Cibele Souza Viana Da Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM


FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS - FCF
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS - PPGCF

IRRADIAÇÃO GAMA NA REDUÇÃO DE CONTAMINAÇÃO DE


CASTANHA-DO-BRASIL (BERTHOLLETIA EXCELSA, H.B.K)
POR AFLATOXINAS

CIBELE SOUZA VIANA DA SILVA

MANAUS-AM
2020
1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM


FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS - FCF
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS
FARMACÊUTICAS - PPGCF

CIBELE SOUZA VIANA DA SILVA

Irradiação gama na redução de contaminação de castanha-do-brasil


(bertholletia excelsa, H.B.K) por aflatoxinas

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do
Amazonas, como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientador:

Prof. Dr. Pedro Henrique Campelo Felix

Co-orientador (a):

Profa. Dra Ariane Mendonça Kluczkovski

MANAUS-AM
2020
2
3
4

À Deus, que dá força e coragem.


Aos meus pais e esposo, pelo apoio
incondicional para realização deste
trabalho.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus por seu infinito amor e imensa misericórdia. A Ele todas as vitórias alcançadas. Tu
tens sido tão, tão bom para mim.

A minha família, pela paciência e amor, por nunca desistirem de mim e por serem meus
maiores incentivadores.

A meu esposo, Bruno Sordi Lopes da Silva, por acreditar em mim mais do que eu mesma, por
não me deixar desistir nos momentos mais difíceis, pela compreensão nos meus momentos de
desespero e por todo amor que tem tornado essa caminhada mais fácil. Eu te amo.

Ao meu Orientador Dr. Pedro Henrique Câmpelo Felix, por acreditar e confiar este trabalho a
mim, por todas as inúmeras duvidas sanadas, pelo incentivo que motivou a continuar e pela
amizade aqui formada. O sr. É uma grande inspiração.

A minha coorientadora Dra. Ariane Mendonça Kluczkovski, Rainha da Castanha, por ceder a
matéria-prima para a realiação deste trabalho e por todas as considerações feitas. Seu apoio
foi de grande importância.

Ao laboratório de Irradiação Gama do CDTN, na pessoa do Dr. Márcio Tadeu Pereira, por
permitir a utilização do laboratório, possibilitando o andamento do projeto.

À Dra. Jaqueline de Araújo Bezerra, pelas dúvidas sanadas e pela ajuda com as análises no
RMN.

À. Dra Francisca Souza pelo apoio nas análises dos óleos de castanha.

Ao NECTA e ao BIOPHAR pela colaboração, cedendo espaço para a realização dos testes.

Aos meus amigos da FCF por terem tornado essa caminhada mais fácil e descontraída.

Aos professores do PPGCF da Universidade Federal do Amazonas, por todo os ensinamentos.

A CAPES pelo suporte financeiro.

A todos vocês, Muito Obrigada!


6

RESUMO

A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa, H.B.K) é um alimento nutricionalmente


rico e muito utilizado tanto em sua forma in natura para consumo direto, quanto em formatos
granulados e moídos para uso em produtos de panificação, por exemplo. Trata-se de um
alimento suscetível à contaminação por fungos produtores de aflatoxinas, que são tóxicas a
saúde humana. Sendo assim o controle da contaminação fúngica e micotoxigênica é
importante tanto para evitar grandes perdas econômicas e impacto socioambiental na região
amazônica, quanto por uma questão de saúde pública. Frente a isso o objetivo deste estudo foi
avaliar os efeitos da radiação gama nas doses de 1, 10 e 20 KGy em castanhas-do-Brasil
inteiras e granuladas, contaminadas por aflatoxinas e inoculadas artificialmente com
Aspergillus flavus além de analisar o impacto da radiação na qualidade do óleo e composição
de ácidos graxos e compostos voláteis, visto que a castanha é um produto rico em ácidos
graxos insaturados que favorecem a rancidez oxidativa. Observou-se que todas as doses
testadas conseguiram inibir o crescimento fúngico nas amostras inteiras e granuladas. Quanto
à contaminação por aflatoxinas a dose de 20 KGy foi a que causou maior redução nas
Aflatoxinas totais das castanhas granuladas, reduzindo 20%, enquanto que nas inteiras a
redução foi de apenas 6%. Todas as doses causaram um aumento nos índices de acidez e
peróxidos de ambos os formatos, porém esse aumento ainda está dentro do limite permitido
para validar a qualidade dos óleos vegetais. A composição de ácidos graxos apresentou
variação conforme a dose de radiação usada e o formato da castanha. As amostras granuladas
apresentaram uma composição bem semelhante, com um leve aumento de ácidos graxos
saturados, em especial o ácido esteárico, e diminuição dos insaturados. Já nas amostras
inteiras a dose de 1 KGy foi a que mais alterou a composição de ácidos graxos, causando uma
elevação nos saturados, em especial o ácido palmítico. Apesar disso, essa alteração nos perfis
de ácidos graxos não variou muito do comumente encontrado em castanhas-do-Brasil.
Conclui-se que a radiação gama se mostra um tratamento promissor na redução de aflatoxinas
e eliminação de fungos aflatoxigênicos em castanhas-do-Brasil, além disso o formato da
castanha influenciou na ação da radiação.

Palavras-chave: Radiação gama; Aflatoxinas; Castanha-do-Brasil; Aspergillus flavus.


7

ABSTRACT

Brazil nut (Bertholletia excelsa, H.B.K) is a nutritionally rich food and is widely used both in its
natural form for direct consumption, as well as in granulated and ground formats for use in bakery
products, for example. It is a food susceptible to contamination by fungi producing aflatoxins,
which are toxic to human health. Thus, the control of fungal and mycotoxigenic contamination is
important both to avoid major economic losses and socioenvironmental impact in the Amazon
region, and for public health reasons. In view of this, the objective of this study was to evaluate
the effects of gamma radiation at doses of 1, 10 and 20 KGy in whole and granulated Brazil nuts,
contaminated by aflatoxins and artificially inoculated with Aspergillus flavus in addition to
analyzing the impact of radiation on oil quality and composition of fatty acids and volatile
compounds, as the nut is a product rich in unsaturated fatty acids that favor oxidative rancidity. It
was observed that all doses tested were able to inhibit fungal growth in whole and granulated
samples. As for contamination by aflatoxins, the dose of 20 KGy was the one that caused the
greatest reduction in the total Aflatoxins of the granulated nuts, reducing 20%, while in the whole
the reduction was only 6%. All doses caused an increase in the acidity and peroxide indices of
both formats, however this increase is still within the limit allowed to validate the quality of
vegetable oils. The composition of fatty acids varied according to the radiation dose used and the
shape of the nut. The granulated samples had a very similar composition, with a slight increase in
saturated fatty acids, especially stearic acid, and a decrease in unsaturated acids. In the whole
samples, the dose of 1 KGy was the one that most changed the composition of fatty acids, causing
an increase in saturated acids, especially palmitic acid. Despite this, this change in fatty acid
profiles did not vary much from that commonly found in Brazil nuts. It is concluded that gamma
radiation shows a promising treatment in the reduction of aflatoxins and elimination of
aflatoxigenic fungi in Brazil nuts. In addition, the shape of the Brazil nut influenced the action of
radiation.

Keywords: Gamma radiation; Aflatoxins; Brazil nuts; Aspergillus flavus.


8

LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 – Esquema geral do processo de oxidação lipídica .................................................. 15


Figura 2 – Fluxograma de beneficiamento da castanha-do-Brasil ...........................................17
Figura 3 – Estruturas químicas das Aflatoxinas .......................................................................22
Figura 4 –Métodos de prevenção e descontaminação de micotoxinas ....................................26
Figura 5 – Espectro eletromagnético .......................................................................................28
Figura 6 – Penetrabilidade das radiações ionizantes ...............................................................29
Figura 7 – Formação do Isótopo radioativo Cobalto – 60 .......................................................30
Figura 8 –Ação de produtos da radiólise da água sobre AFL ................................................. 33
Figura 9 – Amostras de castanhas-do- Brasil granuladas e inteiras embaladas .......................35
Figura 10 – Fluxograma de divisão das amostras ....................................................................36
Figura 11 – Câmara de Irradiação do LIG, no CDTN .............................................................38
Figura 12 – Prensa Mecânica utilizada para extração do óleo .................................................40
Figura 13 - Placas para pesquisa de micobiota .......................................................................44
Figura 14 – Degradação de AFB1 por irradiação com feixe de elétrons .................................52
Figura 15 - Espectro de RMN 1H dos óleos de castanha irradiados ........................................65

Tabela 1 - Composição química centesimal e valor energético da castanha-do-Brasil............13


Tabela 2- Principais ácidos graxos presentes na castanha-do-Brasil........................................14
Tabela 3 - Classificação das principais micotoxinas................................................................19
Tabela 4 - Distância das amostras para a fonte de radiação de acordo com a dosagem final
desejada.....................................................................................................................................38
Tabela 5 - Número de UFC/g de A. flavus em amostras inoculadas artificialmente: não
irradiadas e irradiadas ..............................................................................................................45
Tabela 6 - Concentração de aflatoxinas em castanhas contaminadas artificialmente: Não
irradiadas e irradiadas...............................................................................................................47
Tabela 7 - Estudos sobre redução de AFL em alimentos tratados com radiação
gama..........................................................................................................................................50
Tabela 8 - Valores de índice de Acidez (em mg KOH/g) obtidos das amostras de óleo de
Castanha-do-Brasil, irradiadas e não irradiadas........................................................................54
Tabela 9 - Valores de índice de peróxido (em mEq/kg) obtidos das amostras de óleo de
Castanha-do-Brasil, irradiadas e não irradiadas........................................................................56
Tabela 10 - Composição por CG de Ácidos graxos Saturados e Insaturados presentes nas
amostras não irradiadas e irradiadas ........................................................................................59
Tabela 11 - Principais ácidos graxos presentes nas amostras de castanhas-do-Brasil irradiadas
e não irradiadas.........................................................................................................................61
Tabela 12- Composição de óleo calculado pelo espectro de RMN
1
H..............................................................................................................................................65
9

LISTA DE GRÁFICOS E EQUAÇÕES

Gráfico 1 - Crescimento de A. flavus inoculados artificialmente em castanhas-do-Brasil


granuladas e inteiras após o tratamento com radiação gama ...................................................45
Gráfico 2 - Redução de AFB1 em amostras de castanhas inteiras e granuladas após tratamento
com radiação gama ...................................................................................................................48
Gráfico 3 - Redução de AFB2 em amostras de castanhas inteiras e granuladas após tratamento
com radiação gama....................................................................................................................48
Gráfico 4 - Redução de AFG1 em amostras de castanhas inteiras e granuladas após tratamento
com radiação gama....................................................................................................................48
Gráfico 5 - Redução de AFG2 em amostras de castanhas inteiras e granuladas após tratamento
com radiação gama....................................................................................................................48
Gráfico 6 - Redução de AFL total em amostras de castanhas inteiras e granuladas após
tratamento com radiação gama.................................................................................................48
Gráfico 7 - Índice de Acidez (em mg KOH/g) das amostras de óleo das castanhas inteiras e
granuladas após o tratamento com doses de radiação gama.....................................................55
Gráfico 8 - Índice de Peróxidos (em mEq/kg) das amostras de óleo das castanhas inteiras e
granuladas após o tratamento com doses de radiação gama.....................................................57
Gráfico 9 - Ação da radiação gama nos Ácidos Graxos Insaturados de Castanha-do-Brasil
inteira e granulada.....................................................................................................................60
Gráfico 10 - Ação da radiação gama nos Ácidos Graxos Saturados de Castanha-do-Brasil
inteira e granulada.....................................................................................................................60
Gráfico 11 - Ácido linoleico em amostras de castanhas granuladas e inteiras, não irradiadas e
irradiadas...................................................................................................................................62
Gráfico 12 -Ácido palmítico em amostras de castanhas granuladas e inteiras, não irradiadas e
irradiadas...................................................................................................................................62
Gráfico 13 - Ácido oleico em amostras de castanhas granuladas e inteiras, não irradiadas e
irradiadas...................................................................................................................................62
Gráfico 14- Ácido esteárico em amostras de castanhas granuladas e inteiras, não irradiadas e
irradiadas...................................................................................................................................62
Gráfico 15 - Biplot da análise por PCA dos voláteis dos óleos de castanhas irradiadas e não
irradiadas...................................................................................................................................63

Equação 1 – Índice de Acidez ..................................................................................................41


Equação 2 – Índice de Peróxido ...............................................................................................41
10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 13
2.1 Castanha-do-Brasil.......................................................................................................... 13
2.2 Composição da Castanha-do-Brasil ................................................................................ 14
2.3 Produção de castanha-do-Brasil ...................................................................................... 17
2.4 Micotoxinas .................................................................................................................... 20
2.5 Aflatoxinas - AFLs ......................................................................................................... 22
2.6 Aflatoxinas em Castanha-do-Brasil ................................................................................ 25
2.7 Métodos de descontaminação ......................................................................................... 27
2.8 Radiação Ionizante .......................................................................................................... 29
2.9 Radiação Gama ............................................................................................................... 32
2.10 Efeito da Radiação Gama sobre Aflatoxinas ................................................................ 34
3. OBJETIVOS ......................................................................................................................... 36
3.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 36
3.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 36
4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................................ 37
4.1 Amostras ......................................................................................................................... 37
4.2 Inóculo de Aspergillus flavus ......................................................................................... 39
4.3 Contaminação Artificial com Aflatoxinas ...................................................................... 39
4.4 Tratamento por Irradiação............................................................................................... 39
4.5 Inibição do Crescimento Fúngico ................................................................................... 40
4.6 Aflatoxinas ...................................................................................................................... 41
4.7 Extração do óleo de castanha-do-Brasil .......................................................................... 42
4.7.1 Caracterização físico-química do óleo ..................................................................... 42
4.7.2 Composição do óleo - Ácidos Graxos ...................................................................... 43
4.8 Análise Estatística ........................................................................................................... 45
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................................... 46
5.1 Inibição do Crescimento fúngico .................................................................................... 46
5.2 Aflatoxinas ...................................................................................................................... 49
5.3 Índice de Acidez ............................................................................................................. 56
5.4 Índice de Peróxido .......................................................................................................... 58
5.5 Composição do óleo – Ácidos graxos ............................................................................. 61
6. CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 70
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 71
8. ANEXOS .............................................................................................................................. 84
8.1 Análise de variância para o crescimento de Aspergillus flavus em castanha-do-Brasil. 84
8.2 Análise de Variância para AFB1 .................................................................................... 84
8.3 Análise de Variância para AFG1 .................................................................................... 84
8.4 Análise de Variância para AFB2 .................................................................................... 84
8.5 Análise de Variância para AFG2 .................................................................................... 85
8.6 Análise de Variância para AFLtotal ............................................................................... 85
8.7 Análise de Variância para índice de acidez .................................................................... 85
8.8 Análise de Variância para índice de peróxido ................................................................ 85
8.9 Análise de Variância para Ácidos Graxos Saturados ..................................................... 86
11

8.10 Análise de Variância para Ácidos Graxos Insaturados ................................................. 86


8.11 Análise de Variância para Ácido Linoleico .................................................................. 86
8.12 Análise de Variância para Ácido Palmítico .................................................................. 86
8.13 Análise de Variância para Ácido Oleico ....................................................................... 87
8.14 Análise de Variância para Ácido Esteárico .................................................................. 87
12

1. INTRODUÇÃO
A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa, H.B.K) é uma das mais importantes
espécies de exploração extrativista da Amazônia. É considerada um alimento
nutricionalmente rico, cuja composição é formada, principalmente, por ácidos graxos
insaturados, proteínas de alto valor biológico, além de ser uma ótima fonte de vitaminas,
fibras e minerais, com destaque para seu teor de selênio, que é um importante antioxidante
estudado na prevenção de câncer e doenças cardiovasculares. Todas essas propriedades,
aliadas ao seu sabor exótico, contribuem para a valorização deste alimento tanto no mercado
nacional quanto no internacional (SILVA et. al., 2010; KLUCZKOVSKI e SCUSSEL, 2015).

Entretanto, as condições climáticas da floresta Amazônica, região onde a cadeia


produtiva de castanha-do-Brasil está inserida, caracteriza-se por temperaturas elevadas e
umidade alta, o que favorece a contaminação por fungos produtores de micotoxinas, como as
aflatoxinas (AFLs), contaminantes que, quando ingeridos através dos alimentos podem afetar
a saúde humana com ação carcinogênica e mutagênica, além de também favorece a rancidez
do produto (ZAJDENWERG et al., 2011; ANDRADE et al., 2013; MASSI et al., 2014).

