Os Evangelhos
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Introduo A Bblia num Relance O que o Evangelho Evangelhos e Evangelistas Os Evangelhos Sinticos Por qu quatro Evangelhos? Captulo 1 - Evangelho de Mateus 1.1. Autoria 1.2. Data 1.3. Cristo Revelado 1.4. O Esprito Santo em ao 1.5. Contedo 1.6. O tema Central 1.7. Estilo e material literrio 1.8. Abordagem Peculiar 1.9. Pontos salientes em Mateus 1.10. O grande discurso sobre o fim. Captulos (24 e 25) 1.11. Estudando as parbolas de Mateus 1.12. Contexto histrico do ministrio pblico de Jesus at Mateus 13 1.13. Parbolas Captulo 2 - Evangelho de Marcos 2.1. Importncia do Evangelho 2.2. Autoria 2.3. Data 2.4. Consideraes 2.5. Caractersticas teolgicas e literrias 2.6. Cristo Revelado 2.7. O Esprito Santo em Ao 2.8. Contedo 2.9. Contexto Histrico
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Captulo 3 - Evangelho de Lucas 3.1. Autor 3.2. Autor e objetivo do Evangelho 3.3. Data 3.4. Caractersticas teolgicas e literrias 3.5. Cristo Revelado 3.6. O Esprito Santo em Ao 3.7. Pontos salientes em Lucas 3.8. Esboo da histria da Crucificao Captulo 4 - Evangelho de Joo 4.1. Introdutrio 4.2. Autoria 4.3. O prlogo 4.4. Propsito 4.5. Perfil teolgico do autor 4.6. Particularidades do Evangelho 4.7. Cristo Revelado 4.8. O Esprito Santo em ao 4.9. Contedo 4.10. Abordagem Peculiar 4.11. Destaques no Evangelho 4.12. Pontos salientes em Joo Concluso Referncias
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Os Evangelhos - Introduo Os quatro Evangelhos compreendem cerca de 46 por cento no Novo Testamento. A igreja primitiva colocou os Evangelhos no incio do Cnon do Novo Testamento, no por serem eles os primeiros livros escritos, mas por serem o fundamento sobre o qual Atos e as Epstolas so edificados. Os Evangelhos ao mesmo tempo se originam do Antigo Testamento e o cumprem, bem como fornecem um cenrio histrico e teolgico para o restante do Novo Testamento. A palavra grega euaggelion se refere s boas novas ou alegres novas acerca de Jesus Cristo, que foi oralmente proclamado. Mais tarde veio a ser tambm sido escrito depois, a igreja primitiva considerou somente os quatro Evangelhos, da forma que os conhecemos, como dotados de autoridade e divinamente inspirados. Foram distinguidos uns dos outros pela preposio grega kata (segundo), acompanhada pelo nome do escritor. A presente ordem dos quatro Evangelhos remonta pelo menos ao final do segundo sculo, e cria-se ser esta a ordem em que eles foram escritos. Embora haja quem teorize que os Evangelhos foram originalmente escritos em Aramaico, no h evidncia real para tal posio. Os habitantes da Palestina eram primariamente bilngues (aramaico e grego), e muitos eram trilnges (hebraico ou latim). O grego, porm, era o idioma comum de todo o imprio, e por isso o mais adequado veculo para as narrativas evanglicas. A forma literria dos Evangelhos no tinha correlativo na literatura helnica. Embora eles estejam saturados de material biogrfico, na realidade so perfis temticos que omitem quase inteiramente os trinta anos preparatrios para o ministrio pblico relativamente breve de Cristo. Mesmo esta poro de sua vida se apresenta numa forma altamente assimtrica, com nfase em sua ltima semana. Enfim, apenas cerca de cinquenta dias do ministrio de Jesus so focalizados nos Evangelhos combinados. Os quatro relatos complementares fornecem um retrato composto da pessoa do Salvador, operando juntos para fornecer profundidade clareza nossa compreenso da mais singular figura da histria humana. Neles Jesus visto como divino e humano, o Servo soberano, O Deus-homem. Cada Evangelho tem uma dimenso distintiva a acrescentar, de sorte que o total maior que a soma das partes. A Bblia num relance O Dr. William H. Griffith Thomas sugere quatro palavras, a fim de ajudar-nos a ligar toda a revelao de Deus: Preparao...No Antigo Testamento Deus prepara o mundo para a vinda do Messias. Manifestao...Nos 4 Evangelhos, Cristo entra no mundo, morre pelo mundo e funda a sua Igreja. Apropriao...Em Atos e nas Epstolas, so apresentadas maneiras pelas quais o Senhor Jesus foi recebido, apropriado e aplicado vida das pessoas. Consumao...No Apocalipse revela-se o resultado do plano perfeito de Deus.
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O que o Evangelho s boas-novas a respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus nos so apresentadas por quatro autores: Mateus, Marcos, Lucas e Joo, embora exista s um Evangelho, a bela histria da salvao por Jesus Cristo, nosso Senhor. A palavra Evangelho nunca usada no Novo Testamento para referir-se a um livro. Significa sempre boas-novas. Quando falamos do Evangelho de Lucas, devemos compreender que se trata das boasnovas de Jesus Cristo conforme foram registradas por Lucas. Entretanto, desde os tempos antigos o termo, evangelho, tem sido usado com referncia a cada uma das quatro narrativas da vida de Cristo. Originalmente essas boas-novas eram transmitidas pela palavra falada. Os homens iam de lugar em lugar, contando a velha histria. Depois de algum tempo fez-se necessrio um registro escrito. Mais de uma pessoa tentou faz-lo, mais sem xito. Veja o que Lucas diz: Visto que muitos houve que empreenderam uma narrao coordenada dos fatos que entre ns se realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o principio foram deles testemunhas oculares, e ministros da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois de a curada investigao de tudo desde a sua origem, darte por escrito, excelentssimo Tefilo, uma exposio em ordem, para que tenhas perfeita certeza das verdades em que foste instrudo (Lc 1.1-4). Evangelho uma palavra de origem grega que significa boa notcia. Do ponto de vista da f crist, s h um evangelho: o de Jesus Cristo. Porque ele mesmo, o Filho de Deus encarnado na natureza humana (Jo 1.14) e autor da vida e da salvao (At 3.15; Hb 2.10; 12.2), a boa notcia que constitui o corao do Novo Testamento o fundamenta a pregao da Igreja desde os tempos apostlicos at os nossos dias. No entanto, visto que toda notcia supe a comunicao de uma mensagem, chamamos tambm de evangelho o conjunto dos livros do Novo Testamento, que, sob a inspirao do Esprito Santo, foram escritos para comunicar a boa notcia da vinda de Cristo e, com ele, a do Reino eterno de Deus (Mt 3.2; 4.17; Mc 1.1,14-15; Lc 2.10; Rm 1.1-6,16-17). Nesse mesmo sentido, o apstolo Paulo gosta de falar do meu evangelho, fazendo assim referncia ao anncio da graa divina que ele proclamava (Rm 1.1,9,16; 16.25; 1Co 15.1; Gl 2.7; 2Tm 2.8): uma mensagem que j antes fora escutada em Israel (Is 35; 40.9-11; 52.7; 61.1-2a), mas que agora se estende ao mundo inteiro, a quantos, por meio da f, aceitam Cristo como Senhor e Salvador (entre outros, Rm 1.5; 5.1; 6.14,22-23). Num terceiro sentido, o uso tem generalizado a aplicao do termo evangelho a cada um dos livros do Novo Testamento (Mateus, Marcos, Lucas e Joo) que nos tm transmitido praticamente a totalidade do que sabemos acerca de Jesus: da sua vida e atividade, da sua paixo e morte, da sua ressurreio e glorificao. Da perspectiva da f crist, a palavra evangelho contm, pois, uma trplice referncia: em primeiro lugar, a Jesus Cristo, cuja vinda o acontecimento definitivo da revelao de Deus ao ser humano; em segundo lugar, pregao oral e comunicao escrita da boa notcia da salvao pela f; e, por ltimo, aos quatro livros do Novo Testamento que desde o sc. II se conhecem pela designao genrica de os Evangelhos. Evangelhos e Evangelistas Tradicionalmente, os autores dos quatro primeiros livros do Novo Testamento recebem o nome de evangelistas, ttulo que na Igreja primitiva correspondia s pessoas a quem, de modo especfico, se confiava a funo de anunciar a boa nova de Jesus Cristo (At 21.8; Ef 4.11; 2Tm 4.5. cf. At 8.12,40). Durante os anos que se seguiram ascenso do Senhor, a pregao apostlica foi, sobretudo, verbal como vemos na leitura de Atos. Mais tarde, quando comearam a desaparecer aqueles que haviam conhecido Jesus em pessoa, a Igreja sentiu a necessidade de fixar por escrito a memria das palavras que haviam ouvido dele e dos seus atos que haviam presenciado.
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Durante certo tempo, circularam entre as comunidades crists de ento numerosos textos referentes a Jesus, que, na maioria dos casos, eram simples apontamentos dispersos e sem conexo. Apesar do seu carter fragmentrio, porm, aqueles breves relatos representaram a passagem da tradio oral escrita, passagem que presidiu o nascimento dos nossos quatro Evangelhos. O propsito principal dos evangelistas no foi oferecer uma histria detalhada das circunstncias que rodearam a vida do nosso Senhor e dos eventos que a marcaram; tampouco se propuseram a reproduzir ao p da letra os seus discursos e ensinamentos, nem as suas discusses com as autoridades religiosas dos judeus. H, conseqentemente, muitos dados relativos ao homem Jesus de Nazar que nunca nos sero conhecidos, embora, por outro lado, no reste dvida de que Deus j revelou por meio dos evangelistas (Jo 20.30; 21.25) tudo o que no devemos ignorar. Na realidade, eles no escreveram para nos transmitir uma completa informao de gnero biogrfico, mas, como disse Joo, para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (20.31). Os Evangelhos contm, pois, um conjunto de narraes centradas na pessoa de Jesus de Nazar e escritas com um propsito testemunhal, para a edificao da Igreja e para a comunicao da f. Mas isso no significa que os evangelistas manejaram sem cuidado os dados, as palavras e os fatos que recopilaram e que foram os seus elementos de informao. Pois, se bem que certo que eles no trataram de escrever nenhuma biografia (ao menos no sentido especfico que hoje damos ao termo), igualmente que os seus escritos respondem com fidelidade ao discurso histrico tal e como era elaborado ento, seja por haverem conhecido pessoalmente a Jesus, ou seja, por terem sido companheiros dos apstolos que viveram junto dele. A obra dos evangelistas nutriu-se especialmente das memrias que, em relao ao Senhor, eram guardadas no seio da Igreja como um depsito precioso. Essas memrias transmitiram-se no culto, no ensinamento e na atividade missionria, isto , na pregao oral, que, durante longos anos e com perspectiva escatolgica, foi o meio idneo para reviver, desde a f e em benefcio da f, o acontecimento fundamental do Cristo ressuscitado. Os Evangelhos Sinticos A simples leitura dos Evangelhos conduz logo a uma primeira classificao, que resultante da constatao; de um lado, de que existe uma ampla coincidncia da parte de Mateus, Marcos e Lucas quanto aos temas de que tratam e quanto disposio dos elementos narrativos que introduzem; e por outro, o Evangelho de Joo, cuja apario foi posterior dos outros trs, parece ter sido escrito com o propsito de suplementar os relatos anteriores com uma nova e distinta viso da vida de Jesus. Porque, de fato, com exceo dos acontecimentos que formavam a histria da paixo de Jesus, apenas trs dos fatos referidos por Joo (1.19-28; 6.1-13 e 6.16-21) encontram-se tambm consignados nos outros Evangelhos. Da se conclui que, assim como o Evangelho Segundo Joo requer uma considerao parte, os de Mateus, Marcos e Lucas esto estreitamente relacionados. Seguindo vias paralelas, oferecem nas suas respectivas narraes trs enfoques diferentes da vida do Senhor. Por causa desse paralelismo, pelas muitas analogias que aproximam esses Evangelhos tanto na matria exposta como na forma de disp-la, vm sendo designados desde o sc. XVIII como os sinticos, palavra tomada do grego e equivalente a viso simultnea de alguma coisa. Os sinticos comearam a aparecer provavelmente em torno do ano 70. Depois da publicao do Evangelho segundo Marcos, escreveu-se primeiro o de Mateus e depois o de Lucas. Ambos serviramse, em maior ou menor medida, da quase totalidade dos materiais incorporados em Marcos, relembrando-os e ampliando-os com outros. Por essa razo, Marcos est quase integralmente representado nas pginas de Mateus e de Lucas. Quanto aos novos materiais mencionados, isto , os que no se encontram em Marcos, uma parte foi aproveitada simultaneamente por Mateus e Lucas, e a outra foi usada por cada um deles de maneira exclusiva.
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Apesar de que os autores sinticos tenham redigido textos paralelos, fizeram-no de pontos de vista diferentes e contribuindo cada qual com a sua prpria personalidade, cultura e estilo literrio. Por isso, a obra dos evangelistas no surge como o produto de uma elaborao conjunta, mas como um feito singular desde seus delineamentos iniciais at a sua realizao definitiva. Quanto aos objetivos, tambm so diferentes em cada caso: enquanto Mateus contempla a Jesus de Nazar como o Messias anunciado profeticamente, Marcos o v como a manifestao do poder de Deus, e Lucas, como o Salvador de um mundo perdido por causa do pecado. Por que quatro Evangelhos? A pergunta que naturalmente surge a seguinte: Por que quatro? No teria bastado uma s narrativa direta e contnua? No teria sido mais simples e claro? Isso no nos teria poupado algumas das dificuldades surgidas em torno do que alguns tm chamado de narrativas divergentes? A resposta simples: Uma ou duas pessoas no nos teriam dado um retrato completo da vida de Cristo. O Dr. Van Dyke disse: Suponhamos que quatro testemunhas comparecessem perante um juiz para depor sobre certo acontecimento e cada uma delas usasse as mesmas palavras. O juiz provavelmente, concluiria, no que o testemunho delas era de valor excepcional, mas que a nica coisa certa, sem sombra de dvida, que haviam concordado em contar a mesma histria. Todavia, se cada uma tivesse contado o que tinha visto e como o tinha visto, a ento a prova seria digna de crdito. E quando temos os quatro Evangelhos, no exatamente isso que acontece? Os quatro evangelistas contaram a mesma histria, cada qual a seu modo. H quatro ofcios distintos de Cristo apresentados nos Evangelhos. Ele apresentado como: Rei em Mateus, Servo em Marcos, Filho do homem em Lucas e Filho de Deus em Joo. verdade que os quatro Evangelhos tm muita coisa em comum. Todos eles tratam do ministrio terreno de Jesus, sua morte e ressurreio, seus ensinos e milagres, porm cada Evangelho tem suas diferenas. fcil ver que cada um dos autores procura apresentar um quadro diferente de nosso nico Salvador. Mateus, de propsito, acrescenta sua narrativa o que Marcos omite. Nenhum dos Evangelhos contm a narrao completa da vida de Cristo. Joo diz em 21.25: H, porm, ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos. Existem vazios propositados que nenhum dos evangelistas pretendeu preencher. Por exemplo: todos omitem um registro de dezoito anos da vida de Cristo, entre os doze e os trinta anos. Embora sejam completos em si mesmo, cada um registrou aquilo que era relevante ao seu tema. Na Galeria Nacional de Londres h uma tela com trs representaes de Carlos I. Numa, ele tem a cabea voltada para direita, noutra para a esquerda, e na do centro, ele est olhando para a frente. Van Dick pintou-as para o escultor romano Benini, a fim de que ele pudesse modelar um busto do rei. Combinando as impresses dos trs quadros, Benini pde criar uma imagem real. Cada um deles apresenta um aspecto diferente da vida terrena de nosso Senhor. Juntos do-nos um retrato completo. Ele era Rei, mas era tambm o Servo Perfeito. H quatro Evangelhos, mas um Cristo, quatro narrativas com um propsito e quatro esboos de uma mesma Pessoa.
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Captulo 1 Evangelho de Mateus Os profetas do Antigo Testamento predisseram e ansiaram pela vinda do Ungido que entraria na histria para trazer redeno e livramento. O primeiro versculo de Mateus anuncia aquele evento h muito esperado: Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abrao. Mateus fornece a ponte essencial entre o Antigo e o Novo Testamento. Atravs de uma srie cuidadosamente selecionada de citaes do Antigo Testamento, Mateus documenta a reivindicao de Jesus Cristo de ser o Messias, Jesus possui as credenciais do Messias, ministra no modelo predito do Messias, prega mensagens que somente o Messias poderia pregar, e finalmente morre a morte que somente o Messias poderia morrer. 1.1. Autoria A tradio da Igreja tem atribudo desde o sc. II a composio deste Evangelho a Mateus, o publicano (9.9; 10.3), chamado tambm de Levi, filho de Alfeu (Mc 2.14; Lc 5.27), o coletor de impostos a quem Jesus chamou e uniu ao grupo dos seus discpulos (10.1-4; Mc 3.13-1 9; Lc 6.13-16). Mateus foi um dos que foram batizados com o Esprito Santo no dia de Pentecostes (At 1.13). Tem-se afirmado que Mateus (Mt) por excelncia o Evangelho da Igreja. Escrito para instruir acerca de Jesus Cristo o novo povo de Deus, apresenta-se diante do leitor como um texto de estrutura basicamente didtica. 1.1.1. Controvrsia sobre o autor O problema que se coloca acerca deste Evangelho a sua autenticidade. Discute-se a autoria deste evangelho por parte de Mateus. Contudo, o fato que nenhum dos evangelistas colocou o seu nome no escrito. Este primeiro evangelho foi atribudo a Mateus por causa de uma notcia veiculada por Eusbio, citando Papias, de que Levi (Mateus) escreveu as palavras do Senhor na lngua dos judeus, e desde ento interpretou-se que este escrito cujo autor no fora identificado poderia ser de sua autoria. Esta tradio foi abandonada posteriormente depois de se descobrir que o original deste evangelho foi escrito em grego e no aramaico. 1.1.2. Perfil do autor Embora haja controvrsia sobre o autor, verifica-se que este evangelho foi escrito por um cristo vindo do judasmo, conhecedor da Escritura, fiel tradio. Sabe-se da sua origem judaica porque este evangelho fala em 'reino dos cus' e no 'reino de Deus', porque os judeus no pronunciavam o nome de Deus. Alm disso, dispensa a explicao dos costumes dos judeus, porque era fato corriqueiro para o seu autor, no entanto Marcos explica estes costumes, que para ele eram novidades. Por exemplo, em Mt 24, 20 tem a seguinte passagem: pedi para que a vossa fuga no seja no inverno nem no sbado . A mesma passagem h em Marcos 13.18, porm sem a parte final (' nem no sbado'), que um acrscimo de Mateus, por causa do costume judeu.
