Peticao Inicial Celso

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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA ______ VARA CÍVEL DA COMARCA


REGIONAL DA ILHA DO GOVERNADOR / RJ

CELSO xxxxxx, brasileiro, aposentado, viúvo, portador


da Cédula de Identidade nº xxxxxx, inscrito no CPF sob o nº xxxxxx, residente
e domiciliado na Rua xxxxxxxxx - Rio de Janeiro/RJ, vem, respeitosamente
perante Vossa Excelência, com fulcro na Lei 8078/90 e art. 319 do CPC propor
a presente

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C REPETIÇÃO


DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS COM TUTELA
ANTECIPADA

em face de BANCO PAN S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o n° 59.285.411/0001-13, com endereço na Avenida Paulista, n°
1374, 16º andar, Bela Vista - São Paulo/SP, CEP.: 01310-100, devendo ser
citada na pessoa do seu representante legal, pelos fatos e fundamentos que
passa a expor :
I - DOS FATOS

Ab initio cumpre esclarecer que o autor já interpôs


demanda pretérita com o mesmo objeto no 20º Juizado Especial Cível da
comarca regional da Ilha do Governador sob o n° 0004692-37.2019.8.19.0207,
a qual restou extinta sem resolução do mérito tendo em vista a
impossibilidade da realização de perícia grafotécnica em um contrato anexado
pela Ré, cuja assinatura foi completamente impugnada pelo autor, se
mostrando notoriamente fraudulenta.

Ultrapassado este ponto, insta mencionar que o autor


possui um benefício previdenciário junto ao INSS desde janeiro de 2008, o qual
é depositado em sua conta vinculada na Agência 2094 / conta-corrente
000010135632 no banco Santander.

Ocorre que na data de 02/04/2019 foi surpreendido com o


recebimento de uma fatura em nome do Banco Pan S/A, ora Réu, na qual
constava um depósito no valor de R$ 3.718,96 (três mil setecentos e dezoito
reais e noventa e seis centavos) na modalidade de empréstimo consignado,
sob a rubrica “TELESAQUE A VISTA”, para desconto mensal de R$ 127,61
(cento e vinte e sete reais e sessenta e um centavos) na folha de pagamento
do seu benefício previdenciário.

Ressalta-se que foi dada na fatura a possibilidade de


pagamento integral acrescido de impostos, tarifa e encargos que totalizaria o
montante de R$ 3.937,20 (três mil novecentos e trinta e sete reais e vinte
centavos).

Contudo, por jamais ter efetuado qualquer solicitação de


empréstimo junto a nenhuma instituição financeira, constatou tratar-se de uma
flagrante ilegalidade e arbitrariedade da reclamada, que fazendo uso indevido
de seus dados realizou uma transação não autorizada e eivada de fraude para
sua conta, lhe atribuindo o dever de pagar por um valor consignado que não foi
contratado nem tampouco utilizado.

Irresignado, o autor entrou em contato imediatamente


com o INSS sob o protocolo de n° SSA 201902795087, a fim de cancelar o
empréstimo consignado jamais solicitado, e temendo débitos futuros em seu
benefício, realizou a devolução do valor através do pagamento do montante
integral constante no boleto, conforme comprovante anexo, suportando os
encargos, impostos e tarifa, mesmo ciente de que se tratava de uma cobrança
completamente indevida.

Imperioso esclarecer que o empréstimo consignado


prescinde de autorização do beneficiário, que se consubstancia na realização
de simulação, envio de documentação pertinente a agencia financeira e um
contrato devidamente assinado pelo requerente, como é apresentado no
próprio site da Ré, o que ressalta-se, jamais foi feito pelo autor:
https://www.bancopan.com.br/produtos/emprestimo-consignado

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Fato é que, o autor definitivamente não requereu
empréstimo algum, desafiando inclusive que a demandada anexe o contrato
supostamente assinado que fora apresentado pela Ré em sede de Juizado
Especial Cível nos autos nº 0004692-37.2019.8.19.0207 e completamente
impugnado, tendo em vista que é perceptível a olho nu, a fraude grosseira na
assinatura em questão, se valendo a Ré da preliminar de incompetência do
Juizado para realização da perícia técnica para que de forma protelatória, fosse
extinto o feito.

Não obstante todo imbróglio já sofrido pelo autor até


então, não suficientes os abusos cometidos pela instituição, foi novamente
surpreendido ao receber seu benefício em abril de 2019 se dando conta de que
o valor de R$ 127,61 havia sido descontado indevidamente referente à
parcelas do empréstimo consignado não solicitado, mesmo tendo este
devolvido o montante integral com os acréscimos abusivos (comprovantes em
anexo) já que nunca solicitara qualquer valor junto à Ré.

