a ser mencionada é a assimetria de informação, uma
vez que o mercado turístico tem sido amplamente considerado um mercado com informação
assimétrica (Crase e Jackson, 2000; Bull, 2006; Smeral, 2006; Schwartz, 2007; Asero e Patti,
2009; Liang e Wang, 2010; Baggio e Baggio, 2011; Candela e Figini, 2012; Núñez-Serrano, Tur-
rión e Velázquez, 2014). Em termos económicos, tal significa que as partes envolvidas numa
dada transação de mercado não dispõem do mesmo conjunto de informações. Normalmente,
os fornecedores de bens e serviços turísticos aproveitam-se da informação completa de que
dispõem, e tendem a fornecer informações incorretas ou a ocultar fatores de desvantagem,
prejudicando os turistas (Bull, 2006; Liang e Wang, 2010). Se considerarmos, por um lado, que
o mercado turístico é fragmentado, uma vez que é composto por vários ramos de negócios e
atividades e que, por outro lado, a deslocação dos turistas é inerente à atividade turística com a
consequente separação entre as empresas no mercado de origem e o destino turístico; será de
esperar que os problemas de assimetria de informação se façam sentir com maior intensidade
(Caccomo e Solonandrasana, 2001; Bull, 2006; Cunha, 2006). De acordo com Baggio e Baggio
(2011), como os turistas não podem testar o produto antes de o comprar, não são capazes de
avaliar totalmente a qualidade do mesmo, pelo que a decisão de comprar será tomada com base
em informações incompletas. Assim sendo, parece evidente que o mercado, por si só, não é
eficiente, justificando-se que os governos desenvolvam instrumentos que regulem a divulga-
ção de informação turística (Asero e Patti, 2009; Liang e Wang, 2010; Nicolau e Sellers, 2010;
Chen, Mak e Li, 2013; Núñez-Serrano, Turrión e Velázquez, 2014). Com efeito, os governos
podem definir padrões de qualidade ou outros critérios normativos, sendo o sistema oficial
de classificação dos empreendimentos turísticos o exemplo mais conhecido deste tipo de me-
dida (Clerides, Nearchou e Pashardes, 2008; Liang e Wang, 2010; Núñez-Serrano, Turrión e
Velázquez, 2014). Complementarmente, Nicolau e Sellers (2010) sugerem que a definição de
padrões de qualidade resultantes de um processo de certificação, por entidades não governa-
mentais e especializadas, também constitui uma outra categoria de instrumentos que permite
reduzir a assimetria de informação. Liang e Wang (2010) propõem ainda que os próprios go-
vernos, através das suas estruturas, também podem prover diretamente informação turística,
ao mesmo tempo, que incentivam os agentes turísticos privados a colaborar na divulgação
5
Relembramos que no contexto de monopólio natural a existência de concorrência é socialmente indesejável, dado
que a existência de um grande número de empresas resulta numa multiplicação desnecessária dos investimentos,
tornando-se mais eficiente sob o ponto de vista económico a procura do mercado ser satisfeita por um único pro-
dutor do que por vários produtores concorrentes (Depoorter, 2000; Santos, 2012). No caso da atividade turística as
principais razões resultam dos elevados custos fixos e da impossibilidade em reproduzir algumas atrações turísticas
(Krozer, 2011; Tribe, 2011).
32
dessa informação (Clerides, Nearchou e Pashardes, 2008). Por último, vários autores enfatizam
outras formas de intervenção pública como, por exemplo, o recurso às tecnologias de infor-
mação e comunicação e à internet como ferramentas úteis na divulgação de informação tu-
rística (Sidali, Schulze e Spiller, 2009; Fernández-Barcala, González-Díaz e Prieto-Rodriguez,
2010; Baggio e Baggio, 2011).
A racionalidade para a intervenção governamental na atividade turística é assim justificada
pelas diversas falhas de mercado que caracterizam o mercado turístico. A provisão de bens e
serviços turísticos, por parte do setor privado, não tem uma dimensão ótima, pelo que o envol-
vimento do setor público deverá proporcionar uma provisão mais eficiente de tais bens e ser-
viços (Smeral, 2006; Blake e Sinclair, 2007). Nesse sentido, a tabela 1 sintetiza os instrumentos
de políticas públicas do turismo propostos pela comunidade científica e enquadrados na sua
totalidade com a tipologia de instrumentos de políticas públicas de Weimer e Vining (2010).
Assim sendo, a próxima seção, tenta retratar de modo exploratório e através da atuação de
cinco municípios portugueses no contexto daquelas áreas estratégicas, uma primeira aborda-
gem à intervenção dos municípios portugueses na mitigação destas falhas de mercado, anali-
sando detalhadamente os instrumentos de políticas públicas mencionados pelos municípios.
4. ESTUDO DE CASO
Uma vez que o tema em análise constitui um tópico ainda pouco explorado pela comuni-
dade científica, mas cujo estado da arte é bastante pertinente, consideramos oportuno utilizar
o estudo de caso como técnica para tentar descobrir evidências empíricas sobre os municípios
portugueses (Eisenhardt, 1989; Bryman, 2012). Deste modo, pretendeu-se explorar, descre-
ver e analisar a intervenção dos municípios portugueses na mitigação das falhas de mercado
resultantes da atividade turística, bem como os instrumentos utilizados para o efeito, sendo a
opção por esta técnica fundamentada pela sua extensiva aplicação em temas relacionados com
o turismo (Beeton, 2005). De entre as várias entrevistas realizadas6, optamos apenas por apre-
sentar a análise da atuação de cinco municípios. Esta escolha deve-se principalmente à abran-
gência e diversidade da respetiva atuação, pelo que a inclusão dos restantes municípios7 pouco
acrescentaria aos conteúdos a seguir expostos. Deste modo, a tabela 2 identifica os municípios
6
No total foram realizadas 16 entrevistas (23 entrevistados), entre dezembro de 2012 e fevereiro de 2013.
35
criteriosamente selecionados para o estudo de caso, bem como alguns detalhes das entrevis-
tas realizadas. A análise do estudo de caso teve por base os princípios da análise categorial e
será dividida de acordo com as falhas de mercado acima identificadas: os bens públicos, que
incluem a promoção turística, as infraestruturas turísticas e a coordenação/planeamento da
atividade turística, as externalidades, os monopólios naturais e a assimetria de informação.
No que diz respeito à promoção turística, os cinco municípios revelam-se grandes impulsio-
nadores de ações promocionais dos respetivos destinos turísticos e, como seria de esperar pela
diversidade dos casos selecionados, apresentam formas de atuação relativamente distintas. As-
sim, no caso do município de Albufeira, a promoção turística é realizada, essencialmente, através
da Agência de Promoção de Albufeira (APAL) criada pelo próprio município. Trata-se de uma
associação de promoção turística de direito privado, que resulta da parceria de entidades públicas
e privadas, em que o município é o principal parceiro, e onde é possível constatar que os agentes
turísticos de natureza privada são associados e colaboram financeiramente na promoção turística
do município. A APAL tem como principal competência a organização de ações específicas,
na sua essência participações em feiras, que promovam nacional e internacionalmente a marca
Albufeira. Inicialmente, esta agência era responsável apenas pela promoção externa, mas atual-
mente a estratégia promocional do município está delegada em exclusivo naquela agência, através
de protocolos de colaboração estabelecidos entre o município e a agência8. Os entrevistados
destacaram que um dos problemas da agência de promoção criada pelo município é, ainda assim,
beneficiar os agentes que não são associados e que não participam como tal. Um outro parceiro
importante da atividade da APAL é a Agência Regional de Promoção Turística – Associação de
Turismo do Algarve – que assume um papel importante no que concerne à concretização das
várias ações de promoção nos mercados externos. Paralelamente ao trabalho da agência criada
pelo município, este também desenvolve ações promocionais, através da Divisão Municipal de
Turismo, Desenvolvimento Económico e Cultural, mas mais direcionadas para a organização
de eventos e animação turística, envolvendo naturalmente aquela agência. Os entrevistados re-
feriram também que é relativamente comum o município recorrer a fundos comunitários para
efeitos de promoção turística. O município participa, ainda, na Entidade Regional de Turismo do
Algarve, usufruindo assim do plano de promoção regional para o mercado interno, que aquela
entidade desenvolve, articulado com o plano de promoção turística do município.
Os municípios de Amares e de Vila Real de Santo António assumem posições um pouco seme-
lhantes, no sentido em que o município se assume como o principal agente público envolvido na
promoção turística. Deste modo, no município de Amares verifica-se um papel ativo na promoção
7
Foram ainda entrevistados os seguintes municípios: Alcoutim, Alijó, Braga, Bragança, Chaves, Évora e Reguengos
de Monsaraz.
8
A promoção turística interna corresponde à promoção efetuada no mercado interno alargado e a promoção turística
externa refere-se à promoção internacional.
36
turística interna e externa por parte do município, através da participação em feiras, organização
de eventos com caráter promocional, ações de sensibilização, entre outros. No entanto, os entre-
vistados apresentam uma perspetiva muito realista em relação à promoção. Ou seja, as ações pro-
mocionais são realizadas apenas em função do que normalmente o município consegue assegurar.
Os entrevistados referem que o município apresenta uma dimensão reduzida e, consequentemente,
muitas das condições necessárias para um trabalho efetivo de promoção ainda não estão estabeleci-
das. Ainda assim, destaca-se uma relação positiva entre o município e alguns agentes privados, que
sempre que necessário solicitam, em termos logísticos, a colaboração do município para as diversas
ações promocionais em que participam. À semelhança do município de Albufeira, o município
de Amares também participa na respetiva Entidade Regional de Turismo, mas não tem qualquer
participação na Agência Regional de Promoção Turística, beneficiando, ainda assim, das atividades
promocionais de caráter externo desenvolvidas por esta agência. No caso do município de Vila Real
de Santo António, e tal como mencionamos, o município é o principal agente de promoção turís-
tica. Contrariamente ao município de Amares, a estratégia de promoção relativa à participação em
feiras internacionais assenta numa parceria, por iniciativa do município, com os agentes turísticos
locais de natureza privada, no sentido de, em conjunto, conseguirem uma intervenção mais ativa
na promoção do concelho nas mais diversas atividades promocionais. Além da participação em
feiras, a estratégia promocional abrange outras formas de promoção, nomeadamente, organização
de eventos, atuação ao nível das redes sociais, publicações em revistas da especialidade, entre outras.
Tal como o município de Albufeira, o município de Vila Real de Santo António também participa
na Entidade Regional de Turismo do Algarve e na Associação de Turismo de Algarve, beneficiando
dos planos de promoção regional de cada uma daquelas entidades, adequados ao próprio plano de
marketing e promoção turística de que o município dispõe.
O município de Odemira apresenta uma posição muito diferente em comparação com
os restantes municípios. Assim, sob o ponto de vista deste município, o papel da promoção
turística nacional e internacional é da responsabilidade da Entidade Regional de Turismo do
Alentejo e da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo, respetivamente. Neste
caso, o município trabalha a promoção interna apenas para os visitantes que visitam o con-
celho, resultado da promoção efetuada pelas estruturas competentes. No entendimento dos
entrevistados não deve ser o município a desenvolver atividades de promoção com o intuito de
atrair visitantes. Em termos de promoção externa, o município entende que não deve efetuar
essa promoção, pelo que é membro da Agência Regional de Promoção e incentiva os respeti-
vos agentes turísticos locais de natureza privada a fazerem também parte dessa mesma agência.
Relativamente ao município do Porto e, em termos de promoção interna, este município de-
sempenha um papel bastante ativo, desenvolvendo várias atividades de promoção turística da marca
Porto. Constitui uma preocupação constante do município, apoiar, através do Departamento do
Turismo, os mais diversos acontecimentos que ocorrem na cidade (e.g. congressos, seminários,
conferências, entre outros) para tentar captar segmentos que se enquadram nos produtos turísticos.
Como suporte a esta diversidade de atividades, vertidas num plano de marketing e promoção turís-
tica, ambos os entrevistados destacam o Portal do Turismo, desenvolvido pela autarquia, como o
instrumento mais importante em termos de promoção turística, onde toda a comunicação online
está claramente alinhada com a comunicação offline, quer através de brochuras mais específicas,
quer mais genéricas. Quanto à promoção externa, esta foi contratualizada com a Agência Regional
de Promoção Turística do Porto e Norte – Associação de Turismo do Porto. Nesse sentido, as
ações de âmbito externo são executadas pelo município em parceria com aquela associação.
Deste modo, o estudo de caso parece evidenciar que os municípios portugueses desempenham
um papel fundamental na promoção turística, participando de forma ativa e, em alguns casos, consti-
tuindo mesmo o principal agente público envolvido. O caso mais distinto é, sem dúvida, o município
de Odemira, no sentido em que apenas desenvolve atividades de promoção junto dos visitantes que
chegam ao concelho, estando as principais atividades de promoção do destino a cargo de outras en-
tidades competentes. O município investe nessas estruturas, sendo a promoção efetuada a partir dos
37
canais existentes para o efeito. A tabela 3 resume as principais entidades responsáveis pela promoção
turística interna e externa destes municípios, demonstrando uma acentuada importância da atuação
municipal e a tabela 4 as principais ações desenvolvidas no âmbito da promoção turística.
Municípios Ações
Albufeira Participação em feiras nacionais | Participação em feiras internacionais | Or-
ganização de eventos de promoção turística | Plano de promoção turística |
Participação dos agentes turísticos locais de natureza privada no financiamen-
to da promoção turística | Marca turística | Fundos comunitários
Amares Participação em feiras nacionais | Participação em feiras internacionais | Or-
ganização de eventos de promoção turística | Ações de sensibilização |
Apoio logístico aos agentes turísticos locais de natureza privada para as dife-
rentes ações promocionais
Odemira ---
Porto Participação em feiras nacionais | Participação em feiras internacionais | Por-
tal de turismo | Material de indução promocional | Plano de promoção tu-
rística |Plano de marketing turístico | Marca turística
Vila Real de Participação em feiras nacionais | Participação em feiras internacionais | Or-
Santo António ganização de eventos de promoção turística | Atuação ao nível das redes
sociais | Publicações em revistas da especialidade | Plano de marketing tu-
rístico | Plano de promoção turística | Participação dos agentes turísticos
locais de natureza privada no financiamento da promoção turística
Municípios Ações
Albufeira Fundos comunitários | Investimento público municipal | Protocolos ban-
cários com instituições financeiras | Estrutura vocacionada para o apoio
aos promotores de investimento turístico
Amares Fundos comunitários | Investimento público municipal | Estrutura voca-
cionada para o apoio aos promotores de investimento turístico
Odemira Investimento público municipal | Programa Polis Litoral Sudoeste
Porto Fundos comunitários | Investimento público municipal | Protocolos ban-
cários com instituições financeiras | Estrutura vocacionada para o apoio
aos promotores de investimento turístico | Isenções fiscais (isenção de pa-
gamento de taxas de licenciamento, redução de impostos municipais) |
Orienta a articulação entre as entidades que possuem competências que
concorrem para o desenvolvimento turístico
Vila Real de Fundos comunitários | Investimento público municipal
Santo António
40
Contrariamente à atuação dos municípios no contexto da promoção turística e da provisão
de infraestruturas turísticas, a coordenação da atividade turística representa uma falha de mer-
cado que não tem, da parte de alguns municípios, a melhor resposta possível. A diversidade de
agentes envolvidos e os diferentes aspetos do turismo criam obstáculos, dificultando assim o
papel coordenador dos municípios. Além disso, esta dificuldade é potenciada pela inexistência de
estruturas especificamente vocacionadas para a coordenação da atividade turística. O único dos
cinco municípios a referir a existência de uma estrutura do género é o município do Porto. Os en-
trevistados destacaram o papel do Departamento do Turismo como um importante articulador
e facilitador da atividade turística em conjunto com os diversos stakeholders públicos e privados
que partilham a mesma visão. Os entrevistados referem que, de facto, a coordenação representa
uma tarefa muito difícil, dado que existe muita informação que não é partilhada e, se não for o
município a assumir um papel coordenador, os agentes por si só não têm qualquer incentivo para
adotar esse papel. Em termos de coordenação com as diversas entidades que atuam no concelho,
o município destaca a coordenação relativamente diminuta que existe com a Entidade Regional
de Turismo do Porto e Norte. No entendimento do município, a marca Porto atingiu um grau
de importância e conhecimento que faz com que o esforço não seja tão significativo, embora
haja um esforço de articulação com essa entidade. Além desta entidade, os entrevistados referem
como principais entidades intervenientes no processo de coordenação a Associação de Turismo
do Porto, a Associação Comercial do Porto, a Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração
e Turismo, a ANA - Aeroportos de Portugal, S.A., entre outras.
Os restantes municípios relatam que a coordenação da atividade turística é realizada de
forma ad hoc. Quer isto dizer que não existe uma estrutura, como no caso do Porto, que pla-
neie de forma consciente a coordenação daquela atividade. No entanto, tal não significa que
os municípios não tenham qualquer intervenção neste processo. Em todos os casos, e ainda
que de modo ad hoc, o município assume um papel crucial, enquanto coordenador da ativi-
dade turística. No caso do município de Albufeira, por exemplo, os entrevistados afirmam
que a coordenação da atividade turística constitui uma tarefa extremamente difícil, tornando-
-se ainda mais complexa num concelho composto por uma grande diversidade de interesses.
Nesse sentido, o município tem desenvolvido um grande esforço para granjear o respeito e a
colaboração de todas as associações locais, nomeadamente a associação de comerciantes, a as-
sociação de restaurantes e a associação de hoteleiros, evidenciando-se uma forte componente
associativista, em termos de dinâmica empresarial. Os entrevistados referem a este propósito
o esforço financeiro que estas associações têm preconizado, no sentido de colaborarem na
organização de eventos, por exemplo, aliviando a estrutura financeira do município. Similar-
mente, o município de Vila Real de Santo António relata que no conjunto das atividades que
desenvolve procura sempre a parceria e o apoio dos agentes turísticos privados com atuação
no concelho. De igual modo, o município tem dialogado com os agentes privados, no sentido
de apelar também à sua colaboração na realização de algumas atividades. O objetivo consiste
em alterar o estigma de que o esforço, em particular, o financeiro, deve ser sempre municipal
e os agentes privados beneficiam de algum modo do investimento municipal realizado. O
município de Odemira também tem desenvolvido um papel ativo na coordenação da atividade
turística, privilegiando uma gestão participada com uma participação ativa dos agentes turís-
ticos do território. Neste contexto de coordenação, os entrevistados enfatizam a importância
da Associação de Turismo de Qualidade do Litoral Alentejano e Costa Vicentina, vulgarmente
conhecida como Associação Casas Brancas. Esta associação, sem fins lucrativos, tem como
objetivo organizar, de forma integrada, diversificada e selecionada, os vários tipos de ofer-
ta existentes, integrando alojamentos rurais, restaurantes e atividades de natureza, contando
atualmente com mais de 60 sócios, incluindo restaurantes e animação turística. O município
de Amares constitui o principal coordenador da atividade turística do concelho, enfatizando
que os agentes privados não conseguem assumir esse papel, e se o fizessem seria certamente
de modo ineficiente. Os entrevistados salientam que o processo de coordenação entre o mu-
41
nicípio e os setores da restauração e do alojamento é bastante positivo.
Complementarmente à coordenação, verificamos que apenas o município do Porto dispõe
de um plano de desenvolvimento turístico de longo prazo/plano estratégico, elaborado pela
estrutura interna do município e de acordo com as orientações estratégicas do Plano Estratégi-
co Nacional do Turismo. Tal como indicam os entrevistados, o planeamento da atividade turís-
tica constitui, à semelhança da coordenação, uma prioridade do município face à importância
que o turismo tem vindo a adquirir neste concelho. Os restantes municípios não dispõem de
planos específicos para o turismo. No entanto, desenvolvem algumas estratégias de ação. O
município de Vila Real de Santo António, por exemplo, tem definida uma estratégia de médio
prazo, consubstanciada num plano de marketing trianual, que brevemente passará a anual. Os
entrevistados referem que à medida que o trabalho vai evoluindo, os resultados vão sendo
analisados e adotadas as medidas necessárias. A mutação da atividade turística é apresentada
como a principal razão para a adoção de uma perspetiva de curto/médio prazo. Os municí-
pios de Amares, Albufeira e Odemira consideram o PDM como o principal instrumento do
processo de planeamento da atividade turística. Os entrevistados do município de Amares
consideram que a existência de um plano no âmbito do território pertencente à Comunidade
Intermunicipal do Cávado seria mais valioso. Por sua vez, os entrevistados do município de
Albufeira mencionam que estão a ser definidas estratégias de desenvolvimento municipal que
irão depois alimentar o processo de revisão do PDM, tratando-se de uma área embrionária
que se encontra a ser trabalhada. A tabela 6 resume as principais ações desenvolvidas pelos
municípios no âmbito da coordenação/planeamento da atividade turística, identificando tam-
bém as principais estruturas de coordenação da atividade turística existentes nos municípios.
Municípios Ações
Albufeira Ad Hoc | Associações locais dos diversos agentes turísticos de natureza
privada | Plano Diretor Municipal
Amares Ad Hoc | Plano Diretor Municipal
Odemira Ad Hoc | Associação Casas Brancas | Plano Diretor Municipal
Porto Estrutura orgânica do município – Departamento do Turismo | Plano de
desenvolvimento turístico a longo prazo/plano estratégico
Vila Real de Ad Hoc | Plano de marketing
Santo António
Municípios Ações
Albufeira Estrutura interna do município | Regulação
Amares Estrutura interna do município
Odemira Estrutura interna do município | Regulação
Porto Estrutura interna do município | Regulação | Suporte Logístico
Vila Real de Estrutura interna do município
Santo António
44
4.3. Atividade Turística e Monopólios Naturais
Municípios Ações
Albufeira Agentes privados e o município não adota qualquer forma de intervenção
Amares Agentes privados e o município não adota qualquer forma de intervenção
Odemira -
Porto -
Vila Real de
Santo António -
5. CONCLUSÃO
A análise deste estudo de caso permite verificar que os municípios, além de percecionarem
e reconhecerem a problemática das falhas de mercado existentes na atividade turística, adotam
diferentes instrumentos de políticas públicas, no sentido de colmatar essas mesmas falhas. De
facto, verificamos que algumas falhas, como sejam a promoção turística, as infraestruturas
turísticas ou a divulgação de informação turística, merecem uma atenção especial da parte dos
municípios, enquanto outras como, por exemplo, a coordenação/planeamento da atividade tu-
rística ou as situações de monopólios naturais, não são solucionadas da melhor forma possível.
No caso da promoção turística, os municípios revelam-se grandes impulsionadores de ativi-
dades promocionais dos respetivos destinos turísticos, denotando-se para além de uma forte
intervenção municipal uma estreita relação com as respetivas entidades e agências regionais
no âmbito de ações de promoção turística interna e externa. No mesmo sentido, observamos
que os municípios demonstram uma franca preocupação com o desenvolvimento de infraes-
truturas e/ou equipamentos turísticos. No entanto, esta preocupação depende, naturalmente,
da dimensão que o turismo assume enquanto elemento crucial do desenvolvimento local e
que os municípios tentam assim satisfazer um vasto conjunto de necessidades direta e indire-
tamente relacionadas com a atividade turística. Ainda no âmbito dos bens públicos turísticos,
e contrariamente à atuação dos municípios no contexto das falhas de mercado anteriores, a
coordenação da atividade turística não tem da parte de alguns municípios a melhor respos-
ta possível. Tal situação deve-se à grande diversidade de agentes turísticos envolvidos e às
próprias características da atividade turística que criam obstáculos ao papel coordenador dos
municípios. Além disso, esta dificuldade é ainda mais potenciada pela inexistência de estruturas
especificamente vocacionadas para a coordenação da atividade turística. Complementarmente
a esta ação de coordenação, observamos que os municípios também demonstram algumas
dificuldades relacionadas com o planeamento da atividade turística. Apenas o município do
Porto dispõe de um plano de desenvolvimento turístico de longo prazo ou plano estratégico
particularmente vocacionado para a área do turismo, ao contrário dos restantes municípios,
cujo instrumento principal é o Plano Diretor Municipal.
Relativamente às externalidades turísticas, e conforme a situação das infraestruturas e/ou
equipamentos de interesse turístico, reparamos que os efeitos provocados pela atividade turís-
tica merecem a atenção dos municípios, em particular, daqueles onde a intensidade da ativida-
de é mais evidente. Estes cinco municípios tentam minimizar os impactos negativos, atuando
sobretudo através dos serviços que compõem a estrutura interna do município e da regulação
de algumas atividades. Reparamos ainda que embora os impactos positivos sejam reconheci-
dos por alguns dos municípios, estes não destacam qualquer intervenção governamental no
47
sentido de os promover. Quanto às situações de monopólios naturais, mais uma vez estas não
são reconhecidas pelos municípios. Para além de não ser uma situação muito comum, uma vez
que não será de esperar que todos os municípios possuam situações de monopólios naturais,
os próprios municípios não reconhecem este conceito e consideram antes as atrações turísti-
cas que caracterizam e diferenciam os municípios, independentemente das suas características
resultarem, ou não, numa situação de monopólio natural. Por fim, os municípios em estudo
também manifestam um comportamento bastante ativo na criação e utilização de vários canais
de divulgação de informação turística como sejam os postos de informação turística, a dispo-
nibilização de informação turística em diferentes línguas estrangeiras, a produção e divulgação
de materiais de indução promocional, bem como o recurso às tecnologias de informação e
comunicação, à internet e às redes sociais virtuais e a criação de trabalho em rede com os
principais intervenientes locais da atividade turística, entre outros.
Em síntese, esta análise exploratória revelou-se fundamental e extremamente importante
para a compreensão e interpretação da realidade da atividade turística a nível municipal. Foi
possível observar que grande parte dos instrumentos de políticas públicas do turismo resul-
tantes do estado da arte são utilizados pelos municípios portugueses na mitigação de falhas
de mercado, existindo situações em que a própria intervenção dos municípios portugueses
acrescenta instrumentos de políticas públicas aos que decorrem da revisão de literatura. Mais
concretamente, são os casos da regulação no âmbito da promoção turística e dos mecanismos
hierárquicos de atuação no contexto das externalidades turísticas. No entanto, se atender-
mos à tipologia de instrumentos proposta por Weimer e Vining (2010), estas situações são
perfeitamente possíveis e ambas são tidas como soluções secundárias. Em termos gerais, de-
preendemos ainda que as formas de intervenção dos cinco municípios não demonstram, na
sua maioria, diferenças muito significativas. Somente em algumas situações observamos que
a atuação dos municípios revela diferenças consoante a sua dimensão, sendo o exemplo mais
proeminente a atuação do município do Porto no contexto da coordenação/planeamento da
atividade turística. Dada a inexistência de estudos prévios abrangentes sobre a temática em
estudo, os resultados desta análise foram/são cruciais para o desenvolvimento de trabalhos
futuros, nomeadamente a elaboração de inquéritos por questionário.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro (2013). Estabelece o regime jurídico das autarquias locais,
aprova o estatuto das entidades intermunicipais, estabelece o regime jurídico da transferên-
cia de competências do Estado para as autarquias locais e para as entidades intermunicipais
e aprova o regime jurídico do associativismo autárquico.
52
53
RESUMO
Abstract
The agrifood sector is one of the strategic sectors to boost the national economy. In
recent years there has been a change in the profile of agrifood companies: the concern
with the quality of the raw material, product differentiation, focus on design and brand
and internationalization, are the main elements of differentiation from the traditional
profile. In this paper using as a methodological tool the model of Porter Diamond, we
will analyse the factors of competitiveness and will be discussed the main drivers to sup-
port the construction of the competitive advantages of the agrifood sector in Portugal.
1. INTRODUÇÃO
1
[email protected], Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Castelo Branco.
54
Segundo o Gabinete de Planeamento, Política e Administração Geral (GPP) do Ministério
da Agricultura e do Mar, o complexo agroalimentar representava em 2012, 4.1% do PIB, 12%
do emprego, 8.4% das exportações e 14.4% das importações (GPP, 2013).
Trata-se de um setor que contribui, decisivamente, para a internacionalização da economia
portuguesa: de acordo com (GPP, 2013), o crescimento médio das exportações do complexo
agroalimentar foi de 7.9%, claramente superior à taxa de crescimento médio anual das expor-
tações de bens que se cifrou em 3.4%.