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1.2. Data O tempo em que foi escrito este evangelho varia entre 80 e 100 d.C. Seguramente foi depois de 70, pois pressupe que j houve a destruio de Jerusalm, e tambm posterior ao evangelho de Marcos, pois demonstra grande evoluo teolgica em relao a este. Foi escrito na Palestina em grego, em bom estilo literrio, para leitores de lngua grega. 1.3. Cristo Revelado Este Evangelho apresenta Jesus como o cumprimento de todas as expectativas e esperanas messinicas. Mateus estrutura cuidadosamente suas narrativas para revelar Jesus como cumpridor de profecias especficas. Portanto, ele impregna seu Evangelho tanto com citaes quanto com aluses ao AT, introduzindo muitas delas com a frmula para que se cumprisse. No Evangelho, Jesus normalmente faz aluso a si mesmo como o Filho do Homem, uma referncia velada ao seu carter messinico (Dn7.13,14). O termo no somente permitiu a Jesus evitar mal-entendidos comuns originados de ttulos messinicos populares, como possibilitou-lhe interpretar tanto sua misso de redeno (como em 17.12,22; 20.28; 26.24) quanto seu retorno na glria (como em 13.41; 16.27; 19.28; 24.30,44; 26.64). O uso do ttulo Filho de Deus por Mateus sublinha claramente a divindade de Jesus (1.23; 2.15; 3.17; 16.16). Como o Filho, Jesus tem um relacionamento direto e sem mediao com o Pai (11.27). Mateus apresenta Jesus como o Senhor e Mestre da igreja; a nova comunidade, que chamada a viver um nova tica do Reino dos cus. Jesus declara: a igreja como seu instrumento selecionado para cumprir os objetivos de Deus na Terra (16.18; 18.15-20). O Evangelho de Mateus pode ter servido como manual de ensino para a igreja antiga, incluindo a surpreendente Grande Comisso (28.12-20), que a garantia da presena viva de Jesus. 1.4. O Esprito Santo em ao A atividade do ES evidente em cada fase e ministrio de Jesus. Foi por meio do poder do Esprito que Jesus foi concebido no ventre de Maria (1.18-20). Antes de Jesus comear seu ministrio pblico, ele foi tomado pelo Esprito de Deus (3.16) e foi conduzido ao deserto para ser tentado pelo diabo como preparao adicional a seu papel messinico (4.1). O poder do Esprito habilitou Jesus a curar (12.15-21) e a expulsar demnios (12.28). Da mesma forma que Joo imergia seus seguidores na gua, Jesus imergir seus seguidores no ES (3.11). Em 7.21-23, encontramos uma advertncia dirigida contra os falsos carismticos, aqueles que na igreja, profetizam, expulsam demnios e fazem milagres, mas no fazem a vontade do Pai. Presumivelmente, o mesmo ES que inspira atividades carismticas tambm deve permitir que as pessoas da igreja faam a vontade de Deus (7.21). Jesus declarou que suas obras eram feitas sob o poder do ES, evidenciando que o Reino de Deus havia chegado e que o poder de satans estava sendo derrotado. Portanto, atribuir o Esprito Santo ao diabo era cometer um pecado imperdovel (12.28-32). Em 12.28, o ES est ligado ao exorcismo de Jesus e presente realidade do Reino de Deus, no apenas pelo fato do exorcismo em si, pois os filhos dos fariseus (discpulos) tambm praticavam exorcismo (12.27). Mas precisamente, o ES est executando um novo acontecimento com o Messias: chegado a vs o Reino de Deus (12.28). Finalmente, o ES encontrado na Grande Comisso (28.16-20). Os discpulos so ordenados a ir e a fazer discpulos de todas as naes, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do ES (v.19). Isto , eles deveriam batiz-los no/com referncia ao nome - ou autoridade - do Deus Trino. Em sua obedincia a esta misso, os discpulos de Jesus tm garantida sua constante presena com eles.
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1.5. Contedo O objetivo de Mateus evidente na estrutura deste livro, que agrupa os ensinamentos e atos de Jesus em cinco partes. Este tipo de estrutura, comum ao judasmo, pode revelar o objetivo de Mateus em mostrar Jesus como o cumprimento da lei. Cada diviso termina com uma frmula como: Concluindo Jesus estes discursos... (7.28; 11.1; 13.53; 19.1; 26.1). No prlogo (1.1-2.23), Mateus mostra que Jesus o Messias ao relacion-lo s promessas feitas a Abrao e Davi. O nascimento de Jesus salienta o tema do cumprimento, retrata a realeza de Jesus e sublinha a importncia dele para os gentios. A primeira parte (caps. 3-7) contm o Sermo da Montanha, no qual Jesus descreve como as pessoas devem viver no Reino de Deus. A Segunda parte (8.1-11.1) reproduz as instrues de Jesus a seus discpulos quando ele os enviou para a viagem missionria. A Terceira parte (11.2-13.52) registra vrias controvrsias nas quais Jesus estava envolvido e sete parbolas descrevendo algum aspecto do Reino dos cus, em conexo com a resposta humana necessria. A Quarta parte (13.53-18.35) o principal discurso aborda a conduta dos crentes dentro da sociedade crist (cap 18). A quinta Parte (19.1-25.46) narra a viagem final de Jesus a Jerusalm e revela seu conflito climtico com o judasmo. Os caps. 24-25 contm os ensinamentos de Jesus relacionados ltimas coisas. O restante do Livro (26.1-28.20) detalha acontecimentos e ensinamentos relacionados crucificao, ressurreio e comisso do Senhor Igreja. A no ser no incio e no final do Evangelho, a disposio de Mateus no cronolgica e no estritamente biogrfica, mas foi planejada para mostrar que o Judasmo encontra o cumprimento de suas esperanas em Jesus. Um trao caracterstico deste primeiro Evangelho a sua contnua referncia ao Antigo Testamento, com o objetivo de demonstrar que as Escrituras tm o seu pleno cumprimento em Jesus (1.22-23; 2.15,17-18,23; 4.14-16; 8.17; 12.1721; 13.35; 21.4-5; 27.9-10). Mateus, mais do que Marcos e Lucas fazem citaes abundantes da lei e dos Profetas (5.17-18; 7.12; 11.13; 22.40) e, com frequncia, da f em tradies e prticas religiosas dos judeus vigentes na poca (cf., entre outras, 15.2; 23.5,16-23). Mateus tambm nos apresenta Jesus como o intrprete infalvel das Escrituras. Ele o Mestre sem igual, que a partir da verdade e da autenticidade descobre a falsidade de certas atitudes humanas aparentemente piedosas, mas, na realidade, cheias de avidez para receber o aplauso pblico (6.1). Recordemos a crtica de Jesus quanto a dar esmolas a toque de trombeta (6.2-4), a respeito da vaidosa ostentao das oraes feitas nos cantos das praas (6.5-8; 23.14) e a hipocrisia dos jejuns praticados com o propsito primordial de impressionar o povo (6.16-18). Especialmente interessante o tratamento que Mateus d ao aspecto pedaggico da atividade de Jesus. Enquanto Marcos e Lucas associam as palavras do Senhor ocasio em que foram pronunciadas, Mateus as dispe de modo ordenado. Frequentemente as rene em amplas unidades discursivas, compostas com o objetivo de ajudar os crentes a aprend-las de memria. Cinco delas, muito conhecidas, destacam-se pela sua extenso: 1. O sermo do monte (5.3-7.27); 2. O apostolado cristo (10.5-42); 3. O reino dos cus (13.3-52); 4. A vida da comunidade crist (18.3-35); 5. O final dos tempos (24.4-25.46).
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Estes sermes ou discursos aparecem no Evangelho precedidos e seguidos por determinadas frmulas literrias que servem de marco dramtico a cada composio (5.1-2 e 7.28-29; 10.5 e 11.1; 13.3 e 13.53; 18.1 e 19.1; 24.3 e 26.1). Por outro lado, no so estes os nicos discursos. Mateus contm muitos outros ensinamentos e exortaes de Jesus aos seus discpulos (por ex., 8.20-22; 11.7-19,2730; 12.48-50; 16.24-28; 22.37-40), assim como admoestaes dirigidas a escribas e fariseus (22.18-21; 23.1-36) ou, inclusive, a Jerusalm (23.37-38) e a algumas cidades da Galilia (11.20-24). 1.6. O tema central O tema predominante na pregao do Senhor o Reino de Deus (9.35), geralmente designado neste Evangelho como reino dos cus e focalizado na sua dupla realidade presente (4.17; 12.28) e futura (16.28). A proclamao da proximidade do Reino tambm o anncio de que Jesus encarrega aos seus discpulos (10.7), aos quais, depois de ressuscitado, prometeu a sua permanncia duradoura no meio deles: E eis que estou convosco todos os dias at consumao do sculo (28.20). 1.7. Estilo e material literrio Mateus escreve a sua obra seguindo, em linhas gerais, o esquema de Marcos, mesmo quando a cada passo pe o seu selo pessoal nos textos que redige. Quanto aos materiais narrativos utilizados, se bem que muitos sejam comuns a Marcos e Lucas, h cerca de um quarto que Mateus emprega de maneira exclusiva. Os relatos de Mateus, mais concisos que os de Marcos, apresentam um rigoroso e belo estilo. 1.8. Abordagem peculiar 1.8.1. No um evangelho cronolgico, mas sistemtico e topical Existe uma ordem na disposio das matrias de modo que o resultado definido pode ser produzido. O material tratado em grupos, como as parbolas do captulo 13. 1.8.2. um evangelho de ensino sistemtico O livro marcado pelos vrios discursos de considervel extenso, como o sermo da montanha, caps. 5,7; a denncia contra os fariseus; a profecia da destruio de Jerusalm e o final do mundo, caps. 24 e 25. 1.8.3. um evangelho de melancolia e tristeza No h cnticos de alegria como os de Zacarias, Isabel, Maria, Simeo, Ana e os Anjos, registrados em Lucas. Em vez disso, vemos a sua me quase repudiada e deixada em desgraa pelo seu marido Jos, e livrada somente pela interveno divina. Crianas mortas, mes que choram, esta a viso transmitida por Mateus. A cruz desolao sem um ladro arrependido (apenas mais tarde foi que um deles mudou de idia, Lc 23.39-43). 1.8.4. um evangelho de carter real A Genealogia mostra a descendncia real (Mt 1.1). Os Magos O buscavam porque era nascido o rei dos judeus (Mt 2.2). Joo Batista prega o reino dos cus (3.2,11). Em Lucas um certo homem deu um grande banquete, mas em Mateus foi um certo Rei (Mt 22.2-9; Lc 14.16,23).
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1.8.5. Mateus o evangelho da igreja Evangelho de Mateus o nico que ocorre a palavra igreja (16.18; 18.17). Nestes dois lugares so palavras de Cristo, mostrando que Ele tinha uma idia definida da igreja como instituio futura. Os propsitos que tm estas duas expresses do Senhor podem indicar que este Evangelho foi escrito para uma igreja nova e em luta, com necessidade de estmulo e disciplina. 1.8.5.1. Personagens Mateus salienta menos as figuras individuais da sua narrativa do que os outros sinotistas, nem apresenta muitas pessoas cujos nomes no aparecessem nos outros lugares. A Jos (1:8-25), a Herodes o grande (2:1- 16), me de Tiago e Joo (20:20,21), concede-lhes mais espao do que Marcos e Lucas; mas tanto Marcos como Lucas usaram mais o desenho de caracteres do que Mateus. 1.8.5.2. Objetivos Mateus escreveu a histria da vida terrena de Jesus especialmente para os judeus. O judeu da poca recebia treinamento pessoal, estava familiarizado com as Escrituras do Antigo Testamento. S um judeu seria capaz de despertar o interesse de outro judeu. Seu mestre deveria ser algum versado no Antigo Testamento e nos costumes judaicos. Eles precisavam saber que esse Jesus viera cumprir as profecias do Antigo Testamento. Repetidamente lemos em Mateus: para que se cumprisse..., ...Como falou Jeremias, o profeta.... Temos hoje em dia o mesmo tipo de pessoa, que se deleita em profecias cumpridas e por se cumprirem. Procuram saber o que os profetas disseram e como se poder cumprir. Mateus prova, pela genealogia, que Jesus o Messias (Mt 1.1-17). Talvez tenha sido escrito em lngua aramaica sendo o nico livro do Novo Testamento que no foi redigido em grego. 1.8.5.3. O livro se divide em trs partes 1. Vida e o ministrio do Messias; 2. Reivindicaes do Messias; 3. Sacrifcio e triunfo do Messias. 1.9. Pontos salientes em Mateus 1.9.1. O Nascimento de Jesus (1.18-25) Somente Mateus e Lucas contam o nascimento e a infncia de Jesus, cada qual narrando incidentes diferentes. Maria passou com Isabel os trs primeiros meses seguintes visita que lhe fez o mensageiro celeste. Quando voltou a Nazar e Jos soube do seu estado, este deve t-lo levado a uma perplexidade estranha, agnica. Era, porm, um homem bom e disps-se a resguardar a reputao de Maria do que ele supunha ser uma desmoralizao pblica ou coisa pior. Foi quando o anjo apareceu-lhe e explicou tudo. Teve ainda de guardar o segredo de famlia, para evitar escndalo, porque ningum acreditaria na histria de Maria. Mais tarde, quando a natureza divina de Jesus foi comprovada por Seus milagres e Sua ressurreio dentre os mortos, Maria podia falar livremente do seu segredo celestial e da concepo sobrenatural de seu filho.
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1.9.2. Jos, pai adotivo de Jesus Muito pouco se diz de Jos. Foi com Maria a Belm e estava com ela quando Jesus nasceu, (Lc 2.4,16). Com ela estava quando Jesus foi apresentado no Templo, (Lc 2.33). Guiou-os na fuga para o Egito e na volta para Nazar, (Mt 2.13,19-23). Levou Jesus a Jerusalm quando Este tinha 12 anos, (Lc 2.43,51). Depois disso o que mais se sabe dele que era carpinteiro e chefe de famlia de pelo menos sete filhos, (Mt 13.55,56). Com certeza devia ser um homem exemplarmente bom, para que Deus assim o acolhesse a fim de servir de pai adotivo do Seu Filho. Comumente se pensa que ele faleceu antes de Jesus entrar em seu ministrio pblico, embora a linguagem de Mateus 13.55 e Joo 6.42 possa implicar que ainda vivia por essa poca. Seja como for, j devia ter morrido antes que Jesus fosse crucificado, de outro modo no haveria razo para Jesus entregar sua me aos cuidados de Joo (Jo 19. 26-27). 1.9.3. Maria, a me de Jesus Depois da histria do Nascimento de Jesus e de Sua visita a Jerusalm aos 12 anos, muito pouco se diz de Maria. De acordo com a interpretao corrente de Mt 13.55-56, ela foi me de pelo menos seis filhos, alm de Jesus. Por sugesto sua, Jesus converteu gua em vinho, em Can, Seu primeiro milagre, Jo 2.1-11. Depois menciona-se que ela procurou entrar em contato com Ele, no meio de uma multido, Mt 12.46; Mc 3.31; Lc 8.19; quando Jesus indicou claramente que as relaes de famlia entre Ele e Sua me no ofereciam a esta nenhuma vantagem espiritual particular. Ela esteve presente crucifixo e foi entregue por Jesus aos cuidados de Joo, Jo 19.25-27. No h notcia de Jesus haver aparecido a ela aps a ressurreio, embora aparecesse a Maria Madalena. A ltima meno que dela se faz em At 1.14, quando esteve com os discpulos a orar. Eis tudo quanto a Escritura diz de Maria: Maria foi uma mulher calma, meditativa, devotada, prudente, a mais honrada das mulheres, rainha das mes, que partilhou dos cuidados prprios da maternidade. Admiramo-la, honramo-la e amamo-la porque foi a me do nosso Salvador. Quem foram os irmos e irms de Jesus, mencionados em Mt 13.55-56 e Mc 6.3? Filhos da prpria Maria?; Ou filhos de Jos, de um matrimnio anterior? Ou primos? O sentido claro, simples e natural destas passagens que foram mesmo filhos de Maria. esta a opinio comum dos comentadores protestantes. E apoiada pela declarao de Lc 2.7, de que ela deu luz seu filho primognito. Por que primognito, se no houve outros filhos? 1.9.4. Os magos, os ilustres visitantes (2.1-12) Deve ter ocorrido quando Jesus tinha entre 40 dias e 2 anos de idade (Mt 2.16; Lc 2.22,39). Os 2 anos parecem denotar o tempo quando a estrela primeiro apareceu, (v.7), poca em que os magos empreenderam a viagem, que durou muitos meses; no assinalam necessariamente o tempo exato do nascimento do menino. Herodes, porm, como medida de precauo, aceitou o limite extremo. Pelo menos o menino no estava mais na manjedoura, como tantas vezes se v em gravuras, mas na casa (v.11). Estes magos vieram da Babilnia, ou de pas mais alm, regio onde a raa humana teve sua origem, terra de Abrao e do cativeiro judaico onde muitos judeus ainda viviam. Pertenciam classe de pessoas ilustradas, eram conselheiros de reis. Talvez estivessem familiarizados com as Escrituras judaicas e sabiam da expectao existente pelo rei Messias. Era a terra de Daniel e, sem dvida, conheciam a profecia das 70 Semanas, e tambm a de Balao acerca da Estrela a proceder de Jac, (Nm 24.17). Eram homens de elevada posio social, tanto que tiveram acesso presena de Herodes.
