Cibele Souza Viana Da Silva
Cibele Souza Viana Da Silva
Cibele Souza Viana Da Silva
MANAUS-AM
2020
1
Orientador:
Co-orientador (a):
MANAUS-AM
2020
2
3
4
AGRADECIMENTOS
A Deus por seu infinito amor e imensa misericórdia. A Ele todas as vitórias alcançadas. Tu
tens sido tão, tão bom para mim.
A minha família, pela paciência e amor, por nunca desistirem de mim e por serem meus
maiores incentivadores.
A meu esposo, Bruno Sordi Lopes da Silva, por acreditar em mim mais do que eu mesma, por
não me deixar desistir nos momentos mais difíceis, pela compreensão nos meus momentos de
desespero e por todo amor que tem tornado essa caminhada mais fácil. Eu te amo.
Ao meu Orientador Dr. Pedro Henrique Câmpelo Felix, por acreditar e confiar este trabalho a
mim, por todas as inúmeras duvidas sanadas, pelo incentivo que motivou a continuar e pela
amizade aqui formada. O sr. É uma grande inspiração.
A minha coorientadora Dra. Ariane Mendonça Kluczkovski, Rainha da Castanha, por ceder a
matéria-prima para a realiação deste trabalho e por todas as considerações feitas. Seu apoio
foi de grande importância.
Ao laboratório de Irradiação Gama do CDTN, na pessoa do Dr. Márcio Tadeu Pereira, por
permitir a utilização do laboratório, possibilitando o andamento do projeto.
À Dra. Jaqueline de Araújo Bezerra, pelas dúvidas sanadas e pela ajuda com as análises no
RMN.
À. Dra Francisca Souza pelo apoio nas análises dos óleos de castanha.
Ao NECTA e ao BIOPHAR pela colaboração, cedendo espaço para a realização dos testes.
Aos meus amigos da FCF por terem tornado essa caminhada mais fácil e descontraída.
RESUMO
ABSTRACT
Brazil nut (Bertholletia excelsa, H.B.K) is a nutritionally rich food and is widely used both in its
natural form for direct consumption, as well as in granulated and ground formats for use in bakery
products, for example. It is a food susceptible to contamination by fungi producing aflatoxins,
which are toxic to human health. Thus, the control of fungal and mycotoxigenic contamination is
important both to avoid major economic losses and socioenvironmental impact in the Amazon
region, and for public health reasons. In view of this, the objective of this study was to evaluate
the effects of gamma radiation at doses of 1, 10 and 20 KGy in whole and granulated Brazil nuts,
contaminated by aflatoxins and artificially inoculated with Aspergillus flavus in addition to
analyzing the impact of radiation on oil quality and composition of fatty acids and volatile
compounds, as the nut is a product rich in unsaturated fatty acids that favor oxidative rancidity. It
was observed that all doses tested were able to inhibit fungal growth in whole and granulated
samples. As for contamination by aflatoxins, the dose of 20 KGy was the one that caused the
greatest reduction in the total Aflatoxins of the granulated nuts, reducing 20%, while in the whole
the reduction was only 6%. All doses caused an increase in the acidity and peroxide indices of
both formats, however this increase is still within the limit allowed to validate the quality of
vegetable oils. The composition of fatty acids varied according to the radiation dose used and the
shape of the nut. The granulated samples had a very similar composition, with a slight increase in
saturated fatty acids, especially stearic acid, and a decrease in unsaturated acids. In the whole
samples, the dose of 1 KGy was the one that most changed the composition of fatty acids, causing
an increase in saturated acids, especially palmitic acid. Despite this, this change in fatty acid
profiles did not vary much from that commonly found in Brazil nuts. It is concluded that gamma
radiation shows a promising treatment in the reduction of aflatoxins and elimination of
aflatoxigenic fungi in Brazil nuts. In addition, the shape of the Brazil nut influenced the action of
radiation.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 13
2.1 Castanha-do-Brasil.......................................................................................................... 13
2.2 Composição da Castanha-do-Brasil ................................................................................ 14
2.3 Produção de castanha-do-Brasil ...................................................................................... 17
2.4 Micotoxinas .................................................................................................................... 20
2.5 Aflatoxinas - AFLs ......................................................................................................... 22
2.6 Aflatoxinas em Castanha-do-Brasil ................................................................................ 25
2.7 Métodos de descontaminação ......................................................................................... 27
2.8 Radiação Ionizante .......................................................................................................... 29
2.9 Radiação Gama ............................................................................................................... 32
2.10 Efeito da Radiação Gama sobre Aflatoxinas ................................................................ 34
3. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 36
3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 36
3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 36
4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................ 37
4.1 Amostras ......................................................................................................................... 37
4.2 Inóculo de Aspergillus flavus ......................................................................................... 39
4.3 Contaminação Artificial com Aflatoxinas ...................................................................... 39
4.4 Tratamento por Irradiação............................................................................................... 39
4.5 Inibição do Crescimento Fúngico ................................................................................... 40
4.6 Aflatoxinas ...................................................................................................................... 41
4.7 Extração do óleo de castanha-do-Brasil .......................................................................... 42
4.7.1 Caracterização físico-química do óleo ..................................................................... 42
4.7.2 Composição do óleo - Ácidos Graxos ...................................................................... 43
4.8 Análise Estatística ........................................................................................................... 45
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 46
5.1 Inibição do Crescimento fúngico .................................................................................... 46
5.2 Aflatoxinas ...................................................................................................................... 49
5.3 Índice de Acidez ............................................................................................................. 56
5.4 Índice de Peróxido .......................................................................................................... 58
5.5 Composição do óleo – Ácidos graxos ............................................................................. 61
6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 70
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 71
8. ANEXOS .............................................................................................................................. 84
8.1 Análise de variância para o crescimento de Aspergillus flavus em castanha-do-Brasil. 84
8.2 Análise de Variância para AFB1 .................................................................................... 84
8.3 Análise de Variância para AFG1 .................................................................................... 84
8.4 Análise de Variância para AFB2 .................................................................................... 84
8.5 Análise de Variância para AFG2 .................................................................................... 85
8.6 Análise de Variância para AFLtotal ............................................................................... 85
8.7 Análise de Variância para índice de acidez .................................................................... 85
8.8 Análise de Variância para índice de peróxido ................................................................ 85
8.9 Análise de Variância para Ácidos Graxos Saturados ..................................................... 86
11
1. INTRODUÇÃO
A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa, H.B.K) é uma das mais importantes
espécies de exploração extrativista da Amazônia. É considerada um alimento
nutricionalmente rico, cuja composição é formada, principalmente, por ácidos graxos
insaturados, proteínas de alto valor biológico, além de ser uma ótima fonte de vitaminas,
fibras e minerais, com destaque para seu teor de selênio, que é um importante antioxidante
estudado na prevenção de câncer e doenças cardiovasculares. Todas essas propriedades,
aliadas ao seu sabor exótico, contribuem para a valorização deste alimento tanto no mercado
nacional quanto no internacional (SILVA et. al., 2010; KLUCZKOVSKI e SCUSSEL, 2015).
