Parasitologia: Aula 2
Parasitologia: Aula 2
Parasitologia: Aula 2
PARASITOLOGIA
AULA 2
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
CONVERSA INICIAL
Além disso, iniciaremos o estudo dos protozoários, enfatizando as principais características desse
grupo de organismos, bem como sua diversidade biológica. Veremos, também, duas das principais
parasitoses causadas por protozoários flagelados: leishmaniose e doença de Chagas, ambas
O exame clínico é importante para o diagnóstico de uma parasitose, uma vez que o médico, ao
realizar a anamnese e o exame físico, obtém informações gerais sobre o estado de saúde do paciente
e identifica se ele esteve presente em regiões endêmicas de determinadas parasitoses.
Dentre as diferentes técnicas de diagnóstico laboratorial existentes, nesta aula, vamos enfatizar as
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
A maioria dos parasitos intestinais pode ser diagnosticada através do exame parasitológico de
fezes. Essa técnica consiste na identificação de trofozoítos, cistos e oocistos de protozoários, bem
como ovos e larvas de helmintos que podem ser liberados nas fezes de pacientes infectados com os
parasitos intestinais. Todas as formas evolutivas aqui mencionadas, serão abordadas ao longo da
nossa disciplina.
Para que ocorra uma identificação morfológica segura e correta do parasito, é necessário que a
colheita do material fecal e sua preservação sejam realizadas da forma correta. As fezes (pelo menos
20 g) precisam ser coletadas, preferencialmente, diretamente em um frasco limpo e seco
A estabilidade das amostras é variável em relação ao aspecto do material fecal. Amostras sólidas
costumas ser mais estáveis, podendo ser analisadas dentro de 24 horas após a excreção. Amostras
líquidas e pastosas necessitam de um exame mais urgente, de 30 e 60 minutos após a excreção,
respectivamente.
A análise do espécime fresco garante que seja realizada uma análise macroscópica do bolo fecal,
em que se avalia a consistência, odor, cor, presença ou ausência de sangue, muco, ou proglotes de
helmintos adultos.
No caso da impossibilidade de análise das amostras nos tempos indicados, é necessário que seja
feita a preservação da amostra fecal. As amostras podem ser refrigeradas (3 a 5 ºC) por vários dias
antes de serem analisadas, ou fixadas com preservadores químicos, como formalina e mertiolato-
iodo-formaldeído (MIF).
O exame microscópio de esfregaço das fezes a fresco é o método mais fácil e mais utilizado e
permite a observação de protozoários e helmintos sob o microscópio de luz. No caso de fezes
líquidas ou pastosas, costuma-se concentrar a amostra fecal (por centrifugação, flutuação,
sedimentação, tropismo) anteriormente à análise microscópica. Normalmente, utiliza-se algum
corante, para evidenciar o parasito, como corantes a base de iodo (Lugol), azul de metileno, cloreto
de cádmio e verde malaquita (De Carli, 2001).
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
A presença dos hemoparasitos pode ser detectada por meio de várias técnicas, dentre as quais
podemos destacar os esfregaços, que são preparados com o sangue coletado com anticoagulante.
Os esfregaços estirados são realizados a partir de uma gota de sangue, colocada em uma lâmina
histológica limpa, estirada (da direita para a esquerda) e secada à temperatura ambiente, fixado e
corado com Giemsa. Por fim, a lâmina é analisada ao microscópio de luz.
O esfregaço espesso (ou gota espessa) utiliza maiores quantidades de sangue, em relação ao
esfregaço estirado. Algumas gotas de sangue (três ou quatro) são colocadas em lâmina histológica
limpa; outra lâmina é utilizada para fazer movimentos circulares (por 30 segundos) em cima da gota,
evitando a coagulação; a gota seca à temperatura ambiente e, em seguida, é tratada com solução
salina para causar hemólise e facilitar a análise ao microscópio (De Carli, 2001).
assintomáticos, o que permite uma triagem adequada com possibilidade de tratamento precoce e
diminuição dos riscos de transmissão (De Carli, 2001).
