Apostila Moodle
Apostila Moodle
Apostila Moodle
Aula 01
Este princípio tem o objetivo do bem comum e do interesse público, assim como, os
demais princípios. E assim, procura, igualmente, eliminar a promoção pessoal dos gestores e agentes
públicos sobre as ações da administração pública, e ao mesmo tempo, impedi-los de praticar atos
buscando unicamente o próprio interesse ou privados de terceiros, por favoritismo ou perseguição.
[...] pode ser percebido também como uma exigência inerente a toda atividade
pública. Se entendermos a atividade de gestão pública como atividade
necessariamente racional e instrumental, voltada a servir ao público, na justa
proporção das necessidades coletivas, temos de admitir como inadmissível
juridicamente o comportamento administrativo negligente, contra-produtivo,
ineficiente. (MODESTO, 2007, p. 6).
O autor Okpala (2009) argumenta que planos urbanos devem ser elaborados de
acordo com grupo de população, considerando variáveis socioeconômicas associadas às densidades
demográficas de forma combinada e simbiótica. Essa simbiose tem relação com o estudo de Bugs et al.
(2010) sobre o impacto do uso de tecnologias para o planejamento urbano, como uma ferramenta social
para contribuir para o processo de comunicação sobre as necessidades dos usuários e dos tomadores de
decisão.
10
No caso dos planos municipais, por exemplo, pode-se citar como principais
legislações práticas o Plano Diretor e Leis de Uso e Ocupação do Solo. O primeiro deles tem como
objetivo estabelecer diretrizes gerais de crescimento do município, definições de áreas urbanas e rurais,
aproveitamento de uso de áreas, em linhas gerais. A Lei de Uso e Ocupação do Solo estabelece o
potencial construtivo de uma área, a possibilidade de adensamento, área livre e área verde, entre outras
diretrizes. O estatuto do Plano Diretor se estabelece como uma ferramenta básica para o planejamento
urbano, cujo objetivo, segundo a Lei 10.257/2001, é garantir o direito a cidades sustentáveis, ou seja, o
conjunto de direitos que asseguram uma existência digna no meio urbano, tais como à terra urbana, à
moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao
trabalho e ao lazer (BRASIL, 2001).
A partir de uma leitura histórica sobre o tema, verifica-se que a expressão “cidade
sustentável” surgiu na década de 1990 logo após os primeiros conceitos de sustentabilidade. A partir
desta época ambientalistas, economistas e ativistas em diferentes partes do mundo criticavam a qualidade
de vida e os padrões de desenvolvimento, dado o consumo e o desperdício exagerado de recursos
naturais, pelo excesso de poluição das águas e do ar nas cidades e pelos desequilíbrios sociais (Sitarz,
1993; Hancock, 1993; Sachs, 2002; Wolsink, 2016).
Neste cenário, Fitzgerald et al. (2012) verificam que a qualidade de vida dos cidadãos
e o equilíbrio socioambiental são fatores cruciais para o desenvolvimento de uma cidade sustentável,
estimulando a criação de uma cultura de paz, a melhoria do ambiente e a perpetuação de todas as
espécies. Estes fatores estão associados a aspectos culturais e ao desenvolvimento de uma educação para
a sustentabilidade (Wolsink, 2016).
Ainda, Fitzgerald et al. (2012) e Wolsink (2016) destacam que as tecnologias urbanas
podem auxiliar as cidades no controle de emissão de gases poluentes, em uma melhor mobilidade e no
planejamento de cidades e bairros mais compactos. De acordo com Maricato (2015), repensar o espaço
urbano e oferecer a um número maior de cidadãos a infraestrutura e os serviços públicos necessários
para viver pode reduzis as desigualdades socioeconômicas ao longo do território de uma cidade.
Nesse sentido, Stigt et al. (2013) destacam em seu texto a complexidade dos processos
de tomada de decisões para desenvolvimento urbano, uma vez que nas cidades existem múltiplos grupos
de stakeholders com diversos interesses, os quais negociam em diferentes arenas políticas e redes,
constituindo uma caótica sequência de decisões inter-relacionadas. A governança significa a
13
institucionalização e a participação popular como mecanismo para implementar princípios democráticos
(Healey, 1998; Caldeira & Holston, 2015).
O autor Wachhaus (2014) relata que a governança é o elemento que determina quem
tem influência, quem decide e como os tomadores de decisão são responsabilizados. Assim, Ronconi
(2011) argumenta que as cidades devem elaborar estratégias de governança que incluam a participação
dos cidadãos na formulação, implementação e avaliação das políticas públicas.
Nesse sentido, a autora Ronconi (2011) relata que os sistemas de governança colaborativa
podem apresentar diferentes características e níveis de profundidade, sendo os modelos participativos
cruciais para o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis. Além disso, a autora ressalta que a
colaboração na construção das cidades pode se dar através de diversos instrumentos, os quais facilitam
a estruturação de processos de governança colaborativa.
Os autores Stigt et al. (2013) enfatizam que a governança é um instrumento capaz de articular
os diferentes interesses em uma sociedade, orientando as decisões para o consenso. Os autores
argumentam ainda que isso possibilita que a preservação do meio ambiente, criando uma janela para o
planejamento urbano sustentável.
14
Nesse sentido, Yeboah e Shaw (2013) ressaltam que o planejamento urbano sustentável é
capaz de gerar um desenvolvimento equilibrado do território, o que segundo Fitzgerald et al. (2012) se
cria a partir do uso de instrumentos de governança participativa.
O autor Wolsink (2016) trata estas questões em uma visão mais ampla, ao ressaltar em sua
pesquisa que as Cidades Sustentáveis se desenvolvem com instrumentos de participação política, uma
vez que estes possibilitam a criação de uma visão comum e de longo prazo para o desenvolvimento local.
A autora Ronconi (2011) ressalta que a governança é o instrumento chave para a articulação de diferentes
conhecimentos, o que possibilita a criação de soluções mais inteligentes para os problemas das cidades.
A Figura 1 apresenta a matriz de amarração das teorias de planejamento urbano, cidade sustentável,
desenvolvimento urbano sustentável e instrumentos de gestão: