Unidade 1

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 20

Telessaúde

Telessaúde: seus Conceitos, Histórico e Terminologias

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Alessandra Aparecida Campos

Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
Telessaúde: seus Conceitos,
Histórico e Terminologias

• Conceitos Básicos, Definições e Termos Técnicos


Utilizados na Área da Telessaúde;
• Histórico da Telessaúde no Brasil e no Mundo;
• Uso das Tecnologias de Informação
e Comunicação (TIC) na Área de Saúde.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conceituar a Telessaúde e suas aplicações na área de assistência, no ensino, na gestão e na
pesquisa em saúde;
• Estudar a história do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em saúde.
UNIDADE Telessaúde: seus Conceitos, Histórico e Terminologias

Conceitos Básicos, Definições e Termos


Técnicos Utilizados na Área da Telessaúde
Falar em tecnologia, para muitos, é falar em desenvolvimento, no entanto, algumas
pessoas se arrepiam só com o fato de precisarem ligar um computador. Assim, um fato
é claro, ela existe e está aí para auxiliar aqueles que dela não querem se tornar escravos,
muito pelo contrário, querem a inovação, e, com isso, novas técnicas surgem.

Dentre essas descobertas, surge a telemedicina e, posteriormente, seus sinônimos,


resultados de como são utilizadas pelo mundo, tais como telessaúde, e-saúde (e-health),
saúde on-line, dentre outros.

Segundo Silva (2014), a terminologia Telemedicina destina-se a cuidados em saúde


e à troca de informações mediadas pelo uso de tecnologia para os serviços de saúde a
distância, principalmente relacionados ao gerenciamento clínico dos pacientes.

A Telemedicina faz parte de uma integração global de informações. A internet pro-


porcionou essa integração entre todos os profissionais envolvidos.

As primeiras normativas ocorreram através da Organização Mundial da Saúde (OMS,


1997), que a conceituou como oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde nos ca-
sos em que a distância ou o tempo é um fator crítico, realizada por profissionais de saúde,
que se utilizam da tecnologia da informação e comunicação para a troca de informações
necessárias para o diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças, para pesquisas e
avaliação e para a educação continuada dos provedores e profissionais de saúde com o
objetivo maior de promover a melhoria da saúde dos indivíduos e das comunidades.

Já para o Conselho Federal de Medicina (2002), através da Resolução CFM 1643,


2002, a definição de telemedicina é o exercício da Medicina através da utilização de
metodologias interativas de comunicação audiovisual e de dados, com o objetivo de as-
sistência, educação e pesquisa em Saúde.

Com o avanço do uso da tecnologia em gerenciar os serviços, outras profissões pas-


saram a utilizar as informações proporcionadas pelo uso da tecnologia aplicada, ficando
melhor definida como telessaúde, uma vez que esta terminologia é mais abrangente.
Desta forma, utilizaremos neste material a terminologia Telessaúde.

Inicialmente, a telessaúde seduz pelo uso da tecnologia, que proporciona a possibili-


dade de vencer o distanciamento físico, principalmente o existente em um país de gran-
des dimensões territoriais, além da concentração dos profissionais em pequenas áreas
mais desenvolvidas, como é o caso do Brasil.

Diante deste quadro, justifica-se o uso da Telessaúde em nosso país, visto que sendo
um país de dimensões territoriais tão grandes, é inevitável a ocorrência de áreas extre-
mamente desenvolvidas e outras extremamente subdesenvolvidas, com população de
baixa renda e em áreas de difícil acesso.

Os serviços de saúde também se concentram nas áreas desenvolvidas e levar esses


serviços para as áreas mais distantes proporciona grandes despesas e tempo para o

8
deslocamento. Uma boa estrutura de telecomunicação é necessária para conseguir
proporcionar à essas áreas mais distantes as informações condizentes aos tratamentos
de qualidade.

Fernando Maia Peixoto Filho, no prefácio da obra de Silva (2014) informa que a te-
lessaúde somente se concretiza plenamente quando consegue compor uma verdadeira
rede de pessoas e instituições interligadas com um objetivo comum, muito além de um
simples encontro mediado pela tecnologia.

A telessaúde é definida como o uso das modernas tecnologias da informação e comu-


nicação para atividades a distância relacionadas à saúde em seus diversos níveis, sejam
eles primário, secundário e/ou terciário (SILVA, 2014).