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Comumente so mencionados como Trs Magos, mas as Escrituras no dizem quantos foram. Provavelmente foram mais de trs, ou pelo menos vieram com uma comitiva de dezenas ou centenas de pessoas, como medida de segurana, visto que no seria seguro um pequeno grupo viajar milhares de quilmetros, atravs de desertos infestados de bandidos. A chegada deles a Jerusalm foi bastante espetacular, para alvoroar a cidade inteira. 1.9.5. A Estrela vista pelos magos Calcula-se que houve uma conjuno de Jpiter e Saturno, 6 a.C. Mas isto no explica o fato de a estrela ir adiante deles at que se deteve sobre o lugar onde o menino estava. Pensam uns que, possivelmente, foi uma ''nova, isto , estrela que explode e por um tempo se queima fulgurantemente. Dizem os astrnomos que na Via Lctea umas 30 estrelas explodem cada ano assim de sbito, e se tornam 10.000 vezes mais brilhantes, voltando depois luminosidade ordinria. Mas como pode esse fato ajustar-se ao caso? A estrela, vista pelos magos, foi, sem dvida, um fenmeno distinto, uma luz sobrenatural que, pela direta revelao de Deus, foi adiante deles e indicou-lhes o lugar exato; anncio sobrenatural de um nascimento sobrenatural. 1.9.6. A tentao dos quarenta dias Tambm se narra em Lc 4:1-13, e, muito abreviadamente, em Mc 1:12-13. O Esprito Santo, Satans e Anjos tiveram sua parte na tentao de Jesus. O Esprito Santo impeliu-O, anjos ajudaram-no, enquanto Satans procurou vrias vezes desvi-Lo de Sua misso de Redentor do gnero humano. O universo inteiro estava interessado. O destino da criao estava em jogo. No sabemos por que a tentao de Jesus seguiu-se logo ao Seu batismo. A descida do Esprito Santo sobre Ele nessa ocasio envolvia possivelmente duas coisas novas na Sua experincia humana: uma, o poder ilimitado de operar milagres; a outra, plena restaurao de Seu conhecimento de antes da encarnao. Antes, na eternidade, Jesus sabia que viria ao mundo sofrer como o Cordeiro de Deus pelo pecado humano. Veio, porm, pelo caminho do bero. Devemos supor que Jesus, criancinha, conhecia tudo quanto sabia antes de assumir as limitaes da carne humana? No mais natural pensar que o conhecimento que tinha antes de encarnar-Se veioLhe gradativamente proporo que crescia, em paralelo com a Sua educao humana? Naturalmente Sua me contou-Lhe as circunstncias do Seu nascimento. Ele sabia que era o Filho de Deus e o Messias. Sem dvida, Ele e Sua me conversaram muitas vezes sobre planos e mtodos de realizar Sua obra como Messias no mundo. Quando, porm, o Esprito Santo desceu sobre Ele no batismo, sem medida, ento Lhe veio plena e claramente, pela primeira vez como homem, a cincia de algumas coisas que Ele conhecera antes de humanizar-Se: entre elas, a cruz como o meio pelo qual cumpriria Sua misso. Isto O aturdiu; f-Lo perder o apetite; afastou-O do convvio dos homens, e por 40 dias Ele no pensou noutra coisa. Qual foi a natureza de Sua tentao? Esta pode ter includo as tentaes ordinrias dos homens na luta pelo po e no desejo de fama e poder. Foi, porm, mais. Jesus era muito grande para pensarmos que tais motivos pesassem muito no Seu esprito. A julgar pelos Seus antecedentes e Sua formao, devemos crer que Ele j alimentava uma paixo absorvente de salvar o mundo. Sabia ser esta a Sua misso. A pergunta era, Como realizla? Usando os poderes miraculosos que Lhe acabavam de ser concedidos (poderes que nenhum mortal conhecera antes) para fornecer po aos homens, sem que estes precisassem trabalhar, e para vencer as foras ordinrias da natureza, Ele podia ter-Se imposto ao domnio do mundo e pela fora levar os homens a fazer Sua vontade. Foi essa a sugesto de Satans. Mas a misso de Jesus foi no compelir os homens obedincia, mas transformar seus coraes.
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A essncia da tentao de Jesus foi faz-Lo procurar alcanar Seus fins por meios mundanos, antes que pelo sofrimento. Produzir resultados espirituais por mtodos mundanos. O que Jesus recusou fazer, a igreja, atravs dos sculos, tem feito e, em escala, ainda hoje faz, permitindo-se a cobia do poder do mundo. O diabo esteve realmente presente? Ou foi s uma luta ntima? No se diz sob que forma o diabo apareceu a Jesus. Mas evidentemente Jesus reconheceu que as sugestes partiam de Satans, que ali estava resolvido, seriamente, a frustrar-Lhe a misso. Pensa-se que o local da tentao de Jesus foram as alturas desoladas e estreis da regio montanhosa que dominava Jeric, acima do ribeiro de Querite, onde os corvos alimentaram Elias, e de onde possivelmente se divisava ao longe o Glgota, local da ltima batalha de Cristo. Jesus jejuou 40 dias. Moiss jejuara 40 dias no Monte Sinai quando os Dez Mandamentos foram dados, (x 34.28). Elias jejuara 40 dias, a caminho para o mesmo monte, (1Rs 19.8). Moiss representava a Lei. Elias, os profetas. Jesus era o Messias, para quem a Lei e os profetas apontavam. Os trs grandes representantes da revelao divina ao homem. Do alto do monte onde Jesus jejuava, olhando a Leste para o outro lado do Jordo, podia divisar a Cordilheira do Nebo, onde Moiss e Elias, sculos antes, subiram para Deus. Uns trs anos depois, estes trs homens tiveram um encontro, em meio s glrias celestes da transfigurao, no Monte Hermom, 160 km ao Norte, cujo pico nevado via-se distintamente do Monte da Tentao: companheiros no sofrimento e agora companheiros na glria. 1.10. O grande discurso sobre o fim (Cap. 24 e 25) 1.10.1. A queda de Jerusalm, a vinda de Cristo e o fim do mundo Este discurso foi proferido aps Jesus ter deixado o Templo pela ltima vez. Versou sobre a destruio de Jerusalm, Sua vinda e o fim do mundo. Algumas de Suas palavras se referem a um fato, outras aludem a outro. Algumas esto de tal forma intricadas que difcil saber a qual dos eventos se referem. Talvez esse estilo pouco claro fosse intencional. Parece claro que Ele tinha em mente dois eventos distintos, separados por um intervalo, indicados por esta gerao em 24.34, e por aquele dia em 24.36. Alguns entendem, por esta gerao (24.34), esta nao, isto , a raa judaica que no passaria sem que o SENHOR voltasse. A opinio mais comum que Jesus quis significar o seguinte: Jerusalm seria destruda ainda naquela gerao que ento vivia. Quem olha para dois cumes de montanhas distantes, estando um atrs do outro, parece vlos juntos, embora estejam muito afastados um do outro. Assim, na perspectiva de Jesus, esses dois eventos, estavam muito aproximados entre si, apesar de longo intervalo entre os dois. O que disse numa sentena pode referir-se a uma era inteira. O que aconteceu num caso pode ser o princpio de cumprimento do que acontecer no outro. Suas palavras a respeito de Jerusalm cumpriram-se literalmente dentro de 40 anos. Os edifcios magnficos de mrmore e ouro foram to completamente arrasados pelo exrcito romano, 70 d.C. que, segundo Josefo, o local parecia que nunca fora antes ocupado. 1.10.2. A Segunda Vinda de Jesus Grande parte deste grande discurso dedica-se segunda vinda de Jesus. Vendo que Sua morte ocorreria dentro de trs dias e sabendo que os discpulos ficariam assombrados quase a ponto de perder a f nele e no Seu reino, empreende a difcil tarefa de explicar que eles ainda vero realizadas suas esperanas de um modo muito mais grandioso do que jamais sonharam.
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Os pensamentos de Jesus detm-se largamente em Seu segundo advento: Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com Ele, (Mt 25.31). O Filho do Homem h de vir na glria de seu Pai, com os seus anjos e ento retribuir a cada um conforme as suas obras, (Mt 16.27). Assim como o relmpago sai do oriente e se mostra at no ocidente, assim h de ser a vinda do Filho do Homem (Mt 24.27). Assim como foi nos dias de No, tambm ser a vinda do Filho do homem (Mt 24.37). O mesmo aconteceu nos dias de L... assim ser no dia em que o Filho do homem se manifestar (Lc 17.28-30). Ento se ver o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glria (Lc 21.27). Qualquer que (...) se envergonhar de mim tambm o Filho do homem se envergonhar dele quando vier na glria de seu Pai com os santos anjos (Mc 8.38). Vou preparar-vos lugar voltarei e vos levarei para mim mesmo (Jo 14.2-3).
Sua vinda ser anunciada com grande clamor de trombeta (Mt 24.31), como outrora se fez para reunir o povo (x 19.13,16,19). O fato de Paulo haver repetido esta expresso a trombeta soar, em conexo com a ressurreio, 1Co 15.52, e em 1Ts 4.16 onde diz, O Senhor mesmo (...) ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descer dos cus , indica que pode ser mais do que mera figura de linguagem. Um grandioso acontecimento histrico, real e repentino, quando Ele agregar os Seus a Si, dentre os vivos e os mortos, numa escala vasta e macia. Nem Sua vinda a Jerusalm no juzo de 70 d.C., nem a vinda do Esprito Santo no dia de Pentecostes; nem Sua vinda ao Seu povo em novas experincias sempre repetidas; nem nossa ida para Ele na morte; nenhum destes casos pode esgotar o sentido das palavras de Jesus quanto a vir outra Vez. melhor que no sejamos por demais dogmticos a respeito de certos eventos concomitantes, relacionados com a Sua vinda. Mas, se a linguagem de qualquer modo um veculo de idias, decerto seria preciso muita explanao e interpretao para se compreender as palavras de Jesus de outro modo, e no perceber que Ele considerava a Sua segunda vinda um evento histrico definido, quando pessoal e literalmente aparecer a fim de reunir a Si e para a glria eterna aqueles que foram redimidos pelo Seu sangue. E melhor no obscurecer a esperana de Sua vinda com uma teoria muito circunstanciada sobre o que ir acontecer quando Ele vier. Muita gente (supomos) vai ficar tremendamente desapontada, se Jesus no proceder de acordo com o programa que ela j traou para Ele. Conta-se que a rainha Vitria, profundamente emocionada com um sermo de F. W. Farrar, sobre a segunda vinda do SENHOR, disse-lhe: Cnego Farrar, gostaria de estar viva quando Jesus viesse, para depositar aos Seus ps a coroa da Inglaterra. 1.11. Estudando as parbolas de Mateus O estudo das parbolas de Mateus 13 tem como propsito a anlise da mensagem central contida neste captulo do evangelho de Mateus, tendo em vista tambm o estudo de qual foi o contexto natural da poca do ministrio pblico de Jesus que O levou a anunciar estas chamadas Parbolas do Reino. Visto que tambm seria muito relevante a pesquisa a respeito da perspectiva judaica a respeito do Reino Messinico e como foi que Cristo quebrou alguns destes paradigmas estabelecidos pelos judeus na espera do seu Rei.
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H uma grande necessidade em se estudar esta passagem e seu contexto histrico de acordo com o ministrio de Jesus aqui na terra, a fim de que no sejamos ignorantes a respeito do que se sucedeu, est acontecendo e ir acontecer futuramente com respeito ao estabelecimento definitivo do Reino Messinico em nosso meio. A necessidade pessoal do estudo deste assunto vai alm das exigncias para o cumprimento dos requisitos parciais desta matria, pois tenho a inteno de criar em mim o hbito de analisar e interpretar os textos aos quais me proponho a estudar, sendo esta uma oportunidade grandiosa e tambm muito valiosa. Procurarei abranger ao mximo possvel a anlise deste assunto em questo utilizando-me de diversos livros como comentrios bblicos, apostilas e outras referncias bibliogrficas concernentes ao tema a ser pesquisado, como dicionrios teolgicos e at materiais no-publicados oficialmente, expressando estes conceitos de forma clara e sucinta, atingindo assim o propsito deste estudo e pesquisa. 1.12. Contexto histrico do ministrio pblico de Jesus at Mateus 13 At o contexto em que Jesus anunciou as parbolas contidas em Mateus 13 ocorreram grandes fatos relevantes em Seu ministrio pblico, que de uma maneira ou de outra contriburam definitivamente para a predio destas parbolas. 1.12.1. Seu preparo Antes do incio de Seu ministrio pblico, Jesus passou por algumas experincias que lhe foram necessrias passar antes de que Ele iniciasse assim o Seu ministrio. O Seu batismo feito por Joo Batista (Mt 3.13-17) tinha como objetivo seguir a ordem de Deus e tambm a tradio de que, quando um sacerdote comeava a oficiar nessa capacidade, com a idade de trinta anos, lavava-se com gua (Ex 29.1-4; Lv 8.1-6). E ento Jesus atravs do Seu batismo reivindicou sobre Si o conceito de Sacerdote. Foi tambm uma maneira de se apresentar ao povo (no sendo claro o ato do batismo em si mas o momento experimentado por Ele). Estava tambm cumprindo com o conceito da Kenosis onde Ele se auto-esvaziou a fim de se fazer igual ao povo. Em suma atravs do Seu batismo Jesus estava se consagrando ao ministrio que Deus lhe confiara (Lc 3.21,22). Atravs da tentao de Jesus, Deus tinha como propsito demonstrar que o Seu Filho possua as credenciais de impecabilidade e tambm comunho direta com o Pai, a fim de demonstrar que os Seus (de Jesus) feitos e tambm a Sua morte na cruz eram dignas de ser realizadas apenas por (RYLE, J.C. Meditaes no Evangelho de Mateus. Editora Fiel: So Jos dos Campos, 1991. p. 18) aquele que foi tentado em todas as cousas, nossa semelhana, mas sem pecado (Hb 4.15b - VRA). A tentao tambm foi prova que, de fato, Jesus se exps todas as caractersticas espirituais, fsicas, emocionais, etc. que os seres humanos possuem, fazendo-se assim homem. 1.12.2. Seu ministrio em Jerusalm (Judia) Aps o Seu preparo, Jesus vai para Jerusalm e permanece cerca de 8 meses nesta cidade desenvolvendo o Seu ministrio. Durante este primeiro ministrio na Judia Jesus estava atravessando um perodo obscuro da Sua popularidade como Rei-Messias, pois pouqussimas pessoas conheciam o Seu nome, as Suas obras e feitos e tambm o contedo da Sua pregao. Mas, por causa deste ministrio na Judia ... o Seu ministrio comeou a ficar [e de fato ficou] relevante .
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1.12.3. Seu ministrio na Galilia Aps os oito meses de ministrio que Jesus teve na Judia e tambm na Samaria, Ele decidi ir para a Galilia onde mais especialmente em Cafarnaum Jesus estabeleceria esta cidade como sendo o Seu quartel general . Os motivos que levaram Jesus a ter a cidade de Cafarnaum como o Seu ponto de estadia principal foi de que esta cidade ocupava uma regio privilegiada s margens do Mar da Galilia, o que a tornava quase que a principal via de acesso para Decpolis . A cidade de Cafarnaum foi cenrio de uma ocupao militar por parte das tropas romanas, possvel se dizer isso pois em Cafarnaum havia um centurio (Mt 8.5) que era um oficial do exrcito romano que comandava 100 homens , o que para aquela poca era um nmero expressivo. Todo este peso militar na cidade de Cafarnaum conferiu a ela o status de cidade tranqila com ar de liberdade. Era l que moravam os discpulos Pedro e Andr (Mc 1.29), e o fato de Jesus ter feito desta cidade o Seu quartel general e tambm local de Sua morada (Mt 4.13) levou o evangelista Mateus a fazer meno em Mateus 9.1 de que Cafarnaum era a cidade de Jesus; sendo que foi usada por Jesus como a cidade inicial e tambm como ponto terminal de todas as Suas viagens por toda a Galilia. Nessa nova fase do ministrio pblico de Jesus na Galilia que Ele comea a se tornar popular, pois os galileus estavam informados de que este tal Jesus operava sinais, milagres e maravilhas na Judia. E ento os moradores da Galilia O recebem de braos abertos quando Ele pisa pela primeira vez no solo galileu (Jo 4.45). O ministrio de Jesus na Galilia durou aproximadamente 1 ano e 8 meses e num perodo de mais ou menos 10 meses que Jesus reina praticamente soberano sobre toda a Galilia, pois a geografia da Galilia tinha no mximo 100 Km de comprimento por 50 Km de largura , o que favorecia grandemente para que Jesus percorresse toda esta regio pregando Sua mensagem, e operando Seus milagres, alm de estar conquistando Seus adeptos. Ainda que a motivao dos galileus no fossem a mais correta possvel, pois eles estavam mais interessados nos feitos e realizaes de Jesus do que propriamente com Suas palavras, Jesus foi atingindo gradativamente a Sua popularidade ministerial como pessoa e tambm como um milagreiro da poca. A estratgia que Jesus utilizou para atingir tal posio foi mediante os Seus feitos: milagres, curas, sinais, prodgios e tambm o simples fato d'Ele andar no meio do povo. Aps o trmino da segunda viagem que Jesus fez pela Galilia, Ele ento volta para Sua casa em Cafarnaum (Mt 13.1), como era de costume pois sempre aps uma viagem pela Galilia, Ele logo voltava para Cafarnaum, e entrando num barco que estava s margens do Mar da Galilia, Ele ento pronuncia as parbolas do Reino (Mt 13.1-52) uma multido que estava em p na praia ouvindo Seus ensinamentos. O propsito e motivo destas parbolas sero tratados num prximo captulo. 1.12.4. Expectativa judaica pelo reino messinico Desde Gnesis 3.15 Deus revelou ao povo hebreu atravs dos vrios escritores vtero-testamentrios de que Ele enviaria Aquele que haveria de instituir um reino eterno e sem igual, vindo da parte Deus e que reinaria sobre toda a nao de Israel. A vinda do Messias seria o cumprimento da atividade redentora de Deus ao ser humano. A instituio do Reino de Deus seria a manifestao perfeita de Deus a Seu povo, e Sua permanncia eterna entre os homens. Textos como 2Sm 7.12-16; Sl 132.11; Is 9.1,2,6,7; 16.5; 43.1-3; 53.4; Jr 23.5; Dn 2.44; 7.14,27; Mq 4.7; 5.2, sugeriram bases concretas para que este povo hebreu, em toda a sua histria, ficassem ansiosos com a vinda deste Messias e Rei e cressem de que Ele seria o libertador eterno da nao de Israel. A cada novo rei ou profeta que Deus suscitava em Israel no Velho Testamento o povo logo tinha a expectativa de que este seria o to prometido Rei de Israel. Assim aconteceu com Moiss, Davi, Elias.