Estes dados mostram, claramente, a importância do setor agroalimentar na economia por-
tuguesa, havendo, ainda, potencial de crescimento torna-se necessário definir os vetores sobre
os quais deve assentar a construção das vantagens competitivas.
2. CONCEITO DE COMPETITIVIDADE
i - As condições dos fatores, que remetem para a disponibilidade e qualidade dos re-
cursos humanos, físicos, de conhecimento e de capital. Podem-se subdividir em
básicos (recursos naturais, clima, localização, mão-de-obra não especializada e a
dívida de capital) e avançados (mão-de-obra altamente qualificada, instituições de
investigação e sistemas de comunicação digital). Estes fatores avançados são, in-
dispensáveis para a criação de vantagens competitivas de ordem superior nomea-
damente através da produção de bens e/ou serviços diferenciados e de alto valor
acrescentado.
ii - A estratégia, estrutura e rivalidade empresarial que dizem respeito às condições
que, no país, regulam a criação, organização e direção das empresas e a natureza da
rivalidade interna;
iii - As condições da procura que envolvem as características da procura interna para
um determinado bem ou serviço, nomeadamente a presença de clientes sofistica-
dos e exigentes;
iv - A existência de indústrias relacionadas e de suporte que remete para existência
ou não de indústrias fornecedoras e/ou relacionadas que sejam competitivas nos
mercados internacionais. Este determinante incorpora a questão das economias de
aglomeração e o seu efeito sobre a competitividade.
A estes atributos, Porter, M. (1990) juntou a ação do governo e o papel do acaso (aconte-
cimentos fora do controlo das empresas) e assim definiu o diamante da competitividade que
está esquematizado na figura seguinte:
56
No que respeita à estrutura o setor agroalimentar nacional caracteriza-se por uma acentua-
da atomicidade e grande dispersão quer geográfica quer por setor de atividade.
Os dados constantes na Tabela 1 mostram que 80.43% das empresas do setor tem menos
de 10 empregados enquanto as empresas com mais de 250 empregados representam, apenas,
0.32% do universo de empresas. Relativamente à distribuição do emprego, verificamos que
21.36% dos ativos estão nas empresas de menor dimensão; estas empresas contribuem com
9.99%para o VAB e representam 8.45% do volume de negócios.
Estes dados mostram, claramente, que se trata de um setor em que predominam as muito
pequenas e pequenas empresas o que dificulta a obtenção de economias de aglomeração e de
capacidade negocial nos mercados. A constituição de clusters pode ser um importante instru-
mento para ultrapassar este problema. Com o mesmo objetivo tem surgido algumas organi-
zações resultantes de estratégias de eficiência coletiva (como por exemplo a Portugal Foods e a
Portugal Fresh) que muito tem contribuído para a internacionalização do setor.
57
Tabela 1 – Caracterização Estrutural do Setor Agroalimentar
Os dados recolhidos pelo Inquérito às Despesas das Famílias 2010/2011 (INE, 2012),
mostram que as despesas com alimentação e bebidas não alcoólicas representam 13.3% do
total das despesas familiares. Segundo (APED, 2015), as vendas na área alimentar registaram
um aumento de 2.1% entre 2012 e 2013 enquanto a área não alimentar registou uma quebra de
6.1%. Estes dados mostram que, apesar do cenário de crise, o mercado interno tem evoluído
favoravelmente.
Os produtos agroalimentares portugueses beneficiam da confiança do consumidor e como
a autossuficiência ainda não foi atingida, existe potencial de crescimento. No entanto, a redu-
zida dimensão do mercado nacional impõe a necessidade de explorar os mercados internacio-
nais nomeadamente os extracomunitários.
As empresas devem, igualmente, estar atentas às tendências da procura nomeadamente no
que se refere à origem dos produtos, bem-estar animal e sustentabilidade ambiental. As novas
exigências dos consumidores estendem-se, igualmente, às embalagens que se querem mais pe-
quenas e, consequentemente melhor adaptadas às novas estruturas familiares, com informação
nutricional mais completa e com menor pegada de carbono.
5. CONCLUSÕES
O Diamante apresenta alguns aspetos negativos que importa melhorar e aspetos positivos
que interessa potenciar.
Como aspetos negativos destacam-se a excessiva fragmentação das empresas, a falta de
qualificação da mão-de-obra, as dificuldades no acesso ao mercado de capitais, a dependência
do mercado internacional no que respeita a determinadas matérias-primas e a insuficiente
investigação e desenvolvimento de novos produtos.
Os aspetos positivos mais marcantes dizem respeito à qualidade da matéria-prima de ori-
gem nacional, à diferenciação do produto final, à modernização tecnológica que se verificou
em muitas empresas, ao esforço de internacionalização e conquista de mercados extracomuni-
tários e às estratégias de eficiência coletiva que tem vindo a ser construídas.
A construção das vantagens competitivas para o setor agroalimentar nacional deve, em
nossa opinião, assentar nos seguintes vetores:
• Orientação para o mercado apresentando produtos de qualidade com nítida dife-
renciação ao nível do produto base e do produto percetível;
• Orientação para o mercado acompanhando as tendências de consumo;
60
• Orientação para o mercado através da utilização de tecnologias de produção am-
bientalmente sustentáveis e eco eficientes;
• Aposta nas matérias-primas de origem nacional aproveitando o boom que está a
ocorrer no setor agrícola;
• Reforçar as estratégias de eficiência coletiva e deste modo ganhar dimensão que
permita o reforço da internacionalização e o aumento da capacidade negocial face
às empresas de distribuição;
• Melhorar o acesso ao mercado de capitais;
• Criação de redes colaborativas de modo a melhorar o acesso ao conhecimento e
potenciar a inovação;
• Apostar em políticas de comunicação fortes e que promovam a imagem de Portu-
gal nos mercados internacionais.
6 – BIBLIOGRAFIA
Eduardo Augusto Diz Salvador1, António Borges Fernandes2 e Nuno Adriano Baptista Ribeiro 3
Resumo
O trabalho teve como principal objetivo a análise da comparação dos gastos entre
duas variantes para a substituição das luminárias, da iluminação pública em fim de vida,
tendo como referência a cidade de Macedo de Cavaleiros. Não se pretende elaborar
qualquer comparação com as características técnicas nem com a repartição de benefícios
entre autarquias e concessionários das redes de iluminação pública.
Na escolha da melhor opção teve-se por base o critério CAL – Custo Atual Líquido
uma vez que apenas foram comparados os gastos com as duas variantes. Pelo critério
utilizado verifica-se que a opção mais favorável, em termos económicos, é a tecnolo-
gia LED. Dado que foram estimadas duas variáveis, a variação da tarifa e o preço das
luminárias, foi elaborada uma análise de sensibilidade a qual indica que a instalação de
tecnologia LED torna-se ainda mais favorável com as alterações das variáveis utilizadas
na análise de sensibilidade.
PALAVRAS-CHAVE: Projeto de investimento, custo atual líquido, iluminação pública,
análise de sensibilidade
Abstract
The work had as main objective the analysis comparing the costs between two va-
riants for replacing light fixtures, street lighting end of life, with reference to the town
of Macedo de Cavaleiros. This is not to prepare any comparison with the technical cha-
racteristics nor benefit sharing between local authorities and concessionaires of public
lighting networks.
In choosing the best option we had to be based on the criteria NPC – Net Present
Cost since only were compared spending on the two variants. At criterion it is found that
the most favorable option in economic terms is the LED technology. In the absence of
estimated two variables, the variation of the rate and the price of fixtures, a sensitivity
analysis has been prepared which indicates that the installation of LED technology
becomes even more favorable to the variations of the variables used in the sensitivity
analysis.
1
[email protected], EDP.
2
[email protected], Instituto Politécnico de Bragança, UNIAG.
3
[email protected], Instituto Politécnico de Bragança, UNIAG.
64
1. INTRODUÇÃO
Desde há algum tempo que a despesa do Estado, e em particular as despesas dos municí-
pios, tem despertado o interesse público. O nível de endividamento de algumas autarquias tem
atingido níveis preocupantes. Neste contexto, Ribeiro e Jorge (2011) consideram ser funda-
mental controlar o endividamento dos municípios, pelo que emerge a necessidade de criação
de mecanismos que permitam, aos próprios e aos organismos de controlo, geri-lo e analisá-lo
de forma credível.
Parte significativa da despesa energética dos municípios está diretamente ligada à Ilumi-
nação Pública (IP), sendo este um dos mais importantes serviços prestados pelos municípios
(Ragone and Abreu 2007). Este facto tem motivado, em alguns autarcas, preocupação com a
eficiência das suas redes de IP. A nível do poder central, foram criados planos nacionais es-
tratégicos tendo por objetivo atingir certos níveis de redução no consumo de energia elétrica.
A possibilidade de investir em tecnologias alternativas, energeticamente mais eficientes,
originou o interesse em estudar a viabilidade de execução de duas variantes alternativas, ten-
do por objetivo substituir as luminárias em fim de vida que constituem a IP do município.
Uma das variantes é manter as lâmpadas de Vapor de Sódio de Alta Pressão VSAP sendo,
a outra variante, substituir toda a IP por tecnologia LED (Light Emitting Diode). Esta análise
não pretende a comparação técnica, entre as diferentes tecnologias disponíveis de IP, nem a
avaliação da eficiência das mesmas. Apenas se pretende determinar qual das duas variantes é
economicamente mais favorável. Neste sentido formula-se a seguinte pergunta de partida, que
é nosso propósito responder ao longo deste trabalho, tomando como referência, para análise,
o município de Macedo de Cavaleiros: É economicamente viável substituir a IP existente, do
município de Macedo de Cavaleiros, por tecnologia LED?
Para a consecução dos objetivos traçados, este estudo compreende, para além desta parte
introdutória, mais quatro Pontos: no Ponto 2 efetua-se uma revisão da literatura, sendo feito
o enquadramento teórico do tema. Neste Ponto são apresentadas as políticas e programas de
eficiência energética. São ainda expostos alguns conceitos e respetivos dados relevantes sobre
a IP em Portugal, mais especificamente no concelho de Macedo de Cavaleiros. No Ponto 3, é
apresentada a metodologia de investigação: objetivos e hipóteses de investigação, recolha dos
dados, variáveis utilizadas, tratamento e análise dos dados. O Ponto 4 apresenta a análise dos
resultados, onde se determina a variante economicamente mais favorável para o município.
Por último, no Ponto 5, serão apresentadas as principais conclusões da investigação, com refe-
rência a algumas limitações, bem como possíveis linhas de investigação futura.
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
Uma iluminação de rua eficiente, de boa qualidade, bem dimensionada e bem distribuída é
um fator decisivo na melhoria dos índices de segurança pública, de segurança no trânsito e da
satisfação do contribuinte (Ragone & Abreu, 2007).
Os últimos dados da Agência para a Energia (ADENE 2011) indicam que o consumo
elétrico total, em Portugal, em 2013, foi de 46.272 GWh. Deste consumo, cerca de 3% são da
exclusiva responsabilidade da IP, como se verifica na análise da figura 1 correspondendo, em
termos absolutos, a 1.469 GWh. Os custos energéticos relacionados com a IP têm um peso
elevado no consumo de energia, nalguns casos, representam cerca de 70% das despesas dos
municípios com a fatura de energia elétrica. Atualmente estima se que a IP seja responsável
por cerca de 20% a 40% do custo de eletricidade de um município (EDP - Distribuição 2010)
No distrito de Bragança, o peso relativo dos consumos de IP é ainda maior, quando com-
parado com o consumo a nível nacional, situando-se em 9% do consumo total, como se veri-
fica na análise à figura 2. Esta situação poderá dever-se a uma má gestão da IP, uma vez que a
exposição solar é idêntica em todo o país.
66
Em Portugal não é conhecido o número exato de focos de IP, ou pontos de luz, associado
à IP. Uma das causas, para este desconhecimento, deve-se ao facto de, quer as concessionárias,
quer os municípios, não terem pleno conhecimento do estado da rede de IP, nem existir um
cadastro atualizado com fiabilidade. No entanto, estima se que sejam mais de 4 milhões em
Portugal (Zeller, 2013). No que diz respeito ao distrito de Bragança, a realidade não é diferente
da verificada no país.
Atualmente a IP emprega dois tipos de tecnologia de lâmpadas, as lâmpadas de descarga
de alta pressão, que requerem a utilização de aparelhagem auxiliar (balastros, condensadores e
outros) e a tecnologia LED que requer a utilização de drivers.
Dos vários tipos de lâmpadas disponíveis, para os sistemas de IP, o estudo vai focar-se
apenas, nas tecnologias que fazem, ou é espectável que venham a fazer, parte da rede de IP no
distrito de Bragança (EDP - Distribuição 2010).
Estas podem-se diferenciar mediante as suas características técnicas e os seus parâmetros
de desempenho, tais como:
• Índice de restituição de cor (IRC;
• Temperatura da cor (K);
• Eficiência luminosa (lm/W);
• Potência (W);
• Tempo de vida (h);
• Custo (€);
• Fator de sobrevivência (FSL);
• Fator de manutenção da luminosidade da lâmpada (LLMF).
De seguida faz-se uma pequena descrição dos tipos de lâmpadas mais utilizadas na IP em
Portugal.
Esta tipologia foi desenvolvida por volta do ano de 1930 e teve um grande sucesso dado
que o seu desempenho representou, na altura, um melhoramento substancial face às lâmpadas
incandescentes. Esta tipologia atingiu o seu auge na década de 80, sendo, na época, uma das
mais importantes e mais utilizadas na IP.
As principais características técnicas, deste tipo de lâmpadas, encontram-se na tabela 1.
Este tipo de lâmpadas caracteriza-se ainda, pelo seu baixo custo. No entanto, com o surgi-
mento das lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, a sua utilização foi preterida por dois
motivos. Pela sua baixa eficiência luminosa, e pelo facto de na sua composição ser utilizado
mercúrio, ambientalmente prejudicial e desaconselhável (EDP – Distribuição, 2010).
69
Lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão
A lâmpada de vapor de sódio de alta pressão caracteriza-se por ter uma excelente eficiência
luminosa e durabilidade elevada. Este tipo de lâmpada está disponível numa enorme gama de
formatos, extremamente úteis em diversas aplicações na IP.
As suas principais características técnicas são apresentadas na tabela 2.
As lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão são caracterizadas pela sua tecnologia mais
fiável e desenvolvida, não sendo por essa razão, espectáveis grandes melhorias na sua eficiên-
cia, para além do seu preço ser mais elevado que o das lâmpadas de mercúrio (EDP - Distri-
buição, 2010).
A lâmpada de iodetos metálicos foi desenvolvida para colmatar o baixo índice de restitui-
ção da cor apresentado pelas lâmpadas de vapor de mercúrio e de vapor de sódio. As lâmpadas
de iodetos metálicos permitem uma melhor visualização da verdadeira cor do objeto. Estas
lâmpadas apresentam um grande número de aplicações, nomeadamente, em centros históri-
cos, monumentos, estádios de futebol e em algumas zonas residenciais.
Na tabela 3 são apresentadas as principais características técnicas das referidas lâmpadas.
Estas lâmpadas têm a desvantagem do seu preço ser elevado e a depreciação luminosa ser
elevada ao longo do seu tempo de vida útil. Estes pontos mais negativos levam a que a sua
utilização não seja massificada, sendo instaladas, pontualmente, em detrimento das lâmpadas
de vapor de sódio de alta pressão (EDP - Distribuição 2010).
Tecnologia LED
Potência 1 - 8 (W)
Temperatura da cor 2700 - 10000 (K)
IRC 65 - 85
Eficiência 50 - 130 (lm/W)
Tempo de vida útil 30000 - 100000 Horas
Fonte: (EDP - Distribuição 2010).
Luminárias
Pode definir-se luminária como o conjunto ótico, elétrico e mecânico com a função de
distribuir a luz emitida pela lâmpada.
O sistema ótico de uma luminária é constituído por um refletor, um difusor, um refrator e, no
caso de possuir tecnologia LED, por uma ótica primária e outra secundária. Devem possuir suporte
para lâmpadas e para o equipamento auxiliar (e.g. balastros), para além do corpo ou carcaça.
Algumas luminárias podem considerar-se peças decorativas e de design, mas devem asse-
gurar o conforto visual com a máxima eficiência, evitar o encadeamento, satisfazer especifica-
ções elétricas e mecânicas que garantam segurança, proteger os dispositivos elétricos e óticos
de possíveis agressões atmosféricas e promover a dissipação do calor gerado pela lâmpada e
equipamentos auxiliares (EDP - Distribuição 2010).
A gestão dos sistemas de IP é, por vezes, bastante complexa. Uma gestão integrada das
redes de IP, que visa a minimização de gastos de manutenção (para a concessionária) e de
consumo, está diretamente relacionada a várias questões. Dentre elas, destacam-se: a escolha e
aquisição de produtos, a qualidade dos componentes, a capacitação técnica dos eletricistas que
realizam as intervenções na rede e os procedimentos de manutenção adotados pela empresa
concessionária (Ragone & Abreu, 2007).
Atualmente, a maioria dos municípios e entidades gestoras não tem noção exata da quan-
tidade de focos de IP instalados, nem da potência que lhes está associada. O cadastro da rede
de IP deve ser encarado como uma forma, dos municípios poderem gerir os ativos instalados.
É fundamental que as entidades gestoras implementem práticas que permitam a atualização
permanente do cadastro da rede de IP, de outra forma, mesmo existindo cadastro, ele perde
todas as suas potencialidades como ferramenta de gestão.
71
Nesse sentido, o Centro Português de Iluminação (CPI) elaborou o “Manual de Boas
Práticas para o Cadastro de IP”, com o intuito de despertar, nas entidades competentes, a ne-
cessidade de ter a rede de IP cadastrada com o mínimo de rigor e uniformização (Zeller, 2013).
Nos municípios surgiu a necessidade de desenvolver planos de poupança energéticos que
tivessem resultados imediatos. Essas medidas, consistiram principalmente em, desligar os fo-
cos de IP, efetuar a substituição de interruptores crepusculares por interruptores astronómicos
(pois este permitem regular a desligação mesmo antes do amanhecer e a ligação depois do
crepúsculo, podendo poupar entre 30 a 45 minutos por dia) ou, até desligar totalmente a IP
em meios rurais ou pouco frequentados durante a noite.
No entanto, estas medidas de poupança não se enquadram na definição de eficiência ener-
gética, podendo até por em causa a própria segurança, uma vez que podem criar sombras
perigosas para os utilizadores, retirando a qualidade de vida dos cidadãos.
Foi estabelecido para Portugal, no quadro das metas europeias “20-20-20”, um objetivo geral
de redução do consumo de energia primária de 25% e um objetivo específico para a adminis-
tração pública, sector onde se encontra enquadrada a IP, de uma redução de 30% (ERSE 2011).
A Estratégia Nacional para a Energia 2020 (ENE 2020), aprovada pela Resolução do
Concelho de Ministros n.º 29/2010, publicada no Diário da República 1.ª série n.º 73 de15 de
Abril, define as linhas estratégicas para o setor da energia, o qual assenta em cinco eixos e com
especial enfoque na competitividade, crescimento e independência energética de Portugal.
Por seu lado, o eixo 3, relativo à eficiência energética, tem por objetivo uma redução de 20%
do consumo final de energia em 2020, contemplando ainda outras medidas nomeadamente a
otimização dos modelos de IP.
No sentido de alcançar estes objetivos, no ano 2008, foi desenvolvido e publicado o Plano
Nacional de Ação para a Eficiência Energética – PNAEE.
Portugal desde 2008 que manifesta interesse na otimização do consumo de energia. Com
a Resolução de Concelho de Ministros n.º 80/2008, publicada no Diário da República 1.ª série
n.º 97 de 20 de Maio de 2008, o governo regulamentou o PNAEE 2008 para o período 2008-
2015 o qual pretende, através da intervenção nas áreas dos transportes, residencial, serviços,
indústria e estado, atingir como meta uma redução de 10% no consumo de energia total em
2015. Este plano identifica o setor Estado como área de intervenção para o qual foi desenvol-
vido o programa de Eficiência Energética. Este programa contém um conjunto de medidas
que, entre outras, englobam a IP. As seis medidas, para alcançar os objetivos de eficiência
energética na IP, são:
Este plano, devido a alterações políticas, teve necessidade de ser revisto, dando origem
ao PNAEE 2016 criado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 20/2013, publicada no
Diário da República 1.ª série n.º 70 de 10 de abril, 2013. Desta forma, PNAEE 2016 surgiu,
72
com a necessidade de rever o PNAEE 2008, com as alterações político-económicas do país
nos últimos anos acrescido de novas ações e metas. De forma resumida, no que à IP diz res-
peito, estas medidas incluem:
• Eliminação de lâmpadas de vapor de mercúrio até final de 2015.
• Substituir balastros ferromagnéticos por balastros eletrónicos em instalações com
mais de 10 anos;
• Substituição de luminárias por outras mais eficientes;
• Instalação de reguladores de fluxo.
Neste estudo pretendem-se equacionar três soluções, embora haja outras em fase de de-
senvolvimento, algumas já em fase de teste e outras até já devidamente implementadas, tais
como, os sistemas de telegestão4 e os sistemas stand-alone5.
Tecnologia LED
Para além das vantagens desta tecnologia, descrita no capítulo 2.2, a tecnologia LED per-
mite que, ao substituir uma luminária com lâmpadas de vapor de sódio de características idên-
ticas, se garanta um benefício decorrente do aumento da eficiência energética. Permite ainda,
através da instalação de um regulador de fluxo, a regulação da sua intensidade praticamente
dos 0% aos 100%. Esta tecnologia é pouco sensível a apagamentos e acendimentos constan-
tes, não se alterando consideravelmente o seu tempo de vida útil.
Ao contrário da tecnologia das lâmpadas de vapor de sódio, que tem um custo de manu-
tenção no final da sua vida útil, que representa cerca de 50%, a tecnologia LED tem um custo
de instalação superior. Em contrapartida, os custos de manutenção e energia são mais reduzi-
dos, devido à sua maior eficiência (Müllner & Riener, 2011).
• Ótima solução para zonas remotas, desprovidas de rede elétrica ou onde a sua imple-
mentação seja dispendiosa;
• Não é poluente;
• Custos reduzidos de operação, por ser independente e estar associado à tecnologia LED;
• Estão associados à tecnologia LED.
4
Permite às suas luminárias o controlo autómato por sensores de movimento, permite configurar o estado de todos os
parâmetros da luminária, bem como as temporizações das variações do fluxo luminoso e estabelecer comunidades
de luminárias por zonas.
5
Cada luminária comporta-se de forma independente graças à sua própria unidade de controlo.
73
• Custo de manutenção pode inflacionar, devido à necessidade de substituição de bate-
rias que representam entre 40% a 50% do custo do sistema;
• Maturidade dos painéis fotovoltaicos.
Reguladores de fluxo
Os sistemas de regulação de fluxo permitem a regulação da intensidade luminosa em pe-
ríodos de menor atividade. Este sistema permite diminuir o nível de luminância, sem limitar a
abrangência dos dispositivos luminosos, em período noturnos de menor tráfego.
Praticamente, todas as lâmpadas de descarga utilizadas na IP, podem ser reguladas, sem
interferências nas suas características. No entanto, consoante o tipo de lâmpada, cuja tensão
de alimentação é regulada, a poupança alcançada irá ser diferente. Este sistema permite, sem
recorrer à desligação de focos de iluminação, poupança energética entre 25% a 50%.
Existem diversos sistemas de regulação de fluxo. O mais utilizado é o chamado regulador
de fluxo à cabeceira (junto ao posto de transformação) o qual trabalha com o controlo da
tensão (redução da tensão).
O regulador de fluxo apresenta algumas vantagens, tais como:
• Poupança de energia;
• Nível de iluminação otimizado;
• Custos de manutenção reduzidos;
• Maior tempo de vida da lâmpada.
3. METODOLOGIA
O modelo que se pretende ilustrar, neste estudo, limita-se à área geográfica da cidade de
Macedo de Cavaleiros, situada no distrito de Bragança, na sub-região do Alto Trás-os-Montes.
Macedo de Cavaleiro é sede de um município com 699,14 Km2 e cerca de 15.776 habitantes,
dos quais 6.257 residente na sede de concelho (INE, 2014).
Segundo o município, com base em dados ainda provisórios, a tecnologia instalada conta
maioritariamente com lâmpadas VSAP. A tecnologia LED, sendo considerada uma tecnologia
imergente, não tem ainda uma grande expressão, representa apenas 3,44% do total de lâmpa-
das instaladas na cidade.
Tendo em conta os dados fornecidos, relativos ao n.º de lâmpadas de VSAP instaladas na
cidade de Macedo de Cavaleiros, foi calculado um valor aproximado do consumo anual de
eletricidade que o município suporta com a IP.
74
Tabela 5. Consumo IP em Macedo de Cavaleiros.
Tecnologia LED
Potência (W) Média Tarifa Dias Custo Nº Custo total
horas IP anual lâmpadas anual
func./dia lâmpada
Lâmpadas Acessórios
43 12,00 0,11 € 365 20,72 € 33 683,67 €
64 12,00 30,84 € 52 1.603,43 €
Subtotal 2.287,10 €
A tabela 5 apresenta os valores estimados dos consumos tendo em conta a potência unitá-
ria do sistema que inclui lâmpada e equipamentos auxiliares (ADENE 2011).
Com o orçamento municipal cada vez mais reduzido, assim como os novos desafios da
eficiência energética, faz com que os munícipes tenham uma preocupação crescente com a
IP. Com o aproximar do final de vida da IP surge a dúvida se a mesma deve ser substituída
pela mesma tecnologia, lâmpadas de VSAP ou se toda a iluminação deve ser substituir por
tecnologia LED.
75
Deste modo, no ponto 4, serão analisados os gastos com estas duas variantes no município
de Macedo de Cavaleiros.
O objetivo anteriormente definido levanta a questão de investigação, indicada no Ponto 1
deste trabalho, sendo nosso propósito responder à mesma, ao longo deste trabalho. Adicional-
mente foi formulada uma hipótese de investigação, tendo como suporte a revisão da literatura
efetuada.
Desta forma, para se responder à pergunta de investigação, formulou-se a seguinte hipó-
tese geral de trabalho:
Para dar resposta a esta questão, foram considerados dois cenários, nos quais se pretende
avaliar a melhor opção para a substituição de luminárias de vapor de sódio de alta pressão em
fim de vida, existentes na rede de IP. Num primeiro caso, será considerada a substituição por
uma nova luminária de VSAP, enquanto no segundo caso, será considerada a sua substituição
por uma luminária LED com características funcionais equivalentes.
Contudo, existem sistemas de IP inteligentes que permitem modos de gestão mais eficien-
tes, com poupanças de energia acrescidas, entre os quais se destacam os sistemas de telegestão.
Estes sistemas não serão tidos em conta neste estudo. O principal motivo da não inclusão
prende-se com o facto de ser fulcral o uso de tecnologia LED (sem grande expressão atual-
mente) para maximizar o potencial destes sistemas e assim obter maiores ganhos económicos.
Seria essencial fazer um primeiro investimento na tecnologia LED, para posteriormente se
poder tirar o máximo partido deste tipo de redes inteligentes e assim obter maiores proveitos
económicos. Pelos mesmos motivos, o uso de reguladores de fluxo, bem como, o uso de pai-
néis solares na IP, também não serão tidos em conta no presente trabalho.
Os custos de funcionamento da IP não são exclusivos de uma autarquia, por esse motivo,
são considerados os custos assim como os benefícios das diferentes partes, autarquia e con-
cessionária. Com a pretensão de separar a determinação do valor do projeto, da forma como
esse valor seria repartido pelas partes interessadas, as reduções de consumo de energia são
consideradas como ganhos e valorizadas à tarifa de IP.
O valor da tarifa de IP, utilizado neste estudo, será o valor de referência para o ano 2012
que é de 0,11€/Kwh. Os custos com a substituição das luminárias, em fim de vida, não serão
76
tidos em consideração, já que a substituição de luminária ocorrerá, qualquer que seja a tecno-
logia a instalar (VSAP ou LED).
De acordo com as características das lâmpadas enunciadas na revisão de literatura, a vida
útil média das lâmpadas, foi estimada tendo em conta as horas de funcionamento da IP, cerca
de 12 horas diárias. Este período de vida útil, no caso das lâmpadas VSAP, é de aproximada-
mente 5 anos, correspondendo a um valor médio de cerca de 24.000 horas.
