Apostila de Direito Administrativo

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PROCESSO SELETIVO 9/2023/SESDEC-APOIO

SECRETARIA DE SEGURANÇA, DEFESA E CIDADANIA DE RONDÔNIA - SESDEC

Material Gratuito

Noções de Direito Administrativos


1) Administração Pública: Conceito, estrutura legal dos órgãos públicos; Natureza e fins da
Administração; Agentes da Administração; Princípios básicos da Administração: Legalidade,
moralidade, impessoalidade, finalidade, publicidade, eficiência; Poderes e deveres do administrador
público. 2) Poderes Administrativos: Poder vinculado e poder discricionário, poder hierárquico,
poder disciplinar, poder regulamentar, poder de polícia. 3) Atos Administrativos: Conceitos e
requisitos; Atributos; Classificação; Espécies; Validade; Formalidade; Motivação; Revogação;
Anulação; Modificação; Extinção.
1. Administração Pública

A Administração Pública é o aparelhamento estatal que concretiza a vontade política do


governo. Trata-se do conjunto de órgãos e entidades que integram a estrutura administrativa do
Estado, tendo como função realizar a vontade política governamental, sempre elaborada para a
satisfação do interesse público.
O governo faz a opção das políticas públicas que serão realizadas, mas quem as executa e as
efetiva é a Administração Pública, a máquina administrativa.
Um gestor estabelece que devam ser construídos mais hospitais. Ótimo! Mas o hospital não
aparece com um simples passe de mágica. Não basta que o gestor afirme que construirá mais
hospitais, para que no dia seguinte eles estejam prontos. Até a construção final, haverá um longo
caminho, e quem a executará será o conjunto de órgãos e agentes que compõem a Administração
Pública, desde a verificação dos recursos financeiros disponíveis até a entrega final da obra.
A palavra Administração Pública é uma palavra que tem mais de um sentido, depende de
quem dá o conceito. Se eu perguntar para um taxista o que é um carro, provavelmente ele dirá que é
um instrumento de trabalho; se perguntar para um projetista de carro, ele dirá que é um conjunto de
peças composto por bancos, pneus, motor etc., se perguntar para uma pessoa comum, dirá que é um
meio de transporte. Então, depende da perspectiva que você analisa.
A palavra Administração Pública é a mesma coisa: diferentes conceitos, para a mesma
palavra.
Administração Pública em sentido ORGÂNICO, FORMAL ou SUBJETIVO indica o
universo de órgãos e pessoas que desempenham a função administrativa.
Para definir esse conceito, é necessário indagar “QUEM?”. Ou seja, quem desempenha a
função administrativa. Quais são os órgãos, as Pessoas jurídicas e os agentes públicos incumbidos de
desempenhar as atividades do Estado.
De outro lado, Administração Pública no sentido MATERIAL, OBJETIVO ou
FUNCIONAL nos traz a ideia de atividade, tarefa, função. Trata-se da própria função administrativa,
constituindo-se o alvo que o governo quer alcançar. São as atividades exercidas pelo Estado.
Para definir esse conceito, é necessário indagar “QUAIS? ou O QUÊ?”. Ou seja, quais são
as funções, as tarefas, as atividades que o Estado tem por dever prestar, visando atender às
necessidades coletivas. Nesse complexo, estão as atividades de fomento, a polícia administrativa, ou
o poder de polícia, os serviços públicos e a intervenção.
1.1 Fins da Administração

Quando pensar em Administração Pública deve ter em mente que ela busca atender os
interesses públicos. A finalidade é o interesse público.
Para buscar este interesse público a Administração Pública se vale de um regime jurídico
diferenciado, que é o regime jurídico administrativo, que lhe garante prerrogativas e submete-se a
sujeições com fundamento nos princípios da supremacia do interesse publico sobre o privado e
indisponibilidade do interesse público. Estes dois princípios são considerados a pedra de toque
do direito administrativo.
Para alcançar o interesse público a Administração Pública desenvolve quatro funções que
são elas: fomento, poder de polícia, serviços públicos e intervenção.
O fomento consiste em incentivar pessoas de direito privado à prestação de atividade de
interesse social. O Estado tem por função incentivar, por meio de isenções fiscais, repasse de bens ou
servidores públicos ou, por outras formas, pessoas de direito privado. Quando o Poder Público
qualifica uma fundação privada que tem interesse social como Organização Social (OS’s), concede
uma isenção fiscal ou faz financiamento com taxas menores para agricultores, ele está praticando
uma forma de fomento.
O poder de polícia representa limitações ou condições ao exercício do direito à liberdade ou
à propriedade. Quando a Constituição confere aos cidadãos um conjunto de direitos, estes devem ser
exercidos de modo adequado, a fim de não prejudicarem a coletividade. Ao expressar o poder de
polícia, o Estado visa proteger o interesse público. Quando se exige licença para dirigir veículos e
autorização para porte de armas, o Poder Público faz uso do poder de polícia.
Haverá órgãos (ex.: Secretaria de Meio Ambiente ou de Segurança Pública) e entidades públicas
(autarquias como DETRAN, IBAMA) que, por meio de seus agentes, desenvolvem essa
atividade administrativa.
A prestação de serviços públicos é dever do Estado. A Constituição impõe ao Poder Público
a obrigação de prestar serviços à sociedade, de modo direto, ou mediante concessão ou permissão,
sempre por meio de licitação. O Texto Constitucional apresenta inúmeros dispositivos que
determinam ao Estado essa obrigação. O Estado deve prestar diversos serviços públicos: saúde,
educação, transporte, energia elétrica, segurança etc. Prestará de forma direta e, em alguns casos,
delegando aos particulares, mediante concessão, permissão ou autorização.
A intervenção, como atividade administrativa, consiste em atos de regulação e fiscalização
de atividade privada de natureza econômica, bem como na criação de empresas estatais (empresa
pública e sociedade de economia mista) para intervir no domínio econômico. A intervenção, feita por
meio de atos de fiscalização e regulação, é a forma indireta, nos termos do art. 174 da CF/1988.
Entretanto, quando o Poder Público cria empresas estatais para desempenharem atividade
econômica, em regime de concorrência com as demais empresas privadas que são daquele segmento,
temos a intervenção direta, que deve ser realizada sob as exigências do art. 173 da CF/1988.
Em último caso, a intervenção do Estado ocorre segundo as normas de direito privado, pois
a Constituição estabelece que as empresas criadas pelo Poder Público devem se sujeitar ao mesmo
regime jurídico das demais empresas privadas quanto às obrigações de Direito Civil, Comercial,
Trabalhista e Tributário.
É válido destacar que o Estado só pode exercer intervenção direta na atividade econômica em
situação excepcional. Apenas em caso de relevante interesse coletivo ou segurança nacional é que
o Estado está autorizado pela Constituição (art. 173) a criar empresa pública ou de economia mista
para atuar em regime de concorrência com os particulares. Atualmente, o Estado realiza, com mais
frequência, a intervenção indireta (atos de fiscalização e regulação). Em razão do processo de
modernização que tem sido percorrido pelo Estado, no intuito de obter uma Administração mais
eficiente, a intervenção indireta passou a ser prioridade.
Assim, as atividades exercidas no Banco do Brasil se referem à intervenção direta na atividade
econômica. A atuação das agências reguladoras, por sua vez, trata-se de intervenção indireta. Desse
modo, sempre haverá alguém (órgão, entidade e agente público) desenvolvendo alguma atividade
administrativa.

1.2 Estrutura Legal dos Órgãos Públicos

Os órgãos públicos são as repartições internas do Estado, criados a partir da desconcentração


administrativa, por lei de iniciativa do chefe do executivo, com a finalidade de desempenhar funções
estatais, sendo despidos de personalidade jurídica. Ou seja, é o compartimento na estrutura estatal a
que são cometidas determinadas funções, sendo integrado por agentes públicos que, quando as
executam, manifestam a própria vontade do Estado.
Nas palavras de Celso Antônio Bandeira de Mello: "os órgãos nada mais significam que
círculos de atribuições, os feixes individuais de poderes funcionais repartidos no interior da
personalidade estatal e expressados através dos agentes neles providos".
Além de não possuir personalidade jurídica, órgãos públicos não possuem patrimônio próprio
e capacidade processual. São criados pelos estado para o funcionamento da máquina pública.
1.2.1 Classificação quanto a Posição Estatal dos órgãos

Independentes: são os originários da Constituição e representativos dos poderes do Estado,


sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional. São também chamados de órgãos primários do
Estado. Esses órgãos exercem as funções outorgadas diretamente pela CF/1988, para serem
desempenhadas, pessoalmente, pelos seus membros (agentes políticos), segundo normas especiais e
regimentais.
São exemplos:
 corporações legislativas (Congresso Nacional, Câmara dos Deputados e Senado Federal,
Assembleias legislativas, Câmara de Vereadores);
 Chefias do Executivo (Presidência da República, Governadorias dos Estados, do DF e
Prefeituras);
 Tribunais Judiciários e os Juízes singulares (STF, STJ, demais Tribunais Superiores, TRFs,
 Tribunais de Justiça);
 Ministério Público;
 Tribunais de Contas.
Podemos incluir nessa categoria o CNJ e o CNMP, bem como as Defensorias Públicas, em
razão da mudança de “status” que receberam na CF/1988 por força de emendas constitucionais.
Todo órgão independente tem origem na Constituição, porém, nem todos os órgãos
mencionados pela CF/1988 são independentes, a exemplo do art. 144, que trata dos órgãos
incumbidos da segurança pública.
Autônomos: na cúpula da Administração, são localizados imediatamente abaixo dos órgãos
independentes e diretamente subordinados aos seus chefes. Têm ampla autonomia administrativa e
financeira. São órgãos com funções de planejamento, supervisão, coordenação e controle das
atividades que estão na área de sua competência, executando, com autonomia, suas funções
específicas, mas segundo diretrizes dos órgãos independentes, que expressam as opções políticas do
Governo. Seus dirigentes, em regra, não são funcionários, mas agentes políticos nomeados em
comissão.
São exemplos:
 Ministérios, Secretarias de Estado e Município;
 Advocacia-Geral da União.
Superiores: detêm poder de direção, controle, decisão e comando de assuntos de sua competência
específica, mas sempre sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de uma chefia mais alta.
Não gozam de autonomia administrativa, nem financeira. Sua liberdade funcional
restringe-se ao planejamento e soluções técnicas dentro da sua área de competência. O que
importa para caracterizá-los como superiores é a preeminência hierárquica na área de suas
atribuições.
Nessa categoria, estão as primeiras repartições dos órgãos independentes e dos autônomos:
 Gabinetes;
 Secretarias-Gerais;
 Inspetorias-Gerais;
 Procuradorias Judiciais;
 Coordenadorias;
 Departamentos;
 Divisões.

Subalternos: são todos aqueles que se acham subordinados a órgãos mais elevados, com reduzido
poder decisório e predominância de atribuições de execução. Destinam-se à realização de serviços de
rotina, tarefas de formalização de atos administrativos, cumprimento de decisões etc.

1.2.2 Classificação dos órgãos quanto a estrutura

Classificação quanto a estrutura os órgão podem ser simples ou compostos:


Simples: são constituídos por um só centro de competência. Não foram divididos em outros órgãos
menores; Os órgãos simples também são chamados de unitários.

Fique atento!!!!

O fato de um órgão ser simples não significa que ele terá apenas um agente público. Ele poderá
ter diversos servidores exercendo suas atividades. Não é a quantidade de servidor (agente público)
que qualifica ele com simples.
A principal característica dos órgãos simples é a inexistência de desconcentração. Suas
atividades é exercida de maneira concentrada pelos seus agentes.

Exemplo: Presidência da Republica


Compostos: reúnem, na sua estrutura, outros órgãos menores, com função principal idêntica
(atividade-fim, realizada de maneira desconcentrada) ou com funções auxiliares diversificadas
(atividades-meio atribuídas a vários órgãos menores).

Exemplo: Secretaria de educação. Dentro da secretaria há diversas escolas;

1.2.3 Quanto à atuação funcional:

Singulares ou unipessoais: atuam e decidem mediante um único agente, que é seu chefe e
representante:
 Presidência da República;
 Governadorias dos Estados;
 Prefeituras;

Colegiados ou pluripessoais: atuam e decidem pela manifestação conjunta e majoritária da vontade


dos membros. Após a votação, os votos vencedores da maioria fundem-se, unitariamente, num ato
simples.
 Conselho Nacional de Segurança Pública – Conasp;
 Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP;
 Conselho Nacional de Trânsito – Contran.

1.2.4 Quanto à função que exercem:


Essa classificação é de Celso Antônio Bandeira de Mello, não é muito exigida nos concursos,
mas é bom conhecê-la.
Órgãos ativos: “os que expressam decisões estatais para o cumprimento dos fins da pessoa jurídica”.
Exercem atividade-fim.
Ex.: Receita Federal; Ministério da Justiça; Polícia Federal;

Órgãos consultivos: “os de aconselhamento e elucidação (pareceres) para que sejam tomadas as
providências pertinentes pelos órgãos ativos”.
Ex.: Advocacia-Geral da União;

Órgãos de controle: “são os prepostos a fiscalizar e controlar a atividade de outros órgãos e agentes”.
Ex.: Tribunal de Contas da União.

OBSERVAÇÃO

A criação e a extinção de órgãos da Administração Pública dependem de lei de iniciativa


privativa do Chefe do Executivo (arts. 48, XI e 61, § 1º, e, CF/1988) a quem compete, privativamente,
e por decreto, dispor sobre a organização e funcionamento desses órgãos públicos, quando não
implicar aumento de despesas, nem criação ou extinção de órgãos públicos (art. 84, VI, b, CF/1988).
Assim, para a criação e extinção de órgãos, há a necessidade de lei, entretanto, para dispor
sobre a organização e o funcionamento, poderá ser usado ato normativo inferior à lei: o decreto.
Se o Poder Executivo Federal quiser criar mais um Ministério, o Presidente da República
deverá encaminhar projeto de lei ao Congresso Nacional. Mas, uma vez criado esse órgão, sua
estruturação interna pode ser feita por decreto. Em verdade, todos os regimentos internos dos
Ministérios são feitos por decreto, pois trata de organização interna do órgão.

1.3 Agentes da Administração

O agente público é todo aquele que presta qualquer tipo de serviço ao Estado, que exerce
funções públicas, no sentido mais amplo possível dessa expressão, significando qualquer atividade
pública. A Lei de Improbidade Administrativa (Lei nº 8.429/1992) conceitua agente público como
“todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação,
designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo,
emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior”. Trata-se, pois, de um gênero.

O agente político é aquele investido em seu cargo por meio de eleição, nomeação ou
designação, cuja competência advém da própria Constituição, como os Chefes de Poder Executivo e
membros do Poder Legislativo, Judiciário, Ministério Público, Tribunais de Contas, Ministros de
Estado e de Secretários nas Unidades da Federação, os quais não se sujeitam ao processo
administrativo disciplinar.

Servidores públicos são espécies de agentes administrativos ocupantes de cargo de


provimento efetivo ou cargo em comissão, regidos pela Lei nº 8.112/1990 e são passíveis de
responsabilização administrativa, apurada mediante processo administrativo disciplinar ou
sindicância de rito punitivo.

O empregado público, enquanto espécie de agente administrativo, pode ter duas acepções:

a) Ocupante de emprego público na administração direta, autarquias e fundações, nos termos da Lei
nº 9.962/2000, contratados sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A rescisão
desses contratos, em ato unilateral da administração, deve ser precedida de procedimento
administrativo, com garantias ao empregado de participação na produção de provas, ampla defesa e
julgamento impessoal.

b) Ocupante de emprego público na administração indireta, nas empresas públicas, sociedades de


economia mista e fundações públicas de direito privado. Também são contratados sob o regime da
CLT.
O agente público contratado por tempo determinado é espécie de agente administrativo,
desempenha funções públicas desvinculadas de cargos ou de empregos públicos, de forma precária
e temporária, como os contratados por tempo determinado para necessidade temporária de interesse
público, desobrigados de concurso público. Regulados pela Lei nº 8.745/1993, somente se sujeitam
aos dispositivos da Lei nº 8.112/1990 que estão expressos na lei que regula sua contratação.