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E atravs deste pr-suposto os judeus criaram um absoluto em sua crena divina de que o verdadeiro Rei de Israel seria uma juno (em carter, poder, espiritualidade, etc.) destes grandes lderes polticos e religiosos que Israel j teve, ou a encarnao plena de um deles. Existia a esperana de um Rei vindo da prpria nao israelita que derrotaria eternamente os romanos, livrando-os assim do domnio imperial, sendo que este Rei teria o mesmo sucesso monrquico que o grande rei histrico Davi teve, onde a capital deste grande reino seria a cidade de Jerusalm. Os judeus tinham o pensamento de que este Rei-Messias reuniria ... os remanescentes dispersos de Israel, e ocasionaria uma vida infindvel de alegria aos israelitas. Uma outra idia que predominava na mente dos judeus de que o Rei-Messias seria algum sobrenatural, manifestando esta faceta do seu carter atravs da ressurreio dos mortos de todas as pocas, julgando e transformando o mundo e seus habitantes. Em suma, a perspectiva judaica a respeito do Rei-Messias e Seu Reino de que este teria a sua consumao plena e perfeita aqui na terra, tornando assim o Reino Messinico algo unicamente fsico e de instaurao imediata no momento em que o seu Rei viesse. Para Israel este reino significaria bnos sem fim manifesta numa vida de paz, alegria, prosperidade e liberdade, institudo to s pelas mos do seu Rei esperado. Porm o que nenhum judeu com certeza esperava de que o prometido Rei-Messias de Israel teria como paradeiro a cruz, o lugar maldito predito para os reconhecidos malfeitores do povo. Com Sua vinda Jesus comea ento a quebrar alguns paradigmas que os judeus haviam tornado-os em absolutos a respeito do Rei e do Seu Reino. Jesus atravs das Suas pregaes demonstra para o povo de que o Rei que eles estavam esperando j estava ali com eles, porm no para realizar e cumprir com todos os requisitos, exigncias e qualificaes que eles haviam alistado como uma ordem de servio a ser apenas executada ou satisfeita pelo Messias. Uma das maneiras que Jesus Se utilizou para anunciar de que o Reino ainda no estava totalmente instaurado foi atravs do Sermo do Monte (Mt 5-7), pois este apresenta os requisitos de Cristo para os que vivem na expectativa da plena manifestao do reino . O outro discurso que Jesus fala a respeito do Reino Messinico so as parbolas em Mateus 13, onde Ele diz que o Reino seria algo a se concretizar plenamente no futuro. 1.13. Parbolas Antes de propriamente entrarmos na questo das parbolas do reino descritas em Mateus 13, h a grande necessidade de traarmos uma linha de raciocnio lgica, teolgica e tambm histrica no que diz respeito s parbolas como um todo. 1.13.1. Definio Parbola segundo a concepo neo-testamentria, portanto tambm de Jesus, eram histrias e/ou estrias simples, tiradas das experincias e prticas cotidianas daqueles a quem eram proferidas estas parbolas. Embora fossem simples, elas cumpriam cabalmente com o intuito a que eram proferidas, ilustrar uma verdade tica ou religiosa tendo como paralelo exatamente as experincias cotidianas. Definindo parbola unicamente de acordo com o contexto histrico e o contedo de Mateus 13 seria ela uma linguagem de alto nvel teolgico, expressa de maneira profunda e substancial tendo como objetivo forar uma reao, positiva ou negativa, de crena ou incredulidade, de aceitao ou total reprovao por parte daqueles que a ouviam. Estas parbolas revelam a natureza do reino de Deus e/ou indicam como um filho do reino deve agir .
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1.13.2. Contexto histrico da utilizao de parbolas A utilizao de parbolas como uma linguagem alternativa na comunicao de verdades (de acordo com o padro daqueles que as pronunciam) tnicas e/ou religiosas vo muito alm das utilizaes que Jesus fez das mesmas e que so descritas pelos autores dos evangelhos. J no Antigo Testamento alguns escritores j se utilizavam de parbolas a fim de comunicarem verdades vindas do Senhor (2Sm 12.1-6; Is 5.1-7; Jr 18.1-4). Era tambm costume de muitos rabinos antes e ps-Jesus fazerem a utilizao de uma parbola nos momentos de controvrsias com outras seitas judaicas ou com a simples plebe. Eles tinham o intuito de camuflar (omitir) do pblico suas respostas rspidas proferidas contra aqueles a quem discutiam. Porm eles explicavam mais tarde o significado e aplicao das suas parbolas apenas para os seus seguidores. Alm de utilizar as parbolas como uma forma de comunicao verbal eles tambm se utilizavam delas na maneira escrita. As parbolas eram tambm muito utilizadas no Oriente porque em todo o Oriente, a idia de sabedoria era unida a esta forma de ensino , ou seja, ao mtodo de discurso figurativo tendo a sabedoria e filosofia como seus maiores contedos. A utilizao do vocbulo (........) na LXX uma traduo do mashal no hebraico que pode indicar a grande variedade de estilos de comunicao como: o provrbio, a metfora, a alegoria, a histria ilustrativa, a fbula, o enigma, o smile e as parbolas propriamente dita. Jesus na verdade se utilizou das parbolas como j sendo um tipo de comunicao verbal existente na poca, portanto, no foi o seu inventor mas sim o seu maior utilizador. 1.13.3. Propsito de Jesus em falar atravs de parbolas At o contexto de Mateus 13 Jesus falava por meio de parbolas apenas com o objetivo de que esta servisse de ilustrao aos Seus ensinamentos em questo, onde, se fosse necessrio saber sua interpretao o contexto em que foi proclamada cuidaria muito bem de faz-lo. Ao anunciar as parbolas de Mateus 13 Jesus comea a falar s multides apenas por parbolas (Mt 13.34), onde na sua maioria o contedo teolgico destas parbolas preocupava-se mais em anunciar alguma verdade a respeito de Jesus e Seu reino aos seus discpulos, do que propriamente proclamar uma verdade ou exemplo a ser seguidos pelas multides a quem Ele estava ensinando. Estas parbolas de Jesus tinham como pblico alvo os Seus prprios discpulos, pois at ento o povo judeu tinha se mostrado surdo aos apelos de arrependimento e converso propostas a eles por Jesus (Mt 11.12), dando crdito apenas aos milagres, curas, sinais e prodgios que Jesus fazia. O povo estava interessado to s e unicamente no lado bom do ministrio de Jesus, os poucos que estavam a fim de segui-Lo recebiam a sua interpretao. De agora em diante ento quando Jesus vai ensinar, proclamar verdades s multides incrdulas com seus coraes endurecidos Ele a faz apenas por meio de parbolas (Mt 13.34). Jesus decidiu ocultar deste povo incrdulo os mistrios do to sonhado e esperado Reino Messinico (Mt 13.10-15), sendo que na verdade tudo isso era o cumprimento de uma profecia predita pelo profeta Isaas (6.9,10) a respeito da pregao de Jesus nos Seus tempos. 1.13.4. Conceitos escatolgicos de Jesus contidos em Mateus 13 Atravs da parbola do semeador (13.3-8,18-23) Jesus est se referindo s diversas maneiras que os homens poderiam receber a Sua mensagem a respeito do reino. Jesus estava lidando com a tenso da rejeio por parte de alguns grupos judaicos porm ao mesmo tempo com Sua total aceitao por parte da grande maioria dos galileus.
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E ento Cristo transporta este quadro de aceitao e rejeio para ao longo da histria humana, onde estes 2 plos com certeza haveriam de continuar existindo. J nas parbolas do joio e trigo (13.24-30,36-43) e tambm da rede (13.47-50) Jesus d um panorama rpido de que a existncia conjunta entre o bem e o mal teria uma separao escatolgica definitiva predita para a consumao do sculo. Outro conceito escatolgico que Jesus possua e estava passando para Seus discpulos atravs da parbola do gro de mostarda (13.31,32) que as influncias da mensagem do reino englobaria todo tipo de gente, quer judeu quer gentio, sendo que esta mensagem do reino ter um crescimento rpido e repentino. Ainda que o crescimento da mensagem de Cristo referente ao reino cresa, infelizmente Jesus apresenta que os elementos malignos tambm crescero at o final da presente dispensao (13.33). Possivelmente Jesus estava tambm fazendo uma aluso daquilo que seria a Sua aceitao para com o povo, pois a perversidade destes O colocaram pregado no madeiro. As parbolas do tesouro escondido (13.44) e da prola de grande valor (13.45,46) serviram para Jesus mostrar qual deveria ser a atitude daqueles que um dia foram ou ainda seriam impactados pela mensagem do reino, uma alegre abnegao total. Foi exatamente isso que aconteceu com os 12 discpulos escolhidos por Jesus, e confiaram na mensagem de Cristo. De fato Cristo tinha um propsito muito claro ao anunciar as parbolas de Mateus 13 que era de tornar Seus discpulos conhecedores dos mistrios do reino dos cus (13.11). 1.13.5. Reino Messinico Com certeza os judeus nunca imaginaram que se sentiriam to frustrados com o seu to prometido ReiMessias de Israel. Porm foi exatamente isso que aconteceu, pois Jesus no tipificava o manequim de Rei que os judeus estavam a tanto tempo esperando. Jesus contestou a Sua to alta posio de Rei instaurando o Seu majestoso Reino no momento da Sua vinda atravs das parbolas do reino em Mateus 13. Jesus nada mais fez do que explicar aos judeus de que aquele reino que eles tanto esperavam ainda no seria totalmente estabelecido, devido incredulidade e dureza de seus coraes em receberem a mensagem de arrependimento e converso que Jesus at ento pronunciava. Literalmente os judeus estavam para colocar o pirulito na boca porm, se esqueceram de que este vinha embrulhado em um papel, e por no gostarem do sabor deste pirulito encapado acabaram jogando fora o to sonhado reino. Mas Deus em Sua soberania pr-determinou de que o total estabelecimento deste Reino Messinico se daria num futuro escatolgico. Na verdade este o ensinamento central das parbolas em Mateus 13. Quem tem ouvidos para ouvir oua Mt 13.9 .
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Captulo 2 Evangelho de Marcos Marcos, o mais breve e mais simples dos quatro Evangelhos, apresenta um relato conciso e de cenas rpidas da vida de Cristo. Com pequenos comentrios, Marcos deixa a narrativa falar por si s, quando conta a histria do servo que est constantemente em movimento, ao pregar, curar, ensinar e, por fim, morrer pelos pecadores. Seu ministrio comea com as massas, logo restringindo-se aos doze discpulos, e por fim culmina na cruz. Ali o Servo que no veio para ser servido, mas para servir faz o supremo sacrifcio de servial, dando sua vida em resgate de muitos (10.45). E esse padro de servio altrusta se torna o modelo para aqueles que seguem os passos do Servo. 2.1. Importncia do Evangelho Este Evangelho, o segundo dos livros do Novo Testamento, contm pouco material que no aparea igualmente em Mateus e Lucas. Apenas cinco passagens de Marcos (3.7-12; 4.26-29; 7.32-37; 8.22-26; 14.51-52) e alguns versculos isolados no foram registrados nos outros dois Evangelhos. Por essa razo, durante muito tempo, no se deu a Marcos a importncia teolgica e literria que realmente tem. No entanto, desde o sc. XIX comeou a firmar-se a idia de que o segundo Evangelho foi bsico na preparao de Mateus e Lucas. E, ao considerar-se assim que Marcos o documento mais antigo que possumos sobre a vida e a obra de Jesus, foi despertado um grande interesse por estud-lo. 2.2. Autoria Mesmo que o Evangelho de Marcos seja annimo, a antiga tradio unnime em dizer que o autor foi Joo Marcos, seguidor prximo de Pedro (1Pe 5.13) e companheiro de Paulo e Barnab em sua primeira viagem missionria. O mais antigo testemunho da autoria de Marcos tem origem em Papias, bispo da Igreja em Hierpolis (cerca de 135-140 d.C.), testemunho que preservado na Histria Eclesistica de Eusbio. Papias descreve Marcos como interprete de Pedro. Embora a igreja antiga tenha tomado cuidado em manter a autoria apostlica direta dos Evangelhos, os pais da igreja atriburam coerentemente este Evangelho a Marcos, que no era um apstolo. Joo Marcos era filho de certa Maria, cuja casa em Jerusalm era lugar de reunio dos discpulos, (At 12.12). Sendo parente de Barnab, (Cl 4.10). Conjectura-se que foi ele o moo que fugiu desnudo, na noite em que Jesus foi preso, (Mc 14.51,52), quando comeou a interessar-se por Jesus. A linguagem de (1Pe 5.13) pode querer dizer ter sido ele um convertido desse apstolo. Provavelmente, a me de Marcos tinha posio de considervel influncia na Igreja em Jerusalm. Foi a casa dela que Pedro procurou logo ao ser libertado da priso pelo anjo, (At 12.12); 14 anos mais tarde, cerca de 45 d.C., seguiu com Paulo e Barnab a Antioquia, At 12.25; e esteve com eles no princpio de sua primeira viagem missionria, no prosseguindo. Depois, l por 50 d.C., quis fazer com Paulo a segunda viagem, porm este recusou-se a lev-lo. Deu isso ocasio a que Paulo e Barnab se separassem, (At 13.5,13; 15.37-39). Marcos, ento, partiu com Barnab para Chipre. Uns 12 anos depois, cerca de 62 d.C., acha-se em Roma com Paulo, (Cl 4.10; Fm 24). Quatro ou 5 anos mais adiante, este apstolo, logo antes do martrio, pede que Marcos v ter com ele, (2Tm 4.11). Parece, assim que Marcos, nos seus ltimos anos, tornou-se um dos auxiliares ntimos e queridos do Apstolo Paulo. Esteve com Pedro em Babilnia (Roma?), quando este apstolo escreveu sua primeira epstola, (1Pe 5.13). Antiga tradio crist reza que ele, pela maior parte do tempo, foi companheiro de Pedro e escreveu a histria de Jesus como a ouviu desse Apstolo em suas pregaes. Julga-se que este Evangelho foi escrito o divulgado em Roma, entre 60 e 70 d.C.
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2.3. Data Os fundadores da Igreja declaram que o Evangelho de Marcos foi escrito depois da morte de Pedro, que aconteceu durante as perseguies do Imperador Nero por volta de 67 d.C. O Evangelho em si, especialmente o cap. 13, indica ter sido escrito antes da destruio do Templo em 70 d.C. A maior parte das evidncias sustenta uma data entre 65 e 70 d.C. 2.4. Consideraes Marcos no um historiador no sentido que hoje damos ao termo. Antes, um narrador que conta o que chegou ao seu conhecimento. Escreve em grego, com a rusticidade caracterstica de quem est usando um idioma que no lhe prprio e, contudo, sabe desenvolver um estilo vivo e vigoroso. Recorre, provavelmente, memria de coisas ouvidas, mas capaz de criar no leitor a impresso de encontrar-se ante uma testemunha ocular dos fatos relatados. 2.5. Caractersticas teolgicas e literrias Este Evangelho proclama em cada uma das suas pginas que Jesus a revelao definitiva de Deus, o qual, em seu Filho eterno, se integra na histria da humanidade: Jesus, o singelo mestre chegado da Galilia (1.9), o Cristo, o Messias a quem desde sculos antigos esperava o povo de Israel (8.29; 9.41; 14.61-62). O evangelista anuncia a presena de Jesus no mundo como o sinal imediato da vinda do reino de Deus (1.14-15; 4.1-34). A personalidade de Jesus, entretanto, no satisfaz s expectativas judaicas, pois longe de apresentarse como messias poltico e militar, o faz como um homem humilde cuja atividade e ensinamentos no correspondiam imagem triunfante de um libertador nacional. Jesus de Nazar, o Filho de Deus, tambm o Filho do Homem. Participa dos sentimentos humanos e sujeito ao sofrimento e morte (8.31). Com conscincia da sua natureza humana, exige frequentemente que a sua funo messinica se mantenha em segredo (1.43-44; 5.43; 8.29-30; 9.9,30-31), at que chegue o momento de ser acreditada pelos padecimentos morais e fsicos que ele dever enfrentar (14.35-36; 15.39). Uma caracterstica tpica de Marcos que dedica mais espao aos atos que aos discursos de Jesus. Na realidade, s dois desses ltimos podem ser considerados como tais: a srie de parbolas de 4.1-34 e o sermo escatolgico de 13.3-37. Tudo mais so breves intervenes de ensinamento, exortao ou controvrsia. Por outro lado, o evangelista concede descrio dos atos um espao mais amplo, inclusive, s vezes, superior ao que Mateus e Lucas dedicam a narrativas paralelas (cf. 5.21-43 com Mt 9.18-26 e Lc 8.40-56; 6.14-29 com Mt 14.1-12; 6.30 com Mt 14.13-21 e Lc 9.10-17). medida que progride, o desenvolvimento dramtico do segundo Evangelho cresce em intensidade, at alcanar o seu ponto culminante no relato da paixo, crucificao e ressurreio de Jesus. O Senhor anuncia trs vezes esses acontecimentos aos seus discpulos: O Filho do homem ser entregue aos principais sacerdotes e aos escribas... e o entregaro aos gentios; ho de... mat-lo; mas, depois de trs dias, ressuscitar (10.33-34; ver 8.31 e 9.31. Mt 16.21; 17.22-23; 20.18-19 e Lc 9.22; 9.44; 18.32-33). Os discpulos no compreenderam at o ltimo momento que o sacrifcio de Jesus Cristo fazia parte do plano de salvao de que Deus o havia incumbido (8.32-38; 16.19-20). 2.6. Cristo revelado Esse livro no uma biografia, mas uma histria concisa da redeno obtida mediante o trabalho expiatrio de Cristo. Marcos demonstra as reivindicaes messinicas de Jesus enfatizando sua autoridade com o Mestre (1.22) e sua autoridade sobre satans e os esprito malignos (1.27; 3.20-30), o pecado (2.1-12), o sbado (2.27-28; 3.1-6), a natureza (4.35-41; 6.45-52), a doena (5.21-34), a morte (5.35-43), as tradies legalistas (7.1-13,14-20), e o templo (11.15-18).
