Dissertação-Renata H Simões
Dissertação-Renata H Simões
Dissertação-Renata H Simões
MANAUS
2014
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
MESTRADO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS
MANAUS
2014
2
RENATA HANAN SIMÕES
BANCA EXAMINADORA
3
DEDICATÓRIA
4
AGRADECIMENTO
À Dra. Ariane Kluczkovski, aos meus sinceros agradecimentos pela orientação precisa
e sobretudo pela dedicação, compreensão, paciência e incentivo;
À turma de mestrado pela amizade, pelos momentos de descontração e pelo apoio nos
momentos difíceis;
5
RESUMO
6
ABSTRACT
The Brazil nut is a seed native to the Amazon region with high nutritional value and
based products that seed can serve the interests of consumers seeking a healthy diet. Such a
business perspective stimulated the development of the condensed hidrossoluble Brazil nut
extract, which was characterized and compared to commercial soybean. The product showed
lower levels of fat, sugar and sodium and higher in protein and ash. The selenium content of
150 ug/100g is also a key differentiator. Sensory testing in approximately 90% of the 120
untrained participants stated also like condensed commercial soybean and of Brazil nuts.
After 60 days of shelf-life, the basis of the condensed Brazil nut showed acceptable
appearance and microbiological stability, making it a possible alternative to consumers
looking for healthy eating.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Composição química centesimal, teor de selênio e valor calórico da
amêndoa e torta de amêndoa de castanha-do-Brasil.......................................................... 19
Tabela 2 - Fórmulas de diferentes extratos hidrossolúveis de castanha-do-Brasil........... 27
Tabela 3 - Aditivos utilizados nos extratos hidrossolúveis condensado de castanha-do-
Brasil................................................................................................................................... 27
Tabela 4 - Composição físico-química dos produtos elaborados com castanha-do-
Brasil e soja........................................................................................................................ 32
Tabela 5 - Teores de sódio e selênio nas fórmulas testadas.............................................. 34
Tabela 6 - Teores de acidez, pH e Brix das fórmulas de castanha ao longo de 60 dias
de armazenamento. ........................................................................................................... 35
Tabela 7 - Avaliação sensorial, índice de aceitação e de intenção de consumo da
fórmula de castanha e o produto comercial a base de soja................................................. 38
Tabela 8 - Índice de aceitação e indicador da intenção de consumo da fórmula de
castanha e do produto comercial de soja. .......................................................................... 39
Tabela 9 - Avaliação sensorial da fórmula de castanha e do condensado comercial de
soja, entre grupos de consumidores. .................................................................................. 40
Tabela 10 - Avaliação sensorial da fórmula com castanha, e o produto comercial de
soja, entre diferentes classes etárias................................................................................... 41
9
LISTA DE ABREVIATURAS
10
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 13
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................ 15
2.1.1 Distribuição e Características Nutricionais....................................... 15
2.1 A Castanha-do-Brasil (Bertholettia excelsa H. B.K.).......................... 15
2.1.2 Beneficiamento................................................................................. 20
2.1.3 Desenvolvimento de produtos e derivados da castanha-do-Brasil... 21
2.2 Leite condensado................................................................................. 24
3. OBJETIVO............................................................................................................ 26
4. METODOLOGIA................................................................................................ 27
4.1 Ingredientes.......................................................................................... 27
4.2 Preparação da Matéria-prima............................................................... 27
4.2.1 Elaboração da torta e do extrato hidrossolúvel................................. 28
4.2.2 Isolado proteico................................................................................. 28
4.3 Elaboração do Extrato Hidrossolúvel de castanha do Brasil
condensado.......................................................................................... 29
4.4 Caracterização do extrato hidrossolúvel de castanha-do-Brasil
condensado ......................................................................................... 30
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................... 32
6. CONCLUSÃO....................................................................................................... 43
11
7. REFERÊNCIAS.................................................................................................... 44
ANEXO....................................................................................................................... 48
12
1. INTRODUÇÃO
13
Dentre as matérias-primas vegetais para elaboração de “leites”, a soja também possui
aplicações, na elaboração de “leite”, em pó e condensado, com intuito de ampliar opções no
mercado para diversificar a dieta. Na análise sensorial, o produto apresentou menores notas de
aceitação quando comparado ao condensado comercial, porém obteve uma aceitação
intermediária pelos julgadores. Portanto, o aumento da procura dos consumidores por
alimentos altamente nutritivos levaram à realização de um estudo com objetivo de elaborar
um produto com castanha-do-Brasil, através do desenvolvimento do extrato hidrossolúvel de
castanha-do-Brasil.