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Castanha-do-Brasil
A Castanheira (Bertholletia excelsa H.B.K) é uma árvore da família Lecythidaceae,
nativa das matas de vários países da região Amazônica como Peru, Venezuela, Colômbia,
Suriname, Guiana Francesa, Bolívia e Brasil, cobrindo uma superfície de aproximadamente
325 milhões de hectares, com suas formações mais densas estando no Brasil, nos estados do
Acre, Rondônia, Pará, Amapá, Mato Grosso, Goiás e Amazonas (COSTA, 2009; SALOMÃO,
2009; JUNIOR et al., 2017). Apresenta um bom desenvolvimento em regiões que apresentam
clima quente e úmido, com tipos climáticos tropicais chuvosos predominantes e períodos de
estiagem bem definidos (MULLER et al., 1995).
A castanheira é uma árvore que pode atingir a altura de 50 m, com diâmetro entre 1 e
3 metros, apresenta tronco cilíndrico, reto e liso, que se ramifica apenas na porção superior da
copa, que pode atingir cerca de 20 e 35 m de diâmetro (LORENZI, 2010; SCHÖNGART et
al., 2015). A queda dos seus frutos (ouriços) ocorre na estação chuvosa, durante os meses de
novembro a abril. Com a queda desses ouriços alguns roedores, como as cutias, alimentam-se
das sementes (amêndoas) de castanha, a partir da quebra dos ouriços, deixando o excedente
no chão da floresta, que pode brotar e “perpetuar” a espécie. Por ser rústica, apresenta uma
elevada sobrevivência e crescimento rápido em plantios heterogêneos em áreas degradadas
pela mineração (BAQUIÃO, 2012).
O fruto da castanheira, o ouriço, é uma cápsula globosa, quase esférica, que mede
cerca de 8 a 15 cm de diâmetro, possui casca espessa, lenhosa, dura e de cor castanha e pode
chegar a pesar até 1,5 kg (RODRIGUES, 2016; SANTOS, 2012). Em seu interior pode
conter, em média, 15-25 sementes, que apresentam uma casca dura e irregular (triangular) e,
as quais envolvem a amêndoa, parte comestível do fruto, chamada de castanha-do-brasil
(FREITAS-SILVA e VENÂNCIO, 2011).
do-brasil não exige a derrubada da castanheira em si, sendo então, de baixo impacto ambiental
(RODRIGUES, 2016).
Valor energético
676,5 NI NI NI 655,9 693,0
(Kcal)
desses ácidos presentes na castanha-do-Brasil está entre os mais altos em relação ao de outras
nozes como macadâmia, amendoim, castanha de caju e pistache (COLPO et al., 2014;
SILVA, 2014). O elevado teor de ácidos graxos insaturados da castanha-do-Brasil pode
auxiliar a redução da pressão arterial, redução de níveis de marcadores inflamatórios
sistêmicos e a ingestão regular desses ácidos estão associados a redução da mortalidade por
doenças cardiovasculares (MASSI et al., 2014; VADIVEL; KUNYANGA; VADIVEL,
2012). A Tabela 2 apresenta os principais ácidos graxos presentes na castanha-do-Brasil de
acordo com alguns autores.
Componentes Silva et al. Santos et al. Colpo et al. Ozcan et al. Sartori et al.
(ácidos) (2010) (2012) (2014) (2017) (2018)
O transporte da área extrativista até as usinas de beneficiamento ocorre por via fluvial,
na maioria das vezes, em embarcações de pequeno porte, no período de chuvas intensas,
devido à elevação dos níveis das águas. Esse transporte deve conter atividades que previnam a
contaminação fúngica, como a aeração dos ambientes, uma vez que esse risco aumenta com
as condições ambientais da floresta Amazônica (KLUCZKOVSKI et al., 2015;
RODRIGUES, 2016).
2.4 Micotoxinas
A palavra micotoxina tem sua origem do grego “mykes”, que significa fungo, e do
latim “toxicum” que significa veneno ou toxina (GOLDBLATT, 1972; MOSS,1998).
Compreende um conjunto de substâncias tóxicas, produzidas por fungos filamentosos,
conhecidos como bolores, e podem causar graves danos à saúde humana e animal, com ação
cancerígena e hepatotóxica, dependendo da quantidade encontrada nos alimentos (COELHO,
2012). São comumente encontradas em uma grande variedade de alimentos, incluindo cereais,
leguminosas, nozes e oleaginosas (SCUSSEL et al., 2014; PIACENTINI et al., 2015).
Existem hoje mais de 300 substâncias classificadas como micotoxinas. Elas são
metabólitos secundários de fungos, termoestáveis, com baixo peso molecular, possuem uma
alta estabilidade química, sendo resistentes a altas temperaturas, a tratamentos químicos e
ação de enzimas digestivas e, por isso, podem permanecer nos alimentos mesmo após a
remoção dos fungos durante a industrialização dos produtos (ASTROVIZA e SUAREZ,
21
2005; LOPES et al., 2005; PEREIRA e SANTOS, 2011). A ausência aparente de sinais de
contaminação fúngica, por outro lado, não significa que o alimento encontra-se livre de
toxinas (FERREIRA et al., 2014).
Classificação Micotoxinas
Fumonisina
Carcinógenos do grupo 2B
Ocratoxina
Tricoteceno
Carcinógenos do grupo 3 Zearalenona
Patulina
Esses fungos toxigênicos podem crescer e produzir toxinas em produtos agrícolas, nas
diversas etapas do desenvolvimento da planta, colheita ou estocagem de alimentos, durante o
transporte, na indústria ou qualquer momento da fase de consumo do produto final, quando há
a exposição às toxinas através da ingestão de alimentos contaminados (COELHO,2012; DA
SILVA, 2014).
relativa do ar, aeração, danos mecânicos, tempo de armazenamento do produto e até mesmo
competição microbiológica (KLUCZKOVSKI e SCUSSEL, 2015).