Devido ao elevado índice de contaminação por AFLs em lotes de castanha-do-Brasil, a


União Européia passou a exigir condições especiais para a importação do produto, dentre elas
a determinação dos teores de AFLs por laboratórios credenciados ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (BRASIL, 2000). Já no Brasil, as exigências
para o controle de AFLs são menos restritivas, o que faz com que os lotes rejeitados pelos
países europeus sejam direcionados para o mercado nacional, representando um risco para a
saúde da população, que consome a castanha-do-Brasil tanto inteira quanto granulada. Sendo
assim, o controle da contaminação fúngica e micotoxigênica é importante tanto para evitar
grandes perdas econômicas e impacto socioambiental na região amazônica, quanto por uma
questão de saúde pública.

A legislação brasileira libera o uso do radioisótopo cobalto-60 para irradiar alimentos


e o emprego desse tratamento pode ser um método válido para prevenir os riscos de
contaminação por fungos aflatoxigênicos, além de representar uma alternativa viável para a
descontaminação de castanha-do-Brasil. Porém, estudos sobre os efeitos da radiação gama na
castanha-do-Brasil ainda são escassos.
13

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Castanha-do-Brasil
A Castanheira (Bertholletia excelsa H.B.K) é uma árvore da família Lecythidaceae,
nativa das matas de vários países da região Amazônica como Peru, Venezuela, Colômbia,
Suriname, Guiana Francesa, Bolívia e Brasil, cobrindo uma superfície de aproximadamente
325 milhões de hectares, com suas formações mais densas estando no Brasil, nos estados do
Acre, Rondônia, Pará, Amapá, Mato Grosso, Goiás e Amazonas (COSTA, 2009; SALOMÃO,
2009; JUNIOR et al., 2017). Apresenta um bom desenvolvimento em regiões que apresentam
clima quente e úmido, com tipos climáticos tropicais chuvosos predominantes e períodos de
estiagem bem definidos (MULLER et al., 1995).

A castanheira é uma árvore que pode atingir a altura de 50 m, com diâmetro entre 1 e
3 metros, apresenta tronco cilíndrico, reto e liso, que se ramifica apenas na porção superior da
copa, que pode atingir cerca de 20 e 35 m de diâmetro (LORENZI, 2010; SCHÖNGART et
al., 2015). A queda dos seus frutos (ouriços) ocorre na estação chuvosa, durante os meses de
novembro a abril. Com a queda desses ouriços alguns roedores, como as cutias, alimentam-se
das sementes (amêndoas) de castanha, a partir da quebra dos ouriços, deixando o excedente
no chão da floresta, que pode brotar e “perpetuar” a espécie. Por ser rústica, apresenta uma
elevada sobrevivência e crescimento rápido em plantios heterogêneos em áreas degradadas
pela mineração (BAQUIÃO, 2012).

O fruto da castanheira, o ouriço, é uma cápsula globosa, quase esférica, que mede
cerca de 8 a 15 cm de diâmetro, possui casca espessa, lenhosa, dura e de cor castanha e pode
chegar a pesar até 1,5 kg (RODRIGUES, 2016; SANTOS, 2012). Em seu interior pode
conter, em média, 15-25 sementes, que apresentam uma casca dura e irregular (triangular) e,
as quais envolvem a amêndoa, parte comestível do fruto, chamada de castanha-do-brasil
(FREITAS-SILVA e VENÂNCIO, 2011).

As amêndoas da Castanheira-do-Brasil são um dos principais produtos do extrativismo


exportado pela região Norte. Segundo o IBGE (2018), a produção brasileira de castanha-do-
Brasil no ano de 2017 foi de 26.191 toneladas, o Acre foi o estado com a maior participação
com 36,3% da produção, seguido por Amazonas com 27%, Pará com 26,9%, Rondônia com
4,4%, Mato Grosso com 4%, Amapá com 1,1% e Roraima com 0,3%, além de ser uma
atividade ligada à conservação da Floresta Amazônica, uma vez que a coleta das castanhas-
14

do-brasil não exige a derrubada da castanheira em si, sendo então, de baixo impacto ambiental
(RODRIGUES, 2016).

2.2 Composição da Castanha-do-Brasil


A castanha-do-Brasil é bastante apreciada pelos seus consumidores, dotada de um
sabor exótico, ela pode ser consumida tanto “in natura” como misturada em outros
alimentos. Trata-se de uma matéria-prima com grande diversidade de produtos e subprodutos,
inclusive extração de seu óleo, que pode ser usado em aplicações farmacêuticas, cosméticas e
alimentícias (FREITAS et al., 2007; SANTOS et al., 2010). O maior mercado da castanha-do-
Brasil é devido ao grande uso na indústria alimentícia, que além de ser um alimento de alto
valor nutricional, pode ser usado na produção de farinha desengordurada, panificação,
confeitarias, mingaus, bolos, biscoitos, doces, suplementos proteicos, leites, bebidas
dietéticas, sorvetes, entre outros (MARTINS et al., 2008)

A castanha-do-Brasil é constituída principalmente por ácidos graxos insaturados e


proteínas que apresentam alto valor biológico. Apresentando abundância em lipídeos,
proteínas, carboidratos, fibras e é uma fonte de vitaminas e minerais, entre eles a tiamina,
niacina, vitamina E, vitamina B6, selênio (Se), ferro (Fe), magnésio (Mg) e manganês (Mn)
que são interessantes no ponto de vista nutricional, com destaque ao elevado percentual de
selênio, que é um importante antioxidante e vem sendo vinculado a redução de alguns tipos de
câncer e outras doenças (CHUNHIEG et al., 2008; YANG, 2009; RODRIGUES et al., 2009;
PENNACCHIO, 2012).

Estudos mostram que a castanha-do-Brasil apresenta cerca de 60 a 70% de lipídios e


15-20% de proteínas, cerca de cinco vezes do valor proteíco apresentado pelo leite bovino “in
natura”. Devido ao grande teor de lipídios presente na amêndoa da castanha, o valor
energético (Kcal) é de cerca 670 Kcal (KLUCZKOVSKI E SCUSSEL, 2015; MOREDA-
PIÑEIRO et al., 2018). A Tabela 1 apresenta a composição centesimal da castanha-do-Brasil.
15

Tabela 1: Composição química centesimal e valor energético da castanha-do-Brasil.

Souza; Venkatashalam; USDA Felberg et Freitas Cardoso


Menezes Sathe (2006) (2008) al. (2009) (2010) (2017)
(2004)

Valor energético
676,5 NI NI NI 655,9 693,0
(Kcal)

Lipídios (g) 67,3 66,7 69 70,6 64,9 66,2

Proteínas (g) 14,3 19,9 18 14,3 14,1 15,2

Carboidratos (g) 3,4 0,7 13 11,6 6,3 12,4

Fibra total (g) 8,02 NI NI NI 8,0 7,7

NI: Não informado

A castanha-do-Brasil é conhecida como “carne vegetal”, devido ao seu teor de


proteínas, que contem todos os aminoácidos essenciais, especialmente os sulfurados
(metionina e cisteína), que geralmente é insuficiente em proteínas vegetais (KLUCZKOVSKI
et al., 2015). Os escores químicos apresentados por esses aminoácidos são superiores aos do
padrão teórico recomendado pela Food and Agriculture Organization (FAO) (SOUZA e
MENEZES, 2004).

Em relação à composição de lipídios, a castanha-do-Brasil é rica em ácidos graxos


monoinsaturados e poli-insaturados, que tem potencial de diminuir o colesterol ruim do
sangue (LDL) e aumentar o colesterol bom (HDL), ajudando na prevenção de doenças
cardiovasculares (CARDOSO, 2017). A relação entre os saturados, monoinsaturados e poli-
insaturados é 25:41:34 (KLUCZKOVSKI e SCUSSEL, 2015), mostrando que o teor de
gordura insaturada na castanha-do-Brasil é maior do que em qualquer outra noz (MOREDA-
PIÑEIRO et al., 2018).

A fração lipídica da castanha-do-Brasil é composta majoritariamente por ácidos graxos


insaturados, sendo 37,75% de ácido poliinsaturado linoleico e 37,42% de ácido
monoinsaturado oléico, totalizando 75,17% dos ácidos graxos totais, enquanto que os outros
24,83% equivalem aos ácidos graxos saturados, como o ácido palmítico e esteárico, cujo teor
16

desses ácidos presentes na castanha-do-Brasil está entre os mais altos em relação ao de outras
nozes como macadâmia, amendoim, castanha de caju e pistache (COLPO et al., 2014;
SILVA, 2014). O elevado teor de ácidos graxos insaturados da castanha-do-Brasil pode
auxiliar a redução da pressão arterial, redução de níveis de marcadores inflamatórios
sistêmicos e a ingestão regular desses ácidos estão associados a redução da mortalidade por
doenças cardiovasculares (MASSI et al., 2014; VADIVEL; KUNYANGA; VADIVEL,
2012). A Tabela 2 apresenta os principais ácidos graxos presentes na castanha-do-Brasil de
acordo com alguns autores.

Tabela 2: Principais ácidos graxos presentes na castanha-do-Brasil.

Componentes Silva et al. Santos et al. Colpo et al. Ozcan et al. Sartori et al.
(ácidos) (2010) (2012) (2014) (2017) (2018)

Palmítico 13,33 14,24 16,74 13,51 15,94


(C16)

Esteárico 10,78 11,19 9,97 8,91 11,30


(C18)

Oléico 36,21 36,26 28,52 31,71 32,83


(C18:1)

Linoléico 38,28 37,53 36,04 44,39 39,35


(C18:2)

Linolênico NI 0,076 0,11 0,11 NI


(C18:3)

NI: Não informado

Devido ao elevado índice de ácidos graxos insaturados, a castanha-do-Brsil é um


alimento altamente sensível aos processos oxidativos os quais os lipídios estão expostos
(FENNEMA,2018). Essas reações de oxidação lipídica ocorrem em três fases: a iniciação,
propagação e terminação, como mostrado na figura 1. Na fase de iniciação um radical livre
R∙, é formado a partir de um triglicerídeo ou ácido graxo livre, quando há a interação com o
oxigênio na presença de alguns iniciadores, como a luz, calor e radiação. Na fase da
propagação, o radical livre R∙ pode reagir com o O₂ formando um radical peróxido que, por
sua vez, reage com um triglicerídeo ou ácido graxo livre, produzindo hidroperóxidos e um
novo radical livre, que continuará o processo de propagação. A fase final, de terminação,
ocorrerá quando dois radicais livres reagirem entre si, levando à formação de um produto
estável. Ao final dessa reação, podem ser detectados a presença de compostos carbonil,
17

aldeídos, hidrocarbonetos e produtos tóxicos, considerados como rancidez oxidativa (DIAS E


ALVEZ, 2013; ARAÚJO et al., 2015).

Figura 1: Esquema geral do processo de oxidação lipídica (ABREU, 2006).

Estes processos oxidativos além de diminuir a qualidade nutricional do alimento, são


responsáveis pelo surgimento de cheiro e sabor rançoso, sendo uma importante causa de
deterioração de alimentos e um sério problema econômico e tecnológico uma vez que a
alteração na cor e formação de compostos tóxicos secundários à oxidação tornam estes
alimentos menos aceitáveis ou inaceitáveis pelo consumidor. Sendo assim, a taxa de oxidação
é um parâmetro de qualidade importante que deve ser monitorado (FUNASAKI et al., 2013;
COELHO, 2012; SILVA, 2014).

2.3 Produção de castanha-do-Brasil

O sistema de produção de castanha-do-Brasil é extrativista, e ainda é a principal


atividade econômica de milhares de famílias da Amazônia. Consiste em uma atividade que
ocorre desde o século XIX e envolve desde comunidades indígenas até mão-de-obra
industrial, onde cada safra mobiliza em média 100.000 pessoas (ALVARES, 2012;
KLUCZKOVSKI e SCUSSEL, 2015).
18

O processo inicia com a coleta da castanha na floresta, após a queda do ouriço da


castanheira na época das chuvas (geralmente de dezembro a março), em que se utilizam
poucos investimentos tecnológicos, usando uma técnica simples de coleta, quebra de ouriços,
realizadas ainda dentro das florestas e em seguida, o transporte é feito até as indústrias de
beneficiamento (CALDERARI, 2011; SANTOS, 2012). Esse extrativismo necessita de boas
práticas de manejo, de forma a evitar a contaminação das castanhas, principalmente nas fases
de lavagem, secagem e armazenamento (TONINI et al., 2014).

A cadeia produtiva da castanha segue a legislação brasileira MPRCA “Medidas para


prevenção e redução de contaminação por aflatoxinas” e as medidas de higiene e manejo
(MHM) (BRASIL, 2011). Dentre as fases práticas iniciais da cadeia produtiva da castanha-
do-Brasil está a de enterrar ou depositar em locais distantes da área de coleta, os restos de
safras anteriores, além disso, deve-se fazer a quebra dos ouriços em áreas limpas em cima de
sacos brancos, de forma a facilitar a visualização das castanhas deterioradas e, após a quebra
do ouriço, as castanhas devem ser retiradas da floresta no menor tempo possível e com um
armazenamento adequado (NOGUEIRA et al., 2010; BRASIL, 2011).

O transporte da área extrativista até as usinas de beneficiamento ocorre por via fluvial,
na maioria das vezes, em embarcações de pequeno porte, no período de chuvas intensas,
devido à elevação dos níveis das águas. Esse transporte deve conter atividades que previnam a
contaminação fúngica, como a aeração dos ambientes, uma vez que esse risco aumenta com
as condições ambientais da floresta Amazônica (KLUCZKOVSKI et al., 2015;
RODRIGUES, 2016).

O beneficiamento da castanha-do-Brasil consiste em preparar a matéria-prima para o


consumo, seja ele com ou sem casca. Dentre as etapas de beneficiamento estão: recepção,
armazenamento, lavagem, tratamento térmico, descasque, seleção, classificação, desidratação,
polimento, pesagem, embalagem e armazenamento, a Figura 2 mostra um fluxograma
resumido do beneficiamento da castanha-do-Brasil.
19

Figura 2: Fluxograma de beneficiamento da castanha-do-Brasil


20

O baixo nível tecnológico em algumas etapas da cadeia produtiva favorece a


constituição de pontos de contaminação com consequentes riscos à saúde do consumidor e a
perdas econômicas. A coleta, secagem, armazenamento e o transporte da castanha do Brasil
são considerados etapas críticas, pois dependendo de como forem realizadas, há maior ou
menor chance de contaminação por fungos e possíveis toxinas (VALOIS, 2003; ÁLVARES,
2012). Para evitar ao máximo essa contaminação, Boas Práticas de Manejo (BPM) na fase de
pré-colheita até a pós-colheita dos ouriços devem ser incorporadas, pois além de evitar a
proliferação fúngica e contaminação por micotoxinas, são um importante incentivo para
apoiar ações de manejo florestal comunitário como uma estratégia de uso e conservação da
floresta (SIMÕES, 2004; VIEIRA e TEIXEIRA, 2012).

Ao final da produção, a castanha pode ser comercializada com ou sem casca,


desidratadas ou semidesidratadas, moída (farinha), inteira ou granulada, e ainda a granel, ou
seja, o beneficiamento pode ou não ser realizado (CALDERARI,2013; KATO et al., 2018).
Além da importância para a exportação, esses produtos são muito utilizados na culinária
regional e também como ingredientes de produtos industriais, com snacks saudáveis e
produtos de panificação, como pães e bolos. Merecendo uma atenção especial quanto à
presença de contaminantes que reduzam a sua qualidade e são perigosos para a saúde dos
consumidores.

2.4 Micotoxinas

A palavra micotoxina tem sua origem do grego “mykes”, que significa fungo, e do
latim “toxicum” que significa veneno ou toxina (GOLDBLATT, 1972; MOSS,1998).
Compreende um conjunto de substâncias tóxicas, produzidas por fungos filamentosos,
conhecidos como bolores, e podem causar graves danos à saúde humana e animal, com ação
cancerígena e hepatotóxica, dependendo da quantidade encontrada nos alimentos (COELHO,
2012). São comumente encontradas em uma grande variedade de alimentos, incluindo cereais,
leguminosas, nozes e oleaginosas (SCUSSEL et al., 2014; PIACENTINI et al., 2015).