No caso da tecnologia LED, o valor considerado por aproximação, será cerca de 15 anos,
o que corresponde a uma média de 65.000 horas. A tabela 7 apresenta, o custo relativo às lu-
minárias e respetivas lâmpadas VSAP. Estes preços são meramente indicativos e foram forne-
cidos pela autarquia de Macedo de Cavaleiros. Estas luminárias estão classificadas como sendo
do tipo corrente e são fornecidas, neste caso, pela EDP.
As luminárias com tecnologia LED, consideradas neste estudo, são fabricadas pela Arqui-
led, modelo Arquicity R1, cujos preços foram também fornecidos pela autarquia de Macedo
de Cavaleiros. Estes preços servem apenas de referência para este estudo, não são preços vin-
culativos, podendo sofrer alterações conforme as quantidades adquiridas ou o enquadramento
de um eventual concurso público.
Tabela 8. Equivalência entre luminárias VSAP e LED e preço das Luminárias LED.
A análise das duas variantes tem em linha de conta apenas a comparação dos gastos, ao
longo dos anos, uma vez que não se verificam receitas. Desta forma, a comparação das duas
variantes é feita por intermédio do CAL – Custo Atual Líquido (Maurer, 2009).
O horizonte temporal, de previsão, para a tecnologia LED é elevado, 15 anos, como se
verificou no ponto anterior do trabalho. Como a tecnologia das lâmpadas de VSAP tem uma
vida, de apenas, 5 anos foi utilizado o menor múltiplo comum da vida das duas variantes, sen-
do a análise feita para os 15 anos para as duas variantes (Soares et al. 2015).
A previsão das necessidades, para um período de tempo tão longo, é muito complicado e
propensa a grandes incertezas sendo desenvolvido uma análise de sensibilidade para se poder
avaliar a exposição das variantes à incerteza (Ponciano et al. 2004; Soares et al. 2015). Consi-
derando ainda a longevidade da tecnologia LED, neste estudo, é usado o sistema de preços
constantes. Embora este sistema de preços possa sobreavaliar o VAL, esta opção elimina o
risco associado à previsão de uma taxa de inflação (Castro, 2003).
Por norma, a escolha da melhor alternativa de investimento seria aquela que apresentasse
77
maior VAL. Tratando-se do CAL, a escolha da melhor alternativa de investimento será aquela
que, a priori, apresente um CAL menor (Almeida, 2006). Não são tidas em conta as deprecia-
ções, contempladas na portaria 671/2000 de 17 de Abril, publicada no Diário da República 2.ª
série n.º 91 de 17 de abril de 2000, consideradas para a inventariação de imóveis do Estado,
pelo facto das autarquias não serem tributadas em sede de IRC.
Verifica-se, neste tipo de análise, que as entradas e saídas de dinheiro se escalonam no tem-
po, segundo as mais variadas sequências. Para se ultrapassar esta dificuldade utiliza-se a taxa de
atualização (Castro, 2003), sendo no presente trabalho os gastos atualizados, ao longo dos 15
anos, a uma taxa de atualização de 1%.
4. RESULTADOS
Com base na tecnologia atualmente instalada, e nos dados disponibilizados pelo município,
foi estimado o consumo anual de IP para a cidade de Macedo de Cavaleiros, apresentado na
tabela 5.
A manter-se a tecnologia existente lâmpadas de VSAP, no final da sua vida útil, a mesma
requer a realização de um investimento, em luminárias e lâmpadas, discriminado na tabela 9,
para continuar a fazer parte da IP do município.
Investimento
Tecnologia LED
Potência (W) Média Tarifa Dias Custo Nº Custo total
horas IP anual lâmpadas anual
func./dia lâmpada
Lâmpadas Acessórios
31 12,00 0,11 € 365 14,94 € 433 6.467,20 €
43 12,00 20,72 € 33 683,67 €
47 12,00 22,64 € 78 1.766,28 €
64 12,00 30,84 € 52 1.603,43 €
72 12,00 34,69 € 1531 53.109,78 €
128 12,00 61,67 € 344 21.214,62 €
TOTAL 84.844,98 €
Investimento
Potência Luminárias Nº lâmpadas Total
31 120,80 € 433 52.306,40 €
47 132,80 € 78 10.358,40 €
72 168,00 € 1531 257.208,00 €
128 230,00 € 344 79.120,00 €
Total 398.992,80 €
Com base nestes dados verifica-se que o consumo anual de energia é 55% inferior no
caso da tecnologia LED comparada com a tecnologia VSAP, embora o investimento inicial na
tecnologia LED é perto de 4 vezes superiores ao da tecnologia VSAP. De referir também que
no caso da tecnologia VSAP.
Após a determinação dos gastos anuais, com as duas variantes, procedeu-se à determina-
ção dos gastos anuais líquidos, atualizados ao momento atual, para as duas variantes. Tal como
indicado, no ponto 3.5, o horizonte temporal, deste estudo, é de 15 anos dado ser a vida útil
maior das duas variantes. O custo atual líquido (CAL) é calculado, para cada uma das variantes,
tendo por base os valores de investimento e os consumos de energia anteriormente apurados.
Os valores apresentados na tabela 13 referem-se ao CAL da variante das lâmpadas de VSAP,
tecnologia atualmente instalada. Nesta variante é adicionado o valor necessário à substituição das
lâmpadas de 5 em 5 anos, ou seja, ao longo dos 15 anos as lâmpadas são substituídas 3 vezes.
79
Tabela 13. Custo atual líquido em investimentos em tecnologia VSAP.
Tecnologia existente
Anos 0 1 a 4 5 6 a 9 10 11 a 15
Investimento (€) 134.500 12.963 12.963
Gasto Anual (€) 191.134 191.134 191.134 191.134 191.134
Gasto Total Anual (€) 134.500 191.134 204.097 191.134 204.097 191.134
Taxa de atualização = 1% CAL = 2.808.658 €
Desta forma, o município tem um custo para os 15 anos, atualizado ao momento atual
com uma taxa de atualização de 1%, com a variante das lâmpadas de VSAP de 2.808.658€.
De seguida faz-se a mesma metodologia para a variante das lâmpadas com tecnologia
LED, apresentada na tabela 14.
Tecnologia LED
Anos 0 1 a 15
Investimento (€) 398.993
Gasto Anual (€) 84.845
Gasto Total Anual (€) 398.993 84.845
Taxa de atualização = 1% CAL = 1.575.373 €
5. CONCLUSÃO
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
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83
Resumo
Abstract
The article aims to analyze the influence of a set of factors (loyalty actions, affec-
tive behavior, satisfaction, trust and switching costs) in consumer loyalty in the fashion
industry. For this purpose, it is considered a theoretical framework comprising the cha-
racterization of such factors, which will support the formulation of research hypotheses
and respective empirical study. The hypotheses are tested with support on primary data,
collected through a questionnaire developed for the study, which are analyzed by factor
analysis and logistic regression models. According to the study results, the loyalty of
consumers in the fashion sector is influenced and determined by the affective commit-
ment, satisfaction, trust and switching costs to brand/company..
1
[email protected], ESTG, Instituto Politécnico de Leiria, CIGS.
2
[email protected], ESTG, Instituto Politécnico de Leiria.
84
1. INTRODUÇÃO
2. REVISÃO DE LITERATURA
3
www.atp.pt/gca/index.php?id=18
85
A lealdade pode ser considerada como uma medida da ligação do consumidor com a mar-
ca e reflete a probabilidade de mudança para outra marca devido a diferenças de preço ou de
outros fatores. Quanto mais fiel for o consumidor, menos vulnerável a marca se tornará em
relação à concorrência, porque o cliente estabelece uma relação de confiança com o produto
ou serviço, inserindo-o no seu dia-a-dia (Oliveira, 2009).
Um conjunto significativo de consumidores leais à marca transmite à empresa valor no
mercado através de diversos fatores, conforme se pode verificar na Figura 1. Todavia, um dos
fatores com maior impacto é a redução dos custos de marketing, visto que é mais económico
manter os consumidores já existentes do que atrair novos. Os consumidores potenciais, maio-
ritariamente, não têm motivação para mudar de marca, logo o custo será alto em contactá-los
porque estes não estão a fazer qualquer esforço para encontrar marcas alternativas. Em geral
é menos dispendioso manter os consumidores existentes felizes, reduzindo as razões que os
levem a mudar, do que atrair novos (Aaker, 1998).
i. Consumidores fazem compras de forma repetida, visto que fizeram uma escolha
consciente de compromisso com a marca em troca de recompensas;
ii. Dão a possibilidade de fazer comunicações de marketing personalizadas, usando os
dados disponibilizados pelos consumidores;
iii. Os dados recolhidos são de grande utilidade se forem analisados, possibilitando
seguir tendências de mercado, revelando mudanças significantes nas compras dos
consumidores;
iv. Minimizam o desperdício de ofertas personalizadas para consumidores que não
têm interesse nas mesmas;
v. Promovem a confiança e abrem caminho para a inserção de novos produtos e ser-
viços de modo a satisfazer os consumidores.
No que diz respeito ao comprometimento afetivo Prado & Santos (2004) caracterizam-no
como a dimensão atitudinal da lealdade e consideram que a lealdade é uma resposta compor-
tamental para uma alternativa de escolha a longo prazo, resultado de uma atitude positiva em
relação à marca, enquanto que o comprometimento afetivo resulta de uma ligação psicológica
que faz com que o consumidor desenvolva resistência à mudança para outras marcas. Mattila
(2001) considera que os consumidores que apresentam um alto nível de comprometimento
afetivo são mais resistentes à mudança e têm um comportamento positivo face à lealdade,
contrariamente aos que apresentam um baixo comprometimento afetivo.
No entendimento desta relação verifica-se que os consumidores estão psicologicamente
ligados à marca e o comprometimento desenvolve-se a partir do grau de reciprocidade e envol-
vimento pessoal do consumidor (Gustafsson et al, 2005). Os consumidores que têm um eleva-
do comprometimento afetivo são mais resistentes a trocar de marca do que os consumidores
com níveis inferiores e mostram um comportamento de lealdade mais positivo, sustentado
em laços emocionais, que resulta do facto do consumidor sentir familiaridade com a empresa
ou ter vivido uma experiência agradável com a mesma, o que, por sua vez, influencia as suas
decisões de compra (Mattila, 2001).
Um paradigma mais evidente identifica-se na relação entre a satisfação e a lealdade, uma
vez que muitos retalhistas consideram que a satisfação e a lealdade do consumidor são concei-
tos idênticos, visto que sentem que se o consumidor estiver satisfeito vai ficar automaticamen-
te leal à marca, o que não se reflete na realidade atual. De facto, existe uma diferença entre estes
conceitos, pelo que a satisfação é um sentimento sobre um acontecimento passado enquanto
a lealdade está relacionada com as ações que o consumidor terá no futuro (Sugandhi, 2003).
Oliver (1999) considera que estes dois conceitos são dependentes um do outro, na medida em
que a satisfação é um conceito chave para a conquista da lealdade e sem satisfação não poderá
haver lealdade por parte dos consumidores.
Kotler & Armstrong (2008) definem satisfação como o sentimento de prazer que resulta
da comparação entre o desempenho de um produto e as expetativas iniciais do consumidor.
Se o desempenho de um produto foi inferior ao esperado o consumidor ficará insatisfeito, se
igualar as expetativas este alcança a satisfação e se superar as expetativas o consumidor ficará
encantado. Além disso, os autores indicam que os clientes satisfeitos são menos suscetíveis ao
preço e permanecem com a marca durante um período de tempo mais alargado, para além de
que compram produtos adicionais à medida que a empresa lança produtos relacionados ou
quando efetua atualizações ou melhoramentos e falam favoravelmente da empresa às pessoas
que os rodeiam.
No que diz respeito à confiança, esta constitui um fator indispensável em relações de curto
e longo prazo entre o consumidor e uma empresa, visto que quanto maior for a confiança
87
maior será a probabilidade do consumidor realizar negócios com a empresa no futuro e man-
ter uma relação duradoura com a mesma (Rich, 2000). Berry (1995) salienta que à medida que
o consumidor aumenta a sua confiança na marca gera maior comprometimento, esperando-se
que a confiança aumente as probabilidades das partes se comprometam com um relaciona-
mento sustentado na lealdade.
A confiança pode ser definida como a crença do consumidor sobre como o prestador de
serviços irá cumprir as suas promessas (Morgan & Hunt, 1994). A confiança verifica-se quan-
do o cliente reconhece que o fornecedor é credível e íntegro e tem o know-how necessário
para cumprir com as suas promessas e obrigações contratuais (Gronroos, 2000). A confiança
do consumidor na marca ou empresa permite prevenir o risco inerente às trocas comerciais
e é um requisito básico tanto nos relacionamentos de longo prazo como nos de curto prazo,
gerando e mantendo a motivação do consumidor (Crosby & Crowles, 1990). Rich (2000)
considera que quanto maior for a confiança, maior será também a probabilidade do cliente
realizar negócios com a empresa no futuro e de manter um relacionamento duradouro, indutor
da lealdade.
Os custos de mudança, por sua vez, relacionam-se principalmente com os custos psico-
lógicos de terminar um relacionamento com uma marca com a qual se mantém uma relação
amigável e de longo prazo, funcionando como barreiras à mudança, embora nalguns casos
possam também compreender custos de caráter económico e/ou monetário (Verhoef, 2003;
Burnham et al., 2003; Caruana, 2004; Bordeaux-Rego & Feitosa, 2009). Verifica-se assim que
os clientes podem permanecer leais mesmo quando insatisfeitos, pressionados pelos custos
que poderão surgir ao mudar de fornecedor de um determinado produto ou serviço (Gastal,
2005). Burnham et al. (2003) e Lee et al. (2003) constataram no seu estudo que, tanto a satisfa-
ção como o custo de mudança, conduzem o consumidor à intenção de permanecer com um
determinado fornecedor, promovendo a lealdade.
3. METODOLOGIA
O estudo desenvolvido é do tipo quantitativo que, segundo Malhotra & Birks (2006), re-
sulta numa pesquisa conclusiva e com o objetivo de descrever algo. A sua escolha e utilização
prende-se com a pretensão de quantificar os dados recolhidos e posteriormente analisá-los
estatisticamente. Insere-se ainda na pesquisa descritiva e causal em que o seu objetivo princi-
pal é descrever algo específico e demonstrar características ou funções, definindo claramente
a informação necessária e formulando previamente as questões e hipóteses de investigação.
Além de seguir uma pesquisa descritiva e causal, o estudo é transversal único, visto que envol-
ve a recolha de informações de uma dada amostra de elementos da população numa só vez
(Solomon, 2013).
Tendo em consideração a revisão de literatura efetuada, o objetivo geral deste trabalho
consiste no estudo dos fatores determinantes da lealdade, concretamente aplicado ao setor da
moda em Portugal. Para tal, elaborou-se um modelo conceptual (Figura 2) que procura expli-
car a influência dos diferentes fatores identificados na lealdade à marca, contemplando uma
variável dependente e um conjunto de variáveis independentes.
Consideram-se como variáveis dependentes aquelas que dependem dos procedimentos da
investigação, tendo uma relação direta com as repostas que se procuram atingir com a inves-
tigação (Souza, 2009). No modelo concetual do estudo a variável dependente a considerar é a
lealdade, visto que este tem como objetivo estudar e compreender as influências da lealdade
à marca.
De forma a definir os determinantes da lealdade no setor da moda foram consideradas
diversas variáveis independentes, nomeadamente: (i) as ações de fidelização; (ii) o comprome-
timento afetivo; (iii) a satisfação; (iv) a confiança e (v) os custos de mudança.
88
As hipóteses declaram possíveis razões para o problema de marketing e podem ser defi-
nidas como tentativa de solução, como uma declaração provisoriamente aceite do problema
de marketing ou como uma oportunidade, que irão definir a área da pesquisa e indicar a sua
direção (Wiid & Diggines, 2009). Apresentam-se de seguida as hipóteses de investigação.
Os programas de fidelização podem ser vistos como veículos para aumentar e/ou manter
a lealdade a uma marca, diminuindo a sensibilidade ao preço, induzindo uma maior resistên-
cia dos consumidores para combater ofertas ou contra-argumentos, enfraquecendo o desejo
de considerar marcas alternativas, incentivando a palavra de apoio e boca-a-boca, atraindo
um maior número de clientes e aumentando a quantidade de produtos comprados (Uncles,
Dowling & Hammond, 2003).
A influência positiva das ações de fidelização sobre a lealdade foi comprovada por Kahn &
Schmittlein (1992) e Laroche, Habibi & Richard (2013), que referem que um consumidor que
tem uma intenção positiva de utilização das ações de fidelização promovidas por determinada
marca tem mais hipóteses de desenvolver uma relação de lealdade com a mesma.
Para Prado & Santos (2004) o comprometimento constitui uma dimensão atitudinal da leal-
dade e consideram que a lealdade é uma resposta comportamental para uma alternativa de es-
colha a longo prazo, resultado de uma atitude positiva em relação à marca. Do mesmo modo,
Mattila (2001) refere que os consumidores que apresentam um alto nível de comprometimento
afetivo são mais resistentes à mudança e têm um comportamento positivo face à lealdade.
Assim, considera-se que o comprometimento afetivo antecede a lealdade, conforme com-
provado empiricamente por diversos autores, cujos estudos comprovam a sua influência po-
89
sitiva sobre a lealdade dos consumidores (Schemwell, Cronin & Bullard, 1994; Mattila, 2001;
Bloemer & Odekerken-Schroder, 2002).
A satisfação constitui um elemento chave para a conquista da lealdade e sem satisfação não
poderá haver lealdade por parte dos consumidores (Oliver, 1999), para além de que propor-
ciona a compra de produtos adicionais, diminui a sensibilidade dos consumidores ao preço e
promove a participação mais ativa dos clientes na empresa (Anderson, Fornell & Lehmann,
1994; Kotler e Armstrong, 2008). Segundo Oliver (1999), com o evoluir do relacionamento
entre o consumidor e a marca, a satisfação transforma-se progressivamente em lealdade.
Vários autores, nos seus estudos empíricos, relacionaram estes aspetos e concluíram que a
satisfação tem um forte impacto na lealdade, na medida em que as experiências consideradas
satisfatórias para o consumidor podem ter um impacto significativo e positivo na lealdade
(Garbarino & Johnson, 1999; Agustin & Singh, 2002).
Burnham et al. (2003) definem custos de mudança enquanto custos associados ao proces-
so de mudança de um fornecedor para outro, sejam eles de caráter financeiro, relacional ou
processoal, sendo que na opinião de Verhoef (2003) funcionam como barreiras à mudança,
evitando assim que o cliente troque de fornecedor.
Lee et al. (2001), Patteson & Smith (2001), Burnham et al. (2003) e Gastal (2005) confir-
maram, através dos seus estudos empíricos, que os custos de mudança são reconhecidos por
influenciar a lealdade dos consumidores, sendo que esta situação se verifica maioritariamente
no setor dos serviço, com a utilização de contratos e em que os custos de mudança são mo-
netários, embora segundo Jones e Sasser (1995) essa lealdade nem sempre seja verdadeira,
mas antes derivada da obrigação do cliente permanecer com a marca para não incorrer num
aumento de custos.
Já no que diz respeito à população, métodos de recolha de informação e amostra, con-
sidera-se a população objeto de estudo homens e mulheres com mais de 18 anos, que ha-
bitualmente façam compras em lojas de marcas de moda (lojas de vestuário ou acessórios).
90
Pretende-se assim determinar, por um lado, se a utilização de programas de fidelização em
lojas de vestuário e acessórios constitui uma mais-valia para as marcas e, por outro lado, qual a
sua influência dos programas de fidelização no processo de decisão de compra dos consumi-
dores e consequente lealdade.
Como método de recolha de dados optou-se pela aplicação de um questionário, elaborado
em formato online através do programa Google.docs, divulgado entre os dias 29 de janeiro
e 15 de fevereiro de 2015, através da Internet (email e redes sociais) a indivíduos maiores de
18 anos residentes em Portugal, recorrendo-se assim à técnica de amostragem não-aleatória e
por conveniência.
O tratamento de dados foi realizado através de análise estatística utilizando o software de
análise estatística SPSS 20 (Statistical Package for Social Science 20). Da amostra recolhida de
356 questionários foram eliminados dois questionários por excesso de missing values, sendo a
amostra final composta por 354 respostas válidas.
De acordo com os dados recolhidos, verifica-se que a maioria dos respondentes são mu-
lheres (70%), com idades compreendidas entre os 18 e os 25 anos (44%) e com habilitações
literárias ao nível do ensino superior (68%). Quanto ao estatuto profissional da maioria dos
respondestes, verifica-se que estes são sobretudo quadros médios, superiores e empresários
(27%) ou empregados de comércio, serviços e administrativos (17%), têm agregados familiares
constituídos por 3 pessoas (30%) e o seu rendimento mensal está compreendido entre 1000€
e 1500€ (33%).
Acresce também que 58% dos inquiridos têm cartões ou fichas de cliente de alguma loja
de vestuário ou acessórios de moda. Dos 42% que responderam negativamente a esta questão,
15% justificaram a sua resposta pelo facto de não percecionarem vantagens ao aderir a cartões
ou fichas de cliente e 13% por nunca lhe terem proposto a sua adesão, entre outros fatores.
Através da análise dos dados recolhidos, constatou-se que as marcas de que um maior nú-
mero de inquiridos tem cartões de cliente são a Modalfa (33%), a Springfield (30%) e a Woman
Secret (15%), sendo a frequência de utilização de qualquer um deles esporádica ao longo do
ano. No que diz respeito à razão inerente à utilização dos cartões ou fichas de cliente, as três
principais razões identificadas são a acumulação de pontos nas compras efetuadas (44%), as
promoções exclusivas (32%) e os descontos ou prenda de aniversário (28%).
4. ANÁLISE DE DADOS
Para a análise das variáveis de estudo foi utilizado o modelo fatorial. Assim, recorreu-se ao
método de análise de componentes principais, sendo este um método estatístico multivariado
que permite a transformação de um conjunto de variáveis correlacionadas noutro menor,
composto por variáveis não-correlacionadas (componentes principais) (Pestana & Gageiro,
2005).
Primeiramente efetuou-se o teste KMO, que corresponde a um índice utilizado para medi-
ção da dimensão das variáveis e qualidade da análise fatorial. De acordo com os pressupostos
do teste de KMO, os valores desta medida estatística variam entre 0 e 1, sendo que os valores
abaixo de 0,6 indicam que a análise não é apropriada e é considerada medíocre; os valores
entre 0,6 e 0,7 são considerados fracos; os valores entre 0,7 e 0,8 são considerados razoáveis;
os valores entre 0,8 e 0,9 são considerados de bons e muito bons se superiores a 0,9 (Pestana
& Gageiro, 2005). O valor do índice de KMO do estudo apresenta na sua maioria valores
considerados razoáveis (0,7<KMO<0,8) e bons (0,8<KMO<0,9), com exceção da variável
custos de mudança que têm o valor de 0,69, por isso considerado fraco. Contudo considera-se
a análise fatorial apropriada dado todos os valores serem superiores a 0,6, tal como se pode
verificar na Tabela 1.
Para medição da confiabilidade das variáveis foi utilizado como indicador o coeficiente
91
Alpha de Cronbach que, segundo Malhotra & Birks (2006), indica o grau em que os itens que
compõem as escalas utilizadas para avaliar as variáveis estão integrados, verificando se as es-
calas produzem medições coerentes. O coeficiente permite avaliar a consistência interna dos
itens referentes a uma variável presente no estudo, analisando o efeito de um fator na variável,
testando se as médias das variáveis são em cada item iguais (Pestana & Gageiro, 2005). Este
coeficiente varia entre 0 e 1, considerando-se uma melhor consistência interna consoante a
proximidade do valor 1. Qualquer valor abaixo de 0,6 é considerado como insatisfatório em
relação à consistência interna (Malhotra & Birks, 2006).
A análise revela que a correlação dos itens é satisfatória em todas as variáveis, apresentando
valores superiores a 0,6 em todas as variáveis, sendo o valor mais elevado o correspondente ao
comprometimento afetivo (a=0,89).
O método de análise fatorial permite a redução da complexidade da interpretação dos
dados, analisando a percentagem da variância total que deve ser superior a 60% e a explicação,
através dos coeficientes (loadings), da variância máxima nos dados originais, que não estejam
correlacionadas entre si (Pestana & Gageiro, 2005). Conforme se pode observar na tabela os
valores da variância explicada ultrapassam os 60% à exceção da variável ações de fidelização
com 56,3%.
Em termos dos coeficientes (loadings) pertencentes a cada variável estes são escolhidos para
que as variáveis derivadas (componentes principais) expliquem a variação máxima nos dados
originais e não estejam correlacionadas entre si. São considerados significativos os loadings
iguais ou superiores a 0,5 (Pestana & Gageiro, 2005), tendo-se utilizado nesta análise o método
de rotação varimax.. Os itens com loadings com valores inferiores a 0,5 foram eliminados do
estudo, visto não serem pertinentes para a análise, considerando-se apenas os apresentados
na tabela.
Posteriormente, procedeu-se à análise do coeficiente de correlação de Pearson (r) que
mede a intensidade de um relacionamento entre duas variáveis. Os seus valores podem variar
entre -1 (se uma variável muda, a outra muda na direção oposta) e +1 (quando uma variável
muda, a outra muda na mesma direção e na mesma quantidade) (Field, 2009), sendo que quan-
to mais próximo os valores se aproximarem de -1 ou 1, maior é a associação linear (Pestana
& Gageiro, 2005).
Como se verifica na tabela, a associação linear entre as variáveis varia entre muito baixa a
moderada , oscilando entre 0,18 a 0,67.
A hipótese H1 previa uma influência positiva das ações de fidelização na lealdade do consu-
midor. Esta hipótese não é suportada no presente estudo visto que a variável ações de fidelização
não é estatisticamente significativa a um nível de 5%, rejeitando-se assim a hipótese de que as
ações de fidelização tenham influência positiva na lealdade dos consumidores no setor da moda.
A hipótese H2 determinava uma influência positiva do comprometimento afetivo sobre
a lealdade do consumidor. Esta hipótese é suportada no presente estudo, uma vez que a va-
riável comprometimento afetivo apresenta um coeficiente positivo e representativo (p=0,34)
e significativo ao nível de 5%, confirmando desta forma que o comprometimento influência
positivamente a lealdade do consumidor no setor da moda. Assim, quanto maior for o com-
prometimento afetivo do consumidor com a marca, maior a tendência para a lealdade à marca.
Também Freire (2005) concluiu no seu estudo sobre a influência do envolvimento com o
produto e do comprometimento com a marca na lealdade à marca, que o comprometimento
afetivo influência positivamente a lealdade dos consumidores e que o seu impacto é maior em
serviços em comparação com produtos. Outros estudos empíricos comprovam esta relação,
referindo o comprometimento afetivo como antecedente da lealdade (Schemwell et al,1994;
Matilla, 2001; Bloemer & Odekerken-Schroder, 2002).
A hipótese H3 indicava uma influência positiva da satisfação na lealdade dos consumido-
res. Esta hipótese também é suportada pois a variável satisfação apresenta um coeficiente posi-
tivo (p=0,87) e significativo, confirmando que a satisfação influencia positivamente a lealdade
do consumidor no setor da moda, pelo que quanto mais o consumidor estiver satisfeito, maior
a probabilidade de ser leal à marca.
À semelhança do presente estudo, diversos autores confirmam que a satisfação tem um
forte impacto na lealdade e sem a sua existência esta não poderá ser alcançada (Gabarino
& Johnson, 1999; Agustin & Singh, 2002). Contudo, conforme referido por Oliver (1999)
a satisfação por si só não se transforma em lealdade, dependendo de outros fatores como a
determinação pessoal e o suporte social, necessários para o consumidor avançar da satisfação
para a lealdade.
A hipótese H4 previa uma influência positiva da confiança na lealdade dos consumidores.
Tal hipótese é suportada dado que apresenta um coeficiente positivo (p=0,55) e é significativa ao
nível de 5%. Assim, pode-se afirmar que quanto maior for a confiança do consumidor na marca,
maior a tendência para a lealdade à marca. Os resultados alcançados vão ao encontro das conclu-
94
sões dos estudos de Morgan & Hunt (1994) e Singh & Sirdeshmukh (2000), que referem que a
confiança dos consumidores conduz a relações duradoras com a marca e à lealdade.