Para sua inconformação, em maio de 2019 recebeu


novamente seu beneficio em valor a menor, sendo descontada mais uma
parcela empréstimo fraudulento e ilegal no valor de R$ 127,61 conforme
demonstra documento em anexo (fls. 05), sob o título de “EMPRESTIMO
SOBRE A RMC”.

Impende destacar a gravidade do constrangimento ao


qual a demandada tem submetido o autor, uma vez que em anos de correntista
em diversas agencias bancárias, nunca solicitou qualquer empréstimo e jamais
vivenciou situação similar de conduta ilícita praticada por instituições
financeiras, sendo tormentoso para o autor, pessoa com VASTO PASSADO
HONESTO, ser protagonista de uma adversidade injustificada como tal.

Desta forma, a culpa pela má conduta da Ré, está


cabalmente demonstrada pelos fatos anteriormente expostos e pelos
documentos anexados aos autos.

Conforme se depreende dos fatos e provas trazidas a


lume, tem-se que há responsabilidade objetiva do Banco réu, que além de ter
levado a efeito empréstimo eivado de fraude, constatada a ocorrência, não
ressarciu o autor até a presente data, além de continuar efetuando irregulares
descontos em seu benefício.

E por não suportar mais os abusos cometidos pela Ré,


não lhe restando outra alternativa uma vez já esgotadas todas as tentativas de
solucionar a demanda administrativamente, se viu compelido a buscar a tutela
jurisdicional visando à declaração de inexistência de débitos junto à Ré, bem
como a restituição em dobro dos valores cobrados indevidamente além da
indenização pelos danos morais suportados.

Destarte, não há como escusar-se o Banco Réu, da


obrigação de indenizar, posto que a responsabilidade civil neste caso é
patente.

II - DA TUTELA ANTECIPADA EM CARÁTER LIMINAR

Preliminarmente como já demonstrado supra, o


requerente é merecedor da tutela de urgência uma vez que estão presentes os
requisitos exigidos pelo artigo 300 do Código de Processo Civil de 2015, se não
vejamos:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver


elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo
de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

[...]

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou


após justificação prévia.

É latente o direito do autor à tutela antecipada, conforme


narrativa dos fatos, sendo imperioso que este douto juízo determine à Ré que
cesse imediatamente os descontos realizados no benefício previdenciário
demandante, haja vista este não ter contraído nenhuma dívida junto a Ré.

Ademais, conforme informações expostas, o autor esta


sendo lesado em seu patrimônio com sucessivos descontos irregulares por
empréstimo consignado que não contratou, e ainda, que já devolveu em seu
montante integral acrescido de encargos, tarifas e impostos, o que não pode e
não deve ter continuidade sob pena de causar ao autor ainda mais prejuízos de
ordem financeira.

A demora no andamento processual não outorga ao autor


o conforto da espera e isso poderá lhe trazer ainda mais danos, havendo justo
receio de ter novos descontos efetuados em sua conta.

Auspicioso é que, faz-se necessário suspender os


descontos indevidamente realizados pelo banco demandado no
pagamento de seu benefício a título de parcelas restantes do negócio
jurídico ora combatido por não ser o autor responsável pelos débitos os quais
estão sendo indevidamente cobrados.

Assim, necessário seja deferida in continenti tal medida a


fim de se evitar mais prejuízos às finanças e à imagem do Autor, diante do
configurado periculum in mora aliado ao fumus boni iuris atestado pela prova
anexa.

III - DO DIREITO
O Código de Defesa do Consumidor inseriu inovações de
natureza processual em nosso ordenamento jurídico, ele dispõe que a relação
de consumo é aquela que se enquadra nos artigos 2º e 3º da Lei 8.078/1990.

E em homenagem à vulnerabilidade do consumidor


perante o fornecedor, a fim de facilitar sua defesa e o acesso à Justiça para a
satisfação efetiva de seus direitos, o mencionado diploma legal também dispôs
conceito novo de consumidor, o consumidor por equiparação. Após
analisarmos o caso em questão, é possível verificar que o autor não é aquele
consumidor padrão, assim definido no caput do art. 2º do CDC, mas ele é sim,
considerado consumidor por equiparação, cuja definição se encontra no artigo
17 do CDC, que diz:
“Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
consumidores todas as vítimas do evento.”