Existem hoje mais de 300 substâncias classificadas como micotoxinas. Elas são
metabólitos secundários de fungos, termoestáveis, com baixo peso molecular, possuem uma
alta estabilidade química, sendo resistentes a altas temperaturas, a tratamentos químicos e
ação de enzimas digestivas e, por isso, podem permanecer nos alimentos mesmo após a
remoção dos fungos durante a industrialização dos produtos (ASTROVIZA e SUAREZ,
21

2005; LOPES et al., 2005; PEREIRA e SANTOS, 2011). A ausência aparente de sinais de
contaminação fúngica, por outro lado, não significa que o alimento encontra-se livre de
toxinas (FERREIRA et al., 2014).

As principais micotoxinas são produzidas, principalmente, por fungos dos gêneros


Aspergillus spp., Fusarium spp., Penicillium spp., Alternaria spp. e Claviceps spp.
(RODRIGUES, 2016; XAVIER e SCUSSEL, 2008). A Agência Nacional para Pesquisa em
Câncer (IARC), em 1993, avaliou o potencial cancerígeno de algumas micotoxinas
consideradas de maior risco à saúde humana e classificou-as quanto ao risco (Tabela 3)
(IARC, 2002).

Tabela 3: Classificação das principais micotoxinas.

Classificação Micotoxinas

Carcinógenos do grupo 1 Aflatoxinas

Fumonisina
Carcinógenos do grupo 2B
Ocratoxina

Tricoteceno
Carcinógenos do grupo 3 Zearalenona
Patulina

Fonte: IARC (2002)

Esses fungos toxigênicos podem crescer e produzir toxinas em produtos agrícolas, nas
diversas etapas do desenvolvimento da planta, colheita ou estocagem de alimentos, durante o
transporte, na indústria ou qualquer momento da fase de consumo do produto final, quando há
a exposição às toxinas através da ingestão de alimentos contaminados (COELHO,2012; DA
SILVA, 2014).

A produção de micotoxinas vai depender de vários fatores intrínsecos aos alimentos


como a susceptibilidade do substrato, a composição nutricional do alimento, teor de umidade
e atividade de água, pH, e fatores extrínsecos como a temperatura do ambiente, umidade
22

relativa do ar, aeração, danos mecânicos, tempo de armazenamento do produto e até mesmo
competição microbiológica (KLUCZKOVSKI e SCUSSEL, 2015).

Essa contaminação de alimentos por micotoxinas pode levar a perdas econômicas de


milhões de dólares para o comercio nacional e internacional, uma vez que muitos países
estabeleceram limites máximos para micotoxinas em alimentos, juntamente com o impacto
para a saúde humana e animal (MARIN et al., 2013). Os principais alimentos suscetíveis a
contaminação por micotoxinas incluem o amendoim, milho e castanhas, em especial a
castanha-do-Brasil (IAMANAKA et al., 2010; COELHO, 2012).

As doenças causadas pelo consumo de micotoxinas são as micotoxicoses e a gravidade


dos sintomas depende diretamente do tipo e toxicidade da micotoxina, da quantidade que foi
ingerida, do tempo de ingestão dos alimentos contaminados, além de fatores como sexo, idade
e estado nutricional e de saúde da pessoa. Os sintomas podem ir desde lesões na pele,
hepatotoxicidade, neurotoxicidade, nefrotoxicidade, efeitos mutagênicos, teratogênicos e
imunossupressores podendo chegar até a morte (BANDO, 2007; IAMANAKA et al., 2013;
SCUSSEL et al., 2014).

Devido aos riscos à saúde relacionados ao consumo de alimentos contaminados com


micotoxinas, assim como aos prejuízos que essa contaminação causa na economia, diversos
países criaram legislações que estabelecem os limites máximos toleráveis (LMT) específicos
para os diferentes tipos de micotoxinas em uma variedade de alimentos, baseados em aspectos
científicos, hábitos alimentares, clima, com a finalidade de minimizar os efeitos negativos
causados por essas toxinas (KLUCZKOVSKI e SCUSSEL, 2015; XAVIER, 2007; SAVI et
al., 2014). Os LMT estabelecidos para uma ou várias micotoxinas variam de acordo com cada
país e com características de consumo do alimento, importação e exportação do mesmo. No
Brasil a Resolução – RDC nº 7, de 18 de fevereiro de 2011 da Agencia Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), dispõe sobre os limites máximos tolerados para micotoxinas
em alimentos (BRASIL, 2013).

2.5 Aflatoxinas - AFLs

As AFLs são micotoxinas produzidas no metabolismo de fungos do gênero


Aspergillus, entre eles A. flavus, A. parasiticus, A. nomius, A. niger e A. fumigatus. Esse
grupo de micotoxinas são consideradas as mais tóxicas, destacando-se por serem
23

hepatotóxicas, teratogênicas e mutagênicas (PINHEIRO, 2004; FONSECA, 2006; ISMAIL et


al., 2016).

Este grupo de micotoxinas foi descoberto durante um estudo das causas de um


acidente econômico ocorrido em 1960, na Inglaterra, que resultou na morte de cerca de
400.000 perus devido ao consumo de ração contaminada associada a lotes com farelo de
amendoim exportados pelo Brasil e consumido por essas aves. Após um estudo detalhado,
descobriu-se um composto altamente tóxico aos animais e, em 1961, foi identificado A. flavus
como produtor da AFL, daí a origem desse nome (A. flavus - Afla) (BLOUNT, 1961;
ZOLLNER, 2006; OGA, 2008; FERREIRA et al., 2014). Desde então, as AFLs vem sendo
muito estudadas.

Existem, atualmente, mais de 17 tipos de AFLs conhecidas, porém as mais tóxicas


para a saúde humana são as Aflatoxinas B1 (AFB1), Aflatoxinas B2 (AFB2), Aflatoxinas G1
(AFG1) e Aflatoxinas G2 (AFG2), que são tipicamente relatadas em alimentos secos (cereais,
especiarias, nozes). Além das aflatoxinas M1(AFM1) e M2 (AFM2) que são produtos do
metabolismo das AFB1 e AFB2, respectivamente e são detectadas em amostras de leite, urina
e fezes de alguns mamíferos (TEIXEIRA, 2008; UDOMKUN et al., 2017; AKHTAR et al.,
2017).

Quimicamente, as AFLs são compostos heterocíclicos oxigenados, onde as AFG1 e


AFG2 se diferem quimicamente das AFB1 e AFB2 pela presença de um anel 3-lactona, no
lugar do anel ciclopentanona, além da presença de uma dupla ligação entre o C8 e C9,
encontrada na forma de um éter vinil no anel terminal furano nas AFB1 e AFG1, mas que não
são encontrados em AFB2 e AFG2, como pode ser visto na Figura 3 (JAIMEZ et al., 2000;
SCUSSEL et al., 2011; LUO et al., 2018).
24

Figura 3: Estruturas químicas das Aflatoxinas.


Fonte: ZAIN et al., (2011).

As AFL são classificadas de acordo com a fluorescência emitida sob luz UV, onde as
AFB1 e AFB2 emitem fluorescência azul (blue) e as AFG1 e AFG2, fluorescência verde
(green). Esses compostos são ainda instáveis à luz e degradáveis em temperaturas acima de
100 ºC. São substâncias apolares, solúveis em solventes como o clorofórmio, metanol e
acetonitrila (GOWDA et al., 2007; KLISCH, 2007; COSTA et al., 2017).

As AFL apresentam diferentes graus de toxicidade, apesar das semelhanças


estruturais. A AFB1 é a variante mais tóxica e mais abundante nos alimentos, conhecida por
ser carcinogênica, teratogênica e mutagênica, causando principalmente danos no fígado. A
AFG1 é consideravelmente mais tóxica que as AFB2 e AFG2 e, geralmente não são relatadas
nos alimentos na ausência de AFB1 (JOHNSSON et al., 2008; CALDERARI et al., 2013;
CAMPOS et al., 2017). AFLs totais refere-se à soma dessas 4 aflatoxinas relacionadas
(AFB1+AFB2+AFG1+AFG2).

As AFLs são absorvidas pela pele, pulmão e trato-gastrointestinal e sua


biotransformação ocorre, primariamente, no fígado e pode então ser encontrada no sangue,
tecidos e produtos de excreção (CAVALIERE e al., 2007).

Os impactos na saúde causados pelas AFLs dependem da quantidade ingerida e do


tempo de exposição, podendo ser aguda ou crônica. O consumo crônico de alimentos com
baixas doses de AFLs, chamado de aflatoxicose crônica, pode favorecer o surgimento do
25

carcinoma hepatocelular ou outras doenças hepáticas e, ainda, levar a imunossupresão. Porém,


a ingestão de alimentos com alto grau de contaminação e em um curto período de tempo,
chamado de aflatoxicose aguda, pode ter efeitos hepatotóxicos, como necrose e degeneração
gordurosa. Além disso, estudos epidemiológicos demonstraram que o risco de câncer de
fígado é aumentado por inúmeros fatores, como a presença do vírus da Hepatite B, sendo o
potencial cancerígeno das AFLs aumentado em até 30 vezes para as pessoas com esse vírus
(SCHNEIDER, 2007; OLIVEIRA e GERMANO, 1997; FREIRE et al., 2007; CARÃO et al.,
2013; VERHEECKE et al., 2016).

O gênero Aspergillus está entre os mais importantes na deterioração de alimentos e se


caracterizam pelo desenvolvimento de colônias coloridas e brilhantes. É um gênero
amplamente distribuído, ocorrendo frequentemente em regiões tropicais e subtropicais com
umidade elevada e altas temperaturas. A. flavus destaca-se por ser uma importante espécie
produtora de AFLs, produz predominantemente AFB1 e AFB2, enquanto que A. parasiticus
também sintetiza AFG1 e AFG2 (PITT e HOCKING, 2009; CALDERARI et al., 2013).

Os fungos toxigênicos são extremamente adaptáveis, capazes de produzir micotoxinas


em condições favoráveis em uma variedade de substratos. A. flavus desenvolve-se bem em
substratos oleaginosos, apresentando maior capacidade de produção de AFLs. A ocorrência
dessas substâncias é comum também em milho, amendoim, algodão e nozes. Essas espécies
de fungos são frequentes durante o armazenamento, apesar de também serem capazes de
colonizar grãos e sementes ainda no campo (CASTRO et al., 1995; FREIRE et al., 2007;
OLIVEIRA, 2018).

2.6 Aflatoxinas em Castanha-do-Brasil

Apesar de ser destaque pelo seu valor nutricional, a castanha-do-Brasil, por ser um
ótimo substrato para fungos, está sujeita à contaminação por micotoxinas, principalmente as
AFLs, podendo ocorrer à contaminação em qualquer etapa do desenvolvimento da planta,
colheita ou armazenamento do produto (FREIRE et al., 2007; MANFIO et al., 2012;
MARTINS, 2014).

A ocorrência de AFLs em castanha-do-Brasil constitui um entrave para a exportação


deste produto, desde 1998, quando a União Européia (EU) restringiu limites para AFL total e
AFB1 para 4 e 2 ng/g, respectivamente. Além disso, a devolução de lotes, em 2003, por
países importadores devido ao elevado nível de contaminação por toxinas, levou a UE a
26

estabelecer condições especiais para a importação de castanha com casca (ARRUS et al.,
2005; ÁLVARES et al., 2012), como o atendimento as boas práticas extrativistas e a
determinação dos teores de AFLs por laboratórios credenciados junto ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que começou a elaborar programas de
monitoramento da cadeia produtiva da castanha-do-Brasil, com o objetivo de controlar a
contaminação (BRASIL, 2000).

Desde 2010, a UE estabeleceu limites máximos de 5 e 10 μg/kg para AFB1 e AFLs


totais em castanha-do-Brasil direcionada para consumo direto (EUROPEAN UNION, 2010),
já nos Estados Unidos, o limite para AFLs totais em castanha-do-Brasil é 20 μg/kg (FDA,
2011). No Brasil, esse limite é definido a partir da Resolução (RDC Nº07/2011) que dispõe
sobre os LMTs para diversas micotoxinas em vários alimentos (BRASIL, 2011, 2013). No
que se refere á castanha-do-Brasil aquelas comercializadas sem casca e para consumo direto
tem limite máximo de AFL total (AFB1+AFB2+AFG1+AFG2) de 10 μg/kg, a castanha-do-
Brasil com casca e para consumo direto, o limite máximo para AFL total é de 20 μg/kg, já
aquelas amêndoas que ainda passarão por processamento posterior, o limite tolerado para
AFL total é de 15 μg/kg (BRASIL, 2011).

Há estudos sobre a ocorrência de AFL em castanha-do-Brasil onde tanto a casca


quanto a amêndoa demonstraram ser passíveis de contaminação e que o maior risco está nas
frações defeituosas, como cascas e amêndoas deterioradas (VARGAS et al., 2011). Devido às
condições ambientais na região Norte, como temperatura entre 25 e 35° C e o clima úmido
com UR > 60% e chegando a 97% no período da colheita, a castanha fica suscetível à
contaminação, principalmente por fungos produtores de AFL (SOUZA et al., 2004).

Alguns fatores intrínsecos dos alimentos, como o teor de umidade e a atividade de


água (Aw) podem exercer influências para o crescimento de fungos toxigênicos. O teor de
umidade, é usualmente expresso em termos de umidade absoluta do material, ou seja, o total
de água (ligada e não ligada) contida no alimento (CALDERARI et al., 2013). Pacheco e
Scussel (2006) citam que a castanha-do-Brasil tem sua estabilidade assegurada quando o teor
de umidade está na faixa de 3 a 6,5%, considerada eficiente para controlar a proliferação
fúngica e produção da toxina.

A atividade de água (Aw) é o teor de água livre disponível nos alimentos que favorece
o crescimento microbiológico. As condições ambientais da floresta Amazônica influenciam
27

para um aumento na Aw e umidade das castanhas-do-Brasil, favorecendo a produção de AFL


(MANFIO et al., 2012; MAZOKOPAKIS et al., 2018). Para um armazenamento seguro
quanto à produção de AFL, a Aw deve estar abaixo de 0,70 pois poucos fungos têm a
capacidade de crescer em atividade de água abaixo deste valor. As espécies de Aspergillus
flavus, requerem uma atividade de água mínima em torno de 0,78 a 33 ºC e 0,84 a 25 ºC para
crescer e acima de 0,87 para a produção de aflatoxinas (PITT e HOCKING, 2009;
BAQUIÃO, 2012). Com poucas exceções, é possível afirmar que alimentos desidratados
serão estáveis, à deterioração por microorganismos, quando Aw <0,70 (CODEX
ALIMENTARIUS, 2010).

Vale ressaltar que, apesar de condições de baixa Aw na castanha após seu


processamento, é possível encontrar contaminação, pois quando expostas temporariamente a
condições favoráveis ao desenvolvimento a contaminação ocorre, por isso a necessidade de
monitoramento e boas práticas em todas as etapas de processamento da castanha-do-Brasil
(SILVA, 2014).

Nos últimos anos, vários trabalhos vêm demonstrando a ocorrência de AFL em


amêndoas de castanha-do-Brasil, Pacheco et al. (2010) detectou AFL em 7,5% das amostras
coletadas em Manaus, com concentrações de AFL que iam de 8 a 686 μg/kg. Um estudo
realizado por Calderari et al., (2013), foram analisados amostras de castanha-do-Brasil
provenientes da Floresta Amazônica, em diferentes fases da cadeia produtiva até a sua
comercialização em supermercados de São Paulo, e demonstrou que A. nomius foi a espécie
mais comum encontrada nas amostras (30%), seguida por A. flavus (29%). Iamanaka et al.
(2013) avaliaram amostras vendidas em supermercado (n=21) e encontraram média de AFL
total de 0,24 μg/kg e máximo de 0,98 μg/kg.

2.7 Métodos de descontaminação

Desde a descoberta das AFL, em 1960, vários procedimentos têm sido propostos com
o objetivo de minimizar a ingestão de alimentos contaminados por AFL (OGUZ et al., 2002).
Os métodos convencionais para prevenção da contaminação por micotoxinas, muitas vezes,
requer abordagens pré e pós-colheita. As abordagens pré-colheita lidam com o controle da
contaminação fúngica no campo, enquanto os métodos pós-colheita lidam com a classificação
e o armazenamento adequado (PANKAJ et al., 2018). Por exemplo, segundo a Association of
Official Analytical Chemists (AOAC), a retirada das cascas e amêndoas deterioradas pode
28

contribuir para a redução de AFL em castanha-do-Brasil, assim como os processos de


secagem, que tem o objetivo de diminuir a Aw das amostras e controlar, assim, o crescimento
fúngico e produção de AFL (AOAC, 2005; VARGAS et al., 2011).

