CHCS - Seguros de Riscos de Engenharia - 2021
CHCS - Seguros de Riscos de Engenharia - 2021
CHCS - Seguros de Riscos de Engenharia - 2021
RIO DE JANEIRO
2021
REALIZAÇÃO
ESCOLA DE NEGÓCIOS E SEGUROS
ASSESSORIA TÉCNICA
FREDERICO MARTINS PERES – 2021
JOSÉ EDUARDO TEIXEIRA ARIAS – 2021
CLAUDIO BIZERRA DE OLIVEIRA – 2021
GERALDO JOSÉ FERREIRA DA SILVA JUNIOR – 2019/2017
1. Seguros de riscos de engenharia. I. Peres, Frederico Martins. II. Arias, José Eduardo Teixeira.
III. Oliveira, Claudio Bizerra de. IV.Título
HISTÓRICO 8
O Seguro de Riscos de Engenharia no Brasil 9
CARACTERIZAÇÃO 10
ESTRUTURA DA APÓLICE 11
CONDIÇÕES CONTRATUAIS 11
FIXANDO CONCEITOS 1 13
CLÁUSULAS 35
Cobertura de Despesas Extraordinárias 35
Cobertura de Tumultos, Greves e Lockout 35
Coberturas de Manutenção – Simples, Ampla e Garantia 36
Cobertura de Desentulho do Local 38
Cobertura de Equipamentos Móveis ou Estacionários Utilizados na Obra 38
Cobertura de Obras Concluídas 39
Cobertura de Riscos do Fabricante 39
Cobertura de Danos em Consequência de Erro de Projeto 40
Cobertura de Responsabilidade Civil Geral 40
Cobertura de Responsabilidade Civil Cruzada 42
Cobertura de Propriedades Circunvizinhas 43
Cobertura de Afretamento de Aeronaves 44
Honorários de Peritos 45
Cobertura Adicional de Incêndio Após Entrega da Obra (Período de Cobertura de até 90 dias) 45
Cobertura de Obras Temporárias 45
Cobertura de Responsabilidade Civil Empregador 45
FIXANDO CONCEITOS 3 47
4. SINISTRO 50
NOÇÕES DE REGULAÇÃO E LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS 51
FIXANDO CONCEITOS 4 54
ESTUDOS DE CASO 55
ANEXO 57
GABARITO 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 63
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Entender as principais ■ Conhecer a história, como se
mudanças no mercado de originou o seguro de Riscos ⊲ CONSIDERAÇÕES INICIAIS
seguros de danos e seus de Engenharia, refletindo
impactos no Riscos de sobre sua aplicação, objetivo ⊲ DEFINIÇÃO E OBJETIVO DO
Engenharia. e aspectos conceituais a SEGURO DE RISCOS
DE ENGENHARIA
serem considerados na
proteção aos riscos aos ⊲ HISTÓRICO
quais estarão submetidos o
segurado e a caracterização ⊲ CARACTERIZAÇÃO
da condição contratual do
seguro. ⊲ ESTRUTURA DA APÓLICE
⊲ CONDIÇÕES CONTRATUAIS
⊲ FIXANDO CONCEITOS 1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Ao longo do estudo desse manual, você poderá observar diversas referên-
cias às Circulares Susep nº 620 de 29/12/2020 e nº 621 de 12/02/2021 que
dispõem sobre as regras e os critérios para operação dos seguros do grupo
patrimonial (Grupo I Patrimonial - definição Circular Susep 535/2016) e às
regras gerais dos Seguros de Danos respectivamente.
DEFINIÇÃO E OBJETIVO
DO SEGURO DE RISCOS
DE ENGENHARIA
Entende-se por seguro de Riscos de Engenharia aquele em que o segu-
rado contrata, obrigatoriamente, a cobertura básica de Obras Civis em
Construção e/ou Instalações e Montagens.
Durante a execução de uma obra civil, podem surgir despesas não previs
tas no projeto, resultantes de danos imprevistos durante a construção,
instalação e montagem de estruturas e/ou equipamentos, além de prejuí-
zos inesperados com o funcionamento normal das máquinas.
HISTÓRICO
Nos primórdios da Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, o domínio
do conhecimento sobre máquinas era por demais rudimentar, e consequen-
temente, eram precárias as condições de manutenção e operação dessas
máquinas, fato que se traduzia em frequentes explosões de caldeiras a
vapor, largamente utilizadas como principal força motriz nas indústrias.