14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
17
linolênico). Das gorduras restantes, mais da metade é de gordura monoinsaturada
(principalmente oleico), seguido por 25 % de gordura poliinsaturada (linoleico, ômega-6) e a
cerca de 19 % de gordura saturada (palmítico e esteárico) (USDA, 2011).
A castanha-do-Brasil é fonte de selênio e a ingestão adequada desse mineral é
essencial para várias selenoenzimas envolvidas na proteção contra o estresse oxidativo, a
manutenção do estado redox, sistema imunológico e regulação da tireóide (REEVES &
HOFFMANN, 2009). Ele pode também proteger contra cânceres de próstata, fígado e
pulmões devido a elevados níveis de fitonutrientes (YANG, 2009). A procedência das
castanhas-do-Brasil contribui para a sua composição química devido ao tipo de solo do local
em que foram coletados. Na pesquisa de Chang et al. (1995) foi analisado individualmente
dois lotes de 162 castanhas-do-Brasil, um proveniente da região Acre/Rondônia e o outro da
região de Manaus/ Belém, encontraram concentrações de selênio variando entre 3,06 a 4,01
mg/Kg para região do Acre/ Rondônia e 36,0 a 50,0 para região Manaus/ Belém.
O resíduo da castanha obtido por meio da extração do óleo por prensagem da amêndoa
é em geral chamado de torta (GLORIA & REGITANO D’ÁRCE, 2000). Souza e Menezes
(2004) pesquisaram sobre a diferença da composição centesimal entre amêndoas e tortas de
castanha-do-Brasil e verificaram que a torta contém 3,56 vezes maior na quantidade de
selênio que encontrada na amêndoa. Isto pode ser explicado pela grande quantidade de
amêndoa com película utilizada para obtenção da torta e ao seu menor percentual de lipídio,
sugerindo-se que a película pode conter elevada concentração de selênio. Além do aumento
da quantidade de selênio encontrado na torta, também houve aumento de proteínas, fibras e
cinzas na sua composição. A composição química da castanha-do-Brasil esta descrita na
tabela 1.
18
Tabela 1. Composição química centesimal, teor de selênio e valor calórico da amêndoa e
torta de amêndoa de castanha-do-Brasil.
Castanha-do-Brasil
Componente
Amêndoa Torta
Umidade (%) 3,13 6,7
Cinzas (%) 3,84 8,85
Lipídios (%) 67,3 25,13
Proteínas (%) 14,26 40,23
Carboidratos (%) 3,42 3,37
Fibra total (%) 8,02 15,72
Fibra insolúvel (%) 4,89 12,67
Fibra solúvel (%) 3,12 3,04
Valor calórico (kcal) 676,56 400,6
Selênio (mg/kg) 2,04 7,13
Fonte: SOUZA e MENEZES (2004).
19
2.1.2 Beneficiamento
Pesagem/
Desidratação Polimento
Embalamento
Armazenamento
Figura 4. Fluxograma de processo para castanha com e sem casca (CAMPO/PAS, 2004 apud
PACHECO & SCUSSEL, 2006).