Há duas correntes que classificam os agentes públicos:


1ª corrente: em que os agentes públicos são todas as pessoas físicas incumbidas, definitivamente ou
transitoriamente, do exercício de alguma função estatal.: (Hely Lopes Meirelles) Essa é a corrente
mais tradicional nos concursos públicos. É a mais aceita.
a) AGENTES POLÍTICOS: são os componentes do Governo nos seus primeiros escalões, para o
exercício de atribuições constitucionais. Atuam com plena liberdade funcional, desempenham suas
atribuições com prerrogativas e responsabilidades próprias, estabelecidas na CF e em leis esparsas.
Não estão hierarquizados, sujeitando-se apenas aos graus e limites constitucionais impostos. Têm
plena liberdade funcional, ficando a salvo de responsabilização civil por seus eventuais erros de
atuação, a menos que tenham agido com culpa grosseira, má-fé ou abuso de poder.
Ex: Chefes do Executivo e seus auxiliares (Ministros e Secretários); Membros das Corporações
Legislativas(Senadores, Deputados e Vereadores); membros do Poder Judiciário (magistrados);
membros do MP; membros dos Tribunais de Contas; representantes diplomáticos e demais
autoridades do auto escalão.
b) AGENTES ADMINISTRATIVOS: são os servidores públicos, com maior ou menor grau de
hierarquia, encargos e responsabilidades profissionais dentro do órgão ou da entidade a que servem.
São os servidores públicos concursados, servidores exercentes de cargo em comissão, servidores
temporários.

c) AGENTES HONORÍFICOS: são cidadãos convocados, designados ou nomeados para prestar,


transitoriamente, determinados serviços ao Estado, em razão de sua condição cívica, sua
honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional, mas sem qualquer vínculo empregatício ou
estatutário e, normalmente, sem remuneração.
Ex: função de jurado; mesário eleitoral.

d) AGENTES DELEGADOS: são particulares que recebem a incumbência da execução de


determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio por sua conta e risco,
mas segundo as normas do Estado e permanente fiscalização do agente.
Ex: concessionários e permissionários de obras e serviços públicos; serventuários de ofícios e
cartórios;

e) AGENTES CREDENCIADOS: são aqueles que recebem a incumbência de representar a


Administração em prática de determinado ato ou para praticar determinada atividade específica
mediante remuneração.

3. Princípios Básicos da Administração Público

3.1 Legalidade
Significa que o agente público somente pode fazer aquilo que a Lei autoriza ou determina.
Exige que o administrador se paute sempre pela Lei. Impõe a prática de atos, em todo caso, de acordo
com a Lei.

Professor, princípio da legalidade significa que toda atividade administrativa está prevista na Lei?

Não. Até porque, não seria possível. Significa que o administrador deve agir dentro da legalidade.

EXEMPLO Se o agente público construirá um presídio e resolve contratar mais agentes


penitenciários, essa conduta deve atender o que a Lei prevê. E, nesse caso, a Lei estabelece
que tem que ser feita licitação para a contratação da empresa e concurso público para
contratação do pessoal etc.
O princípio da legalidade não afasta a atuação discricionária do agente público, na medida em
que a Lei não poderá prever todos os casos da atuação administrativa. É possível, em terminadas
situações, realização de uma análise de conveniência e oportunidade a fim de escolher a conduta
mais adequada ao caso concreto. Observando, é claro, os demais princípios administrativos, em
especial, a razoabilidade e proporcionalidade.
A legalidade advém do fim do Estado Absolutista, que cedeu espaço ao surgimento do estado
de Direito, pois nesse modelo, a criação de direitos e obrigações surge a partir da Lei, contrapondo-
se ao regime anterior, em que esses poderes eram concentrados na pessoa do rei.
Legalidade para o agente público é diferente da legalidade para o cidadão comum. Para o cidadão
comum, também há princípio da legalidade.
A legalidade para o agente público é a legalidade do art. 37 da CF, que exige atuação empre
de acordo com a Lei, ou seja, ele só pode fazer o que a Lei permite.
Para o cidadão comum, a legalidade está prevista no art. 5º, II da CF, que dispõe que
ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão, em virtude de lei.
Enquanto na vida particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíba, na Administração
Pública só é lícito fazer aquilo que a lei autoriza. Memorize essa frase. Ou seja, na perspectiva do
agente público, o mandamento legal diz o que ele pode (deve) fazer; para o cidadão, a Lei diz o que
ele não pode fazer.

3.2 Impessoalidade

A atuação da Administração Pública possui cunho impessoal. Não pode, em nenhuma


situação, agente público oferecer tratamento diferenciado, visando privilegiar determinadas pessoas.
Esse princípio, também, tem por objetivo evitar que o administrador pratique ato com finalidade
diversa daquela determinada em lei.
O interesse público que deve ser buscado com a prática do ato. Existem vários dispositivos
que decorrem do princípio da impessoalidade como, por exemplo, a obrigatoriedade de realização de
concursos, pagamento por meio de precatórios, exigência de procedimento licitatório antes da
realização de contratos etc.
O art. 37, § 1º, CF, proíbe que conste nome, símbolos ou imagem que caracterizem
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos. Esse dispositivo também decorre da impessoalidade, que
deve nortear a administração.
As realizações governamentais não são do agente, e sim da Administração; o agente
público pratica o ato em nome do Estado naquele momento da realização. Assim, se o administrador
pretende utilizar sua função para a promoção pessoal, violará o princípio da impessoalidade e,
portanto, estará sujeito à ação de improbidade administrativa.
A vedação anteriormente citada decorre do princípio da impessoalidade. Se o administrador
aproveita a publicidade para fazer propaganda pessoal, viola a impessoalidade e, não, a publicidade.
A publicidade é violada se o agente público não der transparência a um ato que deveria tê-la

Darei aqui um exemplo e já adianto o que é somente para fins didáticos.


Na campanha à Presidência da República de 2014, a candidata Dilma Rousseff fez uma
música e usou a seguinte frase: “Dilma Coração Valente!”.
Ela foi eleita se usasse a expressão “Coração Valente!” ao final de cada ato administrativo
praticado. Dentre os atos enviados ao Diário Oficial, com certeza o dela seria reconhecido.
Se fizesse a nomeação de 100 agentes da Polícia Federal e, ao final, estivesse a citada
expressão, certamente o ato ganharia caráter pessoal.
O que não pode acontecer! Os atos são, na verdade, da Administração Pública. Como
consequência do princípio da impessoalidade, a Constituição exige a obrigação de realizar licitação
antes da celebração de futuros contratos, sendo assegurada a igualdade de condições a todos os
concorrentes (art. 37, XXI, CF), bem como o dever de realizar concurso para investidura em cargo
ou emprego público (art. 37, II, CF).
Atente-se à seguinte divergência doutrinária: a doutrina tradicional, Hely Lopes (2004),
entende que o princípio da impessoalidade se equipara ao da finalidade; significa que o administrador
não pode buscar interesse pessoal ou de outrem, impondo ao administrador a prática exclusiva do
ato para o seu fim legal.
Impessoalidade e finalidade são expressões sinônimas (impessoalidade = finalidade).
Celso Antônio (2004) entende que o princípio da finalidade é autônomo. Sendo que o princípio da
finalidade busca a vontade maior da lei, busca o espírito desta. Por isso, não se confunde com a
impessoalidade. O princípio da finalidade decorre do princípio da legalidade e não do princípio da
impessoalidade (finalidade = atender à vontade da lei) (impessoalidade = atuar sem favoritismos).
Súmula Vinculante n. 13 do STF

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o
terceiro grau, inclusive da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido
em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de
confiança ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer
dos poderes da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios, compreendido o ajuste
mediante designações recíprocas, viola a constituição federal.

A súmula em questão trata-se da proibição do nepotismo. O nepotismo fere o princípio da


impessoalidade, pois o agente público vale de sua função para nomear parantes para cargos em
comissão, isto é, cargos dentro da administração pública que não precisa de concurso. Estes cargos
em comissão e cargos de confiança, são de livre nomeação e exoneração.
Parentes na linha colateral são, grosso modo, os “parentes de sangue”. Na linha colateral, até
o terceiro grau, vai até o tio. Assim, tio não pode nomear sobrinho e vice-versa:
 Primo é parente de quarto grau. Pode haver nomeação;
 Avós são parentes em segundo grau na linha ascendente. Não pode haver nomeação;
 Pais são parentes em primeiro grau na linha ascendente. Não pode haver nomeação;
 Irmãos são parentes em segundo grau na linha colateral. Não pode haver nomeação;
 Entre cônjuge, não há parentesco. O que ocorre é que surgem os parentes por afinidade.
O cônjuge também não pode ser nomeado;
 Parentes afins são os parentes do seu cônjuge. Quanto se contrai casamento, os parentes
do seu cônjuge passam a ser parentes, também, mantendo o mesmo grau de parentesco que
mantém com cônjuge.

Da leitura atenta da Súmula Vinculante n. 13, observará que ela impediu o nepotismo
cruzado, quando vedou as designações por “ajustes recíprocos”. Logo, se houver algum tipo
de ajuste para burlar as vedações ao nepotismo, a nomeação será ilegal.
Por exemplo: autoridade A tem um filho e autoridade B tem um filho também. Se a
autoridade A nomeia o filho da autoridade B e esta nomeia o filho da autoridade A, configura-
se o nepotismo cruzado, pois estão burlando a vedação e violando o principio da
impessoalidade.
3.3 Moralidade
Esse princípio, hoje, tem autonomia própria, mas no passado, um ato imoral era ilegal
por violar a legalidade. Houve uma evolução e o ganho de autonomia.
A moralidade exige que a conduta praticada pelo administrador seja pautada de acordo
com a ética, com o bom senso, bons costumes e, principalmente, com a honestidade.
O ato administrativo não terá que obedecer somente à Lei, mas também à ética da
própria instituição em que o agente trabalha.
Atualmente, não se espera de um agente público somente atuação de acordo com a
Lei, mas também honesta.
A moralidade administrativa constitui, hoje, pressuposto de validade de todo ato
administrativo. Memorize essa frase. Não é suficiente que o ato seja praticado somente de
acordo com a Lei; deve, também, obedecer à moralidade.
Assim, um prefeito que dispõe de verba pública e decide com ela fazer uma licitação
para compra de carros novos para ele e os secretários usufruírem, em vez de utilizar o dinheiro
para compra de ambulâncias destinadas ao município (mais essencial naquele momento),
pratica ato ilegítimo. Nesse caso, apesar de atuar dentro dos limites da Lei, não observou o
princípio da moralidade.

Professor, a moral administrativa é a mesma coisa da moral comum?

Não. Moral é um conceito que tem variação no tempo e no espaço. Nem tudo que é
moral para a sociedade será moral para a Administração Pública. E, mesmo dentro da
sociedade, há noções diferentes de moralidade dependendo dos locais. Por exemplo: a noção
do que é moral ou não dentro de um presídio é diferente da moral da sociedade livre.
Os presos podem admitir algo como moral e tolerar a situação; e a sociedade em geral, não.
Ou, então, o contrário.
O princípio da moralidade administrativa se vincula a uma noção de moral jurídica,
que não se confunde, necessariamente, com a moral comum. Nada impede um ato violar a
moral administrativa, violando, também, a moral comum.
Moralidade administrativa significa observar os padrões de comportamento da
Administração Pública.
Analise o exemplo: se uma pessoa, em uma quinta-feira, sai para comprar pão às 18h
e aproveita para comprar, também, uma latinha de cerveja. Volta para casa andando e
tomando essa lata. Não haverá uma reprovação social. Pelo menos eu creio que não! Mas,
e se um servidor sai para almoçar e retorna para o seu posto de trabalho tomando uma latinha
de cerveja. Haverá uma reprovação nisso? Creio que sim! Para a Administração Pública, essa
conduta não seria moral. Inclusive, vários órgãos públicos têm atos internos que vedam
ingresso de bebidas alcoólicas, até mesmo nas festas comemorativas.
A prática de um ato que viole o dever de moralidade pode gerar a responsabilização
por improbidade administrativa. A imoralidade qualificada pela desonestidade constitui ato
de improbidade administrativa.
A nossa CF, visando a responsabilização daqueles que violam o dever de moralidade
administrativa, estabeleceu, no art. 37, § 4º, as seguintes sanções para os atos de
improbidade administrativa, sem prejuízo da ação penal cabível:

 Suspensão dos direitos políticos;


 A perda da função pública;
 A indisponibilidade dos bens; e
 O ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei.

3.4 Publicidade

Publicidade é o dever de transparência da Administração Pública. A atuação da Administração


Pública deve ser transparente. Essa é a regra.
A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Com
efeito, a publicidade é condição para a eficácia do ato, pois este só terá condição de produzir efeitos
se houver a divulgação pelo órgão oficial, quando a Lei assim exigir. Por exemplo: a Lei n.
8.112/1990 dispõe que o início do exercício de função de confiança e a aposentadoria voluntária
coincidirão com a data de publicação do ato de designação. Nesses casos, exige-se a publicação no
órgão oficial, para que o ato inicie a sua produção legal de efeitos. O mesmo acontece com os
contratos administrativos.
A publicidade é diferente de publicação. Publicação significa a divulgação de atos na imprensa
oficial. A publicação é uma forma de publicidade, mas princípio da publicidade é muito mais que
publicação de atos.
Cuidado com questões afirmando que divulgação de atos na “Voz do Brasil” satisfaz a
publicidade. Está errado, porque é uma forma de se fazer publicidade, mas não a satisfaz. “Voz do
Brasil” não tem o alcance necessário. Nem todos os atos praticados são divulgados nesse meio de
comunicação.
Professor, quando os atos devem ser publicados na imprensa oficial?

Quando a Lei exigir ou quando for ato de efeitos externos. Por exemplo: a Lei n. 8.112/1990
exige que a aposentadoria seja publicada na imprensa oficial. Nesse caso, já que a Lei determina a
publicação, deve ser feita.
Em outra situação, por exemplo, se um Tribunal faz uma portaria determinando que o servidor
deve usar o crachá quando estiver no Tribunal. Nessa situação, basta a publicação internamente do
órgão, aceita no boletim interno. Não é necessária a publicação na imprensa oficial, uma vez que não
tem efeitos externos.
A regra é a publicidade, somente admitindo-se restrição em algumas situações. A CF, no
art. 5º, XXXIII, garante que todos têm direito a receber, dos órgãos públicos, informações de
interesse particular, de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da Lei, sob
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.
O princípio comporta exceção nas situações apresentadas pela Constituição. Leis que
restrinjam a publicidade de atos devem ter, por fundamento, a segurança da sociedade ou do Estado.
Nesse sentido, a Lei n. 12.527/2011, chamada de Lei de Acesso à Informação – LAI, que
regulamentou o art. 5º, XXXIII.
O princípio da publicidade também comporta restrição em razão da defesa de intimidade ou
da privacidade do cidadão. A publicidade pode ser restringida quando houve motivo de
segurança da sociedade ou do Estado; ou em casos de proteção à intimidade ou privacidade.
Para assegurar o direito consagrado na Constituição, existem os seguintes instrumentos:
• O direito de petição, pelo qual os indivíduos podem dirigir-se aos órgãos administrativos
para formular qualquer tipo de postulação (art. 5º, XXXIV, “a”, CF);
• De certidões em repartições públicas, para a defesa de direitos e esclarecimento de si tuações
de interesse pessoal (art. 5º, XXXIV, “b”, CF);
• Inviabilizado o exercício de tais direitos, ou ainda, sendo prestados indevidamente, surge,
ao prejudicado, o uso de outros instrumentos para recuperar a legalidade; por exemplo, o habeas data:
• Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
• Para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo.
A Lei n. 8.429/1992, de Improbidade Administrativa, trata como ato de improbidade que
viola princípio administrativo aquele em que o agente público se nega a dar publicidade a atos
oficiais. Dessa forma, pode resultar para o agente público as sanções do art. 37, § 4º da CF e do art. 12
da referida lei.
Você, como servidor público, pode ter sua remuneração divulgada em sítio eletrônico oficial?
Sim. O STF entendeu que essa divulgação não viola a intimidade, a privacidade e a segurança do
servidor. Na verdade, se encaixa nas exceções de que trata o inciso XXXIII, do art. 5º, CF.

3.5 Eficiência
Exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição, rendimento,
qualidade e economicidade. Foi acrescentado, de forma expressa, na CF, com a Emenda
Constitucional n. 19/1998. Antes era apenas implícito.
Decorrência do princípio da eficiência:
• Possibilidade de ser ampliada a autonomia gerencial, orçamentária e financeira de órgãos e
entidades administrativas mediante a celebração de contrato de gestão, no qual serão fixadas metas
de desempenho a serem perseguidas pelo órgão ou entidade, a fim de que se mantenha a maior
autonomia conquistada (art. 37, § 8º, CF); qualificação de entidades como agências executivas; •
Exigência de avaliação por comissão especial para a aquisição da estabilidade do servi dor efetivo
(CF, art. 41, § 4º);
• Exigência de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, para o
servidor público (art. 41, CF). Hipótese em que, mesmo o servidor estável, nesse caso, pode perder
o cargo, se demonstrar desempenho insuficiente. Essa avaliação é feita após o servidor conquistar a
estabilidade. No entanto, não é aplicada, ainda, pois não foi editada a lei complementar para
regulamentar a situação.
Com a EC n. 45/2004, foi inserido no art. 5º, o inciso LXXVII, que:
Assegura a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
O princípio da eficiência, dentro do processo administrativo, passou a ser um direito com
sede constitucional.