A hipótese H5 preconizava uma influência positiva dos custos de mudança na lealdade
dos consumidores. Esta hipótese é suportada visto que apresenta um coeficiente positivo (p=
0,71) e significativo, confirmando desta forma que os custos de mudança influenciam positiva-
mente a lealdade do consumidor no setor da moda, pelo que quanto mais elevados forem os
custos de mudança para o consumidor, maior a sua predisposição para ser leal à marca.
Também Burnham et al. (2003) no seu estudo na área dos serviços telefónicos de longa
distância nos EUA, concluíram que a satisfação e os custos de mudança levam a que o consu-
midor queira permanecer com o seu fornecedor. Os autores verificaram que os custos de mu-
dança apresentam valores superiores de influência na retenção de clientes comparativamente à
satisfação. Gastal (2005) replicou a investigação de Burnham et al. (2003), aplicando a mesma
no Brasil, concluindo igualmente que os custos de mudança estão relacionados com a lealdade
exercendo na mesma um impacto positivo e superior ao exercido pela satisfação.
Em conclusão, verifica-se que das variáveis apresentadas como suscetíveis de influenciar a
lealdade do consumidor no setor da moda e tendo em conta o tratamento estatístico realizado
aos dados recolhidos, apenas as ações de fidelização não exercem uma influência positiva na
lealdade, sendo a lealdade determinada pelo comprometimento afetivo, satisfação, confiança
e custos de mudança.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo analisar a influência de um conjunto de fatores na leal-
dade dos consumidores no setor da moda, considerando-se as ações de fidelização, o compro-
metimento afetivo, a satisfação, a confiança e os custos de mudança. Com base nestes fatores
formularam-se posteriormente cinco hipóteses de estudo que foram testadas empiricamente
através de análise estatística.
Os resultados da análise estatística indicam que à exceção das ações de fidelização, as
restantes variáveis consideradas são determinantes da lealdade dos consumidores da amostra,
indo ao encontro dos diversos estudos analisados e cujos resultados referem estes componen-
tes como antecedentes da lealdade (Morgan & Hunt, 1994; Schemwell et al., 1994; Augustin
& Singh, 2002; Burnham et al., 2003). Do conjunto de variáveis consideradas verifica-se que a
satisfação e os custos de mudança constituem os maiores determinantes da lealdade, com um
peso de 0,875 e 0,710, respetivamente, pelo que se torna indispensável que as empresas traba-
lhem no sentido de garantir a satisfação dos seus consumidores e clientes, ao mesmo tempo
que lhes devem proporcionar uma relação com base na confiança mútua, de modo a promover
a fidelização das mesmas à marca ou empresa.
Do estudo apresentado resultam algumas considerações que podem ser entendidas sob a
forma de contribuições, limitações e sugestões para futuras investigações, conforme se apre-
senta de seguida.
O principal contributo deste trabalho consistiu num input teórico para as empresas no
sentido de enfatizar a necessidade da prática do marketing relacional, concretamente através
de um alerta para um conjunto de fatores que de facto são importantes e preponderantes
quando se tem como objetivo a fidelização de clientes. Por sua vez, considera-se também que
o presente trabalho tem um caráter inovador na medida em que visa o estudo de um setor com
uma grande importância económica no país, mas que não é muito explorado no âmbito dos
estudos em marketing relacional, o que pode ser encarado como um ponto de partida para o
desenvolvimento de estudos posteriores, mais aprofundados teoricamente.
No que diz respeito às limitações do presente estudo, estas, apesar de constituirem alguns
pontos menos positivos no trabalho, podem ser encaradas como sugestões para futuras in-
95
vestigações na área. A primeira sugestão prende-se com o alargamento da amostra, de forma
a elaborar uma análise mais completa e fiável, expandindo o estudo por um maior número
de consumidores. Outra limitação do estudo prende-se com as variáveis apresentadas, o que
apesar de na sua maioria terem sido confirmadas estatisticamente, não vieram acrescentar
contributos novos ao desenvolvimento da área. Desta forma, seria interessante a introdução
de novas variáveis que desafiassem os estudos até agora desenvolvidos, de forma a percecionar
novas influências que os consumidores possam sentir na sua lealdade a uma marca. Sugere-se
igualmente a elaboração de estudos com uma maior abrangência em termos de setores, de for-
ma a comparar a influência de um conjunto amplo de fatores na lealdade dos consumidores e
clientes em setores diferenciados, por forma a concluir em que setores estes fatores têm maior
relevância para os consumidores e influenciam de facto a sua lealdade.
Por último, os resultados deste estudo sugerem diversas recomendações estratégicas para
as marcas do setor da moda, concretamente ao nível da sugestão de melhorias para atingir a
lealdade dos consumidores. Assim e conforme os resultados obtidos, as ações de fidelização
levadas a cabo pelas empresas do setor da moda em Portugal não são percecionadas como
relevantes para os consumidores, visto que estas não influenciam a lealdade dos consumidores
nem o seu processo de compra. Uma das causas possíveis para justificar esta insignificância
percecionada pelos consumidores em relação às ações de fidelização, prende-se com o facto
de estas não oferecerem vantagens consideradas pelo consumidor como valiosas. A este pro-
pósito, Schulz (1998) questiona a adequação da elaboração das ações de fidelização feitas pelas
marcas atualmente, pois acredita que muitas não passam de ações promocionais isoladas, não
contribuindo para a construção da lealdade a longo prazo. Por outro lado, para obter resul-
tados positivos e significativos na lealdade dos consumidor através da utilização de ações de
fidelização, é necessário definir objetivos e direcionar os esforços para os atingir (Hart, 2000),
de forma a transmitir valor para o cliente, pois este necessita de percecionar os ganhos pro-
venientes da relação com a empresa e, por sua vez, a empresa utiliza essa relação para reunir
dados a sua respeito (Raider, 1999). Johnson & Leger (1999) consideram que, para se obter
resultados positivos através das ações de fidelização, é necessário ter em atenção quatro etapas:
Bolton et al. (2000) referem que as ações de fidelização apenas causam impactos positivos
a longo prazo se as experiências que os consumidores tiverem com a empresa forem conside-
radas satisfatórias, salientando desta forma a necessidade de satisfazer os clientes de modo a
atingir a lealdade.
Em conclusão e de acordo com os resultados obtidos, foi verificada uma influência positi-
va exercida pelo comprometimento afetivo, a satisfação, a confiança e os custos de mudança na
lealdade, pelo que as marcas, para atingirem a lealdade dos consumidores, terão de ter em con-
ta estas variáveis, preocupando-se em inclui-las nas suas estratégias de marketing relacional.
96
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO
BEL20 PSI20
Empresa Setor Empresa Setor
Ackermans & van Haaren Serviços financeiros Altri Indústria Geral
Ageas Seguros de vida BPI Bancário
ABInBev Bebidas BCP Bancário
Befimmo-Sicafi Investimento imobiliário BES Bancário
Bekaert Indústria Geral Brisa Transportes
Belgacom Telecomunicações Cimpor Materiais de construção
Cofinimmo Investimento imobiliário EDP Renováveis Eletricidade
Colruyt Comida e medicamentos a retalho EDP Eletricidade
Delhaize Group Comida e medicamentos a retalho Galp Energia Produtor de óleos e gases
DIETEREN Retalho especializado Inapa Florestal e Papel
GBL Serviços financeiros Jerónimo Martins Comida e medicamentos
a retalho
GDF Suez Gás, Água e Múltiplos Mota-Engil Materiais de construção
KBC Group Bancário Portucel Florestal e Papel
Mobistar Telecomunicações móveis Portugal Telecom Telecomunicações
NYRSTAR Indústria de Metais e Mineração REN Eletricidade
Omega Pharma Farmacêutico e Biotecnológico Semapa Florestal e Papel
Solvay Químico Sonae Comida e medicamentos
a retalho
Telenet Group Média Sonae Indústria Materiais de construção
UCB Farmacêutico e Biotecnológico Sonaecom SGPS Telecomunicações Móveis
Umicore Químico ZON Multimedia Média
Fonte: www.euronext.com
99
Resumo
Nos dias de hoje existe uma maior necessidade de diferenciação, é importante que
cada empresa se adapte aos seus clientes e não imite as estratégias da concorrência. Os
clientes não procuram apenas um produto, pretendem um atendimento personalizado de
acordo com as suas necessidades. Atualmente, muitas empresas recorrem ao Marketing
Relacional, que é uma mais-valia que as permite ser únicas, com este surge a ferramenta
Customer Relationship Management - CRM, uma das ferramentas que melhor se adap-
ta quando o objetivo é desenvolver um relacionamento sustentável e duradouro com os
clientes. A identificação de ações de fidelização é algo muito importante para as empresas
que procuram posicionar-se e diferenciar-se melhor que os seus concorrentes. Pelo facto
do hotel não constituir nenhuma implementação de ações de CRM específico, este artigo
pode ser considerado uma mais-valia e um avanço no crescimento a longo prazo da mes-
ma, permitindo assim um relacionamento duradouro entre o hotel e o cliente
Abstract
These days, in the context of global and challenging markets, differentiation is ine-
vitable for those who aim to both secure the actual customer’s loyalty and attract new
ones. Customers are not simply looking for products or facilities. They seek for a cus-
tomized service according to their preferences and needs. Numerous companies’ relyon
relationship marketing considered by many as an important plus point which allows cor-
porates to stand out of the competition. With this marketing approach emerges CRM,
one of the most flexible tools when the purpose is to develop and maintain customer’s
lasting relationships. Identifying the actions that might improve customer’s fidelity is im-
portance for those companies aspiring to be distinguished from the competitors, gene-
rate superior income in addition to a superior customer’s satisfaction by using its assets
and resources more efficiently. Considering that at this time the hotel does not operate
within a specific CRM framework, this article report may be considered a positive featu-
re and a step forward regarding the long term growth and lasting relationships between
the hotel and the customers.
Com a crise económica existente pela Europa, o turismo é um dos setores mais afetados,
apesar de continuar a ser o principal setor económico para muitos países. As pessoas têm
medo de viajar por não saberem como irá ser o futuro, o custo de vida aumenta cada vez mais
e o turismo acaba por ficar para “segundo plano” ou então começa a ser praticado no próprio
país de residência. Com isto, muitas organizações começam a analisar a melhor forma de voltar
a ter os clientes, de que forma os podem fidelizar de novo ou ganhar novos para que o negócio
se torne sustentável e ultrapasse esta situação. Sendo que, muitas das vezes é mais sustentável
tentar manter os clientes já existentes do que angariar novos.
O tema deste artigo incide sobre “ações de fidelização”, e tem como propósito fazer uma
análise crítica das ações de fidelização desenvolvidas pelo Hotel Villa Batalha, sugerindo me-
lhorias e novas formas de fidelização.
Para que uma empresa desenvolva um bom desempenho ao longo do seu ciclo de vida é
essencial existirem estratégias de fidelização dos clientes, estratégias essas que permitem desen-
volver um relacionamento vantajoso com o cliente, através de emails, redes sociais, mensagens
telefónicas, cartões de desconto, promoções, entre outras. Não é fácil escolher a ferramenta
apropriada para cada tipo de cliente, todos têm preferências diferentes e isso torna o custo/
benefício elevado para empresa. Para isso é necessário traçar bem os objetivos pretendidos e
segmentar os diferentes tipos de clientes.
Os objetivos principais do artigo são a análise das ações de fidelização utilizadas pelo hotel
e o nível de satisfação do cliente, a identificação da necessidade de mudança de CRM existente
no hotel para posteriormente analisar as fichas de cliente e segmentá-los, sugerir ações de fide-
lização de CRM, desenvolver um relacionamento fiel com os clientes e superar as expetativas
iniciais dos mesmos.
O artigo está dividido em 5 partes na primeira é apresentada uma fundamentação inicial
ao tema que irá ser abordado, na segunda é feito um enquadramento teórico com os temas
principais deste artigo, na terceira é abordada a metodologia utilizada, na quarta é feita uma
breve caracterização ao Hotel Villa Batalha e por último são apresentadas as propostas de
ações de fidelização.
2. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
De acordo com a OMT (Organização Mundial do Turismo), turismo define-se como: “um
conjunto de atividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens em locais situados fora
do seu ambiente habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos
de lazer, de negócios e outros”.
101
Segundo a mesma entidade, esta indústria é uma das áreas da economia que mais cresce
ao longo dos anos. Devido ao crescimento rápido deste sector e, como consequentemente a
concorrência existente, torna-se cada vez mais premente existirem estratégias de diferenciação
entre as diversas cadeias hoteleiras.
Um dos grandes fatores de distinção está precisamente na qualidade de serviços prestados
aos seus consumidores. Para se conseguir alcançar a qualidade é preciso não negligenciar nun-
ca o relacionamento com o cliente, implementando estratégias pensadas especialmente para
CRM. É preciso entender que o CRM é um fator crítico de sucesso para o sector hoteleiro,
com um enfoque nos serviços, esta consciência é ainda mais urgente, para que se possa trilhar
um caminho estável.
O Marketing Relacional tem surgido no panorama da indústria hoteleira como uma ferra-
menta fundamental para a conquista de novos clientes e a fidelização dos já existentes. Este
tipo de marketing permite estabelecer uma relação mais próxima entre empresa e consumidor
final. É cada vez mais importante conhecer de forma aprofundada os gostos, interesses e
preferências dos clientes.
Como tal, hoje em dia, o foco de competição no mercado deixou de ser “conquistar a
maior fatia da quota de mercado” como meio de sobrevivência na economia, e sim privilegiar
a manutenção dos clientes já conquistados, para que eles não migrem para a concorrência.
O conceito de Marketing Relacional segundo Evans e Laskin (1994) é um “(…) processo
onde a firma constrói alianças de longo prazo tanto com clientes atuais ou potenciais, de
forma que comprador e vendedor trabalham em direção a um conjunto comum de objetivos
específicos”. Os objetivos fulcrais são os de criar, manter e desenvolver fortes relacionamen-
tos com os clientes existentes, para além de se criar estratégias para atrair novos clientes, os
quais são alcançados mediante a compreensão das necessidades dos clientes como parceiros,
a garantia e salvaguarda de que os colaboradores da empresa satisfaçam as necessidades dos
consumidores e o fornecimento aos consumidores da melhor qualidade possível face às neces-
sidades individuais. (Amaro, 2013:5)
Tendo em mente a definição de Marketing Relacional, e com base nas suas ferramentas
(marketing one-to-one, o CRM, o marketing viral, o marketing experiencial e o marketing de
permissão) irá ser abordada ao longo do artigo uma das suas principais, o CRM. Pode-se então
definir CRM como a “abordagem empresarial destinada a atender e influenciar o compor-
tamento dos clientes, por meio de comunicações significativas para melhorar as compras, a
retenção, a lealdade e a lucratividade deles”. (Silva e Silva, apud SWIFT, 2001:12)
A manutenção do cliente através da permanente satisfação das suas necessidades é difícil
e exige alterações de comportamentos e de mentalidades não só nas estratégias adotadas pela
empresa, como pelos seus próprios colaboradores. Para isto é necessário existir formação na
área, melhorar e adaptar atitudes e comportamentos, visando a oferta de um serviço de quali-
dade, em que o cliente é o centro de toda a atividade da empresa.
Segundo Ferrão (2003), o conceito de CRM traduz-se na automatização de processos de
gestão integrados horizontalmente que envolvem os pontos de contacto com o cliente no
“frontoffice” – vendas (gestão de contactos, configuração de produtos), marketing (gestão de
campanhas, telemarketing), e serviço ao cliente (callcenter, serviço pessoal de pós-venda) –
através de canais múltiplos e interligados.
Este pode ser dividido em três diferentes níveis de execução: o CRM analítico que facilita
a identificação das necessidades dos clientes e torna a relação mais fácil e conveniente; o CRM
colaborativo que facilita a interação entre os clientes e o negócio ao integrar todos os pontos
de contacto, como a utilização de correio eletrónico, visitas a lojas físicas, algo que permita ao
102
cliente dialogar com a empresa; e o CRM operacional que se traduz em aplicações que intera-
gem diretamente com o cliente e integram os designados front-office, back-office e incluem a
automatização da força de vendas, a automatização das tarefas de marketing e ainda o serviço
ao cliente. (Amaro, 2013:11)
Segundo Ramos (2002:147) apud Swift (2001), o CRM traz benefícios não só para a em-
presa como também para os seus clientes, tais como a redução de custos no recrutamento de
compradores, uma menor necessidade de recrutar compradores para manter um nível estabi-
lizado, um reduzido custo das vendas, maior rentabilidade dos compradores, aumento da leal-
dade e retenção dos compradores e a possibilidade de avaliar a rentabilidade dos compradores.
Para tal é preciso saber conhecer, ser diferente dos concorrentes, saber vender e posteriormen-
te fidelizar o cliente ou empresa ao produto, estes são os 4 princípios fundamentais para que
ambos tenham benefícios quando compram ou vendem algo.
Uma empresa hoje em dia necessita de fidelizar clientes, é algo imprescindível e que não
pode passar ao lado, devido à forte concorrência de mercado existente. Atualmente, as em-
presas de maior sucesso são aquelas que estão a fazer de tudo para manter os seus clientes ou
atrair novos.
Para Kotler (2006) fidelizar o cliente significa vender o maior número de produtos a um
único cliente por maior tempo possível, mantendo-o satisfeito. É conquistá-lo de tal forma
que o impeça de migrar para a concorrência. A fidelidade é, portanto, desenvolvida por meio
de abordagens que desencadeiam e reforçam um estado mental positivo. O objetivo não é
104
tornar todos os clientes fiéis, mas, sim, aumentar a fidelidade daqueles clientes mais propen-
sos a reagir. Alguns clientes são mais suscetíveis de reagir a incentivos, outros a atendimento
diferenciado proporcionado apenas para clientes leais, enquanto outros, ainda, podem reagir
apenas à combinação dos dois. (Stone &Woodcock, 1998)
A fidelização do cliente deve ser sempre focada em três principais objetivos segundo Duffy
(2002), estes são, aumentar o valor unitário das compras dos clientes e, consequentemente, o
seu valor; aumentar a repetição de compras estendendo o ciclo de vida do cliente na empresa
e, novamente, o seu valor; e conhecer os perfis e hábitos individuais dos clientes para melhor
atender e antecipar as suas necessidades.
Até se conseguir chegar à satisfação total do cliente é necessário passar por diversos pas-
sos, perceber o que o mesmo gosta e de que forma o conseguiremos fidelizar à nossa empresa
até que este se envolva com certo produto ou serviço. Para isso é preciso realizar um estudo
antecedente ao cliente e aos seus gostos, para se fidelizar teremos de implementar estratégias
de CRM destinadas aos diferentes segmentos de mercado.
Segundo Monteiro (2012:31), o processo de fidelização pode acontecer de duas formas:
a mecânica que assenta simplesmente nos padrões de consumo e confirma-se através dos
comportamentos de vendas, nomeadamente, nas vantagens obtidas no momento da compra
(promoções, pontos, descontos, entre outros). E a fidelização emocional está relacionada com
a capacidade de identificação emocional do cliente, para com um determinado serviço ou
produto e todos os valores inerentes a essa relação.
Para que haja fidelização dos clientes é necessário que se implementem programas de
fidelização conforme os diferentes segmentos de mercado, tendo em conta que os programas
também devem ser rentáveis para a empresa e não só para o cliente.
Surgem cada vez mais programas de fidelização devido à concorrência existente, estes
cedem algo aos seus clientes em troca da repetição das suas compras, contudo para que um
programa de fidelização tenha o êxito pretendido é necessário apostar nos clientes mais rentá-
veis e dar menos valor aos clientes menos lucrativos.
Programas de fidelização são programas promocionais elaborados para construir relações
a longo-prazo e com benefícios mútuos entre a empresa e o seu público-alvo. Estes programas
têm como base a oferta de descontos, alertas no lançamento de novos produtos e outros be-
nefícios exclusivos, em troca de dados dos consumidores para uma eficaz construção de bases
de dados que possibilite a compreensão das suas preferências. (Lamb, 2011)
Berman (2006) salienta o facto de existirem vários riscos ou ameaças quando se constrói
um programa de fidelização eficaz, tais como, a saturação do mercado, o frágil compromisso
ao programa de fidelidade, a escolha do programa de fidelidade errado, o cliente centrar-se
unicamente nas recompensas apoiadas em descontos ou brindes, e utilizar programas de fide-
lização para disfarçar a ineficácia da estratégia de marketing.
Murray (2006) considera que os programas de fidelização também trazem algumas vanta-
gens e benefícios tanto para o cliente como para a empresa, nomeadamente, os consumidores
fazem compras de forma repetida, dão a possibilidade de fazer comunicações de marketing
personalizadas, minimizam o desperdício de ofertas personalizadas para consumidores que
não têm interesse nas mesmas e promovem a confiança e abrem caminho para a inserção de
novos produtos e serviços de modo a satisfazer os consumidores.
Na perspetiva dos consumidores o processo é bastante simples, basta registar-se no pro-
grama da marca, disponibilizar os dados demográficos e de hábitos de compra, obtendo então
um cartão e desta forma passa a fazer parte da base de dados de clientes da marca (Mullin,
2010).
105
Segundo Monteiro (2012:35), existem vários tipos de programas de fidelização nomeada-
mente: o modelo de recompensa, que retribui a lealdade do comprador através de incentivos,
bónus, prémios e pontos; o modelo educacional, que aposta no processo comunicativo com o
cliente, aumentando assim a informação sobre este e sustentando a base de dados; o modelo
contratual, em que se utiliza o nome da empresa e a base de dados para presentear um produto
ou serviço periodicamente, usufruindo de alguns benefícios como preços mais reduzidos em
certos produtos ou acesso a determinadas informações. O modelo de afinidade, que consiste
em reunir clientes que têm interesse no mesmo produto ou serviço, e o modelo de serviço de
valor acrescentado, que pretende dar algo mais ao cliente para além dos serviços ou produtos
habituais que costumam fornecer.
Segundo Bowen et al. (2003), as redes hoteleiras reconhecem o facto de os clientes nem
sempre se envolverem com a marca se forem compras de baixo envolvimento. Por exemplo, o
Sheraton reformulou o seu sistema de limpeza, permitindo que os membros do Sheraton Club
Internacional façam o check-out até às 16:00 horas.
Outro exemplo é o utilizado pela cadeia Rosewood Hotelsand Resorts, esta através da
informação de carácter pessoal recolhida pelos cartões de fidelidade prepara antes da chegada
dos clientes elementos tais como almofadas, bebidas no mini bar e refeições especiais. (Noone
et al, 2003)
Segundo Tepeci (1999), embora os programas de fidelização sejam caros, funcionam. A
cadeia hoteleira Hilton questionou 10.000 membros do seu programa Honoros e descobriu
que 19% deles não iriam ficar na cadeia Hilton se não estivessem associados ao programa. Por
outro lado, a cadeia hoteleira Marriott também constatou que os membros do seu programa
de cliente frequente estiveram em média mais duas vezes e meia na cadeia Marriott desde que
se tornaram membros do programa.
Após a análise deste capítulo pode-se concluir que o CRM é uma estratégia de negócio
que tem como objetivo, selecionar, fazer a gestão e otimizar os clientes de forma a obter valor
a longo prazo. Hoje em dia as pessoas não compram apenas pela marca ou local em si, mas
pelo conceito global do produto e os serviços oferecidos. É fundamental que haja uma relação
entre os clientes e a empresa, de forma a aumentar a confiança e a satisfação com o produto
ou serviço.
3. METODOLOGIA
O Hotel Villa Batalha é uma unidade hoteleira de 4* situada na vila da Batalha, na região
oeste de Portugal, desde Outubro de 2009. Localizado junto ao rio Lena, apresenta uma paisa-
gem dos quartos entre a serra e vista rio/jardim ou vista para o Mosteiro da Batalha, Patrimó-
nio Mundial da UNESCO e uma das Sete Maravilhas de Portugal.
Este é um hotel que tem para oferecer aos clientes diversos serviços tais como, 93 quartos,
o restaurante “Adega dos Frades”, o bar “O Claustro”, o “Villa Batalha Golfe”, campo de té-
nis, Spa Villa Batalha, 8 salas de reuniões/conferências, esplanadas e jardins. A nível estrutural,
o hotel divide-se em cinco pisos (piso -1, piso 0, piso 1, piso 2 e cobertura/solário) e duas alas,
a ala norte e a ala sul.
É conhecido pelo seu lema “Transformamos pequenos momentos em grandes memó-
rias!”. A sua visão é: “Enraizados no oeste de Portugal e da Europa, mostrarmos como a con-
temporaneidade e a tradição cultural se fundem num forre abraço, olhando o futuro através
de um conceito inovador”. E a sua missão: “Inspirador pelos nossos valores culturais e raízes
tradicionais, assumindo a hospitalidade portuguesa como a bandeira do nosso serviço de ex-
celência, querendo transmitir de forma apaixonada a riqueza do nosso património cultural, na-
tural, gastronómico e de bem-estar, para que cada hóspede se sinta envolvido por experiências
únicas e sensações autênticas”.
O HBV é um hotel de título individual/familiar, não pertencendo a nenhuma cadeira
hoteleira. Este está sobre a responsabilidade da direção, que coordena e gere o funcionamen-
to do hotel. Posteriormente está dividido por diferentes departamentos, tais como: receção,
manutenção, departamento comercial, housekeeping, restaurante e bar, cozinha, spa, golfe.
Após análise aos segmentos existentes no HVB constata-se que são o segmento MICE
(Meetings, Incentives, Conferences, Exhibitions), o segmento de negócios/corporate e o seg-
mento familiar, os principais segmentos de mercado.
O segmento MICE inclui a organização de eventos que decorrem durante todo o ano no
hotel. O hotel aposta bastante neste segmento, visto que é com este que consegue contrariar
a sazonalidade.
O segmento de negócios funciona maioritariamente através da fixação de clientes de em-
presas da região, é um dos principais geradores de hóspedes para o hotel, principalmente clien-
tes estrangeiros, que pernoitam entre uma e duas noites seguidas, durante várias vezes por mês.
No que refere o segmento familiar este diz respeito a todos os hóspedes que se deslocam,
por motivo de férias ou pequenas pausas, optam pela Batalha por ser uma zona histórica,
relativamente calma e com uma diversa oferta de atividades, seja cultural, religiosa ou lazer.
107
4.1. Análise SWOT
Pontos Fortes:
Pontos Fracos:
Oportunidades:
• Região centro não é um destino sazonal – Existem turistas durante todo o ano e
não só no verão, porque tem uma variada oferta turística;
• Boas acessibilidades - Junto ao IC2 e de fácil acesso à A8 e A1;
• Poucos concorrentes com oferta de serviços similares na cidade mais próxima,
Leiria (hotéis de 4 e 5 estrelas). Oportunidade de conquistar mais clientes tendo
serviços diferenciados;
• Turismo Religioso – O hotel insere-se numa zona de turismo religioso e tem a
oportunidade de apostar nesse segmento, especialmente em dias que os hotéis em
Fátima estão lotados (13 outubro e 13 maio);
• Turismo de Negócios e MICE – São 2 produtos estratégicos definidos pelo PENT,
portanto o hotel deve fazer uma grande aposta nestes segmentos melhorando sem-
pre mais o que já é oferecido, pois estão sempre em constante crescimento.
• Turismo de Natureza – Esta é uma região abrangida pela Serra de Aire e Candeei-
ros, onde cada vez mais são praticadas atividades ligadas à natureza. O hotel deverá
apostar mais neste segmento de mercado, as pessoas já estão a valorizar mais a
natureza e a fazer mais atividades ao ar livre.
• Concorrência – Hotéis da mesma categoria e com oferta de serviços idênticos
tornam-se uma ameaça mas também um fator positivo para o HVB. Para solucio-
nar terá de criar um produto/serviço que seja diferenciador dos seus concorrentes
e isso é algo que o hotel poderá inovar.
Ameaças:
Através da análise SWOT é possível identificar elementos chave que permitem estabelecer
prioridades para a empresa. A empresa deverá preocupar-se principalmente com os seus pon-
109
tos fracos e as ameaças de forma a não deixar que estes influenciem o seu ciclo de vida, as suas
receitas e a satisfação dos clientes.
Os clientes esperam que com os produtos e serviços que o hotel oferece, haja algo de di-
ferente que os surpreenda e que fique na memória, não pela sua dimensão mas pelo impacto
emocional que é proporcionado.
Oferece em todos os seus quartos, TV, assim como internet wireless em todo o hotel.