— O Seguro de Riscos
de Engenharia no Brasil
O Ramo de Riscos de Engenharia foi criado no Brasil em 1970. Até então,
era apenas uma modalidade da carteira de Riscos Diversos. Essa altera-
ção justificou-se pelo volume bastante elevado de pedidos de contrata-
ção desse tipo de seguro, já como uma consequência do enorme cres-
cimento do parque industrial que o país experimentava naquela época.
CARACTERIZAÇÃO
O Seguro de Riscos de Engenharia possui uma cobertura, denominada
internacionalmente all risks (todos os riscos), ou seja, garante todos os
riscos envolvidos, exceto os riscos definidos como excluídos (Circular Susep
620/20 Capítulo IV – Artigo 9º).
Aplicação prática
Há um fato curioso ocorrido com um grande clube de futebol que resolvera ampliar
sua sede. A empreiteira “leu” a planta “ao contrário” e o resultado foi que a construção
se apresentou invertida em relação ao projeto original. As janelas, por exemplo, que
deveriam dar acesso às áreas externas do clube, ficaram voltadas para o seu interior e
vice-versa. Caso essa obra possuísse apólice de Riscos de Engenharia, estaria configu-
rado erro de execução. Porém, como não houve acidente, não estaria caracterizado o
sinistro. Portanto, não caberia indenização.
ESTRUTURA DA APÓLICE
■ Proposta.
■ Frontispício ou espelho.
■ Especificação (cláusulas particulares).
■ Especificação de cosseguro (caso haja cosseguro).
CONDIÇÕES CONTRATUAIS
As Condições Contratuais dos Seguros Compreensivos podem agora
seguir regras mais flexíveis de formatação estabelecidas pela Circular
SUSEP nº 621/2021, de 12 de fevereiro de 2021, respeitados, é claro, todos
os deveres e as obrigações contratuais estabelecidos pelo Código Civil
Brasileiro, conforme já abordado no Manual de Introdução ao Seguro de
Danos, integrante deste curso de formação de corretores.
■ Objetivo do Seguro.
■ Definições.
■ Forma de contratação.
■ Âmbito Geográfico.
■ Coberturas.
■ Riscos Excluídos.
Nota ■ Aceitação.
■ Vigência e Renovação.
É comum, entre empresas
que possuem equipamentos ■ Concorrência de apólices e bilhetes.
arrendados, solicitar a inclusão ■ Franquias e participações obrigatórias do segurado.
de uma cláusula particular
(cláusula beneficiária),
■ Atualização a alteração de valores.
estabelecendo que toda e ■ Pagamento de prêmios.
qualquer indenização deverá
■ Indenização.
ser paga ao proprietário do
equipamento (arrendador). ■ Comunicação, regulação e liquidação de sinistros.
Essa cláusula, portanto, ■ Reintegração.
por ser mais específica,
prevalecerá sobre a cláusula ■ Perda de Direitos.
de indenização das condições ■ Cancelamento e rescisão contratual.
gerais, a qual diz que toda
■ Beneficiário.
indenização deverá ser paga
ao segurado (arrendatário). ■ Sub-rogação.
FIXANDO CONCEITOS 1
MONTAGEM (OCC/IM)
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Reconhecer o perfeito entendimento das condições
contratuais do seguro, identificando a sua aplicabilidade, ⊲ CONCEITOS BÁSICOS
aspectos técnicos, legais e estrutura de coberturas para que
⊲ FIXANDO CONCEITOS 2
seja viabilizada a contratação do seguro, e assim manter
a promessa de garantia de reposição do bem, observadas
as bases contratuais e responsabilidades das partes
envolvidas.
CONCEITOS BÁSICOS
— Objeto Segurado
O objeto no Seguro de Risco de Engenharria é a própria obra e/ou monta-
gem. Deve ser feita a descrição detalhada dos serviços a serem executados
durante a obra.
— Segurado
De acordo com as condições do Seguro de Risco de Engenharia, todos os
empreiteiros e subempreiteiros que participam e possuem vínculo contra-
tual na construção serão considerados, em conjunto, como segurados, ou
seja, todos aqueles que têm interesse econômico na obra.
— Bens Seguráveis
São seguráveis todos os tipos de obras:
a) Grupo I
Atenção » Casa residencial ou comercial, prédios de escritórios,
residenciais, comerciais, industriais, garagem, armazéns,
Mediante contratação de
hospitais, escolas, igrejas, teatros, cinemas, presídios,
cobertura adicional, podem ser
hangares, pequenas quadras e ginásios desportivos;
ainda seguradas as máquinas
utilizadas para apoio na b) Grupo II (todas aquelas que não se enquadram no
execução dos trabalhos, como: grupo I)
escavadeiras, niveladoras, » Pontes e viadutos de concreto armado;
rolos compressores, bate- » Suportes e bases de concreto para equipamentos;
estacas, vibradores, betoneiras,
guindastes, elevadores, » Represas, barragens, canais, lagos, cais de porto, píer,
equipamentos de perfuração, porto, aeroporto, túneis, sistemas de irrigação, distribui-
compressores de ar, bombas, ção de água e esgoto/efluentes, redes de drenagem e
reboques e veículos não emissários, e piscinas;
licenciados para transitar em » Estradas de ferro e rodovias; e
vias públicas.