É indispensável que o aluno saiba todos estes cincos princípios. Boa parte das questões serão
sobre eles.
Há um macete para decora-los e não esquecer na hora da prova. Mnemônico “LIMPE”

Legalidade
Impessoalidade
Moralidade
Publicidade
Eficiência
4. Poderes Administrativos

4.1 – Introdução

Introdução O exercício da atividade administrativa deve estar voltado, a todo instante, para o
alcance do interesse público. Desse modo, a Administração necessita de instrumentos para que o
objetivo seja alcançado.
Os poderes administrativos têm esse caráter instrumental. São instrumentos colocados à
disposição do administrador público, para atingir ao interesse público. Poderes administrativos não
devem ser confundidos com os Poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário).
A expressão “poder” administrativo, também, não deve ser entendida como uma faculdade
para a Administração, pois, quando a situação estiver configurada, o poder deve ser exercido.
Na verdade a expressão mais adequada é “poder-dever” ou “dever-poder”, ou seja,
a Administração tem o dever de valer-se de todos os poderes que estão à sua disposição. O não
exercício de um poder administrativo pode levar à responsabilidade administrativa e penal do agente
público, bem como à responsabilidade civil da administração, se causar dano a particulares.
Como exemplo, um agente público não pode deixar de punir um subordinado quando ficar
comprovado que a infração administrativa ocorreu; um superior não pode deixar de controlar e
fiscalizar os atos de seus subordinados; o Estado não pode deixar de restringir direito em benefício
do interesse público.
Já que o administrador tem poderes, ele, também, terá seus deveres. São eles:
a) Dever de agir: não pode o agente público manter-se inerte diante de situação em que o
poder deva ser exercido.
b) Dever de prestar contas: tem o dever de ser transparente e expor a atividade desenvolvida
e os custos dessa atividade.
c) Dever de eficiência: o administrador deve desempenhar os poderes com eficiência
(presteza, perfeição, rendimento, qualidade e economicidade).
d) Dever de probidade: deve o agente público atuar com boa-fé, ética e honestidade, no
exercício de suas funções.

DICA
Mnemônico PEPA
Prestar contas, Eficiência, Probidade, Agir.

Por outro lado, o exercício dos poderes administrativos deve ser utilizado de modo correto,
para que o agente público não cometa o abuso de poder.
O abuso de poder ocorre de duas formas: (i) quando a autoridade, embora competente para
praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições; (ii) pratica ato visando ao interesse próprio
ou utiliza atos para finalidades não previstas em lei.
O abuso de poder pode ocorrer de forma comissiva (=ação) ou omissiva.
Na omissão, pode, por exemplo, deixar de praticar um ato visando interesse próprio. Por
exemplo, não analiso o pedido de uma autorização para usar a calçada, porque quem fez o pedido foi
um inimigo de infância. Eu estou sendo omisso e cometendo abuso de poder.

a) Excesso de poder: ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai
além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. O agente até tinha
competência, mas a extrapolou.

Exemplo: Chefe da repartição, pela Lei n. 8.112/1990, somente pode


aplicar, no máximo, a sanção de advertência ou suspensão por até 30 dias.
Se ele aplica a demissão, comete excesso de poder. Ele tinha competência
punitiva, mas avançou nas suas atribuições legais.

b) Desvio de finalidade ou desvio de poder: embora atuando nos limites de sua competência,
pratica o ato por motivos pessoais ou com fins diversos dos objetivos dados pela lei ou exigidos pelo
interesse público.

Exemplo: Desapropriação para prejudicar desafeto político, remoção de


servidor com caráter punitivo.

Fique atento:

O abuso de poder pelo excesso viola o requisito de competência do ato


administrativo. Por outro lado, o abuso de poder pelo desvio viola o requisito da finalidade.
Em qualquer dos casos, o ato nasce viciado (ilegal).
Quanto estudar os atos administrativos entenderão melhor.

4.2 Poder Hierárquico


É o poder da administração para estabelecer hierarquia entre órgãos e agentes públicos.
A relação hierarquizada dentro da Administração é essencial. Não é possível imaginar uma
estrutura administrativa que não tenha vários órgãos e agentes mantendo uma relação de
subordinação.
Tem que haver a hierarquia para que o superior possa comandar, dar ordens, corrigir os
atos, avocar atribuições dos seus subordinados, para que possa exercer os poderes que decorrem da
hierarquia.
a) Poder de fiscalização e revisão: órgãos superiores fazem a fiscalização e a revisão
de atos praticados por órgãos inferiores, para a verificação do exercício correto da atividade e para
a devida correção dos atos, seja revogando os inconvenientes e inoportunos ou anulando os ilegais
(autotutela).
b) Poder de delegação e avocação: a delegação e a avocação ocorrem em situações em
que o sujeito que recebeu atribuição da lei não pratica o ato. Na delegação, a autoridade transfere
parte de suas atribuições para outro agente praticar o ato em seu lugar. Na avocação, uma autoridade
chama para si o ato que seria de seu subordinado. Como exemplo de delegação, podemos apontar
decreto expedido pelo Presidente da República, que transferiu para Ministros de Estado a
competência de aplicar demissão a servidores subordinados ao seu ministério.

ATENÇÃO!!!!

Delegação pode ocorrer em situações não hierarquizadas também. Apesar da delegação de


atribuições ser uma consequência da hierarquia, a Lei n. 9.784/1999, art. 11, não exige relação
hierarquizada para a delegação de atos. Desse modo, mesmo entre órgãos ou agentes não
subordinados entre si é possível haver delegação. Ex: um Ministro delegar atribuição dele para
outro Ministro.

Por outro lado, a avocação ocorre quando o superior hierárquico subtrai parte da
competência atribuída originariamente ao seu subordinado. Veja... na avocação tem que haver a
relação de hierarquia. Ao contrário da delegação, a avocação só ocorre em situações excepcionais e
temporárias.
Assim, para haver avocação, deve existir uma autoridade superior, que chama para si ato
que seria de seu subordinado.

c) Poder de Punir: o exercício do poder de punir exige relação de hierarquia. Se não


houvesse, na Administração, uma estrutura dividida em vários órgãos e agentes, com relação de
hierarquia entre si, não haveria a possibilidade de serem aplicadas sanções aos servidores, pois, para
isso, é essencial que um superior aplique punição ao seu subordinado.
Um cuidado...
O Poder de Punir é o poder disciplinar que vamos ver mais adiante. Mas para que o
poder disciplinar possa ser exercido, tem que haver, antes de tudo, uma relação hierarquizada.
Na prova.... Se a questão disser que o poder de punir/poder disciplinar decorre (é
consequência) do poder hierárquico, estará correta a questão. Mas se a questão disser que um servidor
foi punido por uma infração, será poder disciplinar.
Outro cuidado...
Nem todas as relações que está presente o Poder Público são hierarquizadas. Assim, não
há hierarquia:

a) Entre os Poderes do Estado:


Entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário não há hierarquia, pois são
independentes e harmônicos entre si, conforme o art. 2º da CF.

b) Entre Administração Direta e Indireta:


Entre a Administração Direta e suas entidades que compõem a Administração Indireta
não há relação de subordinação, e sim de vinculação. Ex: entre um Ministério e uma autarquia a ele
vinculada (MINISTÉRIO DA ECONOMIA e INSS).

c) Entre as Pessoas Políticas


As Pessoas Políticas que compõem a Federação são: União, Estados, DF e Municípios.
Entre eles não há hierarquia. O presidente não manda no governador e o governador não manda no
prefeito. Cada um tem a sua autonomia.

d) Nas funções típicas do Poder Judiciário e Legislativo:


Quando o Poder Judiciário estiver na sua função típica, de julgar, não haverá relação de
hierarquia entre os juízes e entre os órgãos do Poder Judiciário.
Quando um juiz julga um caso, tem liberdade para proferir a decisão que entenda mais
adequada, sem relação de subordinação com ninguém.
As mesmas prerrogativas e independência que um Ministro do STF tem, o juiz de primeiro
grau também tem. Entre os órgãos do Poder Judiciário não há hierarquia.
A primeira instância não é subordinada à 2ª instância. E um Tribunal de Justiça não é
subordinado ao STJ ou STF. Cada um terá as suas atribuições e sua independência.
4.3 Poder Disciplinar
É o poder de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e demais pessoas
sujeitas à relação especial com a Administração Pública. O poder disciplinar incide não só em relação
aos servidores, mas também em relação aos particulares que mantêm algum tipo de vínculo especial
com o poder público, como, por exemplo, concessionários e permissionários, que podem sofrer
determinadas sanções em razão de inexecução contratual ou falha na execução (ex: advertência e
multa).
A aplicação de sanções aos particulares, normalmente, decorre de manifestação do poder
de polícia. Para se distinguir quando a multa decorre do poder de polícia ou do poder disciplinar,
deve-se verificar se o particular que sofre a sanção possui apenas um vínculo geral (relação de
supremacia geral) com o Estado, pois, nesse caso, a sanção decorrerá de expressão do poder de
polícia.
Por outro lado, se o administrado possui relação especial (supremacia especial) com o
Estado, a sanção decorrerá do poder disciplinar.
Assim, se um particular avança o sinal vermelho, recebendo aplicação de uma multa, será
exercício do poder de polícia, pois decorre do vínculo geral que qualquer particular tem em relação
ao Estado.
Aplicação de sanção em relação de vínculo especial – PODER DISCIPLINAR.

Exemplo
Sanção que universidade aplica em seu aluno;

Aplicação de sanção em relação que há vínculo geral – PODER DE POLÍCIA.


O poder disciplinar tem por característica a DISCRICIONARIEDADE. Significa que há
margem de liberdade para se decidir sobre o ato mais adequado a ser proferido.

4.4 Poder Regulamentar ou Normativo


O Poder Normativo é o poder da Administração de editar atos normativos para a
complementação das leis.
A expressão poder regulamentar era utilizada para se referir à competência dos chefes do
Poder Executivo para editar decretos visando à fiel execução das leis. Mas, atualmente, o chamado
Poder Regulamentar vem sendo conceituado como poder para editar atos normativos (poder
normativo).
Maria Sylvia Di Pietro (2011, p. 91):
Normalmente, fala-se em poder regulamentar; preferimos falar em poder normativo,
já que aquele não esgota toda a competência normativa da Administração Pública;
é apenas uma de suas formas de expressão [...]

Porém, muitos autores entendem que poder regulamentar é privativo do chefe do Poder
Executivo e o poder normativo é da Administração Pública.
De fato, o poder da Administração Pública para detalhar as leis não se faz apenas pela edição
de decretos.
Há vários atos administrativos que fazem isso: resoluções, instruções normativas, portarias e
etc. Mas o ato clássico que explicita/detalha as leis (gerais e abstratas) são os decretos feitos pelos
chefes do PE.
O Poder Legislativo, ao editar as leis, nem sempre possibilita que elas sejam executadas.
Cabe à Administração criar mecanismos de complementação, indispensáveis à efetiva aplicabilidade.
As leis, por serem gerais e abstratas, por vezes necessitam de atos infralegais para sua correta
execução. O decreto é o ato que terá, como regra, função de explicitar a lei, fielmente, para sua
aplicação.
Conforme o art. 84 da CF, temos dois tipos de decretos:

a) Decreto regulamentar ou de execução, art. 84, IV, da CF De competência privativa do


chefe do Poder Executivo de editá-los para a fiel execução das leis. Se o decreto é para a fiel execução
da lei, não pode ampliar as determinações legais, bem como restringir o alcance da lei.
O instrumento jurídico que cria ou restringe direitos é a lei, o decreto tem por função dispor
como esses direitos originados da lei serão exercidos.
Por exemplo, se a Lei n. 8.112/1990 diz que devem ser reservadas até 20% das vagas nos
concursos para pessoas com deficiência, o decreto que regulamenta essa Lei deve fixar a reserva até
o limite da Lei. Não pode resolver ampliar para 30%, por exemplo.
Também não pode o decreto criar reserva de 10% das vagas para indígenas, pois não tem
previsão em Lei. Sua função é apenas detalhar o que já está previsto em lei. Caso o ato normativo
venha a exorbitar (extrapolar) a sua função de regulamentar a lei, o art. 49, V, da CF autoriza o
Congresso Nacional a fazer a sustação desse ato.
b) Decreto autônomo ou independente, art. 84, VI da CF: O decreto autônomo ou
independente não tem por finalidade regulamentar lei. Sua existência independe de norma legal
anterior que exija regulamentação.
Atualmente, a doutrina admite esse decreto autônomo nas seguintes hipóteses:
1 - dispor sobre a organização e o funcionamento da Administração Federal, na forma da lei,
quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
2- extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos.
Assim, para tratar de organização interna da Administração Pública ou fazer extinção de
cargos vagos, pode ser feito mediante decreto. Se o Presidente da República quiser tirar a atribuição
de um Ministério e transferir para outro, basta fazer um decreto. Não será preciso enviar um projeto
de lei para o CN. Imagine só... se todas as vezes que se pretendesse fazer isso, precisasse de uma lei.
Seria muito complicado.

4.5 Poder Discricionário e Poder Vinculado

O Poder Discricionário é a prerrogativa concedida aos agentes administrativos de


elegerem, entre as várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para
o interesse público, como, por exemplo, a prorrogação de concurso público ou autorização para uso
de bem público. Assim, quando o agente tem liberdade de agir, a doutrina diz que ele manifesta o seu
poder discricionário.
Ao contrário, quando ele não tem liberdade e faz aquilo que a lei já determinou, ele exerce o
seu Poder Vinculado como, por exemplo, quando aposenta um servidor com 75 anos de idade, pois
a CF já fez a previsão: quando um servidor fizer 75 anos, ele deve ser aposentado.
Na verdade, poder vinculado não é tecnicamente um ‘poder’, porque poder é prerrogativa.
Quando se menciona o poder discricionário, é sim um poder, pois ele terá escolha para decidir.
A expressão poder vinculado é usada para fazer uma contraposição ao poder discricionário. Mas,
para prova, vamos entender o poder vinculado como espécie de um dos poderes administrativos.

4.6 Poder de Polícia


Esse é o poder que mais cai em prova...
O poder de polícia é o poder do Estado de restringir, limitar ou condicionar o exercício de
direitos e da propriedade em benefício do interesse público.
Imagine se o direito à liberdade, propriedade e todos os direitos garantidos pelo ordenamento
jurídicos fossem utilizados como bem entendesse pelo particular. Se cada um pudesse construir sua
casa da altura e da forma com quisesse, se cada um pudesse fazer o que bem entendesse da sua
liberdade, a sociedade viraria um caos! Concorda???
Então, o que o poder de polícia faz não é retirar o direito, e sim condicionar o seu exercício
para o bem-estar coletivo. O poder de polícia não proíbe que o cidadão tenha um carro e o dirija.
Apenas coloca condições para que ele faça isso.
O cidadão tem direito de exercer uma profissão, mas em certas profissões o Estado irá colocar
condições para o seu exercício.
Vejamos só..
Ser músico é uma profissão. Mas se esse profissional, ao exercer seu ofício, comete um erro,
que dano haverá para a sociedade? Músico foi tocar em uma festa e desafinou, errou a letra. Que
dano isso causou à sociedade? Praticamente nenhum... Mas e um médico, ao exercer a sua profissão,
comete um erro, um engenheiro... haverá danos? Sim... então certas profissões o Estado irá impor
condições para o seu exercício, exigindo que faça um curso superior, que tenha inscrição em um
Conselho de Fiscalização profissional e etc. Sempre visando ao interesse público.
E o fundamento do exercício do poder de polícia é o interesse público. O Estado exerce esse
poder em razão da supremacia do interesse público sobre o interesse do particular.
Poder de polícia e serviço público tem o mesmo significado? Não! São duas atividades
administrativas diversas. Vejamos a lição de Celso Antônio Bandeira de Mello (2011, p. 831):
O poder de polícia tem, contudo, na quase totalidade dos casos, um sentido realmente
negativo, mas em acepção diversa da examinada. É negativo no sentido de que através
dele o Poder Público, de regra, não pretende uma atuação do particular, pretende
uma abstenção. Por meio dele normalmente não se exige nunca um facere, mas um
non facere. Por isso mesmo, antes quer afirmar o seu caráter negativo, no sentido de
que usualmente se toma o que é falso –, deve-se dizer que a utilidade pública é, no
mais das vezes, conseguida de modo indireto pelo poder de polícia, em contraposição
à obtenção direta de tal utilidade, obtida através dos serviços públicos. O que aparta,
então, é, de um lado, o alcance direto ou indireto da utilidade coletiva, e, de ouro
lado, a circunstância de que, enquanto os serviços públicos se traduzem em
prestações de utilidade ou comodidade oferecidas pelo Estado ou quem lhe faça as
vezes, o poder de polícia corresponde à atividade estatal que não almeja outra coisa
senão uma abstenção dos particulares.

