Petição Inicial Aula Prática - Tutela
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DE JANEIRO
PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO
SÉRGIO SOBRENOME, brasileiro, estado civil, profissão, inscrito no CPF/MF sob n o -, portador da Cédula de
Identidade RG no -, residente e domiciliado no endereço -, na cidade e comarca de Volta Redonda, estado do Rio de
Janeiro, CEP -, e seguinte endereço eletrônico: -. Neste ato representado por ADVOGADA, advogada regularmente
inscrita na OAB/PR sob no -, com endereço profissional -, e endereço eletrônico: -, vem respeitosamente perante à
presença desse juizo, propor a presente:
Em face de TELEFONIA ALFA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n o -, com sede no
endereço -, na cidade e comarca de São Paulo, estado de São Paulo, CEP -, neste ato representada por seu
representante legal NOME SOBRENOME, nacionalidade, inscrito no CPF/MF sob n o, portador da Cédula de
Identidade RG no -, residente e domiciliado no endereço -, na Cidade e comarca de -, Estado, CEP -, pelos
fundamentos de fato e de direito a seguir expostos:
1. DOS FATOS
Primeiramente cabe ressaltar que o autor Sr. Sérgio é consumidor dos serviços de internet da empresa de
telefonia ALFA.
Ocorre que, o autor foi surpreendido com uma comunicação da empresa ALFA, informando que sua fatura,
vencida no mês de julho de 2023, constava em aberto, no montante de R$749,00. A referida comunicação advertia
que, caso não efetuasse o pagamento no prazo de 15 dias após o recebimento, seu nome seria lançado nos cadastros
dos órgãos de proteção ao crédito.
Todavia, para sua surpresa, ao tentar concretizar a compra de um veículo mediante financiamento, alguns dias
após a suposta regularização do débito, viu-se frustrado no negócio. Nessa tentativa de financiamento o Sr. Sérgio foi
informado de que o crédito lhe fora negado, pois seu nome havia sido indevidamente inscrito nos cadastros de maus
pagadores pela empresa ALFA, em virtude do débito já quitado referente à fatura vencida em julho de 2023.
Saliente-se, Excelência, que o Autor precisa adquirir um novo veículo com urgência, pois já vendeu seu
veículo anterior e necessita deste meio de transporte para trabalhar, tendo em vista sua condição de portador de doença
grave, nos termos da legislação vigente, de modo que não pode realizar grandes esforços para se locomover.
Em decorrência desses fatos, muito constrangido e prejudicado em suas atividades laborais, o autor deixou a
concessionária sem o veículo desejado e buscou imediatamente auxílio jurídico para a proposição da presente
demanda, a fim de ter seu nome retirado do cadastro de maus pagadores, bem como almeja indenização pelos danos
morais sofridos, conforme se demonstrará a seguir.
Ora, Excelência, não remanesce qualquer dúvida acerca da relação entabulada entre as partes estar regida pelo
Código de Defesa do Consumidor, visto que resta configurado o vínculo de caráter consumerista.
Desse modo, é imprescindível que a presente demanda seja julgada de acordo com os artigos 5º, XXXII e 170,
V, da Constituição Federal, a fim de garantir a devida proteção do consumidor – parte hipossuficiente (art. 4°, I, CDC)
– se comparada ao fornecedor, bem como haja o deferimento e a aplicação da inversão do ônus da prova, conforme
art. 6°, VIII, do CDC.
Cabe destacar que, havendo a relação de consumo, fica autorizada a inversão do ônus da prova para facilitação
da defesa do consumidor (inciso VII, art. 6°, CDC), especialmente quando o fornecedor de serviços detém o
conhecimento técnico em detrimento do consumidor, o que se configura no caso em tela.
Considerando a narrativa fática e a verossimilhança das alegações do autor, é incontroversa a cumulação dos
requisitos ensejadores de sua aplicação, haja vista a hipossuficiência técnica e econômica do autor, de modo que
requer a aplicação do CDC e ainda, o deferimento da inversão do ônus da prova nos termos delineados.
Diante de todo o exposto na narração fática, é inegável que a parte autora tenha sofrido enorme abalo moral,
por conta da conduta negligente da empresa ALFA, que inscreveu indevidamente o nome do autor nos cadastros de
maus pagadores, causando-lhe prejuízos, posto que não conseguiu financiar o carro de qual necessita e ainda foi
constrangido na empresa, tendo sua honra violada ao ver seu nome protestado por uma dívida que não lhe pertence,
tendo registrada a falsa informação de que é inadimplente.
Nesse sentido, Excelência, a inscrição indevida do nome em órgão de proteção ao crédito acarreta a
responsabilidade objetiva do fornecedor dos serviços pelos danos eventualmente causados, ao teor do previsto no art.
14 do CDC.
Ademais, in casu, é notória a responsabilidade da parte ré sobre o ocorrido, em conformidade aos artigos 186,
927 e sucessivos do Código Civil, devendo responder pelos danos causados a parte autora em razão da sua atividade.
Nesse sentido, o ato ilícito da ré configura-se a partir do momento em que inscreveu o nome do autor nos
órgãos de proteção ao crédito indevidamente, posto que a empresa é responsável pelos dados e faturas dos clientes e
não tomou o devido cuidado em observar que a fatura cobrada já estava devidamente quitada.