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Ttulo de abertura do trabalho de Marcos, Princpio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (1.1), fornece sua tese central em relao a identidade de Jesus como o filho de Deus. Tanto o batismo quanto a transfigurao testemunham sua qualidade de filho (1.11; 9.7). Em duas ocasies, os espritos imundos o reconhecem como Filho de Deus (3.11; 5.7). A parbola dos lavradores malvados (12.6) faz aluso qualidade de filho divino de Jesus (12.6). Por fim, a narrativa da crucificao termina com a confisso do centurio: Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus. (15.39) O ttulo que Jesus usava com mais frequncia para si prprio, num total de quatorze vezes em Marcos, Filho do Homem. Como designao para o Messias, este termo (ver Dn 7.13) no era to popular entre os Judeus como o ttulo Filho do Homem para revelar e para esconder seu messianismo e relacionar-se tanto com Deus quanto com o homem. Marcos, atentando para o discipulado, sugere que os discpulos de Jesus deveriam ter um discernimento amplo ao mistrio de sua identidade. Mesmo apesar de muitas pessoas interpretarem mal sua pessoa e misso, enquanto os demnios confessam sua qualidade de filho de Deus, os discpulos de Jesus precisam ver alm de sua misso, aceitar sua cruz e segui-lo. A segunda vinda do Filho do Homem revelar totalmente seu poder e glria. 2.7. O Esprito Santo em ao Junto com os outros escritores do Evangelho, Marcos recorda a profecia de Joo Batista de que Jesus vos batizar com o Esprito Santo (1.8), Os crentes seriam totalmente imersos no Esprito, como os seguidores de Joo o eram nas guas. O Esprito Santo desceu sobre Jesus em seu batismo (1.10), habilitando-o para seu trabalho messinico de cumprimento da profecia de Isaas (Is 42.1; 48.16; 61.12). A narrativa do ministrio subsequente de Cristo testemunha o fato de que seus milagres e ensinamentos resultaram da uno do Esprito Santo. Marcos declara graficamente que o Esprito o impeliu para o deserto (1.12) para que fosse tentado, sugerindo a urgncia por encontrar e vencer as tentaes de Satans, que queria corromp-lo antes que ele embarcasse em uma misso de destruir o poder do inimigo nos outros. O pecado contra o Esprito Santo colocado em contraste com todos os pecados (3.28), pois esses pecados e blasfmias podem ser perdoados. O contexto define o significado dessa verdade assustadora. Os escribas blasfemaram contra o Esprito Santo ao atriburem a satans a expulso dos demnios que Jesus realizava pela ao do Esprito Santo (3.22). Sua viso prejudicada tornou-os incapazes do verdadeiro discernimento. A explicao de Marcos confirma o motivo de Jesus ter feito essa grave declarao (3.30). Jesus tambm refere inspirao do AT pelo Esprito Santo (12.36). Um grande estmulo aos cristos que enfrentam a hostilidade de autoridades injustas a garantia do Senhor de que o Esprito Santo falar atravs deles quando testemunharem de Cristo (13.11). Alm das referncias explcitas ao Esprito Santo, Marcos emprega palavras associadas com o dom do Esprito, como: poder, autoridade, profeta, cura, imposio de mos, Messias e Reino. 2.8. Contedo Marcos fundamenta seu Evangelho em torno de vrios movimentos geogrficos de Jesus, que chega ao clmax com sua morte e ressurreio subsequente. Aps a introduo (1.1-13), Marcos narra o ministrio pblico de Jesus na Galilia (1.14-9.50) e Judia (caps 10-13), culminando na paixo e ressurreio (caps 14-16). O Evangelho pode ser visto como duas metades unidas pela confisso de Pedro de que Jesus era o Messias (8.27-30) e pelo primeiro anncio de Jesus e sua crucificao (8.31). Marcos o menor dos Evangelhos, e no contm nenhuma genealogia e explicao do nascimento e antigo ministrio de Jesus na Judia. o evangelho da ao, movendo-se rapidamente de uma cena para outra. O Evangelho de Joo um retrato estudado do Senhor, Mateus e Lucas apresentam o que poderia ser descrito como uma srie de imagens coloridas, enquanto que Marcos como um filme da vida de Jesus.
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Ele destaca as atividades dos registros mediante o uso da palavra grega euteos que costuma ser traduzida por imediatamente. A palavra ocorre quarenta e duas vezes, mais do que em todo o resto do NT. O uso frequente do imperfeito por Marcos denotando ao contnua, tambm torna a narrativa rpida. Marcos tambm o Evangelho da vivacidade. Frases grficas e surpreendentes ocorrem com frequncia para permitir que o leitor reproduza mentalmente a cena descrita. Os olhares e gestos de Jesus recebem ateno fora do comum. Existem muitos latinismos no Evangelho (4.21; 12.14; 6.27; 15.39). Marcos enfatiza pouco a lei e os costumes judaicos, e sempre os interpreta para o leitor quando os menciona. Essa caracterstica tende a apoiar a tradio de que Marcos escreveu para uma audincia romana e gentlica. De muitas formas, ele enfatiza a Paixo de Jesus de modo que se torna a escala pela qual todo o ministrio pode ser medido: Porque o Filho do Homem tambm no veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos(10.45). Todo o ministrio de Jesus (milagres, comunho com os pecadores, escolha de discpulos, ensinamentos sobre o reino de Deus, etc.) est inserido no contexto do amor oferecido pelo Filho de Deus, que tem seu clmax na cruz e ressurreio. Os fundadores da Igreja declaram que o Evangelho de Marcos foi escrito depois da morte de Pedro, que aconteceu durante as perseguies do Imperador Nero por volta de 67 d.C. O Evangelho em si, especialmente o cap. 13, indica ter sido escrito antes da destruio do Templo em 70 d.C. A maior parte das evidncias sustenta uma data entre 65 e 70 d.C. Com respeito composio de Marcos, provvel que teve lugar em Roma ou, talvez, na Antioquia da Sria, antes do ano 70, data em que Jerusalm foi destruda. No h base cronolgica que permita datla com exatido, de forma que alguns historiadores a situam entre 65 e 70, isto , nos anos que seguiram perseguio de 64, decretada por Nero; outros situam a data em torno do ano 63; e ainda outros a fazem retroceder at a dcada de 50. A antiga tradio eclesistica viu neste Evangelho a influncia dos ensinamentos de Pedro, de quem Marcos teria sido discpulo. Em princpio, foi escrito para leitores de origem gentlica, residentes fora da Palestina. Assim o sugere, entre outras peculiaridades, o fato de que o autor acrescenta traduo grega expresses cujo original aramaico incorpora ao texto com a maior fidelidade (cf. 5.41, 7.11,34; 14.36; 15.22,34). 2.9. Contexto Histrico Em 64 d.C., Nero acusou a comunidade crist de colocar fogo na cidade de Roma, e por esse motivo instigou uma temerosa perseguio na qual Paulo e Pedro morreram. Em meio a uma igreja perseguida, vivendo constantemente sob ameaa de morte, o evangelista Marcos escreveu suas boas novas. Est claro que ele quer que seus leitores tomem a vida e exemplo de Jesus como modelo de coragem e fora. O que era verdade para Jesus deveria ser para os apstolos e discpulos de todas as idades. No centro do Evangelho h pronunciamentos explcito de que importava que o Filho do Homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos ancios, e pelos prncipes dos sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, mas que, depois de trs dias, ressuscitaria (8.31). Esse pronunciamento de sofrimento e morte repetido (9.31; 10.32-34), mas torna-se uma norma para o comprometimento do discipulado: Se algum quiser vir aps mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz e siga-me (8.34). Marcos guia seus leitores cruz de Jesus, onde eles podem descobrir o significado e esperana em seu sofrimento.
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2.9.1. Estrutura do Evangelho A estrutura formal de Marcos tem dado lugar a diversas anlises e a diferentes possibilidades de dividir o texto. A que mais adiante se oferece toma como base a revelao progressiva que Jesus faz de si mesmo: - por um lado a sua personalidade (cf. 1.7-8, 10-11; 4.41; 8.27-29; 9.7), o seu poder frente natureza, dor e morte (cf. 1.30-31,40-42; 2.3-12; 4.37-39; 5.22-42; 6.45-51) e a sua luta contra as foras do mal (cf. 1.24-27; 3.11; 9.25-27); a ndole da sua misso, primeiro como mestre e profeta (cf. 1.37- 39; 2.18-28; 3.13-19,23-29; 4.1-34; 9.2-10.45; 13.3-37; 14.61-62), e definitivamente como Senhor e Salvador (16.15-18).
2.9.2. Objetivos O romano era o povo dominador do mundo daquele tempo. Marcos escreveu especialmente para ele. O homem romano no sabia nada do Antigo Testamento. O cumprimento de profecias no lhe interessava. Mas estava profundamente interessado em um lder notvel que surgira na Palestina. A esse lder se atribua autoridade fora do comum e possua poderes extraordinrios. Eles queriam ouvir mais a respeito de Jesus; que tipo de pessoa ele realmente era, o que tinha dito e o que tinha feito. Os romanos gostavam da mensagem direta de algum como Marcos. Mil e tantas vezes Marcos usa a conjuno e. o Evangelho do ministrio de Jesus. O romano dos dias de Jesus era um tipo semelhante ao homem de negcios de hoje. Ele no est interessado na genealogia de um rei, mas num Deus capaz de suprir as necessidades dirias do indivduo. Marcos o Evangelho do homem de negcios. Nas dcadas de 60-70 d.C., os crentes de Roma eram tratados cruelmente pelo povo e muitos foram torturados e mortos pelo Imperador Romano, Nero. Segundo a tradio, entre os mrtires cristos de Roma, nessa dcada, esto os apstolos Pedro e Paulo. Como um dos lderes eclesisticos em Roma, Joo Marcos foi inspirado pelo Esprito Santo a escrever este Evangelho, como uma anteviso proftica desse perodo da perseguio, ou como uma resposta pastoral perseguio. Sua inteno era fortalecer os alicerces da f dos crentes romanos e, se necessrio fosse, inspir-los a sofrer fielmente em prol do evangelho, oferecendo-lhe como modelo a vida, o sofrimento, a morte e a ressurreio de Jesus, seu Senhor. Podemos dividi-lo em algumas partes: 1. Sditos para o Seu reino (Mc 1-5); 2. Conquistando o reino pelo Seu poder (Mc 6-10); 3. Reivindicando o Seu direito (Mc 11-16). 4. Pontos salientes em Marcos 5. A Trama para matar a Jesus (Mc 14.1-2). Foi na tarde da tera-feira. Cerca de um ms antes disto, depois que Jesus ressuscitou a Lzaro, o sindrio decidira definitivamente mat-Lo, (Jo 11.53). Mas a popularidade d'Ele tornou-o difcil, (Lc 22.2). At em Jerusalm as multides no O deixavam, (Mc 12.37; Lc 19.48). A oportunidade chegou, na segunda noite depois desta, com a traio de Judas que, num movimento de surpresa, entregou-O a eles de noite, enquanto a cidade dormia. Apressaram-se em fazer que fosse condenado antes que clareasse o dia e, de manh, antes que as multides na cidade despertassem, j O tinham pregado na cruz.
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2.9.3. A traio (Mc 14.10-11) Cabia-lhe entregar Jesus a eles, na ausncia das multides. No ousavam prend-lo abertamente, para no serem apedrejados pelo povo. Judas levou-os a Jesus em um dos Seus lugares secretos de retiro, depois que a cidade se recolheu. Jesus sabia desde o princpio que Judas o trairia. Por que foi escolhido, um dos mistrios de Deus. Trinta moedas de prata eram equivalentes ao preo de um escravo, (x 21.32). Judas pode ter pensado que Jesus usaria Seu poder miraculoso para livrar-Se, ou pode ser que ele procurasse forar Jesus a revelar-Se. Todavia, aos olhos de Deus foi um ato de perfdia, porque Jesus disse que fora melhor para Judas no ter nascido, (Mt 26.24). Tudo isso foi admiravelmente predito, (Zc 11.12-13) Jeremias, (Mt 27.9-10) ou entrou a por engano do copista, ou porque o grupo inteiro de livros profticos era algumas vezes chamado pelo nome de Jeremias. 2.9.4. O Julgamento de Jesus (14.53-15.20) Houve dois julgamentos: diante do sindrio e diante de Pilatos, o governador romano. A Judia estava sujeita a Roma. O sindrio no podia executar sentena de morte sem o consentimento do governador romano. Houve trs etapas em cada julgamento, seis ao todo. 1. Diante de Ans, (Jo 18.12-24). Cerca de meia-noite. Caifs era o sumo sacerdote. Mas seu sogro, Ans, que fora deposto em 16 d.C., ainda retinha, mediante os filhos, a influncia e a autoridade do ofcio. A famlia enriquecera imensamente s custas das barracas de negcio no Templo. Sobre o sumo sacerdote da nao judaica recai a primeira responsabilidade da morte de Jesus. 2. Diante do sindrio, na casa de Caifs, (Mt 26.57; Mc 14.53; Lc 22.54; Jo 18.24). Deu-se entre a meia-noite e o clarear do dia. Foi este o principal julgamento da parte dos judeus. Incapazes de apresentar alguma acusao baseada em testemunho, condenaram-no sob a acusao de blasfmia, por Se haver Ele declarado Filho de Deus, (Mc 14.61-62). Depois, enquanto esperavam que o dia clareasse, escarneceram d'Ele. Foi quando Pedro O negou. Esta sesso deles, processada noite, era ilegal por fora da prpria lei que os regia. 3. O dia j claro, o sindrio ratifica oficialmente sua deciso de meia-noite, (Mt 27.1; Mc 15.1; Lc 22.66-71), para lhe dar aparncia de legalidade. A acusao era de blasfmia. Mas diante de Pilatos isso no valeria muito. De modo que, para ele, excogitaram a acusao de sedio contra o governo romano. A verdadeira razo era a inveja que tinham da popularidade de Jesus (Mt 27.18). 4. Diante de Pilatos, (Mt 27.2, 11.14; Mc 15.1-5; Lc 23.1-5; Jo 18.28-38), pouco depois de o dia clarear. Jesus no replicou s acusaes deles. Pilatos admirou-se. Depois f-Lo entrar no palcio para uma entrevista particular, que mais o convenceu da inocncia de Jesus. Vindo a saber ser Ele da Galilia, mandou-O a Herodes, que tinha jurisdio sobre aquela parte do pas. 5. Diante de Herodes, (Lc 23.6-12). Foi este o Herodes que matara Joo Batista, e cujo pai assassinara os meninos de Belm. Jesus no fez absolutamente caso dele, recusando-se firmemente a responder suas perguntas. Herodes escarneceu dele, vestiu-O de uma roupa aparatosa, e mandou-O de volta a Pilatos. 6. Diante de Pilatos outra vez, (Mt 27.15-26; Mc 15.6-15; Lc 23.13-25; Jo 18.39-19.16). Pilatos tenta desviar-se das autoridades e dirigir-se ao povo diretamente. Mas o povo no tribunal, em peso, escolhe Barrabs. Depois Pilatos ordena o aoite de Jesus (Mt 27:26), na esperana de que isto satisfaria turba. Ouve dizer que Jesus Se afirmara Filho de Deus, e fica com mais medo. Outra entrevista particular e nova tentativa de solt-Lo. Sua esposa manda contar o sonho que tivera. Pilatos pasma diante da calma majestosa de Jesus com Sua coroa de espinhos. Surge, porm, o incio de um motim, e o ardil da ameaa de denunci-lo a Csar. Lavra a sentena, s 6 horas, (Jo 19.14).
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Captulo 3 Evangelho de Lucas Lucas, um mdico gentio, elabora sua narrativa evanglica em torno de uma apresentao histrica e cronolgica da vida de Jesus. Lucas o mais extenso e abrangente dos quatro Evangelhos, apresentando Jesus Cristo como o Homem Perfeito que veio buscar e salvar os pecadores. F crescente e oposio crescente se desenvolvem lado a lado. Os que crem em suas reivindicaes so desafiados a assumir o preo do discipulado; os que se opem a ele no ficaro satisfeitos at que o Filho do Homem penda sem vida numa cruz. A Ressurreio, porm, assegura que seu ministrio de buscar e salvar os perdidos continue na pessoa de seus discpulos, uma vez que estejam equipados com seu poder. 3.1. Autor Esse Evangelho foi escrito por Lucas, um mdico grego para os seus patrcios que amavam a beleza, a poesia e a cultura. Viviam num mundo de grandes conceitos. Era difcil agrad-los. O Evangelho de Lucas fala do nascimento e da infncia de Jesus, dos cnticos inspirados relacionados com a vida de Cristo. Nele encontramos a saudao de Isabel ao receber a visita de Maria (Lc 1.42-45). Tambm o cntico de Maria (Lc 1.46-55). O prprio Zacarias rompe em louvor ao recuperar o uso da palavra (Lc 1.68-79). Ao nascer o Salvador, ressoam as vozes de um coro de anjos (Lc 2.13,14), ouvindo-se, a seguir, o cntico de louvor entoado pelos pastores (Lc 2.20). O grego o tipo do estudante idealista de hoje em busca da verdade, por crer que ela traz a felicidade. Lucas no seu evangelho deixa claro que ele escreveu aos gentios. Por exemplo, ele apresenta a genealogia humana de Jesus, recuando-a at Ado (Lc 3.23-28) e no at Abrao, conforme fez Mateus (Mt 1.1-17). Em Lucas, Jesus visto claramente como o Salvador divino humano, que veio como a proviso divina da salvao para todos os descendentes de Ado. 3.2. Autor e objetivo do Evangelho Entre os quatro evangelistas, Lucas quem mais se aproxima do conceito atual de historiador. Cuidadoso no seu trabalho, provvel que ao comear a prepar-lo j teve a previso da publicao de uma obra em dois volumes. O primeiro o Evangelho que leva o seu nome; o segundo, Atos dos Apstolos. Com a publicao desses livros, o autor quis transmitir uma mensagem de valor universal: que Jesus, o Filho do Altssimo (1.32), representa o ltimo captulo do desenvolvimento da humanidade; e que a sua existncia terrena, manifesta sob a denominao de Filho do Homem (6.22), significa que Deus veio estabelecer o seu Reino entre ns e que nos convida a participar dessa realidade nova e definitiva (17.20-21). Desde o prlogo do Evangelho (1.1-4), Lucas revela uma grande preocupao de referir em detalhes uma narrao coordenada dos fatos que entre ns se realizaram (1.1). E mesmo que ele no tinha vivido pessoalmente o acontecimento de Cristo, trata de proclam-lo conforme nos transmitiram os que desde o princpio foram delas testemunhas oculares (1.2). Com esse objetivo se havia entregue de antemo a uma acurada investigao de tudo desde sua origem (1.3). Igualmente, como faria mais tarde ao compor o livro dos Atos dos Apstolos, tambm agora dedica Lucas o seu primeiro livro (At 1.1) a um personagem de destaque chamado Tefilo, acerca de quem no nos chegou maior informao. Apenas o conhecemos por essas dedicatrias, que na moldura dos seus respectivos prlogos (Lc 1.1-4; At 1.1-5), correspondem s formas literrias usuais entre os escritores gregos de ento.