Não resta dúvida que o caso em questão trata-se de uma


relação de consumo, pois apesar de não ter contratado junto à Ré, o autor está
sendo vítima de cobranças indevidas realizadas pela mesma.

Neste sentido, o Código de Defesa do Consumidor, em


seu artigo 42, parágrafo único, estabelece o direito daquele que é
indevidamente cobrado de receber em dobro o valor pago. Dispõe tal artigo:

Art. 42. (...) Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia


indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao
dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Dessa forma, constatado o fato que gerou o dano


proveniente da relação de consumo e o dano à parte mais fraca, caberá ao
responsável a sua reparação, não havendo necessidade do consumidor
apresentar prova da culpa, conforme artigo 14 do CDC.

O artigo 14 do CDC é claro ao dispor:


Art. 14. “O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos relativos à
prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”

Conveniente trazer à lume jurisprudência dos Tribunais de


Justiça pátrios:
0373762-46.2015.8.19.0001 - APELAÇÃO

Des(a). FABIO DUTRA - JULGAMENTO: 30/10/2018 -


PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL

APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO DO CONSUMIDOR. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO COM
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. COBRANÇA INDEVIDA
EM CONTA-CORRENTE POR CONTRATO DE CRÉDITO
CONSIGNADO NÃO RECONHECIDO PELO CORRENTISTA
E OUTRAS COBRANÇAS. DÍVIDA INEXISTENTE. FALHA NA
PRESTAÇÃO DO SERVIÇO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA
DOS PEDIDOS. DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DA
DÍVIDA. PAGAMENTOS DE VALORES DEBITADOS NA
CONTA DO AUTOR, RECONHECIDOS COMO INDEVIDOS E
ESTORNADOS PELO BANCO. ALEGAÇÃO DE QUE O
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO FOI REALIZADO PELO
INTERNET BANK, O QUE NÃO GERA DOCUMENTO FÍSICO,
APENAS PRESENTE NAS TELAS DO COMPUTADOR DO
BANCO. PROVA UNILATERAL. RÉU QUE NÃO
COMPROVOU A EXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO,
MODIFICATIVO OU EXTINTIVO DO DIREITO DO AUTOR,
COMO DETERMINA O ARTIGO 373, INCISO II, DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO
BANCO RÉU, NA FORMA DO ARTIGO 14, DO DIPLOMA
CONSUMERISTA. DANO MORAL CONFIGURADO.
REFORMA DA SENTENÇA APENAS NO QUANTUM
INDENIZATÓRIO. MAJORAÇÃO PARA R$ 10.000,00.
MAJORAÇÃO DOS HONORÁRIOS RECURSAIS, NA FORMA
DOA RTIGO 85, §11, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL.
PRIMEIRO RECURSO DESPROVIDO. PARCIAL
PROVIMENTO DO SEGUNDO RECURSO.

INTEIRO TEOR

Íntegra do Acórdão - Data de Julgamento: 30/10/2018 (*)

APELAÇÃO. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. NEGATIVAÇÃO
INDEVIDA. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA
DECLARANDO INEXISTENTE A DÍVIDA E CONDENANDO A
RÉ AO PAGAMENTO DE VERBA COMPENSATÓRIA POR
DANOS MORAIS NO VALOR DE R$ 10.000,00. APELO DA
RÉ COM PRETENSÃO DE REFORMA DO JULGADO. NÃO
HÁ PROVAS DA CONTRATAÇÃO PELA AUTORA. VERBA
COMPENSATÓRIA QUE DEVE SER MANTIDA NO PATAMAR
R$ 10.000,00 POR MOSTRAR-SE SUFICIENTE PARA A
COMPENSAÇÃO DOS DANOS CAUSADOS, CONFORME
MÉDIA QUE VEM SENDO ESTABELECIDA NESTE
TRIBUNAL E NESTA CÂMARA. RECURSO DESPROVIDO
(APELAÇÃO Nº 0081465-35.2014.8.19.0002 DES. NATACHA
NASCIMENTO GOMES TOSTES GONÇALVES DE OLIVEIRA
- JULGAMENTO: 23/11/2017 - VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA

CÍVEL CONSUMIDOR).

Cumpre ainda destacar que, o Réu apresentou contrato


com assinatura completamente impugnada pelo autor nos autos da ação
interposta no Juizado Especial Cível, e neste sentido, dispõe o CPC de 2015 :

Art. 428. Cessa a fé do documento particular quando:

I - for impugnada sua autenticidade e enquanto não se


comprovar sua veracidade;

Como se depreende dos fatos expostos, o Réu


demandado realizou descontos bancários de uma dívida jamais contraída pelo
requerente. Logo, tem este o direito de ser restituído em dobro pelos valores
indevidamente subtraídos do pagamento de seu benefício previdenciário bem
como, pelos danos morais suportados.