As AFL são classificadas de acordo com a fluorescência emitida sob luz UV, onde as
AFB1 e AFB2 emitem fluorescência azul (blue) e as AFG1 e AFG2, fluorescência verde
(green). Esses compostos são ainda instáveis à luz e degradáveis em temperaturas acima de
100 ºC. São substâncias apolares, solúveis em solventes como o clorofórmio, metanol e
acetonitrila (GOWDA et al., 2007; KLISCH, 2007; COSTA et al., 2017).
Apesar de ser destaque pelo seu valor nutricional, a castanha-do-Brasil, por ser um
ótimo substrato para fungos, está sujeita à contaminação por micotoxinas, principalmente as
AFLs, podendo ocorrer à contaminação em qualquer etapa do desenvolvimento da planta,
colheita ou armazenamento do produto (FREIRE et al., 2007; MANFIO et al., 2012;
MARTINS, 2014).
estabelecer condições especiais para a importação de castanha com casca (ARRUS et al.,
2005; ÁLVARES et al., 2012), como o atendimento as boas práticas extrativistas e a
determinação dos teores de AFLs por laboratórios credenciados junto ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que começou a elaborar programas de
monitoramento da cadeia produtiva da castanha-do-Brasil, com o objetivo de controlar a
contaminação (BRASIL, 2000).
A atividade de água (Aw) é o teor de água livre disponível nos alimentos que favorece
o crescimento microbiológico. As condições ambientais da floresta Amazônica influenciam
27
Desde a descoberta das AFL, em 1960, vários procedimentos têm sido propostos com
o objetivo de minimizar a ingestão de alimentos contaminados por AFL (OGUZ et al., 2002).
Os métodos convencionais para prevenção da contaminação por micotoxinas, muitas vezes,
requer abordagens pré e pós-colheita. As abordagens pré-colheita lidam com o controle da
contaminação fúngica no campo, enquanto os métodos pós-colheita lidam com a classificação
e o armazenamento adequado (PANKAJ et al., 2018). Por exemplo, segundo a Association of
Official Analytical Chemists (AOAC), a retirada das cascas e amêndoas deterioradas pode
28
et al., 2014). Os métodos químicos envolvem a degradação estrutural por compostos como
aldeídos, agentes oxidantes, ácidos, bases e alguns gases. Os métodos biológicos incluem o
uso de bactérias, leveduras ou suas respectivas enzimas e aparelho metabólico para degradar
AFL e ainda, algumas espécies de bactérias e leveduras também são capazes de adsorver AFL
(OLIVEIRA et al., 2014).
Porém, assim como todo processo de conservação, podem existir alterações de ordem
nutricional e sensorial (POLIZEL, 2006). Essas alterações referem-se, principalmente à
rancidez, desnaturação proteica, destruição de vitaminas, transformações moleculares nos
carboidratos, além de mudanças organolépticas de odor, sabor, cor e consistência (MOURA et
al., 2014).
Esse processo de irradiação envolve a exposição dos alimentos a um dos três tipos de
energia ionizante, são elas: radiação gama, raios-x e feixe de elétrons (DE CAMARGO et al.,
2011). De acordo com o “padrão geral do Codex Alimentarius para alimentos irradiados”
somente essas radiações ionizantes são permitidas para uso em alimentos (CODEX
ALIMENTARIUS, 2003). Esse tipo de irradiação é permitido em 38 países para a
conservação de alimentos através da destruição microbiana ou inibição de alterações
bioquímicas. Nesses países, a rotulagem é regulamentada e exige que o fabricante identifique
o alimento ou qualquer ingrediente da composição que tenha passado por irradiação. Esses
alimentos irradiados podem ser transportados, armazenados ou mesmo consumidos logo após
o tratamento (PINTO e MOREIRA, 2018).
Os raios gama e raio X fazem parte do espectro eletromagnético (Figura 5), estando no
comprimento de onda curto, região de alta energia do espectro. Ambos os raios, gama e raio
X, podem penetrar nos alimentos a uma profundidade de dezenas de centímetros
(ARVANITOYANNIS, 2010).
sendo por isso, inadequados para a irradiação de alimentos, como por exemplo, as partículas
alfa (Figura 6) (TSAI, 2006; FERREIRA-CASTRO, 2011).
A irradiação gama foi estabelecida como um meio físico seguro e eficaz para a
descontaminação e melhoria na qualidade de produtos agrícolas (CALADO et al., 2014). De
acordo com De Camargo et al. (2011) a radiação gama é o tipo de radiação ionizante mais
utilizada no processamento de alimentos e, doses baixas e médias (8-10 KGy) poderia
eliminar completamente bactérias e fungos em sementes oleaginosas, sem afetar sua
composição e qualidade nutricional (YUN et al., 2012; BHATTI et al., 2013; ISMAIL et al.,
2018). Além disso, altas doses (10-30 KGy) poderia reduzir níveis de micotoxinas, como
Aflatoxinas, desoxinivalenol, zearalenona e ocratoxina produzidas por cepas de fungos em
culturas alimentares (JALILI et al.,2012; ZHANG et al., 2018).
As células possuem sensibilidades diferentes aos efeitos da radiação ionizante, que vai
depender do tipo e da fase da sua reprodução. As células em divisão, ou as metabolicamente
ativas, ou ainda as que possuem reprodução rápida são mais sensíveis do que aquelas que
possuem um alto grau de diferenciação. Sendo assim, geralmente os organismos mais simples
resistem mais aos efeitos da radiação ionizante. Nesse caso, os vírus são mais resistentes que
as bactérias, que são mais resistentes que as leveduras, que são mais resistentes que os fungos
filamentosos que, por sua vez, são mais resistentes que os seres humanos. Essa diferença na
resistência não se restringe ao gênero, mas também entre linhagens de uma mesma espécie ou
mesmo idade da cultura, que quanto mais velha, mais sensível à radiação (FERREIRA-
CASTRO et al., 2007; HARRELL et al., 2018).
