Guia - Avaliacao Inicial e Dados Vitais

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GUIA

DE ESTUDO I

Avaliação Inicial
e Dados Vitais

Liga Acadêmica
LAEME

do Trauma e
Emergências
Médicas
Apresentação

O presente Guia de Estudo é destinado aos alunos do primeiro


semestre do curso de Medicina da Universidade Federal da Bahia e faz parte
das atividades do MÓDULO DE MEDICINA SOCIAL E CLÍNICA I (MED
B10). Seu uso integra o projeto de implementação do Módulo de Urgência
e Emergência na grade curricular da Faculdade de Medicina da Bahia e visa
fornecer aos estudantes, desde o primeiro semestre do curso,
conhecimentos básicos na área de Urgência e Emergência.
A LAEME (Liga Acadêmica do Trauma e Emergências Médicas), desde
2004, busca promover maior contato entre os acadêmicos de medicina e o
dia-a-dia de um médico emergencista, sendo este o profissional capaz de
fazer a diferença em situações que oferecem risco à vida.
Este guia foi escrito pelos membros da LAEME usando referencial
teórico consistente e atualizado nos assuntos abordados, entretanto não
substitui o uso de livros-texto já consagrados.

2017

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Avaliação Inicial
Autores: Leila Brito, Luisa Fragassi e Murilo Oliveira

Inicialmente, você deve estar pensando que os atributos de um socorrista não vão
além de ter conhecimento sobre as atitudes e os procedimentos necessários para salvar
a vida da vítima. Contudo, é muito mais que isso. Além da competência e do
conhecimento, que você vai começar a adquirir agora, um socorrista deve ter confiança,
calma, compaixão, espírito de liderança, segurança e bom-senso. São necessárias todas
essas características para que os primeiros socorros sejam procedidos de maneira
efetiva.

Competência e conhecimento sobre primeiros socorros: é fundamental que


um socorrista seja instruído, pois é ele quem vai efetuar o atendimento do doente
com aptidão e qualidade, evitando agravar as lesões e ocasionar sequelas,
aumentando assim, as chances de sobrevivência da vítima.

Confiança: um socorrista confiante transmite convicção e firmeza das suas ações.

Calma: é indispensável, pois além de transmitir confiança, é necessária para o


desempenho correto do socorrista.

Compaixão: o socorrista não deve ser indiferente frente ao sofrimento do outro,


mas sim, utilizar da empatia para compreender o momento complicado pelo qual a
vítima está passando, tentando sempre dispor do máximo de empenho para ajudá-lo.

Espírito de liderança: além de estar apto para atuar em situações de salvamento, o


socorrista ainda deve ser capaz de gerir uma equipe incumbindo tarefas, decidir as
condutas e procedimentos e reconhecer riscos.

Segurança e bom-senso: o socorrista deve ser seguro, sábio e razoável nas suas
tomadas de decisão, pensando sempre nas consequências, nos riscos e nos benefícios
que cada abordagem e técnica irá trazer para o doente.

Antes de atuar, o socorrista deve se atentar aos aspectos do local: a avaliação da


cena é uma etapa primordial do atendimento.
O socorrista deve pensar, antes de tudo, na sua segurança e de sua equipe. A
avaliação da segurança da cena envolve a observação de riscos e situações de perigo
como presença de fogo, fios elétricos caídos, explosivos, materiais perigosos incluindo
sangue e fluidos corporais, tráfego de veículos, inundações, presença de indivíduos
agressores, além de condições ambientais adversas (neve, chuva, gelo, nevoeiro). O mais

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adequado em tais situações é adiar o atendimento do doente até que a cena esteja
segura.

Triagem das vítimas


A triagem do atendimento às vítimas é dividida em dois conceitos:
a) Locais com múltiplas vítimas: significa basicamente que a quantidade de
recursos da equipe é suficiente para a quantidade de vítimas no local. Assim, os
pacientes de maior gravidade terão o atendimento prioritário, como aqueles com
obstrução de vias aéreas, paradas cardiorrespiratórias, hemorragias graves,
choque, traumas importantes em tórax e abdome, lesão em crânio e problemas
clínicos graves.
b) Locais com vítimas em massa: em locais onde a quantidade de recursos não
é suficiente para o número de vítimas, aqueles pacientes com menor gravidade
serão atendidos primeiro, pois possuem mais chance de sobreviver.

Avaliação das vítimas e gravidade


A avaliação e classificação das vítimas conforme a gravidade de cada uma, é
processo fundamental no tratamento de doentes em situações de Urgência e
Emergência. Primeiramente, deve-se avaliar as funções vitais do paciente de maneira
sistematizada, rápida e eficiente. Essa avaliação deve seguir a ordem: ABC. Após a
avaliação de cada item, deve-se sempre retornar ao “A” e reavaliar os itens já
examinados.