Para entender toda a sistemática de uso das tecnologias, precisamos entender basica-
mente como a telessaúde poderá funcionar.

A telessaúde é um processo de interdisciplinaridade, envolvendo diversas áreas do


saber, dentre elas, telecomunicação, eletrônica, sistemas de computação, softwares, har-
dwares e a integração ao sistema de saúde.

Torna-se uma nova ferramenta dentre todos esses sistemas criados no intuito de ge-
renciamento de ações em todos os segmentos da saúde, sejam primários, secundários
ou até terciários.

A aplicação da telessaúde pode ser realizada de duas formas básicas: uma de profis-
sional a profissional de saúde, e a outra de profissional a pacientes.

Existem duas formas de interação na telessaúde, a chamada síncrona, quando os au-


tores envolvidos no processo estão distanciados fisicamente, mas conectados ao mesmo
tempo, ou seja, interagem em tempo real (real time). E a assíncrona, quando além de
distanciados fisicamente, os autores do processo interagem em tempos distintos, ou seja,
a interação não se dá em tempo real, também chamada de store and forward.

• Exemplos de atividades síncronas: Videoconferências e Webconferências. Mais recente-


mente, com a pandemia COVID-19, novas terminologias surgiram, como Bate papos e Lives,
principalmente difundidos nas redes sociais;
• Exemplos de atividades assíncronas: Fóruns de discussão, gravações de atividades sín-
cronas, disponibilizadas nas mais diversas plataformas educacionais e redes sociais.

Diante do desenvolvimento e da inovação proporcionados pela tecnologia, cabe aqui


destacar alguns termos importantes que surgiram posteriormente ao seu desenvolvimento,
são eles:
• Telediagnóstico: Interpretação e discussão de resultados de exames com a finalida-
de diagnóstica quando os indivíduos estão separados por grandes distâncias;
• Teleconsultoria: caracterizada basicamente por uma comunicação remota viabi-
lizada pela tecnologia, que permite a discussão e a interação dos profissionais de
saúde, gestores e demais trabalhadores da área de saúde para troca de informações,
com a principal finalidade de esclarecimento de dúvidas sobre os procedimentos a
serem realizados nos pacientes;

9
9
UNIDADE Telessaúde: seus Conceitos, Histórico e Terminologias

• Teleconsulta: caracterizada pelo atendimento remoto, realizado com o uso de tec-


nologia e sistemas apropriados, que permite ao profissional levar informações dire-
tamente aos seus pacientes localizados em diferentes espaços geográficos;
• Teletriagem: caracterizada pela avaliação de sinais e sintomas relatados pelos pa-
cientes, estabelecendo sua gravidade; realizada de forma remota e mediada com
o uso de tecnologias digitais para orientação e encaminhamento a um serviço de
atenção à saúde geral ou especializado, de forma eletiva ou emergencial, conforme
o caso demandar;
• Telemonitoramento: Caracteriza-se pelo acompanhamento a distância de pacien-
tes atendidos previamente de forma presencial, podendo ser síncrono ou assíncro-
no, proporcionando uma forma de análise para se definir a necessidade de uma
nova consulta presencial para reavaliação do paciente. Monitoramento de campa-
nhas de vacinação. Normalmente usado também entre o paciente e a máquina;
• Telecirurgia: interações em momentos cirúrgicos. Ex.: na visualização de especia-
listas que podem assistir ao momento cirúrgico no sentido de colaboração e orien-
tação de procedimentos;
• Teleducação: caracteriza-se pela utilização de recursos tecnológicos digitais para
construção e aperfeiçoamento de profissionais e alunos das diferentes áreas de co-
nhecimentos, sendo inclusive fonte de orientação permanente aos pacientes;
• Videoconferência: utilização de tecnologias de comunicação que possibilitam a
interação entre os profissionais de saúde através de câmeras de vídeo, microfones
e software de comunicação;
• Webconferência: reuniões realizadas através da web, com a utilização de aplica-
tivos apropriados para a troca de informações, em que vários pontos podem se
comunicar instantaneamente;
• Teleconferência: termo mais abrangente que define qualquer forma de contato a
distância, por intermédio de tecnologias. Sejam áudios ou imagens.

