1º Encontro - Celebração de Abertura - Roteiro Do Catequista
1º Encontro - Celebração de Abertura - Roteiro Do Catequista
1º Encontro - Celebração de Abertura - Roteiro Do Catequista
A você, catequista,
Vamos começar mais um caminho no Tempo de Acolher a Palavra. Inspirados pelo ciclo litúrgico
dominical, nos guiaremos, desta vez, pelos evangelistas Marcos e João.
Este primeiro encontro com as famílias, em comunidade, é bastante especial. É a marca inicial que
deixamos em cada criança e em seus familiares que buscaram a catequese da comunidade. Por isso,
devemos nos empenhar bastante em sua preparação.
Algumas dicas que podem ajudar bastante:
Reúna-se com os outros catequistas do Tempo de Acolher a Palavra de sua paróquia para preparar e
até mesmo realizar juntos este encontro;
Convide um grupo de música da comunidade para ajudar com os cantos;
Se preciso, peça ajuda a outros catequistas da comunidade, especialmente de seu catequista
coordenador;
Reserve um espaço da comunidade para este e para os demais encontros com as famílias,
consultando as datas que já estão no cronograma encaminhado pela Equipe Diocesana da
Catequese;
PRINCIPAL: prepare-se para esta celebração, lendo e meditando a Palavra de Deus e, em seguida,
lendo todo o roteiro do encontro.
Seguindo os passos da leitura orante da Palavra de Deus, leia e medite o texto bíblico: João 1, 1-5. 14.
Aprofunde sua reflexão, estudando o texto do Pe. Francisco Cornélio, sobre essa passagem do
Evangelho. Marque as partes mais importantes, volte ao texto bíblico quantas vezes for preciso, converse
com os outros catequistas sobre o que estudou e refletiu. Não tenha medo se tiver dificuldade. Peça a
presença do Espírito de Deus, peça ajuda às lideranças da comunidade.
Nós, catequistas, precisamos mergulhar na Palavra de Deus!
Que Deus nos abençoe e nos conceda um tempo bastante frutuoso de acolhimento da Palavra em nossas
vidas!
Assim como acontece com a liturgia da missa da noite, o evangelho indicado para a missa do dia na
solenidade do Natal do Senhor também é o mesmo para todos os anos. Trata-se do prólogo do Evangelho
de João – Jo 1,1-18. Esse texto é considerado uma das páginas mais belas e profundas de toda a Bíblia. É um
poema de elogio à Palavra de Deus, cuja encarnação constitui o centro do mistério do Natal e,
consequentemente, da vida cristã. Enquanto Mateus e Lucas procuraram explicar o nascimento e a origem
divina de Jesus a partir de relatos e reconstrução de prováveis genealogias (Mt 1,1-17; Lc 3,23-38), o autor do
Quarto Evangelho recorda a sua preexistência enquanto Palavra ou Verbo de Deus que precede a criação do
mundo, inclusive, apresentando a participação da própria Palavra na criação do mundo. Pela diferença de
estilo literário, sobretudo, muitos estudiosos acreditam que esse texto é um acréscimo posterior da
comunidade joanina, enquanto outros o veem como uma introdução pensada pelo autor, desde o início,
como chave de leitura de toda a obra, uma vez que no prólogo já se percebem indicações de praticamente
todas as linhas teológicas tratadas no Quarto Evangelho e nas cartas atribuídas à tradição joanina. O debate
em torno dessa questão continua aceso na exegese, sem perspectiva de conciliação. A extensão do texto
não permite um comentário pormenorizado versículo por versículo. Por isso, procuramos colher a
mensagem central do texto.
E começamos recordando que o prólogo do Evangelho de João foi visto com desconfiança em muitas
comunidades cristãs dos primeiros séculos, devido a uma suposta influência da filosofia grega. Isso foi mais
pela linguagem do que mesmo pelo conteúdo em si. De fato, nesse texto o autor procura conciliar a maneira
de pensar dos gregos com o jeito de acreditar dos hebreus. Contudo, embora expressa em linguagem mais
próxima da filosofia e poética gregas do que da literatura hebraica, a mensagem deste prólogo possui plena
relação e continuidade com a teologia predominante da Bíblica Hebraica, apesar dos pontos de ruptura,
como acontece com todos os escritos do Novo Testamento. Até mesmo em relação à linguagem fica
evidente que o autor fez uso de modelos já conhecidos no mundo judaico, embora não tão aceitos, como os
elogios à Sabedoria em Sb 6–9, Pr 8 e Eclo 24. De fato, a maneira como o autor do Quarto Evangelho
apresenta a Palavra-Verbo (em grego: logos – λόγος) possui muita afinidade com o que se dizia da Sabedoria
(em grego: sofia – σοφίᾳ) no Antigo Testamento que, personificada, desceu do céu e se tornou acessível à
humanidade. Porém, dos textos citados do Antigo Testamento, que fazem elogio à Sabedoria e certamente
influenciaram o autor do Quarto Evangelho, somente o de Provérbios faz parte da Bíblia Hebraica, pois os
livros da Sabedoria e do Eclesiástico não são considerados inspirados pelos judeus.