Investe na venda de turismo acessível, estando constantemente em contacto com empresas na-
cionais e internacionais de forma a criar parcerias, realizando também conferências em vários
locais com o intuito de reforçar esta estratégia.
Dispõe de um campo de golfe federado onde são dinamizados programas de aulas de gol-
fe, apresentação a escolas, e eventos relacionados com o mesmo, estando aberto ao público em
geral e não apenas aos hóspedes, tal como é feito com o restaurante. No entanto, e apesar do
restaurante e bar estarem abertos ao público no geral, não sendo necessário ser hóspede para
os frequentar, esta mais-valia não está a ser aproveitada. Para além disso poderiam também
haver packs/menus especiais direcionados ao público, ou serem estudados os segmentos que
melhor podem aderir a este tipo de oferta.
Como forma de concretizar a promessa do seu lema “transformamos pequenos momen-
tos em grandes memórias!”, o hotel dispõe de pequenos momentos para satisfazer os seus
clientes, em programas diferentes. Foram criados programas para os românticos “Momentos
de Romance no Hotel Villa Batalha”, para quem quer relaxar no spa “Momentos no Spa do
Hotel Villa Batalha”, para os apaixonados pelo desporto ao ar livre “Momentos no Golfe do
Hotel Villa Batalha”, para os que gostam de conhecer a região a pé e de natureza “Momentos
de Natureza e bem-estar no Hotel Villa Batalha” e para as pessoas que procuram a cultura e
o que de melhor ela tem “Momentos de cultura com o Hotel Villa Batalha”. É sugerido no
entanto que fosse preparada uma Base de Dados específica para estes segmentos, para que as
pessoas pudessem ser informadas de uma forma personalizada e consoante a sua preferência
e perfil.
Visto que o hotel é bastante procurado pelo turismo corporate e MICE, este oferece pa-
cotes com preços especiais de grupo para a realização de reuniões, conferências ou outro tipo
de eventos. Em relação à estada por parte de algum membro da empresa o hotel também tem
preços especiais com vista a fidelizar os colaboradores. Neste caso poderia fazer sentido criar
um cartão business que incentivasse os clientes a preferirem o hotel para além do seu custo
promocional. Desta forma, e com vantagens associadas, poderia criar-se nos colaboradores
alguma rotina e consequente fidelização à unidade.
Em resposta à necessidade da gestão de dados é utilizado apenas o Software PROTEL-
programa que serve para registar/guardar os planos futuros e anteriores de reservas, os planos
de quartos (check-in, disponibilidade, consumos, check-out), os dados dos clientes e respetivo
histórico de estada, registo e lançamento de faturas. É através deste software que o hotel re-
gista os dados dos clientes e com isso, posteriormente, cria uma mailing list para o qual envia
promoções e programas futuros a realizar. É importante que se inove cada vez mais neste tipo
111
de programas, podendo um investimento na base de dados representar elevados retornos a
longo prazo.
O hotel tira também partido das redes sociais para uma maior proximidade com o clien-
te, sendo o Facebook e o Twitter utilizados diariamente para comunicar com posts sobre as
promoções ou até mesmo com curiosidades e efemérides associadas ao setor. Como forma de
reconhecimento o HVB tem investido em alguma comunicação, para além da referência em
alguns meios do sector, foi-lhe atribuído o Certificado de Excelência de 2013 do Tripadvisor,
o que pode de certa forma motivar outros clientes a optarem pelo hotel. Neste caso é aconse-
lhado um acompanhamento muito próximo dos comentários de plataformas como o Tripad-
visor e o Booking, não só para evitar efeitos negativos como para dar resposta às críticas dos
consumidores. Esta é uma forma bastante eficaz de conhecermos a opinião dos clientes, que
podem ser mais sinceros numa plataforma que não está diretamente relacionado com o hotel.
O HVB pretende que o serviço de atendimento ao cliente seja realizado de uma forma
personalizada, mas para isso há necessidade de obedecer a uma ordem de tarefas a executar
no atendimento. Uma boa base de dados de clientes é uma ferramenta essencial em qualquer
estabelecimento comercial, no caso específico de um hotel, esta ferramenta é crucial na medi-
da em que se comercializa serviços que são usufruídos por pessoas. É importante que o hotel
mantenha atualizada a sua base de dados, para que no momento em que o cliente contacta o
hotel, o rececionista possa aceder aos seus dados atualizados, conhecendo o histórico de esta-
das do cliente, os seus gostos e as suas preferências.
O HVB é um hotel pequeno e ainda em crescimento, pois tem apenas 7 anos de operação,
apresentando no entanto já algumas estratégias de marketing.
Verifica-se que o HVB, apesar de não ter um sistema oficial de CRM instalado, começa
a praticar subtilmente, e de uma forma muito intuitiva, estratégias de satisfação do cliente,
gerando resultados positivos de uma forma pouca estudada. É por isso fundamental que a
administração se consciencialize da importância do CRM, oficializando esta estratégia e ana-
lisando os seus resultados. Acredita-se que uma utilização mais eficaz do software já existente
(PROTEL), em que se transferissem todos os dados obtidos para uma base de dados tratada,
permitirá uma recolha muito mais eficaz da informação dada pelos clientes. É necessário que
todos conheçam as ferramentas e que pratiquem as boas práticas pessoais de atendimento
inerentes a qualquer negócio de prestação de serviços. Uma atitude gera outra atitude, e um
gesto de simpatia e um sorriso podem ser um investimento a custo zero, com enorme retorno.
Para além de algumas propostas de ação de fidelização já anteriormente mencionadas são
sugeridas, em jeito de suma, a implementação das seguintes ferramentas:
Outra estratégia a adotar dentro do marketing relacional, como já foi referido, é a criação
do cartão empresarial (talvez o mais relevante entre os que sugerimos). O HVB poderia avan-
çar com a distinção anteriormente referida de business; cliente habitual e o público em geral.
113
No cartão para empresários, existiriam benefícios de utilização nas diversas instalações da uni-
dade por parte da família do beneficiário deste cartão. Ao fazer isto, promover-se-ia a utiliza-
ção por motivos de negócios, fomentando ao mesmo tempo a visita futura da família. Propõe-
-se que o restaurante e bar “saiam à rua” aquando das festividades locais e promovam provas
gastronómicas dos variados pratos confecionados e cocktails. Ao realizar estas ações para a
comunidade local pode-se contribuir para o posicionamento no top of mind das pessoas em
relação à oferta regional, criando Word of mouth (os locais podem ser o nosso melhor cartão
de visita). Outra ação a realizar será a criação do “dia aberto” no hotel com animação, onde a
população é convidada a usufruir das variadas instalações, em especial na época baixa.
Estas são algumas práticas de CRM que poderão vir a ter grande sucesso, e promover o
HVB de uma forma bastante positiva junto da população circundante, e dos seus clientes. Seja
como for, estas iniciativas promocionais e relacionais têm de ser devidamente acompanhadas
e avaliadas, pois deve sempre existir adaptações com o objetivo de criar “pequenos momentos
em grandes memórias!”.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
116
117
Abstract
This paper examines average returns over periods when markets are open and when
markets are closed using a sample of the four major US equity exchange-traded funds
(ETFs) in the period January 1996 to January 2014. First, we examine common day and
night effects across ETFs. Second, we examine common day and night effects decom-
posed by day of the week. In the analysis we use panel data regression models with esti-
mators of the standard errors of the estimated parameters robust to various departures
of the least square residuals from independent and identically distributed assumptions.
In previous studies (Cliff et al., 2008), it was observed the surprising result that returns
during the night period are strongly positive and significant and the night minus day re-
turn differences are also pervasively positive and significant. Our results show a marked
decrease and the disappearance of the night and day effect from 2006. Results show that
in this asset class night returns are no longer consistently higher than the day returns,
overall and across days of the week. Another puzzling fact in light of the asset pricing
models, already evidenced in previous studies, but which tends to remain, is that the
volatility of day returns is significantly higher than the volatility of night returns.
1. INTRODUCTION
In financial markets, information flows continuously throughout twenty-four hours a day but
price variations are not continuous due to periodic market closure. Sudden changes in daily tran-
saction regimes, when markets open and close, have important implications for the dynamics of
prices in the short term. Several researchers have presented evidence on the impact of periodic
market closure in transaction volume, liquidity, volatility and pricing (Jones, Kaul and Lipson,
1994; George and Hwang, 2001). On the other hand, several theoretical papers have sought to
model the implications of periodic market closure for equilibrium prices (Foster and Wiswana-
than, 1990; Slezak, 1994; Hong and Wang, 2000). However, theoretical models suggest different
predictions of the effects of periodic market closure at the first moment of returns.
On one hand, various models proposed in theoretical papers predict lower returns during
non-trading periods than in trading periods (Slezak, 1994; Hong and Wang, 2000), a predic-
tion consistent with the evidence documented in the early empirical studies of the weekend
effect on returns. On the other hand, other theoretical papers predict higher returns during
1
[email protected], NECE, University of Beira Interior
2
[email protected], NECE, University of Beira Interior
118
non-trading periods to compensate liquidity providers for bearing additional risk. In this line,
the model of Longstaff (1995) predicts higher returns over periods of market closure arising
from a liquidity related non-marketability effect.
The purpose of this paper is to add to the body of empirical papers on this theme an
empirical analysis of the effects of the periodic market closure on the first moment of return
distributions in US equity exchange-traded funds (ETFs). First, we examine whether there
exist a common night and day effect across ETFs. Second, we extend the analysis and exami-
ne whether there exist a common night and day effect decomposed by day of the week. The
analysis is carried out using panel-data regression models with standard errors of the estima-
ted parameters corrected for several departures of the least square residuals from independent
and identically distributed assumptions.
Our major findings on the US equity ETFs are: i) No significant overall common and
robust night and daytime effects is exhibited in our sample of US ETFs; only a positive and
marginally significant night average return is found while the day average return is not signi-
ficantly different from zero; ii) Concerning common night and day effect, decomposed by
day of the week, only the estimated coefficient (average) for Tuesday-night is positive and
significantly different from zero; these findings contrast with evidence obtained by previous
empirical studies on the same type of assets in US equity market. Cliff et al. (2008) found
pervasive evidence of a significant difference, first, between overall night and day returns and,
then, between night and day returns by day of the week; iii) our results confirm the evidence
obtained in previous studies that the volatility is pervasive and significantly higher during the
trading periods than during the market closing periods, contradicting the predictions of asset
pricing models that the market price of the risk would be positive. These results continue to
present a challenge to the asset pricing models in explaining why in diversified portfolios, as
are the ETFs, zero average returns (daytime period) have higher volatility than that associated
with slightly positive average returns (night period).
The remainder of this paper is organized as follows. Section 2 reviews the literature on the
effects of the periodic closure of markets in returns when they are open and closed. Section 3
presents the data and the methodology used in the study. Section 4 present and discusses the
results. In section 5 conclusions are presented.
2. LITERATURE REVIEW
In recent decades calendar anomalies have been widely surveyed in empirical papers but
most studies used daily closing prices or volume weighted averages prices to identify these
seasonality effects. Pearce (1996), for example, for US equity markets, used daily returns from
1972 to 1994 on a variety of portfolios to simultaneously test for weekend effects, post-ho-
liday effects, January effects and serial correlations. Evidence was obtained that the calendar
anomalies were more pronounced for smaller than larger firms. The returns for smaller firms
were consistently lower after weekends and consistently higher preceding holidays. Thaler
(1987) offered various hypotheses that can, partially, explain these abnormal returns, namely,
the timing of the arrival of good and bad news. Thaler gives the example of bad news being
postponed until after close on Friday. Schwert (2002) found that many market anomalies (size
effect, value effect, weekend effect and dividend yield effect) have weakened or disappeared
after research articles about them have been published.
A related topic less developed but equally important to the literature of market efficiency is
the analysis of regularities in intraday period returns. Although empirical literature is not com-
pletely consensual about patterns of intraday returns within this topic of market efficiency,
the most striking and surprising result is that various studies obtained evidence that overnight
returns are strongly positive and the returns during the day are close to zero and sometimes
119
negative. Wood, McInish and Ord (1985), using intraday data for an equally-weighted index of
NYSE listed stocks, from September 1971 to February 1972 and for the calendar year 1982,
show that close-to-open returns account for two-thirds of close-to-close returns in the 1971-
1972 period. However, in the 1982 period, close-to-open returns account for a percentage
that is not statistically different from zero. Branch and Ma (2006) find a very strong negative
autocorrelation between the overnight and the intraday return. The study analyses stocks on
the NYSE, AMEX and NASDAQ over two periods between 1994 and 2005 and divide the
stocks into size categories. The authors find significant relationships for each sub-sample. The
correlations do tend to be almost monotonically stronger as market capitalization decreases.
They find a powerful negative correlation between the overnight and intraday returns and a
significant relationship between overnight and the prior intraday and prior overnight returns.
The signs of the correlations alternate, with adjacent periods having negative correlations
and one step back being positively related. Using samples3 of a diverse set of data in the pe-
riod 1993-2006, Cliff et. al. (2008) also perform an extensive study in US equity markets on
the overnight and daytime returns. They document that the US equity premium during this
decade is entirely due to overnights returns: the returns during the night are strongly positive
and returns during the day are close to zero and sometimes negative. The authors show that
this day and night effect is found on individual equities, equity indices, exchange traded funds
and futures contracts on equity indices and is robust in the NYSE, NASDAQ, AMEX and
Chicago Mercantile Exchanges.
These results constitute a reversal on the evidence reported by studies on the weekend
effect in returns. French (1980), Agrawal and Ikenberry (1994), Wang et al.(1997) and Zainu-
din et al.(1997), among others, found that weekend returns were negative (from Friday close
to Monday close) and that a significant part of this effect was generated from Friday close to
Monday open. Evidence of positive and significant overnight returns contrasts with previous
reported evidence under the day-of-the-week effect where, in general, returns in some transac-
tion days are larger than in others. The most commonly reported anomaly in this regard is the
significantly lower returns, if not negative, on Mondays and, usually, higher returns on Friday
(Jaffe and Westerfield, 1985; Chang et al., 1993, 1998). Several hypotheses have been proposed
to explain the occurrence of the day-of-the-week effect: information release hypothesis, where
companies delay disclosure of negative information until late in the week and the information
processing hypothesis, linked with the asymmetry in information costs between small and
large investors (Thaler, 1987).
The timing of information releases was also used to explain the potential day and night
effect. Early papers on the timing of earnings announcements found that companies had a
tendency to publicize bad news after the market close. Patell and Wolfson (1982) find that
good news are more likely to be disclosed while the markets are open but bad news are more
likely to be released after the market close. In turn, Bagnoly, Clement and Watts (2005) find
that announcements made on Fridays, during the trading period and after the market close,
are more negative than on other days of the week. Damadoram (1989) shows that despite the
announcements of earnings and dividends made on Friday are actually more likely to contain
bad news and result in subsequent negative returns during the weekend, these announcements
of bad news can explain only a small part the weekend effect. Doyle and Magilke (2009) ree-
xamine the conventional wisdom that managers are more likely to delay disclosure of unex-
pected negative information until after the close of the markets. They find no evidence that
managers strategically choose to disclose negative information after the close of the markets
or on Friday. They also find no evidence that managers decide to report “good” news before
the opening of the markets or on Monday-to-Thursday period.
Individual stocks included in the S&P 500 index, individual stocks of technology companies included in the AMEX
3
interactive week internet index, a sample of 14 of the largest exchange traded funds and the intraday behavior of
the S&P 500 E-mini futures contract.
120
Cliff et. al. (2008) also test the possible explanation of the timing of disclosure. Using a
sample of earnings announcements, where the time of disclosure and the unexpected earning
signals (positive, negative, neutral) are identified, results show that although there was a trend in
the period of analysis (2000-2005) for managers to disclose positive unexpected earnings after
the market closes, this tendency does not explain the significant day and night effect on returns.
Another proposed argument to explain the night and daytime effect are the effects of asset
liquidity. Amihud (2002) documents a negative relationship between various measures of liqui-
dity and future stock returns: increased (lower) risk or transactions costs of low (high) liquidity
stocks would predict more (less) night minus daytime return spread. Using various measures to
proxy liquidity, Cliff et al. (2008) find that positive night minus day return spread is not mainly
due to the high risk or to the high transaction costs of illiquid stocks.
Given evidence that the positive and significant night minus day return spread constitutes
an anomaly in US equity markets, which appears to have a substantial magnitude and that goes
against the predictions suggested by models based on the risk of assets, this pattern is an intri-
guing fact and a challenge for the asset pricing literature to explain it. In the following section
we present the data and methods used to examine hypotheses of the day and night effects,
decomposed by day of the week and pre- and post-holiday.
The data employed in this study are opening (first recorded trade) and closing (last recor-
ded trade) daily prices from a group of ETFs based on the main US equity market indices.
ETFs allow investors to trade a basket of stocks in a single transaction. The creation and des-
truction features of the ETF ensure that prices on the exchange closely reflect the fair value
of the underlying portfolio´s components. In our analysis we use broad-based index ETFs.
The ETFs used are the DIA (representing the Dow Jones Industrial Average 30), the IWM
(representing the Russel 2000 index - a small-cap US companies index), the QQQQ (repre-
senting the NASDAQ 100 index) and the SPY (SPYDERs - representing the S&P 500 index).
The process to create an ETF begins when an ETF manager (the sponsor) submits a plan
with the U.S. Securities and Exchange Commission to create an ETF. Once the plan is appro-
ved, the sponsor forms an agreement with an authorized participant, generally a market maker,
specialist or large institutional investor, who is empowered to create or redeem ETF shares. The
authorized participant borrows stock shares, places those shares in a trust and uses them to
form ETF creation units. These are bundles of stocks varying from 10,000 to 600,000 shares,
but 50,000 shares is what’s commonly designated as one creation unit of a given ETF. Then, the
trust provides shares of the ETF, which are legal claims on the shares held in the trust to the
authorized participant. Because this transaction is an in-kind trade - that is, securities are traded
for securities - there are no tax implications. Once the authorized participant receives the ETF
shares, they are sold to the public on the open market just like stock shares (SEC, 2012).
When investors want to sell their ETF holdings, they can do so by one of two methods.
The first is to sell the shares on the open market. This is generally the option chosen by most
individual investors. The second option is to gather enough shares of the ETF to form a
creation unit, and then exchange the creation unit for the underlying securities. This option is
generally only available to institutional investors due to the large number of shares required to
form a creation unit. When these investors redeem their shares, the creation unit is destroyed
and the securities are turned over to the redeemer. This option has no tax implications for the
portfolio (SEC, 2012).
The return series of ETFs were obtained from www.finance.yahoo.com. The return series
span from the period 3rd January 1994 to 3rd January 2014. However, according to Kelly and
121
Clark (2011), the liquidity of the ETFs was poor during the first half of the 90’s and has vastly
improved during the second half of this decade. To determine from where to start the analy-
sis, we follow the criteria used by Kelly and Clark (2011). Kelly and Clark computed the 5th
percentile of sorted opening and closing times. Data were not used from years in which the
5th percentile time of the first trade of the day is not in the first ten minutes of the trading day
or the 5th percentile time of the last trade before 4 pm is not between 3:50 pm and 4:00 pm.
Based upon their criteria, DIA data are used from 1998, IWM data are used from 2001,
QQQQ data are used from 1999 and SPY data are used from 1996. Until the middle of the
first decade of this century, while the AMEX exchange was the primary exchange for most of
the ETFs, they also actively traded on other exchanges. From the second half of this decade
the QQQQ ETF is primarily traded on NASDAQ exchange and the other ETFs are primarily
traded in NYSE ARCA, a subsidiary of NYSE Euronext, the second largest electronic com-
munication network in terms of shares traded in US markets.
We calculate the returns in the ETFs during the two daily time sub-periods: night (close-
-to-open prices) and daytime (open-to-close prices) returns. As is common in the analysis of
daily and intraday financial data, we work with log returns: rCi,t=ln[Pi,t/Pi,t-1].100 where Pi,t is the
ETF level i at the end of day t and the C superscript stands for daily close-to-close return.
We decompose the continuously compound close-to-close return on day t for the ETF i as
rCi,t=rNi,t+rDi,t where rNi,t stands for the night and rDi,t for the daytime return. The reported ave-
rage returns are geometric averages returns and therefore its sign indicates whether the ETF
gained or lost value during this intraday range over the sample period.
Two approaches are used to examine the hypotheses of day and night effects on ETFs.
The first involves a descriptive analysis of the returns and tests of equality of means returns
using parametric tests.
The second is a panel data regression-based approach. The following panel data regression
model is specified to capture night and daytime effects common in all ETFs:
where the depend variable ri,t is a scalar accounting for rNi,t or rDi,t, xi,t_night is a dummy va-
riable taking the value of one for the night period t in the i th ETF and zero otherwise, β are
parameters to be estimated and εi,t is the error term. Then, the following panel data regression
model is specified to capture common night and daytime effects, by day-of-the-week:
where xk,i,t_daytime and xk,i,t_night are dummy variables for the daytime and night periods, in
the k day of the week, in the i th ETF, respectively. βk and θk are parameters to be estimated
and εi,t is the error term. The night and daytime average returns, by day of the week, are the
coefficients (given the reference category) from a regression of the panel of returns (stacked
for all ETFs, dates, and daily sub-periods) on dummy variables for the daily time periods, by
day of the week.
To evaluate the statistical significance of the parameters and test for the robustness of the
day and night effects in the US equity ETFs, we use various robust variance-covariance matrix
estimators for the panel data models to account for departures of the residuals from homos-
cedasticity, temporal, contemporaneous and cross-temporal independence. As is common in
the analysis of times-series cross-section (TSCS) data in finance, the disturbances εi,texhibits
evidence to be heteroskedastic within and between groups, autocorrelated up to some lag,
contemporaneously and possibly cross-temporal correlated between groups in different time
periods (Petersen, 2008). The errors may be heteroskedastic between groups and autocorrela-
ted within panels but must have zero conditional mean, E[εi,t |X’it ]=0 , where the vector of
122
independent variables is X’it . We make the following assumptions about correlations between
errors:
ETF effects: The errors may exhibit ETF effects, meaning that errors may have ar-
bitrary correlation across time for a particular fund: E[εi,t εi,t-k|X’i,t , X’i,t-k ] ≠0 for
k≠0.
Time effects: The errors may exhibit time effects, meaning that errors may have arbi-
trary correlation across ETFs at a moment in time: E[εi,t εj-k|X’i,t , X’j,t ] ≠0 for i≠j.
Persistent common shocks: The errors may exhibit persistent common shocks, mea-
ning that we allow for some correlation between different ETFs in different time
periods, but these shocks fade away over time, and may be ignored after L periods.
So E[εi,t εj,t-k| X’i,t , X’i,t-k ]=0 for i≠j and |k|>L.
To understand the differences between time effects, ETF effects, and persistent common
shocks, consider the following data generating process (Thompson, 2011):
εi,t= θi,ft+ωit+uit, (2)
ωit=ϕωi,t-1+δit, ωi,o=0,
where f is a vector of random factors common to all ETFs, and θ is a vector of factor loa-
dings specific to ETF i. uit and δit are random shocks, uncorrelated across both ETF and time.
The ωit term generates ETF effects - shocks specific to ETF i. θi’ft generates both time effects
and persistent common shocks. When f is uncorrelated across time, we have time effects but
no persistent common shocks - ETFs are correlated with one another at a moment in time,
but different ETFs in different time periods are uncorrelated. When f is persistent, we have
both time effects and persistent common shocks. We assume that the autocorrelations for
ft disappear after L periods4 . In the following sub-sections we present the various variance-
-covariance matrix estimators robust to the various behavior assumptions of the errors.
The Parks-Kmenta method, originally proposed by Parks (1967) and then improved by
Kmenta (1986), seeks to take into account heteroscedasticity between panels as well as tempo-
ral and spatial dependence in the residuals of TSCS models. This method uses an application
of the Generalized Least Squares (GLS) estimation. This estimation is based on the assump-
tion that the variance-covariance matrix of the errors, Ω , is known. However, since the Ω
matrix is unknown, this method uses the feasible GLS (FGLS) using a consistent estimator of
this matrix to obtain a consistent estimator of the coefficient vector, β. This method combines
assumptions about serial correlation (within panels), contemporaneous correlation (between
panels) and heteroscedasticity of disturbances across panels:
E[ε2it|Xit ]=σii (3.1)
where ρi is the first-order autoregressive coefficient, allowing the value of this parameter
to vary from panel to panel, being necessary to find consistent estimators of the σii, σij and ρi
More generally, shocks to ft could decay slowly but not completely disappear after L periods. For example, ft could
4
follow a first-order autoregressive process. While this would violate the assumption, we assume that after some time
the correlation between shocks is small enough that it can be ignored. Autoregressive processes could be handled
by allowing the lag length L to grow with the sample size (see for example Newey and West, 1987).
123
(i.e., matrix elements of Ω). The estimated GLS results of the Parks-Kmenta method are given
by
ˆ = (X ˆ 1X) 1 (X ˆ 1y), (4)
GLS
ˆ ar( ˆ ) = (X ˆ 1X)
V 1
GLS . (5)
The variance-covariance matrix of the disturbances can be written in terms of the Kro-
necker product
, (6)
and the ˆ m x m matrix is estimated as
ˆ = ( ˆ i ˆ j ) / Ti , j, (7)
i, j
ˆ
where i and ˆ j are the residuals for panels i and and j is the number of matched time period
observations between panel i and j.
The Parks-Kmenta method consists of three sequential FGLS transformations and is es-
timated as follows. In the first step OLS pooled regressions (1.3) or (1.4) are estimated. Then
residuals from the first step are used to estimate panel i - specific serial correlation. In the
second step, ri are used to transform the model into a model with serially independent errors.
Residuals of the second step are then used to estimate contemporaneous correlation and he-
teroscedasticity of the errors across panels. In the third step the data is again transformed with
estimates of the correlations and variances to allow the parameter estimation of equations
(1.3) or (1.4) by OLS or the coefficient estimates in equation (4), with errors now corrected
of the three previous assumptions, and the standard error estimates of the parameters in
equation (5).
According to Beck and Katz (1995), although the GLS method has optimal properties for
handling TSCS data, the Parks-Kmenta FGLS method does not hold the same properties.
This is because, although the FGLS uses an estimate of the error process, the FGLS´s for-
mula for standard errors assumes that the variance-covariance matrix is known, not estimated.
According to Beck and Katz this is a problem in TSCS models because the errors’ process has
a large number of parameters. In contexts where the number of time- periods is not much
higher than the number of cross-sectional units, this oversight would lead standard error es-
timates of the estimated coefficients to understate their true variability. In the dataset of this
study, however, as the number of time-periods points is immeasurably greater than the num-
ber of cross-sectional units, overconfidence in the standard errors should not occur because
the Ti|m ratio is high.
In the Beck and Katz (1995)’ method disturbances are assumed to be heteroskedastic, con-
temporaneously correlated (across panels), autocorrelated (within panel) and the first-order
autocorrelation parameter can be constant or different for each panel. This method produces
OLS estimates of β when autocorrelation is not specified or uses Prais-Winsten method to
produce parameters’ estimates when autocorrelation is specified. By specifying autocorrela-
tion, parameters’ estimates are conditional to estimates of the autocorrelation parameters. To
estimate the parameters’ variance-covariance matrix, which is asymptotically efficient under
the assumed covariance structure, this method also uses the variance-covariance matrix of the
disturbances and the estimation method of its elements is similar to that used by the Parks-
-Kmenta method, which are described in equations (6) and (7), respectively. Parks-Kmenta and
Beck-Katz estimators are both consistent as long as the conditional average (x it ) is correctly
specified. However, if the assumed covariance structure of the errors is correct, parameter
estimates generated by Parks-Kmenta method are more efficient.
The estimated variance-covariance matrix of parameters of OLS or Prais-Winsten is given
by
124
ˆ ar ( ˆ ) = ( X X) 1 ( X ˆ 1 X) 1 (X X) 1 (8)
V
where ˆ is the full estimated covariance matrix of disturbances. When errors are serially
correlated, this method assumes a first-order autoregressive process of errors and uses the
GLS to estimate the parameters whose estimates are conditional on the estimated value of .
The Prais-Winsten method consists on the following. The 0-th iteration is obtained by
estimating equations (1.3) or (1.4). An estimate of the serial correlation in residuals series is
obtained. By default the following regression is used εi,t=riεi,t+δit. Then the following trans-
formation is applied and estimated:
(rit-rit)=ri ri ,t 1 - rˆi ,t 1
+εit. (10)
Then equation (9) is re-estimated using the new estimate and continue to iterate between
(9) and (10) until the estimated converges. The residuals, removed from the serial correlation,
are then used to estimate the matrix of the residuals and the Var ( ) matrix of
parameter’s standard errors.