Uma grande discussão se faz com relação às teleconsultas. Existem diversas opi-
niões favoráveis e desfavoráveis, visto que não são todas as áreas que as poderão
utilizar. É importante deixar claro que a teleconsulta não dispensa a realização de
uma consulta presencial, mas auxilia nos processos que geram muitas demandas aos
serviços públicos.

Segundo Morsch (2020), em sua página na internet, a teleconsulta é considerada


uma modalidade de consulta médica realizada a distância, que pode ser empregada para
melhorar o atendimento na atenção básica, no serviço público ou privado. Esclarece
também que a teleconsulta deve ser realizada através de um sistema de telemedicina em
nuvem, onde é possível realizar tanto teleconferências em áudio e vídeo, quanto o uso
de um prontuário eletrônico com anamnese, sendo permitida inclusive a emissão de
atestados médicos e receita médica com assinatura digital.

Diante deste foco de atuação, cabe ressaltar que a telessaúde muitas vezes necessita
estar alinhada com a teleducação, pois esta é fundamental na orientação dos envolvidos
no uso da tecnologia, tanto por parte dos pacientes, quanto dos estudantes que se en-
contram no processo de formação para a utilização do sistema.

10
Histórico da Telessaúde
no Brasil e no Mundo
Segundo definições da WHO (2009), a telessaúde é conceituada como o uso de
tecnologias pelos profissionais de saúde para a troca de informações válidas para o
diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças, pesquisa e avaliação, e educação con-
tinuada de prestadores de cuidados de saúde, onde a distância é um fator crítico.

Desta maneira, a WHO (2009) elenca quatro elementos essenciais à telemedicina:


• Sua principal atuação está no fornecimento de suporte clínico;
• Pretende superar barreiras geográficas, conectando usuários que não estão na mes-
ma localização física;
• Envolve o uso de vários tipos de tecnologias;
• Sua finalidade é melhorar os resultados de saúde.

Historicamente, a origem da telemedicina (telessaúde) está relacionada ao uso de


dados de eletrocardiogramas transmitidos através de linhas telefônicas, ocorridos em
meados do século XIX. Somente na década de 1960 é que a telemedicina começou a
ser impulsionada com o uso da televisão para facilitar a consulta com especialistas de
institutos psiquiátricos, dentre outras atividades, sempre com o intuito de melhora na
qualidade do diagnóstico (WHO, 2009).

A telessaúde está sendo amplamente utilizada no mundo em diversas regiões, tais


como na Mongólia, para monitorização e redução dos riscos de mortalidade infantil e
materna de populações distantes, principalmente aquelas localizadas em áreas rurais e
com difícil acesso. Outro exemplo é o caso de pesquisa de câncer de mama nas popula-
ções rurais residentes no México (WHO, 2009).

De acordo com a publicação da WHO (2009), existem diversos países no mundo com
projetos de telemedicina implantados e/ou em projetos pilotos.

A telessaúde no Brasil tem o seu marco inaugural com o surgimento da Rede Univer-
sitária de Telemedicina (RUTE), da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP/MCTI).

A Rede Universitária de Telemedicina foi criada pelo Ministério da Ciência e Tecno-


logia com o apoio de importantes segmentos, tais como a Financiadora de Estudos e
Projetos (Finep) e a Associação Brasileira de Hospitais Universitários (Abrahue).

É coordenada pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), cujo objetivo principal
é o apoio ao aprimoramento de projetos em telemedicina já existentes e o incentivo a
trabalhos interinstitucionais.

A infraestrutura proporcionada pela rede RUTE favoreceu parcerias com diversos


segmentos internacionais, dentre eles, países da América Latina, Europa, Austrália e
Estados Unidos.

Para ter mais informações sobre a rede RUTE acesse o portal: https://bit.ly/3onUsPW

11
11
UNIDADE Telessaúde: seus Conceitos, Histórico e Terminologias

Em 2007, foi criado o Programa Nacional de Telessaúde, através da Portaria MS 35,


de janeiro de 2007, com o objetivo de desenvolver ações de apoio à assistência à saúde
e, sobretudo, de educação permanente de Saúde da Família, visando mudanças de prá-
ticas de trabalho que resultem na qualidade do atendimento da Atenção Básica do SUS
(BRASIL, 2007).