Feitas algumas considerações a nível de contexto, olhemos para o texto e, logo de início, já percebemos a
primeira grande afinidade com o Antigo Testamento: «No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com
Deus e a Palavra era Deus» (v. 1). A primeira expressão do prólogo é a mesma que abre o livro da Gênesis,
na tradução grega dos Setenta (LXX): “no princípio” (Ἐν ἀρχῇ - en arkê). Em Gn 1,1 se diz que no “princípio
Deus criou…”, mas aqui se diz que num princípio anterior à própria criação já havia a Palavra que estava com
Deus e era ele próprio. Isso quer dizer que, enquanto Palavra, Jesus Cristo já existia antes da criação do
mundo e ele mesmo foi agente da criação, junto com Deus, o Pai, como diz o texto: «Tudo foi feito por ela
e sem ela nada se fez de tudo que foi feito» (v. 3). Talvez essa seja uma das descobertas mais surpreendentes
e preciosas que o autor do Quarto Evangelho nos fornece. Ora, no Novo Testamento, existem hinos até mais
antigos do que este que afirmam a pré-existência do Cristo, como Filho de Deus e agente da criação (Ef 1,3-
14; Cl 1,15-20), mas não afirmando que ele é a Palavra com a clareza que João faz aqui. E a profundidade deste
primeiro versículo de João se torna ainda mais evidente se o compararmos aos evangelhos sinóticos de
Mateus e Lucas que, empregando o gênero literário da genealogia, chegam ao máximo em Abraão e Adão,
quando procuram identificar as origens messiânicas de Jesus. Afirmando a preexistência da Palavra na
eternidade de Deus, o autor ensina que Deus fala, ele se comunica com a humanidade. Aliás, diz que todo o
agir de Deus se dá por meio da Palavra. Isso evoca a ideia de um Deus acessível à humanidade, como, de
fato, a vida de Jesus demonstra tão bem.
Na sequência, o autor exalta as qualidades do Cristo enquanto Palavra e seus efeitos para o mundo: «Nela
estava a vida, e a vida era a luz dos homens, e a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-
la» (vv. 4-5). Vida e luz são duas das categorias teológicas mais relevantes na perspectiva do Quarto
Evangelho, e aqui são diretamente associadas a Jesus: ele é fonte de vida e de luz. No auge de sua vida
pública, Jesus mesmo vai dizer que veio ao mundo para trazer luz ao mundo e comunicar vida em abundância
à humanidade (Jo 8,12; 10,10). Ele vai dizer claramente ser a luz e a vida verdadeiras. Sua luz é eterna, brilha
fortemente, mas é perseguida pelas trevas, que são todas as forças de morte manifestadas ao longo da
história, incluindo o poder religioso instituído em Israel e os diversos sistemas de poder político que já
dominaram aquele povo. Na verdade, as trevas são todas as oposições ao projeto de Deus, desde a criação
até os tempos atuais, de modo que as trevas aqui mencionadas não dizem respeito apenas à história de
Israel, mas ao mundo inteiro. Todo impedimento ao projeto de Deus e da Palavra encarnada, Jesus,
representa o mundo das trevas, em todos os tempos e lugares. A primeira vitória da luz aconteceu na criação:
o primeiro ato criador de Deus foi invocar a luz sobre o caos primordial (Gn 1,3). E o Natal, enquanto “fazer-
-se carne” da Palavra é o começo da máxima manifestação dessa luz, cujo ápice será a ressurreição. Durante
sua vida terrena, Jesus experimentou na carne o quanto a sua luz foi perseguida pelas trevas. Mas a
ressurreição mostrou que as trevas não conseguiram dominá-la.
(...)