Fatores ambientais, bem como a falha na aplicação de boas práticas agrícolas


favorecem a contaminação, levando a necessidade de métodos descontaminação dos produtos
(BOVO et al., 2013; LUO et al., 2018). Muitas vezes, as abordagens pré e pós-colheita não
são suficientes e exigem processamento adicional de descontaminação dos alimentos (JARD
et al., 2011).

As AFL apresentam grande resistência a tratamentos convencionais aplicados no


processamento de alimentos, incluindo pasteurização, esterilização e outros tratamentos
térmicos, devido a sua grande estabilidade ao calor. As temperaturas de decomposição de
AFL variam de 237 a 306 ºC e, quando aquecida à temperatura de decomposição a AFB1, por
exemplo, emite uma fumaça acre (LEWIS, 2004; ISMAIL et al., 2018). Para estratégias de
descontaminação foram testadas diferentes abordagens para remover ou degradar AFL nos
alimentos, onde os principais são classificados em métodos físicos, químicos e biológicos
(LUO et al., 2018; PANKAJ et al., 2018). A Figura 4 mostra um esquema com os principais
métodos de prevenção e descontaminação de micotoxinas.

Figura 4: Métodos de prevenção e descontaminação de micotoxinas.


Fonte: Adaptado de Pankaj et al., (2018).
Exemplos de métodos incluem remoção de AFL por extração com solventes,
degradação por altas temperaturas e também radiação gama ou ultravioleta (DI GREGORIO
29

et al., 2014). Os métodos químicos envolvem a degradação estrutural por compostos como
aldeídos, agentes oxidantes, ácidos, bases e alguns gases. Os métodos biológicos incluem o
uso de bactérias, leveduras ou suas respectivas enzimas e aparelho metabólico para degradar
AFL e ainda, algumas espécies de bactérias e leveduras também são capazes de adsorver AFL
(OLIVEIRA et al., 2014).

Os métodos físicos mais estudados para degradação de AFL envolvem, além da


inativação térmica (como aquecimento, extrusão e micro-ondas) a irradiação (gama e UV). A
radiação ionizante vem sendo citada como um método promissor para conservação de
alimentos, contribuindo no controle de perigos microbiológicos e toxicológicos (ASSUNÇÃO
et al., 2015; ISMAIL et al., 2018).

2.8 Radiação Ionizante

A irradiação de alimentos nada mais é do que um método físico de conservação capaz


de prolongar a vida útil dos alimentos sem apresentar risco de contaminação por radiação,
independente do tempo em que o alimento é exposto, ou o quanto é absorvido de uma “dose”
de energia, uma vez que os produtos não entram em contato direto com a fonte de irradiação.
Pode impedir a divisão de microorganismos deterioradores de alimentos, como bactérias e
fungos, através da alteração de sua estrutura molecular (VASCONCELOS e MELO FILHO,
2010; LEONARDI e AZEVEDO, 2018).

Porém, assim como todo processo de conservação, podem existir alterações de ordem
nutricional e sensorial (POLIZEL, 2006). Essas alterações referem-se, principalmente à
rancidez, desnaturação proteica, destruição de vitaminas, transformações moleculares nos
carboidratos, além de mudanças organolépticas de odor, sabor, cor e consistência (MOURA et
al., 2014).

A irradiação é um processo no qual a radiação ionizante penetra no produto. A


radiação ionizante refere-se à energia radiante que se move no espaço através de ondas
eletromagnéticas e possui energia suficientemente alta para remover elétrons das órbitas dos
átomos ou moléculas, produzindo partículas carregadas eletricamente, os íons (MUSTAPHA
et al., 2014; MASTRO, 2015). Essa radiação de alta energia causa ionização do meio em que
é absorvida, diferente da radiação não-ionizante (microondas, infravermelho, raios visíveis)
que não possuem energia suficiente para ionizar o meio (ASSUNÇÃO et al., 2015)
30

Esse processo de irradiação envolve a exposição dos alimentos a um dos três tipos de
energia ionizante, são elas: radiação gama, raios-x e feixe de elétrons (DE CAMARGO et al.,
2011). De acordo com o “padrão geral do Codex Alimentarius para alimentos irradiados”
somente essas radiações ionizantes são permitidas para uso em alimentos (CODEX
ALIMENTARIUS, 2003). Esse tipo de irradiação é permitido em 38 países para a
conservação de alimentos através da destruição microbiana ou inibição de alterações
bioquímicas. Nesses países, a rotulagem é regulamentada e exige que o fabricante identifique
o alimento ou qualquer ingrediente da composição que tenha passado por irradiação. Esses
alimentos irradiados podem ser transportados, armazenados ou mesmo consumidos logo após
o tratamento (PINTO e MOREIRA, 2018).

A energia gasta na excitação e ionização de moléculas leva a reações químicas que


podem modificar de forma permanente a estrutura físico-química do produto irradiado. A
dose é a quantidade de energia absorvida por unidade de massa do produto irradiado, assim,
quando é dissipada a energia de 1 J em 1 kg de qualquer produto, fala-se que o produto
recebeu a dose de um gray (Gy) (CAMARGO e WALDER, 2012; LEONARDI e AZEVEDO,
2018).

Os raios gama e raio X fazem parte do espectro eletromagnético (Figura 5), estando no
comprimento de onda curto, região de alta energia do espectro. Ambos os raios, gama e raio
X, podem penetrar nos alimentos a uma profundidade de dezenas de centímetros
(ARVANITOYANNIS, 2010).

Figura 5: Espectro eletromagnético.

A capacidade de penetração das radiações ionizantes é inversamente proporcional à


densidade do produto tratado, onde o poder de penetração do feixe de elétrons é menor que a
da radiação gama. Alguns tipos de radiações ionizantes não possuem penetração suficiente,
31

sendo por isso, inadequados para a irradiação de alimentos, como por exemplo, as partículas
alfa (Figura 6) (TSAI, 2006; FERREIRA-CASTRO, 2011).

Figura 6: Penetrabilidade das radiações ionizantes.


Fonte: Assunção et al. (2015).

Segundo Assunção (2015), o uso por si só da irradiação como técnica de preservação


não resolve todos os problemas de perdas nos alimentos pós-colheita, mas pode representar
um papel importante na redução de tais perdas, ajudando também a diminuir a dependência de
agentes químicos no controle de pragas em alimentos, e sua eficácia vai depender dos
seguintes fatores:

✓ A dose de radiação a ser empregada;


✓ Número de microrganismos presentes inicialmente no alimento, bem como
idade e presença de células vegetativas ou esporuladas que podem influenciar na sensibilidade
do microrganismo;
✓ Tipo e espécie do microrganismo;
✓ Estado físico-químico do alimento (pH, presença de oxigênio, cor, odor,
textura, sabor, umidade e temperatura);
✓ Composição do alimento (carboidratos, proteínas, lipídios);

O uso da radiação não evita a recontaminação ou a reinfestação e, vale ressaltar, que


esse processo não substitui a manipulação adequada dos produtos, uma vez que não é capaz
de melhorar a qualidade de um produto onde a qualidade inicial seja duvidosa. O
procedimento também não devolve as características sensoriais normais do alimento, sendo
assim, não elimina odores, sabores desagradáveis ou aspecto decomposto (MATSUDA, 2002;
SILVA e ROSA, 2010; ASSUNÇÃO et al.,2015). Sendo assim, o sucesso do processo de
32

irradiação depende da qualidade do produto original, devendo o alimento seguir as boas


práticas de fabricação.

2.9 Radiação Gama

A irradiação gama foi estabelecida como um meio físico seguro e eficaz para a
descontaminação e melhoria na qualidade de produtos agrícolas (CALADO et al., 2014). De
acordo com De Camargo et al. (2011) a radiação gama é o tipo de radiação ionizante mais
utilizada no processamento de alimentos e, doses baixas e médias (8-10 KGy) poderia
eliminar completamente bactérias e fungos em sementes oleaginosas, sem afetar sua
composição e qualidade nutricional (YUN et al., 2012; BHATTI et al., 2013; ISMAIL et al.,
2018). Além disso, altas doses (10-30 KGy) poderia reduzir níveis de micotoxinas, como
Aflatoxinas, desoxinivalenol, zearalenona e ocratoxina produzidas por cepas de fungos em
culturas alimentares (JALILI et al.,2012; ZHANG et al., 2018).

O tratamento com radiação gama baseia-se em ondas eletromagnéticas de alta


frequência, liberada por radioisótopos como o Cobalto-60 e o Césio-137, sendo o Cobalto-60
o mais usado no tratamento de alimentos (MOURA et al.,2014).

O Cobalto-60 é formado quando o Cobalto-59 estável absorve um nêutron adicional e


se transforma no Cobalto-60 radioativo (Figura 7), que possui meia vida de 5,261 anos, tendo
um decaimento radioativo de 12,34% ao ano, sendo necessário reabastecer as fontes
anualmente com o isótopo para manter sua capacidade original (CALVO, 2005; ASSUNÇÃO
et al., 2015).

Figura 7: Formação do Isótopo radioativo Cobalto-60.


Fonte: CDTN (Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear).
33

O cobalto-60 tem como vantagem a produção de radiação gama com alta


penetrabilidade e uniformidade de dose, o que permite que produtos de diferentes tamanhos,
densidades e formatos sejam tratados, além disso, a facilidade na utilização da fonte e o baixo
risco ambiental também favorecem o seu uso (MATSUDA, 2002; TSAI, 2006). Já a não
utilização do Césio-137 para irradiação de alimentos é principalmente pela preocupação
ambiental, uma vez que se trata de um sal solúvel e de fácil contaminação (SABATO, 2005).

A radiação pode causar uma série de efeitos físicos e bioquímicos nos


microrganismos. No mecanismo de ação direta, a radiação gama danifica diretamente o
material genético, provocando efeito direto em átomos da molécula do DNA ou em algum
outro componente crítico para a sobrevivência da célula (NUCLEAR REGULATORY
COMMISSION - NRC, 2012).

Já no mecanismo indireto, moléculas como a água são quebradas pela radiação e os


produtos primários da radiólise da água, como o radical livre hidroxila (OH•), íons de
hidrogênio (H•) e o peróxido de hidrogênio (H₂O₂) são muito eficientes em produzir danos
biológicos, além de que a água está presente em todos os alimentos, inclusive naqueles
vegetais desidratados, como as castanhas, sendo, portanto, de extrema importância para
irradiação de alimentos (CAER, 2011; ASSUNÇÃO et al., 2015).

As células possuem sensibilidades diferentes aos efeitos da radiação ionizante, que vai
depender do tipo e da fase da sua reprodução. As células em divisão, ou as metabolicamente
ativas, ou ainda as que possuem reprodução rápida são mais sensíveis do que aquelas que
possuem um alto grau de diferenciação. Sendo assim, geralmente os organismos mais simples
resistem mais aos efeitos da radiação ionizante. Nesse caso, os vírus são mais resistentes que
as bactérias, que são mais resistentes que as leveduras, que são mais resistentes que os fungos
filamentosos que, por sua vez, são mais resistentes que os seres humanos. Essa diferença na
resistência não se restringe ao gênero, mas também entre linhagens de uma mesma espécie ou
mesmo idade da cultura, que quanto mais velha, mais sensível à radiação (FERREIRA-
CASTRO et al., 2007; HARRELL et al., 2018).

As perdas de nutrientes nos alimentos irradiados são pequenas e muitas vezes menores
quando comparadas a outros métodos de conservação. Os lipídios são um dos componentes
mais sensíveis à radiação ionizante, que pode induzir reações hidrolíticas e auto-oxidantes
gerando mudanças organolépticas indesejáveis e perdas de ácidos graxos essenciais, por isso
34

deve-se ter cuidado com a dose de radiação administrada em alimentos com alto teor de
gordura, como a castanha-do-Brasil, pois pode causar rancidez no produto (ROBERT e
WEESE, 2006; SILVA, 2008; GECGEL et al., 2011).

O Joint Expert Committee on food Irradiation (JECFI), formado pela FAO, WHO e
IAEA, outorgou, em 1980, uma segurança relacionada aos alimentos irradiados com doses de
10KGy, indicando que um alimento irradiado até essa dose não provoca problemas
toxicológicos e nem induz problemas nutricionais ou microbiológicos especiais. Já em 1997,
o mesmo grupo concluiu que o alimento pode ser irradiado com qualquer dose apropriada,
mesmo que acima de 10 KGy, para alcançar o objetivo tecnológico pretendido, sendo seguro
tanto para consumir quanto adequado nutricionalmente (FAO/IAEA, 1982; WHO, 1999;
FAO, 2006; MASTRO, 2015).

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou a RDC nº


21/2001, que diz que um alimento pode ser tratado por radiação desde que a dose máxima
absorvida seja inferior àquela dose que comprometeria as propriedades funcionais e sensoriais
do alimento (BRASIL, 2001).

2.10 Efeito da Radiação Gama sobre Aflatoxinas

Em seu estudo Prado et al. (2005) avaliaram a influência da radiação gama na


destruição de AFB1 em amendoins contaminados naturalmente, e observou que doses de 5 e
10 KGy não reduziu o conteúdo de AFB1, no entanto, quando doses de 15 a 30 KGy foram
utilizadas, ocorreram níveis de redução que variaram de 49 a 72%. Já no estudo de Bhat et al.
(2007) observaram que, com uma dose de 10 KGy, a AFB1 presente em farinhas de
amendoim foi eliminada completamente.

Aquino (2003), mostrou em seu estudo que doses de 2, 5 e 10 KGy foram eficazes na
redução de Aspergillus flavus em grãos de milho, sendo as doses de 5 e 10 KGy as mais
efetivas, e a dose de 10 KGy conseguiu degradar totalmente as AFL presentes.

Silva et al. (2015) avaliaram a irradiação gama como um processo alternativo para o
armazenamento de arroz e observaram que esse processo é eficiente no combate ao
Penicillium spp. e Aspergillus spp., contribuindo dessa forma para a redução de micotoxinas
em grãos armazenados.
35

A degradação de AFLs por radiação gama resulta de mecanismos indiretos, como a


reação de radicais livres resultantes da radiólise da água ou de outros componentes. Estes
radicais atacam as AFLs no anel furânico terminal, como mostra a figura 8, gerando produtos
com baixa atividade biológica (ISMAIL et al., 2018; PANKAJ et al., 2018).

Figura 8: Ação de produtos da radiólise da água sobre AFL.

A melhor forma de evitar a contaminação por AFL é prevenindo sua formação, através
de boas práticas de fabricação e medidas preventivas em todo o processamento de um
alimento. No caso da castanha-do-Brasil, é elevado o índice de contaminação por AFL e o
emprego de tratamento pelo processo de irradiação pode ser um método valioso para prevenir
a contaminação fúngica, além de ser uma alternativa viável para a descontaminação
(ASSUNÇÃO et al., 2015).
36

3. OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral

Avaliar os efeitos da radiação gama em castanhas-do-Brasil contaminadas por


aflatoxinas e inoculadas artificialmente com Aspergillus flavus.

3.2 Objetivos Específicos


• Avaliar a melhor dose de radiação gama em amostras artificialmente
inoculadas com A. flavus;
• Avaliar o efeito de diferentes doses de radiação gama em castanhas-do-Brasil
contaminadas com Aflatoxinas;
• Diferenciar os efeitos da radiação gama nos diferentes cortes de castanha-do-
Brasil (inteira e granulada).
• Analisar os efeitos da radiação gama na composição de ácidos graxos do óleo
da castanha-do-Brasil.
37

4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Amostras

Foram utilizados 8kgs de castanha-do-Brasil, adquiridas de uma usina de


beneficiamento de castanha localizada no interior do Amazonas, sendo 4kg de castanha na
forma granulada e 4kg em sua forma inteira, sem casca e de lotes diferentes.