3.2. Double clustered standard errors by time and stock indices effects
In finance panel data analysis, it is common that the error term includes a specific effect in
the unit (index) as well as common shocks that affect all units (indexes), i.e., that the error term
is correlated temporally (within indexes) and contemporaneously (between indexes). When
using the usual standard errors that do not fit to the correlation between observations for the
two dimensions, Cameron et al.(2006), Petersen (2009) and Thompson (2011) show that this
choice of methodology can lead to standard errors that are very small. Small standard errors
lead to higher than expected t statistics and F statistics, thus showing significance even when it
does not exist. When we cluster along a single dimension (within or between) this can lead to
understated standard errors. Thompson (2011) considers that when clustering is made by time
allowing only units to be correlated with one another at a given time period, this procedure
will ignore specific persistent effects to a unit. One way to simultaneously handle unit and
time effects would be to use unit and time dummies (for example, we could cluster standard
errors by time and include units fixed effects including in the regression dummy variables
specific to the units). However, Thompson considers that this procedure does not take into
account many relevant forms of correlated errors because inclusion of time periods and units
dummies does not correctly model the structure of the temporal correlation (time dummies)
and the autoregressive process (unit dummies) of the errors.
Cameron et al.(2006) and Thompson (2011) propose the double clustered standard error
estimator robust to temporal (within units) and sectional (between units) correlation. In this
regard, this study also uses the double clustered standard error estimator, also used by Cliff,
Cooper and Gulen (2008). Double clustered standard errors are formulated with the following
covariance matrix estimator of β
Vˆ ar( ˆ ) = Vˆ t + Vˆ i Vˆ w (11)
125
where the three matrices are the variances-covariances matrices time-clustered, index-clus-
tered and the White (1980) consistent estimator (no clustering), respectively. Each matrix is
a heteroscedasticity autocorrelated consistent (HAC) “sandwich” estimator which takes the
form ( X X) 1 S(X X) 1, where each differ in the construction of S, the spectral density
matrix of uˆ it = xit ˆit, where ˆit is the residual in t -th time period and i -th stock index and
xitrepresents the vector of the regressors` values in t -th time period and t -th stock index. The
V̂t term assumes that a (common) shock at any given time affects multiple indexes and so
account for cross-index (contemporaneous) correlation. This term is computed as
T
St = t,
t =1 (12.1)
N 1
t = 0 +
n=1
[] n + n , (12.2)
N n
n = u it u i +n,t
i =1 . (12.3)
The n matrix measures correlation between indices that are n - positions apart. Because,
unlike the time, does not exist a natural order of the indexes Ω, captures all possible interac-
tions between i and j indices at the t-time period and St captures all the possible time periods
in the analysis. The clustered index term, V̂i , has a similar structure. This term is computed as
N
Si = i =1 i, (13.1)
T 1
i = 0 + =1
[ + ], (13.2)
T
= t =1
uit ui ,t + . (13.3)
The matrix measures correlation between residuals at the time t and t+t for a given
i -th index. Thus, Ω is the HAC estimator for a single index. The above general version su-
ggests that all possible lags from 0 to T-1 should be included. However, when an excessive
number of lags are included, these estimators have poor finite sample properties. Standard
implementations, such as the Newey-West method, modify the Ω computation by truncating
the summation at a much lower lag length k5. We follow this intuition and set K = 4 daily time
sub-periods, taking into account the order of the significant autocorrelation coefficients in
each index. Finally, the V̂w term is the White´s conventional estimator, ignoring any clustering,
and is computed as
ˆ =
V
N Ti
uit u it
w i ==
11 t . (14)
This estimator is subtracted to avoid double counting of the common-index, common-
-time terms ( 0) included in V̂t and V̂i estimators. All three V̂ estimators are multiplied by
a finite sample adjustment of (T-1)/(T-p), where p is the dimension of β. The estimators V̂t
and V̂i are also multiplied by T/(T-1) and N/(N-1), respectively, to adjust for the number
of clusters.
Thompson (2011) warns that it can sometimes be a disadvantage to double-clustering and
that it is not always appropriate to use the most robust standard error formula. Thompson
considers that the more robust standard error formula tend to have less bias, but more varian-
ce. The lower bias improves the performance of the statistical test. But the increase in variance
often leads to find statistical significance even when it does not exist.
5
The Newey-West procedure also weights by w =1 (k + 1) to ensure that the resulting matrix is positive
definite.
126
3.3. Robust standard errors to general forms of cross-sectional, tempo-
ral and cross-temporal dependence
It is common in economic and financial processes that the data behavior be heterosce-
dastic, correlated over time, correlated between subjects in a given time period and correlated
between different subjects in different time periods. To estimate standard errors of the pa-
rameters that are robust to these features of the errors on the underlying panel data model,
Driscoll and Kraay (1998) demonstrate that the standard nonparametric time-series covariance
matrix estimator (Newey-West) can be modified such that it is robust to general forms of
cross-sectional as well as temporal dependence. Driscoll and Kraay approach loosely applies
a Newey-West - type correction to the sequence of cross-sectional averages of the moment
conditions. Driscoll and Kraay´s standard errors for the coefficient estimates are then obtained
as the squares roots of the diagonal elements of the asymptotic (robust) covariance matrix,
ˆ ar ( ˆ ) = ( X X) 1 S (X X) 1
V T , (15)
where ST is defined as in Newey-West (1987)
ST = 0 +
m (T )
j =1
w( j , m) [ j + j ] (16)
where m(T) denotes the lag length up to which the residuals may be autocorrelated and the
modified Bartlett weights w(j,m)=1-j/(m(T)+1) ensures positive semi-definiteness of ST and
smooth the sample autocovariance function such that higher-order lags receive less weight.
The Ωj matrix is defined as
T N (t )
j = ut ut j ut = u i ,t
t = j +1 , with i =1 (17)
In (17), the sum of the individual time t moment conditions u i,t runs from 1 to N(t),
where N is allowed to vary with t. This is a small adjustment to Driscoll and Kraay (1998)
original estimator introduced by Hoechle (2007) in his xtscc Stata program. This adjustment
makes their estimator ready for use with unbalanced panels. For pooled OLS estimation, the
individual orthogonality conditions u i,t in (17) are the (kx1) dimensional moment conditions
of the regression model, i.e., u i ,t = x it it . From (16) and 17) it follows that Driscoll and
Kraay (1998)´s covariance matrix estimator equals the heteroskedasticity and autocorrelation
consistent covariance matrix estimator of Newey-West (1987) applied to the time series of
cross-sectional averages of the u i ,t = x it it . Hoechle (2007) considers that estimating the
covariance matrix with this approach yields standard errors that are robust to general forms
of cross-sectional and temporal dependence. In the following section, to estimate pooled
OLS long panel data and fixed effects regression models with double clustered standard errors
and standard errors robust to general forms of cross-sectional, temporal and cross-temporal
dependence in residuals, we use Stata´s ivreg2 and xtivreg2 routines from Baum, Schaffer and
Stillman, (2010) and Schaffer (2010), respectively.
Summary statistics for day and night returns series of ETFs during the entire sample
period are reported in table 1. These returns are categorized according to the hypothesized
day of the week effect for time period of the day. Results show that there is no pattern for
the higher night average returns by day of the week across ETFs. In turn, lower day average
127
returns are recorded on Friday in 3 out of 4 ETFs. Regarding the volatility of day returns (as
measured by standard deviation) results show no pattern by day of the week on higher volati-
lity. Concerning lower volatilities, these occurs at Friday.
The night average returns are higher on Tuesday in 3 out of 4 ETFs. In fact, every Tuesday
night’s returns are positive and significantly greater than zero in all 4 ETFs. Regarding lower
night returns there is no pattern by day of the week across the ETFs. Regarding overnight
volatility, the lowest value is exhibited on Wednesday in 3 out of 4 and the highest value is
exhibited on Friday in 2 out of 4 ETFs (SPY and SPDR). Overall, for all ETFs, volatility du-
ring the day is about two times greater than that exhibited during the night period for all days
of the week.
The distributional properties of the return series, by time period of day and day of the
week, for all ETFs, are not normal. Since the sampling distribution of the skewness parameter
of a normal distribution is normal with zero mean and standard deviation 6 T , where T is
the sample size, virtually all returns by time period of the day and day of the week are positive
or negative and significantly biased, but there is no common pattern as to the sign and mag-
nitude of the bias. By time period of the day and day of the week, the SPY and SPDR ETFs
have a sign and significance approximately identical. As to skewness, for day time returns,
QQQQ and IWM ETFs also have a similar pattern by day of the week. It is observed that in 3
out of 4 ETFs (SPY, SPDR and IWM) night returns on Monday (weekend return) are positive
and significantly skewed, suggesting a greater likelihood of the returns having higher values
than under the normal. Conversely, day returns on Monday are negative and significantly
skewed and are more likely to have lower extreme values than under the normal.
The degree of excess kurtosis across ETFs, for returns categorized by time period of the
day and day of the week, is also high, suggesting leptokurtic (i.e., peaked) distributions with
higher chances of generating extreme returns (i.e., fat tails) compared to a normal distribution.
Since the sampling distribution of kurtosis parameter is normal under a normal distribution,
with mean zero and standard deviation , where is the sample size, almost all kurtosis
estimates for night and day returns categorized by day of the week are statistically significant
at 1% level, there being no pattern in the magnitude estimate between day and night returns.
In table 1, the average return column also presents returns significantly different from
zero. Only night returns are positive and significantly different from zero. Tuesday-night (all
ETFs), Monday-night (SPY and IWM), Thursday-night (QQQQ) and pooled night returns
(SPY, DIA and QQQQ) are positive and significantly different from zero. In no ETF day
returns are significantly different from zero. These results suggest the possibility that the day
and night effect might occur in some ETF, where in some days of the week night returns are
positive and significantly higher than the corresponding day return. In general, day returns are
not significantly different from zero. The significant higher volatility on day than night returns
constitute a puzzle to the asset pricing literature in face of the significant lower average day
than night returns.
In the last two columns of Table 1 are presented results of Student t-tests, with and wi-
thout equal variances, for the equality of means between day and night returns, by day of week
and overall return and for each ETF. For the SPY and SPDR ETFs it is observed that in no day
of the week there is a significant difference between night and day average return.
For the SPY ETF, however, the overall night is significantly higher than the overall day
average return at the 0, 05 level. To quadruple Q ETF, the Tuesday, Friday night and pooled
returns are significantly higher than the corresponding day returns. To the quadruple Q ETF,
Tuesday, Friday and overall night returns are significantly higher than the corresponding day
returns. For the IWM ETF, only the night (weekend return) is significantly higher than the day
Monday average return.
128
Table 1: Descriptive analysis of night and day returns by day of the week
SPY
Daytime
Monday 855 -0.0155 1.1276 -0.7419 12.456 -1.589 -1.602
Tuesday 929 0.0104 1.1432 0.3870 10.652 -1.244 -1.276
Wednesday 930 0.0020 1.0894 0.1799 11.439 -0.266 -0.267
Thursday 912 -0.0131 1.0829 -0.7335 12.007 -0.817 -0.819
Friday 908 -0.0316 1.0050 0.1023 5.340 -1.263 -1.268
total 4534 -0.0093 1.0901 -0.1521 10.788 -2.306** -2.325**
Overnight
Monday 823 0.0578*** 0.7082 0.6724 13.006 --- ---
Tuesday 846 0.0657*** 0.6332 0.6447 11.271 --- ---
Wednesday 920 0.0129 0.5997 -0.6918 7.599 --- ---
Thursday 903 0.0208 0.6332 -0.2906 6.878 --- ---
Friday 881 0.0219 0.7710 -1.8800 26.618 --- ---
total 4373 0.0350*** 0.6710 -0.4736 16.341 --- ---
DIA
Daytime
Monday 755 0.0194 1.0660 -0.2820 13.3011 -0.270 -0.273
Tuesday 821 0.0018 1.0383 0.2270 10.3669 -1.165 -1.193
Wednesday 825 0.0096 1.0472 0.0623 12.6368 -0.061 -0.061
Thursday 810 0.0107 1.0732 -0.6773 12.8931 0.099 0.100
Friday 804 -0.0322 0.9701 0.1826 5.6626 -0.313 -0.314
total 4015 0.0017 1.0390 -0.1150 11.354 -0.740 -0.746
Overnight
Monday 726 0.0320 0.6888 0.4618 10.936 --- ---
Tuesday 746 0.0522*** 0.5919 1.1312 11.95 --- ---
Wednesday 815 0.0121 0.5697 -0.5804 6.611 --- ---
Thursday 803 0.0063 0.6198 -0.1226 7.594 --- ---
Friday 782 -0.0186 0.7340 -2.3344 35.416 --- ---
total 3872 0.0161* 0.6430 -0.5431 18.894 --- ---
QQQQ
Daytime
Monday 701 -0.0504 1.6341 0.4818 12.198 -0.167 -0.165
Tuesday 762 -0.0886 1.8076 -0.6387 6.8034 -2.173** -2.245**
Wednesday 765 0.0048 1.8635 0.9034 17.470 -0.186 -0.187
Thursday 752 0.0396 1.6841 -0.0991 6.1786 -0.566 -0.568
Friday 749 -0.0994 1.5386 0.1086 7.8503 -2.026** -2.036**
total 3729 -0.0385 1.7115 0.1652 10.887 -2.017** -2.022**
129
Overnight
Monday 676 -0.0298 2.8160 -21.882 538.48 --- ---
Tuesday 692 0.0731*** 0.7913 0.4330 7.327 --- ---
Wednesday 755 0.0190 0.9479 0.1910 10.019 --- ---
Thursday 745 0.0794*** 0.9251 0.6980 7.7974 --- ---
Friday 728 0.0399 1.0541 -0.3125 12.539 --- ---
total 3596 0.0369* 1.4836 -28.125 1317.11 --- ---
IWM
Daytime
Monday 615 -0.0906 1.3703 -0.8618 7.821 -2.195** -2.213**
Tuesday 669 0.0260 1.4458 -0.2212 6.891 -0.986 -1.014
Wednesday 671 0.0365 1.4429 0.0288 8.193 0.603 0.606
Thursday 659 -0.0269 1.4330 -0.4729 9.795 0.306 0.305
Friday 657 -0.0083 1.3171 0.5877 9.160 -0.476 -0.478
total 3271 -0.0113 1.4034 -0.1941 8.397 -0.823 -0.822
Overnight
Monday 593 0.0528* 0.8259 0.2368 8.503 --- ---
Tuesday 607 0.0907*** 0.7562 1.8274 23.101 --- ---
Wednesday 662 -0.0012 0.7196 -0.2882 7.160 --- ---
Thursday 652 -0.0647 2.8199 -22.830 561.88 --- ---
Friday 638 0.0218 0.9272 -0.1987 32.434 --- ---
total 3152 0.0181 1.4718 -33.233 1571.4 --- ---
Sample period is 20 January 1998 to 3 January 2014 for SPDR, 1 January 1996 to 3rd
th rd st
January 2014 for SPY, 10thMarch 1999 to 3rd January 2014 for QQQQ and 30th May 2000 to
3rd January 2014 for IWM.
4.2. Panel data regression-based analysis of night and day time effects
This section presents the estimated panel data regression models, first, by day time period
and, then, simultaneously, by day time period and day of the week. In these long panel data
models we use standard error estimators of the coefficients robust to departures from inde-
pendent and identically distributed (i.i.d.) residuals over time and across sectional dimensions.
The panels comprise N=4 ETFs and T varies by ETF, i.e., we use an unbalanced panel.
With the first regression model specified in Eq. (1.1) we intend to examine whether ETFs
show significant common high-low tendencies in average returns during the night and day
time periods. In the second regression model, specified in Eq. (1.2), we examine whether there
occurs significant common high-low regularities in mean returns during the night and day time
periods by day of the week. The occurrence of such abnormal mean returns across ETFs by
time period of the day and day of the week could be profitably used for timing the deals: when
buying / selling at the open and selling / buying at the close of the market.
The estimated coefficients and standard errors of the parameters specified in Eq. (1.1) to
testing for the day and night common effects across ETF are presented in Table 2. The table
also includes the R2, the adjustedR2 and an F-test (Wald χ2- test) of the null hypothesis that
the slope coefficients are jointly zero. The column of the pooled OLS regression also includes
the White’s general test, the modified Wald test and the Breusch- Pagan LM test. The White´s
general test is used to test for heteroscedasticity in the residuals, where the assumption of
normally distributed residuals is relaxed. The modified Wald test is used to test for groupwise
130
heteroscedasticity in the residuals of the pooled OLS regression and the Breusch-Pagan LM
test is used to test for contemporaneous correlation of residuals across ETFs. We also conduc-
ted tests for cross-temporal pairwise correlations between residuals from ETFs which proved
significant at several lags.
Thus, the null hypotheses of no within heteroscedasticity, no groupwise heteroscedasti-
city, no within serial correlation, no contemporaneous and no cross-temporal correlations in
residuals across ETFs from pooled OLS regression were rejected. Following this, regression
models were estimated with standard errors corrected for these departures of the residuals
from i.i.d assumptions using the panel corrected standard errors method (Beck-Katz method),
the pooled OLS method with standard errors clustered by time and ETF, the pooled OLS
and the OLS fixed effect methods with standard errors corrected for heteroscedasticity, serial
correlation, contemporaneous and cross-temporal correlations in residuals.
Table 2: Estimated coefficients and standard errors of night and daytime effects for U.S equity
exchange-traded funds panel data regressions
Sample period is 20th January 1998 to 3rd January 2014 for SPDR, 1st January 1996 to 3rd
January 2014 for SPY, 10thMarch 1999 to 3rd January 2014 for QQQQ and 30th May 2000
to 3rd January 2014 for IWM. F-test and Wald chi2-test are for the null hypothesis that all
slope coefficients are zero. White is the White (1980) heteroskedasticity general test for
pooled OLS regression model. Modified Wald stat. test for groupwise heteroscedasticity
across stock indices in the context of an OLS regression fit to pooled cross-section time
series data, following page 598 of Green (2000). Breusch-Pagan (1980) LM statistic test
for contemporaneous correlation of residuals across stock indices. (1) stands for OLS
regression fit to pooled cross-section time series data, (2) stands for Beck-Katz method,
(3) stands for OLS regression fit to pooled cross-section time series data with standard
errors clustered by time and stock index effects, (4) stands for OLS regression fit to pooled
cross-section time series data with standard errors estimated following Driscoll and Kraay
(1998)´s covariance matrix estimator and (5) stands for fixed effects regression model with
standard errors estimated following Driscoll and Kraay (1998)´s covariance matrix estima-
tor. Asterisks stands for significance at the *0.10, **0.05, *** 0.01 levels.
131
In the pooled OLS regression, the estimated coefficient for night return is significantly
positive while that for day return is not significantly different from zero. When standard errors
of the parameters are adjusted for departures of the residuals from i.i.d. assumptions, the
significance of the estimated coefficient for the night return decreases, being now marginally
significant. These results suggest that the equity ETFs are characterized by a common night
positive albeit marginally significant effect. These results also suggest a sharp decrease in the
intensity of the night effect in view of the results reported in previous studies on the same
type of assets (Cliff et al., 2008), providing, albeit marginally, some support to theories that
predict higher returns during non-trading periods to compensate suppliers investors of liqui-
dity for the risk endured during the period of non-marketability (Longstaf, 1994). However,
the lower values of the volatility on night relatively to the day returns constitute a puzzle on
the risk-return space to the asset pricing literature.
Table 3: Estimated coefficients and standard errors of night and daytime effects by day of the
week for U.S equity exchange-traded funds panel data regressions
Sample period is 20th January 1998 to 3rd January 2014 for SPDR, 1st January 1996 to 3rd
132
January 2014 for SPY, 10thMarch 1999 to 3rd January 2014 for QQQQ and 30th May 2000
to 3rd January 2014 for IWM. F-test and Wald chi2-test are for the null hypothesis that all
slope coefficients are zero. White is the White (1980) heteroskedasticity general test for
pooled OLS regression model. Modified Wald stat. test for groupwise heteroscedasticity
across stock indices in the context of an OLS regression fit to pooled cross-section time
series data, following page 598 of Green (2000). Breusch-Pagan (1980) LM statistic test
for contemporaneous correlation of residuals across stock indices. (1) stands for OLS
regression fit to pooled cross-section time series data, (2) stands for Beck-Katz method,
(3) stands for OLS regression fit to pooled cross-section time series data with standard
errors clustered by time and stock index effects, (4) stands for OLS regression fit to pooled
cross-section time series data with standard errors estimated following Driscoll and Kraay
(1998)´s covariance matrix estimator and (5) stands for fixed effects regression model with
standard errors estimated following Driscoll and Kraay (1998)´s covariance matrix estima-
tor. Asterisks stands for significance at the *0.10, **0.05, *** 0.01 levels.
Table 3 presents the estimated coefficients and standard errors of the parameters specified
in Eq. (1.2) for common day and night effects decomposed by day of the week. In the metho-
ds using robust variance-covariance matrix estimators of the parameters, only the Tuesday-
-night coefficient is positive and significant.
In the pooled OLS method, in addition to the Tuesday-night also the Monday-night coe-
fficient (i.e., weekend return) is positive and marginally significant. Another interesting result,
although not statistically significant, is that negative mean returns are only observed during the
Monday and Friday day time period.
The results shown in Table 3, concerning the entire sample period, are not consistent with
those obtained by Cliff et al. (2008) in a sample of 13 US equity ETFs, and individually for the
SPY ETF, in the period May 1995 through December 2006. Cliff et al. (2008) found that there
are significant pervasive differences between day and night returns by day of the week for the
sample and for the individually SPY. Our results only exhibit the occurrence of a positive and
significant difference between Monday daytime and Tuesday night returns.
Considering that the sampling period in this study goes beyond 2006, until early 2014, the
comparison of these results suggests that the US equity ETF market will have become more
(weak form) efficient, leading to a decrease or disappearance of the day and night effects pre-
viously evidenced by Cliff et al. (2008) in the sample period 1995-2006.
In addition to the longer sampling period used in this study, which may have reflected the
increased (weak form) efficiency in the 2nd half of the sample period, differences with the re-
sults of Cliff et al.(2008) may also be due to both institutional and procedural transformations
that have taken place from 2006. In August 2006, the Securities Exchange Commission-SEC,
mandated by the Congress of United States, adopted the National Market System (NMS)
Regulation which introduced regulation designed to protect the rights of the investing public,
improve the market´s informational efficiency, reduce transaction costs and, ultimately, pro-
vide access to untapped financial resources belonging to investors and companies, while bri-
ghtening the long-term investment prospects in the market. The principal rules and initiatives
of the NMS Regulation are aimed to reduce “trade-throughs” (order protection rule), to allow
the efficient access to quotes by market participants and rules that provide for the efficient
dissemination of market data to the investing public. The procedure “trade-throughs” repre-
sent the execution of trades at a price that is inferior to the price of a protected quotation,
often representing an investor limit order, displayed by another trading center (SEC, 2005).
This type of transaction, occurring at a rate of 1 in 11 actively traded Nasdaq stocks, prevents
transparency in the price discovery process by precluding investors access to more favorable
quotes, namely counterparty limit orders (SEC, 2005, pg.20). To qualify for the application of
this rule, the transaction center should be able of displaying and executing trades in under two
133
seconds, requiring that the trading center automate its system in order to ensure that the speed
requirement is met. Plausibly, the implementation of this rule (Rule 611) severely hampered
the role of the specialist on the NYSE where an automatic order execution system exist, de-
creasing its ability to influence, among others, opening and closing prices.
Also, the implementation of the access rule (rule 610) in this regulation, which oversees
the fair and efficient access to quotes by market participants, allows the disclosure of protec-
ted quotes (bid and ask prices of limit orders), allowing an improvement in the informational
efficiency and contributing to the narrowing of the capabilities of market makers affecting in
own benefit the price discovery, in particular, opening and closing prices. Likely, these proce-
dural and institutional changes will have contributed to the decline and disappearance of the
hypothesized night and day return effect in the second part of the sample period.
5. CONCLUSION
This study examines the presence of night and daytime common effects in a set of US
equity Exchange-Traded Funds returns series from January 3rd, 1994 to January 3rd, 2014.
Two hypothesized manifestations of the effects are examined: the pooled night and daytime
effect and the night and daytime effect by day of the week. To examine these effects, classical
parametric tests are applied and panel data regressions models are estimated using robust
variance-covariance matrix estimators of the models’ parameters. Panel data regression mo-
dels are estimated with standards errors corrected for the presence of within and groupwise
heteroscedasticity and serial, contemporaneous and cross-temporal correlation in the least
squares residuals of the US equity ETFs. To date, other studies have empirically evaluated the
night and daytime effects in the US equity ETFs returns. The most prominent one, the Cliff
et al. (2008)´s study, use several asset types, including a sample of large ETFs, which replicate
the behavior of the principal US stock indices. Their study cover the period from 1995 to
2006 while our goes further and covers the period of 1995 to the beginning of 2014, covering
the post implementation period of the NMS Regulation, enacted by the Securities Exchange
Commission in 2006, which will have introduced significant changes in the procedures of
transactions in the US equity markets.
Regarding the common overall night and daytime effect in the ETFs return series, using
panel data regressions with robust variance-covariance matrix estimators, a positive and mar-
ginally significant night average return is found while the day average return is not significantly
different from zero. Ours findings on the night and daytime effects, by and large, are not con-
sistent with those evidenced in the Cliff et al. (2008)’s study.
As regards the hypothesized common night and daytime effect decomposed by day of
the week, over the entire sample period and for regressions using robust variance-covariance
matrix estimators, only the estimated coefficient for Tuesday-night is significantly positive.
For the pooled OLS regression, with standard errors not corrected from departures of the
residuals from i.i.d. assumptions, the estimated coefficient for Monday-night is also positive
but marginally significant.
These results contrast with those obtained in previous studies using a sample of US equity
ETF but with a shorter sampling period. The study carried out by Cliff et al. (2008) in a sample
of 13 US Equity ETFs, and individually in the SPY ETF, showed a pervasive evidence for the
day and night effect overall and decomposed by day of the week in this type of assets, i.e., a
significantly positive night and a not so significantly different from zero day average return.
Ours findings show a marked decrease or even the disappearance of the day and night effects
previously evidenced by Cliff et al. (2008).
The disappearance of the effects may imply that US equity markets became gradually more
(weak form) efficient as from 2006. Several contributing factors are possible, including the
134
wide supremacy of US markets on a global scale in terms of transaction volume, liquidity and
capital admitted to public trading, which will have attracted a growing number of domestic
and foreign investors, accompanied by a decrease in transaction costs, especially those related
to brokerage and information procurement. We also conjecture that the observed discrepancy
between previous findings and ours can be attributed to the legal and institutional changes
introduced with the NMS Regulation passed by SEC (2005), which reduced the intervention
of specialists in the NYSE trading platforms and the narrowing of the capabilities of market
makers affecting in own benefit the price discovery in NASDAQ trading platforms.
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136
137
Resumo
Abstract
1
[email protected], ESTG, CIGS, Instituto Politécnico de Leiria.
2
[email protected], ESTG, CIGS, Instituto Politécnico de Leiria.
138
1. INTRODUÇÃO
Sem prejuízo de outros autores que, direta ou indiretamente, abordaram a vertente experiencial,
justifica-se referir os trabalhos de Hirschman e Holbrook (1982) e de Holbrook e Hirschman (1982).
O primeiro daqueles trabalhos aborda o consumo hedónico, que define como “as vertentes
do comportamento do consumidor relacionadas com os aspetos multissensoriais, as fantasias
e as emoções decorrentes da experiência com o produto” (Hirschman & Holbrook, 1982: 92).
Os autores não questionam, obviamente, o caráter racional da decisão de compra, ou seja,
o facto de o consumidor adquirir produtos que resolvam o seu problema específico, presente
no modelo das cinco etapas do processo de decisão (identificação do problema, busca de in-
formação, avaliação das alternativas, decisão de compra e avaliação após-compra), decorrente
da teoria de processamento de informação (Bettman, 1979).