As perdas de nutrientes nos alimentos irradiados são pequenas e muitas vezes menores
quando comparadas a outros métodos de conservação. Os lipídios são um dos componentes
mais sensíveis à radiação ionizante, que pode induzir reações hidrolíticas e auto-oxidantes
gerando mudanças organolépticas indesejáveis e perdas de ácidos graxos essenciais, por isso
34
deve-se ter cuidado com a dose de radiação administrada em alimentos com alto teor de
gordura, como a castanha-do-Brasil, pois pode causar rancidez no produto (ROBERT e
WEESE, 2006; SILVA, 2008; GECGEL et al., 2011).
O Joint Expert Committee on food Irradiation (JECFI), formado pela FAO, WHO e
IAEA, outorgou, em 1980, uma segurança relacionada aos alimentos irradiados com doses de
10KGy, indicando que um alimento irradiado até essa dose não provoca problemas
toxicológicos e nem induz problemas nutricionais ou microbiológicos especiais. Já em 1997,
o mesmo grupo concluiu que o alimento pode ser irradiado com qualquer dose apropriada,
mesmo que acima de 10 KGy, para alcançar o objetivo tecnológico pretendido, sendo seguro
tanto para consumir quanto adequado nutricionalmente (FAO/IAEA, 1982; WHO, 1999;
FAO, 2006; MASTRO, 2015).
Aquino (2003), mostrou em seu estudo que doses de 2, 5 e 10 KGy foram eficazes na
redução de Aspergillus flavus em grãos de milho, sendo as doses de 5 e 10 KGy as mais
efetivas, e a dose de 10 KGy conseguiu degradar totalmente as AFL presentes.
Silva et al. (2015) avaliaram a irradiação gama como um processo alternativo para o
armazenamento de arroz e observaram que esse processo é eficiente no combate ao
Penicillium spp. e Aspergillus spp., contribuindo dessa forma para a redução de micotoxinas
em grãos armazenados.
35
A melhor forma de evitar a contaminação por AFL é prevenindo sua formação, através
de boas práticas de fabricação e medidas preventivas em todo o processamento de um
alimento. No caso da castanha-do-Brasil, é elevado o índice de contaminação por AFL e o
emprego de tratamento pelo processo de irradiação pode ser um método valioso para prevenir
a contaminação fúngica, além de ser uma alternativa viável para a descontaminação
(ASSUNÇÃO et al., 2015).
36
3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Amostras
A
Tabela 4: Distância das amostras para a fonte de radiação de acordo com a dosagem final
desejada.
correção pelo fator de diluição, a fim de ser obtido o número de unidades formadoras de
colônias por grama (UFC/g) de substrato (ASSUNÇÃO et al., 2015).
4.6 Aflatoxinas
As amostras de produtos de castanha-do-Brasil foram quantificadas para AFLs B1,
B2, G1 e G2 (AFB1, AFB2, AFG1, AFG2) por cromatografia líquida pelo método AOAC –
994.08 (2005). O método consiste na extração de AFLs onde foram utilizadas 50 g de amostra
e extraídas com 100 mL de acetonitrila:água (90:10 v/v) e agitados em alta velocidade durante
5 minutos em um liquidificador. O extrato foi filtrado e 3mL foram passados para um tubo de
cultura de 10 ml. Em seguida foi aplicada à coluna de limpeza MYCOSEP 226 (Romer labs);
foi coletado 0,5ml do extrato purificado e mantido em congelador até análise em HPLC (High
performance liquid chromatography).
Para a derivatização desse extrato purificado foi utilizado uma solução derivatizante
composta por água:ácido acético glacial:ácido trifluoracético (35:10:5 v/v), onde 0,2ml do
extrato purificado foi passado para um vial de derivatização com 0,7ml de solução
derivatizante com o auxílio de uma seringa de 1ml e um filtro para seringa de nylon com
porosidade de 0,45μm, esse vial foi então fechado e aquecido a 65°C por 8,5 minutos em
banho maria (tempo necessário para completar a derivatização das AFB1 e AFG1), esse
procedimento foi repetido para todas amostras inoculadas com o pool de aflatoxinas
(10µg/kg).
Para obtenção do óleo, foi utilizada a prensagem a frio, onde as castanhas seguiram
para uma prensa mecânica (figura 12). O óleo obtido foi centrifugado, a 3000rpm/15min,
pesado e armazenado sob refrigeração e ao abrigo da luz até análise.
a qual deverá persistir por 30 segundos. Este teste foi feito em triplicata, de acordo com a
metodologia da AOAC (2016). O cálculo foi realizado conforme Equação 1.
Equação 1- Índice de acidez
, onde:
v = nº de mL de solução de hidróxido de sódio 0,1 M gasto na titulação
f = fator da solução de hidróxido de sódio
P = nº de g da amostra (AOAC, 2016).
, onde:
(GC) para Cromatograma de Gás por Espectrômetro de Massa / GC- 2010 PLUS (Kyoto,
Japão) equipado com um detector de ionização de chama. Os compostos foram separados em
uma coluna de sílica fundida capilar RTxR-5 de 30 m, 0,25 mm de diâmetro interno e com
uma espessura de filme de 0,25 µm. As condições de operação foram às seguintes:
temperatura da coluna programada, 80-220 ° C (5 ° C / min); temperatura do injetor, 230 ° C;
temperatura do detector, 240 ° C; gás portador, hidrogênio; velocidade linear do gás, 40 cm /
s; proporção da divisão da amostra, 1:50. Os ácidos graxos foram identificados pela
comparação dos tempos de retenção dos padrões de éster metílico puro dos ácidos graxos e
das amostras. A quantificação foi realizada por normalização da área.