As amostras chegaram em embalagem metalizada (protegendo da luz), fechadas a


vácuo e foram subdivididas em pacotes de plásticos do tipo “zip-lock” contendo 50g (para
análises de micobiota e aflatoxinas) e de 100g (para obtenção e análise do óleo), como mostra
a Figura 9. Uma parte dos pacotes contendo 50g de castanha foi inoculada com uma cepa
padrão de Aspergillus flavus toxigênica, outra parte foi inoculada com um mix de Aflatoxinas
(AFB1+AFB2+AFG1+AFG2) contendo 10 µg/kg e outra parte foi mantida sem qualquer
inóculo, juntamente com os pacotes de 100g. Em seguida as amostras foram submetidas à
Radiação Gama, divididas em 4 grupos de acordo com a dosagem de radiação recebida:
controle (0 KGy), 1KGy, 10KGy e 20KGy. O fluxograma da Figura 10 mostra a divisão das
amostras neste trabalho.

Figura 9: Amostras de castanha-do-Brasil granulada e inteira embaladas em pacotes de plástico.


38

Figura 10: Fluxograma mostrando a divisão das amostras.


¹ AFL =Amostras inoculadas com mix de Aflatoxinas;
² Cepa = amostras inoculadas com uma cepa padrão de Aspergillus flavus toxigênica;
³ SI = Amostras sem nenhum inóculo.
39

4.2 Inóculo de Aspergillus flavus


As amostras foram inoculadas com uma cepa de Aspergillus flavus toxigênica,
proveniente da Coleção de Fungos da Amazônia (CFAM) do Instituto Leônidas e Maria
Deane - Fiocruz Amazônia (ILMD/FIOCRUZ).
A partir do repique da cepa feito em BDA (ágar batata dextrose), o preparo da
suspensão de A. flavus foi realizada através de uma metodologia descrita por Aquino et al.
(2003), que consiste no preparo de uma suspensão de conídios em frascos contendo solução
tampão fosfato salino (PBS), com pH 7,2 e adicionado de 0,1ml de tween 80. A contagem dos
esporos foi efetuada em câmara de Neubauer e o número de esporos ajustados para 1x10⁵
esporos/ml através da adição de mais solução tampão. O volume de 200µl da suspensão foi
adicionado aos pacotes com 50g de castanha granulada e inteira e mantida a temperatura
ambiente por 7 dias para posterior tratamento com radiação gama e análise de micobiota.

4.3 Contaminação Artificial com Aflatoxinas


Uma parte dos pacotes com 50g de castanha, tanto granulada quanto inteira, foram
contaminadas artificialmente com uma concentração conhecida de padrão de Aflatoxinas (B1,
B2, G1 e G2) da Sigma Aldrich® (EUA).

A contaminação foi feita de acordo com a Instrução Normativa nº 9 (24 de março de


2000), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (BRASIL, 2000) a partir da
adição de 1ml do pool de padrão de AFL, diluídos em uma solução de Tolueno:Acetonitrila
(9:1) para concentração de 10 µg/kg, a cada 50g de amostra e mantidas em repouso a
temperatura ambiente durante 7 dias, para posterior tratamento com radiação gama.

4.4 Tratamento por Irradiação


O tratamento com radiação gama foi realizado no Laboratório de Irradiação Gama
(LIG) do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Nuclear (CDTN) localizado na
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. O equipamento é um
Irradiador Panorâmico Multipropósito de Categoria II, fabricado pela MDS Nordion no
Canadá, equipado com uma fonte de Cobalto-60 estocada a seco com atividade máxima de
2200 TBq ou 60000Ci.
40

As amostras foram divididas em 4 grupos e foram submetidas a diferentes níveis de


radiação: 0 (controle), 1KGy,10KGy e 20KGy. Para isso, as amostras foram colocadas na
câmara de irradiação (Figura 11) a uma distância previamente calculada de acordo com a
radiação a ser recebida proporcionando a irradiação simultânea dos produtos com diferentes
doses. A Tabela 4 mostra a distância das amostras de acordo com a dose final.

Figura 11: Câmara de Irradiação do LIG, no CDTN.

A
Tabela 4: Distância das amostras para a fonte de radiação de acordo com a dosagem final
desejada.

DOSE FINAL Taxa de Dose (Gy/hora) Distância (cm)


1 KGy 226,43 86,5
10 KGy 2261,8 18,8
20 KGy 4527,10 9

4.5 Inibição do Crescimento Fúngico


A pesquisa da inibição do crescimento fúngico foi realizada a partir da técnica da
diluição seriada com semeadura em superfície (PITT; HOCKING,2009). Utilizou-se 10g de
cada amostra, triturada e homogeneizada, diluídos em 90ml de água destilada estéril (diluição
10ˉ¹). A partir desta diluição, realizou-se diluições sucessivas até 10⁻³, e foi inoculado 0,1ml
de cada diluição em placas de petri contendo o meio BDA. Em seguida, as placas foram
incubadas a 25º C por até 7 dias. Passado os 7 dias, foi realizada a contagem de colônias e a
41

correção pelo fator de diluição, a fim de ser obtido o número de unidades formadoras de
colônias por grama (UFC/g) de substrato (ASSUNÇÃO et al., 2015).

4.6 Aflatoxinas
As amostras de produtos de castanha-do-Brasil foram quantificadas para AFLs B1,
B2, G1 e G2 (AFB1, AFB2, AFG1, AFG2) por cromatografia líquida pelo método AOAC –
994.08 (2005). O método consiste na extração de AFLs onde foram utilizadas 50 g de amostra
e extraídas com 100 mL de acetonitrila:água (90:10 v/v) e agitados em alta velocidade durante
5 minutos em um liquidificador. O extrato foi filtrado e 3mL foram passados para um tubo de
cultura de 10 ml. Em seguida foi aplicada à coluna de limpeza MYCOSEP 226 (Romer labs);
foi coletado 0,5ml do extrato purificado e mantido em congelador até análise em HPLC (High
performance liquid chromatography).

Para a derivatização desse extrato purificado foi utilizado uma solução derivatizante
composta por água:ácido acético glacial:ácido trifluoracético (35:10:5 v/v), onde 0,2ml do
extrato purificado foi passado para um vial de derivatização com 0,7ml de solução
derivatizante com o auxílio de uma seringa de 1ml e um filtro para seringa de nylon com
porosidade de 0,45μm, esse vial foi então fechado e aquecido a 65°C por 8,5 minutos em
banho maria (tempo necessário para completar a derivatização das AFB1 e AFG1), esse
procedimento foi repetido para todas amostras inoculadas com o pool de aflatoxinas
(10µg/kg).

As soluções resultantes foram aplicadas e quantificadas no sistema de Cromatografia


liquida de alta eficiência (CLAE), com: fase móvel - acetonitrila, metanol e água ultra-pura
(1:1:4), coluna: X-Terra da Waters, 150x4,6mm, fluxo de 1,0mL/minutos eluindo em modo
isocrático, com detector de fluorescência: λ ex- 360 nm e λ em- 440 nm; volume de injeção
50μL; tempo de corrida de 20 minutos. Foram usados 6 pools de padrões de AFB1, AFB2,
AFG1 e AFG2 - Sigma Aldrich®, com diferentes concentrações de AFB1, AFB2, AFG1 e
AFG2, preparados a partir de um pool de solução estoque (ng/ml) contendo: AFB1=300;
AFB2=50; AFG1=150 e AFG2=50. Os pools dos padrões também foram submetidos à
derivatização e analisados em HPLC, com o objetivo de obter o cromatograma dos padrões
nas diferentes concentrações. O cromatograma obtido das amostras de castanha foi então,
comparado cada pico com o pico e tempo de retenção obtido por cada padrão (AFB1, AFB2,
AFG1 e AFG2). A quantificação das amostras foi realizada a partir de uma curva de cada
42

padrão de Aflatoxina obtida a partir da leitura em HPLC de diferentes concentrações do pool


de aflatoxinas.

4.7 Extração do óleo de castanha-do-Brasil

Para obtenção do óleo, foi utilizada a prensagem a frio, onde as castanhas seguiram
para uma prensa mecânica (figura 12). O óleo obtido foi centrifugado, a 3000rpm/15min,
pesado e armazenado sob refrigeração e ao abrigo da luz até análise.

Figura 12: Prensa mecânica utilizada para extração do óleo

4.7.1 Caracterização físico-química do óleo

As determinações realizadas em análise de óleos são geralmente denominadas de


índices, que expressam as propriedades físico-químicas destes. No presente estudo, foi
realizada a determinação do índice de peróxidos e de acidez titulável (ambos métodos
volumétricos) de acordo com a metodologia padronizada pela AOAC (2016).

4.7.1.1 Índice de Acidez

Para a análise de índice de acidez foram pesados cerca de 2 g do óleo em frasco


Erlenmeyer de 125 mL. Adicionou-se então 25 mL de solução de éter-álcool (2:1) neutra,
seguido de duas gotas de fenolftaleína, como indicador. A titulação foi realizada com solução
de hidróxido de sódio 0,1 M previamente padronizada até o aparecimento da coloração rósea,
43

a qual deverá persistir por 30 segundos. Este teste foi feito em triplicata, de acordo com a
metodologia da AOAC (2016). O cálculo foi realizado conforme Equação 1.
Equação 1- Índice de acidez

, onde:
v = nº de mL de solução de hidróxido de sódio 0,1 M gasto na titulação
f = fator da solução de hidróxido de sódio
P = nº de g da amostra (AOAC, 2016).

4.7.1.2 Índice de Peróxido

Para análise de Índice de Peróxido foram pesados cerca de 5 g do óleo em um frasco


Erlenmeyer de 250 mL, onde se adicionaram 30 mL de solução ácido acético-clorofórmio 3:2,
sendo em seguida agitados até dissolução da amostra. Em seguida, se adicionam 0,5 mL de
solução saturada de iodeto de potássio e se deixa em repouso ao abrigo da luz por 1 minuto.
Foram então acrescentados 30mL de água e foi feita titulação com solução de tiossulfato de
sódio 0,01N previamente padronizada, com agitação constante. A titulação continuou até o
quase desaparecimento da coloração amarela, quando foram adicionados 0,5 mL de solução
de amido indicadora e a titulação continuou até completo desaparecimento da cor azul. Um
branco foi preparado nas mesmas condições. Este teste foi feito em triplicata. O cálculo foi
realizado de acordo com a Equação 2.

Equação 2- Índice de peróxidos

, onde:

A = nº de mL da solução de tiossulfato de sódio gasto na titulação da amostra


B = nº de mL da solução de tiossulfato de sódio gasto na titulação do branco
N = normalidade da solução de tiossulfato de sódio
P = nº de g da amostra (AOAC, 2016).

4.7.2 Composição do óleo - Ácidos Graxos

A metodologia utilizada para a extração de ácidos graxos envolve a esterificação de


ácidos graxos conforme publicado por Hartman e Lago (1973) e modificado por Maia e
Rodrigues-Amaya (1993). Os ácidos graxos do óleo foram transformados em ésteres metílicos
de ácidos graxos e foram analisados porr cromatografia em fase gasosa modelo Shimadzu
44

(GC) para Cromatograma de Gás por Espectrômetro de Massa / GC- 2010 PLUS (Kyoto,
Japão) equipado com um detector de ionização de chama. Os compostos foram separados em
uma coluna de sílica fundida capilar RTxR-5 de 30 m, 0,25 mm de diâmetro interno e com
uma espessura de filme de 0,25 µm. As condições de operação foram às seguintes:
temperatura da coluna programada, 80-220 ° C (5 ° C / min); temperatura do injetor, 230 ° C;
temperatura do detector, 240 ° C; gás portador, hidrogênio; velocidade linear do gás, 40 cm /
s; proporção da divisão da amostra, 1:50. Os ácidos graxos foram identificados pela
comparação dos tempos de retenção dos padrões de éster metílico puro dos ácidos graxos e
das amostras. A quantificação foi realizada por normalização da área.

4.7.2.1 Composição do óleo - Compostos voláteis

Os compostos voláteis foram extraídos pela técnica HSPME. O óleo (amostra, 1mL)
foi transferida para um frasco de vidro de 10 mL (adequado para retenção volátil), que foi
agitado continuamente a 40 ° C por 30 min. A fibra DVB / CAR / PDMS 50/30 μm
(divinilbenzeno / carboxen / polidimetilsiloxano) foi usada para separar os compostos voláteis
presentes na amostra. A fibra foi embalada a uma temperatura de 270 ° C por 1 h antes do
uso. O tempo de condicionamento para as análises foi de 25 min. A fibra foi exposta ao
espaço superior do frasco de vidro contendo a amostra. Após expor a fibra a 40 ° C por 5 min,
a seringa foi imediatamente levada ao injetor CG-MS, em que os compostos voláteis foram
dessorvidos a 250 ° C por 2 min, resultando em uma injeção sem divisão. Um espectrômetro,
CGMS-2010 Plus (Shimadzu) Tóquio, Japão, com um detector de massa modelo QP2010
Plus foi usado para detectar os compostos voláteis. Utilizou-se uma coluna capilar de sílica
fundida (30 m × 0,25 mm e 0,25 μm de espessura) com 5% de polímero de difenil- / 95% de
polidimetilsiloxano (DB5), atuando como uma fase estacionária. Para melhor separação, o
gradiente de temperatura foi estabelecido na coluna a partir de 60 ° C, com um aumento de 3 °
C por minuto até que a temperatura máxima de 270 ° C fosse atingida. O gás portador era
hélio e a vazão foi ajustada para 1,8 mL / min para injeção sem divisão com pressão inicial de
100 KPa na coluna. As condições ajustadas no espectrômetro de massa (MS) foram: detector
seletivo de massa operando por impacto eletrônico e energia de impacto de 70 eV; velocidade
de varredura de 1000 m / z / s; intervalo de varredura de 0,5 fragmentos / se filtro para a
massa dos fragmentos detectados sendo 29 Da e 600 Da. Cada componente foi identificado
comparando seus espectros de massa com as informações já existentes presentes nas bases de
dados do espectrômetro (Willey229.lib e FFSC1.3.Lib) e o livro de identificação de
45

componentes de Adams (2007). Para comparar e calcular os índices, foram utilizados padrões
dos alcanos saturados (C7-C30) (Sigma-Aldrich).

4.7.2.2 Análise por RMN 1H dos óleos irradiados

Os óleos de castanha submetidos a tratamento foram pesados (aproximadamente 31


mg), solubilizados em 500 µL de CDCl3 e submetidos a análise em Espectrômetro de
Ressonância Magnética Nuclear da Bruker® Avance IIIHD (11.74 T, BBFO Plus
SmartProbe™) a 298 K, instalado no Laboratório NMRLab da UFAM. O software TopSpin™
3.5 foi usado para processamento dos espectros obtidos. O conteúdo dos ácidos graxos
insaturados (linoleico e oleico) e saturados foram estimados usando a integração dos sinais
conforme Barison et al. (2010).

4.8 Análise Estatística


Para avaliar as diferenças significativas nos dados obtidos, será utilizada a Análise de
Variância (ANOVA) e teste “t” de Student em nível de 5% utilizando-se Software Excel® e
programa estatístico R®.
Os teores dos voláteis dos óleos de castanha irradiados foram exportados para o
software The Unscrambler X 10.4. A Análise de Componentes Principais (PCA) foi realizada
empregando-se o algoritmo SVD.
46

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Inibição do Crescimento fúngico

Após o tratamento com radiação gama nas amostras inoculadas artificialmente com
uma cepa toxigênica de A. flavus, observou-se que o tratamento se mostrou eficaz na inibição
do crescimento fúngico. A Figura 13 mostra as placas contendo o crescimento fúngico da
amostra controle e após o tratamento da castanha granulada. As colônias de A. flavus
destacam-se pelas características de colônias pulverulentas e com coloração esverdeada.

Figura 13: Placas para pesquisa de micobiota.


A: Amostra controle (0 KGy); B: Amostra irradiada com 1 KGy; C: Amostra irradiada com 10KGy;
D: Amostra irradiada com 20KGy; E: Foto aumentada da amostra controle para visualização das
colônias.

A Tabela 5 e o gráfico 1 mostram os valores obtidos, em número de UFC/g, na


pesquisa da micobiota das amostras controles de castanha-do-Brasil granulada e inteira e após
serem submetidas ao tratamento com radiação gama nas doses de 1, 10 e 20KGy.
47

Tabela 5: Número de UFC/g de A. flavus em amostras inoculadas artificialmente: Não irradiadas


e irradiadas.