20
• Lavagem: Retirar sujeiras e qualquer corpo estranho, promovendo choque térmico
antes da quebra;
• Tratamento térmico: A castanha pode ser tratada por imersão em água quente ( a cerca
100o C/ 1ou 2 minutos) ou autoclavada por um período de 2 a 5 segundos
imediatamente após a lavagem, devido à resistência das aflatoxinas a temperaturas de
até 250o C;
• Descasque: As castanhas são descascadas ainda quente manualmente ou por meio de
prensa manual;
• Seleção e classificação: Classificam as amêndoas em diferentes tamanhos e
integridades. As amêndoas deterioradas são descartadas nesta etapa;
• Desidratação: as amêndoas são levadas às estufas com circulação de ar sob a
temperatura de 60o C ou mais durante 24 horas, para atingir umidade entre 11 e 15%;
• Polimento: Após a classificação, as amêndoas são polidas com rolo ou escovas para
retirar as películas (reduzindo as aflatoxinas) e melhorar a sua aparência;
• Pesagem e embalamento: as amêndoas são pesadas e embaladas a vácuo em sacos
aluminizados ou em caixas de papelão;
• Armazenamento: os sacos ou caixas contendo amêndoas desidratadas são
empilhados sobre o estrado de madeira.
A partir das amêndoas podem ser obtidos outros produtos tais como: torta, óleo,
extrato seco ou aquoso, biscoitos e produtos de panificação/confeitaria.
Em geral, para alguns dos produtos, as amêndoas de castanha-do-Brasil são
descascadas, despeliculadas com hidróxido de sódio e submetidas à estufa. Posteriormente, o
óleo é removido parcialmente através da prensagem manual, este produto é denominado de
torta.
A torta é considerada uma excelente fonte de proteína vegetal em função de sua
qualidade, é rica em aminoácidos sulfurados, metionina e cisteína, geralmente insuficientes
em proteínas vegetais (COHEN, 2007). Esta apresenta inúmeras possibilidades de aplicação,
visando o enriquecimento de uma grande variedade de grupos de alimentos, tais como:
produtos para panificação, bebidas, embutidos, farinhas, leites, cereais, snacks, salgados,
doces, sorvetes, chocolates, além de muitos outros (SOUZA & MENEZES, 2004).
21
O extrato aquoso, conhecido como “leite” da castanha, é obtido por meio da diluição
das tortas com água quente. Este produto é similar ao leite de coco, rico em proteína e é
utilizado como ingrediente na culinária (PACHECO & SCUSSEL, 2006). Segundo Cardarelli
e Oliveira (2000), o “leite” pasteurizado e refrigerado se mantém estável aproximadamente
por 30 dias. Verificou-se que o efeito de aditivo de pasteurização, refrigeração e adição de
conservante aumentou a sua vida de prateleira para 180 dias.
No estudo de Ferberg et al. (2002), foi avaliado os efeitos das condições de extração
no rendimento e qualidade do leite de castanha-do-Brasil despeliculada. O “leite” da castanha
foi obtido por meio da despeliculação seguida de desintegração dessas castanhas
despeliculada e centrifugação. Na etapa de desintegração foram estudadas quatro
temperaturas (25 oC, 50 oC, 75 oC e 100 oC) com uma ou duas extrações. As amostras
experimentais obtidas foram avaliadas quanto à composição, rendimento em extração e
avaliação sensorial de doçura. O “leite” de castanha obtido a 75 oC com uma e duas extrações
apresentaram rendimento em sólidos, proteínas e óleo significativamente superiores aos
demais. Enquanto ao teor de açúcar, testaram com concentrações diferentes (2 %, 3 % e 4 %)
e submeteram à análise sensorial. O “leite” de castanha obtido a 75o C e formulado com 3 %
de açúcar foi preferido pela maioria dos provadores (78 %).
Ferberg et al. (2004) elaboraram uma bebida mista de extrato de soja integral e extrato
de castanha-do-Brasil. A bebida de extrato soja, adicionada 3 % de açúcar e 0,2 % de sal, foi
formulada com diferentes concentrações de extrato de castanha (10 %, 20 %, 30 %, 40 % e 50
%). A formulação da bebida de soja integral aceita pela maioria dos provadores foi de 40% de
extrato de castanha com 3 % de açúcar e 0,2 % de sal.
Em outro estudo, Ferberg et al. (2009) elaboraram uma bebida de extrato de soja com
extrato de castanha-do-Brasil. Foram estudados cincos níveis (10 %, 20 %, 30 %, 40 % e 50
%) de extrato de castanha adicionado à bebida de soja com o objetivo de avaliar a composição
química, a análise sensorial e visual. A bebida de soja com 30 % de extrato de castanha foi
preferida pela maioria dos consumidores que participaram deste estudo. Embora, esta
formulação tenha apresentado estabilidade visual (não houve separação de fases), não
apresentou um dos melhores desempenhos em termos de valor nutricional, exceto pelo teor de
óleo. Quando o extrato da castanha-do-Brasil foi adicionado à bebida de soja, o produto ficou
mais branco que a bebida de soja, se aproximando da aparência do leite comum.