IV - DO DANO MORAL
A cobrança indevida e o dano moral, no caso, são
facilmente perceptíveis, pois dúvida não há de que, em face do ocorrido, o
Suplicante viu-se numa situação, no mínimo, incômoda e constrangedora
diante dos valores injustamente descontados da sua folha de pagamento do
benefício previdenciário, cobrança indevida e o dano moral, no caso, são
facilmente perceptíveis, pois dúvida não há de que, em face do ocorrido.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, consagra


a tutela do direito à indenização por dano material ou moral decorrente da
violação de direitos fundamentais:

Art. 5º (...)

V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo,


além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

(...)

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a


imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação.

Como é sabido, o ato ilícito é aquele praticado em


desacordo com a norma jurídica destinada a proteger interesses alheios,
violando direito subjetivo individual, causando prejuízo a outrem e criando o
dever de reparar tal lesão. Sendo assim, o Código Civil define o ato ilícito em
seu art. 186:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Dessa forma, é previsto como ato ilícito aquele que cause


dano, ainda que exclusivamente moral.
O pré-falado art. 186 do CC define o que é ato ilícito,
entretanto, observa-se que não disciplina o dever de indenizar, ou seja, a
responsabilidade civil, matéria tratada no art. 927 caput do mesmo diploma
legal.

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo..

O DANO MORAL é, pois, na lição da doutrina autorizada:


Trata-se de uma “lesão que atinge valores físicos e espirituais,
a honra, nossas ideologias, a paz íntima, a vida nos seus
múltiplos aspectos, a personalidade da pessoa, enfim, aquela
que afeta de forma profunda não os bens patrimoniais, mas
que causa fissuras no âmago do ser, perturbando-lhe a paz de
que todos nós necessitamos para nos conduzir de forma
equilibrada nos tortuosos caminhos da existência.”, como bem
define CLAYTON REIS (Avaliação do Dano Moral, 1998, ed.
Forense).

Vê-se, desde logo, que a própria lei já prevê a


possibilidade de reparação de danos morais decorrentes do sofrimento, do
constrangimento, da situação vexatória, do desconforto em que se encontra o
autor.

Portanto, resta evidenciado o direito do Pleiteante de ser


indenizado pelo constrangimento da cobrança e descontos indevidos efetuados
nos proventos do INSS.

V - DO QUANTUM INDENIZATÓRIO DO DANO MORAL

Na aferição do quantum indenizatório, Clayton Reis


(Avaliação do Dano Moral, 1998, Forense), em suas conclusões, assevera que
deve ser levado em conta o grau de compreensão das pessoas sobre os seus
direitos e obrigações, pois,

“[…] quanto maior, maior será a sua responsabilidade no


cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será o
grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio
necessário na condução de sua vida social". Continua, dizendo
que"dentro do preceito do ‘in dubio pro creditori’
consubstanciada na norma do art. 948 do Código Civil
Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte do
processo indenizatório seja integralmente satisfeito, de forma
que a compensação corresponda ao seu direito maculado pela
ação lesiva.”

Isso leva à conclusão de que diante da disparidade do


poder econômico existente entre a Demandada e o Autor, e tendo em vista o
gravame produzido à tranquilidade do mesmo, mister se faz que o quantum
indenizatório corresponda a uma cifra cujo montante seja capaz de trazer o
devido apenamento ao Banco Réu, e de persuadi-lo a nunca mais deixar que
ocorram tamanhos desmandos contra as pessoas que sequer se utilizam dos
seus serviços.

MARIA HELENA DINIZ (Curso de Direito Civil Brasileiro,


7º vol., 9ª ed., Saraiva), ao tratar do dano moral, ressalva que a reparação tem
sua dupla função, a punitiva constituindo uma sanção imposta ao ofensor,
visando a diminuição de seu patrimônio, pela indenização paga ao ofendido,
visto que o bem jurídico da pessoa (integridade física, moral e intelectual) não
poderá ser violado impunemente, e a função satisfatória ou compensatória,
pois,

“como o dano moral constitui um menoscabo a interesses


jurídicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não
têm preço, a reparação pecuniária visa proporcionar ao

prejudicado uma satisfação que atenue a ofensa causada .”