Número de A. flavus (UFC/g)


Dose de radiação Castanha Granulada Castanha inteira
aplicada (KGy) Média ± DP Média ± DP
0 KGy (CONTROLE) 12,35 x 10² ± 0,45 8,83 x 10² ± 0,23
1 KGy 0,55 x 10² ± 0,11 0 ± 0,0
10 KGy 0 ± 0,0 0 ± 0,0

20 KGy 0 ± 0,0 0 ± 0,0

Gráfico 1: Crescimento de A. flavus inoculados artificialmente em castanhas-do-Brasil


granuladas e inteiras após o tratamento com radiação gama

Pode-se observar, a partir destes resultados, que a radiação gama a uma dose de 1KGy
já consegue inibir o crescimento fúngico em cerca de 91% na castanha granulada, que passou
de 12,35 x 10² para 0,45 x 10² UFC/g, já as doses de 10 e 20KGy conseguiram inibir 100%
desse crescimento. Na castanha inteira, o tratamento em todas as doses testadas inibiu 100%
do crescimento fúngico. É observado também, que o nível de contaminação inicial influencia
na eficiência da dose de radiação, uma vez que, como a castanha inteira tinha um menor grau
de contaminação (observado na amostra controle) a dose de 1KGy já conseguiu inibir
48

completamente o crescimento, diferente da castanha granulada, que apresentou uma


contaminação inicial maior e a dose de 1KGy, apesar de conseguir inibir bastante do
crescimento fúngico, ainda não foi suficiente para eliminar completamente a contaminação.

As estratégias para o controle de AFL em castanhas-do-Brasil estão relacionadas,


principalmente, ao controle dos fungos aflatoxigênicos, uma vez que, as AFL, uma vez
produzidas, dificilmente serão eliminadas em condições normais de processamento das
castanhas, tornando os resultados obtidos bastante promissores para evitar a contaminação de
por AFL. (TANIWAKA et al., 2016).

Alguns autores já discutiram a sensibilidade dos fungos à radiação gama, Aquino et al.
(2005) citam que valores entre 4 e 10KGy é suficiente para a inibição da contaminação
fúngica em alimentos. Assunção et al. (2015) estudaram a influencia da radiação gama para a
inibição do crescimento de A. flavus contaminados artificialmente em castanha-do-Brasil, e
observaram que a dose de 5KGy foi capaz de inibir 92% do crescimento fúngico, enquanto
que a dose de 10KGy foi capaz de inibir totalmente.

Quanto ao formato da castanha-do-Brasil, é possível observar, com bases nesses


resultados, que a castanha granulada apresentou um crescimento fúngico maior na amostra
não irradiada quando comparada com a amostra inteira, isso pode estar relacionada com o fato
de que as amostras granuladas possuem maior superfície em contato com o inóculo fúngico
feito, diferente da castanha inteira. Portanto, na castanha granulada o fungo acaba tendo maior
contato com o substrato oleaginoso, que é um espaço favorável tanto para o crescimento
fúngico quanto para a produção de AFL (COELHO, 2012).
49

5.2 Aflatoxinas

Após o tratamento com radiação gama, houve uma redução na concentração de


aflatoxinas nas amostras artificialmente contaminadas com os padrões. Esse resultado pode
ser visualizado na tabela 6.

Tabela 6: Concentração de aflatoxinas em castanhas contaminadas artificialmente: Não irradiadas e


irradiadas.

AFG1 AFB1 AFG2 AFB2 AFLtotal


DOSE
FORMA (µg/kg) (µg/kg) (µg/kg) (µg/kg) (µg/kg)
(KGy)
Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP Média ± DP
0 2,53 ± 0,00 2,43 ± 0,00 2,08 ± 0,00 1,90 ± 0,00 8,93 ± 0,01
1,71 ± 0,00 1,82 ± 0,00 2,05± 0,00 1,75 ± 0,00 7,34 ± 0,00
1
(19%) ͣ (14%) ͣ (1%) ͣ (4%) (10%) ͣ
GRANULADA
1,48 ± 0,00 1,34 ± 0,00 1,95 ± 0,00 1,58 ± 0,00 6,33 ± 0,00
10
(26%) ͣ (29%) ͣ (3%) ͣ (9%) (17%) ͣ
1,35 ± 0,00 1,26 ± 0,00 1,91 ± 0,00 1,38 ± 0,00 5,90 ± 0,00
20
(30%) ͣ (32%) ͣ (4%) ͣ (16%) (20%) ͣ
0 2,70 ± 0,00 2,88 ± 0,00 2,0 ± 0,00 1,58 ± 0,00 9,16 ± 0,01
2,48 ± 0,00 2,62 ± 0,01 1,94 ± 0,00 1,41 ± 0,00 8,44 ± 0,01
1
(4%) ͣ (5%) ͣ (2%) ͣ (6%) ͣ (4%) ͣ
INTEIRA 2,44 ± 0,00 2,53 ± 0,00 1,91 ± 0,00 1, 38 ± 0,00 8,27 ± 0,00
10
(5%) ͣ (6%) ͣ (2%) ͣ (7%) ͣ (5%) ͣ
2,43 ± 0,00 2,50 ± 0,00 1,88 ± 0,00 1,37 ± 0,00 8,19 ± 0,00
20
(5%) ͣ (7%) ͣ (3%) ͣ (7%) ͣ (6%) ͣ

ͣ Percentual de redução de AFL nas amostras irradiadas em relação aos controles (0 KGy).

Pode-se observar que todas as amostras tiveram redução nos 4 tipos de aflatoxinas
estudadas (AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2) em todas as doses testadas, sendo a dosagem de 20
KGy a que mais causou diminuição dessas micotoxinas nas amostras de ambos os formatos
estudados. Os gráficos de 2 a 6 abaixo demonstram um comparativo entre as doses de
radiação usadas, a forma das castanhas e a redução da contaminação obtida para cada uma das
AFL testadas.
50

Gráfico 2: Redução de AFB1 em amostras de castanhas Gráfico 3: Redução de AFB2 em amostras de castanhas
inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.* inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.*

Gráfico 4: Redução de AFG1 em amostras de castanhas Gráfico 5: Redução de AFG2 em amostras de castanhas
inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.* inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.*

Gráfico 6: Redução de AFL totais em amostras de castanhas


inteiras e granuladas após tratamento com radiação gama.*

*Letras minúsculas estão relacionadas a dose de radiação gama usada e as maiúsculas ao formato.
Letras diferentes diferem significativamente (p > 0,05).
51

Ao analisar os gráficos e a tabela 6 pode-se observar que houve redução de todas as


AFL testadas e nas 3 doses de radiação gama com as quais as amostras foram tratadas. De
forma geral, o maior percentual de redução é observado nas amostras de castanhas granuladas
tratadas com uma dose de 20 KGy, cuja redução de AFL total (gráfico 6) chegou a 20%. Já
nas castanhas inteiras a dose de 20 KGy reduziu apenas 6% de AFL total, embora essa
redução ainda seja maior que o obtido com as doses de 1 e 10 KGy, não houve diferença
significativa na redução de AFLtotal entre as três doses testadas, essa redução é signicativa
apenas quando comparada as amostras sem tratamento (0 KGy).

Em relação ao efeito do tratamento sobre cada uma das aflatoxinas (gráficos de 2 a 5)


percebe-se que as aflatoxinas AFB1 e AFG1 foram as mais suscetíveis a ação da radiação
gama em ambos os formatos e que as 3 doses testadas foram capazes de reduzir de forma
significativa (p > 0,05) os níveis de todas as AFL em relação as amostras controles. Embora
todas as doses testadas tenham causado redução dessas micotoxinas, a dose de 20 KGy foi a
que teve os maiores índices de redução para todas as AFL, nos dois formatos, como pode ser
visualizado na tabela 6.

Como se sabe, as AFL apresentam toxicidade diferentes, sendo a AFB1 a variante com
maior toxicidade e também a mais frequentemente encontrada nos alimentos. A AFG1 é
consideravelmente mais tóxica que as AFB2 e AFG2 (CAMPOS et al., 2017). No Brasil, a
ANVISA estipula um LMT para AFB1 de 2 µg/kg em Castanha-do-Brasil, além dos 10 µg/kg
estipulados para AFL total (BRASIL, 2011). Além disso, países como a UE também
estipulam limites para AFB1 especificamente, frente a sua toxicidade e prevalência. Diante
disso, esta é a AFL mais estudada. Assunção et al. (2015) analisou a ação da radiação gama
sobre AFB1 em castanhas-do-Brasil e obteve uma redução de 70,6% usando uma dose de 5
KGy e 84,15% a uma dose de 10 KGy, redução bem mais acentuada do que o encontrado em
nosso estudo para o mesmo tipo de AFL. Outros estudos também avaliaram a ação da
radiação gama em AFL presentes em diferentes substratos, como pode ser observado na
tabela 7.
52

Tabela 7: Estudos sobre redução de AFL em alimentos tratados com radiação gama.
Substrato Dose
Resultado Referência
(KGy)
Castanha- 5
do-Brasil Redução de 70,6% AFB1 (Assunção et al., 2015)
Amendoim 10 Redução de 74,3% AFB1 (Jablónska e Mankowska, 2014)
15 -30 Redução de 55 – 74% AFB1 (Prado et al., 2003)
10 Redução de 58, 6% AFB1 (Ghanem, Orfi e Shamma, 2008)
Amêndoa 10 Redução > 60% AFB1 (Jablónska e Mankowska, 2014)
Nozes 10 Redução > 60% AFB1 (Jablónska e Mankowska, 2014)
Milho 10 Degradação completa de AFB1 e
(Aquino et al., 2005)
AFB2
8 Redução de 60,3% AFB1 (Mohamed et al., 2015)
25 Redução de 69% AFB1 (Shahbazi et al., 2010)
Pistache 10 Redução de 68,8% AFB1 (Ghanem et al., 2008)
Arroz 10 Redução de 87,8 % AFB1 (Ghanem et al., 2008)
8
Redução de 64,7% de AFB1 (Mohamed et al., 2015)
Pimenta 60 Redução de 43% AFB1, 24%
Preta (Jalili, Jinap e Noranizan, 2010)
AFB2, 40% AFG1 e 36% AFG2
30 Redução de 47% AFB1, 39%
(Jalili, Jinap e Noranizan, 2012)
AFB2, 47% AFG1 e 40% AFG2
Pimenta 30 Redução de 51% AFB1, 35%
Branca (Jalili et al., 2012)
AFB2, 48% AFG1 e 43% AFG2

O uso da irradiação gama como método para descontaminação de alimentos com AFL
é algo que já vem sendo estudado há algum tempo, como pode ser visto na tabela 7,
principalmente em relação a AFB1 que é a mais tóxicas dentre as AFL. Observa-se que em
todos os estudos listados houve redução de AFB1 em mais de 40% em doses que variam de 5
a 60 KGy em diferentes substratos. Além dos estudos listados na tabela 7, Temcharoen e
Thilly (1982) analisaram amostras de alimentos a base de amendoim previamente inoculados
com AFB1, observando uma redução de 75% e 100% após tratamento com radiação gama nas
doses de 1 e 10 KGy respectivamente. Demonstrando que esse método de descontaminação
tem um bom resultado em alimentos com AFL.
53

Segundo Pankaj et al., (2018), as AFL são resistentes a ação direta da radiação gama,
sendo assim a redução das AFL observados nesse estudo, e nos demais listados na tabela 7,
são resultados de efeitos indiretos da radiação gama como a reação aos radicais livres devido
a radiolise da água ou outros componentes. Sendo assim, a presença de água tem um papel de
grande importância na degradação dessas AFL (RUSTOM et al., 1997). Tendo em vista a
radiólise da água, torna-se importante saber o teor de água presente nos alimentos, que explica
a variação nos resultados de degradação de AFL pela radiação gama.

Conforme visualizado na tabela 6, as AFB1 e AFG1 foram as mais susceptíveis a ação


da radiação gama seja nas castanhas granuladas ou nas castanhas inteiras. O mesmo foi
percebido por Jabili et al. (2012) ao analisar os efeitos da radiação gama em doses de 30 KGy
em pimentas preta e branca contaminadas com AFB1, AFB2, AFG1 e AFG2 obtiveram, nas
piementas pretas, uma redução de 47% de AFB1 e AFG1 enquanto que as AFB2 e AFG2
tiveram reduções de 39 e 40% respectivamente. Já nas pimentas brancas a redução foi de 51%
AFB1, 48% AFG1, 35% AFB2 e 43% AFG2.

Essa maior sensibilidade à radiação gama das AFB1 e AFG1 pode estar relacionada à
dupla ligação presente nos carbonos 8,9 do anel furânico terminal, que não consta nas AFB2 e
AFG2, tornando-as mais resistentes (JABILI et al., 2016; ISMAIL et al., 2018). Sendo assim,
os radicais livres formados devido à radiólise da água podem atacar mais facilmente as AFB1
(figura 8) e AFG1, gerando produtos de menor atividade biológica (RUSTOM, 1997;
PANKAJ et al., 2018).

Outro tipo de radiação ionizante é usado no tratamento de alimentos, o feixe de


elétrons, que se utiliza de elétrons gerados por aceleradores lineares e apresenta efeitos
semelhantes à radiação gama nos alimentos, com diferenças em relação à penetração no
produto (onde a radiação gama tem maior penetrabilidade) (GHANBARI et al., 2012). Da
mesma forma como ocorre com a radiação gama, o feixe de elétrons tem sua ação de forma
indireta, onde a água tem papel importante uma vez que os radicais livres formados a partir da
radiolise da água atacam o anel furano terminal das AFL (RUSTOM 1997, ASSUNÇÃO et
al., 2015).
Um estudo sobre a degradação de AFB1 por feixe de elétrons foi realizado por Liu et
al., (2016) utilizando o método UPLC-Q-TOF/MS para identificação de produtos de
degradação da AFB1 após irriadiação com feixe de elétrons e uma possível via de degradação
foi proposta por ele. A figura 14 mostra os produtos de degradação de AFB1 em meio aquoso,
54

após tratamento com feixe de elétrons, obtidos por Liu et al., (2016) uma vez que, como age
de forma semelhante a radiação gama, pode-se considerar que, provavelmente, esses produtos
obtidos da AFB1 também ocorram quando utilizada a irradiação gama.

Figura 14: Degradação de AFB1 por irradiação com feixe de elétrons (LIU et al., 2016).
EB = Feixe de Elétrons; MW = Peso molecular.

Vale ressaltar que, apesar da dita semelhança na ação da irradiação gama com a
irradiação por feixe de elétrons, não se pode dizer com certeza que esses produtos de
degradação de AFB1 mostrados na figura 14 também ocorreriam se fosse usada a irradiação
gama. Seria interessante um estudo detalhado sobre a ação da irradiação gama em AFL
usando UPLC-Q-TOF/MS, que é uma técnica que utiliza separação cromatográfica de alto
55

desempenho e sensibilidade juntamente com a elucidação de estruturas e identificação de


padrões de fragmentação de compostos, o que permitiria propor os produtos de degradação de
cada AFL após a irradiação com radiação gama.

Quanto a forma das amostras de castanhas analisadas, pode-se observar que as


amostras de castanhas granuladas apresentaram maior sensibilidade a ação da radiação gama,
uma vez que as maiores reduções das AFLs ocorreram nessas amostras (tabela 6). Essa maior
sensibilidade da castanha granulada foi confirmada pela análise de variância (ANOVA), que
demonstrou que há diferença significativa entre as amostras controle e as irradiadas com
diferentes doses para ambos os formatos testados e para todas as variantes de AFL (ANEXO
8.2 a 8.6).

Esse resultado não condiz com o relatado na literatura sobre a penetrabilidade da


radiação gama, que apresenta alta poder de penetração e uniformidade de dose, onde o
tamanho e o formato do produto não interferem no processo (TSAI, 2006; ASSUNÇÃO et al.,
2015). Uma vez que a castanhas inteiras tiveram taxas de redução de AFLs significativamente
menores que as das castanhas granuladas. Essa maior redução de AFLs das castanhas
granuladas podem estar ligadas ao fato de apresentarem uma maior superfície de contato livre
para a ação da radiação, expondo mais facilmente moléculas que compõem a matriz das
castanhas a ação dos produtos da radiólise da água. No entanto, estudos mais aprofundados
devem ser realizados para confirmar se diferentes formas de apresentação da castanha-do-
brasil possuem respostas variadas à radiação gama.