Da torta de castanha-do-Brasil também pode obter o concentrado e isolado proteicos.
De acordo com Carvalho et al. (2009), o concentrado proteico é aquele produto preparado a
22
partir da farinha desengordurada e baseia na insolubilização da maioria das proteínas, com a
exclusão parcial dos carboidratos, sais minerais e outros componentes solúveis típicos da
farinha, resultando em um produto de alto valor proteico. Por exemplo, a soja possui 70 %
como teor mínimo de proteína para o concentrado proteico. O isolado proteico, é definido
como o produto contendo quase a totalidade proteica sendo removida a maior parte dos
componentes não proteicos. No caso da soja, o produto deve ter no mínimo 90 % de proteína
em base seca. No estudo de Glória e Regitano D’Arce (2000) foram determinadas as melhores
condições para a obtenção de um concentrado e um isolado proteico, a partir da torta
desengordurada da castanha do Pará. O pH de precipitação proteica foi 3,5 - 4,0 e o de
extração proteica foi 9,0. A produção do concentrado resultou num rendimento de 70 % e a do
isolado, de 35 %.
Além dos concentrados e isolados de proteínas possuírem boas qualidades nutricionais
e propriedades funcionais biológicas, estes produtos destacam-se pelas propriedades
funcionais tecnológicas (dispersibilidade, capacidade emulsificante, ação estabilizante de
emulsões, elevada capacidade de ligação de água e gordura, geleificação, entre outras). Essas
propriedades são aplicadas em produtos cárneos, de panificação, etc.
O óleo da castanha, proveniente da extração da torta, pode ser usado para diferentes
aplicações entre elas: cosméticos, farmacêuticos e alimentos (SANTOS et al., 2010) . De
forma geral, o método de extração do óleo é realizado por prensagem mecânica ou hidráulica,
via reagentes ou utilizando CO2 (NETO, 2009).
A extrusão, por exemplo, é a conversão de um material sólido ao estado da massa
fluída, pela combinação de umidade, calor, compressão e tensão de cisalhamento. O processo
promove a gelatinização do amido, a desnaturação e a reorientação das proteínas, a inativação
enzimática, destruição de algumas substâncias tóxicas e a redução da contagem microbiana
(BORBA, SARMENTO & LEONEL, 2005; MENEGASSI et al., 2007). Com esta tecnologia
se produz bebidas em pó instantâneas, amidos modificados para uso industrial, rações pré-
cozidas para animais, refeições rápidas, cereais pré-cozidos, snack, molhos semi-processados,
produtos de confeitaria, cereais matinais e outros produtos diversos (SOUZA & MENEZES,
2008).
Souza e Menezes (2006) avaliaram a aceitabilidade de cereais de torta de amêndoa de
castanha-do-Brasil com mandioca extrusados nos sabores doce, salgado e natural em função
da aceitação global, sabor, crocância e intenção de compra por seis meses de armazenagem à
temperatura ambiente. Os resultados mostraram que os três tipos de cereais matinais de
23
castanha-do-brasil com mandioca alcançaram maiores notas em todos os quesitos do que o
cereal matinal similar comercializado. Dos três cereais matinais estudados o de sabor doce
recebeu maiores notas que o natural e salgado.
24
condensado enlatado não necessita de refrigeração, pois a concentração elevada de açúcar
inibe o desenvolvimento de micro-organismos.
Fleitas et al. (2001) elaboraram leite condensado sem lactose a partir de isolado de
soja, gordura vegetal, açúcar e água. A composição deste produto em proteína, gordura e
açúcar foram 6,8 %, 5 % e 48 %, respectivamente. O leite condensado convencional teve a
mesma composição e ambos os leites condensados foram misturados em proporções
diferentes. A formulação foi definida na proporção 70% de leite condensado sem lactose e
30% de leite condensado convencional, pois teve maior aceitação no teste de análise
sensorial.