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Lucas, certamente, preocupou-se em narrar de maneira inteligente e ordenada tudo quanto sabia acerca da pessoa e do ministrio de Jesus. Entretanto, no menos certo que, em sentido estrito, nunca pretendeu escrever uma biografia, seno um Evangelho. A sua inteno no esteve simplesmente orientada para dar a conhecer a vida, as caractersticas pessoais e a atividade de Jesus em meio multiplicidade de situaes religiosas, polticas e sociais em que se desenvolve o drama humano. Lucas, o evangelista, escreve desde a f e para a f, oferecendo com isso um testemunho pessoal de que Jesus o Messias que veio a dar cumprimento perfeito ao plano salvador preparado por Deus antes de todos os tempos. 3.3. Data Eruditos que admitem que Lucas usou o Evangelho de Marcos como fonte para escrever seu prprio relato datam Lucas por volta do ano 70 d.C. Outros, entretanto, salientam que Lucas o escreveu antes de Atos, que ele escreveu durante o primeiro encarceramento de Paulo pelos romanos, cerca de 63 d.C. Como Lucas estava em Cesaria de Filipe durante os dois anos em que Paulo ficou preso l (At 27.1), ele teria uma grande oportunidade durante aquele tempo para conduzir investigaes que ele menciona em 1.1-4. Se for este o caso, ento o Evangelho de Lucas pode ser datado por volta de 59-60 d.C., mas no mximo at 75 d.C. 3.4. Caractersticas teolgicas e literrias O Evangelho Segundo Lucas (Lc) ajusta-se, em termos gerais, aos esquemas de Mateus e de Marcos. Sendo assim, preciso acrescentar que Lucas trabalhou e poliu o seu texto com especial esmero. Do ponto de vista literrio, grande parte dos materiais redacionais comuns aos trs Evangelhos sinticos encontra-se mais depurada no terceiro Evangelho do que nos dois primeiros. Isso possvel graas ao domnio que Lucas possui do idioma e a riqueza do vocabulrio que maneja. A amplitude dos seus recursos estilsticos manifesta-se, inclusive, quando, a fim de reproduzir com fidelidade determinadas formas da fala popular aramaica (sobretudo em discursos de Jesus), introduz conscientemente semitismos ou palavras gregas que se distanciam do habitual nvel culto dele. A partir do prlogo, o texto de Lucas pode-se distribuir em cinco sees: 1. A primeira seo (1.5-2.52), sem paralelo em Mateus e Marcos, contm os relatos entrelaados do nascimento de Joo Batista e de Jesus. Ocorrem aqui algumas circunstncias que os tornam semelhantes: a apresentao de dados histricos (1.5 e 2.1-5); a apario do anjo Gabriel a Zacarias e Maria (1.19 e 1.26); as respectivas mensagens de que o anjo portador (1.11-20 e 1.26-38); os cnticos de Maria e Zacarias em louvor ao Senhor (1.46-55 e 1.67-79); o nascimento de Joo e o de Jesus e a circunciso de ambos em cumprimento do que foi estabelecido pela Lei Mosaica (1.57-59 e 2.21-24). 2. Comea a segunda seo (3.1-4) situando historicamente (3.1-2) um conjunto de fatos: a pregao e o encarceramento de Joo Batista (3.1-20), o batismo de Jesus (3.21-22) e a tentao no deserto (4.113). Lucas, tal qual Mateus (Mt 1.1-17), insere uma genealogia; mas, em lugar de limit-la ascendncia hebraica de Jesus, a faz remontar at Ado (3.23-38), para dar nfase ao carter universal da obra do Senhor. 3. A terceira seo do Evangelho (4.14-9.50), compreende o ministrio pblico de Jesus na Galilia, onde ensinou, pregou, reuniu os seus discpulos, curou a enfermos e possessos, fez milagres e anunciou que haveria de sofrer, morrer e ressuscitar. H aqui textos muito importantes: a parbola do semeador (8.4-15), a ressurreio da filha de Jairo (8.40-56), a confisso de Pedro (9.18-20) e a transfigurao do Senhor (9.28-36). Tambm temos aqui relatos que Mateus e Marcos no incluem, como a ressurreio do filho da viva de Naim (7.11-17) e a visita do Senhor casa de Simo, o fariseu (7.36-50).
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4. Na quarta seo (9.51-19.27) agrupam-se numerosas passagens exclusivas deste terceiro Evangelho. Entre outras, uma srie de parbolas muito conhecidas: o bom samaritano (10.25-37), a figueira estril (13.6-9), a grande ceia (14.15-24), o filho prdigo (15.11-32), o rico e Lzaro (16.19-31), a viva e o juiz inquo (18.1-8), o fariseu e o publicano (18.9-14) e as dez minas (19.11-27). 5. A quinta seo (19.28-24.53) narra os acontecimentos finais da vida terrena de Jesus. So os seus ltimos dias, que tm Jerusalm por cenrio nico. Todos os fatos ocorrem nessa cidade, desde o dia em que o povo recebe em triunfo o Senhor (19.2838) at que preso, processado, crucificado, morto e sepultado. Os sofrimentos, a morte e a ressurreio do Senhor (22.47-24.49) constituem o ponto culminante do relato dos quatro Evangelhos, cada um dos quais traz alguma informao exclusiva que no se encontra nos demais. 3.5. Cristo Revelado Alm de apresentar Jesus como o Salvador do mundo, Lucas d os seguintes testemunhos sobre ele: Jesus o profeta cujo papel equipara-se ao Servo e Messias (4.24; 7.16,39; 9.19; 24.19). Jesus o homem ideal, o perfeito salvador da humanidade. O ttulo Filho do Homem encontrado 26 vezes no evangelho. Jesus o Messias; Lucas no apenas afirma sua identidade messinica, mas tambm tem o cuidado de definir a natureza de seu messianismo. Jesus , por excelncia, o Servo que se dispe firmemente a ir a Jerusalm cumprir seu papel (9.31,51). Jesus o filho de Davi (20.41-44), o Filho do Homem (5.24) e o Servo Sofredor (4.17-19, que foi contado com os transgressores (22.37). Jesus o Senhor exaltado. Lucas refere-se a Jesus como Senhor dezoito vezes em seu evangelho. Jesus o amigo dos proscritos humildes. Ele constantemente bondoso para com os rejeitados.
3.6. O Esprito Santo em ao H dezesseis referncias explicitas ao Esprito Santo, ressaltando sua obra tanto na vida de Jesus quanto no ministrio continuo da igreja. Em primeiro lugar: a ao do Esprito Santo vista na vida de vrias pessoas fiis, relacionadas ao nascimento de Joo Batista e Jesus (1.35,41,67; 2.25-27), bem como no fato de Joo ter cumprido seu ministrio sob a uno do Esprito Santo (1.15). O mesmo Esprito capacitou Jesus para cumprir seu ministrio. Em segundo lugar: O Esprito Santo capacita Jesus para cumprir seu ministrio; o Messias ungido pelo Esprito Santo. Nos caps 3 e 4, h cinco referencias ao Esprito, usadas com fora progressiva. 1. 2. 3. 4. O Esprito desce sobre Jesus em forma corprea, como uma pomba (3.22); Ele leva Jesus ao deserto para ser tentado (4.1); Aps sua vitria sobre a tentao, Jesus volta para a Galilia no poder do mesmo (4.14); Na sinagoga de Nazar, Jesus l a passagem messinica: O Esprito do Senhor est sobre mim...(4.18; Is 61.1-2), reivindicando o cumprimento nele (4.21). Ento; 5. Evidncia seu ministrio carismtico est repleta (4.31-44) e continua em todo seu ministrio de poder e compaixo. Em terceiro lugar: O Esprito Santo, atravs de orao de petio leva a cabo o ministrio messinico. Em momentos crticos daquele ministrio, Jesus ora antes, durante ou depois do acontecimento crucial (3.21; 6.12; 9.18,28; 10.21). O mesmo Esprito Santo que foi eficaz atravs de oraes de Jesus dar poder as oraes dos discpulos (18.1-8) e ligar o ministrio messinico de Jesus ao ministrio poderoso deles atravs da igreja (24.48.49).
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Em quarto lugar: O Esprito Santo espalha alegria tanto a Jesus como nova comunidade. Cinco palavras gregas denotando alegria ou exultao so usadas, duas vezes com mais frequncia tanto Lucas como Mateus ou Marcos. Quando os discpulos voltam com alegria de sua misso (10.17), Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no Esprito Santo e disse... (10.21). Enquanto os discpulos esto esperando pelo Esprito prometido (24.49), adorando-o eles, tornaram com grande jbilo para Jerusalm. E estavam sempre no templo, louvando e bendizendo a DEUS (24.52-53). 3.7. Pontos salientes em Lucas 3.7.1. Joo Batista (3.1-20) A pregao de Joo contada nos quatro Evangelhos, (Mt 3.1-12; Mc 1.1-8; Jo 1.6-8,19-28). Lucas o mais circunstanciado de todos. A histria da infncia e mocidade de Joo resumida numa nica frase: evitava morar em sociedade e vivia na solido da regio selvagem e descampada ao Oeste do Mar Morto. Sabia desde menino que o Evento dos sculos estava prximo, e que nascera para anunciar sua chegada. Nasceu na cidade de Abrao, fundador da nao cuja finalidade era trazer luz o Messias; cresceu vendo todos os dias o Monte Nebo, de cujas alturas Moiss divisara, com olhos saudosos, a Terra Prometida, e falara do Messias tambm prometido; este monte dominava o Jordo, no ponto atravessado por Josu e Jeric, cujos muros ruram ao buzinar do mesmo; vivia na mesma regio onde Ams apascentara seus rebanhos e sonhara com o Rei davdico vindouro que governaria as naes; visitava amide o ribeiro de Querite, onde Elias fora alimentado pelos corvos, meditava profundamente na Histria que estava se encaminhando para o seu clmax, e aguardava a chamada de Deus. Sabendo que seria o Elias profetizado, (1.17; Mt 11.14; 17.10-13; Ml 4.5 \no Elias em pessoa, Jo 1.21), de propsito, talvez, copiou os hbitos e a maneira de trajar daquele profeta. Alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre, (Mt 3.4). Aqueles, desde os primitivos tempos que se usam como alimento. Assam-se, ou secam-se ao sol, e se comem com gros tostados. Dizem que tm o sabor de camaro. Quando Joo tinha 30 anos foi chamado. A nao, gemendo sob as crueldades da servido romana, ficou eletrizada com a voz estentrea desse eremita esquisito, rude e corajoso, a bradar das ribanceiras do Jordo que o Libertador, de h muito vaticinado, estava s portas. O local de suas pregaes era o baixo Jordo, defronte de Jeric, numa das principais encruzilhadas da regio e uma das principais vias de acesso a Jerusalm. A nfase de seus brados era arrependei-vos. Suas pregaes obtiveram imenso xito popular. O pas inteiro foi sacudido nos seus alicerces. Grandes multides vinham ao seu batismo, (Mt 3.5). At Herodes ouviu-o com alegria, (Mc 6.20). Diz Josefo que Joo tinha grande influncia sobre o povo, que parecia pronto a fazer o que ele aconselhasse. Aos que se confessavam arrependidos, pedia que se submetessem ao batismo, que foi uma introduo bela cerimnia do batismo cristo. No auge de sua popularidade, batizou Jesus e proclamou-o Messias. Depois, cumprida a sua misso, com presteza se retirou da cena. Despertara a nao de sua liturgia e apresentara-lhe o Filho de Deus. Estava feita a sua obra. No entanto, continuou pregando e batizando por poucos meses, quando se mudou para Enom, na direo do Norte, (Jo 3.23; Mt 3.13-17). Cerca de um ano depois que batizou Jesus, Herodes prendeu a Joo, para satisfazer ao capricho de uma mulher perversa, (Mt 14.1-5). Foi isto ao encerrar-se o primeiro ministrio de Jesus na Judia, dezembro, (Mt 4.12; Jo 3.22; 4.35). No se menciona o lugar em que ficou detido, mas supe-se que foi em Maquero, a Leste do Mar Morto, ou Tiberias, na praia ocidental do Mar da Galilia; em ambos os lugares Herodes tinha residncia. Foi decapitado mais ou menos pela segunda Pscoa que se seguiu, (Mt 14.12-13; Jo 6.4).
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No atinamos com a razo da dvida de Joo, (Mt 11.3). Dera um testemunho positivo e de muita f acerca de ser Jesus o Cordeiro de Deus e o Filho de Deus, (Jo 1.29-34). Mas agora, posto a cismar atrs das paredes do crcere, estava confuso. Jesus no estava fazendo o que ele julgava que o Messias fizesse. Evidentemente, comungava a idia popular de um reino Messinico de carter poltico. Deus no lhe revelara tudo com relao natureza do reino. Mesmo os doze demoraram a aprender isso, e no o compreenderam seno depois da ressurreio. Admitindo que Joo comeou Seu ministrio pouco antes de batizar Jesus, provavelmente no vero de 29 d.C., o mesmo durou cerca de um ano e meio, ou menos 30 anos de isolamento. Ano e meio, ou menos, de pregao pblica. Um ano e 4 meses na priso. Depois cerrou-se a cortina. Temos a breve sumrio da vida do homem que introduziu em cena o Salvador do mundo, e de quem Jesus disse ter sido maior que qualquer outro, (Mt 11.11). Joo no operou milagres, (Jo 10.41). 3.7.2. A mulher pecadora , Lc 7.36-50 No h a menor base para se identificar esta mulher com Maria Madalena, ou com Maria de Betnia. Esta uno NO foi a mesma que houve em Betnia (Jo 12.1-8). Esta mulher, muito conhecida na cidade por sua m reputao, (v.37), era provavelmente uma das meretrizes que se converteram, fosse por Joo Batista, fosse por Jesus, (Mt 21.31-32), e agora, profundamente envergonhada, arrependida e humilhada, vinha protestar francamente sua gratido a Jesus. Foi na casa de um fariseu. Um banquete no Oriente era mais ou menos aberto ao pblico. Jesus, meio reclinado num div, Seu rosto voltado para a mesa, Seus joelhos dobrados, foi acessvel mulher aproximar-se. Chorando, beijando-lhe os ps, banhando-os com o rico perfume e enxugando com os seus cabelos as lgrimas que caam; a ns, os respeitveis que somos, ela faz que nos envergonhemos, assim inclinada, em inteira humildade e adorao reconhecida aos ps do seu Senhor. Jesus tinha maneiras muito delicadas com mulheres que haviam errado (Jo 4.18; 8.11). Todavia, ningum nunca Lhe atribuiu motivos duvidosos, (Jo 4.27). 3.7.3. Outras mulheres, Lc 8.1-3 Nomeiam-se trs, alm de muitas outras. Nada mais se sabe de Susana. Joana era a mulher do procurador de Herodes, oficial do palcio real. Ela pertencia ao grupo dos amigos mais ntimos de Jesus. Estava entre aquelas que foram ao tmulo, (Lc 24.10). 3.7.4. Maria Madalena Maria Madalena era a mais proeminente daquelas mulheres, lder notvel entre elas. mencionada mais do que outra qualquer, e comumente em primeiro lugar: (Mt 27.56,61; 28.1; Mc 15.40,47; 16.1,9; Lc 8.2; 24.10; Jo 19.25; 20.1,18). Foi a que primeiro Jesus apareceu depois de ressurgir. O fato de ser nomeada entre as que prestavam assistncia com os seus bens, v.3, sugere que era mulher de algumas posses. O ter sido curada de sete demnios, v.2, no quer dizer que fosse depravada. Os demnios causavam doenas e mazelas de vrias espcies (Mc 5.1-20), mas em parte alguma isso se relaciona com a imoralidade humana. Inquestionavelmente, era uma mulher de carter inatacvel. Ela no foi a pecadora do captulo precedente. Pode ser recomendvel que ns, humanos, faamos entre ns mesmos distino entre pecados respeitveis e pecados grosseiros, e estigmatizemos aquelas pessoas culpadas de certas modalidades de pecados vulgares. Assim procedendo, podemos ajudar a salvar nossa sociedade humana da completa runa. Mas, para Deus, todo pecado pecado. E, sem dvida, a Deus tanto custa perdoar nossos pecados decentes como aqueles que atraem sobre o pecador a maldio da sociedade. Uma prostituta ter seus pecados perdoados, e ser aceita na companhia dos salvos uma coisa, mas seria outra bem diferente colocar logo tal pessoa frente de uma obra religiosa.
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3.7.5. A pena de crucifixo Era com a crucifixo que Roma punia escravos, estrangeiros e os mais vis criminosos, que no fossem cidados seus. Era a morte mais agoniada e ignominiosa que uma poca de crueldade podia inventar. Batiam-se pregos nas mos e ps e deixava-se a vtima ali suspensa a agonizar, submetida fome, sede intolervel e a convulses de dores cruciantes. Comumente a morte sobrevinha depois de quatro a seis dias. No caso de Jesus veio depois de seis horas.
3.8. Esboo da histria da crucificao 3.8.1. Coordenada vista das quatro narrativas s 9 da manh chegam ao Glgota. Quando se preparam para cravar as mos e os ps de Jesus, oferecem-Lhe vinho misturado com fel, como entorpecente, para Lhe diminuir as dores. Ele, porm, recusa beber. O Mestre bendito suportou as dores todas, por ns; amamo-Lo por isso. Pai, perdoa-lhes: porque no sabem o que fazem, diz quando O pregam cruz. difcil para ns conter a indignao, apenas com a leitura do fato. Quanto mais para Ele. Mas Jesus no tem absolutamente qualquer ressentimento. Admirvel domnio prprio! Suas vestes dividem-nas os soldados entre si. Colocam a inscrio Rei dos Judeus sobre a Sua cabea, redigida em trs lnguas (hebraico, latim e grego) de modo que todos leiam e entendam qual o crime de que O acusam. escarnecido, ouve chacotas, injuriado, vilipendiado pelos principais sacerdotes, ancios, escribas e soldados. Que multido de corao duro, desumana, brutal e vil! Hoje estars comigo no Paraso, diz ao ladro arrependido, possivelmente depois de uma ou duas horas. Mulher, eis a teu filho. A Joo, eis a tua me. Provavelmente, quando estava perto do meiodia, aps afastar-se a turba dos escarnecedores. Que morte gloriosa! Orou pelos Seus algozes; prometeu o Paraso ao ladro; e providenciou um lar para Sua me - Seu ltimo ato neste mundo. Trevas, desde o meio-dia s 3 da tarde. Suas primeiras trs horas na cruz foram assinaladas por palavras de misericrdia e ternura. Agora, entra na ltima fase da expiao pelo pecado humano. Talvez as trevas simbolizem o afastamento de Deus, de modo a ser um ato de completa expiao. O que Jesus sofreu naquelas horrendas trs horas jamais saberemos neste mundo. Suas quatro ltimas frases proferiu-as j expirando. Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste? Sozinho, sofrendo as dores do inferno, para que no fssemos parar ali. Tenho sede. Febre ardente e sede excruciante acompanhavam a crucifixo. Pode ter significado mais, ver Lc 16.24. Oferecem-Lhe vinagre, que Ele toma, j passadas as dores. Est consumado. Exclamao de alvio e gozo triunfais. Est por terra o longo reinado do pecado humano e da morte. Pai, em tuas mos entrego o meu esprito. Foi para o Paraso. Treme a terra, rasga-se o vu, os tmulos se abrem. a salva de Deus. O centurio cr. As multides ficam compungidas. Sangue e gua do lado de Jesus. Jos e Nicodemos pedem o corpo, para sepult-lo. Cai a noite sobre o mais negro e mais revoltante crime da Histria.