Essa portaria foi atualizada em 2010, através da Portaria MS 402, de 02 de fevereiro,


quando foi criado o Programa Telessaúde Brasil, com um projeto piloto em nove núcleos
de telessaúde em centros distantes, como nos Estados do Amazonas, Ceará, Pernambuco
e grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro, sendo o objetivo principal a qua-
lificação de mais de 2.500 equipes de Estratégia da Saúde da Família (ESF), reduzindo
tempo de qualificação e gastos com deslocamentos.

Através deste programa foi possível uma melhora significativa na Atenção Básica do
SUS, já que ele proporcionou a chegada de informações aos centros mais distantes do
País. Inicialmente foram constituídos 32 pontos de convênio. Hoje o programa se ex-
pandiu, e com a atualização da Portaria MS 2.546, de 27 de outubro de 2011, recebeu
o nome de Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes (Telessaúde Brasil Redes).

Nesse programa são oferecidos os seguintes serviços:


• Teleconsultoria: consulta mediada por tecnologia, devidamente registrada com o
propósito de esclarecimento de dúvidas sobre procedimentos clínicos, ações de saú-
de e questões relativas ao processo de trabalho, podendo ser de dois tipos: síncrona
ou assíncrona;
• Telediagnóstico: serviço autônomo que utiliza as tecnologias da informação e co-
municação para realizar serviços de apoio ao diagnóstico através de distâncias ge-
ográfica e temporal;
• Segunda Opinião Formativa (SOF): respostas previamente estruturadas referen-
tes a temas originados através das teleconsultorias e selecionadas a partir de crité-
rios de relevância e pertinência em relação às diretrizes do SUS;
• Teleducação: conferências, aulas e cursos ministrados por meio da utilização das
tecnologias de informação e comunicação (BRASIL, 2011).

Esse programa é constituído por:


• Núcleo de Telessaúde Técnico-Científico: instituições formadoras e de gestão e/
ou serviços de saúde responsáveis pela formulação e gestão de Teleconsultorias,
Telediagnósticos e Segunda Opinião Formativa;
• Ponto de Telessaúde: serviços de saúde a partir dos quais os trabalhadores e pro-
fissionais do SUS demandam Teleconsultorias e/ou Telediagnósticos.

Os profissionais de saúde do SUS demandam seus questionamentos para os telecon-


sultores dos núcleos ou pontos de telessaúde, através dos serviços acima apontados, e
estes, quando recebem essas demandas assíncronas, possuem o prazo de não mais do
que 72 horas para que a resposta seja efetiva, tornando-se assim um meio ágil para de-
mandas de regiões distantes e muitas vezes sem recursos humanos suficientes.

Ainda no ano de 2011, outra portaria do Ministério da Saúde, a Portaria MS 2.554,


de 28 de outubro, instituiu, no Programa de Requalificação de Unidades Básicas de

12
Saúde (UBS), o Componente de Informatização e Telessaúde Brasil Redes na Atenção
Básica, integrado ao Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes. Este ato foi uma es-
tratégia do Ministério da Saúde para fortalecer a Atenção Primária à Saúde, com melhor
estrutura e melhor qualificação das equipes de saúde.

Acesse no link a seguir a Portaria MS 2.546 para conhecer a estrutura, a gestão do conheci-
mento do Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes. Disponível em: https://bit.ly/3hRJtvN

No ano de 2012, a rede RUTE chegou à marca de 100 unidades implantadas, conec-
tadas, homologadas, inauguradas e em plena operação em todos os estados do Brasil.
Hoje já são mais de 140 unidades implantadas.

O Brasil, por estar na linha de frente nessa atuação, recebeu qualificação de melhor
prática em telemedicina pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), pela Or-
ganização Pan-Americana da Saúde (Opas) e pela Comissão Econômica para a América
Latina e o Caribe (Cepal) em 2012 (MESSINA et al., 2014).

Cada unidade utiliza-se da infraestrutura de comunicação da RNP para integrar os


SIGs (Grupos de Interesse Especial) para as discussões dentre as várias especialidades.
Atualmente existem mais de 50 SIGs que realizam cerca de 60 reuniões de sessões
científicas virtuais por mês.

Nestes grupos são realizadas reuniões de pesquisa colaborativa, com a participação


ativa de mais de 150 instituições, inclusive algumas da América Latina e de países de
língua portuguesa (MESSINA et al., 2014).