O imunodiagnóstico consiste na identificação dos antígenos parasitários por meio das técnicas
que se encontram brevemente descritas na sequência. Para maior aprofundamento, sugerimos a
leitura dos capítulos 28 e 29 do livro Parasitologia Clínica, de Geraldo Attilio de Carli, referenciado ao
final desse material.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
IV. Ensaios com marcadores fluorescentes (utilizam anticorpos marcados com fluorocromos) –
testes fluorescentes, imunofluorescência direta (RIFD) e indireta (RIFI), sistema avidina-biotina;
V. Ensaios de imuno-histoquímica (utilizam anticorpos marcados com cromógenos) –
imunoperoxidase e imunocitoquímica;
VI. Ensaios com marcadores radioativos – radioimunoensaio;
mesmo parasito. A queda dos níveis desses anticorpos sugere remissão ou processo de cura da
infecção parasitária em questão (Rey, 2008).
As técnicas moleculares para o diagnóstico de parasitoses têm sido cada vez mais utilizadas na
detecção de infecções parasitárias. São técnicas reprodutíveis, muito sensíveis e com alta
especificidade, visando sequências-alvo no DNA conservadas durante as diferentes fases do ciclo
desses parasitos. É possível, também, utilizar sequências de RNA, principalmente de mRNA (RNA
mensageiro).
técnica utilizada no diagnóstico molecular de parasitos. A PCR reproduz a duplicação do DNA in vitro,
gerando, ao final do processo, várias cópias de sequências específicas do molde de DNA. O resultado
da PCR é obtido após eletroforese dos produtos da amplificação em gel de agarose ou acrilamida,
corados com brometo de etídio.
O reino Protoctista (ou Protista), é composto por dois grandes grupos de organismos
eucariontes: algas, e protozoários. Esses últimos são unicelulares e podem também ser denominados
Protozoa.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
O termo Protozoa deriva do grego protos e zoon, que significam, respectivamente, "primeiro" e
"animal". Esse termo foi cunhado para agrupar os organismos eucariotos, unicelulares, heterótrofos e
dotados de movimento, sendo as duas últimas características presentes também no reino Animalia.
Assim, Protozoa foi, num primeiro momento, um termo utilizado para nomear o grupo ancestral dos
Metazoa (animais). No entanto, apenas os coanoflagelados são considerados "irmãos" dos animais.
Importante destacar que Protozoa é um táxon polifilético, cuja classificação está em constante revisão
(Ruppert et al., 2005).
Os protozoários são essenciais nas teias tróficas, controle biológico e reciclagem de nutrientes
(Ruppert et al., 2005). A maioria é de vida livre ou simbionte com outras espécies. Porém, muitas
espécies de protozoários são parasitas de seres humanos.
Os protozoários ciliados pertencem ao filo Ciliphora e podem ser de vida livre, aquáticos como o
Paramecium, fixos no substrato ou coloniais. Há, também, formas parasitas, como Balantidium coli.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
Nessa próxima seção, veremos quais as principais parasitoses de humanos causadas pelos
protozoários flagelados da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae, principalmente do
gênero Leishmania e Trypanosoma. Esses organismos são parasitos heteroxênicos de vertebrados e
invertebrados hematófagos e apresentam uma alternância de formas em seus ciclos biológicos
(pleomorfismo), cuja denominação está relacionada ao formato celular, posição do flagelo e
cinetoplasto, forma e localização da membrana ondulante (quando presente) (Neves, 2016).
TEMA 4 – LEISHMANIOSE
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
A Leishmaniose Visceral Americana (LVA), também chamada de calazar (kala-azar, significa “febre
negra” no idioma indiano), é causada pelas seguintes espécies: Leishmania, donovani (Ásia e Leste da
África) e Leishmania infantum (América, Europa, África e China).
O Brasil é o país com 90% dos casos de LVA no continente americano, sendo que, entre os anos
de 2007 e 2011, foram registrados 19 mil casos e 1152 mortes no país (Soares; Avelar, 2017).
Na fase aguda da doença, cuja evolução dura cerca de dois meses, o paciente apresenta uma
sintomatologia semelhante a outras doenças. Com a evolução da doença (fase crônica), os sintomas
passam a ser febre irregular e prolongada, hepatoesplenomegalia, edema nos membros inferiores,
hemorragia, queda de cabelo, anemia e, em sua fase terminal, caquexia (Rey, 2008). Os casos de óbito
são mais comuns quando ocorrem infecções oportunistas, já que a LVA tem caráter debilitante e
imunossupressivo (Neves, 2016).