Daí a necessidade de se observar as condições de ambas


as partes.
Assim, mediante a documentação acoplada comprovando
à saciedade a ocorrência de ato ilícito perpetrado pela Demandada, e,
plenamente caracterizado o dano moral de presunção jure et de jure, não resta
alternativa para o Autor senão socorrer-se do Poder Judiciário para ver o seu
direito tutelado e protegido, posto que esgotados todos os seus esforços em se
ver livre de tal situação.

IV – DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA


Diante de tal relação de consumo e em virtude da
indiscutível situação de hipossuficiência e fragilidade do consumidor,
francamente desfavorável, inevitável é a inversão, em seu favor, do ônus da
prova.

Tal proteção está inserida no inciso VIII, do artigo 6º do


CDC, onde visa facilitar a defesa do consumidor lesado, com a inversão do
ônus da prova, a favor do mesmo:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

(...)

VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a


inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil,
quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando
for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências.

Da exegese do artigo vislumbra-se que para a inversão do


ônus da prova se faz necessária à verossimilhança da alegação, conforme o
entendimento do Juiz, ou a hipossuficiência do Autor.

A verossimilhança é mais que um indício de prova, tem


uma aparência de verdade, o que no caso em tela, se constata através dos
documentos acostados.

Por outro lado, a hipossuficiência é a diminuição da


capacidade do consumidor, diante da situação de vantagem econômica da
empresa fornecedora. O que por sua vez, facilmente se verifica, em virtude de
a parte Demandante ser um simples aposentado, enquanto o banco
Demandado constitui-se em uma instituição financeira de grande vulto.

Ademais, quanto ao contrato fraudulento apresentado


pela Ré cuja assinatura fora impugnada pelo autor, institui o Código de
Processo Civil :
Art. 389. Incumbe o ônus da prova quando:

II - se tratar de contestação de assinatura, à parte que


produziu o documento.

Sendo assim, uma vez que a parte Ré de forma


protelatória, apresentou contrato com assinatura fraudulenta nos autos do
processo movido perante o 20º Juizado Especial Cível da Ilha do Governador,
com finto de extinguir a demanda por necessidade de perícia, tem-se que se
necessária, o ônus da prova caberá a própria Ré que produziu o documento
impugnado.

V - DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer-se a Vossa Excelência:

a) Que seja deferida a TUTELA ANTECIPADA, inaudita


alteram pars, com vistas a impedir a continuidade do desconto indevido de
outras parcelas relativas ao empréstimo não contratado, no benefício
previdenciário do postulante sob pena de multa diária de R$ 300,00 pelo
descumprimento.

b) A CITAÇÃO DA REQUERIDA para, querendo,


contestar a presente ação, nos termos da lei, por fundamento no prejuízo
material e moral claramente demonstrado, sob pena de revelia;

c) Que seja deferida a INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA,


em favor do autor, com fundamento no artigo 6º, inciso VIII, do Código de
Defesa do Consumidor, e art. Art. 389, II do CPC 2015.

d) Que seja julgada PROCEDENTE a presente demanda,


declarando a inexistência de débito do autor junto a demandada, condenando o
Banco Réu a restituir em dobro o valor do empréstimo fraudulento, que
caracterizou cobrança indevida nos termos do art. 42 do CDC perfazendo o
total de R$ 7.874,40 (já em dobro), mais as duas parcelas de R$ 127,61
descontadas indevidamente de seu benefício mesmo após o pagamento do
valor integral, somando R$ 510,44 (também já em dobro).
e) Caso não seja esse o entendimento de Vossa
Excelência, que sejam restituídos em dobro os valores que foram pagos a
maior pelo autor, referentes as duas parcelas descontadas no benefício
indevidamente, além dos encargos, impostos e tarifa na fatura de pagamento
integral do empréstimo não requerido, conforme documentos em anexo, sendo
os valores de R$ 127,61 + R$ 127,61 + R$ 218,24 que em dobro perfazem o
montante de R$ 946,92;

f) Que seja a Ré condenada ao pagamento indenização a


título de reparação pelos danos morais causados no importe de R$ 11.000,00
(onze mil reais), nos termos dos art. 5º, inciso X da Constituição Federal, art.
186 e 997 do Código Civil;

g) Que seja a parte contrária condenada ao pagamento


das custas processuais;

VI - DAS PROVAS
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova
em direito admitidos, em especial prova documental.

VII - DO VALOR DA CAUSA

Dá-se á causa o valor de R$ 19.384,84 (dezenove mil


trezentos e oitenta e quarto reais e oitenta e quarto centavos).

Nestes termos, Pede deferimento.

Rio de Janeiro (RJ), 27 de julho de 2019.

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