Os compostos voláteis foram extraídos pela técnica HSPME. O óleo (amostra, 1mL)
foi transferida para um frasco de vidro de 10 mL (adequado para retenção volátil), que foi
agitado continuamente a 40 ° C por 30 min. A fibra DVB / CAR / PDMS 50/30 μm
(divinilbenzeno / carboxen / polidimetilsiloxano) foi usada para separar os compostos voláteis
presentes na amostra. A fibra foi embalada a uma temperatura de 270 ° C por 1 h antes do
uso. O tempo de condicionamento para as análises foi de 25 min. A fibra foi exposta ao
espaço superior do frasco de vidro contendo a amostra. Após expor a fibra a 40 ° C por 5 min,
a seringa foi imediatamente levada ao injetor CG-MS, em que os compostos voláteis foram
dessorvidos a 250 ° C por 2 min, resultando em uma injeção sem divisão. Um espectrômetro,
CGMS-2010 Plus (Shimadzu) Tóquio, Japão, com um detector de massa modelo QP2010
Plus foi usado para detectar os compostos voláteis. Utilizou-se uma coluna capilar de sílica
fundida (30 m × 0,25 mm e 0,25 μm de espessura) com 5% de polímero de difenil- / 95% de
polidimetilsiloxano (DB5), atuando como uma fase estacionária. Para melhor separação, o
gradiente de temperatura foi estabelecido na coluna a partir de 60 ° C, com um aumento de 3 °
C por minuto até que a temperatura máxima de 270 ° C fosse atingida. O gás portador era
hélio e a vazão foi ajustada para 1,8 mL / min para injeção sem divisão com pressão inicial de
100 KPa na coluna. As condições ajustadas no espectrômetro de massa (MS) foram: detector
seletivo de massa operando por impacto eletrônico e energia de impacto de 70 eV; velocidade
de varredura de 1000 m / z / s; intervalo de varredura de 0,5 fragmentos / se filtro para a
massa dos fragmentos detectados sendo 29 Da e 600 Da. Cada componente foi identificado
comparando seus espectros de massa com as informações já existentes presentes nas bases de
dados do espectrômetro (Willey229.lib e FFSC1.3.Lib) e o livro de identificação de
45
componentes de Adams (2007). Para comparar e calcular os índices, foram utilizados padrões
dos alcanos saturados (C7-C30) (Sigma-Aldrich).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Inibição do Crescimento fúngico
Após o tratamento com radiação gama nas amostras inoculadas artificialmente com
uma cepa toxigênica de A. flavus, observou-se que o tratamento se mostrou eficaz na inibição
do crescimento fúngico. A Figura 13 mostra as placas contendo o crescimento fúngico da
amostra controle e após o tratamento da castanha granulada. As colônias de A. flavus
destacam-se pelas características de colônias pulverulentas e com coloração esverdeada.
Pode-se observar, a partir destes resultados, que a radiação gama a uma dose de 1KGy
já consegue inibir o crescimento fúngico em cerca de 91% na castanha granulada, que passou
de 12,35 x 10² para 0,45 x 10² UFC/g, já as doses de 10 e 20KGy conseguiram inibir 100%
desse crescimento. Na castanha inteira, o tratamento em todas as doses testadas inibiu 100%
do crescimento fúngico. É observado também, que o nível de contaminação inicial influencia
na eficiência da dose de radiação, uma vez que, como a castanha inteira tinha um menor grau
de contaminação (observado na amostra controle) a dose de 1KGy já conseguiu inibir
48
Alguns autores já discutiram a sensibilidade dos fungos à radiação gama, Aquino et al.
(2005) citam que valores entre 4 e 10KGy é suficiente para a inibição da contaminação
fúngica em alimentos. Assunção et al. (2015) estudaram a influencia da radiação gama para a
inibição do crescimento de A. flavus contaminados artificialmente em castanha-do-Brasil, e
observaram que a dose de 5KGy foi capaz de inibir 92% do crescimento fúngico, enquanto
que a dose de 10KGy foi capaz de inibir totalmente.
5.2 Aflatoxinas
ͣ Percentual de redução de AFL nas amostras irradiadas em relação aos controles (0 KGy).
Pode-se observar que todas as amostras tiveram redução nos 4 tipos de aflatoxinas
estudadas (AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2) em todas as doses testadas, sendo a dosagem de 20
KGy a que mais causou diminuição dessas micotoxinas nas amostras de ambos os formatos
estudados. Os gráficos de 2 a 6 abaixo demonstram um comparativo entre as doses de
radiação usadas, a forma das castanhas e a redução da contaminação obtida para cada uma das
AFL testadas.
50
Gráfico 2: Redução de AFB1 em amostras de castanhas Gráfico 3: Redução de AFB2 em amostras de castanhas
inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.* inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.*
Gráfico 4: Redução de AFG1 em amostras de castanhas Gráfico 5: Redução de AFG2 em amostras de castanhas
inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.* inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.*
*Letras minúsculas estão relacionadas a dose de radiação gama usada e as maiúsculas ao formato.
Letras diferentes diferem significativamente (p > 0,05).
51
Como se sabe, as AFL apresentam toxicidade diferentes, sendo a AFB1 a variante com
maior toxicidade e também a mais frequentemente encontrada nos alimentos. A AFG1 é
consideravelmente mais tóxica que as AFB2 e AFG2 (CAMPOS et al., 2017). No Brasil, a
ANVISA estipula um LMT para AFB1 de 2 µg/kg em Castanha-do-Brasil, além dos 10 µg/kg
estipulados para AFL total (BRASIL, 2011). Além disso, países como a UE também
estipulam limites para AFB1 especificamente, frente a sua toxicidade e prevalência. Diante
disso, esta é a AFL mais estudada. Assunção et al. (2015) analisou a ação da radiação gama
sobre AFB1 em castanhas-do-Brasil e obteve uma redução de 70,6% usando uma dose de 5
KGy e 84,15% a uma dose de 10 KGy, redução bem mais acentuada do que o encontrado em
nosso estudo para o mesmo tipo de AFL. Outros estudos também avaliaram a ação da
radiação gama em AFL presentes em diferentes substratos, como pode ser observado na
tabela 7.
52
Tabela 7: Estudos sobre redução de AFL em alimentos tratados com radiação gama.