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A (Airway)

No “A” iremos observar se a via aérea está pérvia, ou seja, buscamos descartar
a presença de obstrução, sangramento ou corpo estranho. Neste momento também
utilizaremos as manobras de Chin Lift (elevação do queixo) e Jaw Thrust (tração da
mandíbula), que permitem a retificação da via aérea, permitindo com maior segurança a
sua viabilidade.

B (Breathing)

No “B” observamos se o paciente respira. Deve-se então, verificar a


movimentação da caixa torácica.

C (Circulation)
No “C” avaliaremos a circulação. Iremos buscar alterações da normalidade
através da: frequência cardíaca (taquicardia ou bradicardia), palpação dos pulsos,
verificação do tempo de enchimento capilar, verificação da pele e alterações na pressão
arterial.

Telefones úteis

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Dados Vitais
Autores: Alice Magalhães, Geovaldo Correia Junior e Vicente Sena
TEMPERATURA
A verificação da temperatura corporal é feita por meio do termômetro clínico,
que no Brasil é graduado em graus Celsius e pode ser posto em locais diferentes do
corpo, apresentando diferentes valores. O local habitual é o oco axilar.

SÍTIO VALORES NORMAIS


Para a utilização correta é
necessária a higiene da axila e do
Axilar 35,5 a 37º
termômetro, evitando-se a
presença de umidade no local.
Bastante comum em outros
Oral 36 a 37,4º países, é feita pela colocação do
termômetro na região sublingual.
Aplicação do termômetro na
Retal 36 a 37,5º
ampola retal.
FONTE: Porto, 2013

É importante destacar que além de a temperatura corporal possuir valores


diferentes de acordo com o local de aferição, também existe variação em decorrência
da idade, sexo e períodos do dia. Assim, quando estivermos diante de um paciente
adulto, cujos valores de temperatura axilar estão próximos de 37,5 °C, devemos
proceder às condutas cabíveis a um indivíduo febril, sem a necessidade de uma aferição
≥ 37,8 °C para tal.

FREQUÊNCIA CARDÍACA
Indica a quantidade de vezes que o coração bate em um minuto. Seus valores
podem ser obtidos através da ausculta cardíaca (contando-se o número de batimentos
auscultados em um minuto) ou através da análise do pulso (contando-se o número de
pulsações em um minuto).
Habitualmente, usa-se a artéria radial para análise do pulso. Ela está situada entre
o processo estiloide do rádio e o tendão dos flexores. O polegar fica delicadamente no
dorso do punho do paciente e a mão do paciente deve repousar no leito ou na mesa de
exame em completa supinação.
Em pessoas adultas, considera-se normal a frequência de 60 a 100 bpm. Acima
de 100 pulsações designa-se taquisfigmia ou, como é mais usada na linguagem comum,
“taquicardia”. Isso porque nem sempre o número de pulsações periféricas corresponde
ao número de batimentos cardíacos. Bradisfigmia ou “bradicardia” significa menos de 60
pulsações por minuto. Se o ritmo for regular e a frequência parecer normal, conte-a a
durante 30 segundos e a multiplique por dois. Se a frequência for incomumente rápida
ou lenta, conte durante 60 segundos.

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FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA
Indica o número de ciclos respiratórios que um paciente completa dentro de um
período específico de tempo, sendo mais comum ser expressa em incursões por minuto
(ipm). Em adultos, conte o número de incursões respiratórias durante um minuto por
inspeção visual. Os valores normais situam-se entre 12 e 20 ipm; valores abaixo dessa
faixa considera-se a condição de bradipneia e valores acima considera-se taquipneia.