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
Como tratamento da LVA, são utilizados alguns quimioterápicos específicos, mas com eficiência
limitada. Por exemplo, antimoniais pentavalentes, antimoniato de N-metil glucamina e
estibogluconato.
Já a leishmaniose cutânea difusa caracteriza-se pela presença de lesões não ulceradas difusas,
principalmente nas extremidades e regiões expostas do corpo (Neves, 2016).
O diagnóstico clínico costuma ser feito sem dificuldade nas formas típicas, principalmente se o
paciente relatar viagem ou moradia nas áreas endêmicas. No entanto, uma vez que os sinais e
sintomas da LTA podem se assemelhar a outras enfermidades (por exemplo, sífilis, blastomicose,
esporotricose, piodermites, paracoccidioidomicose, hanseníase virchowiana etc.), é necessário que
seja realizado o diagnóstico laboratorial.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
reação intradérmica de Montenegro (intradermal reaction of the Montenegro – IDMR), que consiste na
injeção de antígeno (promastigotas L. braziliensis). O aparecimento de uma pápula eritematosa
sugere fortemente que o paciente está com leishmaniose.
O tratamento da LTA depende da avaliação médica de cada caso, mas costuma se basear na
administração de antimoniato de N-metilglucamina, anfotericina B e pentamidinas.
A doença de Chagas, também denominada tripanossomíase americana, é uma zoonose que pode
decorrer da infecção de T. cruzi no ser humano. Essa parasitose foi assim denominada em
homenagem ao médico Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1879-1934), que diagnosticou e
estudou clinicamente o primeiro caso dessa doença, no ano de 1909 (Rey, 2008).
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
triatomíneo hematófago, dando início a um novo ciclo parasitário. Ou seja, no seu hospedeiro, T. cruzi
pode ser encontrado de duas formas: amastigota, quando no interior das células, ou tripomastigotas,
quando no sangue circulante.
A evolução da doença depende, como vimos em momentos anteriores de nossos estudos, dos
fatores inerentes ao parasito e ao hospedeiro. A fase aguda da doença de Chagas pode ser
sintomática ou assintomática, dependendo da resposta imune do hospedeiro. Essa fase é
normalmente caracterizada pela presença dos sinais de penetração do parasito através da conjuntiva
(sinal de Romaña nos olhos) ou pele (chagoma de inoculação), além de um comprometimento de
linfonodos-satélite. Como sintomas, podemos citar: febre, edemas, hepatomegalia, esplenomegalia e,
às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. Nessa fase, a parasitemia (presença de
parasitos no sangue) costuma ser elevada e pode levar o hospedeiro a óbito, principalmente crianças
(Neves, 2016).
Quando a resposta imune do hospedeiro é eficaz, a parasitemia diminui e a doença entra em sua
fase crônica. A evolução e o desenvolvimento das diferentes formas clínicas da fase crônica da doença
de Chagas ocorrem lentamente. De 10 a 15 anos após a infecção, os pacientes passam por uma fase
latente, caracterizada pela ausência de sintomas (período assintomático), eletrocardiograma dentro da
normalidade, coração, esôfago e cólon normais em exames de imagem. Alguns pacientes evoluem
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
para a fase crônica sintomática, havendo uma reativação do processo inflamatório, sendo que é
possível que ele desenvolva a forma cardíaca (caracterizada por insuficiência cardíaca congestiva,
arritmias, cardiomegalia), digestiva (caracterizada pelo mesoesôfago e megacólon, principalmente),
ou mista (cardiodigestiva) (Neves, 2016).