A condução dos SIGs é proporcionada por pesquisadores de universidades integrantes


da rede RUTE. Essas reuniões são agendadas previamente e a sua periodicidade é defi-
nida pelos colaboradores dos grupos, devendo ocorrer pelo menos uma vez por mês. As
reuniões ocorrem de maneira síncrona com a utilização da infraestrutura da rede RUTE.

Do ponto de vista internacional, a rede RUTE atua junto à Organização Mundial da


Saúde, à Organização Panamericana de Saúde, à rede ePortugues e aos Protocolos Re-
gionais de Políticas Públicas de Telessaúde na América Latina (MESSINA et al., 2014).

Em 2019, o Decreto 9.795 criou o departamento do Saúde Digital junto ao Ministério


da Saúde e, com ele, a Política Nacional de Saúde Digital e Telessaúde no SUS. Esse
decreto sofreu algumas atualizações, mas ainda continua em vigor.

Dentre as tecnologias que são empregadas neste departamento, destacam-se a incor-


poração dos recentes avanços na tecnologia como novos conceitos, aplicações de redes
sociais, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), entre outros.

Em 2017, o Ministério da Saúde propôs a confecção de um documento intitulado “Vi-


são de e-Saúde para o Brasil”, no qual diversos profissionais (contribuição direta de cerca
de 60 profissionais de diversas esferas do governo, instituições de pesquisa e ensino,
empresas e organizações não governamentais), estabeleceram um consenso e produzi-
ram o documento baseado no National eHealth Strategy Toolkit (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2012).

13
13
UNIDADE Telessaúde: seus Conceitos, Histórico e Terminologias

Segundo este documento produzido pelo Comitê Gestor da Estratégia e-Saúde (2017),
hoje integrante do departamento de Saúde Digital, os benefícios esperados pela Telessaú-
de no Brasil são:
• Facilitação do acesso às informações em saúde;
• Troca de informação entre serviços de saúde;
• Suporte à assistência em serviço;
• Superação de dificuldades de acesso;
• Promoção de educação permanente dos profissionais da área de saúde;
• Colaboração com a gestão;
• Permissão a pesquisas multicêntricas.

Acesse o documento completo e conheça a ESTRATÉGIA e-SAÚDE PARA O BRASIL.


Disponível em: https://bit.ly/38k9vo2

Uso das Tecnologias de Informação e


Comunicação (TIC) na Área de Saúde
O uso das TICs em saúde vem sendo implementado a cada ano, segue sendo fonte
de democratização da saúde e melhorias importantes na qualidade de gestão. No Brasil,
o DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) é o grande
responsável por fornecer as principais diretrizes para o seu uso.
Com a necessidade de unificação de tantas informações disponíveis e também de
segurança destes dados é que, em 1991, com a criação da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa), através do Decreto 100 de 16 de abril, oficializa-se a criação do DATASUS.
O DATASUS é o órgão responsável por garantir aos órgãos do SUS os sistemas de
informação e suporte de informática necessários ao processo de planejamento, opera-
ção e controle (BRASIL, 2020).
Em 2011, o DATASUS passa a integrar a Secretaria de Gestão Estratégica e Parti-
cipativa, conforme Decreto 7.530 de 21 de julho de 2011, que trata da Estrutura Regi-
mental do Ministério da Saúde. Este decreto, no entanto, já foi revogado e a estrutura
vigente no Brasil hoje é a definida pelo decreto 9.795 de 17 de maio de 2019.
Atualmente, neste decreto 9.795 estão definidas as competências para o DATASUS,
dentre elas pode-se destacar:
• a integração das universidades, organizações da sociedade civil e o setor privado;
• o fornecimento de diretrizes de TICs para a operacionalização dos sistemas de in-
formação e ações para a segurança da informação;
• desenvolvimento, pesquisa e incorporação de produtos e serviços de tecnologia da
informação para atendimento às diretrizes da Política Nacional de Saúde;
• manutenção do acervo das bases de dados mantidos pelo Ministério da Saúde;