» Usinas hidrelétricas e similares.
IM - Instalação e Montagem
Todos os bens que forem incorporados à obra, como:
Nota
É facultada às sociedades seguradoras a estruturação de planos de seguros com
coberturas adicionais distintas das previstas neste manual (capítulo 3), desde que os
riscos cobertos estejam descritos de forma clara nas Condições Contratuais e sejam do
Grupo Patrimonial (Circular Susep 620/20), obedecendo às leis vigentes.
Atenção
Essa cobertura se destina a garantir qualquer tipo de obra de Engenharia Civil e/ou ins-
talação e Montagem durante o período de sua execução, como construção de edifícios
residenciais e comerciais, armazéns, fábricas, silos e torres de concreto, pontes, túneis,
estradas de rodagem, obras de terraplenagem, portos, aeroportos, instalação e mon-
tagem de caldeiras, compressores, turbinas, geradores, aparelhos de um modo geral,
linhas aéreas de transmissão de energia elétrica, eólicas.
Aplicação prática
Danos indiretos de erro de execução
Suponhamos que, numa determinada obra, o projeto previa a colocação de um equi-
pamento pesado sobre uma base especialmente projetada para ele.
Ocorre que, durante a execução dos trabalhos, um operário apoiou temporariamente
esse objeto sobre parte do piso em outra posição. Após algum tempo, com a obra
em estágio mais avançado, ocorreu o desmoronamento do piso naquele local, que
afundou no terreno, causando danos também no equipamento.
— Riscos Excluídos
Apesar de terem sido citados no item anterior alguns dos riscos cobertos,
cabe ressaltar que a cobertura do Seguro de Riscos de Engenharia é do
tipo all risks. Sendo assim, a análise dos riscos excluídos é de suma impor-
tância para uma melhor compreensão do âmbito da cobertura do seguro.
— Vigência do Seguro
Diferentemente de outros seguros, o Seguro de Riscos de Engenharia não
é contratado apenas por um ano, e sim pelo período integral da construção
e/ou montagem, ou seja, pelo prazo de duração da obra, conforme o pre-
visto no contrato de execução ou no cronograma físico-financeiro.
Esquematicamente, temos:
CONSTRUÇÃO/
ARMAZENAGEM MONTAGEM TESTES MANUTENÇÃO
VIGÊNCIA DA APÓLICE
— Prorrogação
Fica evidente, então, que o Seguro de Risco de Engenharia é um seguro
não renovável, pois, quando terminada a obra, os riscos da construção/
montagem não mais existem.
■ Motivo do atraso;
■ Sinistralidade;
■ Alterações de valores ou projeto; e
■ Novo cronograma físico-financeiro total, atualizado com o período
da prorrogação e porcentagem da obra já realizada.
Com base nas informações acima, a seguradora estabelecerá o prêmio
a ser cobrado pelo período da prorrogação. A seguradora, a seu critério,
poderá promover nova inspeção de risco no local da obra.
Edifícios (Estruturas)
Custos de transportes
Outras despesas
Instalações e Montagem
Importante Máquinas e/ou equipamentos
Custo da instalação
Como a modalidade de OCC/ Custo de transportes até o canteiro
IM é contratada a Risco Total, a Outras despesas
importância segurada deverá, Obras Temporárias
sempre, cobrir o valor em risco. Estruturas, barracões, andaimes e outros
Isso para que, em caso de sinistro Total da LMI
coberto o segurado não seja
penalizado pelas disposições
O LMI é um valor fixo (exceto quando ajustado por endosso) durante toda a
previstas na cláusula de rateio.
vigência da apólice, mas o valor em risco é crescente.
Assim, sempre que houver
alteração, ainda que parcial, do
valor dos bens segurados durante Valor (R$) IS = Fixa
a vigência da apólice, o segurado
deverá solicitar à seguradora o
ajuste da importância segurada.
VR = Crescente
Tempo (meses)
— Taxação
No Seguro de Risco de Engenharia, não é possível estabelecer uma tarifa
fixa. Cada projeto de Construção/Montagem deve ser considerado um ris-
co especial, pois possui suas condições próprias de riscos; portanto, cada
risco deve ser taxado individualmente, de acordo com seu projeto. Além
disso, a execução técnica da obra e as condições locais influenciam os
produtos das seguradoras.