Gutierres e Demarchi (2006) desenvolveram o extrato condensado de soja sem e com
corante e aromatizado de chocolate para suprir as necessidades de pessoas intolerantes à
lactose. A formulação foi: Tradicionalà 500 g de extrato de soja + 180 g de açúcar + 240 mL
de água +15 g de margarina; Chocolate à 500 g de extrato de soja + 0,5 g de corante marrom
sabor chocolate + 180 g de açúcar + 240 mL de água + 15 g de margarina. Somente o extrato
condensado de soja sem corante e aromatizante teve uma boa aceitação através do teste de
análise sensorial.
Quinhonhe Júnior (2011) desenvolveu o extrato hidrossolúvel de soja condensado com
intuito de comparar com condensado de soja comercial Soymilke® nos quesitos de análise
centesimal, físico-química e sensorial. Ele verificou que seu produto apresentou menores
valores para pH e lipídios, enquanto umidade e sólidos solúveis totais não apresentaram
diferenças significativas. O seu produto apresentou menor viscosidade em relação ao
Soymilke®, entretanto ambos os produtos apresentaram comportamento pseudoplástico e
tixotrópico. O novo produto apresentou menores notas na análise sensorial em relação ao
condensado de soja comercial, entretanto observou-se baixa rejeição do produto.
Almada (2013) elaborou leite condensado com flocos de aveia, amêndoa e condensado
de arroz parboilizado como opções para substituir o leite condensado bovino. A autora
verificou que os substitutos do leite apresentaram maiores valores nutritivos e menores
valores energéticos e lipídicos quando comparados ao leite condensado tradicional. Porém,
estes leites condensados a base de vegetais precisam de várias melhorias para serem bem
aceito quanto ao leite condensado tradicional.
25
3. OBJETIVO
Geral:
Específicos:
26
4. METODOLOGIA
4.1 Ingredientes
27
foram usados lotes diferentes de materia-prima, e as amêndoas foram imersas em solução de
hidróxido de sódio a 2 % em ebulição por 1 min. na proporção 1:2 (castanha: NaOH 2 %,
massa/volume).
Em seguida, foram drenadas em água fria por 2 min. na proporção 1:5 (castanha:água
fria). A película foi retirada manualmente e as amêndoas imersas em água fria por 10 min.
para eliminar o resíduo de hidróxido de sódio. Em seguida, foram aplicadas três gotas de
fenolftaleína 1% para confirmar a presença de hidróxido de sódio.
De acordo com Glória e Regitano D’Arce (2000), a torta desengordurada foi dispersa
na relação 1:15, com a solução de NaOH 0.02 N até pH 9. A suspensão foi mantida sob
agitação magnética durante 2 horas a 60 rpm. O precipitado foi submetido a duas lavagens
consecutivas no mesmo tipo de solução. Adicionou-se ao sobrenadante HCl 0.5 N até pH 4. A
suspensão foi agitada por 30 min. e a seguir, centrifugada a 1500 rpm/20 min. O precipitado
foi submetido a duas lavagens consecutivas em solução ácida e seco em estufa de circulação
de ar forçado a 40° C/4 horas.
28
4.3 Elaboração do Extrato Hidrossolúvel de castanha do Brasil condensado
+ + +
29
4.4 Caracterização do extrato hidrossolúvel de castanha-do-Brasil condensado
30
4.5 Análise Estatística
31
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
32
Fleitas et al. (2001) elaboraram leite condensado açucarado à base de soja com: 6.8 %
de proteínas, de 5 % de lipídios, de 0.3 % de cinzas, de 48.2 % de carboidratos, de 60.3o Brix
e pH 6.8. Quinhone Júnior (2011) elaborou uma formulação de condensado de soja na qual
foi constituída de 3.6 % de proteínas, 1.2 % de lipídios, 2.9 % de cinzas, 57.1 % de
carboidratos, 63o Brix e pH 6.16. Também analisou o produto de soja comercial que
apresentou 3.02 % de proteínas, 6.6 % de lipídios, 0.6 % de cinzas, 54.72 % de carboidratos,
62.08o Brix e pH 6.4. Posteriormente, realizou uma comparação entre os dois produtos.