14
• apoio aos Estados, Distrito Federal e Municípios na informatização das atividades
do SUS;
• promoção do atendimento aos usuários do sistema de informação do Ministério
da Saúde.
Além das ações do DATASUS, o Ministério da Saúde possui em sua estrutura orga-
nizacional também o Departamento de Saúde Digital, criado para atender e garantir a
completa implementação da Política Nacional de Saúde Digital e Telessaúde no SUS,
implementado no âmbito do Ministério da Saúde.
Uma importante ação a ser destacada por este departamento de Saúde Digital está
no estímulo, viabilização e consolidação das atividades de saúde digital, sendo elas, te-
leconsultoria, o telediagnóstico, a teleducação, entre outras, como estratégias de apoio
assistencial no âmbito do SUS, para fortalecimento, integração e regulação clínica nas
redes de atenção à saúde.
Atualmente, no Brasil, está vigente o programa Conecte SUS, uma estratégia digital
para unificação dos dados de saúde dos cidadãos para atendimento no SUS e na rede pri-
vada e integrante da Rede Nacional de Dados em Saúde. Segundo informações fornecidas
pelo Ministério da Saúde (2020), o aplicativo CONECTE SUS será dividido em segmen-
tos, uma área para profissionais (CONECTE SUS Profissionais) e uma área para o cidadão
(CONECTE SUS Cidadão), que está em fase de implantação, pretendendo ser uma das
inovações mais significativas para o setor. O projeto piloto iniciou em Alagoas no final de
2019 e a portaria MS 1434 de 28 de maio de 2020, instituiu o programa Conecte SUS.
Na figura a seguir consegue-se entender, através de um mapa mental, a Estratégia de
Saúde Digital, conectada através do programa Conecte SUS.

Figura 1 – Estrutura Analítica do Programa de Estratégia de Saúde Digital


Fonte: Saúde Digital – Ministério da Saúde – Brasil, 2020

Paralelamente às ações governamentais, encontra-se na Sociedade Brasileira Informá-


tica em Saúde (SBIS) o que existe de maior destaque na área de informática em saúde.
Criada em 1986, logo após a realização do Seminário de Informática em Saúde, em
Brasília, por iniciativa do Ministério da Saúde, a SBIS consolidou-se durante o Congresso
Brasileiro de Informática em Saúde (SABBATINI, 1998).

15
15
UNIDADE Telessaúde: seus Conceitos, Histórico e Terminologias

No XVII Congresso Brasileiro de Informática em Saúde, programado para ocorrer


no final de 2020, diversos temas devem ser tratados, dentre eles, pode-se destacar os
seguintes eixos temáticos:
• Informática Translacional;
• Informática Clínica;
• Infoestrutura, Interoperabilidade e Integração;
• Saúde Digital, Global e Mobilidade;
• Educação, Treinamento e Formação Profissional;
• Organização, Gestão, Avaliação e Impacto Social da Informática em Saúde e da
Saúde Digital.

Outro destaque no setor empresarial se dá para serviços de telemonitoramento car-


díaco, através das empresas TeleCardio, Ventrix e outras, além de clínicas médicas
diagnósticas, tais como, Dimen Medicina Nuclear, Laboratório Fleury e Omni Sistemas
Diagnósticos, com o envio de laudo de imagens diagnósticas a distância (CAETANO,
MALAGUTTI, 2012).

Em Síntese
Nesta unidade foram abordados:
• Os principais conceitos de Telessaúde e seu emprego;
• O histórico da Telessaúde;
• As ações do DATASUS;
• O programa de Saúde Digital em implementação no Brasil;
• A Política Nacional de Saúde Digital e Telessaúde no SUS;
• As Tecnologias da Informação e Comunicação na área da Saúde.

16
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Apresentação do Conecte SUS Cidadão Coletiva Jacson Barros
https://youtu.be/0gQCqCL_9qI
Telessaúde e telemedicina: desafios para uma nova era de cuidados
Palestra do Dr. Chao Lung Wen, professor líder do grupo de pesquisa de teleme-
dicina da Universidade de São Paulo (USP), durante o seminário “Transformação
Digital na Saúde”, realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS),
em São Paulo, no dia 11 de dezembro de 2019.
https://youtu.be/ArI6c5BbfV4
Ana Estela Haddad fala sobre Telessaúde
A Dr.ª Ana Estela Haddad, Cirurgiã dentista, Professora da FOUSP e ex Diretora de
Gestão da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, conversou sobre Telessaúde
com o Portal Health Connections.
https://youtu.be/UfoV1nL-RT8
Depoimento de Ana Estela Haddad sobre a expansão da Telessaúde no Brasil
https://youtu.be/nxqavxib6Js

Leitura
Plano de Ação, Monitoramento & Avaliação da Estratégia de Saúde Digital para o Brasil 2019-2023
Nele estão contidas as principais ações propostas neste segmento.
https://bit.ly/38jT3nV

17
17
UNIDADE Telessaúde: seus Conceitos, Histórico e Terminologias

Referências
BRASIL. Decreto 9.795 de 17 de maio de 2019. Aprova a Estrutura Regimental e
o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do
Ministério da Saúde, remaneja cargos em comissão e funções de confiança, transforma
funções de confiança e substitui cargos em comissão do Grupo-Direção e Assessora-
mento Superiores – DAS por Funções Comissionadas do Poder Executivo – FCPE.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Decreto/
D9795.htm>. Acesso em: out/2020.