Para analisarmos bem um risco e obtermos uma boa e justa cotação, são
necessárias informações, como:
— Franquias
As franquias são definidas com base na classe de obra e também no tipo
de risco a ser garantido, que se dividem normalmente em:
■ danos da natureza;
■ demais eventos;
■ teste
Essas franquias são dedutíveis por evento e não se acumulam, podendo
ainda ser fixadas em um valor único ou combinadas com um percentual
(POS – participação obrigatória do segurado).
— Indenização
No caso de perda ou dano, os seguradores indenizarão o segurado pelas
despesas necessárias para reparar o dano ocasionado à obra em cons-
Importante trução, e/ou à restauração da montagem/instalação sinistrada, respeitada
a condição apresentada imediatamente anterior à ocorrência do sinistro.
A seguradora deve elucidar,
Essa despesa também irá incluir custos de desmontagem, frete e custo de
em suas condições contratuais,
remontagem (inclusive despesas com o emprego de técnicos especiali-
se serão consideradas
zados, se necessário). O valor dos salvados é deduzido do valor apurado
despesas tais como parcelas
como prejuízo indenizável.
de frete, impostos, despesas
aduaneiras e custos de A liquidação de sinistros é feita com base nas despesas que devem
montagem, entre outras, para ser realizadas para reparar o dano ocasionado à obra em construção, à
se apurar o valor atual do restauração da máquina ou à instalação e equipamentos de empreiteiros
bem no momento do sinistro, e/ou máquinas utilizadas na construção/montagem.
quando a forma de contratação
da cobertura possibilitar a Caso seja verificado que, na data do sinistro, a importância segurada fixada
aplicação de cláusula de rateio. é inferior ao valor em risco apurado, será aplicada a cláusula de rateio,
representada pela seguinte fórmula:
LMI
Indenização = (prejuízos indenizáveis - franquia - salvados) ×
valor em risco
FIXANDO CONCEITOS 2
(a) Projeto
(b) Equipamentos temporários e instalações.
(c) Própria construção/montagem.
(d) Plantas, modelos e moldes.
(e) Vagões, locomotivas e aeronaves.
(a) Renovável
(b) Simples
(c) Anual
(d) Não renovável
(e) Composto
(a) Cancelado
(b) Extinto
(c) Prorrogado
(d) Renovado
(e) Encerrado
10. Para iniciar uma taxação da Cobertura Básica de OCC/IM, são necessá-
rias algumas informações básicas, como:
11. Para se fazer uma boa análise do risco, são necessárias algumas infor-
mações, como:
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Entender as garantias adicionais ofertadas,
para aumentar o leque de cobertura, visando ⊲ INTRODUÇÃO
atender plenamente a real necessidade e
uma melhor proteção do objeto segurado. ⊲ CLÁUSULAS
⊲ FIXANDO CONCEITOS 3
INTRODUÇÃO
Faz parte do papel do corretor de seguros auxiliar o segurado na identi-
ficação dos riscos de cada empreendimento em construção ou reforma
a ser segurado, já que as obras civis em construção e/ou instalações e
montagens têm suas particularidades e não são iguais umas das outras.
Assim, o corretor poderá avaliar e propor ao segurado a contratação de
coberturas adicionais, de riscos não amparados na Cobertura Básica de
Riscos de Engenharia, visando atender plenamente a real necessidade e
uma melhor proteção do objeto segurado.
Além dos riscos cobertos pela cobertura básica dos Seguros de Riscos de
Engenharia, existe uma série de coberturas adicionais não obrigatórias
que podem ser utilizadas como ampliação de coberturas, de acordo com a
conveniência do segurado.
CLÁUSULAS
Vamos estudar neste capítulo as coberturas relacionadas aos produtos exis-
tentes no mercado, ressalvadas as políticas de aceitação de cada seguradora.