Substrato Dose
Resultado Referência
(KGy)
Castanha- 5
do-Brasil Redução de 70,6% AFB1 (Assunção et al., 2015)
Amendoim 10 Redução de 74,3% AFB1 (Jablónska e Mankowska, 2014)
15 -30 Redução de 55 – 74% AFB1 (Prado et al., 2003)
10 Redução de 58, 6% AFB1 (Ghanem, Orfi e Shamma, 2008)
Amêndoa 10 Redução > 60% AFB1 (Jablónska e Mankowska, 2014)
Nozes 10 Redução > 60% AFB1 (Jablónska e Mankowska, 2014)
Milho 10 Degradação completa de AFB1 e
(Aquino et al., 2005)
AFB2
8 Redução de 60,3% AFB1 (Mohamed et al., 2015)
25 Redução de 69% AFB1 (Shahbazi et al., 2010)
Pistache 10 Redução de 68,8% AFB1 (Ghanem et al., 2008)
Arroz 10 Redução de 87,8 % AFB1 (Ghanem et al., 2008)
8
Redução de 64,7% de AFB1 (Mohamed et al., 2015)
Pimenta 60 Redução de 43% AFB1, 24%
Preta (Jalili, Jinap e Noranizan, 2010)
AFB2, 40% AFG1 e 36% AFG2
30 Redução de 47% AFB1, 39%
(Jalili, Jinap e Noranizan, 2012)
AFB2, 47% AFG1 e 40% AFG2
Pimenta 30 Redução de 51% AFB1, 35%
Branca (Jalili et al., 2012)
AFB2, 48% AFG1 e 43% AFG2
O uso da irradiação gama como método para descontaminação de alimentos com AFL
é algo que já vem sendo estudado há algum tempo, como pode ser visto na tabela 7,
principalmente em relação a AFB1 que é a mais tóxicas dentre as AFL. Observa-se que em
todos os estudos listados houve redução de AFB1 em mais de 40% em doses que variam de 5
a 60 KGy em diferentes substratos. Além dos estudos listados na tabela 7, Temcharoen e
Thilly (1982) analisaram amostras de alimentos a base de amendoim previamente inoculados
com AFB1, observando uma redução de 75% e 100% após tratamento com radiação gama nas
doses de 1 e 10 KGy respectivamente. Demonstrando que esse método de descontaminação
tem um bom resultado em alimentos com AFL.
53
Segundo Pankaj et al., (2018), as AFL são resistentes a ação direta da radiação gama,
sendo assim a redução das AFL observados nesse estudo, e nos demais listados na tabela 7,
são resultados de efeitos indiretos da radiação gama como a reação aos radicais livres devido
a radiolise da água ou outros componentes. Sendo assim, a presença de água tem um papel de
grande importância na degradação dessas AFL (RUSTOM et al., 1997). Tendo em vista a
radiólise da água, torna-se importante saber o teor de água presente nos alimentos, que explica
a variação nos resultados de degradação de AFL pela radiação gama.
Essa maior sensibilidade à radiação gama das AFB1 e AFG1 pode estar relacionada à
dupla ligação presente nos carbonos 8,9 do anel furânico terminal, que não consta nas AFB2 e
AFG2, tornando-as mais resistentes (JABILI et al., 2016; ISMAIL et al., 2018). Sendo assim,
os radicais livres formados devido à radiólise da água podem atacar mais facilmente as AFB1
(figura 8) e AFG1, gerando produtos de menor atividade biológica (RUSTOM, 1997;
PANKAJ et al., 2018).
após tratamento com feixe de elétrons, obtidos por Liu et al., (2016) uma vez que, como age
de forma semelhante a radiação gama, pode-se considerar que, provavelmente, esses produtos
obtidos da AFB1 também ocorram quando utilizada a irradiação gama.
Figura 14: Degradação de AFB1 por irradiação com feixe de elétrons (LIU et al., 2016).
EB = Feixe de Elétrons; MW = Peso molecular.
Vale ressaltar que, apesar da dita semelhança na ação da irradiação gama com a
irradiação por feixe de elétrons, não se pode dizer com certeza que esses produtos de
degradação de AFB1 mostrados na figura 14 também ocorreriam se fosse usada a irradiação
gama. Seria interessante um estudo detalhado sobre a ação da irradiação gama em AFL
usando UPLC-Q-TOF/MS, que é uma técnica que utiliza separação cromatográfica de alto
55
Foi observado que, de forma geral, a irradiação gama teve ação para redução da
contaminação de AFL dessas amostras. Porém, deve-se levar em consideração o nível de
contaminação inical da amostra a ser irradiada, de forma que o resultado final fique dentro do
limite permitido pela legislação, no caso do Brasil, esse limite é de 10 µg/kg para AFL total
em amostras de castanha sem casca pronta para consumo e 2 µg/kg para AFB1 (BRASIL,
2011).
amostras contaminadas naturalmente com AFL para avaliar a efetividade da radiação gama
quando as AFL estão mais fortemente ligadas aos componentes da castanha, como as
proteínas, que por serem moléculas maiores, pode ser que confiram uma certa proteção aos
efeitos da radiação nas AFL.
Tabela 8: Valores de índice de Acidez (em mg KOH/g) obtidos das amostras de óleo de
Castanha-do-Brasil, irradiadas e não irradiadas.
Gráfico 7: Índice de Acidez (em mg KOH/g) das amostras de óleo das castanhas inteiras e
granuladas após o tratamento com doses de radiação gama.
Apesar das diferenças entre os tipos de corte das amostras de castanha, a sua forma
não causou diferença significativa estatisticamente de acordo como teste ANOVA realizado
(p > 0,05). Já quanto a dose de radiação aplicada o teste ANOVA (Anexo 8.7) indicou
resultado significativo (p < 0,05).
Pode-se observar ainda que, mesmo as doses de radiação gama causando um leve
aumento no índice de acidez, como ocorreu no óleo da castanha inteira, todos os resultados
ficaram dentro do limite estabelecido pela ANVISA (4 mg KOH/g), indicando que a radiação
gama não prejudicou a qualidade dos óleos obtidos das castanhas inteira e granulada após o
tratamento.
Para detectar o nível de rancidez dos óleos analisados, o grau de oxidação é refletido
através do índice de peróxido, que é outro parâmetro usado para auxiliar na avaliação da
qualidade de óleos vegetais (DE FREITAS, 2016). Os resultados de índice de peróxidos
obtidos nas amostras foram organizados na tabela 9 e gráfico 8.
Tabela 9: Valores de índice de peróxido (em mEq/kg) obtidos das amostras de óleo de
Castanha-do-Brasil, irradiadas e não irradiadas.
Gráfico 8: Índice de Peróxidos (em mEq/kg) das amostras de óleo das castanhas inteiras e
granuladas após o tratamento com doses de radiação gama.
É possível observar que os óleos controles obtidos das castanhas inteiras e granuladas
apresentaram o mesmo resultado para este parâmetro, independente da forma. A ANVISA
preconiza níveis máximos para índice de peróxidos em óleos vegetais de 15 mEq/kg
(BRASIL, 2005). Valores superiores para índice de peróxidos foram encontrados por Vilhena,
Sehwartz, Bezerra e Brasil (2020) em um estudo com óleo de castanha (8,1 e 9,2 mEq/kg),
mas ainda sim esses resultados apresentaram-se abaixo do que preconiza a legislação. Sendo
assim, os valores encontrados nas amostras controles indicam um bom estado de conservação
das sementes de castanha tanto inteira quanto granulada e, portanto, do óleo extraído. Além
disso esses valores, juntamente com os resultados obtidos para índice de acidez das amostras
controle, demonstram que o processo de extração realizado não causou danos oxidativos ao
óleo.
