Alienindi Os Portais Dos Mundos Ebook
Alienindi Os Portais Dos Mundos Ebook
Alienindi Os Portais Dos Mundos Ebook
REITOR
Miguel Sanches Neto
VICE-REITOR
Everson Augusto Krum
ALIENINDI∞∆
Os portais dos mundos
Copyright © by Felipe Coelho
Equipe editorial
Edição Letícia Fraga e Ligia Paula Couto
Revisão Eliana Souza Pinto
Ilustrações Felipe Coelho Iaru Yê Takariju
Capa Álvaro Franco da Fonseca Junior sobre
desenho de Eliana Souza Pinto
Projeto Gráfico e Diagramação Andressa Marcondes
ISBN: 978-65-86967-43-2
DOI: 10.5212/65-86967-43-2
CDD: 306.089
2021
Sumário
AGRADECIMENTOS....................................................................................................................................8
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................10
CAPÍTULO 10 - RETOMADAS
Conexões ancestrais.............................................................. 122
OS PORTÕES DO MUNDO
(Narrativa da retomada de mundo dos Takarijú)................. 187
REFERÊNCIAS........................................................................................................................................190
Dedico este livro ao planeta,
aos que amam
e a todos os povos indígenas originários da Terra.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos |9
APRESENTAÇÃO
Não somos índios, não somos humanos e não somos animais. Tudo
o que a ciência ocidental afirma sobre nossos povos não é verdade. Vocês
não nos conhecem. É sob essa perspectiva, potencialmente polêmica para
alguns, que o Alienindi ganha vida e força de ação. Uma obra movida por
intuição e ousadia, que, a partir das visões do autor, de suas vivências
enquanto Takarijú da Serra Grande, pode e pretende ajudar outros pa-
rentes no processo de Retomada. É um convite ao reencontro com nossas
origens, ao pensamento crítico acerca dos conceitos coloniais que seguem
nos violentando, um convite para pensar as diferenças que formam nossos
povos e relação com a Terra. Uma obra que abre portais e oportuniza a
criação e percepção de nossas próprias conexões e perspectivas de mundo.
O livro traz considerações importantes sobre as diferenças, sobretu-
do no que diz respeito à questão conceitual. O pensamento colonial criou
polos e valora no extremo negativo tudo o que difere das suas estruturas. É
preciso que lutemos pelo nosso direito de existir em nossas diferenças, sem
que sejamos exotizados como fetish exploratório das ciências modernas.
Nossas formas de sentir e pensar foram subestimadas por muito tempo,
silenciadas como nossas línguas e narrativas, que precisaram encontrar
formas de sobreviver ao esmagamento da narrativa hegemônica colonial.
Já fomos animalizados num sistema de referencial antropocêntrico
em que o não-humano (leia-se não-branco) é sempre descartável; fomos
“humanizados” neste mesmo sistema que nos transforma em escravos
igualmente sem valor. Somos identificados de diversas maneiras através
dos tempos, mas permanente e ostensivamente como inimigos, seres que
não geram identificação e, portanto, não despertam empatia, ou se colocam
como barreira ao progresso de um sistema que desrespeita, objetifica e
explora todas as outras formas de vida. Somos, ao final, indefiníveis pelos
parâmetros do mundo moderno, pois pertencemos a outros mundos, mas
coabitamos o mesmo planeta.
Apresentação | 11
INTUIÇÃO para A PRIMEIRA PARTE
Coelho Takarijú.
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Entendo campo afetivo como algo comparado à teoria quântica de campos, em que os campos das
coisas, a matéria, a energia, a frequência, tudo influencia a vida e em como viver. Para conhecer mais
sobre o tema, sugerimos a leitura de “O Universo Elegante”, de Brian Greene (Editora Companhia
das Letras).
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Em termos gerais, dispõe sobre as terras devolutas no Império e sobre as que eram possuídas por
titulo de sesmaria sem preenchimento das condições legais.
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O chamado Período Pombalino, compreende os anos de1750 até 1777, quando o ministro de Estado
português, Marquês de Pombal, implantou inúmeras novas regras e leis no Brasil colônia. Uma dessas
leis foi a explusão dos jesuítas para alavancar a invasão das terras e a destruição dos povos indígenas.
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Provérbio indígena.
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Ver: 1863: o ano em que um decreto - que nunca existiu - extinguiu uma população indígena que nunca
deixou de existir, de Ticiana de Oliveira Antunes.
Nome genérico e preconceituoso utilizado pelos invasores para identificar, de forma errada, os
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mica e estrutura sociais no interior do território, em especial nas áreas mais afastadas do litoral.
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Ver Relação do Maranhão.
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Conversão é uma das tecnologias de invasão utilizadas pela colonização, e sua forma de utilização
é a vassalagem.
Um breve palavreado
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É a expressão através da qual trato o termo “história” para nossos povos.
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Na física, matéria bariônica é toda matéria que interage com a luz. Partindo do pensamento que
o modelo de Estado-nação que foi utilizado para forjar o Estado brasileiro foi o que se baseava nos
ideais iluministas, busco mostrar que o brasileiro, conceito criado a partir do Estado-nação, é feito
de semelhanças conceituais de base e código-fonte de ideais iluministas. Assim, matéria bariônica
de estado é todo aquele brasileiro que interage com as luzes do iluminismo como conceito de for-
mação de uma nação. Matéria bariônica é toda a massa do estado-nação que é favorável aos ideais
de progresso do iluminismo e do capitalismo.
Cosmovisões em conflito
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Vocábulo da língua Guaná, do povo Aruak, que quer dizer “Nossa casa”.
Coelho Takarijú.
O ritmo da terra
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Os livros que tomei como base para criar uma articulação e diálogo com o mundo “moderno”,
foram: “O Universo Elegante: supercordas, dimensões ocultas e a busca da teoria definitiva”, de
Brian Green, e “A realidade não é o que parece: a estrutura elementar das coisas”, de Carlo Rovelli.
Geometria é o ramo da matemática que pensa a vida, o espaço e o tempo, pela perspectiva de
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Termo que cunhei para me referir à destruição de mundos indígenas.
Utilizo o termo ESTADO (e não o termo composto Estado-Mercado), pois em seu começo o ESTADO-
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Geometria ancestral
O ritmo da destruição
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Conceito que pensa as percepções dimensionais de narrativas e sentimentos, entre os mundos, e em
relação com a Terra. Penso esse conceito a partir das tecnologias ancestrais dos sonhos, da memória
ancestral e da oralidade, junto aos conceitos de não-localidade e campo quântico da física quântica.
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Força sintrópica é um conceito da física que desloco e articulo, para me referir à força de equili-
brio e conexão entre os diferentes mundos indígenas emaranhados no campo da Terra. Essa força
contraria a força constante de entropia criada pelo Estado-Mercado, que quer manter soberano
seu poder e controle.
O campo afetivo
A artificialidade do Estado-Mercado
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Dança ritualística sagrada dos povos indígenas do Nordeste.
Netçowonhé Warakidzã33
33
“Sabedoria do sonho mágico”, em Dzubukuá, Kariri antigo.
Conexões ancestrais
A guerra de retomada
Termo derivado do verbo solidare, de etimologia latina, que significa consolidar, segurar, fazer sólido.
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Solidariedade, portanto, implica fazer parte de algo maior, contribuir para solidificar, consolidar algo.
Brotamento
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Ver o filme “Alien, o oitavo passageiro”.
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Dizeres do EZLN, Exército Zapatista da Libertação Nacional.
Retomada conceitual
Horizonte de eventos
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São campos de energia potencial que aqui chamo de energia potencial da Terra ou campos esca-
lares da Terra.
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Referência ao filme “ALIEN – O OITAVO PASSAGEIRO” de Ridley Scoot ;
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Conceito que se refere a um “lócus” fora do “mundo moderno” e do desejo de consumo, segundo o
qual, quem é lançado, conceitualmente, torna-se um alien, um anormal, e seu extermínio e conversão
são fases do progresso. É a zona negativa na qual se cria a dualidade negativa do conceito “oficial”
de cidadão do Estado-Mercado.
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Solstício...
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Eu, como indígena Takarijú, morador de periferia e cotista, entendo a importância dessa luta para
nossos povos, mas não acredito que ela seja o fim em si mesma, nem trampolim para politicagem
e nem pauta universal para todos os povos. Existem povos pela América que não querem dialogar
com o Estado-Mercado nos termos de inclusão, mas, sim, em termos de guerra.
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Céu Superior, em Dzubukuá Kipea, língua antiga kariri.
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Em termos gerais, materia bariônica na física é toda matéria e tudo aquilo que interage com a
luz, aquilo que não interage com a luz é desconhecido, e, portanto, chamado pela física de matéria
escura. A matéria bariônica visível ocupa cerca de 4% do universo que conhecemos. Aqui, desloco
este conceito para outro uso.
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Discurso da Senadora Kátia Abreu no plenário, transmitido pela TV Senado em 2013.
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Exército Zapatista da Libertação Nacional.
“Ah, se eu pudesse
Só por um segundo
Rever os portões do mundo
Que os avós criaram.” 47
As citações, no poema, são referentes à música Vale do Jucá, de autoria de Sérgio Roberto Veloso
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Referências | 191
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