— Cobertura de Despesas
Extraordinárias
A efetivação da cobertura de Despesas Extraordinárias ocorre quando
Atenção um bem é sinistrado e há um atraso no cronograma físico da obra que, se
vier a retardar o término do projeto, acarretará ao construtor/montador o
É necessário que se tenha a ônus de multas e outros encargos financeiros, não cobertos pelo seguro.
cobertura básica para contratar
as coberturas adicionais. Nessa hipótese, e para que seja cumprido o cronograma, torna-se necessá-
ria a contratação de mão de obra adicional, trabalho em feriados, finais de
A vantagem principal das semana, à noite e, por vezes, afretamento de um meio de transporte rápido
coberturas adicionais é para a substituição ou conserto do bem sinistrado. Essa cláusula só não
ampliar a garantia necessária cobre o afretamento de aeronaves (previsto em outro dispositivo específico).
para cada tipo de risco,
devido aos diversos fatores
presentes numa obra, como: Essa cobertura é, geralmente, contratada quando o segurado necessi-
clima, topografia, tipo de solo, ta cumprir prazo previsto em contrato para o término dos serviços.
vizinhança, distância, possíveis Possibilita a aceleração da obra com o objetivo de cumprir os prazos
despesas extras. previstos no contrato de execução, caso ocorra sinistro garantido pela
cobertura básica.
— Cobertura de Tumultos,
Greves e Lockout
Amplia a cobertura da apólice ligada a perdas e danos materiais aos bens
segurados causados por:
Tumultos
Ação de pessoas, com características de aglomeração, que perturba
a ordem pública através da prática de atos predatórios, desde que na
repressão não haja necessidade de intervenção das Forças Armadas;
Greve
Ajuntamento de mais de três pessoas da mesma categoria ocupacional
que se recusam a trabalhar ou a comparecer onde os chama o dever; e
Lockout
Cessação da atividade por ato ou fato de empregador.
— Coberturas de Manutenção –
Simples, Ampla e Garantia
São passíveis de serem contratadas somente se nos contratos de execu-
ção das obras civis e/ou instalações e/ou montagens seguradas estiver
previsto um período de manutenção.
Manutenção Simples
Concede cobertura aos construtores e montadores contra quaisquer
danos causados aos bens sob sua responsabilidade, decorrentes da exe-
cução dos trabalhos de acerto, ajuste e verificação realizados durante o
período de manutenção fixado na apólice.
Exemplo
Apólice de OCC/IM
/_________________1__________________/___2___/____3____/
1. período de execução dos serviços conforme projeto (cobertura básica);
2. período de testes;
3. período de manutenção previsto em contrato após o término da obra.
Obs.: essa cláusula garante, exclusivamente, danos materiais decorrentes de acidentes
ocorridos no período 3 e que tenham se originado nesse mesmo período.
Atenção
É permitida a contratação da Manutenção Garantia
cobertura de incêndio para A cobertura de Manutenção Garantia engloba, além da cobertura forne-
prédios, de até 90 dias após a cida pela Manutenção Simples e pela Ampla, os danos indiretos conse-
conclusão da obra, desde que quentes de erro de projeto, defeito de fabricação e de material, desde
não sejam eventos decorrentes que sejam de responsabilidade do Segurado por força do contrato de
de quaisquer serviços da obra. venda ou fornecimento, com exclusão dos custos necessários à elimina-
Esta condição foi adotada ção dos próprios erros ou defeitos (danos diretos).
considerando que os Além das garantias ligadas às Manutenções Simples e Ampla, essa cober-
estabelecimentos construídos tura abrange ainda os danos materiais que se manifestem no período de
demoram algum tempo para manutenção (período 3), mas que se tenham originado dentro do período
obter toda a documentação de vigência original da apólice.
necessária para a contratação
de seguro contra incêndio Essa cobertura se aplica somente aos Seguros de Instalação e Monta-
(obrigatório) – seguro gem, sendo obrigatória a contratação da cobertura adicional de Riscos
Compreensivo ou de Riscos do Fabricante. O fabricante deve ser, obrigatoriamente, o montador e
Nomeados e Operacionais. mantenedor do bem segurado.
Exemplo
Considere-se uma obra civil de construção de dois galpões industriais (um para maté-
rias-primas e outro para produtos acabados). Os prazos para execução dos serviços
são os seguintes:
1º mês 5º mês 10º mês
/____________1_____________/______________2____________/
1. período de execução do galpão de matérias-primas;
2. período de construção do galpão de produtos acabados.
Após concluído (5o mês), o galpão de matérias-primas passou a ser usado para o armaze-
namento de materiais destinados à construção do galpão de produtos acabados, em vez
de ser utilizado para a atividade a que se destina (armazenamento de matérias-primas).
Assim, a partir do 5º mês, o futuro galpão de matérias-primas deixa de estar garantido
pela cobertura básica, pois já está pronto, e passa a ser garantido pela Cláusula de
Obras Concluídas.