PRESSÃO ARTERIAL
A pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue sobre a parede das artérias.
Ela depende da força de contração do coração, do volume de sangue ejetado por ele e
da resistência da parede das artérias à chegada desse sangue.
A contração cardíaca atua como principal determinante e é responsável pela
variação da pressão entre extremos: a pressão sistólica (ponto mais alto, simultâneo à
fase de sístole) e a pressão diastólica (ponto mais baixo).
A técnica mais comum e fácil de aferição é a indireta, obtida por meio do
esfigmomanômetro (tensiômetro), que estima as pressões sistólica e diastólica a partir
da pressão exercida pela insuflação do manguito e o aparecimento e desaparecimento
dos sons dos batimentos à ausculta. O primeiro som claro, quando o sangue flui através
da artéria comprimida, é a pressão sistólica. A pressão diastólica ocorre no ponto em
que o som muda ou desaparece.
A pressão arterial (PA) varia de acordo com inúmeros fatores, como: idade,
postura, estado gestacional, raça, estado de sono ou vigília, realização de esforço físico
e uso de substâncias como tabaco, álcool e cafeína. Além disso, o examinador, o
ambiente e o equipamento também são fatores de possível variação. Esse é o motivo
pelo qual a preparação do paciente e a realização adequada da técnica são essenciais
para a fidedignidade da aferição.
Técnica:
1- Explicar ao paciente o procedimento e o objetivo.
2- Certificar-se de que o paciente não está com a bexiga
cheia, não fez uso de café, alimentos, álcool, tabaco
ou outro tipo de substância nos últimos 30 minutos.
3- Perguntar se o paciente fez uso das suas medicações
habituais.
4- Deixar o paciente sentado e calmo por 5 a 10 minutos e manter o braço na altura
do coração.
5- Palpar a artéria braquial na fossa antecubital.
6- Posicionar o manguito 2cm acima do cotovelo.
7- Palpar o pulso radial e inflar o manguito até os batimentos desaparecerem para
estimar a pressão sistólica. Esse será o parâmetro para insuflação do manguito
no momento da aferição. *

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8- Colocar o estetoscópio com a campânula sobre a artéria braquial e inflar o
manguito até 10 a 20mmHg acima da pressão sistólica estimada anteriormente.
9- Desinflar o manguito lenta e constantemente.
10- Determinar a pressão sistólica ao aparecimento do primeiro som.
11- Determinar a pressão diastólica ao desaparecimento do som. Continuar a
ausculta por mais 30mmHg para confirmar seu desaparecimento. Se o som
persistir até o 0, sinalize em que medida ele se tornou mais fraco.
12- Registrar os valores encontrados sem arredondamentos, na forma:
Pressão sistólica x Pressão diastólica mmHg (Ex.: 124 x 86 mmHg).
Observação: Se os batimentos persistirem até a pressão 0mmHg no manguito, deve-se
registrar a que pressão os sons passaram a ser mais fracos, como: 124 x 86 x 0 mmHg.
*Qual a importância de estimar a pressão sistólica?
O examinador pode se confundir com um efeito chamado hiato auscultatório:
desaparecimento da ausculta durante a deflação do manguito. Ele é mais comum em
idosos e pode subestimar a pressão sistólica e superestimar a diastólica, perdendo a
fidedignidade do exame. Ao estimar a pressão sistólica antes da aferição, pode-se
identificar os sons com mais clareza e atenção.
Classificação da Pressão Arterial
A classificação da pressão arterial é um instrumento muito importante sobretudo
no diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial sistêmica, tendo em vista sua
instalação assintomática e importante papel como comorbidades para as doenças de
maior mortalidade na prevalência atual.
Quando a PAS e a PAD encontram-se em categorias diferentes, a maior deve ser
usada para a classificação da PA.

Classificação da PA PAS (mmHg) PAD (mmHg)


Normal ≤ 120 e ≤ 80
Pré-hipertensão 121 a 139 e 81 a 89
Hipertensão estágio 1 140 a 159 ou 90 a 99
Hipertensão estágio 2 160 a 179 ou 100 a 109
Hipertensão estágio 3 ≥ 180 ou ≥110
Hipertensão sistólica
≥ 140 e <90
isolada
FONTE: 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016; 107(3Supl.3):1-83

Além disso, também há convenções quanto aos valores baixos da pressão


(hipotensão), que não são necessariamente doenças, mas podem ter sintomas associados
ou serem o indicativo de um estado mais grave. Os valores definidos como marcadores
de hipotensão no homem é de <110 na PAS e <70 na PAD; na mulher os valores são de
<100 na PAS e <60 na PAD.

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Referências

ATLS – Advanced Trauma Life Support. Suporte Avançado de Vida no Trauma, 9ª edição.
Editora Elsevier , 2004.
BICKLEY, Lynn S; SZILAGYI, Peter G. Bates propedêutica médica. 11ª. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2013.
PHTLS - Prehospital Trauma Life Support. Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado,
7ª edição. NAEMT & ACS. 2012, Editora Elsevier.
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 6.ed. Guanabara Koogan, 2013.
Sétima Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Volume 107, Nº 3, Supl. 3, setembro 2016.
Schmidt A, Pazin Filho A, Maciel BC. Medida Indireta da Pressão Arterial Sistêmica.
Medicina, Ribeirão Preto, 37: 240-245, jul./dez. 2004.

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