________. Ministério da Saúde. Manual de Telessaúde para Atenção Básica/Atenção


Primária à Saúde/Ministério da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Brasília: Ministério da Saúde, 2012. 123 p.

________. Ministério da Saúde. Portal do Datasus. 2020. Disponível em: <http://


www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=01>. Acesso em: out/2020.

________. Ministério da Saúde. Portaria 1.434, de 28 de maio de 2020. Institui o


Programa Conecte SUS e altera a Portaria de Consolidação nº 1/GM/MS, de 28 de
setembro de 2017, para instituir a Rede Nacional de Dados em Saúde e dispor sobre
a adoção de padrões de interoperabilidade em saúde. 2020. Disponível em: <https://
www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-1.434-de-28-de-maio-de-2020-259143327>.
Acesso em: out/2020.

________. Ministério da Saúde. Portaria 2.546, de 27 de outubro de 2011. Redefine e


amplia o Programa Telessaúde Brasil, que passa a ser denominado Programa Nacional Te-
lessaúde Brasil Redes (Telessaúde Brasil Redes). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2546_27_10_2011_comp.html>. Acesso em: out/2020.

________. Ministério da Saúde. Portaria nº 35, de 4 de janeiro de 2007. Institui, no


âmbito do Ministério da Saúde, o Programa Nacional de Telessaúde. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt0035_04_01_2007_comp.
html#:~:text=Institui%2C%20no%20%C3%A2mbito%20do%20Minist%C3%A9rio,o%20
Programa%20Nacional%20de%20Telessa%C3%BAde.&text=Considerando%20a%20ne-
cessidade%20de%20aperfei%C3%A7oar,Art>. Acesso em: out/2020.

CAETANO, K. C.; MALAGUTTI, W. Informática em Saúde: uma perspectiva multi-


profissional dos usos e possibilidades. São Caetano do Sul: Yendis Editora, 2012.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Resolução 1.643, de 7 de agosto de 2002.


Define e disciplina a prestação de serviços através da telemedicina. Diário Oficial da
União, Poder executivo, Brasília, DF, 26 ago. 2002.

MESSINA, L. A.; RIBEIRO FILHO, J. L.; LOPES, P. R. L. RUTE 100: as 100 primeiras
unidades de telemedicina no Brasil e o impacto da Rede Universitária de Telemedicina
(RUTE). Rio de Janeiro: E-papers, 2014. Disponível em: <https://rute.rnp.br/c/document_
library/get_file?uuid=fb64edda-ae06-476b-8c70-53d9605dd1ab&groupId=160704>.
Acesso em: out/2020.

18
MORSCH, J. A. Teleconsulta: o que é, como funciona e limitações no Brasil. Dispo-
nível em: <https://marketing.telemedicinamorsch.com.br/teleconsulta-tudo-o-que-voce-
-precisa-saber>. Acesso em: out/2020.

SABBATINI, R. História da Informática em Saúde no Brasil, 1998. Disponível em:


<http://sbis.org.br/historia-da-informatica-em-saude-no-brasil-por-renato-sabbatini-1998>.
Acesso em: out/2020.

SILVA, A. B. Telessaúde no Brasil – conceitos e aplicações. Rio de Janeiro: Editora


DOC, 2014. 88 p.

WHO WORLD HEALTH ORGANIZATION. Telemedicine: opportunities and deve-


lopments in Member States: report on the second global survey on eHealth. Geneva:
World Health Organization; 2009. (Global Observatory for eHealth Series, 2).

________. National eHealth strategy toolkit: overview. Geneva, 2012. Disponível


em: <http://www.who.int/ehealth/publications/overview.pdf>. Acesso em: out/2020.

19
19

Você também pode gostar