— Cobertura de Danos em
Consequência de Erro de Projeto
Essa cobertura adicional não se aplica às máquinas e aos equipa
Atenção mentos em montagem. A cobertura de Danos em Consequência de Erro
de Projeto é aplicável quando a regulação do sinistro indicar que houve um
Na prática, também é erro de projeto, isto é, se o cálculo do projeto da construção teve anomalias
possível contratar, em alguns que vieram a ocasionar o sinistro.
mercados, uma cobertura para
os danos diretos de Erros de Deve-se contratar essa cobertura adicional para cobrir os gastos causados
Projeto (o chamado ITSELF), indiretamente pelo erro de projeto. O objeto causador do sinistro não tem
que, de forma sucinta, ampara cobertura para a modalidade de Obras Civis em Construção.
o objeto causador dos danos
(no exemplo, a viga), através
da expressão “EP com itself”.
Aplicação prática
Uma determinada viga de sustentação foi mal projetada
(erro de projeto), causando, durante a construção de um
prédio, o desabamento de parte da obra.
A cobertura de Erro de Projeto cobrirá todas as partes
danificadas, com exceção da viga causadora do sinistro.
— Cobertura de
Responsabilidade Civil Geral
A cobertura adicional de Responsabilidade Civil Geral garante aos danos
materiais e corporais causados a terceiros em decorrência dos traba-
lhos pertinentes à obra. Todos os funcionários e bens dos empreiteiros
e subempreiteiros envolvidos na obra não estão abrangidos por essa
cobertura, já que não são considerados terceiros. A seguradora se respon-
sabiliza por indenizações até o limite estabelecido na garantia da apólice.
Aplicação prática
Uma parede de concreto em construção desaba sobre o muro do prédio vizinho, que
fica danificado. A parede de concreto está amparada pela cobertura básica da apólice,
e o muro do vizinho, pela cobertura de RCG.
VIZINHO
VIZINHO
OBRA
— Cobertura de Responsabilidade
Civil Cruzada
A cobertura de Responsabilidade Civil Cruzada se estende aos participan-
tes da apólice: segurado, empreiteiros, subempreiteiros e contratados. É
como se cada um deles tivesse feito uma apólice em separado. Assim,
todos são considerados como terceiros entre si. Essa cobertura tem como
justificativa maior o fato de serem usuais as ocorrências de danos (equipa-
mentos envolvidos na execução do projeto) que os empreiteiros causam e
sofrem durante a obra.
— Cobertura de Propriedades
Circunvizinhas
Na cobertura de Propriedades Circunvizinhas, os bens de propriedade do
Atenção segurado, preexistentes no canteiro de obras antes do início delas, são
considerados propriedades circunvizinhas e passíveis de cobertura contra
Cuidado para não confundir os danos que possam sofrer em função da obra objeto do seguro.
obras temporárias com
propriedades circunvizinhas. Essa cobertura é, geralmente, utilizada para obras de ampliação, reforma
ou substituição de parte de um complexo já existente. A responsabilidade
Obras temporárias são as da seguradora fica limitada à garantia estabelecida na apólice. Para que
utilizadas como apoio ao seja válida a cobertura, os equipamentos, os bens e as edificações devem
empreendimento segurado satisfazer às seguintes condições:
(sanitários, abrigo de materiais,
refeitórios) e estão garantidas ■ Estar dentro do canteiro de obra;
na cobertura básica, desde que ■ Não fazer parte da obra em execução;
possuam verba discriminada.
São desmontadas após o
■ Pertencer ao segurado de Riscos de Engenharia (proprietário)
término da obra. ou estar sob sua guarda ou responsabilidade;
■ Não estar abrangidos pela cobertura adicional de Responsabili-
dade Civil ou Equipamentos Móveis/Estacionários da apólice de
Riscos de Engenharia; e
■ Estar prontos ou em funcionamento antes do início da obra.
Aplicação prática
Um grande shopping do Rio, já em funcionamento, será ampliado com a construção
de novas dependências. As partes que se encontram em funcionamento e dentro do
canteiro (2) terão cobertura pela Cláusula de Propriedades Circunvizinhas, e a obra de
ampliação (3), pela cobertura básica do seguro.
VIZINHOS
AMPLIAÇÃO
SHOPPING
EXISTENTE
Lembre-se
Propriedades circunvizinhas são aquelas que estão no interior do local onde
se realiza a obra e pertencem ao mesmo proprietário.
— Cobertura de Afretamento
de Aeronaves
Essa cobertura, como as Despesas Extraordinárias, complementa a
garantia de indenização para as despesas adicionais de fretes em aero-
naves (voos regulares em geral), necessárias em decorrência de sinistros
cobertos pela apólice, e limitada ao espaço aéreo nacional. Fixados um
— Honorários de Peritos
Esta cobertura garante, em conformidade com o que estiver expresso na
apólice, as quantias despendidas pelo segurado, com honorários de ser-
viços profissionais prestados por arquitetos, engenheiros, peritos, comis-
sários, consultores, COM EXCEÇÃO DE ADVOGADOS, necessárias e
devidamente incorridas para a análise e investigação da causa, natureza e
extensão dos danos garantidos por este contrato.
— Cobertura de Responsabilidade
Civil Empregador
A seguradora garantirá por esta Cobertura Adicional o reembolso ao segu-
rado, até o Limite Máximo de Indenização, das quantias pelas quais vier
a ser responsável civilmente em sentença judicial transitada em julgado
Riscos Excluídos:
FIXANDO CONCEITOS 3
I) Riscos do fabricante.
II) Defeitos de montagem.
III) Erros durante as operações de manutenção.
(a) 5%
(b) 10%
(c) 15%
(d) 20%
(e) 50%
Após ler esta unidade, você deverá ser capaz de: TÓPICOS
DESTA UNIDADE
■ Entender o processo envolvido na inspeção,
regulação e liquidação de sinistros, que ⊲ NOÇÕES DE REGULAÇÃO E
permitirão o perfeito cumprimento das LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS
condições contratadas pela apólice de seguro,
viabilizando o possível valor de indenização ⊲ FIXANDO CONCEITOS 4
em decorrência de riscos cobertos.
⊲ ESTUDOS DE CASO
NOÇÕES DE REGULAÇÃO E
LIQUIDAÇÃO DE SINISTROS
Talvez este seja o mais importante tema para uma completa eficiência do
corretor de seguros, desde sua assessoria e venda do produto. A impor-
tância do corretor nesta fase definirá sua atuação e sucesso num mercado
tão competitivo quanto o da corretagem de seguros.
8. Projetos;
9. Manuais Técnicos de Equipamentos;
10. Contrato da obra, serviço e/ou instalação e montagem;
11. Memorial descritivo da Obra;
12. Documentação atinente ao licenciamento da obra (órgãos ambien-
tais, Prefeitura, CONFEA/CREA, etc.);
13. Relação das subcontratadas e cópias dos respectivos contratos;
14. Cronograma físico e financeiro do objeto segurado (obra);
15. Controle de Ativo Fixo (relação de equipamentos a serem empre-
gados);
16. Controle de entrada e saída de materiais (almoxarifado da obra);
17. Diário de Obra (bem como outros registros e apontamentos);
18. Relatórios de sondagens de terreno, levantamentos topográficos,
etc. (elementos técnicos de subsídio ao projeto);
19. Pareceres e/ou relatórios de estudos e/ou ensaios realizados por
consultores contratados pelo Segurado;
20. Relatórios de inspeções de levantamento da circunvizinhança
(verificação de estado e preexistência de danos) realizados antes
do início da obra; e
Dentre outros eventualmente necessários.
A liquidação dos sinistros será feita num prazo não superior a trinta dias,
contados a partir do cumprimento de todas as exigências feitas ao segurado.
FIXANDO CONCEITOS 4
(a) 10 dias.
(b) 15 dias.
(c) 30 dias.
(d) 45 dias.
(e) 60 dias.
ESTUDOS DE CASO
Caso 1
A empresa XYZ contratou a ZL Instalações Industriais Ltda. para a ela-
boração de projetos e instalação de uma usina de álcool. O seguro foi
contratado na carteira de Riscos de Engenharia, modalidade Obras Civis
em Construção/Instalação e Montagem, com cláusulas adicionais de Ris-
cos do Fabricante, Responsabilidade Civil Geral e Cruzada, e Despesas
Extraordinárias. O prazo foi de 15 meses para a montagem e de dois
meses para os testes.
Pergunta-se:
Caso 2
Após a concretagem dos pilares do subsolo de um conjunto de três edifí-
cios, que teriam subsolo comum, o qual seria destinado ao estacionamento
dos veículos dos condôminos, verificou-se a existência de várias trincas
nesses pilares, indicando erro no projeto. A solução encontrada foi efetuar
a contenção dos pilares para então, em seguida, efetuar um novo jatea-
mento de reforço com concreto, que, dessa forma, aumentaria as seções e
suportaria os esforços na garagem. O seguro foi contratado na carteira de
Riscos de Engenharia, modalidade de OCC/IM, com cláusulas adicionais
de Danos Consequentes de Erro de Projeto, Responsabilidade Civil Geral
e Cruzada, e Despesas Extraordinárias.
Pergunta-se:
ANEXO
— Definições importantes
Aviso de Sinistro
É comunicação da ocorrência de um sinistro, que o segurado deverá enca-
minhar à seguradora assim que tenha conhecimento do evento.