Foi observado que, de forma geral, a irradiação gama teve ação para redução da
contaminação de AFL dessas amostras. Porém, deve-se levar em consideração o nível de
contaminação inical da amostra a ser irradiada, de forma que o resultado final fique dentro do
limite permitido pela legislação, no caso do Brasil, esse limite é de 10 µg/kg para AFL total
em amostras de castanha sem casca pronta para consumo e 2 µg/kg para AFB1 (BRASIL,
2011).

Outro ponto importante a ser levado em consideração é que as amostras analisadas


neste trabalho foram contaminadas artificialmente com um padrão de AFL com concentração
conhecida, dessa forma pode ser que as interações entre os radicais livres, produzidos durante
a irradiação, com as moléculas de AFL ocorra com maior facilidade, uma vez que essas AFL
estariam “livres” nas amostras. Seria interessante comparar os resultados deste estudo com
56

amostras contaminadas naturalmente com AFL para avaliar a efetividade da radiação gama
quando as AFL estão mais fortemente ligadas aos componentes da castanha, como as
proteínas, que por serem moléculas maiores, pode ser que confiram uma certa proteção aos
efeitos da radiação nas AFL.

5.3 Índice de Acidez

O índice de acidez é um indicativo de processo de decomposição e aponta para a


presença e quantidade de ácidos graxos livres presentes no óleo. Esse índice é um dos dados
utilizados para avaliar o estado de conservação de um óleo vegetal, atestando sua qualidade e
segurança alimentar (SANTOS et al., 2015). Os valores de índice de acidez obtidos nas
amostras de óleo das castanhas inteira e granulada após o tratamento com radiação gama são
visualizados na tabela (Tabela 8) e gráfico abaixo (Gráfico 7).

Tabela 8: Valores de índice de Acidez (em mg KOH/g) obtidos das amostras de óleo de
Castanha-do-Brasil, irradiadas e não irradiadas.

Índice de Acidez (mg KOH/g)

Castanha Inteira Castanha Granulada


Dose de Radiação (KGy)
Média ± DP Média ± DP

Controle (0 KGy) 0,83 ± 0,01 1,29 ± 0,15

1 KGy 1,36 ± 0,00 1,09 ± 0,00

10 KGy 1,09 ± 0,00 1,09 ± 0,00

20 KGy 1,10 ± 0,01 1,10 ± 0,01


57

Gráfico 7: Índice de Acidez (em mg KOH/g) das amostras de óleo das castanhas inteiras e
granuladas após o tratamento com doses de radiação gama.

Podemos observar que as amostras controle (0 KGy) apresentaram valores distintos de


índice de acidez, onde o óleo da castanha inteira teve um índice de acidez de 0,83 mg KOH/g
e o óleo da castanha granulada apresentou um índice de 1,29 mg KOH/g, essa diferença pode
estar associada ao fato de serem amostras de lotes diferentes, além do fato de a castanha
granulada ter a maior superfície de contato tornando-a mais susceptível a alterações durante o
processo de beneficiamento e transporte. Os valores encontrados neste trabalho se aproximam
do índice de acidez encontrado por Vilhena, Sehwartz, Bezerra e Brasil (2020) em seu estudo
com óleo de castanha, onde encontraram um valor de 1,55 mg KOH/g. A Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (ANVISA) estipula um valor máximo de 4,0 mg KOH/g para o índice
de acidez de óleos e gorduras vegetais (BRASIL, 2005), sendo assim, os valores obtidos para
as amostras controle estão dentro da faixa estabelecida, atestando a qualidade do óleo.

O óleo entra em processo de decomposição através de hidrolise, fermentação ou


oxidação, alterando a concentração de íons hidrogênios presentes. Essa decomposição quebra
as ligações entre o glicerol e os ácidos graxos, que formam então os ácidos graxos livres que
são detectados pelo teste (LUTZ, 2008). Na irradiação, espécies reativas são formadas e
iniciam reações químicas que resultam na degradação dos óleos e gorduras (ZEB; TAUFIQ
2004), podendo levar a um aumento nesse índice de acidez.

Com o tratamento em diferentes doses de radiação gama, observa-se que o óleo da


castanha inteira teve um aumento de 24 % (de 0,83 a 1,36 mg KOH/g) a uma dose de 1 KGy
e, após esse aumento as doses mais altas testadas, de 10 e 20 KGy, causaram um aumento
58

menor no índice de acidez (14%) quando comparadas a amostra controle. Já em relação ao


óleo obtido da castanha granulada pode-se observar que houve uma diminuição do índice de
acidez do óleo em todas as doses de radiação gama testadas, sendo uma diminuição de 8,4 %
nas doses de 1 e 10 KGy e 8 % na dose de 20 KGy.

Apesar das diferenças entre os tipos de corte das amostras de castanha, a sua forma
não causou diferença significativa estatisticamente de acordo como teste ANOVA realizado
(p > 0,05). Já quanto a dose de radiação aplicada o teste ANOVA (Anexo 8.7) indicou
resultado significativo (p < 0,05).

Pode-se observar ainda que, mesmo as doses de radiação gama causando um leve
aumento no índice de acidez, como ocorreu no óleo da castanha inteira, todos os resultados
ficaram dentro do limite estabelecido pela ANVISA (4 mg KOH/g), indicando que a radiação
gama não prejudicou a qualidade dos óleos obtidos das castanhas inteira e granulada após o
tratamento.

5.4 Índice de Peróxido

Para detectar o nível de rancidez dos óleos analisados, o grau de oxidação é refletido
através do índice de peróxido, que é outro parâmetro usado para auxiliar na avaliação da
qualidade de óleos vegetais (DE FREITAS, 2016). Os resultados de índice de peróxidos
obtidos nas amostras foram organizados na tabela 9 e gráfico 8.

Tabela 9: Valores de índice de peróxido (em mEq/kg) obtidos das amostras de óleo de
Castanha-do-Brasil, irradiadas e não irradiadas.

Índice de Peróxido (mEq/kg)

Dose de Radiação Castanha Inteira Castanha Granulada


(KGy) Média ± DP Média ± DP

Controle (0 KGy) 2,77 ± 0,00 2,77 ± 0,00

1 KGy 4,36 ± 0,00 3,83 ± 0,46

10 KGy 5,85 ± 0,25 8,86 ± 0,46

20 KGy 3,70 ± 0,23 5,15 ± 0,00


59

Gráfico 8: Índice de Peróxidos (em mEq/kg) das amostras de óleo das castanhas inteiras e
granuladas após o tratamento com doses de radiação gama.

O índice de peróxido, assim como o índice de acidez, é um parâmetro referencial que


atesta a segurança e qualidade alimentar do óleo. Trata-se de um método que determina
substâncias que oxidam o iodeto de potássio nas condições do teste, essas substâncias são
produtos provenientes da oxidação das gorduras (DE FREITAS, 2016).

É possível observar que os óleos controles obtidos das castanhas inteiras e granuladas
apresentaram o mesmo resultado para este parâmetro, independente da forma. A ANVISA
preconiza níveis máximos para índice de peróxidos em óleos vegetais de 15 mEq/kg
(BRASIL, 2005). Valores superiores para índice de peróxidos foram encontrados por Vilhena,
Sehwartz, Bezerra e Brasil (2020) em um estudo com óleo de castanha (8,1 e 9,2 mEq/kg),
mas ainda sim esses resultados apresentaram-se abaixo do que preconiza a legislação. Sendo
assim, os valores encontrados nas amostras controles indicam um bom estado de conservação
das sementes de castanha tanto inteira quanto granulada e, portanto, do óleo extraído. Além
disso esses valores, juntamente com os resultados obtidos para índice de acidez das amostras
controle, demonstram que o processo de extração realizado não causou danos oxidativos ao
óleo.
60

Para as doses de radiação gama testadas, pode-se observar que todas elas causaram um
aumento no índice de peróxido, tanto para o óleo da castanha inteira quanto para o da
castanha granulada. Os óleos de ambas as castanhas tiveram um aumento maior de peróxidos,
quando comparadas aos controles, na dose de 10 KGy, sendo de 35,7% para o óleo da
castanha inteira e 42,5% para o da castanha granulada. Um estudo realizado por Byun et al.
(1996) analisou óleo extraído de grãos de soja irradiados com até 10 KGy e nenhuma
alteração no índice de peróxidos foi observada. Já um estudo realizado por Zeb e Taufiq
(2004) as doses acima de 10 KGy, aplicadas em soja e girassol afetaram a qualidade dos óleos
extraídos elevando o índice de peróxido. O menor aumento do índice de peróxido observado
nas doses de 20 KGy (em ambos os formatos) em comparação com as doses de 10 KGy pode
ter ocorrido, possivelmente, pela formação e destruição simultânea de hidroperóxidos, uma
vez que estes compostos se degradam com maior facilidade.

Em um estudo realizado por Mexis e Kontominas (2009), ao analisarem o efeito da


irradiação gama em castanhas de caju em doses que variaram de 0,5 KGy à 7,5 KGy, os
autores observaram que, com o aumento das doses de radiação houve um aumento da
oxidação lipídica, gerando hidroperóxidos e levado a um aumento significativo nos valores de
índice de peróxido.

A ANOVA feita para este teste indicou que existe uma diferença estatisticamente
significativa entre os tipos de corte analisados (p < 0,05), onde pode-se observar que o óleo da
castanha granulada apresentou um aumento maior no índice de peróxido do que o óleo da
castanha inteira quando submetidas ao tratamento com radiação gama. As doses testadas
também apresentaram diferença significativas (p < 0,05), indicando que essas doses causaram
um aumento relevante no índice de peróxido (Anexo 8.8).

Vale ressaltar que, apesar das doses testadas terem causado um aumento de até 42,5%
no índice de peróxido dos óleos das castanhas testadas neste trabalho, ainda sim os valores
ficaram dentro do limite permitido pela ANVISA para óleos vegetais de 15 mEq/kg,
indicando que uma boa qualidade do óleo extraído mesmo após o tratamento das castanhas.
Deve-se frisar, no entanto, que é importante atestar a qualidade de conservação inicial das
amostras antes do tratamento.
61

5.5 Composição do óleo – Ácidos graxos

De acordo com os resultados obtidos por CG, observou-se que as amostras de óleo de
castanha obtidos a partir da prensagem das amostras controle, tanto de castanha granulada
quanto da castanha inteira, tiveram a predominância de ácidos graxos insaturados (73% e
77%). Esses resultados estão de acordo com o comumente encontrado em óleos de castanha-
do-Brasil que vão de 73 a 85% de ácidos graxos insaturados e 17 a 25% de ácidos graxos
saturados, em média (NELSON; COX, 2015; SARTORI et al., 2018). A tabela 10 e os
gráficos 9 e 10 mostram os resultados de ácidos graxos saturados e insaturados obtidos nas
amostras após o tratamento com diferentes doses de radiação gama.
Tabela 10: Composição por CG de Ácidos graxos Saturados e
Insaturados presentes nas amostras não irradiadas e irradiadas.
DOSE AS* AI*
FORMA
(KGy) Média ± DP Média ± DP
0 26,84 ± 0,00 73,17 ± 0,00

1 27,31 ± 0,00 72,69 ± 0,00


GRANULADA
10 25,04 ± 0,00 74,96 ± 0,00

20 28,62 ± 0,06 72,03 ± 0,56


0 22,18 ± 0,06 77,47 ± 0,56
1 32,61 ± 0,00 67,39 ± 0,00
INTEIRA
10 24,61 ± 0,00 75,39 ± 0,00

20 25,22 ± 0,00 74,78 ± 0,00


AS = Ácidos graxos Saturados; AI = Ácidos graxos
Insaturados. Resultados expressos em g/100g de óleo
62

Gráfico 9: Ação da radiação gama nos Ácidos Graxos Insaturados de


Castanha-do-Brasil inteira e granulada.

Gráfico 10: Ação da radiação gama nos Ácidos Graxos Saturados


de Castanha-do-Brasil inteira e granulada.

De forma geral observa-se que todas as doses testadas causaram variação na proporção
de ácidos graxos saturados e insaturados das amostras em ambos os formatos. As amostras
não irradiadas apresentaram 26,84% de ácidos graxos saturados e 73,17% de insaturados nas
castanhas granuladas e as castanhas inteiras apresentaram 22,18% de ácidos graxos saturados
e 77,47% de insaturados. As nozes, como a castanha-do-Brasil, contêm altos níveis de ácidos
graxos insaturados que são propensos à peroxidação lipídica quando irradiadas (GECGEL et
al., 2011). Percebe-se que a castanha inteira foi a que teve maior variação, principalmente na
dose de 1 KGy, que causou um aumento de cerca de 19% de ácidos graxos saturados e
reduziu cerca de 7% do conteúdo de ácidos graxos insaturados. Já as castanhas granuladas
63

apresentaram uma variação menor, sendo a dose de 1 KGy a que menos influenciou no
conteúdo de ácidos graxos totais.

A análise de variância realizada para esta análise apontou que há diferença


significativa tanto entre as doses testadas como no formato das castanhas (p < 0,05) (Anexos
8.9 e 8.10). Embora tenha sido encontrado variações significativas no teor de ácidos graxos
totais das amostras analisadas, essa variação pouco se distanciou do comumente encontrado
para ácidos graxos saturados e insaturados em castanhas-do-Brasil.

A cromatografia gasosa permitiu uma análise detalhada dos principais ácidos graxos
presentes nas amostras de castanha-do-Brasil granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas.
A tabela 11 mostra os resultados obtidos com os principais ácidos graxos predominantes nas
amostras. Sendo os mais prevalentes os ácidos oleico, linoleico, palmítico e esteárico. Outros
estudos também descrevem esses 4 ácidos como os mais prevalentes em castanhas-do-Brasil,
como já visualizado na tabela 2 (QUEIROGA et al., 2009; SARTORI et al., 2018). Já os
gráficos de 11 a 14 nos permitem visualizar melhor as diferenças entre as amostras irradiadas
e não irradiadas para cada ácido graxo.
Tabela 11: Principais ácidos graxos presentes nas amostras de castanhas-do-Brasil
irradiadas e não irradiadas.
Ácido Ácido Ácido
DOSE Ácido Oleico
FORMA Linoleico Palmítico Esteárico
(KGy) (C18:1)
(C18:2) (C16:0) (C18:0)
0 49,77 ± 0,00 23,40 ± 0,00 18,45 ± 0,00 8,39 ± 0,00

1 47,69 ± 0,00 25,00 ± 0,00 19,22 ± 0,00 8,09 ± 0,00


GRANULADA
10 50,02 ± 0,00 24,94 ± 0,00 17,85 ± 0,00 7,19 ± 0,00

20 48,64 ± 0,56 23,39 ± 0,27 16,70 ± 0,06 11,91 ± 0,13


0 57,27 ± 0,56 20,20 ± 0,27 14,87 ± 0,06 7,31 ± 0,13
1 46,83 ± 0,00 20,56 ± 0,00 24,37 ± 0,00 8,24 ± 0,00
INTEIRA
10 61,99 ± 0,00 13,40 ± 0,00 16,97 ± 0,00 7,64 ± 0,00

20 58,89 ± 0,00 15,89 ± 0,00 18,47 ± 0,00 6,75 ± 0,00


Resultados expressos em g/100g de óleo. Média ± DP
64

Gráfico 11: Ácido linoleico em amostras de castanhas Gráfico 12: Ácido palmítico em amostras de castanhas
granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas. granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas.

Gráfico 13: Ácido oleico em amostras de castanhas Gráfico 14: Ácido esteárico em amostras de castanhas
granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas. granuladas e inteiras, não irradiadas e irradiadas.