Em resumo, quando se fala de serviço público, é uma atividade estatal que interfere
positivamente na vida do cidadão. Traz um benefício. Já o poder de polícia interfere negativamente.
Geralmente diz um ‘não’ ao particular. Não construa neste local; não ultrapasse o limite de
velocidade; não jogue lixo neste local.
Importante destacar que há o conceito legal do poder de polícia positivado no art. 78 do
Código Tributário Nacional, pois o exercício do poder de polícia é fato gerador para a exigência de
taxas. De acordo com o CTN.
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou
disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou
autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos
individuais ou coletivos.

DICA
O Estado pode cobrar TAXAS em razão de exercer o poder de polícia. (memorize isso...) Cuidado!
Somente TAXAS. Não pode ser imposto, tarifa ou contribuição. Taxa é uma espécie de tributo.

Professor, eu entendia o poder de polícia como o poder DA polícia. Então, não significam a
mesma coisa?
Não...
O que a polícia (corporação: Polícia Militar, Polícia Civil e Federal) faz é uma expressão do
poder de polícia do Estado. Mas o poder de polícia vai muito além da área de segurança
pública/criminal.
Toda atividade potencialmente danosa à coletividade o Estado poderá exercer o seu poder de
polícia, como, por exemplo, saúde, consumo, construções, profissões, trânsito, meio ambiente e etc.
No entanto, a questão da segurança pública ganhou corporações especializadas para essa
função. Nas demais áreas, há vários órgãos e entidades públicas que exercem o poder de polícia.
O poder de polícia não se manifesta apenas com atos de fiscalização e punição. As formas de
o Estado expressar o poder de polícia são as seguintes:
1) Leis e atos normativos (ordem de polícia): é possível o exercício do poder de polícia por
meio de leis. Cite-se o exemplo do Código de Trânsito ou Código Florestal. Os atos normativos
gerais e abstratos com alcance indeterminado dos destinatários, incidindo sobre todos aqueles que se
encontram na mesma situação, também caracterizam o poder de polícia (ex: regulamento que
disciplina o uso de fogos de artifício ou que fixa o horário e a as condições de venda de bebidas
alcoólicas, resoluções do Contran).
2) Atos individuais/consentimento: são aqueles que possuem destinatários determinados,
incidindo sobre bens, direitos ou atividades de pessoa específica. Os atos individuais podem revestir-
se de atos de consentimento estatal, sendo a atividade exercida pelo Estado que defere uma pretensão
solicitada pelo particular. É o que ocorre com a autorização para uso de arma e a licença para
exercício de determinada atividade.
3) Atos de fiscalização: trata-se de obrigação de suportar medidas administrativas que têm
por finalidade averiguar o cumprimento das determinações expedidas pela Administração. (ex:
fiscalização de restaurantes, lanchonetes, casas de show; fiscalização de cumprimento de normas
ambientais).
4) Atos de sanção: por meio da sanção, o Estado estará exercendo o poder de polícia, em
razão de o administrado descumprir determinações impostas.
Para finalizar essa introdução de nossa aula, é importante saber que o poder de polícia decorre
do poder extroverso do Estado, que é a imposição de obrigações de forma unilateral na esfera do
administrado.
Todos os Entes Federativos têm competência para exercer atos do poder de polícia. Terá
competência para exercer o poder de polícia a Entidade Política que dispõe do poder de regular
(legislar) a matéria.
Assim, sendo os assuntos de interesse nacional, ficam sujeitos à regulação e ao policiamento
da União. Matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia estadual. E os assuntos de
interesse local (comum) ficam sujeitos à disciplina municipal.
Nesse caso, ingresso e saída de pessoas do país... é assunto de interesse nacional, regional ou
local?
É nacional. Então, a União legisla sobre o tema (Lei n. 6.815/80 – Estatuto do Estrangeiro)
e exerce os atos concretos para conceder a entrada e saída de pessoas do país.
Já o funcionamento de uma boate é assunto de interesse local. Assim, quem legisla sobre o
tema e exerce os atos concretos (concede licenças) para funcionamento é o município.

4.6.1 Atributos ou Prerrogativas ou Características do Poder de Polícia


Esse tópico é importantíssimo para concurso....
a) Discricionariedade: O poder de polícia é discricionário porque há um certo grau de
liberdade na sua atuação. O Estado tem liberdade para escolher as atividades a serem “policiadas”;
para fazer escolha da sanção aplicável, bem como para escolher o melhor momento de agir.
Conforme já escrevemos em outra obra, tem que haver um certo risco de dano na atividade para que
o Estado exerça o poder de polícia.
Para que a atividade tenha sobre ela o exercício do poder de polícia, ela deve ter
alguma “danosidade” para a sociedade. Deve ser uma atividade que possa causar
alguma lesão aos demais particulares se for utilizada indevidamente, fazendo surgir
a necessidade de que sejam impostas restrições no seu exercício para o bem estar da
coletividade. Um exemplo que podemos citar é o uso de veículo aéreo não tripulado
e controlado remotamente, são os chamados drones. Esse “brinquedo” começou a
ser usado, inicialmente, no Brasil para atividades recreativas, passando,
rapidamente, para uso de diversas tarefas como, por exemplo, entrega de
encomendas, empresas de segurança e etc. No entanto, o seu uso, no início, não tinha
restrições, mas em razão dos possíveis danos o Estado enxergou a potencialidade
lesiva e, por consequência, fazendo surgir a necessidade de regulamentação (quem
pode pilotar, locais, altura, atividades a serem realizadas etc.), bem como de
fiscalização por órgãos do Poder Público. (Manual Didático de Direito
Administrativo, Ed. Juspodivm, 2015)

Também é discricionário o poder de polícia porque o poder público, em muitos casos, exige
que o administrado obtenha autorização do Estado para realizar a atividade pretendida. Sendo a
autorização um ato discricionário da Administração Pública.
O particular solicita a autorização e a Administração avaliará se concede, ou não, a solicitação
feita. Então, veja que o poder de polícia em regra é discricionário, pois há um certo espaço para
liberdade de atuação.
Mas veja só...
O poder de polícia também pode se manifestar de modo vinculado, quando o Estado exige
licença para a realização de atividades. A licença é espécie de ato vinculado, tendo em vista que tem
de haver o preenchimento de todas as exigências fixadas em lei geral para alcançar o direito ao qual
ele pediu, como acontece com a licença para construir ou dirigir veículos.
Na prova... Se a questão disser que o poder de polícia é discricionário, está certo. Se disser
que é puramente/estritamente discricionário, está errado. Se disser que é discricionário ou vinculado,
está certo. Se disser que pode ser discricionário ou vinculado, também estará correto.

b) Autoexecutoriedade: Significa a imediata e direta execução dos atos pela própria


Administração, independentemente de ordem judicial. São exemplos desse atributo as interdições de
atividades ilegais e de obras clandestinas; inutilização de gêneros impróprios para o consumo. Ou
seja, para o Estado exercer o seu poder de polícia, não é preciso autorização prévia do Poder
Judiciário.
Mas cuidado...
Nem todas as medidas de polícia são dotadas de autoexecutoriedade, uma vez que, em
determinadas situações, a Administração depende de ordem judicial prévia para a implementação do
ato, como, por exemplo, a COBRANÇA DE MULTAS.
Nesse caso, o Estado não tem meios diretos para fazer uma cobrança de multa que não houve
pagamento espontâneo. Se um fiscal da Anvisa multar um estabelecimento e o proprietário não pagar
a multa, o fiscal não pode fechar o local, ou apreender mercadorias para satisfazer o valor da multa.
O que ele faz então??? Inscreve em dívida ativa e o Estado fará a cobrança pela via judicial.
Celso Antônio Bandeira de Mello prefere falar em exigibilidade e executoriedade. A
exigibilidade é o poder de exigir do cidadão o cumprimento de obrigações, mas recorrendo a meios
indiretos de persuasão (pela cominação de multa, por exemplo); A executoriedade é o administrador
poder executar materialmente aquilo que impôs ao cidadão e este não cumpriu.
Significa a possibilidade de a Administração promover, por si mesma, a conformação do
comportamento do particular às injunções dela emanadas.

c) Coercibilidade: Significa a imposição coativa das medidas adotadas. Por ser imperativo,
o ato de polícia admite até mesmo o uso da força pública para o seu cumprimento, quando resistido
pelo administrado. Assim, se alguém coloca uma barraquinha de camelô na calçada, um fiscal tem o
poder de mandar tirar. E o particular terá que remover do local, ele goste ou não. Se não retirar por
conta própria, o fiscal pode convocar força policial para obrigar a retirada.
4.6.2 Delegação do Poder de Polícia aos Particulares

Não é possível delegar o poder de polícia aos particulares.


Por que não?
Porque o Estado, para praticar os atos que decorrem do poder de polícia, age com seu
poder de império. Com sua supremacia. E o particular não tem esse poder. Se fosse admitido,
seria o mesmo que repassar ao particular o poder de império do Estado.
Vale a pena saber isso! Celso Antônio Bandeira de Melo entende que somente em
casos excepcionais poderiam ser delegados aos particulares, ou ser por eles praticados, esses
atos (do poder de polícia), que são de titularidade do Estado, como, por exemplo, a atividade
dos capitães de navio. Com efeito, ofenderia o equilíbrio entre os particulares em geral,
ensejando que uns oficialmente exercessem supremacia sobre outros.

Mas tem algum caso que seria possível?


Atos materiais que PRECEDEM aos atos de polícia podem ser praticados por
particulares. Como, por exemplo, colocação de câmeras (“pardal”) para tirar foto de carro
que, supostamente, passou com excesso de velocidade. Nesses casos o que ocorre é,
simplesmente, a mera verificação de um fato, e não há, naquele instante, o exercício do poder
de polícia.
O ato realizado é apenas registrar que supostamente alguém viola uma regra de
trânsito, mas a expedição da multa, que é o ato de polícia, será aplicada por pessoa de Direito
Público (órgão público ou autarquia criada para esse fim).
Carvalho Filho entende que a atividade fiscalizatória é mera constatação de fatos,
passível de delegação aos particulares, a exemplo da operacionalização material de máquinas
em triagem realizada em aeroportos, realizada por pessoas privadas, mediante contrato, para
detectar eventual porte de objetos ilícitos ou proibidos.
É também possível que particulares sejam encarregados de praticar ato material
SUCES SIVO/POSTERIOR a ato jurídico de polícia. Como, por exemplo,
a demolição/implosão de uma obra irregular. O Estado pode não ter tecnologia para fazer a
implosão. Assim, contrata uma empresa privada que o faz. É um simples ato material de
execução de um ato (ordem) administrativo anterior.

4.6.3 Polícia Administrativa e Polícia Judiciária


A polícia administrativa e a polícia judiciária são expressões do poder de polícia.
Ambas voltadas ao interesse público.
O que efetivamente distingue as duas espécies de polícia é que a polícia administrativa
visa impedir ou paralisar atividades antissociais, enquanto a polícia judiciária visa à
responsabilização daqueles que cometem ilícito penal.
A polícia administrativa visa assegurar a observância dos limites impostos pelo Estado
para o exercício de direitos, podendo ser por meio de atos de fiscalização, prevenção ou
repressão.
A Polícia judiciária tem por função auxiliar a atuação do Poder Judiciário. Quando
ocorre um crime, a polícia judiciária realiza o inquérito policial e repassa as provas colhidas
ao Poder Judiciário. Será o Poder Judiciário quem aplicará a lei penal.
A polícia administrativa atua, preventivamente, visando evitar que danos aconteçam
à sociedade. No entanto, os agentes de polícia administrativa também agem repressivamente,
quando, por exemplo, interditam um estabelecimento comercial ou apreendem bens obtidos
por meios ilícitos.
A atuação da polícia administrativa incide sobre BENS, ATIVIDADES E DIREITOS.
Sua conduta é regida por normas administrativas.
A polícia judiciaria, em princípio, atua repressivamente, realizando investigação de
crimes já ocorridos. Essa atividade é desenvolvida por órgãos especializados, a exemplo da
Polícia Federal e da Polícia Civil, dentre outras corporações que eventualmente tenham essa
atribuição conferida pelo art. 144 da Constituição Federal.
Entretanto, pode também atuar de maneira preventiva evitando que crimes venham
a ocorrer ou até mesmo nas fronteiras e aeroportos, tendo um caráter mais ostensivo.
Em provas de concurso, aparecem mais questões afirmando que a polícia
administrativa é preventiva e a polícia judiciária é repressiva. Essas questões estão certas.
Mas, se em provas de concurso, a questão afirmar que a polícia administrativa e judiciária
atua de forma preventiva e repressiva, também estará correto o item. E em muitas provas, de
várias bancas, eu já tenho visto essa afirmativa... Já vi a seguinte questão em concurso: a
característica de ser preventiva ou repressiva é comum tanto à polícia administrativa quando
à polícia judiciária. Estava certa.
5. Atos Administrativos

5.1 Conceito
Antes de sair jogando um monte de informações, vamos entender o que é um ato
administrativo. Essa é uma matéria bem abstrata, porque não tem uma lei regendo os atos
administrativos. Mas o ato administrativo ele é concreto! Como assim? Explico: você tem aí na sua
carteira (ou até em formato digital) sua carteira de motorista? Hummm....então, ela é um ato
administrativo, é uma licença para dirigir. Você já recebeu uma multa de trânsito? Infelizmente,
muitos de nós já... inclusive eu... rs. A multa também é um ato administrativo. Viu como está ficando
mais fácil!

Pois bem!

O que é um ato administrativo?


São todas as manifestações de vontade da Administração Pública materializadas por meio de
decretos, resoluções, portarias, instruções, ordens de serviço, circulares etc.
Em um conceito um pouco mais técnico, ato administrativo é uma declaração unilateral de
vontade do Estado, ou de quem o represente, no exercício de função administrativa, de nível
inferior à lei, com a finalidade de atender ao interesse público, visando criar, restringir, declarar
ou extinguir direitos, e sujeita ao controle judicial. O ato administrativo é espécie de ato jurídico
em sentido estrito, decorrente da categoria do fato jurídico. Cada ato tem uma finalidade específica
que vamos ver mais adiante...
Vamos ver em partes esse conceito:

Declaração Unilateral de Vontade


O ato é declaração unilateral porque parte apenas da Administração, não dependendo da
vontade do administrado. Significa que um agente Estado praticará um ato e nele conterá a imposição
de uma sanção, a constituição de um direito em direção ao particular.
Certa vez eu vi um filme que a mulher disse ao rapaz: “meu amor por você é unilateral.” Na
verdade, ela disse que amava ele independentemente de ela ser amada. E o ato administrativo é assim.
É unilateral. Independe da vontade do particular.
Nisso é diferente dos atos bilaterais, que são os contratos. Para haver uma relação contratual,
as duas partes têm que manifestar sua vontade de firmar o ajuste. Não há contrato de uma pessoa só.

Do Estado ou de Quem o Represente


Quem representa o Estado no exercício de função administrativa, também pratica ato
administrativo. Ex.: Concessionários e permissionários de serviço público.
Se uma empresa concessionária edita uma portaria regulamentando uso do metrô é um ato
administrativo. E, assim, está sujeita a todas as condições de validade do ato administrativo.

No exercício de Função Administrativa


Para ser ato administrativo, tem que o agente estar no exercício de função administrativa. Se
estiver, por exemplo, em função de governo de chefe de Estado, não será ato administrativo. Veja
só…se o Presidente da República edita um decreto declarando guerra a outro país, estará como chefe
de Estado. Isso não é ato administrativo é um ato de Governo ou ato político. No entanto, quando o
Presidente faz um decreto nomeando servidores…aí sim…será um ato administrativo.
O ato administrativo é praticado somente pelo Poder Executivo?

Não.

Pois não é só o PE quem pratica ato administrativo. O Poder Judiciário e o Poder Legislativo
também praticam atos administrativos quando atuam no exercício de atividade administrativa
(função atípica). Nesse caso, também praticam atos administrativos. Ex.: edital de licitação;
nomeação de servidores etc.

De Nível Inferior à Lei


O ato administrativo é de nível inferior à lei. Existem atos normativos praticados pela
Administração, mas que também não se confundem com a edição de leis. Atos normativos, como
resolução e decretos, visam apenas à complementação das leis que, por serem gerais e abstratas,
dependem, em muitos casos, de instrumentos que definam como elas deverão ser aplicadas.

Com a Finalidade de Atender ao Interesse Público


O ato tem que ser praticado sempre visando ao interesse público, pois não se admite que o
ato seja destinado para uma pretensão pessoal.

Visando Criar, Restringir, Declarar ou Extinguir Direitos


O ato tem que produzir esse efeito para ser um ato administrativo. A autorização cria um
direito que o particular não tinha antes. A pessoa quer colocar sua mesa de bar na calçada. Não pode,
a não ser que o Estado lhe dê uma autorização.
Quando a autorização é dada o ato está criando o direito que até então a pessoa não tinha.
Mas, prof., nós não aprendemos que é a lei que cria e extingue direitos. Sim, a lei cria o direito para
que você passa usar a calçada para colocar mesa de bar, mas o que vai de fato concretizá-lo é a
Administração Pública por meio da autorização.
Já a licença, por exemplo, não cria nada. Ela só declara um direito anterior (preexistente).
Vamos ver mais à frente, com muita calma, a licença… E veremos que licença é um ato vinculado.
Se o particular preencher as condições que a lei exige terá direito ao que foi solicitado. Mas
não é a licença que criou o direito. Quando o particular preencheu as condições legais, ela já tinha o
direito garantido, a licença apenas reconheceu (declarou) isso. Por isso se diz que o direito à licença
já existe antes mesmo de sua concessão. Ele é preexistente à licença!
A revogação extingue um direito. Antes a pessoa tinha o direito de colocar mesa de bar na
calçada, mas com a revogação da autorização, a pessoa não pode mais. E os atos, também, impõem
sanções aos particulares como multa, interdição, cassação entre outras.

Sujeita ao Controle Judicial


O Poder Judiciário, se provocado, poderá realizar o controle dos atos administrativos. Esse
controle recai sobre os atos vinculados e discricionários.
No ato vinculado o controle é mais amplo já que o ato é regido inteiramente pela lei. No ato
discricionário, que é aquele que comporta análise de conveniência e oportunidade (mérito
administrativo), o Judiciário poderá analisar o mérito administrativo para o controle de sua legalidade,
não podendo verificar apenas a questão da conveniência e oportunidade da decisão.
O ato administrativo não se confunde com o procedimento administrativo. O procedimento
se constitui de vários atos administrativos encadeados entre si, como ocorre com o procedimento de
uma licitação.
O ato administrativo é espécie de ato jurídico em sentido estrito, decorrente da categoria do
fato jurídico. Ato jurídico é qualquer ato que produz efeito no mundo jurídico. E o ato administrativo
faz isso também. Se uma pessoa faz uma doação para outra de um bem isso terá efeitos jurídicos que
será a transferência da propriedade.

5.2 Requisitos ou Elementos de Validade dos Atos Administrativos


Já sabemos bastante coisa sobre os atos administrativos… Já sabemos o que é o ato
administrativo e o que não é… O ato administrativo deve atender a alguns requisitos para sua
adequada expedição.
De acordo com a Lei n. 4.717/65, Lei de Ação Popular, os requisitos ou elementos são:
competência, finalidade, forma, motivo e objeto.
Todos eles serão analisados minuciosamente. Esses requisitos formam o famoso mnemônico:
CO FI FO MO OB ou (CO MO FI O FO) Vamos analisar cada um deles.

5.2.1 Competência ou Sujeito


É o poder atribuído ao agente público para a prática de seus atos administrativos.
A competência resulta da lei, e por ela é delimitada. Competência para nós do Direito Administrativo
não significa que uma pessoa competente é boa de serviço. Nossa…como ele é competente… Para
nós do Direito Administrativo ser competente quer dizer: a lei conferiu atribuição para praticar o
ato administrativo.
Por exemplo, só é competente para lançar tributos e aplicar multas por infração à legislação
tributária o Auditor Fiscal da Receita Federal, porque a lei deu só para ele essa atribuição. Analista
ou técnico da receita não podem fazer isso.
A competência não se presume, pois a lei irá destinar atribuição aos agentes públicos, bem
como limitá-la, estabelecendo círculo de funções de cada órgão e agente. Dessa forma, para se
verificar o agente ou órgão competente para exercer determinada função, deve-se examinar a lei,
pois é ela que irá conferir a prerrogativa para a prática do ato.
Em razão de a competência resultar da lei e por ela ser delimitada, devemos apontar suas
características.
a) Irrenunciável: Significa que o agente público não pode “recusar” a competência que a lei
lhe conferiu.
Da mesma forma, a autoridade policial, quando surpreende condutor, em blitz, dirigindo sem
habilitação, não pode deixar de lavrar o auto de infração, sob pena de responder por essa omissão.
b) Improrrogável: Um agente que praticou um ato que não era de sua atribuição não se torna
competente pelo decurso do tempo. Significa que a inércia das partes em não alegar a incompetência
de determinado sujeito não o torna competente.
c) Imprescritível: Significa que não se perde a competência pelo decurso do tempo. Só a lei
dá a competência, só a lei pode retirar. O tempo não. Exemplo: servidor de licença para tratar de
interesses particulares não perde a titularidade das atribuições, ao retornar ao serviço, após 3 anos.
d) Inderrogável: Significa que a competência não se transfere por acordo ou vontade das partes. Se
a competência decorre da lei, somente a lei pode estabelecer as situações em que os atos podem ser
objetos de delegação. Para todo ato a ser delegado, deva existir lei autorizando a delegação.
É necessário que a lei determine as condições necessárias para que possa haver a delegação.
Na esfera federal, o art. 12 estabelece que, em razão de circunstâncias de índole técnica, social,
econômica, jurídica ou territorial, pode haver delegação, se não houver impedimento legal.

Ex.: Por questão de ordem técnica o Presidente da República delegou para o Ministro da Economia
a atribuição de autorizar a abertura de concursos federais;

Vícios na Competência
Vamos ver algumas situações em que o ato será praticado, mas com vício no requisito da
competência, uma vez que o agente não recebeu atribuição pela lei, seja porque ele atuou fora dos
seus limites, seja porque exerceu função púbica de modo irregular, ou porque dela se apropriou
indevidamente.
A) Excesso de poder: O excesso de poder ocorre quando o agente público, embora
inicialmente competente para prática do ato, se excede no exercício de suas atribuições. Ele vai além
de suas atribuições legais. Acontece, por exemplo, no caso de um servidor que pratica infração
passível de sanção com demissão e o chefe da repartição aplica a demissão. No entanto, sabemos que
o chefe da repartição não tem essa atribuição, pois, conforme art. 141 da Lei n. 8.112/90, a demissão
de servidor público que pertence ao Poder Executivo é de competência do Presidente da República.
B) Funcionário ou função ou agente de fato/Agentes Putativos: Ocorre quando uma pessoa
é irregularmente investida em função pública. Durante o processo de investidura da pessoa em cargo,
emprego ou função, houve, de alguma forma, participação da Administração. Ocorre, por exemplo,
quando uma pessoa “compra” o gabarito de uma prova de concurso. Faz o concurso e é aprovado.
Uma vez investido na função, praticará atos administrativos com vício de competência. Ou quando
o agente continua em exercício após a idade-limite para aposentadoria compulsória.
C) Usurpação de função: É diferente da função de fato…. Ocorre quando uma pessoa se
apropria da função para praticar atos que são próprios dessa função. Na usurpação de função a pessoa
se apodera de função pública sem ser, de nenhuma forma, nela investida. É o que ocorre, por
exemplo, no caso de um servidor que exerce função de fiscalização e seu irmão gêmeo, que não é
servidor, aproveitando-se de momento de descuido, consegue seu crachá e sua roupa e passa a exercer
a fiscalização no lugar de seu irmão, verdadeiro titular da função.

5.2.2 Finalidade
Finalidade é o objetivo de interesse público buscado com a prática do ato. Todo ato deve ser
praticado sempre voltado para satisfazer o interesse público. Fala-se que a finalidade é o FIM
MEDIATO. É o fim maior de todo ato administrativo, que é atender ao interesse da coletividade.
É como se fosse o ‘pano de fundo’ de todo ato administrativo.
É o legislador que define a finalidade pública que o ato deve alcançar, não havendo
liberdade de opção para a autoridade administrativa. Dessa forma, não cabe ao administrador
escolhê-la ou substituí-la por outra, ainda que ambas correspondam a fins público.
Conforme leciona Maria Sylvia1, a finalidade pode ser compreendida em dois sentidos. No
sentido amplo, finalidade significa que o ato deve sempre atender ao interesse público. No sentido
estrito, finalidade significa que o ato deve atender ao fim específico para o qual ele foi criado,
devendo ser ressaltado que este fim específico é sempre definido pela lei.
A lei é que define para qual finalidade pública ele foi editado. Dessa forma, o agente público
não pode utilizá-lo para fins diversos daquele definido em lei, sob pena de violar a finalidade do ato.
Na prática dos atos administrativos, os dois sentidos da finalidade devem ser observados, em seu
sentido amplo e no sentido estrito. Ou seja, o ato deve ser praticado visando ao interesse público e
para atender ao fim específico para o qual ele foi criado.
Finalidade em regra é vinculada, mas, quando se fala em finalidade específica, a lei poderá
estabelecer se a finalidade será X ou Y, sendo assim, também uma exceção à regra de vinculação
absoluta. Assim, em alguns casos, a finalidade pode ser discricionária, quando a lei assim o permita.
Se não for respeitada a finalidade pública do ato, ocorrerá o desvio de finalidade que é uma
forma de abuso de poder. A finalidade é um dos elementos do ato administrativo que não admite a
convalidação, na forma do art. 55 da Lei n. 9.784/99. Esse assunto será analisado mais adiante, neste
capítulo.

5.2.3 Forma
É como o ato se materializa. É a manifestação de vontade sendo concretizada, expedida. Se
a administração resolve criar o direito para alguém usar a calçada terá que fazer isso por um ato
administrativo. Mas como esse ato vem ao mundo jurídico? Com um documento escrito autorizando-
o a usar a calçada.
Se a Administração Pública reconhece que um cidadão preencheu todos os requisitos que a
lei exige para tirar a “carteira de motorista”, como que ela reconhece isso?...Expede um ato (escrito)
que é a licença. Assim, forma é a exteriorização da vontade administrativa, que, em regra, será escrita,
mas pode ser praticada de modo verbal, por gestos, por sons, por placas (pictórico) ou por meios
mecânicos. A regra é que os atos sejam produzidos por escrito.
Entretanto, alguns atos, por sua natureza, tornam-se inviáveis de serem produzidos por
escrito. Se um agente de trânsito para à frente de um veículo em uma rodovia e estende a palma da
mão em direção ao carro, significa que o veículo deve parar.
Nesse caso, temos um agente público que recebeu atribuição da lei, visando à finalidade
pública de interromper o trânsito, mas que não poderia fazer isso de modo escrito, portanto, o faz
mediante de um gesto. O mesmo ato poderia ser realizado de modo verbal ou por meio de sons.
Placas de trânsito também são atos administrativos.
Quando se vê uma placa de proibido estacionar, significa que a Administração quer organizar
o trânsito e não deseja que veículos estacionem em determinado local, mas, como é inviável fazer
isso por escrito, encaminhando notificação para todos os condutores de veículos que possam vir a
estacionar naquele local, bem como ser inviável colocar um agente público permanentemente no
local, será a placa a representação da vontade administrativa.

Meios mecânicos também podem representar atos administrativos.


Ex.: semáforos.
O que deve ficar claro é que só se admite o ato não escrito em situações excepcionais,
quando a própria natureza do ato assim o exigir. O não respeito à forma vicia o ato, tornando-
o passível de invalidação.

O que é Formalização ou formalidade do ato administrativo?

Formalidades são as exigências necessárias, estabelecidas em lei, para a correta prática do ato.
Alguns atos ter formalidades especiais para a sua validade. Podemos apontar como exemplo a multa
de trânsito. Não se exige apenas que esteja na forma escrita. O art. 280 do Código de Trânsito
Brasileiro – CTB – exige uma série de requisitos e condições especiais (formalidades) para a validade
do auto de infração. Portanto, não basta lavrar o auto de infração por escrito; ele deve conter todos
os requisitos do art. 280 do CTB para sua validade, como, por exemplo, a tipificação, local, data e
hora do cometimento da infração, dentre outros. Faltando uma das formalidades, o ato será ilegal.
O vício de forma será passível de convalidação. Entretanto, se a lei exigir formalidade
essencial para a validade do ato, e esta estiver ausente, o ato será ilegal.
Assim, se a lei exige que, para se iniciar a desapropriação, esta deva estar na forma escrita e
por decreto, será ilegal se a desapropriação for iniciada por escrito, mas mediante portaria, circular
ou qualquer outra forma escrita.
Nessa hipótese, a lei exigiu formalidade essencial para a validade do ato – a expedição de um
decreto, e não de outro ato escrito. Em razão desse vício, o ato não poderá ser convalidado pela
Administração.

5.2.4 Motivo
Motivo é a situação de direito ou de fato que autoriza a prática do ato administrativo. O motivo
pode ser uma situação fática ou pode estar previsto em lei.
Situação de fato é o acontecimento que gera a expedição do ato administrativo; é uma situação
anterior, que leva a Administração a manifestar sua vontade.
Um exemplo é o exceso de velocidade. Se um agente verifica essa situação (esse fato) tem
motivo para aplicar a multa. Motivo de direito é aquele que já está na lei. A lei já descreve a situação
e quando ela ocorre o ato é prática
Exemplo é a aposentadoria compulsória. Diz a lei que o servidor será aposentado quando
fizer 75 anos (LC n. 152/2015). A lei já previu toda a situação.
Mas…cuidado….Motivo não se confunde com motivação… A motivação é a justificação,
a explicação das razões (motivos) que levaram o agente público a praticar o ato administrativo. A
motivação integra o elemento forma do ato administrativo. Mas motivo e motivação têm muita
relação, porque a motivação deve ser a apresentação dos motivos que levaram à prática do ato
administrativo.

5.2.5 Objeto

O objeto são os efeitos imediatos decorrentes do ato administrativo. Corresponde ao


efeito prático pretendido com a edição do ato administrativo ou a modificação por ele trazida
ao ordenamento jurídico. É aquilo que o ato produz. É o seu resultado imediato.
Você pergunta “o que” aconteceu no mundo jurídico e descobre o objeto. O que o ato
produziu?
Assim, o objeto de uma desapropriação tem por efeito extinguir o direito de propriedade e
repassá-la para o Estado. É isso que a desapropriação produz.
O objeto de uma demissão é romper o vínculo dele com a Administração Pública e colocá-lo
na inatividade. Significa o fim IMEDIATO da vontade exteriorizada pelo ato. Você se recorda
quando falamos da finalidade?...Dissemos que ela era o fim MEDIATO. Pois bem! O objeto é o fim
Imediato. É o resultado imediato do ato administrativo
5.3 Discricionariedade e Vinculação
Estudaremos agora os atos vinculados e discricionários. Analisaremos o grau de liberdade
que a lei conferiu ao agente público em decidir o ato a ser praticado.
Atos vinculados são aqueles em que todos os requisitos ou elementos são definidos pela lei,
não havendo liberdade para o agente público. Como exemplo clássico desse tipo de ato temos a
aposentadoria compulsória aos 75 anos, pois o sujeito que recebeu atribuição da lei para fazer a
aposentação de servidor que completou a idade limite não tem liberdade para decidir se irá aposentar
ou não o servidor, uma vez que ele deve determinar a aposentadoria.
Os atos discricionários são aqueles em que a lei permite ao agente público realizar um juízo
de conveniência e oportunidade (mérito), decidindo o melhor ato a ser praticado. Nesses atos, a lei
confere ao administrador certa margem de liberdade para a escolha do ato mais adequado ao caso
concreto.
A prorrogação de concurso público é ato discricionário, uma vez que o sujeito competente
tem liberdade para analisar e decidir se irá prorrogar, ou não, o certame. Nos atos discricionários
existe o MÉRITO administrativo, que é a valoração dos motivos e do objeto (resultado final) do ato.
O mérito é o exercício da discricionariedade. O ato discricionário é passível de controle pelo
Poder Judiciário. Contudo não cabe ao Poder Judiciário substituir o mérito (conveniência e
oportunidade) dos atos administrativos. Assim, o Judiciário não pode, por exemplo, substituir a
decisão do administrador que resolver investir em hospitais, ao invés de escolas.