Canteiro de Obra
Área delimitada pelo terreno designada à edificação/montagem efetiva do
objeto do seguro. Estão excluídos: calçadas, sarjetas, logradouros que lhe
dão acesso ou circundam.
Ou seja:
O seguro a Primeiro Risco Relativo já é utilizado nos produtos criados pelas seguradoras.
Sempre que o LMI for menor do que o valor em risco, o segurado será
considerado segurador da diferença e, em caso de sinistro, aplicar-se-á
o rateio percentual entre eles, salvo na hipótese de perda total, quando a
indenização será igual a 100% da importância segurada.
Por exemplo: se o LMI contratada for de 80% do respectivo VR, esse mes-
mo percentual será aplicado aos prejuízos apurados, a fim de determinar a
indenização a ser paga pela seguradora, em caso de sinistro.
80.000,00 × 50.000,00
I=
100.000,00
Sempre que o LMI for inferior ao valor em risco (VR), a indenização (I) dos
prejuízos (P) será calculada por:
LMI × P
I=
VR
Contratação
São três as formas básicas de contratação da importância segurada: cober-
tura a Risco Total, cobertura a Primeiro Risco Absoluto e cobertura a
Primeiro Risco Relativo.
O seguro com cobertura a Segundo, Terceiro, “N” Risco tem sua con-
tratação subordinada a limites, a partir dos quais passa a funcionar, e não
apresenta qualquer importância para o caso específico das coberturas de
Riscos de Engenharia.
Cronograma Físico-Financeiro
Representação gráfica do desenvolvimento dos serviços a serem execu-
tados ao longo do tempo de duração da obra, demonstrando, em cada
período, o percentual físico a ser executado e o respectivo valor financeiro
despendido.
Ficha de Informações
Documento que acompanha a proposta de seguro, do qual constam outros
dados relevantes à análise do risco e ao qual estão anexos documentos
inerentes ao empreendimento que dá origem à contratação do seguro.
Liquidação de Sinistros
É o pagamento da indenização propriamente dita, que é devida ao segura-
do após a apuração dos prejuízos e a verificação da cobertura pela regu-
lação do sinistro.
Lucros Cessantes
São perdas financeiras decorrentes de acidentes aos quais estão sujeitos
os bens do segurado, e que, por isso, podem causar perturbações no seu
giro ou movimento de negócios.
Prejuízo
É o valor que representa as perdas sofridas pelo segurado em um
determinado sinistro.
Rateio
Condição contratual segundo a qual o segurado participa de uma parcela
dos prejuízos indenizáveis, naqueles casos em que o valor em risco decla-
rado pelo segurado, quando da contratação do seguro, for inferior ao valor
em risco das coisas seguradas apurado na data do sinistro.
Regulação de Sinistros
É a primeira fase de apuração de um sinistro, que consiste na elaboração
de relatório com a apuração dos danos realmente sofridos pelo segurado
se o evento estiver previsto e coberto no contrato de seguro; procedimen-
to para estabelecer a causa do sinistro, verificar se este tem enquadramen-
to ou não na cobertura da apólice e a determinação do valor do prejuízo a
ser indenizado.
Salvados
São os objetos que se consegue resgatar de um sinistro e que ainda pos-
suem valor econômico. Assim são considerados tanto os bens que tenham
ficado em perfeito estado como os parcialmente danificados pelos efeitos
do sinistro.
Valor em Risco
O valor em risco (VR) é o valor total de novo ou reposição dos bens segu-
rados imediatamente antes da ocorrência do sinistro.
O valor em risco divide-se em: valor em risco atual (VA) e o valor em risco
de novo (VN).
GABARITO
Fixando Conceitos
UNIDADE 1 UNIDADE 2 UNIDADE 3 UNIDADE 4
10 – E 10 – C
11 – C
12 – B
13 – C
14 – D
15 – B
16 – E
17 – B
Estudos de Caso
Caso 1
1. Não.
2. Sim, pela Cobertura Adicional de Riscos do Fabricante contratada.
3. Não.
4. Sim, se a Cobertura Adicional de Despesas Extraordinárias for contratada.
Caso 2
1. Não, porque se trata de erro de projeto.
2. Não, porque não houve acidente ou danos indiretos.
3. Não, porque não houve acidente ou danos indiretos.
4. Não, porque não houve acidente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Escola de Negócios e Seguros. Diretoria de Ensino Técnico. Seguros de
riscos de engenharia. Assessoria técnica de Nelson Flores Duarte. 16. ed.
Rio de Janeiro: Funenseg, 2015. 114 p.