Na análise centesimal, o autor observou que seu produto apresentou maiores valores
(proteínas, cinzas, acidez, carboidratos e Brix) que os encontrados no condensado de soja
comercial. No produto elaborado por este autor foi utilizado extrato a partir de soja com
casca, o que contribuiu para o alto teor de cinzas quando comparado às fórmulas de castanha-
do-Brasil produzidos a partir de amêndoas despeliculadas. No presente trabalho, foi
justificável o maior o teor de lipídios, porque a amêndoa de castanha-do-Brasil possui maior
teor de lipídios que a soja. Conforme a tabela 4, as duas fórmulas de castanha-do-Brasil
apresentaram valores de fibras bruta, enquanto no condensado de soja comercial, o valor não
foi detectado.
34
Tabela 6. Teores de acidez, pH e Brix das fórmulas de castanha ao longo de 60 dias de
armazenamento.
35
armazenamento (>80%) e a embalagem de vidro do produto, possivelmente ocasionou esta
instabilidade. O pH não apresentou padrão de redução ou elevação.
Figura 6. Oscilação dos índices de acidez, pH e Brix das duas fórmulas de castanha ao longo
de 60 dias de armazenamento.
Viscosidade
80000
70000
Tensão
de
cisalhamento
(cP)
60000
50000
40000 Fórmula 1
30000
Fórmula
2
Condensado
comercial
de
soja
20000
10000
0
0,3
0,5
0,6
1
1,5
2
2,5
3
4
5
6
10
12
20
30
50
60
100
Velocidade
(RPM)
Para a análise sensorial, foi reunido um painel de 120 provadores não-treinados com 85%
do sexo feminino e 15 % do masculino e idade média de 26.23 ± 6.95 anos. Dividindo os
grupos de consumidores em função da frequência de consumo, o painel de provadores
mostrou que 35.00 % consumiam doces raramente, 19.17 % duas vezes ao mês, 14.17 % uma
vez por semana e 31.67 % sempre ou quase todos os dias. Divididos em classes etárias, o
painel de provadores apresentou 15.83 % de indivíduos jovens (< 20 anos de idade), 55.83 %
37
de jovens adultos (≥20 e ≤30 anos de idade), 21.67 % de adultos (≥30 e ≤40 anos), e 6.67 %
de adultos entre 40 e 50 anos. Por meio da análise estatística apresentada na tabela 7, foram
observadas diferenças significantes na avaliação dos produtos testados. O produto comercial
de soja apresentou melhor aceitação de cor, aroma e sabor (p<0.0486). A fórmula de
castanha-do-Brasil, assemelhou-se a de soja nos itens doçura e avaliação geral (p>0.4200). A
intenção de compra de ambos os produtos não diferiu estatisticamente (p=0.3968), bem como
os indicadores de aceitação e intenção de consumo também foram semelhantes (p>0.2119).
Fórmulas
Propriedade Castanha Produto de Soja p
Média (Desvio) b a
Cor 7.18 (1.52) 7.64 (1.33) 0.0011
%Aceitação a a
88.33 95.00 0.6225
Média (Desvio) b a
Aroma 6.56 (1.74) 7.32 (1.79) 0.0001
%Aceitação a a
72.50 88.33 0.2119
Média (Desvio) b a
Sabor 7.07 (1.79) 7.41 (1.96) 0.0486
%Aceitação a a
82.50 86.67 0.7487
Média (Desvio) a a
Doçura 7.13 (1.74) 7.15 (1.99) 0.6783
%Aceitação a a
84.17 86.67 0.8483
Média (Desvio) a a
Avaliação geral 7.49 (1.51) 7.53 (1.81) 0.4200
%Aceitação a a
89.17 90.83 0.9011
Média (Desvio) a a
Intenção de compra 3.98 (1.04) 4.06 (1.11) 0.3968
%Consumo a a
68.33 77.50 0.4478
Valores dentro dos parênteses são desvios-padrão. Legendas iguais na mesma linha indicam valores
estatisticamente semelhantes.