Até então, todas as formas de comunicação experimentadas por Deus para revelar-se claramente à
humanidade tinham sido parciais e, por isso, insuficientes (Hb 1,1-2). Por isso, chegou o momento em que «a
Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como
Filho Unigênito, cheio de graça e de verdade» (v. 14). Esse versículo é o ponto alto do texto e de toda a fé
cristã. Sobrepõe-se, inclusive, à fé na ressurreição, porque a ressurreição é consequência da encarnação. Ele
ressuscitou porque morreu, e só morreu porque se fez carne. Não há contraposição entre os dois mistérios,
o que há é uma relação de causa e efeito. E Para compreender bem esse versículo, e perceber a verdadeira
revolução que ele indica, é necessário voltar para o início e lê-lo em paralelo com o primeiro versículo: «No
princípio era Palavra, e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus» (v. 1). A Palavra que se fez carne é
o próprio Deus. Temos aqui uma reviravolta maravilhosa na história! Ora, ao longo da história, não faltam
personagens que agiram como se fossem deuses, que é a lógica do mundo. A ambição, o orgulho, a sede de
poder e a prepotência levam os homens a quererem ser como Deus. E o Natal revela um movimento
totalmente oposto a essa lógica: não é um homem que se fez Deus, mas um Deus que se fez homem,
motivado pelo amor. E é somente por causa desse acontecimento que podemos contemplar a glória de
Deus. Antes, imaginava-se que a glória de Deus poderia ser contemplada na Lei, no templo e,
ocasionalmente, em algumas raras manifestações a personagens privilegiados. Aqui, o evangelista ensina
que a carne humana, sinônimo de fragilidade na teologia tradicional de Israel, é o lugar privilegiado de
manifestação da glória de Deus. Por isso, esse versículo (v. 14) pode ser considerado um dos mais
revolucionários de toda a Bíblia.
A Palavra se fez carne, e nessa carne podemos contemplar a glória de Deus em plenitude, com transparência.
E conhecemos como se deu esse “fazer-se carne” da Palavra: foi numa criança pobre, nascida em condições
sub-humanas. Essa é a maior revolução da história. É o ponto de chegada de uma longa trajetória, anterior
até mesmo à criação do mundo, e o ponto de partida de uma nova história, que começa pelos últimos, pelos
pequenos, pelo que é frágil e marginalizado. O autor poderia dizer apenas que a Palavra se tornou humano
ou homem, mas isso poderia ser distorcido; poderiam dizer que ele, em sua divindade, teria apenas se
revestido de humanidade, sem, no entanto, ter-se tornado verdadeiramente humano e frágil. Inclusive, na
própria comunidade do evangelista surgiu esse problema, o que se tornou um dos motivos principais para a
redação da Primeira Carta de João: reafirmar que Jesus Cristo veio na carne (1Jo 4,1). Ora, o termo carne (em
grego: σὰρξ – sarx) empregado pelo evangelista representa a dimensão mais frágil da condição humana.
Inclusive, em algumas tendências teológicas, às vezes, é usado como sinônimo de pecado, em contraposição
a “espírito”, como convite para o ser humano superar o “estado da carne”. Isso evidencia ainda mais o
quanto a declaração de Jo 1,14 é revolucionária. A Palavra não apenas se fez carne. Mas escolheu o fazer-se
carne para morar no meio da humanidade e como meio privilegiado de revelação da gloria de Deus. Ora, os
judeus imaginavam a glória de Deus como poder e força, os gregos viam a glória como a sabedoria fornecida
pela filosofia, enquanto o cristianismo, na perspectiva do Quarto Evangelho, afirma que é na carne humana
que a glória de Deus se manifesta.
O Natal é, portanto, um convite atualizado para se conhecer a Deus e aprender como se pode conhecê-lo,
porque ensina, acima de tudo, onde ele está, como ele se manifesta e qual é a expressão máxima da sua
glória: é a carne humana, inicialmente a do seu Filho Unigênito, o menino pobre de Belém; depois, a carne
de todas as pessoas que, no Filho, se tornam filhos e filhas de Deus também. Como dizia um anônimo
teólogo, o cristianismo é “a religião do céu vazio”, porque Deus escolheu a carne humana para morar,
armando definitivamente a sua tenda.
Criar um ambiente bem acolhedor, com um fundo musical, acolhendo as famílias à porta do local.
Preparar uma mesa com toalha, flores. Colocar também sobre a mesa, uma manjedoura ladeada pelas imagens de Maria
e José do presépio. A manjedoura deve ter o tamanho suficiente para se colocar uma bíblia sobre ela. Em uma local à parte,
deixar a Bíblia, a vela e a imagem do Menino Jesus, que serão entronizadas.
Organizar ainda: faixa com o tema do encontro, folha impressa da celebração, um envelope com o material do 2º encontro
para cada catequizando.
Oração
Ó Deus, que admiravelmente criastes o ser humano e
mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade,