Usos e Abusos No Emprego Do Conceito de Modo de Produção
Usos e Abusos No Emprego Do Conceito de Modo de Produção
Usos e Abusos No Emprego Do Conceito de Modo de Produção
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SUMARIO
APRESENTAI;AO
Genildo Ferreira da Silva 7
CRISE E HISTORIA
Jorge Grespan 11
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USOS E ABUSOS NO EMPREGO DO CONCEITO DE
"MODO DE PRODU(,(AO"
Mauro Castelo Branco de Moura
Texto p(:lstumo que fa? partl' dos Gnmdrisse, pon!-m quL' foi publicudo com ~lnterioridade.
A publica~ao dos Gmndrisse iniciou-seem 1939 na fin ada URSS c a llllrodu~iiode 1857 integrou-se
as reedi.;lies da Critica da enmomia politica de 1859, desdt~ o inido do 5eculo XX, provavelmente
porque o prehkio .:lquele texto de 1859 contt?m umfl alusao exp!icita ao de -1857, quando Marx
explica a inconveniencia de adiantar te.s-t~s que deveriam scr naturalmentc- demnnstrarlas an
Iongo da obra.
Ctm1 outras palavrds Bollvar Echeverria exprcss,:l esta mesma idda da S(:guinte formB:
"0 sujeito social Q o centro de aten~ao do discurso tet1rico mar:xista, do disct..Jrso rr\tico de
Marx. E este sujcito s,ocial que, para subsistir, t.~stit cnnsumindll e est.1 produzindo em uma
determinada forma. A exist'i·nda do suj~:.~itn social se movt' sernprl' dentro destds duas fases: a
fasc 'produtiva' e a fase 'consumptiva'. 0 sujcito social <""lhlil sobn~ a nuture:ra para lograr um
determinJdo prnduto, um conjuntn global de 'produtns'; est a riqueza :,;ocinlnbjctiva e Z1 qul'
elc vai consumir como um conjunto total de 'bens'. Entrc,1 fase produtiva e a f.-1se consurnptiva
h6, entfin, nccessariamente, um 'momento circu\atOrio"'. (ECHEVERRIA, ·19R6, p. 138)
.~ Yer nwu trabolho intitulado Mar:r e 11 procriat;t'i(): pnr ur11 mnterinlismo wio era1wmicista, (Cf.
MOURA, 200R, p. 241-253)
HISt6na e CIVII1Za~8o 1
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necessaria do processo de produ,ao [... ].(GOREN DEI~, 1980, p. 56,
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grifo do autor)
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E mais adiante acrescenta: 'if_'
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160 Hist6na e crvil1za~ao
i:
na America significa, em verdade, priva-las do contexto, do entomo geral
que e responsavel pelo seu dinamismo.
Tratar de configurar urn "modo de produ~-ao" regido por leis que
nao pod em cabalmente explicar, nem suas origens, nem sua destrui<;iio,
vale dizer, nem seu movimento intemo, sem o concurso a sua inser.;ao
em urn dinamismo muito mais amplo, no qual se encontra subsumido, e
circunscrever, niio uma "totalidade organica", mas talvez, apenas, uma
"parcialidade" organicamente articulada ao movimento da acumula.,:iio
originaria do capital. Epor esta razao que Marx ([1983], p. 291) afirmou
que: "De maneira geral, a escravidao encoberta dos trabalhadores assala-
riados na Europa precisava, como pedestal da escravidao sans phrase, do
Novo Mundo". Alias, o "escravismo colonial", em tanto momento (sem
dtlvida, niio o menos importante) desse processo mais amplo, encontra
seu termo com a consolida<;:iio definitiva e com a incxoravel expansao do
capitalismo. Niio tern muito sentido, pois, a proposi<;:iio de um "modo de
produ~iio" com tantas limita<;:6es que suas proprias leis nao o expliquem e
que sejam incapazes de dar conta de aspectos cruciais de seu dinamismo.
Ao inves de facilitar o acesso as especificidades da realidade que a pro-
posi~iio de um "modo de prodw;ao escravista colonial" pretende abarcar,
com esta enfase na explica,ao endogena, consegue-se, em verdade, des-
caracterizar e esvaziar o pr6prio conceito de "modo de produ<;:iio".
e. Articula~ao de vanos "modos de produ~ao" na America Latina- Com
o intuito de categorizar as peculiaridades das diferentes sociedades e
tratando de resgatar teoricamente os aspectos dessas realidades, que
nao se deixam abarcar facilmente por "modos de prodw;ao" puros,
como, em geral, eo caso das sociedades latino-americanas, muitos
autores aderiram a formula da articula<;:iio de diferentes "modos de
produ<;:iio" nelas atuando simultaneamente. Destarte, as especifici-
dades das distintas sociedades seriam explicadas pela diferenciada
articula,ao dos "modos de prodw;ao" que as comporiam. Para Pou-
Jantzas (1974, p. 6), por exemplo, "A forma<;:ao social constitui por si
mesma uma unidade complexa 'com predominio' de certo modo de
produ<;:iio sobre os outros que a com poem [... ]". Esta ideia tambem
esta presente em Perry Anderson (1979, p. 14), quando afirma que
"( ... ] cada forma(iio social concreta e sempre uma especifica com-
bina(ao de diferentes modos de produ\ao [... j". No en tanto, outros
como ja foi abordado neste escrito, em seus rasgos mais gerais e abstratos.
0 conceito de "modo de produ~ao" nao pode pem1itir a compreensao cabal
de forma<;5es sociais concretas, em bora seja o ponto de partida obrigat6rio
para o estudo rigoroso do processo his tori co. Parece ocioso, portanto, pro-
curar "modos de produ~ao" particulares que deem conta imediatamente
da hist6ria colonial dos diferentes paises latino-americanos. Feudalismo
mercantilizado, escravismo colonial, capitalismo origim\rio, articula<;ao ",\
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