38
Tabela 8. Índice de aceitação e indicador da intenção de consumo da fórmula de castanha e
do produto comercial de soja.
Fórmula
Propriedade Castanha Produto de Soja p
a a
Cor 88.33 95.00 0.6225
a a
Aroma 72.50 88.33 0.2119
a a
Sabor 82.50 86.67 0.7487
a a
Doçura 84.17 86.67 0.8483
a a
Avaliação geral 89.17 90.83 0.9011
a a
Intenção de consumo 68.33 77.50 0.4478
Legendas iguais na mesma linha indicam valores estatisticamente semelhantes.
Almada (2013) elaborou leite condensado com flocos de aveia, amêndoa e condensado
de arroz parboilizado como opções para substituir o leite condensado bovino. Na pesquisa
ressaltou-se a importância de alcançar o índice mínimo de aceitabilidade de 70 % da amostra
para que o produto seja considerado aceito em suas propriedades sensoriais. Todos as
amostras tiveram boa aceitação de cor e aparência, por meio do índice de aceitabilidade >
70%. Porém, todos obtiveram baixos índices de aceitação (< 70 %) de sabor e textura, sendo o
condensado de amêndoa o mais rejeitado.
Na presente pesquisa, o produto de castanha-do-Brasil obteve índice de aceitação >
70 % em todos os atributos, porém mostrou-se inferior no quesito de intenção de consumo.
Na tabela 9, observa-se que a avaliação sensorial da fórmula de castanha-do-Brasil testada
não diferiu entre os grupos de consumidores (p>0.4016). O grupo que afirmou consumir doce
raramente demonstrou baixa aceitação ao produto comercial de soja nos quesitos cor, aroma,
doçura, na avaliação geral e na intenção de compra (p<0.0343), o que pode ser esperado uma
vez que não apreciam produtos açucarados. No entanto, o de castanha obteve boa aceitação
em todos os quesitos. A avaliação de sabor, embora ligeiramente inferior, não diferiu da
avaliação feita pelos demais grupos (p=0,0937). Os grupos que afirmam consumir doces duas
vezes no mês e quase todos os dias, avaliaram diferentemente os produtos de castanha e
comercial de soja no quesito cor e aroma (p<0,0287).
A avaliação do sabor dos produtos diferiu apenas para o grupo que afirma consumir
doces duas vezes por mês (p=0,0158). Em ambos os casos, observou-se preferência pelo
produto de soja comercial. A escala hedônica de Almada (2013) foi composta de 9 pontos e
apenas o atributo sabor do condensado de amêndoa foi rejeitado. Para o restante das amostras
foram atribuídas notas maior ou igual a 5. Nota maior que 6 indicaria aceitação, igual a 5,
indiferença e menor que 5, rejeição. Seguindo tal interpretação, o condensado de castanha-do-
39
Brasil obteve notas maiores que 6 em todos os atributos, sendo bem aceito por todos os
degustadores.
Tabela 10. Avaliação sensorial da fórmula com castanha, e o produto comercial de soja,
entre diferentes classes etárias.