5.4 Atributos ou Prerrogativas do Ato Administrativo


Existem temas que podem ou não cair na prova…e existem aqueles que com certeza caem na
prova….o tópico a seguir cai certamente em todos os concursos que tem a matéria ato
administrativo….
Nesse tópico da aula, há uma certa divergência doutrinária quantos aos atributos do ato
administrativo, mas vamos deixar a matéria de uma forma bem fácil para você… Então….Vamos
juntos!
Vou tratar inicialmente de três atributos do autor Hely Lopes Meirelles, porque são os que
mais aparecem em prova e porque ele é a base na qual os demais autores escrevem.
São eles: presunção de legitimidade, imperatividade e autoexecutoriedade.
Depois vou tratar de uma classificação de Celso Antônio Bandeira de Mello e, por fim, da
classificação de Maria Sylvia Zanella Di Pietro. Nessa parte aqui é importante saber o que pensa cada
autor...
Presunção de Legitimidade
Os atos nascem com a presunção de que são legítimos. O ato administrativo nasce com a
presunção de que está de acordo com a lei e que os fatos apresentados são verdadeiros.
Presume-se que, ao editar o ato administrativo, a Administração Pública fez tudo conforme
a lei autoriza e que todos os fatos apresentados para a prática do ato realmente aconteceram. Por
exemplo, se alguém recebe na sua casa uma multa por excesso de velocidade, presume-se que ela está
de acordo com a lei e presume-se que realmente a pessoa estava naquele momento com excesso de
velocidade.
É certo falar que a presunção de legitimidade decorre do princípio da legalidade?
Sim…
Olha como o sistema é perfeito… De acordo com o princípio da legalidade o agente público
somente pode fazer o que a lei autoriza. Assim, ele vai agir sempre de acordo com a lei. Por
consequência, os atos que pratica nascem com a presunção de que são legais/legítimos.
E esse atributo tem uma consequência para o ato administrativo. O ato produz efeitos de
imediato (operatividade). Isso vale para todos os atos…não temos exceção.
Se a prova disser que todo ato administrativo nasce com a presunção de
legalidade/legitimidade, estará correta a questão.
Assim, mesmo um ato ilegal produz todos os seus efeitos até que seja declarada a sua
nulidade. Por exemplo, uma multa expedida por estacionamento irregular, numa ocasião em que não
houve a irregularidade, tendo em vista que o condutor não saiu com o veículo no dia apontado.
Mesmo assim, o ato presume-se legal e, portanto, irá produzir todos os seus efeitos, gerando
obrigação de pagamento da multa ou de se oferecer recurso administrativo em face da ilegalidade.
No entanto, presunção de legitimidade é relativa (juris tantum), pois se admite prova em
contrário…. Em razão de ser uma presunção relativa, o administrado pode provar a ilegalidade do
ato administrativo, solicitando sua anulação e aniquilando todos os efeitos produzidos.

Imperatividade
A imperatividade é o poder que tem a Administração de impor o ato ao administrado,
independentemente de sua concordância. Particular gostou, ou não, tem que aceitar! Se o Estado vai
aplicar uma multa de trânsito não tem que perguntar para o cidadão se ele vai gostar, ou não, se vai
aceitar, ou não. O Estado vai e aplica a multa impondo o pagamento da penalidade.
Esse atributo não está presente em todos os atos, pois em alguns deles, como, por exemplo,
certidões, atestados e pareceres (atos enunciativos), bem como concessão de licença e autorização
(atos negociais), não há essa necessidade.
Atos que impõem sanção, obrigação, restrição, precisam dessa força imperativa, mas aqueles
que não têm essas características não vão precisar. Por isso que não nascem com esse atributo. O
princípio da supremacia do interesse público justifica a coercibilidade dos atos administrativos.
O atributo da imperatividade decorre do poder extroverso do Estado, que é o poder de impor
obrigações de modo unilateral na esfera do administrado.

Autoexecutoriedade
Significa a execução direta do ato administrativo pela própria Administração,
independentemente de ordem judicial.
Quando a Administração Pública vai praticar um ato não tem que perguntar para o Poder
Judiciário se pode, ou não, praticá-lo.
Imagine só… Se todo ato administrativo que fosse praticado a Administração Pública tivesse
que propor primeiro uma ação judicial para um juiz analisar a legalidade previamente e dar uma
ordem judicial autorizando a execução.
Nem a Administração Pública, nem o Poder Judiciário iriam funcionar se fosse assim…
Praticamente teriam que criar um Tribunal só para isso…Não é possível…
Veja…
Se o agente público tem que observar o princípio da legalidade, o ato administrativo já nasce
com a presunção de que é legítimo…Se o ato nasce com a presunção de que é legítimo será executado
diretamente pela Administração Pública, sem necessidade de exame prévio pelo Poder Judiciário.
São exemplos desse atributo as interdições de atividades ilegais e obras clandestinas e a inutilização
de gêneros impróprios para o consumo.
Autoexecutoriedade significa que dispensa controle PRÉVIO do Poder Judiciário, mas se um
ato administrativo for praticado e for ilegal, o particular pode provocar o Judiciário para anular o ato.
Em alguns casos, o particular pode até ingressar com uma ação para impedir que o ato venha a ser
realizado. Mas a regra é que os ato administrativo são autoexecutórios.
Um cuidado!
Nem todos os atos são dotados de autoexecutoriedade, uma vez que, em determinadas
situações, a Administração depende de decisão judicial prévia para a implementação do ato, como,
por exemplo, na ocasião de cobrança de multa, tributos, desapropriação, servidão
administrativa, interceptação telefônica.

6. Classificação dos Atos Administrativos


Quanto aos Destinatários:

1. ATOS GERAIS: são aqueles que não possuem destinatário determinado, mas alcança
todos que estão em idêntica situação. Prevalecem sobre os atos individuais anteriormente expedidos
ainda que provindos da mesma autoridade. São os atos normativos praticados pela Administração.
Ex.: Estabelecimento da velocidade de uma via; decreto que disciplina a coleta de lixo domiciliar;
placa que fixa locais de estacionamento; portaria que altera horário de atendimento de um órgão
público; edital de licitação ou concurso público.
2. ATOS INDIVIDUAIS / ESPECIAIS: são aqueles que possuem destinatários certos.
Dirigem-se a destinatários específicos, criando-lhes situação jurídica particular. O mesmo ato pode
abranger um ou vários sujeitos, desde que sejam individualizados.
Ex. Nomeação de candidato em concurso.

Quanto ao Alcance

1. ATOS INTERNOS: são atos destinados a produzir efeitos, como regra, dentro das
repartições administrativas, e que, por isso mesmo, incidem, normalmente, sobre os órgãos e agentes
da Administração que os expediram.
2. ATOS EXTERNOS: destinados a produzir efeitos, como regra, fora da Administração.
São todos aqueles que alcançam os administrados, os contratantes e, em certos casos, os próprios
servidores, provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou conduta perante a Administração
Pública.
Ex.: nomeação de candidatos a concurso público; alteração de horário de atendimento em
determinado órgão; portaria que fixa o recesso forense de um Tribunal.
Como visam a produzir seus efeitos fora da Administração, necessitam, em regra, de
publicidade, através de divulgação em meio oficial.

Quanto ao objeto

1. ATOS DE IMPÉRIO: são todos aqueles que a administração pratica usando de sua
supremacia sobre o administrado ou o servidor e lhes impõe obrigatório atendimento. Expressam a
vontade soberana do Estado e seu poder de coerção. Na prática de atos de império, a Administração
utiliza toda a sua supremacia em relação ao administrado, impondo medidas que geram o dever de
pronto atendimento, como, por exemplo, desapropriação, interdição de atividades, multa, apreensão
de mercadorias.
2. ATOS DE GESTÃO: são os que a Administração pratica sem usar de sua supremacia
sobre os administrados. Tais atos, desde que praticados regularmente, geram direitos sub jetivos e
permanecem imodificáveis pela Administração, salvo quando precários por sua própria natureza.
Ex.: autorização e licença.
3. ATOS DE EXPEDIENTE: são todos aqueles que se destinam a dar andamento aos
processos e papéis que tramitam pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão de mérito
final, a ser proferida pela autoridade competente. Não possuem conteúdo decisório. Ex: junta da de
documentos e despacho.
Maria Sylvia (2009, p. 220) utiliza o termo atos de direito público (atos de império) e atos
de direito privado (gestão), afirmando que só os primeiros são atos administrativos.
Os atos de império e gestão tiveram importância sobretudo na época da irresponsabilidade
estatal vigente no período absolutista. Admitiu-se a responsabilidade pelos atos de gestão praticados
pelo Estado e continuava a irresponsabilidade perante atos de gestão. Atualmente não há mais essa
diferença para o tratamento da responsabilidade do Estado.

Quanto ao Regramento ou Vinculação ou Grau de Liberdade

Essa você já conhece, mas é importante falar dela por causa da denominação....
Em prova podem colocar assim: quanto ao grau de liberdade os atos se classificam em...

1. ATOS VINCULADOS: são aqueles para os quais a lei estabelece os requisitos e


condições de sua realização. Nessa categoria de atos, as imposições legais absorvem, quase que por
completo, a liberdade do administrador, uma vez que sua ação fica adstrita aos pressupostos
estabelecidos pela norma legal para a validade da atividade administrativa.
Ex.: aposentadoria compulsória aos 75 anos.

2. ATOS DISCRICIONÁRIOS: São aqueles em que a lei permite ao agente público


realizar um juízo de conveniência e oportunidade (mérito) para decidir a solução mais adequada ao
caso concreto.

Quanto à Formação/Número de Vontades


1. ATOS SIMPLES: é o que resulta da manifestação de vontade de um único órgão,
unipessoal ou colegiado, ou de apenas um agente público. Não importa o número de pessoas que
participam da formação do ato. O ponto relevante é que a expressão da vontade deve provir apenas
de um único órgão ou agente.
2. ATO COMPOSTO: é o que resulta da vontade única de um órgão ou agente, mas depende
da aprovação, ratificação ou confirmação por parte de outro para produzir seus efeitos. Há, na
verdade, uma só vontade autônoma, ou seja, de conteúdo próprio.
As demais são meramente instrumentais, porque se limitam à verificação de legitimidade do
ato de conteúdo próprio. No ato composto, existe um ato principal e outro(s) ato(s) acessório(s) que
apenas confirma, aprova, ratifica o ato principal. Constitui-se de uma vontade (ato) principal e outra
instrumental. Na verdade, são dois atos: principal e acessório. Como, por exemplo, autorização que
depende de um visto ou um parecer que deve ser aprovado pela autoridade superior.

3. ATO COMPLEXO: é aquele que se forma pela conjugação de vontades de mais de um


órgão (dois ou mais órgãos) ou agentes. O ato complexo somente estará formado quando todas as
vontades exigidas forem declaradas.
Diferentemente do ato composto, em que existe um ato principal e outro(s) ato acessório(s)
que apenas confirma, aprova, ratifica o ato principal, no ato complexo todas as vontades têm o mesmo
nível, não havendo relação de ato principal e acessório, pois a conjugação de todas as vontades é
imprescindível para a formação do ato.
Exemplo de ato complexo é o caso de portaria interministerial.

Quanto à Eficácia
1. VÁLIDO: é o ato que está em conformidade com a lei.
2. NULO: é o com vício insanável (finalidade, motivo e objeto). Não admite a convalidação,
pois apresenta defeito tão grave que não é possível a correção.
3. INEXISTENTE: é o que apenas tem aparência de manifestação regular da administração,
mas não chega a se aperfeiçoar como ato administrativo, não produzindo efeitos no Direito
Administrativo. É o clássico ato praticado por usurpador da função pública que se apropria de uma
função pública sem ser de nenhuma forma nela investido, e também em relação a atos materialmente
impossíveis, como, por exemplo, a nomeação de pessoa morta.

Quanto à Elaboração ou Exequibilidade


Essa classificação analisa o “caminho” que o ato deve completar até estar elaborado
(=pronto). Tem atos que tem um caminho curto de elaboração. Tem outros que já têm várias fases,
tem que passar por diversos órgãos até estar pronto e ter condição de produzir seus efeitos.
Ato pode ser:
1. PERFEITO: é aquele que já completou o seu ciclo necessário de formação, já percorreu
todas as fases necessárias para sua produção. Na análise da perfeição, verifica-se apenas se o seu
ciclo (fases) de produção foi concluído. A análise da legalidade do ato será aferida no plano da
validade.
2. IMPERFEITO: é o que se apresenta incompleto na sua formação. Ato que não completou
o seu ciclo ou as suas fases necessárias de formação. Na verdade, não há um ‘ato imperfeito’. Ele
não existe ainda como ato administrativo. Mas essa classificação é feita para fazer uma contraposição
ao ato perfeito.
3. PENDENTE: é aquele que, embora perfeito, por reunir todos os elementos de sua
formação, não produz efeitos, por não ter sido verificado o termo ou condição de que depende sua
produção de efeitos. O ato pendente pressupõe um ato perfeito, pois completou todas as suas fases
necessárias de formação, mas só irá produzir seus efeitos quando o termo ou a condição for
implementada. É o que ocorreria na expedição de uma multa de trânsito que obedeceu a todos os
procedimentos fixados em lei, mas que está sendo questionada judicial ou administrativamente e,
por isso, teve sua exigibilidade suspensa. Assim, o pagamento da sanção dependerá do provimento
ou não da decisão judicial ou administrativa.
Termo é o evento futuro e certo. Férias marcadas para determinado mês será um ato pendente
até que se verifique o termo, qual seja, chegar ao mês marcado para o gozo de férias. Com o advento
do mês marcado, o ato produzirá seus efeitos, e o servidor se ausentará do serviço durante o prazo
fixado.
A condição é evento futuro e incerto. Uma multa de trânsito que está sendo questionada por
recurso administrativo não está produzindo o efeito de obrigar ao pagamento e a perda de pontos na
licença para dirigir. Entretanto, se o recurso for improvido, o condutor deve pagar multa e terá a
subtração dos pontos, ou seja, o ato produzirá seus efeitos em razão da condição ter se implementado.

4. CONSUMADO ou EXAURIDO: é aquele que já produziu todos os seus efeitos esperados.


O gozo das férias pelo servidor representa a consumação do ato. Uma autorização de uso de bem
público para realização de festa de igreja estará consumada com o encerramento do evento. O ato
consumado não admite a revogação, pois, com a consumação, ele se extingue naturalmente, uma vez
que produziu todos os seus efeitos.
Perfeição, Validade e Eficácia (Exequibilidade)

Como dito, o ato perfeito é aquele que já completou o seu ciclo necessário de formação, já
percorreu todas as fases necessárias para sua constituição.
Ato válido é aquele que está conforme a lei, não viola o ordenamento jurídico. Do contrário,
será ato inválido.
Ato eficaz é o que produz ou tem condição de produzir efeitos. É o ato que se encontra apto
para produção de efeitos.
Por exemplo, imagine que para alguém usar uma praça para fazer uma festa porque passou
no concurso (pense em você!!!) e precise da autorização do Administrador Regional e homologação
do Governador. Se o administrador já autorizou e houve a homologação do governador o ato é
perfeito, porque completou o ciclo de formação. Mas ela foi dada na segunda feira, sendo que a festa
é no sábado a partir das 20hs. Só quando chegar o horário da festa que o ato estará sendo eficaz
(produzindo efeitos...)
Se a lei exigir a publicação na imprensa oficial, o ato só será eficaz quando ela ocorrer. Por
exemplo, a Lei n. 8112/90 diz que a designação para o exercício da função de confiança coincide
com o dia da publicação na imprensa oficial. Assim, a lei exigiu a publicação.
Só no dia que isso ocorrer, é que o servidor receberá o acréscimo das funções e a retribuição
pecuniária por isso...(que é o que mais lhe interessa...).
Assim, como perfeição, validade e eficácia são planos diferentes, podemos ter diversas
combinações desses aspectos.

a) perfeito, válido e eficaz


Completou o ciclo de formação, está de acordo com a lei e está produzindo efeitos.

b) perfeito, inválido e eficaz


Completou o ciclo de formação, NÃO está de acordo com a lei e mesmo assim está
produzindo efeitos.

c) perfeito, válido e ineficaz


Completou o ciclo de formação, está de acordo com a lei e AINDA NÃO está produzindo
efeitos. Depende de evento futuro para isso. Ex.: servidor nomeado para função de confiança para
data futura. A portaria de nomeação é publicada na quinta, mas ele prevê que ele estará investido na
função só na segunda. Está tudo pronto, mas ainda não está produzindo efeitos.

d) perfeito, inválido e ineficaz


Completou o ciclo de formação, NÃO está de acordo com a lei e NÃO está produzindo
efeitos.
Porém, não é possível haver ato imperfeito, pois não se trata de ato administrativo ainda,
uma vez que está passando pelas fases de elaboração. Na verdade, não chega a se formar como ato.

Quanto aos Efeitos

1. ATO CONSTITUTIVO: é aquele por meio do qual a Administração cria, modifica ou


extingue um direito ou situação do administrado. É o ato que traz em si uma modificação no mundo
jurídico. Seja criando, extinguindo ou alterando uma situação jurídica.

