Tecnologias em Saude
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Tecnologias em Saude
EM SAÚDE
Introdução
Ao longo dos anos, a assistência médica passou a focar no paciente e
não mais na doença. Com isso, as tecnologias da informação e comu-
nicação se combinaram para formar a telemedicina, a fim de oferecer
assistência médica àqueles que a necessitam nos mais diferentes lugares.
A telemedicina é a prática realizada por meio da telecomunicação para
diagnóstico, monitorização e tratamento de pacientes em situações
em que não é possível realizar o atendimento de forma presencial. Essa
prática veio para facilitar o acesso dos pacientes aos recursos de cuidado
em saúde, permitindo aos médicos diagnosticar e tratar sem atrasos e
deslocamentos desnecessários.
Embora o conceito de telemedicina possa parecer muito recente,
essa forma de prestação de serviços de medicina a distância está em
funcionamento há algumas décadas. No início do século XIX, foram feitas
as primeiras tentativas de enviar imagens radiográficas por telegrafia.
Nos dias atuais, essas práticas foram concretizadas e já é possível fazer
consultas médicas em tempo real por meio de sistemas de câmeras e
microfones, além de realizar cirurgias por meio de robôs comandados
por um cirurgião especialista a quilômetros de distância.
Por essas razões, torna-se fundamental que os profissionais de saúde
conheçam essas possibilidades de assistência à saúde, pois somente
com a prática que a técnica é desenvolvida e divulgada. Em razão do
potencial oferecido pela telemedicina em assistência médica, educação a
distância e pesquisa científica, é imprescindível aprofundar sua definição,
2 Telemedicina
Origem da telemedicina
Acredita-se que a ideia de transmitir informações a distância para fins médicos
surgiu logo após a invenção do telefone por Alexander Graham Bell, quando um
médico foi consultado sobre tratamentos e indicações de pacientes localizados
em áreas distantes. Na literatura, o registro de que o telefone foi utilizado
para transmitir imagens radiográficas data de 1950 e foi feito na Universidade
da Pensilvânia. Em 1959, na Universidade de Nebraska, foram unidos dois
equipamentos de televisão bidirecional com outras salas, transmitindo imagens
e sons que posteriormente foram utilizados em terapias de grupo. No início
dos anos 60, surgiu a transmissão radial de navios que, estando longe do
porto, precisavam de relatórios médicos de radiografias e eletrocardiogramas.
Em 1967, a Universidade de Miami e o Jackson Memorial Hospital tornaram-
-se os pioneiros na transmissão de eletrocardiogramas de unidades móveis de
bombeiros. Já em 1968, os primeiros sons de um estetoscópio, um microscópio
e um eletrocardiograma foram transmitidos no Hospital de Massachusetts
(COSOI, 2002).
Na atualidade, as tecnologias de informação e comunicação uniram-se
para criar a telemedicina com o objetivo de disponibilizar assistência médica
a quem necessita e se encontra em locais isolados, sem acesso à assistência
médica adequada. A telemedicina inclui a educação em saúde, as saúdes
pública e comunitária, o desenvolvimento de programas e políticas de saúde
e prevenção, os estudos epidemiológicos, entre outros. Entretanto, foi o cres-
cimento da internet que difundiu o serviço conhecido como e-health, que se
refere a toda prática de medicina realizada por meio dessa rede.
A telemedicina está direcionada a diversas áreas e atores da sociedade,
como: universidades, hospitais, atenção primária, secundária e terciária à saúde,
clínicas privadas, médicos, enfermeiros, paramédicos, população em geral,
entre outros setores. Pretende-se com essa prática conquistar mais respaldo
científico nas tomadas de decisão, diminuir a variabilidade clínica, atender às
expectativas dos pacientes e dos profissionais com relação à possibilidade de
atender a todos independentemente do local onde reside e que a qualidade da
Telemedicina 3
Prós
Existe acordo entre os pesquisadores sobre as evoluções da Telemedicina em
relação à segurança, efetividade, eficiência e satisfação. De maneira geral, os
pacientes e profissionais apresentam um alto grau de satisfação com o uso da
telemedicina por favorecer o acesso mais equitativo à população, preservando
a intimidade e a confidencialidade da informação transmitida, assim como
um interesse em criar e regulamentar as leis de proteção aos dados em saúde
(CABRAL; GALVÁN; CANE, 2008).
Em um estudo realizado na Espanha por Chugani et al. (2009), os par-
ticipantes avaliaram os benefícios do uso da telemedicina na resolução de
diferentes problemas. Dentre as situações referidas como melhores após a
implementação da telemedicina, estão: a capacitação e a pesquisa em saúde,
a comunicação entre profissionais e serviços de diferentes especialidades e
níveis de assistência, a grande procura por consultas médicas, as listas de
espera por atendimentos e o excesso de tarefas burocráticas.
Problemas como dificuldade de acesso aos serviços de saúde ou a profis-
sionais especializados, tanto por motivos geográficos como por limitações
físicas ou segurança no deslocamento, no caso de pacientes em privação de
liberdade, também podem ser minimizados com a utilização da telemedicina.
Nas especialidades como psiquiatria e infectologia a possibilidade de atender
com qualidade sem expor o paciente à estigmatização da sociedade é outro
fator relevante (CHUGANI et al., 2009).
González Fraga e Herrera Rodríguez (2007) referem que estudos sobre
a eficácia da telemedicina em muitos países sugerem que é um recurso que
contribui expressivamente para a melhoria da qualidade da assistência médica,
para a redução do tempo entre o diagnóstico e o tratamento, assim como para
a extensão dos serviços médicos às localidades de difícil acesso. Além disso,
os custos com hospitalização, transporte e pessoal são reduzidos.
8 Telemedicina
Contras
Todas as vezes em que surge uma novidade em tecnologia na medicina, seguida
de sua incorporação, iniciam-se os processos de avaliação dos riscos e dos
benefícios que tal inovação pode trazer, conforme exemplificado no Quadro 1.
Os benefícios já foram citados aqui, cabe a partir de agora elencarmos alguns
pontos negativos da telemedicina.
Nos casos de cirurgias transmitidas em tempo real por meio de recursos
televisuais que permitem a interação entre o cirurgião e a plateia, composta
por um público desconhecido e espalhado pelo mundo afora, assim como pode
haver interferência positiva na conduta do profissional em atuação, pode acon-
tecer de essa interferência prejudicar o discernimento e o processo decisório
do cirurgião, prejudicando o paciente. Além do alto custo dessa técnica, em
razão do tempo prolongado de transmissão e do fato de que os médicos, pelas
condições de trabalho, têm cada vez menos tempo para se capacitar, muitos
podem preferir assistir apenas aos “melhores momentos” (CUTAIT, 2001).
Telemedicina 9
Prós Contras
— Altos custos
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Leituras recomendadas
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