Fórmula
Classe etária
Propriedade Castanha Soja p
a a
A 7.21 (1.23) 7.84 (0.96) 0.0900
a a
B 7.07 (1.72) 7.66 (1.23) * 0.0108
a a
Cor C 7.35 (1.09) 7.38 (1.72) 0.4521
a a
D 7.38 (1.69) 7.88 (1.64) 0.2795
p 0.9556 0.6318 –
b a
A 6.16 (1.71) 7.47 (1.54) * 0,0245
ab a
B 6.36 (1.72) 7.43 (1.67) * 0,0001
ab a
Aroma C 7.04 (1.73) 6.77 (2.16) 0.6358
a a
D 7.63 (1.60) 7.75 (1.98) 0.7768
p 0.0396 0.3514 –
a a
A 6.74 (1.91) 7.42 (2,19) 0,1598
a a
B 7.03 (1.83) 7.55 (1.71) 0.0526
a a
Sabor C 7.23 (1.68) 6.77 (2.50) 0.5845
a a
D 7.63 (1.69) 8.25 (0.71) 0.3929
p 0.6570 0,4411 –
a a
A 7.21 (1.40) 6.68 (2.47) 0.6813
a a
B 7.04 (1.80) 7.42 (1.67) 0.1869
a a
Doçura C 7.19 (1.70) 6.46 (2.40) 0.1942
a a
D 7.38 (2.39) 8.25 (0.71) 0.3951
p 0.7764 0.0842 –
a a
A 7.37 (1.50) 8.05 (1,03) 0,1110
a a
B 7.43 (1.38) 7.43 (1.92) 0.4430
a a
Avaliação geral C 7.69 (1.54) 7.08 (2.04) 0.1570
a a
D 7.63 (2.50) 8.50 (0.53) 0.4098
p 0.3988 0.1541 –
b a
A 3.63 (1.12) 4.11 (0.88) 0.2005
b a
B 3.82 (1.00) 4.12 (1.09) 0.0606
a a
Intenção de compra C 4.54 (0.86) 3.73 (1.34) * 0.0375
ab a
D 4.25 (1.16) 4.50 (0.76) 0.8501
p 0.0028 0.3833 –
Valores dentro dos parênteses são desvios-padrão. A – Jovens; B – Jovens adultos; C – Adultos; D – Adultos em
meia idade. Legendas iguais na mesma coluna indicam valores estatisticamente semelhantes. O “*” é usado para
indicar diferença significante entre os produtos avaliados.
41
Fleitas et al. (2001) realizaram análise sensorial entre leite condensado convencional,
leite condensado misturado (convencional + condensado de soja) e condensado de soja e
verificaram que o produto a base de soja foi rejeitada pelos 8 participantes treinados. Na
pesquisa de Quinhonhe Júnior (2011), seu produto a base de soja perdeu a liderança na análise
sensorial para o condensado de soja comercial, porém obteve aceitação intermediária.
Myamoto e Auler (2008) realizaram a análise sensorial de preferência de preparações
de alimentos doces e salgados que levam leite em sua composição. Essas pesquisadoras
prepararam duas receitas para cada alimento, uma com leite de vaca e a outra com soja em
substituição à lactose e verificaram que os resultados de aceitação foram semelhantes.
Etges et al. (2012) avaliaram a aceitabilidade e preferência entre o brigadeiro de soja e
o tradicional através da participação de 100 julgadores não treinados. Os resultados da
aceitabilidade em relação ao brigadeiro de soja indicam que 84 % gostaram/adoraram, 7 %
foram indiferentes e 9 % desgostaram da amostra. Já, o brigadeiro tradicional teve 100 % de
aceitabilidade. Essas pesquisas demonstram que ao longo do tempo, as pessoas começam a
aceitar aos poucos os alimentos lácteos a base de vegetais como uma opção saudável.
42
6. CONCLUSÃO
43
7. REFERÊNCIAS
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44
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47
ANEXO
48
ANEXO A – MODELO DO QUESTIONÁRIO SOBRE EXTRATO HIDROSSOLÚVEL
DE CASTANHA-DO-BRASIL CONDENSADO APLICADO NA
ANÁLISE SENSORIAL
49
ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Sua participação é voluntária e se dará por meio da avaliação das duas amostras, sendo
uma formulação de condensado de castanha-do-Brasil e condensado de soja comercial
Soymilke®, e responder um questionário baseado na escala hedônica sobre atributos gerais,
sabor, odor, cor, doçura, questionário sobre o perfil e hábito de consumo do consumidor e
levantamento de critério sobre a preferência e rejeição dessas amostras.
Os riscos decorrentes de sua participação na pesquisa são mínimos, uma vez que, a
fabricação dos condensados de castanha serão baseados em boas práticas de fabricação (BPF)
e serão produzidas no dia anterior da análise sensorial. É possível o participante ter
desconforto devido aos atributos que não o agradam. Se você aceitar participar, estará
contribuindo para o lançamento de um produto alimentício regional e isento de lactose no
mercado.
______________________
Assinatura do Pesquisador Responsável
Impressão
digital,
caso
não
saiba
assinar
50
ANEXO C – APROVAÇÃO DO PROJETO ENVIADO AO CEP
51