As castanhas granuladas não apresentaram tanta diferença na composição de ácidos


graxos das amostras irradiadas para as não irradiadas, como é possível visualizar nos gráficos
de 11 a 14. Os ácidos insaturados oleico e linoleico pouco variaram, ficando próximos do
observado nas amostras não irradiadas. Já os ácidos graxos saturados, em especial o ácido
esteárico, observou-se um aumento mais acentuado na dose de 20 KGy (gráfico 14). Ao
analisar as tabelas 10 e 11 percebe-se que houve uma diminuição nos ácidos insaturados na
dose de 20 KGy. Sendo assim, pode-se sugerir que esses ácidos insaturados, oleico (C18:1) e
linoleico (C18:2), tenham tido uma tendência a se converter em ácidos graxos saturados a
partir da quebra dessas insaturações, que são mais instáveis, levando a formação,
principalmente, do ácido esteárico (C18:0) que também tem uma cadeia composta por 18
carbonos.
65

Já nas castanhas inteiras observou-se que as amostras irradiadas com a dose de 1 KGy
apresentaram um aumento evidente de ácido palmítico (gráfico 12) enquanto que as irradiadas
com as demais doses tiveram um aumento de ácido oleico (gráfico c) e diminuição do ácido
linoleico (gráfico 11), indicando que pode ter havido quebra de uma das insaturações do ácido
linoleico (C18:2) formando ácido oleico (C18:1). Ao analisar a tabela 10 percebe-se que há
um aumento dos ácidos graxos saturados e diminuição do insaturados ao longo das doses de
radiação testadas. Frente a isso, pode-se sugerir que, além de converter os ácidos graxos
insaturados em saturados a partir da quebra dessa insaturações, pode ter havido também uma
quebra nas cadeias carbônicas, evidenciando o aumento do ácido palmítico observado
principalmente nas amostras irradiadas com 1 KGy, uma vez que esse ácido graxo saturado
apresenta uma cadeia composta por 16 carbonos.

A análise dos teores de voláteis dos óleos de castanha (ésteres dos ácidos graxos) a
partir do Biplot (PC1 versus PC2) evidenciou a formação basicamente de 3 agrupamentos:
das amostras de castanhas inteiras que apresentam semelhanças no teor de oleato de metila
(“methyl ole”); das amostras granuladas com relação ao teor de linoleato de metila (“methyl
lin”) e estearato de metila (“methyl ste”); e da amostra inteira submetida ao tratamento com
dose de 1 KGy que foi a mais diferente por causa do teor de palmitato de metila (“methyl
pal”) (Gráfico 15).

Gráfico 15. Biplot da análise por PCA dos voláteis dos óleos de castanhas irradiadas e não irradiadas.
I = inteira; G = granulada; 0, 1, 10 e 20 KGy são os valores da dose de radiação.
66

A estatística (gráfico 15) mostra um panorama maior da influência das doses de


radiação gama testadas e dos formatos das castanhas analisadas. Podemos observar que, de
forma geral as castanhas granuladas ficaram com uma composição bem semelhante entre as
irradiadas e as não irradiadas, apresentando um teor maior de linoleato de metila (ácido
linoleico) e estearato de metila (ácido esteárico) que também foram visualizados nos gráficos
11 e 14. Já nas castanhas inteiras as amostras tratadas com as doses de 10 KGy e 20 KGy
ficaram bem semelhantes às amostras não irradiadas (0 KGy), diferente daquelas que
receberam a dose de 1 KGy que apresentaram um teor maior do palmitato de metila (ácido
palmítico), confirmando o que observado no gráfico 12, ficando diferente das demais.

Já a análise de RMN 1H dos óleos de castanha irradiados mostrou o perfil químico


com sinais característicos de triglicerídeos com predominância dos ácidos graxos oleico e
linoleico (Figura 15). Os multipleto (m) em H 0,88 ppm e H 1,28 ppm são referentes aos
hidrogênios metílicos e hidrogênios metilênicos das cadeias alifáticas, em H 1,61 (m) ppm é
atribuído aos hidrogênios metilênicos do carbono- do éster. O sinal em H 2,03 ppm (m) é
atribuído aos hidrogênios dos carbonos-β da dupla ligação entre os carbonos. O sinal em H
2,31 ppm (m) é referente aos hidrogênios de carbonos-β do éster, em H 2,77 ppm (t, J = 6,6
Hz) referente aos hidrogênios metilênicos entre os carbonos olefínicos. Os duplos dubletos em
H 4,14 ppm (dd, J = 11,9:6,0 Hz) e em H 4,29 ppm (dd, J = 11,9:4,4 Hz) são referentes aos
hidrogênios-α do glicerol. Os multipletos em H 5,26 ppm e H 5,35 ppm são referentes ao
hidrogênio-β do glicerol e aos hidrogênios olefínicos, respectivamente.
67

G0KGy

G1KGy

G10KGy

G20KGy

I0KGy

I1KGy

I10KGy

I20KGy

Figura 15: Espectro de RMN 1H (11.74 T, CDCl3) dos óleos de castanha irradiados.
I = inteira; G = granulada; 0, 1, 10 e 20 KGy são os valores de radiação.

A partir dos espectros de RMN 1H dos óleos de castanha foram integrados os sinais
em H 2,77 ppm, H 2,03 ppm e H 2,31 ppm referentes aos ácidos linoleico, oleico e
saturados respectivamente, relativos ao sinal em H 4,29 ppm, conforme Barison et al. (2010).
Os valores estimados dos ácidos graxos estão apresentados na Tabela 12.

Tabela 12. Composição do óleo calculado pelo espectro de RMN 1H.


Ácidos graxos (g/100g)
FORMA DOSE
linoleico oleico saturados insaturados*
0 KGy 31,3 44,2 24,5 75,5
1 KGy 27,9 47,6 24,4 75,5
INTEIRA
10 KGy 24,5 50,5 24,9 75,0
20 KGy 26,8 48,0 25,2 74,8
0 KGy 36,2 37,8 25,9 74,0
1 KGy 35,4 38,8 25,8 74,2
GRANULADA
10 KGy 35,7 37,5 26,8 73,2
20 KGy 35 38,1 26,8 73,1
*Calculado a partir da soma dos resultados obtidos para os ácidos linoleico e oleico

Os perfis químicos obtidos dos óleos irradiados coincidem com os resultados da CG e


dos voláteis, apontando a predominância dos ácidos graxos insaturados oleico e linoleico nas
amostras. Percebe-se que os espectros de todas as amostras de castanhas granuladas e inteiras,
irradiadas e não irradiadas, são bem parecidos, indicando que a radiação gama pouco
68

influenciou nos perfis químicos dessas amostras. Nota-se que há pouca variação no total de
ácidos graxos insaturados observados em ambos os formatos, porém os teores de ácido oleico
e linoleico variam conforme as doses, com diminuição do ácido linoleico e aumento do
oleico, indicando que possivelmente há uma conversão de ácido linoleico em oleico, o que
também foi pontuado nos resultados da CG.

De forma semelhante ao relatado em nosso estudo, Al-Bachir (2014) avaliou as


propriedades físico-químicas de óleos extraídos de amêndoas (Pronus amygdalus L.)
irradiadas com doses de até 3KGy e observaram que os ácidos graxos saturados e insaturados
não foram afetados pela radiação gama, havendo apenas diferenças moderadas entre as doses
testadas. Em outro estudo que analisou o impacto da radiação gama no perfil de ácidos graxos
de Pistaches, Fallah et al. (2018) observou um aumento de ácidos graxos saturados e
diminuição do insaturados em doses de até 9 KGy. Em seu estudo com castanha de caju,
Mexis e Kontominas (2009) observaram uma diminuição do ácido oleico em doses de 7,5
KGy e aumento do ácido esteárico, o que levou a um aumento no total de ácidos graxos
saturados e diminuição dos insaturados. Essa baixa influência da irradiação gama em nozes
em geral pode estar relacionada a baixa quantidade de água desses alimentos.

A irradiação gama em alimento com alto teor de umidade resulta em radicais livres
provenientes da radiólise da água e desencadeiam a oxidação de gorduras, levando a
alterações na composição de ácidos graxos em alimentos com grande quantidade de lipídeos.
Espera-se que essas reações sejam mais lentas em alimentos secos, como as castanhas-do-
Brasil (BRITO, VILLAVICENZIO e MANCINI-FILHO, 2002; MAXIS E KONTAMINAS,
2009).

Ressalta-se que as diferenças encontradas entre os valores da tabela 11 e 12 estão


relacionadas a metodologia, uma vez que a análise por cromatografia gasosa passa por uma
etapa de derivatização das amostras antes de analisa-las e o RMN analisa o óleo inteiro, sem
tratamento prévio. De forma geral pode-se concluir que os tratamentos com radiação gama
pouco interferiram na composição do óleo da castanha-do-Brasil, a diferença maior observada
neste trabalho foi em relação ao formato das amostras, que foi evidenciado na análise de
biblot (gráfico 15). Embora as ANOVAs (anexo 8.11 a 8.14) realizadas para os resultados da
CG tenha indicado que existe significância estatística tanto para as formas quanto para as
doses testada, nota-se que essas variações não foram tão drásticas a ponto de rancificar os
óleos.
69

As diferenças observadas nas composições dos óleos das amostras não irradiadas
granuladas e inteiras observadas nas tabelas 11 e 12 não interferem no resultado, uma vez que
as amostras foram pegas de lotes diferentes. E o objetivo do trabalho não era analisar a
composição de ácidos graxos da castanha-do-Brasil, mas sim a influência do tratamento com
radiação gama nessas amostras. Sendo assim, torna-se interessante estudos que avaliem a ação
da radiação gama na composição da castanha-do-Brasil em formatos diferentes, mas
provenientes de um mesmo lote, de forma a confirmar as variações observadas neste estudo.

Essas baixas variações visualizadas na composição de ácidos graxos corroboram com


os valores de índice de acidez e de peróxidos encontrados nas amostras irradiadas, uma vez
que houve pouca variação nesses valores, embora significativos, não ocasionaram aumentos
muito elevados que ficassem acima do permitido pela legislação de óleos vegetais.
70

6. CONCLUSÃO
O tratamento com radiação gama foi eficiente para eliminar completamente
Aspergillus flavus nas amostras de castanha-do-Brasil inteiras e 90% nas granuladas além de
reduzir a quantidade de AFL nessas amostras, sendo as AFB1 e AFG1 as que apresentaram
maior suceptibilidade à radiação gama. Além disso, as doses testadas pouco alteraram a
composição de ácidos graxos nessas amostras e mantiveram os índices de acidez e peróxidos
dentro do permitido para óleos vegetais, garantindo a qualidade do produto. A composição de
ácidos graxos variou entre as castanhas granuladas e inteiras não irradiadas e irradiadas, com
aumento do ácido esteárico nas castanhas granuladas e do ácido palmítico nas inteiras.

Foi observado que o formato da castanha influenciou bastante nos resultados. De


forma geral a castanha granulada apresentou melhores resultados, com redução quase total
dos fungos e redução de AFL, com as doses mais baixas testadas. Deve-se levar em conta
também o nível de contaminação inicial do produto não podendo abrir mão das boas práticas
durante o beneficiamento da castanha, visto que as doses testadas não conseguiram eliminar
completamente as AFL.

Sugere-se estudos futuros que analisem a ação da radiação gama em castanhas de


vários formatos (granuladas e farinha de castanha, por exemplo) porém provenientes do
mesmo lote, de forma a garantir as mesmas características iniciais, para confirmar se o tipo de
corte realmente influencia na ação da radiação gama conforme observado neste estudo.

Sendo assim, a irradiação gama é um tratamento promissor para agir na diminuição de


AFL e, principalmente, na redução de contaminação fúngica em castanhas-do-Brasil, que se
torna importante pois ao diminuir a contaminação por fungos micotoxigênicos, menor a
chance de o produto final apresentar AFL.
71

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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84

8. ANEXOS
8.1 Análise de variância para o crescimento de Aspergillus flavus em castanha-do-Brasil.

ANOVA Crescimento Fúngico


Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 177,4528 1 177,4528 5295,123 0,000000
Forma 6,2628 1 6,2628 186,880 0,000000
Dose_Radiação 497,1665 3 165,7222 4945,085 0,000000
Forma * Dose_radiação 12,9231 3 4,3077 128,540 0,000000
Erro 0,5362 16 0,0335

8.2 Análise de Variância para AFB1

ANOVA AFB1
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 113,1438 1 113,1438 6185540 0,0000
Forma 5,0637 1 5,0637 276830 0,0000
Dose_Radiação 2,2498 3 0,7499 40998 0,0000
Forma * Dose_radiação 0,6208 3 0,2069 11313 0,0000
Erro 0,0003 16 0,0000

8.3 Análise de Variância para AFG1

ANOVA AFG1
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 109,9703 1 109,9703 47130141 0,00000
Forma 3,3540 1 3,3540 1437443 0,00000
Dose_Radiação 1,9352 3 0,6451 276454 0,00000
Forma * Dose_radiação 0,7329 3 0,2443 104703 0,00000
Erro 0,0000 16 0,0000

8.4 Análise de Variância para AFB2

ANOVA AFB2
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 57,20211 1 57,20211 11733767 0,000000
Forma 0,27435 1 0,27435 56277 0,00000
Dose_Radiação 0,42348 3 0,14116 28956 0,000000
Forma * Dose_radiação 0,10229 3 0,03410 6994 0,000000
Erro 0,00008 16 0,00000
85

8.5 Análise de Variância para AFG2

AFG2
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 92,47693 1 92,47693 5125742 0,000000
Forma 0,02313 1 0,02313 1282 0,000000
Dose_Radiação 0,07442 3 0,02481 1375 0,000000
Forma * Dose_radiação 0,00771 3 0,00257 142 0,000000
Erro 0,00029 16 0,00002

8.6 Análise de Variância para AFLtotal

AFL total
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 1467,142 1 1467,142 25664283 0,000000
Forma 11,600 1 11,600 202908 0,000000
Dose_Radiação 14,236 3 4,745 83007 0,000000
Forma * Dose_radiação 3,786 3 1,262 22075 0,000000
Erro 0,001 16 0,000

8.7 Análise de Variância para índice de acidez


ANOVA Índice de Acidez
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 30,04515 1 30,0452 10129,286 0,00000
Forma 0,01175 1 0,0117 3,961 0,06394
Dose_Radiação 0,09788 3 0,0326 10,999 0,00000
Forma * Dose_radiação 0,41793 3 0,1393 46,967 0,00000
Erro 0,04746 16 0,0030

8.8 Análise de Variância para índice de peróxido

ANOVA Índice de Peróxido


Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 466,8426 1 466,8426 6981,068 0,000000
Forma 1,4123 1 1,4123 21,120 0,000298
Dose_Radiação 39,4196 3 13,1399 196,491 0,000000
Forma * Dose_radiação 3,7187 3 1,2396 18,536 0,000019
Erro 1,0700 16 0,0669
86

8.9 Análise de Variância para Ácidos Graxos Saturados

ANOVA Ácidos Graxos Saturados


Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 11281,10 1 11281,10 359485,2 0,000000
Forma 2,54 1 2,54 80,8 0,000019
Dose_Radiação 75,60 3 25,20 803,0 0,000000
Forma * Dose_radiação 58,98 3 19,66 626,5 0,000000
Erro 0,25 8 0,0,

8.10 Análise de Variância para Ácidos Graxos Insaturados

ANOVA Ácidos Graxos Insaturados


Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 86400,72 1 86400,72 992826,5 0,000000
Forma 1,19 1 1,19 13,7 0,006087
Dose_Radiação 72,39 3 24,13 277,3 0,000000
Forma * Dose_radiação 53,14 3 17,71 203,5 0,000000
Erro 0,70 8 0,09

8.11 Análise de Variância para Ácido Linoleico

ANOVA Ácido Linoleico


Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 6953,892 1 6953,892 770514,4 0,000000
Forma 177,956 1 177,956 19718,1 0,000000
Dose_Radiação 35,655 3 11,885 1316,9 0,000000
Forma * Dose_radiação 41,420 3 13,807 1529,8 0,000000
Erro 0,072 8 0,009

8.12 Análise de Variância para Ácido Palmítico

ANOVA Ácido Palmítico


Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 5394,903 1 5394,903 13487256 0,000000
Forma 1,513 1 1,513 3782 0,000000
Dose_Radiação 64,769 3 21,590 53974 0,000000
Forma * Dose_radiação 41,733 3 13,911 34778 0,000000
Erro 0,003 8 0,000
87

8.13 Análise de Variância para Ácido Oleico

ANOVA Ácido Oleico


Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 44331,30 1 44331,30 1108283 0,0000
Forma 208,22 1 208,22 5206 0,0000
Dose_Radiação 169,23 3 56,41 1410 0,0000
Forma * Dose_radiação 97,11 3 32,37 809 0,0000
Erro 0,32 8 0,04

8.14 Análise de Variância para Ácido Esteárico

Ácido Esteárico
Efeito SS GL MS F Valor- p
Intercepto 1073,381 1 1073,381 32644,18 0,000000
Forma 7,967 1 7,967 242,28 0,000000
Dose_Radiação 8,089 3 2,696 82,00 0,000002
Forma * Dose_radiação 20,102 3 6,701 203,79 0,000000
Erro 0,263 8 0,033

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