Em relação ao diagnóstico clínico da doença de Chagas, o que se busca, além da observação dos
sintomas típicos da fase aguda, é investigar a origem do paciente, já que essa doença está
relacionada à região rural e periferias dos centros urbanos. Em todo o caso, é necessária a
confirmação do diagnóstico através de métodos laboratoriais. Sendo que a Organização Mundial da
Saúde recomenda a utilização de pelo menos dois testes diferentes
O tratamento específico da doença de Chagas ainda não é eficiente. Apesar dos vários
medicamentos em teste, nenhum se mostra capaz de suprimir a infecção pelo T. cruzi e promover a
cura (nesse caso, um paciente curado precisa ser assintomático e ter negativação nos exames
No entanto, o que se mostra mais eficiente são as medidas profiláticas contra a doença de
Chagas, dentre as quais podemos destacar: melhoria das habitações e das condições de higiene das
mesmas, combate ao triatomíneo, identificação e seleção dos doadores de sangue, controle da
transmissão congênita.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
Além disso, como a transmissão via oral tem se tornado frequente no Brasil, principalmente pelo
consumo do açaí, é necessária a adoção de ações de higiene e cuidados que podem ser realizados em
todos os processos, mediante fiscalização da vigilância sanitária, para que o fruto possa ser
NA PRÁTICA
Como atividade de revisão sobre os principais métodos diagnósticos abordados nesta aula,
gostaríamos que você construísse um mapa conceitual relacionando as principais características dos
métodos laboratoriais, imunológicos e moleculares utilizados no diagnóstico das principais
parasitoses humanas.
Em seguida, reveja as parasitoses causadas por protozoários abordadas nesta aula (leishmaniose
e doença de Chagas) e preencha o quadro a seguir com suas principais características.
Agente etiológico
Hospedeiros
Ciclo de vida
Formas de transmissão
Tratamento
Medidas profiláticas
FINALIZANDO
Nesta aula, conhecemos a principais técnicas utilizadas para o diagnóstico das infecções
parasitárias. O exame parasitológico de fezes é a principal técnica utilizada para o diagnóstico dos
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
parasitos intestinais, já que é capaz de evidenciar algumas formas do ciclo de vida dos protozoários e
helmintos que infectam o trato gastrointestinal. Exames de sangue, como o esfregaço sanguíneo e
gota espessa, são as principais técnicas utilizadas na detecção de hemoparasitos. As técnicas
imunológicas utilizadas na detecção de parasitos baseiam-se na detecção dos antígenos parasitários
ou dos anticorpos específicos produzidos pelo hospedeiro. Por fim, vimos que as técnicas
moleculares, principalmente PCR, têm sido amplamente utilizadas no diagnóstico de parasitoses,
principalmente devido a sua sensibilidade e especificidade.
Iniciamos, também nesta aula, o estudo dos principais protozoários parasitos dos seres humanos.
Compreendemos que o reino Protoctista é bastante diverso e que a classificação dos protistas tem
como base principalmente a estrutura utilizada para locomoção: flagelos, cílios, pseudópodes ou
ausência de estruturas locomotoras.
As duas principais doenças causadas por protozoários flagelados também foram exploradas
nesta aula. A leishmaniose, causada por algumas espécies do gênero Leishmania, é transmitida,
principalmente, pela picada do inseto flebotomíneo. A leishmaniose pode se manifestar de duas
principais formas. A leishmaniose tegumentar acomete a pele e mucosas, podendo causar
deformações graves, sendo, por isso, considerada a principal afecção dermatológica. A leishmaniose
visceral (ou calazar) atinge as células do sistema fagocítico mononuclear, levando à uma
imunossupressão do paciente.
A doença de Chagas é causada pelo T. cruzi, cuja principal forma de transmissão é vetorial, a
partir das fezes contaminadas de um inseto triatomíneo. Após um período agudo, a doença evolui
para uma longa fase crônica assintomática, que pode durar de 10 a 15 anos. Depois desse período, o
paciente pode desenvolver a forma cardíaca, digestiva ou mista da doença de Chagas.
As duas parasitoses estudadas nesta aula, leishmaniose e doença de Chagas, são doenças
negligenciadas no Brasil. São frequentes nas populações de baixa renda, mas recebem investimentos
reduzidos na pesquisa, na produção de medicamentos e na forma de controle.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Boletim Epidemiológico. Doença de Chagas aguda no Brasil: série histórica de 2000 a
2013. Ministério da Saúde, v. 46, n. 21. 2015.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/15
20/01/2024, 21:07 UNINTER
REY, L. Parasitologia: parasitos e doenças parasitárias do homem nos trópicos ocidentais. 4. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
RUPPERT, E. E.; FOX, R. S.; BARNES, R. D. Zoologia dos Invertebrados. 7. ed. São Paulo: Roca,
2005.
https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/15