60
Para as doses de radiação gama testadas, pode-se observar que todas elas causaram um
aumento no índice de peróxido, tanto para o óleo da castanha inteira quanto para o da
castanha granulada. Os óleos de ambas as castanhas tiveram um aumento maior de peróxidos,
quando comparadas aos controles, na dose de 10 KGy, sendo de 35,7% para o óleo da
castanha inteira e 42,5% para o da castanha granulada. Um estudo realizado por Byun et al.
(1996) analisou óleo extraído de grãos de soja irradiados com até 10 KGy e nenhuma
alteração no índice de peróxidos foi observada. Já um estudo realizado por Zeb e Taufiq
(2004) as doses acima de 10 KGy, aplicadas em soja e girassol afetaram a qualidade dos óleos
extraídos elevando o índice de peróxido. O menor aumento do índice de peróxido observado
nas doses de 20 KGy (em ambos os formatos) em comparação com as doses de 10 KGy pode
ter ocorrido, possivelmente, pela formação e destruição simultânea de hidroperóxidos, uma
vez que estes compostos se degradam com maior facilidade.
A ANOVA feita para este teste indicou que existe uma diferença estatisticamente
significativa entre os tipos de corte analisados (p < 0,05), onde pode-se observar que o óleo da
castanha granulada apresentou um aumento maior no índice de peróxido do que o óleo da
castanha inteira quando submetidas ao tratamento com radiação gama. As doses testadas
também apresentaram diferença significativas (p < 0,05), indicando que essas doses causaram
um aumento relevante no índice de peróxido (Anexo 8.8).
Vale ressaltar que, apesar das doses testadas terem causado um aumento de até 42,5%
no índice de peróxido dos óleos das castanhas testadas neste trabalho, ainda sim os valores
ficaram dentro do limite permitido pela ANVISA para óleos vegetais de 15 mEq/kg,
indicando que uma boa qualidade do óleo extraído mesmo após o tratamento das castanhas.
Deve-se frisar, no entanto, que é importante atestar a qualidade de conservação inicial das
amostras antes do tratamento.
61
De acordo com os resultados obtidos por CG, observou-se que as amostras de óleo de
castanha obtidos a partir da prensagem das amostras controle, tanto de castanha granulada
quanto da castanha inteira, tiveram a predominância de ácidos graxos insaturados (73% e
77%). Esses resultados estão de acordo com o comumente encontrado em óleos de castanha-
do-Brasil que vão de 73 a 85% de ácidos graxos insaturados e 17 a 25% de ácidos graxos
saturados, em média (NELSON; COX, 2015; SARTORI et al., 2018). A tabela 10 e os
gráficos 9 e 10 mostram os resultados de ácidos graxos saturados e insaturados obtidos nas
amostras após o tratamento com diferentes doses de radiação gama.
Tabela 10: Composição por CG de Ácidos graxos Saturados e
Insaturados presentes nas amostras não irradiadas e irradiadas.
DOSE AS* AI*
FORMA
(KGy) Média ± DP Média ± DP
0 26,84 ± 0,00 73,17 ± 0,00
De forma geral observa-se que todas as doses testadas causaram variação na proporção
de ácidos graxos saturados e insaturados das amostras em ambos os formatos. As amostras
não irradiadas apresentaram 26,84% de ácidos graxos saturados e 73,17% de insaturados nas
castanhas granuladas e as castanhas inteiras apresentaram 22,18% de ácidos graxos saturados
e 77,47% de insaturados. As nozes, como a castanha-do-Brasil, contêm altos níveis de ácidos
graxos insaturados que são propensos à peroxidação lipídica quando irradiadas (GECGEL et
al., 2011). Percebe-se que a castanha inteira foi a que teve maior variação, principalmente na
dose de 1 KGy, que causou um aumento de cerca de 19% de ácidos graxos saturados e
reduziu cerca de 7% do conteúdo de ácidos graxos insaturados. Já as castanhas granuladas
63
apresentaram uma variação menor, sendo a dose de 1 KGy a que menos influenciou no
conteúdo de ácidos graxos totais.
A cromatografia gasosa permitiu uma análise detalhada dos principais ácidos graxos
presentes nas amostras de castanha-do-Brasil granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas.
A tabela 11 mostra os resultados obtidos com os principais ácidos graxos predominantes nas
amostras. Sendo os mais prevalentes os ácidos oleico, linoleico, palmítico e esteárico. Outros
estudos também descrevem esses 4 ácidos como os mais prevalentes em castanhas-do-Brasil,
como já visualizado na tabela 2 (QUEIROGA et al., 2009; SARTORI et al., 2018). Já os
gráficos de 11 a 14 nos permitem visualizar melhor as diferenças entre as amostras irradiadas
e não irradiadas para cada ácido graxo.
Tabela 11: Principais ácidos graxos presentes nas amostras de castanhas-do-Brasil
irradiadas e não irradiadas.
Ácido Ácido Ácido
DOSE Ácido Oleico
FORMA Linoleico Palmítico Esteárico
(KGy) (C18:1)
(C18:2) (C16:0) (C18:0)
0 49,77 ± 0,00 23,40 ± 0,00 18,45 ± 0,00 8,39 ± 0,00
Gráfico 11: Ácido linoleico em amostras de castanhas Gráfico 12: Ácido palmítico em amostras de castanhas
granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas. granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas.
Gráfico 13: Ácido oleico em amostras de castanhas Gráfico 14: Ácido esteárico em amostras de castanhas
granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas. granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas.