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Captulo 4 Captulo 4 Evangelho de Joo 4.1. Introdutrio O Evangelho de Joo singular. Mateus, Marcos e Lucas so chamados Evangelhos Sinticos, porque a despeito de suas nfases individuais, descrevem muitos dos mesmos eventos da vida de Jesus de Nazar. Joo se volta principalmente para eventos e discursos no comuns aos outros evangelhos, com intuito de provar a seus leitores que Jesus Deus na carne, a eterna Palavra vinda terra, que nasceu para morrer como sacrifcio oferecido a Deus para tirar o pecado humano. Sete sinais miraculosos provam que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome (20.31). Jamais se escreveu um tratado evanglico mais excelente que a narrativa inspirada que Joo elaborou sobre a vida, morte e ressurreio de Cristo. 4.2. Autoria A tradio que atribui o Evangelho ao filho de Zebedeu (Mc 3.17), remonta ao sc. II. Detalhes indicados no livro o caracterizam como um autntico judeu palestino, profundamente religioso e bom conhecedor das tradies e das expectativas do seu povo, um judeu que encontrou em Jesus de Nazar o Messias esperado, o Salvador e Senhor, de quem Moiss escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas (1.45; 12.34,38-40; 15.25). No entanto, no contamos com muito mais informao acerca da pessoa deste evangelista. Dir-se-ia, melhor, que o mesmo deseja ocultar a sua identidade por trs de um anonimato apenas rompido quando se refere quele discpulo a quem ele amava (13.23; 19.26; 20.2; 21.20), de quem em 21.24 se diz que d testemunho a respeito destas coisas e que as escreveu. Joo, o apstolo, era filho de Zebedeu e Salom e, irmo mais novo de Tiago: Era galileu e aparentemente vinha de uma famlia abastada (Mc 15.40-41). Era uma pessoa de firme carter a ponto de ser chamado filho do trovo (Mc 3.17). Teve papel importante na igreja primitiva em Jerusalm (At 3.1; 8.14; Gl 2.9). Mais tarde esteve em feso e, por razes desconhecidas, foi exilado na ilha de Patmos (Ap 1.9). 4.3. O prlogo Em Joo tudo tambm se conforma a um padro e propsitos especiais. No encontramos no prlogo de Joo genealogia humana, mas em alguns golpes profundo da pena ele nos leva a pncaros mais elevados e sublimes do que qualquer dos outros Evangelhos. Qual a importncia da simples antiguidade humana na terra? Para comear, com este Cristo magnfico voc deve projetar-se para alm da primeira alvorada no tempo, para a eternidade? Antes do mundo ter comeado, o Verbo j existia. No princpio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... Todas as coisas foram feitas por intermdio dele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. A vida estava nele, e a vida era a luz dos homens. Ele no apenas o filho de Davi, ou o filho de Abrao, ou o filho de Ado; Ele o Filho de Deus. Ele o Verbo, e portanto co-eterno com a Mente eterna. Mas para que no seja de modo algum considerado como impessoal, Ele tambm o Filho, e portanto co-pessoal com o Pai, Ele no pessoalmente idntico ao Pai: absolutamente, como Verbo estava com Deus, e como Filho est no seio do Pai. Isto tambm no tudo: pois, a fim de que no seja julgado essencialmente subordinado
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ao Pai como uma palavra do pensamento, ou um filho ao pai; Ele tambm a Vida e a Luz. Ele no transmite, simplesmente a Vida e reflete a Luz, mas a Vida, e a Luz. A Vida est n'Ele. Neste curto prembulo, Joo O descreveu como Verbo, a Luz, a Vida e o Filho. No ento preciso dizer que este o aspecto de Cristo que nitidamente se repete atravs de todo o quarto Evangelho. Tudo adaptado de modo a salientar a revelao da luz, vida e amor divinos atravs d'Ele, que, desde o incio, chamado de Verbo. Como Luz Ele revela. Como Filho redime. Como Vida renova. A humanidade no obscurecida, mas a nfase est na Divindade. 4.4. Propsito Joo deixa claro o propsito do seu Evangelho, em 20.31, a saber: para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome . Alguns manuscritos gregos deste Evangelho apresentam, nesta passagem, formas verbais distintas para crer. Uns contm o aoristo subjuntivo (para que comecem a crer); outros contm o presente do subjuntivo (para que continuem crendo), No primeiro caso, Joo teria escrito para convencer os incrdulos a crer em Jesus Cristo e serem salvos. No segundo caso, Joo teria escrito para consolidar os fundamentos da f de modo que os crentes continuassem firmes, apesar dos falsos ensinos de ento, e assim terem plena comunho com o Pai e o Filho (17.3). Estes dois propsitos so vistos no Evangelho segundo Joo. O autor do quarto Evangelho, como que dialogando figuradamente com os seus futuros leitores, explicalhes que os sinais milagrosos feitos por Jesus e recolhidos neste livro... foram registrados para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus... (20.30-31). Esta a inteno que guia o evangelista a coligir tambm o conjunto de ensinamentos e discursos reveladores da natureza e razo de ser da atividade desenvolvida por Jesus, o Messias, o Filho unignito (1.14), enviado pelo Pai para tirar o pecado do mundo (1.29) o para dar vida eterna a todo o que nele cr (3.13-17). 4.5. Perfil teolgico do autor O autor do Evangelho de Joo ( Jo) apresenta-se, tal qual Joo Batista, como uma testemunha viva da revelao de Deus. Ningum jamais viu a Deus (1.18), mas agora deu-se a conhecer por intermdio do seu Filho (19.35; 21.24). Encarnado na realidade humana, o Cristo preexistente e eterno veio conferir nossa histria um novo sentido, uma categoria que excede a toda a nossa capacidade de compreenso e raciocnio. Disso, Joo Batista prestou um testemunho precursor no comeo do ministrio pblico de Jesus. Agora, o faz Joo, o evangelista, a partir da perspectiva do Cristo que vive apesar da morte, do Senhor que, com a sua morte, venceu o mundo (16.33) e que vida para todo aquele que o aceita pela f (11.25-26). A lembrana do Ressuscitado est sempre presente no corao do autor deste Evangelho, como, sem dvida, ela esteve em cada um dos discpulos que acompanharam o Senhor durante os dias da sua existncia terrena (cf. 2.17,22; 12.16; 14.26; 15.20; 16.4). E o acontecimento da ressurreio como uma linha luminosa que percorre o livro de Joo desde o princpio at o fim e permite contemplar a figura nica e irrepetvel do Messias Salvador. Mais que oferecer uma biografia de Jesus no sentido estrito que hoje damos palavra, Joo pretende introduzir o leitor numa profunda reflexo acerca da pessoa do Filho de Deus e do mistrio da redeno que nele nos tem sido revelado. Em Cristo manifestou-se o amor de Deus, e, por meio dele, o crente tem acesso s moradas eternas (14.2,23), isto , a uma vida de comunho com o Pai. 4.6. Particularidades do Evangelho O ponto de partida do quarto evangelista para as suas consideraes sobre o Messias no o mesmo que o de Mateus, Marcos e Lucas. Joo busca outros enfoques, de maneira que, frequentemente, se
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refere a situaes e eventos ou inclui palavras, ensinamentos e discursos de Jesus, no testificados pelos sinticos. Isso permite supor que, provavelmente, Joo, contando com alguma fonte de informao prpria, tenha podido ampliar determinados dados conhecidos e transmitidos por aqueles, admitindo-se sobretudo, que, de acordo com o critrio mais amplamente aceito, a redao do quarto Evangelho teve lugar depois da apario dos outros trs, em datas prximas ao final do sc. I. Um aspecto singular deste Evangelho o persistente interesse em fixar os lugares dos acontecimentos. E curiosamente, enquanto Mateus, Marcos e Lucas do maior ateno s atividades de Jesus na Galilia, Joo fixa-se de modo especial nos fatos que tm lugar em Jerusalm (cf. Jo 2.12; 4.43-54; 6.1; 7.9). Ao mesmo tempo enfatiza que determinadas festas do calendrio judaico parecem marcar os momentos escolhidos pelo Senhor para entrar na cidade: a Pscoa (2.23; 11.55), a Festa dos Tabernculos (7.2), a Festa da Dedicao do Templo (10.22) e, inclusive, uma festa no referida com preciso (5.1). Essa relao simultnea de Jesus com Jerusalm e com as festividades judaicas um dos elementos de composio que contribuem a dar ao texto deste Evangelho o seu colorido peculiar. Mas no o nico, pois existem outros traos igualmente caractersticos que necessrio ter presentes. Destacamos entre eles: A linguagem simblica (o Verbo Jo 1.1; a gua: 7.37; o po: 6.35; a luz: 8.12). As imagens tiradas do Antigo Testamento (o pastor e as ovelhas: 10.1-1 8; Sl 23; a videira e os ramos: 15.1-6; Is 5.1-7). As referncias culturais ou natureza humana; (as bodas em Can, a personalidade de Nicodemos, a mulher samaritana, o cego de nascimento). 4.7. Cristo revelado O livro apresenta Jesus como nico Filho gerado por Deus que se tornou carne. Para Joo, a humanidade de Jesus significava essencialmente uma misso dupla: 1) como o Cordeiro de Deus (1.29), ele procurou a redeno da humanidade; 2) Atravs de sua vida e ministrio, ele revelou o Pai. Cristo colocou-se coerentemente alm de si mesmo perante o Pai que o havia enviado e a quem ele buscava glorificar. Na verdade, os prprios milagres que Jesus realizou como sinais, testemunham a misso divina do Filho de Deus. 4.8. O Esprito Santo em ao A designao do Esprito Santo como Confortador ou Consolador (14.16) exclusiva de Joo e significa literalmente algum chamado ao lado. Ele outro consolador, isto , algum como Jesus, o que estendeu o ministrio de Jesus at o final desta era. Seria um grave erro, entretanto, compreender o objetivo do Esprito apenas em termos daqueles em situaes difceis. Ao contrrio, Joo demonstra que o papel do Esprito abrange cada faceta da vida. Em relao ao mundo exterior de Cristo, ele trabalha como o agente que convence o mundo do pecado, da justia e do juzo (16.8-11). A experincia de ser nascido no Esprito descreve o Novo Nascimento (3.6). Como, em essncia, Deus o Esprito, aqueles que o adoram devem faz-lo espiritualmente, isto , conforme comandado e motivado pelo ES (4.24). Alm disso, em antecipao do Pentecostes, o Esprito torna-se o capacitador divino para o ministrio autorizado (20.21-23). Joo revela a funo do ES em continuar a obra de Jesus, guiando os crentes e a um entendimento dos significados, implicaes e imperativos do evangelho e capacitando-os a realizar obras maiores do que aquelas realizadas por Jesus (14.12). Aqueles que crem em Cristo hoje podem, assim, enxerg-lo como um contemporneo, no apenas como uma figura do passado distante.
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4.9. Contedo No decorrer dos anos tm sido feitos diversos esforos para estabelecer de algum modo a cronologia dos acontecimentos referidos no quarto Evangelho ou para agrupar logicamente os seus elementos literrios. Como evidente que o propsito de Joo no foi redigir uma crnica, mas criar uma atmosfera de reflexo que conduza o leitor f em Jesus Cristo, o Filho de Deus, a composio do livro tambm deve ser considerada desse ponto de vista. Por outro lado, aquilo que se torna claro num primeiro contato com o texto a sua diviso em duas grandes sees. Delas, uma chega at o final do cap. 12 e est centrada no ministrio pblico de Jesus; a outra, que compreende os caps. 13-21, narra o acontecido em Jerusalm durante a ltima semana da vida terrena de Jesus, incluindo a sua paixo e morte e a sua ressurreio. O conjunto de caps. que forma a primeira seo do livro abre-se com um Prlogo (1.1-18) que, com ressonncias de Gn 1.1, exalta a encarnao da Palavra de Deus, eterna e criadora, na pessoa de Jesus, o Cristo. Junto a outros assuntos, o Evangelho se refere aqui a um total de sete milagres ou sinais realizados pelo Senhor para manifestar a sua glria e para que os seus discpulos cressem nele (2.11; 4.48; 5.18; 6.14,16; 9.35-38; 11.15,40). So os seguintes: 1. A converso da gua em vinho (2.1-11); 2. A cura do filho de um oficial do rei (4.46-54); 3. A cura de um paraltico (5.1-18); 4. A alimentao de uma multido (6.1-14); 5. Jesus caminha sobre as guas (6.16); 6. A cura de um cego de nascena (9.35-38); 7. A ressurreio de Lzaro (11.1-44). Com respeito a esses atos milagrosos importante sublinhar o que tambm se percebe em primeiro lugar na inteno do evangelista, isto , o seu propsito em destacar o sentido profundo desses milagres como manifestaes da atividade messinica de Jesus. Para dar realce a esse enfoque contribuem os dilogos e discursos que em diversas ocasies acompanham o relato dos sinais (assim em 5.17-47; 6.25-70; 9.35-10.42;11.7-16,21-27). 1. A segunda parte do livro mostra Jesus no seu confronto com os poderes pblicos, representados particularmente pelas autoridades religiosas dos judeus. 2. Encabea a seo o lavamento dos ps dos discpulos e a predio da traio de Judas (13.130); 3. logo depois h um longo discurso dirigido aos discpulos (14.1-16.33), concludo com uma orao conhecida como sacerdotal (17.1-26). 4. Os caps. 18 e 19 contm o relato da priso, julgamento, morte e sepultamento de Jesus; e 5. os caps. 20 e 21 so o testemunho que Joo presta da ressurreio de Jesus e das diversas aparies do Ressuscitado. 4.10. Abordagem peculiar
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Este o mais teolgico dos quatro Evangelhos. Trata da natureza e da pessoa de Cristo, e do significado da f n'Ele. A apresentao que Joo faz de Cristo como o divino Filho de Deus se v nos ttulos que Jesus recebe no livro: o Verbo era Deus (1.1), o Cordeiro de Deus (1.29), o Messias (1.41), o Filho de Deus o Rei de Israel (1.49), o Salvador do mundo (4.42), Senhor...e Deus (20.28).
Sua divindade tambm afirmada na srie de pronunciamentos Eu Sou... (6.35; 8.12; 10.7,9,11,14; 11.25; 14.6; 15.1,5). Em outros pronunciamentos Eu Sou, Cristo deixou implcito e explcita Sua reivindicao de ser o EU SOU - Jav do Antigo Testamento (4.24,26; 8.24,28,58; 13.19). Estas eram as mais fortes reivindicaes de divindade que Jesus poderia ter feito. A estrutura e o estilo deste Evangelho so diferentes daqueles dos outros trs (os sinpticos). Menciona apenas sete milagres (cinco dos quais no registrados em nenhum dos sinpticos) e registra vrias entrevistas pessoais. O autor enfatiza a realidade fsica da fome, sede, cansao, dor e morte de Cristo como uma defesa contra a alegao gnstica de que Jesus no possura verdadeira natureza humana. 4.11. Destaques no Evangelho Jesus como o Filho de Deus. Do prlogo do Evangelho, com sua sublime declarao: vimos a sua glria (1.14), at a sua concluso na confisso de Tom: Senhor meu, e Deus meu! (20.28), Jesus Deus, o Filho encarnado; A palavra crer ocorre 98 vezes, equivalente a receber Cristo (1.12). Ao mesmo tempo, esse crer requer do crente uma total dedicao a Ele, e no apenas uma atitude mental; Vida Eterna em Joo um conceito-chave, referindo-se no tanto a uma existncia sem fim, mas nova qualidade de vida que provm da nossa unio com Cristo, a qual resulta tanto da libertao da escravido do pecado e dos demnios, como o nosso crescimento contnuo no conhecimento de Deus e na comunho com Ele; Encontro de pessoas com Jesus. Temos neste Evangelho 27 desses encontros individuais assinalados; O ministrio do Esprito Santo, pelo qual Ele capacita o crente, comunicando-lhe continuamente a vida e o poder de Jesus aps sua morte e ressurreio; A verdade. Jesus a verdade; o Esprito Santo o Esprito da verdade, e a Palavra de Deus a verdade. A verdade liberta (8.32); purifica (15.3). Ela a anttese da natureza e atividade de Satans (8.44-47,51); A importncia do nmero sete (7) neste Evangelho: sete sinais, sete sermes e sete declaraes Eu Sou do testemunho de quem Jesus (comparar com a proeminncia do nmero sete no livro do Apocalipse, do mesmo autor); O emprego doutras palavras de destaque como luz, palavra, carne, amor, testemunho, conhecer, trevas e mundo.
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4.12. Pontos salientes em Joo 4.12.1. O sepultamento Jos e Nicodemos, membros do Sindrio, discpulos ocultos (ocultos na hora da popularidade de Jesus), agora, na hora da Sua humilhao, apareceram ousadamente para partilhar com Ele a vergonha da cruz. Salve, Jos! Salve, Nicodemos! 4.12.2. A Mortalha sagrada O Scientific American, de maro 1937, publicou o artigo de um cientista francs a respeito de um lenol de linho que hoje se encontra numa igreja catlica de Turim, Itlia, que ele acreditava fosse o verdadeiro lenol que envolveu o corpo de Jesus. Deu-o como medindo 4,60 m de comprimento, por 1 m e pouco de largura, contendo imagens negativas da frente e costas do corpo de um homem, indicando que esse homem foi posto numa metade do lenol e que a outra metade foi enrolada no corpo, no sentido do comprimento. As figuras, afirmou ele, no foram pintadas, mas so imagens produzidas por vapores amoniacais resultantes da fermentao da uria, que se desprende em grande quantidade do suor produzido por sofrimento atroz. H resduos de alos e de partculas de sangue, no leno. As marcas dos aoites, as feridas das mos, da cabea e do lado so perfeitamente visveis, com evidncia de que soro e sangue saram da lanada. iniludivelmente a imagem de um homem crucificado, todas as mincias combinando com o registro bblico e apresentando o semblante de um homem de nobre aparncia. Apareceu primeiro na Frana, em 1355 d.C., com a notcia de que fora visto em Constantinopla em 1204. No sabemos com certeza se uma impostura ou a verdadeira mortalha de Jesus. 4.12.3. O tmulo de Jesus, (19.41-42) No lugar onde Jesus fora crucificado, havia um jardim, e neste um sepulcro novo, no qual ningum tinha sido, ainda, posto. Significa que o sepulcro em que Jesus foi sepultado ficava bem perto do lugar onde foi crucificado. O General Christian Gordon, 1881, encontrou, no p ocidental do Monte da Caveira um jardim. Ps uma turma a cavar e, debaixo de 1,60 m de entulho, achou um tmulo do tempo dos romanos, cavado numa parede de rocha slida, com um sulco na frente, por onde a pedra rolava para a porta. O tmulo uma sala de 4,60 m de largura, 3,30 m de fundo, 2,50 m de altura. Ao entrar, vem-se, direita, duas sepulturas, uma junto parede da frente, e outra na do fundo. Ficam um pouco abaixo do nvel do piso da sala, separadas por uma parede baixa. A sepultura da frente parece que nunca foi concluda. Tudo indica que s a sepultura do fundo foi alguma vez ocupada, e ainda assim sem indcios de restos mortais. O tmulo suficientemente grande para acomodar um grupo de mulheres e dois anjos, com espao cabea e aos ps onde um anjo podia sentar-se, (Mc 16.5; Jo 20.12). direita da porta, v-se uma janela por onde, ao romper do dia, a luz solar teria penetrado na sepultura ocupada. Cada pormenor destes combina com a narrativa bblica. Demais disto, segundo Eusbio, o imperador romano Adriano, na perseguio que moveu aos cristos em 135 d.C., construiu um templo de Vnus sobre o tmulo onde Jesus fora sepultado. Constantino, primeiro imperador cristo d.C., destruiu esse templo. O General Gordon, no entulho que removeu do tmulo, achou uma pedra sagrada da Vnus. Descobriu vestgios de um edifcio que fora levantado sobre o dito tmulo. Acima da entrada deste, duas reentrncias, caractersticas dos templos de Vnus. Numa cripta funerria, junto ao tmulo, foi achada uma pedra tumular, inscrita: Enterrado perto do seu Senhor.