2. ATO DECLARATÓRIO: é aquele em que a Administração apenas reconhece um direito


preexistente. Não é o ato administrativo declaratório que criou o direito. Apenas reconheceu. O direito
o particular já tinha antes do ato administrativo. O caso clássico é a licença.

3. ATO ENUNCIATIVO: é aquele em que a Administração certifica, atesta uma situação


ou profere opinião quando for consultada como, por exemplo, o atestado, a certidão e o parecer.

Resumo:
7. Espécies De Atos Administrativos

1. Atos normativos:

São aqueles que contêm um comando geral, visando à correta aplicação da lei. O objetivo
imediato de tais atos é explicitar a norma legal a ser observada pela administração.
DECRETOS: são atos administrativos, da competência exclusiva dos Chefes do
Executivo, destinados a prover situações gerais ou individuais, abstratamente previstas de modo
expresso, explícito ou implícito, pela legislação.
INSTRUÇÃO NORMATIVA: são atos administrativos expedidos pelos Ministros de
Estado para a execução de leis, decretos e regulamentos, mas são também utilizados por outros
órgãos superiores para o mesmo fim.
REGIMENTOS: são atos administrativos normativos de atuação interna. Destinam-se a
reger o funcionamento de órgãos colegiados e de corporações legislativas. Não obrigam os
particulares em geral, atingindo unicamente as pessoas vinculadas à atividade regimental.
RESOLUÇÕES: são atos administrativos normativos expedidos pelas altas autoridades
do Executivo (mas não pelo Chefe do Poder Executivo, que expede decretos) ou pelos presidentes
de tribunais, órgãos legislativos e colegiados administrativos, para disciplinar matéria de sua
competência específica.
2. Atos ordinatórios

São atos que visam a disciplinar o funcionamento da Administração e a conduta funcional


de seus agentes. São provimentos, determinações ou esclarecimentos que se endereçam aos
servidores públicos, a fim de orientá-los no desempenho de suas funções. Tais atos só atuam no
âmbito interno das repartições e só alcançam os servidores hierarquizados à chefia que os expediu.
Não obrigam os particulares, nem os funcionários submetidos a outras chefias. Não criam,
normalmente, direitos ou obrigações para os administrados, mas geram deveres e prerrogativas para
os agentes administrativos a que se dirigem.
INSTRUÇÕES: são ordens escritas e gerais a respeito do modo e da forma de execução
de determinado serviço público, expedidas pelo superior hierárquico, com a finalidade de orientar
os subalternos no desempenho das atribuições que lhes estão destinadas e assegurar a uni dade de
ação no organismo administrativo.
CIRCULARES: são ordens escritas, de caráter uniforme, expedidas a determinados
funcionários ou agentes administrativos, incumbidos de certo serviço ou do desempenho de certas
atribuições, em circunstâncias especiais.
PORTARIAS: são atos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços
expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para
funções e cargos secundários. Também dão início a sindicâncias e a processos administrativos.
AVISOS: são atos emanados dos Ministros de Estado a respeito de assuntos referentes
aos respectivos ministérios.
ORDENS DE SERVIÇO: são determinações especiais dirigidas aos responsáveis por
obras ou serviços públicos autorizando seu início, ou contendo imposições de caráter administrativo
ou especificações técnicas sobre o modo de sua realização.
OFÍCIOS: são comunicações escritas que as autoridades fazem entre si, entre subalternos
e superiores e entre a Administração e particulares, em caráter oficial.
DESPACHOS: são decisões que as autoridades executivas (ou legislativas e judiciárias,
em função administrativa) proferem em papéis, requerimentos e processos sujeitos à sua apreciação.

3. Atos negociais

São atos praticados contendo uma declaração de vontade do Poder Público, coincidente
com a pretensão particular. A Administração Pública defere algo que foi solicitado pelo particular.
Esses atos a Administração Pública não faz de ofício, tem que haver um pedido prévio do particular.
Dentre os atos negociais, existem três espécies que são mais abordados em concurso (licença,
autorização e permissão), mas sobre as quais a doutrina não tem um conceito unânime, em especial
sobre autorização e permissão. Por isso, vamos apresentar os conceitos, de modo que o candidato a
concurso público tenha condições de responder com precisão às questões que forem formuladas
sobre esse assunto.
LICENÇA: é o ato administrativo vinculado e definitivo, por meio do qual o Poder
Público, verificando que o interessado atendeu a todas as exigências legais, possibilita o desempenho
de determinada atividade. É vinculada porque se o particular preencher todas condições legais, terá
a licença deferida, não há nenhum juízo de conveniência e oportunidade por parte da Administração
Pública. É definitiva porque não cabe revogação. Se o particular preencheu as condições legais,
a Administração Pública não pode por uma questão de conveniência de ela revogar a licença. O
direito do requerente é anterior à licença, mas o desempenho da atividade somente se legitima se o
Poder Público exprimir o seu consentimento favorável ao administrado. Por essa razão, o ato é de
natureza declaratória.
AUTORIZAÇÃO: é o ato administrativo discricionário e precário pelo qual o Poder
Público torna possível ao pretendente a realização de certa atividade ou utilização de determinados
bens particulares ou públicos.
É discricionária porque depende da análise de conveniência e oportunidade da
Administração Pública. E é precária porque caberá a revogação a qualquer momento, sem, em regra,
gerar direito à indenização. Na autorização, assim como ocorre com a licença, o particular necessita
do consentimento estatal para que possa realizar a atividade pretendida, na medida em que estará
praticando conduta ilícita se não possuir anuência prévia da Administração.
Ex.: autorização de uso de bem público; autorização para porte de arma.
A autorização é ato constitutivo, uma vez que estará estabelecendo uma nova situação
jurídica, sendo a licença ato declaratório, na medida em que o Estado apenas reconhece um direito
do particular de realizar a atividade.
PERMISSÃO: é o ATO administrativo discricionário e precário, pelo qual o Poder
Público faculta ao particular o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado. Veja
que a permissão para USO de bem público tem natureza de ATO ADMINISTRATIVO.
A permissão e a autorização também podem se confundir, uma vez que os dois atos podem
ter por objeto a utilização de bens públicos. Na autorização, a utilização do bem público ocorre para
o interesse privado do particular, como, por exemplo, a autorização para colocação de mesas de bar
na calçada. Por outro lado, na permissão, faculta-se a utilização privativa de bem público com
finalidade de interesse público, a exemplo do que se dá com a utilização de praça para feira ou festa
de uma igreja que visa à arrecadação de alimentos e verbas para pessoas necessitadas.
APROVAÇÃO: é o ato administrativo pelo qual o Poder Público verifica a legalidade e
o mérito de outro ato ou de situações e realizações materiais de seus próprios órgãos, de outras
entidades ou de particulares, dependentes de seu controle, e consente na sua execução ou
manutenção. Pode ser prévia ou subsequente, discricionária5, consoante os termos em que é
instituída, pois, em certos casos, limita-se à confrontação de requisitos específicos na norma legal e,
noutros, estende-se à apreciação de oportunidade e conveniência.
ADMISSÃO: é ato administrativo vinculado, por meio do qual o Poder Público,
verificando a satisfação de todos os requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada situação
jurídica de seu exclusivo ou predominante interesse, como ocorre no ingresso aos estabelecimentos
de ensino mediante concurso de habilitação.
VISTO: é ato administrativo pelo qual o Poder Público controla outro ato da própria
administração ou do administrado, aferindo sua legitimidade formal, para dar-lhe exequibilidade.
Incide sempre sobre um ato anterior e não alcança seu conteúdo. É ato vinculado.
HOMOLOGAÇÃO: é ato administrativo de controle, pelo qual a autoridade superior
examina a legalidade e a conveniência, ou somente aspectos de legalidade de ato anterior da própria
Administração, de outra entidade ou de particular, para dar-lhe eficácia. Não admite alteração no ato
controlado pela autoridade homologante, que apenas pode confirmá-lo ou rejeitá-lo, para que a
irregularidade seja corrigida por quem a praticou.
DISPENSA: é o ato administrativo que exime o particular do cumprimento de
determinada obrigação até então exigida por lei, como, por exemplo, a dispensa do serviço militar.
É ato discricionário.
RENÚNCIA: é ato pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito ou um
direito próprio, liberando, definitivamente, a pessoa obrigada perante a Administração. A renúncia
não admite condição e é irreversível, uma vez consumada. Tratando-se de renúncia por parte da
Administração, há dependência, sempre, de lei autorizadora.
PROTOCOLO ADMINISTRATIVO: é o ato pelo qual o Poder Público acerta com o
particular a realização de determinado empreendimento ou atividade ou a abstenção de certa conduta,
no interesse recíproco da Administração e do administrado signatário do instrumento protocolar. Esse
ato é vinculante para todos que o subscrevem, pois geram direitos entre as partes.
4. Atos enunciativos
São todos aqueles em que a Administração se limita a certificar ou a atestar fato, ou emitir
uma opinião sobre determinado assunto.
CERTIDÕES: são cópias ou fotocópias fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes de
processo, livro ou documento que se encontre em repartições públicas. Podem ser de inteiro teor, ou
resumidas, desde que expressem fielmente o que se contém no original de onde foram extraídas. Em
tais atos o Poder Público não manifesta sua vontade, limitando-se a transcrever para o documento a
ser fornecido ao interessado o que consta de seus arquivos.
ATESTADOS: são atos pelos quais a Administração comprova um fato ou uma situação
de que tenha conhecimento por seus órgãos competentes. Difere da certidão porque o atestado
comprova um fato ou uma situação existente, mas não constante de livros, papéis ou documentos em
poder da Administração.
PARECERES: são manifestações de órgãos técnicos sobre assuntos submetidos à sua
consideração. Tem caráter meramente opinativo, salvo quando tiver caráter vinculante, nos casos
previstos em lei.
APOSTILAS: são atos enunciativos ou declaratórios de uma situação anterior criada por
lei. Equivale à averbação.

5. Atos punitivos:
Constituem uma sanção imposta pela administração em relação àquele que infringe as
disposições legais. Visam a punir e reprimir as infrações administrativas ou a conduta irregular de
seus servidores ou dos particulares, perante a administração. Ex.: multa, interdição, demolição e etc.

8 . EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

Nessa parte de extinção dos atos vamos começar logo pelas formas mais importantes para
concurso público: revogação e anulação.
Porém, saiba que existem outras formas…vamos ver logo em seguida!
a) Revogação: É a extinção de um ato porque ele deixou de ser conveniente de ser
mantido. A revogação recai em um ato legal não é mais conveniente e oportuno. O agente que revoga
o ato pode ser tanto aquele que produziu o ato quanto a autoridade superior no exercício do poder
hierárquico. O ato era totalmente válido, só não estava conveniente a sua manutenção.
A revogação decorre do poder discricionário da administração, pois é produzida com base
em critérios de conveniência e oportunidade (mérito administrativo). Por ser a revogação juízo de
mérito, não é possível a revogação de atos vinculados, uma vez que, nesses atos, não há mérito.
Os efeitos da revogação são EX NUNC (prospectivos), ou seja, para o futuro. Todos os
atos efeitos que decorrem do ato revogado devem ser mantidos.
No caso do ato de delegação do Presidente para que Ministros de Estado apliquem
demissão aos seus servidores, se houver a revogação desse ato (delegação), as demissões que foram
aplicadas durante o período da delegação serão mantidas, uma vez que o ato era legal, só não é
conveniente sua manutenção.
Só A Administração Pública pode revogar. O Poder Judiciário não faz revogação. Essa
é a regra e a sua primeira resposta para prova.
Então…na sua prova…cuidado! Se a questão disser:

1. A revogação somente é feita pela Administração Pública. CERTO. Porque somente ela é quem
faz a revogação.

2. A revogação é feita pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciário. ERRADO. Porque o
Poder Judiciário não faz, como regra, revogação.
No entanto, se a questão perguntar a exceção, você responde a exceção.
3. A revogação é feita pela Administração Pública ou pelo Poder Judiciário quanto aos seus próprios
atos administrativos. CERTO.
4. O Poder Judiciário pode revogar seus próprios atos administrativos. CERTO.

Atos que não podem ser revogados:


1) ATOS VINCULADOS, pois não há juízo de conveniência e oportunidade, que permita a
revogação.
2) ATOS EXAURIDOS ou CONSUMADOS: não podem ser revogados, pois já produziram seus
efeitos. Ex.: férias gozadas, porque não se revoga um ato que concedeu férias se o servidor já usufruiu
de todo período de gozo.
3) ATOS QUE GERAM DIREITOS ADQUIRIDOS: a Constituição não permite que a lei viole
o direito adquirido. Dessa forma, o ato administrativo não poderá ser revogado a fim prejudicar o
direito adquirido. Ex.: nomeação gera direito à posse em cargo público. Uma vez ocorrida a nomeação
de candidato, terá direito à posse no cargo público.
4) ATOS INTEGRATIVOS DE UM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO: não são
passíveis de revogação, pois se opera a preclusão do ato anterior pela prática do ato sucessivo.
A preclusão é a perda de se realizar determinados atos em uma fase do procedimento. No
procedimento licitatório, existem vários atos encadeados entre si (edital, habilitação, julgamento,
classificação e adjudicação). Após cada fase da licitação, não é possível a revogação de atos que
integram essa fase. Se, por exemplo, a licitação já se encontra na fase de homologação, não é possível
revogar isoladamente qualquer ato anterior. Todo o procedimento pode ser revogado, mas não ato
isolado após a sua preclusão.
MEROS ATOS ADMINISTRATIVOS ou ATOS ENUNCIATIVOS: Ex.: pareceres, certidões e
atestados. Esses atos não são passíveis de juízo de conveniência e oportunidade. No caso de uma
certidão de dívida ativa o que ela faz é meramente comprovar um fato (a dívida). Não é possível
análise de conveniência e oportunidade sobre esse fato.

b) Anulação/invalidação
É a extinção de um ato administrativo por motivo de ilegalidade. A anulação é a análise
da legitimidade do ato administrativo, podendo ser feita pela própria administração, de ofício ou
mediante provocação, ou pelo Poder Judiciário, desde que seja provocado.
Imagine que você recebeu uma multa por excesso de velocidade. Mas naquele dia da
aplicação da multa, tem certeza que não saiu de carro e o veículo ficou parado na sua garagem. Você
entra com recurso administrativo, prova que o carro não saiu da garagem e a Administração Pública
reconhece isso. Assim, ela fará a anulação da multa por aplicada.
O vício do ato pode recair em qualquer dos seus elementos: competência, finalidade,
forma, motivo e objeto.
Os efeitos de uma anulação são EX TUNC, ou seja, retroativos. Com a anulação do ato
administrativo, como regra, todos os seus efeitos serão desconstituídos. Exemplo: aplicação de multa
ilegal. Uma vez anulada a multa, retiram-se os pontos que o servidor ganhou na carteira e devolve o
dinheiro que pagou.

c) Extinção natural:
É aquela que decorre do cumprimento normal dos efeitos do ato. É a forma natural de um ato
se extinguir. Exemplo: Servidor que sai de férias: o ato férias se extingue naturalmente;

d) Caducidade:
Cuidado! Caducidade aqui não tem nada a ver com tempo/prazo. Ato administrativo não
caduca por causa de prazo. A caducidade ocorre quando uma nova norma jurídica/lei torna
inadmissível a situação antes permitida.
É uma nova LEI que não permite mais uma situação anterior e, por conta disso, o ato será
extinto. Exemplo: várias pessoas têm autorização para colocar mesa de bar na praça da igreja. Depois
é feita uma lei que diz: é proibida a colocação de mesas de bar e restaurante na praça da igreja. Todas
as autorizações entraram em caducidade. Se extinguiram.

c) Cassação:
Ocorre quando o particular descumpre as condições fixadas pela administração. A extinção
se dá porque o particular beneficiário do ato não atendeu às determinações da Administração.
Exemplo: licença para funcionamento de hotel que se torna um prostíbulo/cabaré.

d) Contraposição ou derrubada:
A extinção ocorre em razão de edição de um novo ato editado que possui efeitos opostos ao
ato anterior. São dois atos que não conseguem conviver ao mesmo tempo. E o segundo extingue o
primeiro.
Exemplo: nomeação e exoneração. Não tem como um servidor ficar ao mesmo tempo
nomeado e exonerado do cargo. A exoneração não convive com a nomeação e a extingue.