Já nas castanhas inteiras observou-se que as amostras irradiadas com a dose de 1 KGy
apresentaram um aumento evidente de ácido palmítico (gráfico 12) enquanto que as irradiadas
com as demais doses tiveram um aumento de ácido oleico (gráfico c) e diminuição do ácido
linoleico (gráfico 11), indicando que pode ter havido quebra de uma das insaturações do ácido
linoleico (C18:2) formando ácido oleico (C18:1). Ao analisar a tabela 10 percebe-se que há
um aumento dos ácidos graxos saturados e diminuição do insaturados ao longo das doses de
radiação testadas. Frente a isso, pode-se sugerir que, além de converter os ácidos graxos
insaturados em saturados a partir da quebra dessa insaturações, pode ter havido também uma
quebra nas cadeias carbônicas, evidenciando o aumento do ácido palmítico observado
principalmente nas amostras irradiadas com 1 KGy, uma vez que esse ácido graxo saturado
apresenta uma cadeia composta por 16 carbonos.
A análise dos teores de voláteis dos óleos de castanha (ésteres dos ácidos graxos) a
partir do Biplot (PC1 versus PC2) evidenciou a formação basicamente de 3 agrupamentos:
das amostras de castanhas inteiras que apresentam semelhanças no teor de oleato de metila
(“methyl ole”); das amostras granuladas com relação ao teor de linoleato de metila (“methyl
lin”) e estearato de metila (“methyl ste”); e da amostra inteira submetida ao tratamento com
dose de 1 KGy que foi a mais diferente por causa do teor de palmitato de metila (“methyl
pal”) (Gráfico 15).
Gráfico 15. Biplot da análise por PCA dos voláteis dos óleos de castanhas irradiadas e não irradiadas.
I = inteira; G = granulada; 0, 1, 10 e 20 KGy são os valores da dose de radiação.
66
G0KGy
G1KGy
G10KGy
G20KGy
I0KGy
I1KGy
I10KGy
I20KGy
Figura 15: Espectro de RMN 1H (11.74 T, CDCl3) dos óleos de castanha irradiados.
I = inteira; G = granulada; 0, 1, 10 e 20 KGy são os valores de radiação.
A partir dos espectros de RMN 1H dos óleos de castanha foram integrados os sinais
em H 2,77 ppm, H 2,03 ppm e H 2,31 ppm referentes aos ácidos linoleico, oleico e
saturados respectivamente, relativos ao sinal em H 4,29 ppm, conforme Barison et al. (2010).
Os valores estimados dos ácidos graxos estão apresentados na Tabela 12.
influenciou nos perfis químicos dessas amostras. Nota-se que há pouca variação no total de
ácidos graxos insaturados observados em ambos os formatos, porém os teores de ácido oleico
e linoleico variam conforme as doses, com diminuição do ácido linoleico e aumento do
oleico, indicando que possivelmente há uma conversão de ácido linoleico em oleico, o que
também foi pontuado nos resultados da CG.
A irradiação gama em alimento com alto teor de umidade resulta em radicais livres
provenientes da radiólise da água e desencadeiam a oxidação de gorduras, levando a
alterações na composição de ácidos graxos em alimentos com grande quantidade de lipídeos.
Espera-se que essas reações sejam mais lentas em alimentos secos, como as castanhas-do-
Brasil (BRITO, VILLAVICENZIO e MANCINI-FILHO, 2002; MAXIS E KONTAMINAS,
2009).
As diferenças observadas nas composições dos óleos das amostras não irradiadas
granuladas e inteiras observadas nas tabelas 11 e 12 não interferem no resultado, uma vez que
as amostras foram pegas de lotes diferentes. E o objetivo do trabalho não era analisar a
composição de ácidos graxos da castanha-do-Brasil, mas sim a influência do tratamento com
radiação gama nessas amostras. Sendo assim, torna-se interessante estudos que avaliem a ação
da radiação gama na composição da castanha-do-Brasil em formatos diferentes, mas
provenientes de um mesmo lote, de forma a confirmar as variações observadas neste estudo.
6. CONCLUSÃO
O tratamento com radiação gama foi eficiente para eliminar completamente
Aspergillus flavus nas amostras de castanha-do-Brasil inteiras e 90% nas granuladas além de
reduzir a quantidade de AFL nessas amostras, sendo as AFB1 e AFG1 as que apresentaram
maior suceptibilidade à radiação gama. Além disso, as doses testadas pouco alteraram a
composição de ácidos graxos nessas amostras e mantiveram os índices de acidez e peróxidos
dentro do permitido para óleos vegetais, garantindo a qualidade do produto. A composição de
ácidos graxos variou entre as castanhas granuladas e inteiras não irradiadas e irradiadas, com
aumento do ácido esteárico nas castanhas granuladas e do ácido palmítico nas inteiras.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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84
8. ANEXOS
8.1 Análise de variância para o crescimento de Aspergillus flavus em castanha-do-Brasil.
ANOVA AFB1
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 113,1438 1 113,1438 6185540 0,0000
Forma 5,0637 1 5,0637 276830 0,0000
Dose_Radiação 2,2498 3 0,7499 40998 0,0000
Forma * Dose_radiação 0,6208 3 0,2069 11313 0,0000
Erro 0,0003 16 0,0000
ANOVA AFG1
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 109,9703 1 109,9703 47130141 0,00000
Forma 3,3540 1 3,3540 1437443 0,00000
Dose_Radiação 1,9352 3 0,6451 276454 0,00000
Forma * Dose_radiação 0,7329 3 0,2443 104703 0,00000
Erro 0,0000 16 0,0000
ANOVA AFB2
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 57,20211 1 57,20211 11733767 0,000000
Forma 0,27435 1 0,27435 56277 0,00000
Dose_Radiação 0,42348 3 0,14116 28956 0,000000
Forma * Dose_radiação 0,10229 3 0,03410 6994 0,000000
Erro 0,00008 16 0,00000
85
AFG2
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 92,47693 1 92,47693 5125742 0,000000
Forma 0,02313 1 0,02313 1282 0,000000
Dose_Radiação 0,07442 3 0,02481 1375 0,000000
Forma * Dose_radiação 0,00771 3 0,00257 142 0,000000
Erro 0,00029 16 0,00002
AFL total
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 1467,142 1 1467,142 25664283 0,000000
Forma 11,600 1 11,600 202908 0,000000
Dose_Radiação 14,236 3 4,745 83007 0,000000
Forma * Dose_radiação 3,786 3 1,262 22075 0,000000
Erro 0,001 16 0,000
Ácido Esteárico
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 1073,381 1 1073,381 32644,18 0,000000
Forma 7,967 1 7,967 242,28 0,000000
Dose_Radiação 8,089 3 2,696 82,00 0,000002
Forma * Dose_radiação 20,102 3 6,701 203,79 0,000000
Erro 0,263 8 0,033