Assim, evidente o nexo causal entre a conduta da ré e os danos suportados pelo autor, independentemente de
culpa, nos termos do art. 14 do CDC, temos que estão igualmente presentes os requisitos da responsabilidade civil
quais sejam: dano e nexo causal; logo há o dever de indenizar, conforme os artigos 186 e 927 do CC/02.
Portanto, pede que seja declarada a falha na prestação de serviço da ré, bem como seja declarada a
responsabilidade civil objetiva da parte ré pelo evento danoso (inscrição/manutenção indevida em órgão de proteção
ao crédito), para que a mesma seja responsabilizada pelos danos de ordem moral que causou ao autor, nos termos do
art. 14 do CDC.
3. DANOS MORAIS
É evidente no caso em questão, a violação de ordem moral gerada pela ré a parte autora, especialmente por
conta das falhas em seu sistema, que exigiu o pagamento de débito já quitado e por esse motivo inscreveu o autor no
cadastro de maus pagadores indevidamente, fazendo com que o Sr. Sérgio, pessoa com doença grave se frustrasse com
a compra de seu novo carro que tanto precisa, ficando sem meio de transporte para trabalhar.
Sobre o dano moral sofrido pelo autor, a legislação é robusta em garantir que o consumidor ou a vítima
merece ser reparada dos danos sofridos seja na esfera patrimonial e extrapatrimonial.
O código de Defesa do Consumidor aliados artigos 1º, III e 5º, V e X da Constituição Federal, dispõem que é
direito básico (art. 6, VI) “a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e
difusos”.
Desse modo, o abalo moral sofrido pelo autor é incontroverso e decorre dos fatos em si, posto que a
manutenção indevida de nome em cadastro de inadimplentes, ocasiona dano moral presumido, sendo, portanto
desnecessário a produção de provas que comprovem o dano, o qual, como dito é in re ipsa.
Nesse sentido, o valor da indenização a ser pleiteada deve levar em conta o desvalor da conduta, a extensão do
dano e o poder aquisitivo da ré. Deve-se, em suma, condenar a ré ao pagamento de indenização pelos danos morais
causados pelo transtorno a que foi submetido o autor, posto que a inscrição indevida do nome e CPF do autor, abalou
sua honra e feriu seus direitos personalistas, causando-lhe prejuízos, em especial porque lhe impôs restrições de ordem
financeira.
Portanto, como medida de inteira justiça, com base na legislação vigente e pelo fato do dano moral ser
presumido e decorrer do próprio ato ilícito, define-se o valor de R$5.000 (cinco mil reais) a título de indenização por
danos morais.
O Autor satisfaz os critérios para a concessão e deferimento dos efeitos da tutela de urgência, uma vez que seu
nome foi incluído indevidamente na lista de inadimplentes, sem qualquer débito pendente. Conforme evidenciado, o
autor já quitou sua dívida com a ré, sendo injustamente cobrado novamente pelo mesmo débito.
In casu, os requisitos essenciais para a concessão da tutela de urgência incluem a apresentação de provas
claras que sustentam a veracidade das alegações e a demonstração da possibilidade de prejuízo imensurável a parte,
em razão de que se encontra impedido de fechar a compra de seu carro, sendo mister que, Vossa Excelência, conceda
medida cautelar para o fim de determinar a retirada do nome do autor da presente demanda do rol de inadimplentes.
Portanto, considerando o dano irreparável que o requerente sofrerá por ter seu nome inscrito indevidamente,
somado ao fato de que se encontra impedido de comprar seu automóvel, podendo até mesmo vir a ser prejudicado no
seu trabalho, a concessão da liminar é útil e adequada, por se tratar de cobrança injusta e indevida.
Além disso, é importante ressaltar que, caso a medida seja concedida, ela pode ser revertida facilmente no
futuro, caso Vossa Excelência assim determine, bastando incluir novamente o nome do Autor na lista de devedores.
Diante desses fatos, fica evidente a presença do perigo de dano e da probabilidade do direito, requisitos
fundamentais para a concessão da medida de retirar os dados do autor do rol de inadimplentes, conforme previsto no
art. 303 do CPC.
5. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Atendendo o disposto no artigo 319, VII do Código de Processo Civil, vem a parte autora informar que tem
interesse na audiência de conciliação ou mediação.
6. DAS PROVAS
Protesta-se pela produção de todos os meios de prova em direito admitidos, a fim de comprovar os fatos
contidos em inicial, em especial pela produção de prova documental e depoimento pessoal do representante da ré.
7. DOS PEDIDOS
Ante os fatos, fundamentos legais explanados, por medida de Direito e de Justiça, pede digne-se Vossa
Excelência a JULGAR TOTALMENTE PROCEDENTES os pedidos iniciais para:
b) A procedência da demanda, para que a ré seja condenada ao pagamento de danos morais, arbitrados
em valores não inferiores a R$ 5.000 (cinco mil reais);
a) c) A citação da Ré por Carta com Aviso de Recebimento – AR (art. 246), para comparecer na
audiência de conciliação no prazo legal do CPC/2015, a ser informado no expediente citatório, sob
pena de multa nos moldes do art. 334, § 8º do CPC;
e) A realização de audiência de conciliação nos termos do art. 319, VII, código de processo civil, pois a
parte autora informa que tem interesse no acontecimento da mesma;
f) Que seja concedida a prioridade na tramitação dos autos, posto que o autor é portador de doença
grave;
8. VALOR DA CAUSA
Em atenção ao art. 292, VI do CPC, o Autor atribui ao valor da causa a quantia de R$5.000 (cinco mil reais).