9.CONVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

A convalidação, também conhecida como sanatória (ou aperfeiçoamento), é a correção do


vício existente no ato administrativo, com efeitos retroativos. O ato que convalida tem efeitos ex tunc,
uma vez que retroage, em seus efeitos, ao momento em que foi praticado o ato originário. Os efeitos
retroativos da convalidação servem para aproveitar/manter todos os efeitos produzidos.
Imagine que o Secretário da Receita Federal (chefe da repartição) aplique sanção de demissão
a um servidor. Porém, ele não tem essa competência, quem é o sujeito realmente competente é o
Presidente da República (art. 142, Lei n. 8.112/90). Porém, o servidor faz um recurso que chega nas
mãos do Presidente da República e ele decide convalidar a demissão aplicada.
O Presidente da República poderia até anular a demissão. Mas preferiu convalidar e sanar o
vício antes existente.
Admite-se que o Poder Legislativo, por meio de uma lei, faça a convalidação de atos
administrativos a fim de resguardar os efeitos já produzidos e manter os atos no mundo jurídico.
Contudo, não é possível é o Poder Judiciário fazer convalidação de atos administrativos.

Os vícios de competência e forma são passíveis de convalidação (atos anuláveis) –, mas


os vícios de finalidade, motivo e objeto acarretam a anulação do ato administrativo (nulos).
O art. 55 da Lei n. 9.784/99 trouxe três requisitos para a possibilidade de convalidação dos
atos administrativos.
a) Não acarretar lesão ao interesse público;
b) não acarretar prejuízo a terceiros;
c) apresentar vício sanável;
A doutrina nos ensina que os vícios passíveis de convalidação são os vícios de competência
e forma.
Exceção:
No entanto, se for uma competência exclusiva, não admitirá convalidação. Competência
exclusiva é aquela que a lei atribui um ato a determinada pessoa e só ela pode praticar o ato como,
por exemplo, aplicar a sanção de declaração de inidoneidade a um contratado que é de competência
exclusiva de Ministro de Estado. Assim, se qualquer outra autoridade praticar esse ato, é vício de
competência exclusiva e não caberá a convalidação. O ato administrativo deve ser anulado.
O vício de forma, também, não admitirá a convalidação, quando houver no ato alguma
formalidade indispensável para a sua validade, como ocorre, por exemplo, com a desapropriação,
que necessita de um ato específico para ser iniciada – o decreto. Assim, se a desapropriação for
inaugurada por uma portaria ou circular, a forma escrita estará sendo observada, mas a formalidade
essencial, mediante decreto, não.

Há três formas de convalidação:


1) Ratificação: ocorre quando a convalidação provém da mesma autoridade que emanou o
ato viciado. Para Carvalho Filho, a autoridade que deve ratificar pode ser a mesma que praticou o ato
ou um superior hierárquico.
2) Reforma: admite que novo ato suprima a parte inválida do ato anterior, mantendo sua parte
válida, ou que seja suprimida a parte inválida do ato anterior, com a sua substituição por uma nova
parte, tendo o novo ato a parte válida anterior e uma nova parte, advinda da reforma produzida. Ex.:
Foram concedidas férias e licença ao servidor, mas, depois, viu-se que ele não tinha direito à licença,
permanece apenas no conteúdo do ato o direito a férias, retirando o deferimento de licença.
3) Saneamento: ocorre quando a convalidação se dá por iniciativa do particular. Ex.: publica-
se que ocorreu a exoneração a pedido, sem que tal pedido tenha ocorrido, mas depois o servidor pede
a sua exoneração.

Há, também, outra forma de realizar a correção de atos administrativos: a conversão.


Diferença entre conversão e convalidação.

Atividades

1) A administração é o aparelhamento do Estado preordenado à realização dos seus


serviços, com vistas à satisfação das necessidades coletivas.
( ) certa ( ) Errada

2) Administração pública em sentido orgânico designa os entes que exercem as funções


administrativas, compreendendo as pessoas jurídicas, os órgãos e os agentes incumbidos dessas
funções.
( ) certa ( ) Errada

3) O poder de polícia e os serviços públicos são exemplos de atividades que integram o


conceito de administração pública sob o critério material.
( ) certa ( ) Errada
4) Administração pública, em sentido amplo, abrange o exercício da função política e da
função administrativa, estando ambas as atividades subordinadas à lei.
( ) certa ( ) Errada

5) Um estado que tributasse desmesuradamente os administrados enriqueceria o Erário, com


maior volume de recursos, o que, por outro lado, tornaria a sociedade mais pobre. Tal
conduta de exação excessiva viola o princípio pelo qual deve prevalecer:
a) O interesse público secundário.
b) O interesse público primário.
c) A supremacia do interesse público.
d) O interesse público como direito subjetivo.
e) O direito subjetivo individual
6) Em seu sentido objetivo, a administração pública corresponde:
a) ao conjunto de finalidades públicas do Estado.
b) aos órgãos públicos que compõem os poderes.
c) à atividade administrativa.
d) à temporalidade dos governantes eleitos.
e) às normas editadas pelo Estado

7) Agentes administrativos são todos aqueles que se vinculam ao Estado ou às suas


entidades autárquicas e fundacionais por relações profissionais, sujeitos à hierarquia funcional
e ao regime jurídico determinado pela entidade estatal a que servem.
( ) Certo ( ) Errado

8) Assinale a alternativa que representa um dos princípios que regem a Administração


Pública brasileira:
a) Duplo grau de jurisdição
b) Juiz de paz
c) Concorrência
d) Moralidade
e) Especificidade
9) O nome do princípio segundo o qual ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
alguma coisa senão em virtude de lei é o da(o)
a) moralidade.
b) legalidade.
c) devido processo legal.
d) cidadania.
e) obediência civil.

10) A atividade administrativa, de forma geral, sublegal ou infralegal, deve restringir-se


à expedição de comandos que assegurem a execução da lei, ou seja, existe a necessidade de
garantir que a atuação do Poder Executivo nada mais seja que a concretização do
preconizado em lei. Esse contexto relaciona-se a qual princípio específico?
a) Impessoalidade
b) Boa-fé
c) Moralidade
d) Pessoalidade
e) Legalidade

11) A Constituição Federal de 1988 prevê, no caput do artigo 37, de forma expressa, cinco
princípios de direito administrativo que regerão a atividade da administração pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
Assinale a alternativa que apresenta esses princípios.
a) Legalidade, imperatividade, moralidade, publicação e efetividade.
b) Legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
c) Legalidade, interesse público, amoralidade, publicidade e eficiência.
d) Legalidade, pessoalidade, moralidade, publicação e eficiência.
e) Legalidade, impessoalidade, amoralidade, publicação e efetividade.

12) O conceito de Administração Pública possui vários sentidos, sendo correto


afirmar que:

a) Sob o sentido formal, a Administração Pública deve ser entendida como o conjunto de
funções administrativas exercidas pelo Estado;
b) Sob o sentido objetivo, entende-se como Administração Pública a estrutura orgânica do
Estado, definidora do conjunto de estruturas de competências legalmente definidas.
c) Sob o sentido empreendedor, a Administração Pública é o conjunto de funções
administrativas exercidas pelo Estado de forma empreendedora, visando o atingimento das
suas finalidades.
d) Sob o sentido material, a Administração Pública deve ser entendida como a atividade
administrativa exercida pelo Estado.
e) Sob o sentido material, entende-se como Administração Pública o conjunto de órgãos do
Estado, isto é, a estrutura estatal.

13) O núcleo do princípio da eficiência no direito administrativo é a procura da


produtividade e economicidade, sendo este um dever constitucional da administração, que
não poderá ser desrespeitado pelos agentes públicos, sob pena de responsabilização pelos
seus atos.
( ) Certo Errada ( )

14) O princípio da impessoalidade está diretamente relacionado à obrigação de que a autoridade


pública não dispense os preceitos éticos, os quais devem estar presentes em sua conduta.
( ) Certa ( ) Errada

15) A conduta do agente público que busca o melhor desempenho possível, com a finalidade
de obter o melhor resultado, atende ao princípio da:
a) eficiência.
b) legalidade.
c) impessoalidade.
d) moralidade.
e) publicidade.

16 ) O princípio da eficiência determina que a administração pública direta e indireta adote


critérios necessários para a melhor utilização possível dos recursos públicos, evitando
desperdícios e garantindo a maior rentabilidade social.

( ) Certo ( ) Errado
17) A administração pública pode revogar seus próprios atos eivados de vícios, ou ainda
pelo judiciário, mediante provocação.

( ) Certo ( ) Errado

18) A administração pública deve adotar critérios objetivos e preestabelecidos para suas
decisões; isto é, quando realizar um procedimento licitatório, deve aplicar critérios imparciais
entre todos os participantes, não podendo ser subjetiva nas suas decisões e atitudes. O texto
anterior aborda o princípio da
a) isonomia.
b) legalidade.
c) publicidade.
d) impessoalidade.
e) probidade administrativa.

19) Assinale a opção que apresenta o princípio constitucional que obriga a administração
pública a manter ou ampliar a qualidade dos serviços prestados à população, evitando
desperdícios e buscando sempre a máxima excelência na prestação de seus serviços.
a) princípio da publicidade dos atos da administração pública
b) princípio da legalidade
c) princípio da impessoalidade
d) princípio da moralidade
e) princípio da eficiência

20 ) A Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas


determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu
comportamento. (Direito Administrativo, São Paulo: Atlas, 29ª edição, p. 99). Essa lição
expressa o conteúdo do princípio da:
a) impessoalidade, expressamente previsto na Constituição Federal, que norteia a atuação da
Administração pública de forma a evitar favorecimentos e viabilizar o atingimento do interesse
público, finalidade da função executiva.
b) legalidade, que determina à Administração sempre atuar de acordo com o que estiver
expressamente previsto na lei, em sentido estrito, admitindo-se mitigação do cumprimento em prol
do princípio da eficiência.
c) eficiência, que orienta a atuação e o controle da Administração pública pelo resultado, de
forma que os demais princípios e regras podem ser relativizados.
d) supremacia do interesse público, que se coloca com primazia sobre os demais princípios e
interesses, uma vez que atinente à finalidade da função executiva.
e) publicidade, tendo em vista que todos os atos da Administração pública devem ser de
conhecimento dos administrados, para que possam exercer o devido controle.

21) A respeito dos princípios básicos da Administração pública no Brasil, é INCORRETO


afirmar que o princípio
a) de impessoalidade demanda objetividade no atendimento do interesse público, vedada a
promoção pessoal de agentes públicos.
b) de legalidade demanda atuação da Administração pública conforme a lei e o Direito.
c) de moralidade demanda atuação da Administração pública segundo padrões éticos de
probidade, decoro e boa-fé.
d) da eficiência demanda celeridade na atuação da Administração pública, se necessário em
contrariedade à lei, dada a primazia do resultado sobre a burocracia.
e) de publicidade demanda a divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses
de sigilo previstas no ordenamento jurídico.

22) Os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que o pratica,
mas ao órgão ou entidade administrativa em nome do qual age o funcionário. Este é um mero
agente da Administração Pública, de sorte que não é ele o autor institucional do ato. Ele é
apenas o órgão que formalmente manifesta a vontade estatal. (José Afonso da Silva em
Comentário Contextual à Constituição) Esse comentário refere-se ao princípio da
Administração pública da
a) impessoalidade.
b) legalidade.
c) moralidade.
d) eficiência.
e) publicidade.
23) Dentre outros, são princípios constitucionais da Administração Pública, a
a) a legalidade, a independência e a impessoalidade.
b) eficiência, a legalidade e a moralidade
c) moralidade, a soberania e a eficiência.
d) publicidade, o pluralismo político e a legalidade.
e) impessoalidade, a não intervenção e a publicidade

24) O Governador de determinado Estado praticou ato administrativo sem interesse


público e sem conveniência para a Administração pública, visando unicamente a perseguição
de Prefeito Municipal. Trata- -se de violação do seguinte princípio de Direito Administrativo,
dentre outros,
a) publicidade.
b) impessoalidade.
c) proporcionalidade.
d) especialidade.
e) continuidade do serviço público.

25) São princípios previstos na Constituição Federal e que devem ser obedecidos pela
Administração Pública Direta e Indireta de qualquer dos poderes da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios:
I – Pessoalidade
II – Legalidade
III – Formalidade
IV – Eficiência

Está correto o que consta em


a) I e III, apenas.
b) II e IV, apenas.
c) I, II, III e IV.
d) I e IV, apenas.
e) II e III, apenas.
26) O Diretor Jurídico de uma autarquia estadual nomeou sua companheira, Cláudia,
para o exercício de cargo em comissão na mesma entidade. O Presidente da autarquia, ao
descobrir o episódio, determinou a imediata demissão de Cláudia, sob pena de caracterizar
grave violação a um dos princípios básicos da Administração pública. Trata-se do princípio da
a) presunção de legitimidade.
b) publicidade.
c) motivação.
d) supremacia do interesse privado sobre o público.
e) impessoalidade

27) “Atividade estatal consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em


benefício do interesse público” conceitua-se
a) coercibilidade.
b) discricionariedade.
c) autoexecutoriedade.
d) poder de polícia.
e) probidade administrativa

28) De modo geral, o Poder de Polícia é a atividade da Administração Pública de restringir


ou condicionar o exercício de direitos individuais (liberdade e propriedade) em benefício da
coletividade. De acordo com a melhor doutrina, quais são os atributos desse poder?
a) Discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibilidade.
b) Autoexecutoriedade, regulamentação e discricionariedade.
c) Coercibilidade, hierarquia e vinculação.
d) Disciplina, autoexecutoriedade e regulamentação.
e) Coercibilidade, discricionariedade e disciplina.

29) Entre os poderes próprios da Administração, o que está subjacente à aplicação de


sanções àqueles que com ela contratam, corresponde ao poder
a) disciplinar.
b) regulamentar.
c) de polícia.
d) hierárquico.
e) de tutela.

30) Com relação aos poderes administrativos, a prerrogativa da administração pública de


editar atos normativos para ordenar a atuação de órgãos subordinados decorre do exercício
do poder
a) discricionário.
b) disciplinar.
c) de polícia.
d) regulamentar.
e) hierárquico

31) O ato que decorre da manifestação de vontade de um órgão, mas depende da


verificação por parte de outro, para se tornar exequível, é classificado como ato
a) complexo.
b) composto.
c) válido.
d) perfeito.
e) de império.

32) Lei Municipal é aprovada concedendo a revisão geral anual, prevista na Constituição
Federal, para todos os servidores públicos do Município de Cotia. O Prefeito Municipal, no
entanto, somente efetiva o aumento salarial para os servidores que são filiados ao partido
político ao qual pertence. Como o ato administrativo possui vários elementos, é correto afirmar
que, nesse caso hipotético, o vício desse ato recai sobre
a) a finalidade.
b) a forma.
c) o motivo.
d) o objeto.
e) a competência

33) De acordo com a doutrina administrativista clássica e majoritária, são atributos dos
atos administrativos
a) o sujeito, o objeto e a tipicidade.
b) a presunção de legitimidade, a imperatividade e a autoexecutoriedade.
c) a autoexecutoriedade, a tipicidade e a finalidade.
d) a imperatividade, a finalidade e a presunção de legitimidade.
e) a finalidade, o sujeito e o objeto.

34) No que se refere às formas de extinção do ato administrativo, assinale a


alternativa incorreta.
a) Caducidade é a extinção que decorre do advento de nova legislação que impede a permanência
do ato;
b) Contraposição é a extinção de um ato administrativo válido em decorrência da edição de um
outro ato posterior cujos efeitos são opostos;
c) Revogação é a extinção que se em razão do juízo de oportunidade e conveniência do
administrador;
d) Cassação é a extinção que ocorre devido a ilegalidade do ato

35) Assinale a alternativa correta em relação ao ato administrativo.


a) A presunção de veracidade do ato administrativo é absoluta, não cabendo prova em contrário.
b) A presunção de legitimidade exime a Administração Pública de possibilitar contraditório e
ampla defesa.
c) O atributo da imperatividade permite ao Estado impor obrigações, independentemente da
vontade do particular.
d) A executoriedade garante ao Estado, antes de realizar um ato administrativo, a autorização do
Poder Judiciário para efetivo efeito e cumprimento de seus atos de forma indireta.
e) A exigibilidade permite ao Estado cobrar uma multa do particular sem que seja observado o
devido processo legal.

36) Ato administrativo cujo conteúdo decorre da manifestação de um órgão, mas a edição
ou a produção de efeitos depende de um outro ato que o aprove, é classificado como:
a) ato simples.
b) ato complexo.
c) ato modificativo.
d) ato eficaz.
e) ato composto.
37) A respeito da competência do ato administrativo, é correto afirmar que
a) é presumida e pode ser prorrogada.
b) permite a delegação e a avocação, mas é irrenunciável.
c) é irrenunciável, e não pode ser delegada a órgão de hierarquia inferior.
d) seu exercício é obrigatório, mas é renunciável.
e) é intransigível, mas pode ser transferida.

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