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No acmulo da evidncia, parece haver base para a opinio que este tmulo no jardim o verdadeiro lugar onde Jesus foi sepultado e donde surgiu vivo. Para os cristos, o lugar sagrado donde surgiu a garantia da vida eterna. 4.12.4. A ressurreio 4.12.4.1. Jesus aparece a Maria Madalena, (20.11-18) Foi Sua primeira apario, (Mc 16.9-11). As outras mulheres tinham ido embora. Pedro e Joo, tambm. Maria Madalena l estava s, chorando como se fosse lhe arrebentar o corao. Nada de pensar que Jesus ressuscitara. Ela no ouvira o anjo anunciar que Jesus estava vivo. O prprio Jesus dissera repetidamente que ressuscitaria ao terceiro dia. Fosse como fosse, ela no O compreendera. Mas, oh! quanto O amava! E agora, eis que estava morto. At o Seu corpo desaparecera. Nesse momento de aflio, Jesus postou-Se ao lado, e chamou-a pelo nome. Ela reconheceu Sua voz e deu um brado em transportes de alegria. Jesus no estava morto, mas vivo! Um pouco depois apareceu s outras mulheres, (Mt 28.9-10); Naquela tarde apareceu aos dois, (Lc 24.13-32); E a Pedro (Lc 24.33-35); Jesus Aparece aos Dez, (20.19-25). tardinha daquele dia, em Jerusalm, Tom ausente, (v.24). Essa apario vem registrada trs vezes: aqui e em Mc 16.14 e Lc 24.33-43. Jesus estava no mesmo corpo, ostentando as marcas em suas mos, ps e lado: e comeu na presena deles. Contudo, podia passar atravs de paredes, a parecer e desaparecer vontade. 4.12.4.2. Aparece aos onze, (20.26-29) Uma semana depois, em Jerusalm, Tom presente. Nenhum crtico moderno poderia ser mais cientfico do que Tom. 4.12.4.3. A morosidade em crer que Jesus ressuscitara Eles no esperavam isso, apesar de Jesus lhes ter dito repetida e claramente que ressuscitaria ao terceiro dia, (Mt 16.21; 17.9,23; 20.19; 26.2; 27.63; Mc 8.31; 9.31; Lc 18.33; 24.7). Devem ter tomado Suas palavras como parbola de algum sentido misterioso. Quando as mulheres foram ao tmulo, no foi para ver se Ele ressuscitara, mas para Lhe prepararem o corpo, com vistas ao sepultamento definitivo. De todos os discpulos, somente Joo creu vista do sepulcro vazio (Jo 20.8). Maria Madalena s pensava numa coisa: que algum tinha tirado o corpo (Jo 20.8). A notcia das mulheres, de haver Jesus ressuscitado, pareceu aos discpulos como delrio (Lc 24.11). Quando os dois, voltando de Emas, disseram aos onze que Jesus lhes aparecera, no lhes deram crdito (Mc 16.13). Pedro relatou que Jesus lhe aparecera (Lc 24.34). Mas ainda no acreditaram (Mc 16.14). Assim, Jesus o predissera reiteradamente. Os anjos o anunciaram. O tmulo estava vazio. O corpo sara. Maria Madalena viu-0. As outras mulheres viram-No. Clepas e seu companheiro viram-No. Pedro viu-O. E ainda o grupo, de um modo geral, no acreditava. Parecia-lhe uma coisa incrvel. Ento, ao aparecer Jesus aos dez naquela noite, lanou-lhes em rosto sua indisposio e dureza de corao para crer naqueles que O haviam visto, Mc 16.14. Ainda pensavam que era apenas um esprito, pelo que os convidou para olhar de perto Suas mos, lado e ps, e apalp-Lo. Em seguida, pediu o que comer, e comeu diante deles, (Lc 24.28-43; Jo 20.20). Depois de tudo isso, Tom, taciturno, de cabea dura, duvidador, estava certo de que havia por a um engano qualquer, e no creu seno quando pessoalmente viu a Jesus uma semana depois, (Jo 20.24-29). De modo que os que primeiro proclamaram a histria da ressurreio de Jesus estavam de todo desprevenidos para crer, determinados a no crer, e chegaram a crer a despeito de si mesmos. Isto
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torna insustentvel qualquer possibilidade de haver essa histria surgido de uma imaginao excitada e em expectativa. No h meio concebvel de explicar a origem dessa histria, seno que foi um FATO REAL. Tambm ns um dia, pela graa de Cristo, ressurgiremos. 4.12.4.4. Jesus aparece aos sete Os discpulos estavam agora, de volta, Galilia, segundo Jesus lhes ordenara, (Mt 28.7,10; Mc 16.7), a fim de aguardarem novas instrues. Indicara-lhes um certo monte, (Mt 28.16), e, provavelmente, marcara o tempo. Enquanto esperam, voltam antiga ocupao. Pode ter sido perto, ou no mesmo local onde dois ou trs anos antes Jesus pela primeira vez os chamara para serem pescadores de homens (Lc 5.1-11), agora, como antes, dlhes uma redada miraculosa de peixes. Pode ter tido a inteno de, com isso, dar-lhes uma idia simblica do grande xito do movimento redentor entre os homens, que em breve iniciariam. A terceira vez (v.14), isto , aos discpulos reunidos, sendo mencionadas as outras em 20.19,26. Contando os indivduos a quem j aparecera, Maria Madalena, as outras mulheres, os dois, Pedro, era esta a stima apario. Mais do que estes (v.15). Estes objetos? Ou, estes homens? As formas masculina e neutra do pronome estes, no grego, so idnticas. No h meio de se saber em que sentido a usado. Amas-me mais do que estes outros discpulos? Ou, amas-me mais do que a este negcio de pesca? Estaria Jesus increpando a Pedro sua trplice negao? Ou estaria censurando-o, delicadamente, por ter voltado ao negcio da pescaria? Inclinamo-nos a admitir esta segunda hiptese. Amas-me? (vv.15,16,17). Jesus emprega o verbo agapao. Pedro usa phileo. Dois verbos gregos que significam amar. Agapao exprime um tipo mais elevado de devotamente. Pedro recusa empreg-lo. Na terceira vez Jesus toma a palavra usada pelo apstolo. Pastoreia as minhas ovelhas (vv.15,16,17), trs vezes variando na forma. A idia pode ser mais ou menos esta: Pedro, amas-ME mais do que a esta pescaria? Ento, melhor para ti ser dedicares o teu tempo ao cuidado de meu rebanho; minha empresa, Pedro, antes que tua.
4.12.4.5. O ministrio do Senhor Pelo fato da populao da Palestina nos dias de Cristo ter sido em grande parte Bilingue, segue-se quase necessariamente que o Senhor falava em ambas as lnguas. Vemos que ele falava algumas vezes em aramaico pelas suas palavras nessa lngua no terem sido retiradas em alguns pontos: Talita cumi (Mc 5.41): Eli, Eli, lem sabactni (Mt 27.46). Na capital, especialmente, ao dirigir-se aos chefes judeus, o Senhor Jesus usaria mais o grego. Que Ele falava indicado na pergunta que os judeus fizeram entre si depois de Jesus dizer que eles haveriam de procur-lo, mas no o encontrariam: Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde ir este que no o possamos achar? ir, porventura, para a Disperso (Judeus) entre os gregos com o fim de os (gregos) ensinar? (Jo 7.35). Se no estivessem acostumados a ouvir Jesus falar em grego, tal pergunta no seria feita.
4.12.4.6. Finais caractersticos interessante notar tambm a maneira caracterstica em que cada um dos quatro registros termina, e o progresso do pensamento que eles apresentam quando tomamos em conjunto. Mateus finaliza com a ressurreio do Senhor. Marcos avana e termina com sua ascenso. Lucas se adianta mais e encerra com a promessa do Esprito. Joo completa os quatro, terminando com a promessa do segundo advento. Quo apropriado que Mateus, o Evangelho do poderoso Messias-Rei, termine com o ato esplndido de sua ressurreio, a prova culminante de seu carter messinico e poder divino. Quo perfeitamente adequado que Marcos, o Evangelho do servo humilde, se encerre com o Servo exaltado ao lugar de
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honra. Como soa belo e harmonioso o final de Lucas, o Evangelho do homem ideal, de corao compassivo, ao lermos sobre a promessa do poder que viria do alto. Que concluso apropriada vemos no fato de Joo, o Evangelho do Filho Divino, escrito especialmente para a igreja, terminar com a promessa acerca da sua volta, feita pelo Senhor Ressurreto. Propsito conjunto evidenciado pelos quatro Evangelhos faz deles uma obra prima de variedade na unidade. Concluso Alguns comentrios usa muito, por exemplo, o argumento da redao tardia dos Evangelhos como uma prova da pouca confiabilidade histrica dos dados neles contidos. Essa , porm, uma viso muito pobre e incompleta. Para comear, h diversas descobertas recentes que indicam serem os Evangelhos mais antigos do que at h pouco se pensava, j havendo alguns registros escritos desde os primeiros anos aps a morte e ressurreio de Jesus. Alm disso, importante lembrar que os textos bblicos no surgiram do nada, no so textos originais do autor, mas so sempre fruto e registro de uma tradio oral j de h muito estabelecida, tendo mesmo sido redigidos com a provvel ajuda de escritos avulsos prexistentes. Portanto, a data de redao de um texto bblico no significa, em absoluto, que antes daquela data no se falava no assunto. Os relatos evanglicos no devem ser olhados como se fossem uma notcia de jornal ou uma crnica dos acontecimentos nos moldes de hoje. Eles no foram redigidos com pretenses de exatido matemtica, mas isso no significa que os acontecimentos neles narrados no sejam histricos. Significa, sim, que na Bblia a histria um instrumento, um meio e no um fim. O mais importante no a preciso dos dados ou a sua ordem cronolgica, e sim a leitura que se deve fazer dos acontecimentos, o significado teolgico e catequtico neles contido. Portanto, os fatos existem. Deus se revela concretamente na histria, na vida das pessoas. A Bblia no fico, e os Evangelhos, em especial, falam de fatos muito concretos, ocorridos num determinado momento da histria, e registrados para a posteridade. S que esses fatos ultrapassam a histria, ultrapassam o tempo. Eles revelam uma realidade muito maior do que o conjunto de circunstncias concretas em que se deram. O evangelista sabe disso, por isso organiza sua narrativa de modo a deixar claro, para o leitor, o papel que aqueles acontecimentos desempenham na vida de todos os homens em todos os tempos. Os evangelhos no foram escritos com a inteno de apresentar uma biografia de Jesus no sentido moderno, mas sim para dar a conhecer a pessoa de Jesus e sua misso, o lugar essencial e preciso que o Filho de Deus ocupa na histria de nossa salvao. Para Mateus, que se dirigia especialmente a judeus convertidos ao cristianismo, era importante mostrar a ligao entre a Nova e a Antiga Aliana, mostrar que em Jesus se cumpriam, de fato, as profecias messinicas do Antigo Testamento, que ele era a continuidade lgica da histria de salvao iniciada com Abrao. Era preciso que seus leitores pudessem enxergar que todos os acontecimentos da antiguidade tinham sido uma preparao para o advento de Jesus, que inaugurava um novo tempo e uma nova lei, em substituio antiga. Em toda a Bblia est presente essa inteno primordial de ensinar a ouvir a voz de Deus nos acontecimentos e discernir seu significado religioso, mais do que simplesmente relatar fatos. Por isso, os hebreus desenvolveram um gnero literrio especialmente propcio a isso, chamado midraxe. O midraxe um relato de fundo histrico, mas que pode ser enriquecido com traos fictcios, comentrios interpretativos e associaes com outros fatos bblicos, a fim de tornar mais clara a mensagem que o autor deseja apresentar. uma espcie de comentrio teolgico sobre os fatos, a fim de se tornem um instrumento catequtico. Dentro da maneira de pensar dos judeus antigos, tal recurso literrio era lcito e vlido, no era visto como enganao ou falsificao, como alguns tendem a concluir ao avaliar, anacronicamente, a
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cultura antiga pelos padres de hoje. Se os telogos vem com clareza essa questo, demonstram s vezes certa falta de cuidado na hora de explic-la aos fiis. O Evangelho de Mateus procura apresentar Jesus como o novo Moiss, o novo libertador e legislador que leva plenitude a antiga Lei, e forma o novo povo de Deus, que a Igreja. Para enfatizar esse paralelo com Moiss, Mateus interpreta os fatos da infncia de Jesus de forma a evidenciar sua relao com as tradies antigas. Assim, Jesus vai ao Egito e de l regressa, uma vez afastados os seus perseguidores, num paralelo entre Mt 2.19-21 e Ex 4.19s. H escritos judaicos antigos (no bblicos) que dizem terem sido os astrlogos que revelaram ao Fara o futuro nascimento do libertador de Israel, motivo pelo qual o Fara mandou matar os bebs hebreus do sexo masculino (Ex 1.16). H aqui um paralelo com Mt 2.16, onde Herodes manda matar os meninos na esperana de, entre eles, matar tambm Jesus, cujo nascimento lhe fora igualmente anunciado por astrlogos ou magos (Mt 2.1-2). Essa semelhana e outras ainda como a relao entre a estrela vista pelos magos e a profecia de Balao em Nm 24.17 mostram a inteno de Mateus de apresentar Jesus como novo Moiss. Isso o que os telogos geralmente dizem (e no esto errados). Mas eles deveriam enfatizar mais que tal circunstncia no significa, absolutamente, uma falsificao da histria. Vrios testemunhos de autores pagos atestam que a expectativa judaica de um Messias encontrava eco tambm entre povos distantes, tendo sido, sem dvida, introduzida no Oriente pelos judeus por ocasio do exlio (sc. VI a.C.), e tambm depois. Por exemplo, o historiador romano Tcito (+120 d.C) escreveu: Os homens estavam geralmente persuadidos, luz da f de antigas profecias, de que o Oriente ia tomar a vanguarda, e, dentro em breve, se veria sair da Judia aqueles que governariam o universo (Hist.V.23). Tambm Zaratustra (sc. VI/VII a.C.), na Prsia, falava de uma tradio segundo a qual o Bem triunfaria sobre o Mal graas verdade encarnada que devia nascer de uma virgem que nenhum homem tivesse tocado. Isso mostra que havia, sim, no Oriente, sbios pagos capacitados para discernir um sinal enviado por Deus sobre o nascimento do Messias judeu. A estrela, alm de ser o smbolo da nao judaica, era imagem comum entre os judeus para designar o aparecimento de um grande homem, podendo representar tambm um anjo, ou qualquer sinal de que se sirva a Providncia para guiar os homens.Sabe-se tambm que havia, entre os medos e persas, uma casta sacerdotal muito bem conceituada, designada pelo nome de magos (o que, em sua lngua, significava sacerdote), e que se ocupava da adivinhao, astrologia e medicina. Sabe-se, igualmente, que era comum a presena de reis e outras personalidades pags em Jerusalm, atrados (entre outros motivos) tambm pela religio a praticada. Portanto, a histria contada por Mateus no nenhum absurdo, mas perfeitamente possvel, ainda que Mateus possa ter dado forma personalizada a um fato genrico. No se pode provar que aqueles determinados magos existiram, mas tambm no se pode provar que no existiram. Na verdade, no h como detectar o limite exato entre os fatos reais e os pormenores que a tradio lhes acrescentou com finalidade catequtica, mas certo que o ncleo essencial histrico. Agora, quanto afirmao de que no eram trs e no eram reis: de fato, o Evangelho no diz que eles eram reis, nem diz quantos eram; s fala em magos do Oriente. Nem por isso se pode afirmar com certeza que no eram trs ou no eram reis, pois perfeitamente possvel que o fossem. A abordagem mais razovel seria dizer, simplesmente, que no possvel saber se essa tradio retrata a verdade, e que o Evangelho no traz essa informao (nem a desmente). A idia de que eram trs surgiu a partir do nmero de presentes oferecidos: ouro, incenso e mirra (Mt 2.11). Quanto ao status de reis, deriva provavelmente de diversas profecias messinicas que dizem que todos os reis da terra se prostraro diante dele e lhe pagaro tributo. A Igreja aplicou, aqui, o mesmo processo catequtico usado pelos judeus, permitindo que se formassem e se cultivassem tradies que, sem apresentar pretenses de verdade histrica, ajudam os fiis a
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compreender e a celebrar o mistrio da Salvao. Isso deve ser entendido e reconhecido como um recurso pedaggico legtimo e saudvel, no condenado como sinal de atraso e ignorncia. __________ Referncias FRANCISCO, Clyde T. Introduo ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: Juerp. Edio 1979. HALLEY, H. H. Manual Bblico. So Paulo: Vida Nova, 1984. TURNER, D. D. Introduo ao Antigo Testamento. Ibbc. TENNEY, Merril C. O Novo Testamento: Sua origem e linguagem. So Paulo: Vida Nova, 1984. CHAFER, Lewis S. Teologia Sistemtica (Volume 1). Imprensa Batista Regular, 1986. GILBERTO, Antonio. A Bblia atravs dos sculos. So Paulo: CPAD, 1995. TOGNINI, Enas. O perodo interbblico. Louvores do Corao, 1987. GUNDRY, Robert H. Panorama do Novo Testamento. So Paulo: Vida Nova, 1987. TOGNINI, Enas. Janelas para o Novo Testamento. Louvores do Corao, 1992. MEARS, Henrietta C. Estudo panormico da Bblia. So Paulo: Vida, 1982. APOLNIO, Jos Da Silva. Sintetizando a Bblia. So Paulo: CPAD, 1984. SHEDD, Russel. O novo comentrio da Bblia. So Paulo: Vida Nova, 1993. WILKINSON, Bruce e BOA, Kenneth. Descobrindo a Bblia. Candeia, 1 Edio. HALLEY, Henry H. Manual Bblico. So Paulo: Vida Nova, 1991. __________ Cordialmente, FACULDADE DE EDUCAO TEOLGICA FAMA.
FIM
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