Consideram, contudo, que aquela abordagem utilitária deve ser complementada com a
vertente experiencial, nomeadamente porque “os atos de consumo hedónico são baseados não
no que os consumidores sabem que é real, mas sobretudo com base no que eles desejam que
seja a realidade” (Hirschman & Holbrook, 1982: 94).
Posição idêntica é assumida em Holbrook e Hirschman (1982), quando os autores afir-
mam, expressamente, que não pretendem propor uma “nova” teoria do comportamento do
consumidor nem rejeitar a “velha” abordagem, mas sim defender uma visão mais ampla (Hol-
brook & Hirschman, 1982) que também tenha em consideração as fantasias, os sentimentos e
os prazeres do consumidor, decorrentes da experiência de consumo.
É neste contexto que deve ser entendido o livro de Pine e Gilmore (1998), intitulado “We-
lcome to the experience economy”. Para estes autores o percurso parece claro: do predomínio
das soluções estandardizadas para os bens, destes para os serviços e com uma tendência para
as experiências se afirmarem crescentemente.
Como afirma Schmitt (1999: 57), “na atualidade os clientes tomam as funcionalidades, os
benefícios, a qualidade dos produtos e a imagem positiva da marca como um dado adquirido. O
que querem são produtos, comunicações e campanhas de marketing que deslumbrem os seus
sentidos, que toquem os seus corações e estimulem as suas mentes”. Nesse sentido Schmitt
(1999) identifica cinco diferentes tipos de experiências que os profissionais de marketing podem
criar para os seus clientes: (1) experiências sensoriais; (2)experiências afetivas; (3) experiências
criativas/cognitivas; (4) experiências físicas, comportamentos e estilos de vida; e (5) experiências
de identidade social, que resultam de um grupo de referência ou cultura (relacionar).
Por sua vez, para Pine e Gilmore (1999), existem quatro domínios de experiência: entrete-
nimento, estética, educacional e escapista. Enquanto numa experiência educacional o consu-
midor quer aprender, numa escapista quer fazer, numa de entretenimento quer sentir e numa
experiência estética o consumidor quer apenas estar e ser deslumbrado pelo ambiente.
Independentemente da tipologia da experiência de consumo, o pensamento inerente à
construção de uma experiência deve ser o da complementação, ou seja, a experiência deve
ser desenhada objetivando a utilização dos vários domínios, de forma a criar uma experiência
memorável para o consumidor em todos os aspetos.
Também a Future Foundation (2005), considera que as pessoas tenderão, crescentemente,
a diferenciar-se pelo que fazem e não pelo que compram, apostando na aquisição de capital
social, através de experiências que lhes tragam benefícios emocionais. É natural, por isso, que o
sucesso futuro das organizações dependa, em boa medida, da sua capacidade de proporcionar
experiências convincentes aos seus clientes, como defende Schmitt (1999), já que, em última
análise, “o propósito de um projeto de consumo é sempre gerar uma experiência” (Andersson,
2007: 47). Assim, os bens e os serviços têm de ser experienciados, porque os clientes procuram
experiências de consumo agradáveis, memoráveis e gratificantes (Pine & Gilmore, 1998).
O marketing experiencial está em toda parte. Neste contexto, algumas empresas, se não
mesmo indústrias/setores de atividade, entre as quais identificamos o turismo, têm mudado o
140
foco do marketing das características/benefícios do produto/serviço para a criação de expe-
riências para os seus clientes.
Esta mudança na direção de marketing experiencial ocorreu como resultado de três desen-
volvimentos simultâneos no ambiente de negócios mais amplo:
3
As experiências anteriores são uma importante fonte de expectativas nos serviços (Dantas, 2013; Zeithaml, Bitner
& Gremler, 2006). Contudo, como é amplamente reconhecido (Hoffman & Bateson, 2002; Lovelock, 1996), os
serviços são heterogéneos, ou seja, a experiência seguinte dificilmente será idêntica à primeira.
141
de utilizadores das ferramentas Web 2.0 como blogues, redes sociais, fóruns on-line, entre outros,
estão a reconfigurar a comunicação do passa-palavra (word-of-mouth) que agora é tendencial-
mente um word-of-mouth eletrónico (eWOM) (Sparks & Browning, 2011).
Através da internet, os utilizadores partilham experiências e opiniões sobre produtos, marcas
e serviços específicos. Essas opiniões e relatos são suscetíveis de serem julgados como fontes
confiáveis, uma vez que a partilha é desinteressada, ou seja, não há intenção de manipular o
utilizador e não há interesse na venda do produto (Bickart e Schindler, 2001). Esta realidade
é particularmente relevante no caso dos serviços e fará com que clientes entusiasmados com
a experiência que viveram se tornem em extraordinários “vendedores”4 da marca/hotel ou da
localidade.
Como é amplamente reconhecido (Holbrook & Hirschman, 1982; Pine & Gilmore, 1999;
Schmitt, 1999), os negócios, em geral, têm de assumir como uma tendência irreversível o facto
de os consumidores procurarem experiências únicas, que superem o mero consumo de bens e
serviços, que ofereçam maior valor acrescentado. Esta situação é ainda mais óbvia na atividade
turística que pode ser considerada uma referência tradicional no contexto dos negócios de
base experiencial (Cohen, 1979; Tarssanen & Kylänen, 2005), já que o turismo é, em essência,
a vivência de experiências.
3. OS HOTÉIS DE CHARME
5
Preferimos não traduzir por “alojamento e pequeno-almoço” porque estamos perante um conceito específico de
alojamento, com uma significativa vertente experiencial que, aliás, tem algumas caraterísticas semelhantes às unida-
des objeto do nosso estudo.
144
Foi neste contexto de rutura, de fuga aos padrões existentes que Ian Schrager, em 1984,
nos Estados Unidos da América, considerou que a unidade hoteleira que tinha acabado de lan-
çar – o Morgans, em Nova Iorque – se parecia mais com uma boutique do que com um grande
armazém e assim terá nascido a designação “boutique” (Albazzaz et al., 2003). O sucesso de
Schrager foi rapidamente imitado no Reino Unido e progressivamente expandiu-se um pouco
por todo o mundo. Contudo, outras expressões como hotéis design, hotéis exclusivos, ou hotéis
de charme referem-se à mesma realidade, sendo esta última expressão (hotéis de charme) a
mais frequente em Portugal, pelo que será esta expressão que utilizaremos doravante.
A literatura existente nesta temática é escassa e não nos oferece uma clarificação precisa de
hotéis de charme. Como mencionam Balekjian & Sarheim (2011), na medida em que o foco
deste conceito consiste em afastar-se das fronteiras da padronização das marcas (hotéis) insta-
ladas, tentar apresentar uma definição significaria enfiarmo-nos num pântano.
Contudo, da nossa análise da literatura (e.g. Aggett, 2007; Forsgren & Franchetti (s.d.); Alba-
zzaz et al., 2003) pode-se concluir que estamos perante unidades de pequena dimensão, frequen-
temente inferiores a 50 quartos e raramente superiores a 100 (no estudo de Rogerson (2010), que
incide sobre 127 hotéis de charme, na África do Sul, 77% das unidades tinham 25 quartos ou me-
nos e a média por estabelecimento ficou em 22 quartos), com localizações de exceção (e.g. bair-
ros típicos na moda e/ou centralidade, no caso urbano; paisagens de excelência, no caso rural).
Estas unidades apresentam, quase sempre, caraterísticas arquitetónicas diferenciadas (aco-
lhedoras e intimistas) e um serviço personalizado de elevada qualidade. Em alguns casos ofe-
recem as soluções tecnológicas mais avançadas, enquanto noutros privilegiam a sensação de
paz, de distanciamento do mundo (e.g. ausência de televisão nos quartos) e o estabelecimento
de relações genuínas com os seus clientes (e.g. preferir formar os colaboradores a recrutá-los
“formatados” pela escola hoteleiras). São maioritariamente geridos pelos seus proprietários,
embora se assista a uma entrada crescente das cadeias hoteleiras neste nicho de mercado
(Aggett, 2007; Robertson, 2010), e geralmente ostentam classificações não inferiores a 4 estre-
las (Rogerson (2010) na sua análise de 115 hotéis boutique na África do Sul constatou que 9%
tinham apenas 3 estrelas) (Aggett, 2007; Forsgren & Franchetti (s.d.); Albazzaz et al., 2003).
Um estudo desenvolvido por Siggs (2004) junto de 19 hotéis de charme, na Nova Zelân-
dia, levou-o a concluir que existem 5 variáveis que levam os turistas a preferir estas unidades: o
seu caráter único (e.g. arquitetura exterior/interior ou mobiliário), o contacto pessoal (e.g. não
ser o hóspede do quarto 758, mas o Sr. Pinho), o ambiente acolhedor (e.g. a receção carinhosa,
os pequenos gestos), a qualidade global (e.g. conforto) e o valor acrescentado (e.g. conhecer a
cultura local ou entabular novas relações).
A investigação de Aggett (2007) indica a localização e a qualidade como os 2 atributos
mais decisivos para optar pelos hotéis de charme, mas globalmente confirma a relevância das
5 variáveis apontadas por Siggs6 (2004). Este estudo aprofunda os serviços prestados pelos
hotéis de charme e conclui que o serviço de quartos, a higiene e a simpatia e o caráter prestável
dos colaboradores, são os pontos mais relevantes, com 21,7%, 17,4% e 13%, respetivamente.
No contexto português não conhecemos qualquer investigação que incida sobre os hotéis
de charme, pelo que presumimos que este estudo seja pioneiro nesta temática.
6
Na realidade, Aggett (2007) não se refere à dissertação de Siggs (2004), mas a uma publicação de McIntosh & Siggs
(2015) baseada na dissertação de Siggs.
145
-se à clarificação do objetivo da investigação, que, neste caso, é investigar esta temática do
ponto de vista do fornecedor do alojamento turístico, particularmente dos hotéis de charme,
identificando os fatores de competitividade das estratégias de marketing experiencial e relacio-
ná-las com o desempenho, avaliado em termos de taxa de ocupação, de satisfação de clientes
expressa na avaliação dos clientes postada nos sites de reservas on-line e no eWOM positivo,
e do reconhecimento de entidades externas ligas ao turismo.
Escolhemos para objeto de estudo 3 pequenos hotéis de charme da região Centro de
Portugal, nas proximidades de Leiria: Rio do Prado, Luz Houses e o Cooking and Nature.
Para o efeito, propomo-nos desenvolver um estudo empírico com suporte na aplicação da
metodologia do trabalho científico. Só assim é possível que os resultados contribuam para a
evolução da teoria e da prática do marketing experiencial aplicado aos serviços turísticos. Nes-
te estudo usamos o método científico indutivo. Partimos de algo particular para uma questão
mais ampla, mais geral.
A pesquisa científica foi desenvolvida de forma sequencial. Do ponto de vista da sua na-
tureza, estamos perante uma pesquisa aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação
prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
Do ponto de vista dos seus objetivos o estudo assume características de estudo exploratório.
Numa primeira fase, a pesquisa exploratória compreende a revisão da literatura sobre marke-
ting experiencial no contexto do setor hoteleiro, em particular dos hotéis de charme em Portu-
gal. Na segunda parte do estudo compreende uma pesquisa de campo de natureza qualitativa,
envolvendo entrevistas com pessoas com experiências práticas no problema pesquisado.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, ou seja, a maneira pela qual obtemos os
dados necessários para a elaboração da pesquisa, a escolha recaiu no estudo de caso, envolven-
do o estudo de 3 hotéis de charme da região Centro. Sob o ponto de vista da abordagem do
problema, a pesquisa é qualitativa. As técnicas de recolha de dados consistiram na observação
direta, em entrevistas semi-estruturadas, e na análise de documentos/conteúdos de páginas da
internet e da comunicação social.
A entrevista adquire bastante importância no estudo de caso, pois através dela o investi-
gador percebe a forma como os sujeitos interpretam as suas vivências já que ela “é utilizada
para recolher dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador
desenvolver intuitivamente uma ideia sobre a maneira como os sujeitos interpretam aspetos do
mundo” (Bogdan & Biklen, 1994:134).
O tratamento dos dados consistiu basicamente as tarefas de: (1) identificação; (2) transcri-
ção e (3) organização da base de dados, obtendo-se uma base de dados a partir da qual são tra-
balhadas as fases seguintes de análise dos dados (“a codificação” e a “criação de categorias”).
Uma das críticas mais comuns ao uso do estudo de caso, como metodologia de pesquisa, é
que ele produz resultados não generalizáveis. Segundo Yin (2005) esta posição não é verídica,
argumentando que o estudo de caso, da mesma forma que o estudo experimental, são genera-
lizáveis a proposições teóricas, e não a populações ou universos. O investigador, ainda defende
que o estudo de caso é uma metodologia adequada para responder a perguntas de pesquisa do
tipo “como” e “porquê”, quando se trata de um assunto sob o qual o pesquisador tenha pouco
ou nenhum controlo com enfoque em acontecimentos contemporâneos.
Segundo Guba & Lincoln (1994), o objetivo do estudo de caso é relatar como sucederam
os factos, descrever situações ou factos, proporcionar conhecimento acerca do fenómeno
estudado e comprovar ou contrastar efeitos e relações presentes no caso.
Para aumentar a credibilidade das interpretações realizadas pelo investigador, este deverá
recorrer a um ou a vários “protocolos de triangulação”. O estudo de caso é também conhecido
como uma estratégia de investigação de triangulação. A necessidade de triangulação surge da
necessidade ética para confirmar a validade dos processos. Em estudos de caso, isto pode ser
feito utilizando várias fontes de dados (Yin, 1984), como fizemos.
146
5. A APLICAÇÃO DO MARKETING EXPERIENCIAL EM 3 HOTÉIS DE
CHARME DA REGIÃO CENTRO DE PORTUGAL
A região centro de Portugal é muito bem servida de vias rodoviárias, tem um património
natural, monumental e cultural muito rico. No interior, maciços montanhosos e aldeias tradi-
cionais. Junto ao mar, povoações piscatórias e praias cosmopolitas com os desportos náuticos
a marcar o ritmo dos dias. E por todo o lado o património, milenar, exibe orgulhosamente a
história da região.
Alguns destes lugares têm tanta importância para a Humanidade que foram incluídos pela
UNESCO na lista de património mundial. É o caso dos Mosteiros de Alcobaça e da Batalha,
do Convento de Cristo em Tomar e da Universidade de Coimbra (https://www.visitportugal.
com/pt-pt/destinos/centro-de-portugal). Daí que nos últimos anos tenha surgido uma oferta
hoteleira muito interessante, que desenvolve conceitos diferenciadores, que vê os hóspedes
como seres humanos completos com coração, mente e espírito (Kotler et al., 2011). Conse-
quentemente, os novos hotéis desenvolvem conceitos e práticas de marketing relacional apoia-
das no marketing experiencial que visam encantar os seus clientes, fidelizá-los e torná-los seus
embaixadores, através do passa-a-palavra e da recomendação (Marques, 2014).
Além disso, estas novas unidades hoteleiras desempenham um papel importante na promo-
ção e desenvolvimento da região onde estão inseridos. Por exemplo, promovem a rota dos mos-
teiros (Batalha, Alcobaça e Tomar), a rota dos castelos (Leiria, Porto de Mós, Ourém, Óbidos e
Pombal, Almourol), a rota dos fortes (Peniche, Berlengas e Nazaré) o parque natural das serras
de Aire e Candeeiros com as suas grutas e algares e a reserva natural das Berlengas, aldeias e vilas
históricas, praias, florestas e muitas atividades ao ar livre e de desporto aventura que se podem
praticar na região.
Escolhemos para ilustrar a aplicação do marketing experiencial 3 unidades hoteleiras de
referência da região centro de Portugal: o Rio do Prado, localizado em Óbidos, o Luz Houses,
localizado em Fátima e o Cooking and Nature, localizado em Alvados. São pequenos hotéis
com conceitos algo semelhantes, porque todos associados à categoria de hotéis de charme, que
apresentaremos a seguir.
O Rio do Prado (hotel) é uma pequena unidade hoteleira, situada numa zona rural (Are-
lho), na vizinhança da Lagoa de Óbidos e a 4 quilómetros da vila medieval de Óbidos. Está
registado no Turismo de Portugal como uma unidade de agroturismo, embora seja mais co-
nhecido como hotel de charme, e apresenta uma arquitetura muito peculiar, assente no princí-
pio da sustentabilidade ambiental.
O hotel está aberto ao público há 3 anos. Está instalado num terreno amplo e ajardinado,
onde se distribui o complexo hoteleiro constituído por múltiplos edifícios, que se confundem
com a paisagem e suportam os serviços prestados, e onde também se pratica agricultura bioló-
gica. No edifício de entrada encontra-se a receção, o restaurante (Maria Batata), um bar e uma
pequena “mercearia”, para venda de produtos regionais.
Em termos de alojamento, o hotel dispõe de 15 suites, dispersas ao longo do espaço. Inte-
gra, ainda, um auditório polivalente (pode até ser transformado em suite nupcial), instalações
de SPA com banho turco e sauna (contíguas ao auditório), uma estufa, onde também se reali-
zam workshops e outros eventos empresariais e piscina exterior para adultos e crianças.
A unidade hoteleira faz jus ao seu tema (turismo criativo e sustentável), particularmente
através de 2 vertentes: reutilização de recursos e introdução de múltiplas medidas ecológicas.
A reutilização de recursos pode constatar-se, por exemplo, na utilização de madeiras usadas
na obra para fazer móveis (mesas, cadeiras, portas, molduras) ou em usar resíduos da limpeza
147
dos eucaliptais para fazer portadas, ou na reciclagem da água dos banhos para alimentar os
autoclismos. O recurso a medidas no âmbito ecológico é muito vasto. A título de exemplo,
podemos mencionar os materiais utilizados na construção dos edifícios e a sua orientação,
para minimizar o consumo de energia, as coberturas verdes das construções e o facto de es-
tarem semienterradas no solo, para tirar partido da energia geotérmica (também minimizam o
impacto visual na paisagem), um significativo parque fotovoltaico, a utilização predominante
de lâmpadas led, a monitorização contínua da energia consumida por suite, que permite mostrar
aos clientes o impacto da sua estadia, e a recolha das águas pluviais, para rega dos jardins.
Além dos proprietários, que são os gestores do empreendimento (também foram os res-
ponsáveis pela sua decoração), o hotel conta com uma equipa permanente de 11 colaborado-
res, com formação ou significativa experiência na atividade hoteleira, que assumem os serviços
oferecidos pela unidade.
Pode dizer-se, em suma, que o empreendimento se apresenta como um verdadeiro centro
ecológico, oferecendo aos seus hóspedes um espaço simples e discreto, onde reina a tranqui-
lidade, conseguindo compaginar ecologia, criatividade e luxo. É natural, por isso, que já tenha
obtido várias distinções, nomeadamente: a Chave de Ouro e a Chave de Platina, em 2013 e
2014, respetivamente, atribuídos pelo Guia Boa Cama, Boa Mesa (do jornal Expresso), ser
finalista do Conde Nast Johansen’s Award em 2014, passando a integrar a sua restrita lista
de hotéis de luxo, e ter sido nomeado para os Prémios Publituris Portugal Trade Awards, em
2015, na categoria de melhor projeto de ecoturismo.
No que respeita às OTA, crescentemente decisivas para a decisão de escolha do cliente, o
Rio do Prado encontra-se classificado como soberbo (9 pontos em 10) no Booking, com base
em 219 comentários e no TripAdvisor ultrapassa ligeiramente os 4 círculos (num máximo de
5), com base em 101 avaliações.
Entre os comentários, como aspetos positivos, os mais referidos são a qualidade de aten-
dimento de todo o pessoal ao serviço, o horário do pequeno-almoço, até às 12h, a cozinha do
restaurante Maria Batata, os gin servidos no bar e a disponibilidade de bicicletas. São valoriza-
dos os conceitos ecológico e hippy-chic e a tranquilidade do espaço, sendo reconhecido como
excelente para descansar, física e mentalmente, e para namorar. No TripAdvisor uma hóspede
refere-se ao Rio do Prado como:
“Absolutamente delicioso e uma experiência a repetir! Recomendo esta experiên-
cia vivamente! Um conceito diferente especialmente para quem gosta da natureza
e se preocupa com sustentabilidade ambiental. O quarto é fantástico e diferente
conferindo imensa privacidade além de ter tudo o que é necessário para o nosso
conforto. O serviço é acolhedor, familiar e muito caloroso. Sentimo-nos em casa”.
Entre os aspetos que merecem reparos salientam-se os preços que, por serem considera-
dos elevados, incremental as expectativas e tornam os hóspedes menos tolerantes a pequenas
falhas, mesmo que a natureza possa ser usada para as explicar, como é o caso dos incómodos
causados pelos mosquitos e o coaxar das rãs.
O mercado
Os clientes encontram-se, essencialmente, na faixa etária 30-50 anos, sendo rara a presença
de seniores. A sua origem divide-se quase equitativamente entre estrangeiros (sobretudo Bel-
gas, Franceses, Holandeses e Alemães) e nacionais. Os primeiros veem sobretudo no Verão
e fazem estadias mais prolongadas (7/8 noites); os nacionais surgem predominantemente na
época média/baixa e nos fins-de-semana, com permanências mais curtas (1/2 noites).
A unidade hoteleira também está disponível para eventos (como casamentos ou reuniões
empresariais), exceto nos meses de julho e agosto, desde que assegurem a totalidade da ocupação.
148
A taxa de ocupação ronda os 80%, no verão e os 25%, no restante período. Por seu turno,
o restaurante, aberto ao público em geral, tem grande procura pelo mercado empresarial du-
rante a semana, esgotando a sua capacidade no fim-de-semana.
Cerca de 50% das reservas são efetuadas através do seu sítio (www.riodoprado.pt), as-
sociado a outras OTA (e.g. Booking, Splendia) e as restantes são efetuadas por telefone, na
sequência da consulta do sítio ou da recomendação de amigos e familiares.
As experiências
O hotel oferece um conjunto de programas para ocupar os hóspedes que queiram manter-
-se ativos. Entre eles destacam-se o que chamam de momentos criativos que, com a colabora-
ção de um artista ou artesão, visam ensinar a fazer. Por exemplo, os hóspedes podem fazer pão
em forno de lenha, jardinagem/agricultura ou pintar. Assim, o hotel assume-se como um lugar
de promoção de talentos que estimula a criatividade e a partilha de conhecimento, elementos
fundamentais da vida moderna. Também é possível a observação de pássaros (bird watching)
e a pesca numa bateira, nas águas calmas da lagoa. Disponibiliza, ainda, bicicletas para fazer
passeios pelos arredores da lagoa de Óbidos e da praia da Foz do Arelho.
Através de parcerias com empresas da região, os hóspedes também podem usufruir de
passeios a cavalo, atividades aquáticas na lagoa de Óbidos e partidas de golfe. Em suma, o
hotel pretende proporcionar experiências de bem-estar em harmonia com a natureza. Esse
bem-estar pode ainda aumentar ao pedir uma massagem na suite e de seguida relaxar numa
original banheira com música ambiente.
Embora a unidade hoteleira seja ainda bastante jovem, o relacionamento estabelecido pe-
los gestores e pelos colaboradores com os seus clientes, contribui para que estes regressem
frequentemente ao hotel, seja para uma refeição, para tomar uma bebida ou mesmo para
apresentar cumprimentos, seja para um novo período de permanência. Verificam-se, pois,
níveis crescentes de fidelização, havendo mesmo um caso (extremo) de um cliente que já se
hospedou 7 vezes no hotel.
De acordo com a nossa entrevistada, sócia-gerente do empreendimento, os clientes apre-
ciam particularmente a arquitetura, a decoração, o atendimento e a paz e harmonia que vi-
venciam no local. No que concerne a experiências, confidenciou-nos que o que a maioria dos
clientes aprecia particularmente é ser mimada, descansar (praia, piscina, lareira, leitura).
O Luz Charming Houses (hotel) é uma pequena unidade hoteleira, ainda numa fase emer-
gente. Embora seja considerado um hotel de charme, encontra-se formalmente registado no
Turismo de Portugal (www.turismodeportugal.pt) como “casas de campo”. Abriu ao público
em abril de 2015 e está situado numa propriedade designada Estrumeira da Conceição, onde
se afirma a Irmã Lúcia ter vivenciado os primeiros contactos “divinos” (desconhecidas pelo
público), em 1915, a escassos minutos a pé do Santuário de Fátima, no concelho de Ourém.
A unidade hoteleira foi promovida por um jovem casal (seus proprietários e gestores),
oriundos da região (está instalada onde era o quintal da sua residência) que, algo desaponta-
dos com a descaraterização da região, pretenderam transportar para o projeto a arquitetura
tradicional local. Para o efeito socorreram-se de uma publicação promovida pelo Santuário de
Fátima (Abrantes, Pinto & Carvalho, 1993) que faz um levantamento da região. O resultado é
uma pequena aldeia, com 4 pequenas casas que tentam retratar diferentes épocas, sem ignorar
as exigências/conveniências dos nossos dias.
Dispõe de 15 unidades de alojamento independentes (inseridas nas referidas casas), cons-
149
tituídas por 9 quartos superiores, 3 suites, 2 suites superiores e 1 master suite. Do complexo fa-
zem parte, ainda, a denominada Mãe casa – centro nevrálgico do empreendimento – onde se
encontra a receção, uma pequena “mercearia”, para venda de produtos e artesanato regionais,
um honesty bar, uma sala de estar e uma sala de refeições e, ao lado, um forno a lenha para cozer
pão, atividade em que os clientes podem colaborar.
Existe ainda um pequeno edifício, designado por Ermida, local de contemplação e medi-
tação (sem presunção de qualquer cariz religioso) e um algar (espécie de gruta), a que se acede
através do arvoredo e que funciona como Wellness, onde são feitas massagens em ambiente de
aromoterapia com uso de algumas ervas aromáticas da região. Finalmente, num dos extremos
da zona arborizada exclusivamente com flora autóctone, existe um abrigo de ovelhas.
O serviço é assegurado pelos proprietários/gestores e por 5 colaboradores permanentes
que, propositadamente, não têm formação de base em hotelaria. Em vez de recrutar pessoas
com base nos diplomas preferem fazê-lo com base nas suas capacidades de relacionamento
interpessoal e dar-lhes formação no posto de trabalho, contribuindo para uma maior autenti-
cidade das relações, como é defendido na literatura.
A arquitetura e a decoração, simples mas sofisticadas e atentas aos pequenos detalhes,
conferem ao espaço um caráter único, romântico, confortável, tranquilo e conferente de paz
de espírito, dando corpo ao tema do hotel: a soul experience. Não são de estranhar, por isso, co-
mentários dos hóspedes como: “Momentos de magia, paz e tranquilidade” (anitapirulita2015,
no TripAdvisor) ou “Um lugar surreal, um cantinho de amor... um paraíso que deixa saudade.”
(Fábio B, no TripAdvisor)
Pese embora o seu escasso tempo de vida, a unidade foi recentemente (em 30 de outu-
bro de 2015) distinguida com o prémio Europe’s Best Newcomer Boutique Hotel 2015, pela
World Boutique Hotel Awards, uma organização que se dedica em exclusivo ao reconhecimen-
to da excelência dos hotéis boutique, ou de charme. Com base em 37 clientes, o Boking.com
atribui-lhe a nota 9,6 (numa escala de 10) e o Tripadvisor, com base em 36 avaliações, brinda-o
com a nota máxima (5).
O mercado
O escasso tempo de existência da unidade dificulta uma caraterização rigorosa do seu mer-
cado. Contudo, da nossa entrevista conclui-se que os clientes são maioritariamente casais ou
famílias, nacionais e estrangeiros, com idades médias em torno dos 40 anos.
As reservas podem ser feitas diretamente no sítio do hotel (http://www.luzhouses.pt/) ou
através de distintos OTA (e.g. booking, splendia). Cerca de 90% são feitas on-line e 10% através
de telefone, na sequência da recomendação de amigos. A estadia média cifra-se em 1,7 noites e
ainda não é possível apontar taxas médias de ocupação (atingiu 30%, em outubro).
As experiências
Para além das atividades que podem ser desenvolvidas dentro do espaço, incluindo o con-
vívio entre hóspedes à volta de uma fogueira, ao ar livre, e os jogos tradicionais (e.g. lançar o
pião, jogar à malha), estão em fase de conceção novas experiências e os colaboradores ajudam
os clientes a definir programas de visitas.
A partir da “aldeia” podem-se fazer pequenos passeios pedestres no circuito meditativo e
visitar locais relacionados com a vertente religiosa de Fátima (Capelinha das Aparições, Igreja
da Santíssima Trindade, Museu da Cera e Museu das Aparições). O hotel disponibiliza bicicle-
tas e prepara cestas de piquenique a pedido dos hóspedes, o que permite passeios mais longos
nas redondezas, em plena natureza, como o Monte dos Valinhos, o Calvário Húngaro e a Loca
150
do Cabeço, onde terão ocorrido a primeira e a terceira aparições do anjo aos pastorinhos, po-
dendo descer até Aljustrel e visitar o Museu Etnográfico e a antiga casa da Irmã Lúcia e dos
irmãos Francisco e Jacinta.
A escassa distância podem disfrutar de um vasto número de pontos de interesse natural e
cultural, como as Grutas da Moeda, de Alvados e de Santo António, os mosteiros da Batalha,
de Alcobaça e de Tomar, uma multiplicidade de castelos (Almourol, Leiria, Óbidos, Ourém,
Pombal e Porto de Mós), parques, jardins e praias.
Provavelmente, contudo, a principal experiência é constituída por usufruir da harmonia,
da magia de todo o complexo e da simpatia e empenho dos seus colaboradores, como parece
depreender-se do comentário de uma cliente (MManuela M, no TripAdvisor):
“LUZ é antes de mais uma experiência de amor...Bom gosto, requinte nos peque-
nos detalhes, conforto numa simplicidade encantadora, muita simpatia, um aten-
dimento personalizado com muito mimo, aliados a uma sensação única de paz,
tranquilidade, LUZ, convidativo à meditação, à reflexão e ao amor que emana de
todos os cantos deste espaço único. Voltar é imperativo!”.
As atividades/experiências
As atividades proporcionadas pelo hotel estão bem patentes na sua designação: cooking,
nature e emotional. O cooking, nomeadamente pelo seu caráter diferenciador, constitui uma ati-
vidade particularmente apreciada por muitos clientes. Consiste em os clientes poderem, eles
151
próprios7, preparar a sua refeição, surpreendendo os seus acompanhantes, sob o acompanha-
mento de um chef, desde que reservem antecipadamente. Para o efeito, o hotel dispõe de 3
pontos de cozinha (um dos quais mais intimista).
As restantes atividades8 que são propostas aos seus clientes, como os passeios a cavalo,
de bicicleta e pedestres (têm rede de percursos própria e disponibilizam GPS) ou os batismos
de parapente, estão muito ligadas à natureza (nature), à vida ao ar livre e decorrem da própria
escolha da localização.
Admitimos, contudo, que a principal experiência, que envolve todos os sentidos (Pine e
Gilmore, 1998) e que ajuda a compreender o tema proposto pelo hotel, o seu slogan (a place
to fall in love), seja proporcionada pelo enquadramento paisagístico e pela harmonia, beleza e
simplicidade da decoração do interior do hotel, que apelam à tranquilidade, à descontração, à
fuga ao bulício quotidiano.
Talvez a melhor expressão dessa aplicação do marketing sensorial se possa extrair de uma
avaliação de uma cliente, identificada como CarmoMoser, no Tripadvisor (http://www.tripad-
visor.com.br/) que, em 18 de Maio de 2015, intitula o seu comentário de “fenomenal!”, atribui
a classificação máxima e escreve:
“Os 5 sentidos:
VISÃO: paisagens indescritíveis, campos coloridos, um por do sol dourado... Cada
divisão, cada quarto, cada objecto cheios de personalidade. Fez-me sentir em casa!
OLFACTO: cheiro a rosmaninho, alfazema, alecrim... Cheiro a pão quente, a granola...
TACTO: lençóis suaves, almofadas fofas, mantinhas quentinhas... O sol quentinho a
bater na pele, a água fresca da piscina...
AUDIÇÃO: passarinhos a cantar, o som do vento, o som da paz..
PALADAR: pão de cereais; granola de noz, figo, goji... bolo quentinho, fruta fresca;
bolachas de alecrim; doce caseiro... Pequeno almoço divinal!
Ahhhhh! Não podia pedir mais! Ou melhor, só peço para voltar!”
O Mercado
7
O hotel assegura uma pré-preparação prévia, o que permite aos clientes preparar a entrada, o prato principal e a
sobremesa em cerca de 45 minutos.
8
Pontualmente, o hotel aposta noutras atividades, como exposições de pintura e cerâmica, ballet e sessões musicais e
manifestou a sua intenção de alargar o âmbito das experiências, embora tenha consciência que a dimensão consti-
tuirá sempre um constrangimento.
152
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1. Limitações
Como acontece com a generalidade dos estudos exploratórios, estre trabalho apresenta
várias limitações. A primeira delas, por se tratar de um estudo de caso que, embora tenha
contribuído para uma melhor compreensão do fenómeno (o nosso objetivo), não permite
generalizar os resultados obtidos a populações ou universos.
A impossibilidade de generalizar os resultados é agravada, aliás, pelo facto de se tratar de uma
amostra de conveniência, cobrindo uma área geográfica muito restrita, e por se basear, essen-
cialmente, na informação dos proprietários/gestores, embora se tenham utilizado outras fontes
documentais para dar maior consistência à informação recolhida nas entrevistas (Denzin, 1984).
É objetivo dos autores, numa segunda etapa do estudo, ampliar a amostra, para garan-
tir uma maior representatividade e, paralelamente, dirigir um questionário aos hóspedes das
entidades a estudar, já que é a estes que cabe, em última análise, a avaliação da experiências
oferecidas, nas suas diferentes dimensões.
Sendo o usufruto de experiências um dos pilares da atividade turística e, particularmente,
da atividade hoteleira, pensamos que seria particularmente útil, em termos académico e para
os profissionais do setor, se fosse estabelecido o confronto entre os hotéis de charme e os
hotéis tradicionais de idêntica categoria, desafio que deixamos em aberto para eventuais inves-
tigadores interessados.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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156
157
Resumo
Abstract
1
[email protected], Escola Superior de Ciências Empresariais, Instituto Politécnico de Setúbal.
158
1. INTRODUÇÃO
2. INFORMAÇÃO
Nos últimos anos assistiu-se a uma importante transformação no mundo civilizado, isto é,
passou-se da era pós-industrial para a era da informação e do conhecimento. Hoje em dia são o
conhecimento e a informação que ligam a sociedade e as organizações, tendo-se transformado
a própria informação numa indústria.
Esta dependência do conhecimento e da informação tenderá a aumentar nos próximos
anos, pelo que a compreensão básica da importância da informação será tão importante como
eram antes a perícia nos campos, na idade do agricultor ou os conhecimentos industriais bá-
sicos, na era industrial. É necessário entender o recurso informação de uma forma segura e
eficiente. A inocência da importância da informação pode ser comparada com a inocência da
Madame Marie Curie quando manipulava o urânio radioactivo no seu laboratório, inconsciente
dos perigos a que se expunha, acabando por pagar essa inocência científica com a própria vida.
3.1. Objetivismo
3.2. Subjectivismo
4. QUALIDADE
O termo qualidade vem do latim qualitate, e é utilizado em situações bem distintas. Por
exemplo, quando se fala na qualidade de vida das pessoas de um país ou região, quando se
fala da qualidade da água que se bebe ou do ar que se respira, quando se fala da qualidade do
serviço prestado por uma determinada empresa, ou ainda quando se fala da qualidade de um
produto em geral. Como o termo tem diversas utilizações, o seu significado nem sempre é de
definição clara e objetiva.
No que diz respeito aos produtos e/ou serviços vendidos no mercado, há várias definições
para qualidade: “conformidade com as exigências dos clientes”, “relação custo/benefício”,
“adequação ao uso”, “valor agregado, que produtos similares não possuem”; “fazer bem à
primeira vez”; “produtos e/ou serviços com efetividade”. Enfim, o termo é geralmente em-
pregue para significar “excelência” de um produto ou serviço. A qualidade de um produto ou
serviço pode ser olhada de duas ópticas: a do produtor e a do cliente, ainda conforme Deming2
“A qualidade só pode ser definida em termos de quem a avalia”[2] . Do ponto de vista do pro-
dutor, a qualidade associa-se à concepção e produção de um produto que vá ao encontro das
necessidades do cliente. Do ponto de vista do cliente, a qualidade está associada ao valor e à
utilidade reconhecidas ao produto, estando em alguns casos ligada ao preço.
Do ponto de vista dos clientes, a qualidade não é unidimensional. Quer dizer, os clientes
não avaliam um produto tendo em conta apenas uma das suas características, mas várias. Por
O termo qualidade da informação é um termo recente e foi abordado pela primeira vez
no Seminário de Nordie Council for Scientific Information and Research Libraries em 1989
em Copenhague, Dinamarca (Calazans, 2008). De acordo com Marchand (1989) e Calazans,
(2008) o conceito de qualidade da informação pode ser abordado segundo os seguintes cri-
térios:
Huang, Lee, Wang (1999) reviram as três abordagens utilizadas na literatura e propuseram
a definição sistémica baseada na ontologia com fundamentos lógicos derivados da visão de
qualidade da informação sob a óptica do utilizador / decisor.
Intrínseca • Objectiva
• Exacta
• Credível
• Fidedigna
Contextual • Relevante
• Actual
• Completa
• Com valor (acumulado)
Representacional • Interpretável
• Clara
• Concisa
• Precisa
Acessibilidade • Acessível
• Fácil de manipular
• Segura
Fonte: Calazans, A. T. S., (2008), in: Transformação, Campinas, 20(1): 29-45, Jan/Abr.
164
Tabela nº 2 Atributos e dimensões da Qualidade da Informação na óptica do produto
Intrínseca • Objectiva
• Exacta
• Credível
• Fidedigna
Contextual • Relevante
• Actual
• Completa
• Com valor (acumulado)
Representacional • Interpretável
• Clara
• Concisa
• Precisa
Acessibilidade • Acessível
• Segura
Fonte: Calazans, A. T. S., (2008), in: Transformação, Campinas, 20(1): 29-45, Jan/Abr.
7. QUALIDADE DA INFORMAÇÃO
A abordagem baseada no produto faz enfase da informação como coisa, segundo o con-
ceito de Bukland (1991, p.351-360) e como tal atribui algumas dimensões ou atributos à qua-
lidade da informação, tais como, abrangência, actualidade, objectividade, confiabilidade, pre-
cisão, acessibilidade e validade. Estes atributos conferem multidimensionalidade à qualidade
da informação (Paim, Nehmy e Guimarães, 1996). Nehmy (1996, p.30) considera os atribu-
tos abrangência e objectividade como valores intrínsecos da informação. Segundo Buckland
(1991) o atributo acessibilidade é importante para a área da informação, sobretudo para a pres-
tação de serviços, uma vez que a grande preocupação destes é a redução do tempo necessário
para que os clientes / utilizadores tenham acesso à informação de que precisam para a tomada
de decisão para atingir os objectivos pessoais ou de trabalho institucional.
Para Paim, Nehmy, Guimarâes (1996, p. 116) a confiabilidade significa credibilidade no
conteúdo e na fonte de informação e relacionam-na com a ideia de autoridade cognitiva –
prestígio, respeito, reputação da fonte, autor ou instituição, isto é, assemelha-se a uma espécie
de fé. A precisão tem o significado de exactidão, correcção, o que nos remete à forma de regis-
to fiel ao facto representado. O conceito de validade pressupõe integridade da fonte de infor-
mação. Segundo Campos (1992, p. 2) afirma que “um produto ou serviço de qualidade é aque-
le que corresponde de forma confiável, acessível, segura e no tempo certo às necessidades do
cliente”. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1994, p.3-4) define a qualidade
da informação como uma entidade que confere a capacidade de satisfazer as necessidades
explícitas e implícitas dos clientes, isto é, a qualidade é definida como “adequação ao uso” ou
“adequação ao propósito” ou “satisfação do cliente” ou “conformidade com os requisitos”.
Dimensão Atributos/critérios
de qualidade Definição
Tempo No momento certo A informação deve ser fornecida no momento certo,
quando necessária.
Actualização A informação deve estar actualizada quando for fornecida
Frequência A informação deve ser fornecida tantas as vezes quan-
tas for necessário
Oportunidade A informação deve estar disponível à pessoa certa no
momento certo.
Redução da incerteza Uma boa informação reduz a incerteza. Boa informa-
ção envolve diferenças que faz a diferença;
Elemento de surpresa A informação pode ser usada para obter vantagens
competitivas;
Acessibilidade A informação só é útil se as pessoas têm acesso a ela; a
acessibilidade está ao alcance daqueles que podem obter
a informação a tempo de ser usada com eficiência e no
formato que a torna útil. O armazenamento electrónico
torna a informação muito mais facilmente acessível, do
que a tecnologia do lápis e do papel
Período A informação deve ser fornecida sobre períodos passa-
dos, presentes e futuros
Contexto Precisão / correção A informação deve estar isenta de erros
Relevância A informação deve estar relacionada com as necessida-
des de informação de um receptor específico para uma
situação específica. Deve ser destacado o que é relevan-
te, as excepções
Pertinência A informação deve relacionar-se com os factos, estar
disponível e ser importante para a pessoa que a requer.
A informação ajudará as pessoas a tomarem decisões
Integridade Toda a informação que for necessária deve ser fornecida
Completude A informação completa contém todos os factos impor-
tantes
Concisão Apenas a informação que for necessária deve ser fornecida
Amplitude/flexibilidade A informação pode ter um alcance amplo ou estreito
ou um foco interno ou externo
169
Desempenho A informação pode revelar desempenho pela medida
das actividades concluídas, do progresso realizado ou
dos recursos acumulados. Avaliação do impacto da in-
formação nos resultados desejados
Simplicidade A informação deve ser simples, não excessivamente
complexa
Verificalidade A informação deve ser verificada e a sua correção pode
ser assegurada
Confiabilidade A informação depende de algum outro factor como o
método de recolha de dados e a fonte de informação. O
utilizador precisa acreditar na informação para se sentir
seguro ao tomar decisões.
Exactidão A informação deve ser exacta, isto significa que se a
informação não for exacta, perde o interesse
Comparação A informação deve reflectir a comparação dos planos
em execução (planeado vs real vs desvio) e as tendên-
cias (acima ou abaixo ou dentro das espectativas), como
por exemplo a comparação com períodos anteriores
(ano, mês e acumulado, etc.)
Forma Clareza na
interpretabilidade A informação deve ser fornecida de uma forma que seja
fácil de compreender
Detalhe A informação deve ser fornecida em forma detalhada,
resumida ou em síntese. As informações devem apare-
cer num nível de síntese adequada ao nível do decisor/
utilizador, sem apresentar nada de irrelevante para o de-
cisor/utilizador e tão pouco num grau de síntese exces-
sivo com relação ao seu interesse.
Ordem A informação deve ser organizada numa sequência pre-
-determinada
Apresentação A informação deve ser apresentada em forma de narra-
tiva, numérica, gráfica ou outra
Midia / suporte A informação pode ser fornecida na forma de docu-
mentos em papel impresso, monitores de vídeo ou ou-
tros midias
Fonte: Adaptado de Bio (1996); Stair & Reynolds (2011) e O’Brien (2004)
Segundo Parasuraman et al. (1985), a avaliação da qualidade da informação pode ser medi-
da através de dois indicadores e momentos:
O modelo de gaps foi adaptado para a Qualidade da Informação evidenciando que a expec-
tativa dos utilizadores pode ser uma confluência de necessidades de informações:
172
• Para medições de desempenho (ad hoc ou não; referências cruzadas e indicadores);
• Para avaliação de cenários de decisão (simulações), e
• Para consultas de informações históricas (relatórios e gráficos).
De acordo com Jiang et al. (2003), apresentam-se questões relacionadas com a qualidade
da informação com a finalidade de identificar os gaps existentes:
De acordo com Jiang et al. (2003), acredita-se que as respostas a estas questões possibili-
tem um diagnóstico rico sobre a Qualidade da Informação fornecida e forneçam uma medida
para promover uma melhor gestão da Qualidade da Informação. Grandes gaps indicam que
os gestores da informação não entenderam as necessidades de informação dos seus clientes /
utilizadores; um mau entendimento pode fazer com que informações de má qualidade sejam
oferecidas aos clientes / utilizadores, resultando em insatisfação e afetando seriamente o pro-
cesso de decisão.
Tabela nº 5 – Avaliação da Qualidade da Informação segundo as expectativas do avaliador
Atributos da quali- Inf 1 Inf 2 Inf 3 Inf 4 Inf 5 Inf 6 Inf 7 Inf 8 Inf 9 Inf 10 Media
dade da Informação
Tempo
Prontidão
Pontualidade
Actualização
Frequência
Oportunidade
Redução da incerteza
Elemento de surpresa
Acessibilidade
Período
Contexto Precisão/correção
Relevância
Pertinência
Integridade
Completude
Concisão
Amplitude/flexibilidade
Desempenho
Simplicidade
Verificalidade
Confiabilidade
Exactidão
Comparação
Forma
Clareza na interpretabilidade
Detalhe
Ordem
Apresentação
Midia/suporte
173
Tabela nº 6 – Avaliação da Qualidade da Informação segundo as Percepções do avaliador
174
Atributos da quali- Inf 1 Inf 2 Inf 3 Inf 4 Inf 5 Inf 6 Inf 7 Inf 8 Inf 9 Inf 10 Media
dade da Informação
Tempo
Prontidão
Pontualidade
Actualização
Frequência
Oportunidade
Redução da incerteza
Elemento de surpresa
Acessibilidade
Período
Contexto Precisão/correção
Relevância
Pertinência
Integridade
Completude
Concisão
Amplitude/flexibilidade
Desempenho
Simplicidade
Verificalidade
Confiabilidade
Exactidão
Comparação
Forma
Clareza na interpretabilidade
Detalhe
Ordem
Apresentação
Midia/suporte
Tabela nº 5 – Avaliação da Qualidade da Informação segundo as expectativas do avaliador
Avaliação da Qualidade da Informação
GAPS de satisfação
Atributos da quali- Inf 1 Inf 2 Inf 3 Inf 4 Inf 5 Inf 6 Inf 7 Inf 8 Inf 9 Inf 10 Media
dade da Informação
Tempo
Prontidão
Pontualidade
Actualização
Frequência
Oportunidade
Redução da incerteza
Elemento de surpresa
Acessibilidade
Período
Contexto Precisão/correção
Relevância
Pertinência
Integridade
Completude
Concisão
Amplitude/flexibilidade
Desempenho
Simplicidade
Verificalidade
Confiabilidade
Exactidão
Comparação
Forma
Clareza na interpretabilidade
Detalhe
Ordem
Apresentação
Midia/suporte
175
176
9. CONCLUSÕES E PISTAS PARA NOVAS INVESTIGAÇÕES
10. BIBLIOGRAFIA
Resumo
KEYWORDS: felicidade pessoal, satisfação com a vida, satisfação com trabalho, redes,
confiança
Abstract
Personal happiness and life satisfaction is often investigated in macro or micro regions
or countries samples, and job satisfaction is studied by human resources. There is evidence
of the influence of trust and networks on three concepts. The absence of studies that put
1
[email protected], Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
2
[email protected], Universidade de Santiago de Compostela
3
[email protected], Instituto Politécnico de Viana do Castelo
184
together these three components of subjective well-being as well as their study in business
environments are our starting point. Our research proposal presents as hypothesis the
influence of the family network, the coworkers (no hierarchical difference) network and
organizational trust on the three subjective well-being concepts suggested. In this sense, it
underwent a questionnaire to companies located in northern Portugal and Galicia, having
obtained 224 valid responses. Data analysis through ordered probit regressions exposed
that trust and collaboration between members of the family network and members work
colleagues network (no hierarchical difference), as well as trust in the company are posi-
tively associated with the probability of personal happiness and job satisfaction. In turn,
trust in superiors proved positively associated with the probability of life satisfaction. Hi-
gher education levels are associated with lower personal happiness and life satisfaction and
being male is related to the probability of job satisfaction.
1. INTRODUÇÃO
A análise de conceitos como felicidade pessoal, satisfação com a vida e satisfação com
trabalho é desenvolvida em diversas áreas científicas e está relacionada com fatores individuais,
económicos e socioculturais. Considerando a investigação científica desenvolvida até ao mo-
mento, a confiança em redes próximas ao indivíduo e/ou em redes mais amplas tem demons-
trado elevada importância na sensação de bem-estar subjetivo. No entanto, o foco de análise
dos conceitos associados ao bem-estar subjetivo é frequentemente a esfera individual ou a
esfera nacional, sendo rara a análise em microambientes, nomeadamente no microambiente
de uma empresa. Os estudos na área baseiam-se em questionários europeus, norte-americanos
e canadianos observando os inquiridos de acordo com fatores sociodemográficos, culturais,
económicos e analisando do ponto de vista individual ou de forma agregada por país ou re-
giões nacionais. Existem vários estudos que analisam a influência do desemprego na sensação
de bem-estar, no entanto há uma ausência de estudos que investiguem diferentes tipos de
bem-estar considerando o ambiente laboral de indivíduos empregados e a importância das
suas redes nesse bem-estar. Esta lacuna é o nosso ponto de partida, baseando-se na impor-
tância que o emprego tem no bem-estar subjetivo e no espaço temporal que os indivíduos
vivem no local de trabalho. Atendendo à validade científica da confiança como influente na
sensação de bem-estar subjetivo, bem como à importância da confiança e do bem-estar sub-
jetivo na construção da vantagem competitiva da empresa, propomos uma abordagem sobre
felicidade pessoal, satisfação com a vida e satisfação com trabalho em empresas, procurando
perceber em que medida estas variáveis são influenciadas pela confiança, colaboração e sentido
de interajuda em redes próximas do indivíduo – família e colegas de trabalho (sem diferença
hierárquica) - e com a confiança organizacional onde os inquiridos trabalham. Na próxima
secção é apresentada a revisão bibliográfica sobre os conceitos chave, seguindo-se a apresenta-
ção da metodologia, dados e procedimentos metodológicos. Na secção 4 são apresentados os
resultados estatísticos e na secção 5 a discussão dos resultados. O artigo encerra sumariando
as principais conclusões retiradas das análises desenvolvidas e que podem constituir pontos de
partida de investigações futuras.
2. REVISÃO DE LITERATURA
3. METODOLOGIA
3.1. Dados
No probit ordenado, uma pontuação subjacente é estimada como função linear das va-
riáveis independentes e do conjunto dos pontos de corte. A probabilidade de se observar
resultados i corresponde à probabilidade de que a função linear estimada, mais o erro aleatório,
encontra-se dentro da gama de pontos de corte estimados para o resultado, traduzindo-se:
4. RESULTADOS
Na tabela seguinte são apresentados os resultados das análises efetuadas aos dados dos
224 questionários válidos. No que concerne ao modelo 1, a Rede Família e a Rede Colegas de
Trabalho demonstraram estar relacionadas positivamente com a probabilidade de sentir Feli-
cidade Pessoal, a um nível de significância de 0.05, enquanto a variável Confiança na Empresa
demonstrou a sua influência positiva com uma significância de 0.001. Entre as variáveis socio-
demográficas, o Nível de Escolaridade e o Estado de Saúde destacaram-se, a primeira variável
pela sua relação negativa e a segunda variável pela sua relação positiva com a probabilidade de
sentir Felicidade Pessoal. Por sua vez, no modelo 2 apenas se observou a influência da Con-
fiança nos Superiores na probabilidade de sentir Satisfação com a Vida. A variável Nível de
Escolaridade revelou estar negativamente relacionada com a probabilidade de Satisfação com
a Vida, com um nível de significância de 0.01. Por fim, na ordered probit regression realizada
para testar o modelo 3, concluiu-se que a Rede Colegas de Trabalho e a Confiança sentida
na Empresa estão relacionadas positivamente, a um nível de significância de 0.001, com a
probabilidade de sentir Satisfação com o Trabalho. Adicionalmente, ser do Género Masculino
demonstrou estar relacionado positivamente com a probabilidade de sentir este tipo de satis-
fação, enquanto o Nível de Escolaridade revelou uma relação negativa.
6. CONCLUSÃO
Atendendo aos resultados alcançados, concluiu-se que a confiança na empresa e nos mem-
bros das redes próximas dos indivíduos está fortemente relacionada com os componentes
de bem-estar subjetivo propostos: felicidade pessoal, satisfação com a vida e satisfação com
192
o trabalho. Além da esfera laboral ter um peso preponderante na satisfação com o trabalho,
também alicerça a felicidade pessoal. O ambiente laboral, quer ao nível de confiança e colabo-
ração entre colegas de trabalho, quer ao nível de confiança na empresa, demonstra um peso
importante na sensação de felicidade pessoal e satisfação com o trabalho, comprovando-se
que o micro ambiente empresarial e a agregação social próxima dos indivíduos tem influência
nas sensações de felicidade e satisfação. Destaca-se ainda que a satisfação com a vida não se
revelou neste estudo relacionada com a rede familiar, mas sim com a esfera laboral, nomeada-
mente com a confiança sentida nos superiores. Este resultado poderá estar relacionado com
a diferente importância atribuída por cada indivíduo à esfera familiar e à esfera laboral, tendo
maior peso a esfera laboral na análise da vida como um todo. Acrescenta-se que o nível de
escolaridade demonstrou estar negativamente relacionado com a probabilidade de sentir satis-
fação com a vida bem como felicidade pessoal, aumentando negativamente esta probabilidade
quanto maior for o nível de escolaridade. Este resultado poderá ser explicado pelos objetivos e
metas de vida de indivíduos com maior nível de escolaridade, projetando expectativas maiores
de que os indivíduos que têm menores níveis de escolaridade, não sendo estas posteriormente
correspondidas. Por sua vez, o estado de saúde demonstrou-se influente apenas na probabili-
dade de sentir felicidade pessoal, tendo esta relação um nível de significância de 0.001. No que
concerne ao género, esta variável destacou-se no modelo sobre satisfação com trabalho, uma
vez que os indivíduos do sexo masculino têm uma probabilidade positiva e de significância de
0.05 de sentir satisfação com o trabalho. Esta primeira abordagem pode constituir um ponto
de partida para novas investigações em amostras de maior dimensão sobre a influência das
redes sociais e da confiança, enquanto capital social, na felicidade pessoal e na satisfação com
o trabalho em ambientes empresariais.
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APENDICE
Descriptive Statistics
N Minimum Maximum Mean Std.
Deviation
F_Pessoal 224 1 10 7,90 1,923
S_Vida 224 1 10 8,01 2,460
S_Trabalho 224 1 10 7,24 2,360
F_Confiança 224 3 10 9,04 1,485
F_Colaboração 224 2 10 8,62 1,639
F_Ajuda 224 1 10 8,49 2,743
C_Confiança 224 1 10 7,18 2,159
C_Colaboração 224 1 10 7,42 1,969
C_Ajuda 224 1 10 6,93 2,717
P_N_Interesseiras 222 1 10 5,70 2,409
P_Justas 221 1 10 6,20 2,549
C_Superiores_Trabalho 186 1 10 7,26 2,705
C_Empresa 224 1 10 8,01 2,060
C_Gestores 194 1 10 7,32 2,431
Valid N (listwise) 174
196
Normas de Colaboração:
1. A Revista GESTIN tem como objetivo a divulgação de estudos nas áreas da Gestão,
do Turismo, do Direito e das Ciências Sociais e do Comportamento. Publica traba-
lhos originais sob a forma de artigos, pappers e recensões críticas de obras.
2. Aceitam-se trabalhos em língua portuguesa, inglesa e espanhola.
3. Os trabalhos devem ser submetidos em formato Word, fonte Times New Roman,
corpo 12, espaço simples, e não podem exceder 50 mil caracteres (incluindo os
espaços). Todas as figuras, tabelas e gráficos serão numerados sequencialmente,
legendados e citados no corpo do texto.
4. A estrutura dos trabalhos deverá ser a seguinte: título no idioma do texto, em portu-
guês e em inglês, nomes dos autores (em rodapé, deverá constar o respetivo ende-
reço eletrónico e filiação institucional), resumo, palavras-chave, texto e referências
bibliográficas.
5. O resumo não deve ultrapassar as 300 palavras, será um pequeno texto autónomo
em português, em inglês e no idioma original do texto redigido.
6. As palavras-chave, até um máximo de cinco, devem ser apresentadas em português,
em inglês e no idioma original do texto.
7. Os textos devem estar divididos em secções e subsecções, de acordo com o conteúdo.
8. As citações serão efetuadas de acordo com as normas da American Psychological
Association (APA). Exemplos:
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