Ebook - SUAS para Leigos
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#SUASPARATODOS
JORNADA DO TRABALHO
SOCIAL COM FAMÍLIAS NO SUAS
Com base na concepção da assistência social, que tem por funções a proteção social, a
vigilância socioassistencial e a defesa de direitos, o SUAS organiza-se sob a forma de sistema
público não contributivo, descentralizado e participativo.
Uma das motivações para a organização de um Sistema Único da Assistência Social é, sem
sombra de dúvidas consolidar a gestão compartilhada, o cofinanciamento e a cooperação
técnica entre os três níveis de governo, de modo articulado, operando a proteção social não
contributiva e garantindo os direitos dos usuários.
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Além disso, tem como objetivo estabelecer as responsabilidades da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios na organização, regulação, manutenção e expansão das ações
de assistência social. Definindo os níveis de gestão, de acordo com estágios de organização da
gestão e ofertas de serviços pactuados nacionalmente;
O Sistema Único da Assistência Social – SUAS deve orientar-se pelo princípio da unidade, e
regular em todo o território nacional, a hierarquia, os vínculos e as responsabilidades quanto à
oferta dos serviços, benefícios, programas e projetos de assistência social.
Para que tudo isso possa ser concretizado é fundamental implementar a gestão do trabalho e a
educação permanente na assistência social, estabelecendo a gestão integrada de serviços e
benefícios, assegurando a vigilância socioassistencial e a garantia de direitos como funções da
política de assistência social.
A Política de Assistência Social é caracterizada como para quem dela necessitar, partindo daí a
construção inicial de nosso público, contudo, a Política Nacional de Assistência Social –
PNAS elenca alguns perfis que compõem o nosso público:
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uso de substâncias psicoativas;
diferentes formas de violência advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos;
inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal;
estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco
pessoal e social.
PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS DO SUAS
universalidade;
gratuidade;
integralidade da proteção social;
intersetorialidade; e
equidade.
O princípio da universalidade define que todos têm direito à proteção socioassistencial,
prestada a quem dela necessitar, com respeito à dignidade e à autonomia do cidadão, sem
discriminação de qualquer espécie ou comprovação vexatória da sua condição, rompendo com
a ideia do quem seletividade da oferta dos serviços.
A gratuidade consagra a assistência social como dever do estado sem exigência de contribuição
ou contrapartida, resguardando o disposto no art. 35, da Lei nº 10.741, de 1º de outubro de
2003 – Estatuto do Idoso.
A integralidade da proteção social perpassa pela oferta das provisões em sua completude, por
meio de conjunto articulado de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais.
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SEGURANÇAS AFIANÇADAS PELO SUAS
acolhida;
renda;
convívio ou vivência familiar, comunitária e social;
desenvolvimento da autonomia; e
apoio e auxílio.
Quanto a acolhida, esta deve ser provida por meio da oferta pública de espaços e serviços para
a realização da proteção social básica e especial, de modo a assegurar o atendimento das
demandas apresentadas pelos usuários do SUAS.
O convívio ou vivência familiar, comunitária e social deve ser assegurado a partir da execução
dos serviços socioassistencias das proteções básica e especial, com o objetivo do
fortalecimento das funções protetivas da família e do sentimento de pertencimento familiar,
comunitário e social.
Quanto ao apoio e auxílio, estes devem ser assegurados quando sob riscos circunstanciais,
houver a necessidade da oferta de auxílios em bens materiais e em pecúnia, em caráter
transitório, denominados de benefícios eventuais para as famílias, seus membros e indivíduos.
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Para a oferta dos nossos serviços, devemos nos atentar para os Princípios Éticos que norteiam
o SUAS:
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garantia aos profissionais das condições necessárias para a oferta de serviços em local
adequado e acessível aos usuários, com a preservação do sigilo sobre as informações
prestadas no atendimento socioassistencial, de forma a assegurar o compromisso ético e
profissional estabelecidos na Norma Operacional Básica de Recurso Humanos do SUAS
– NOB-RH/SUAS;
disseminação do conhecimento produzido no âmbito do SUAS, por meio da publicização
e divulgação das informações colhidas nos estudos e pesquisas aos usuários e
trabalhadores, no sentido de que estes possam usá-las na defesa da assistência social, de
seus direitos e na melhoria da qualidade dos serviços, programas, projetos e benefícios;
simplificação dos processos e procedimentos na relação com os usuários no acesso aos
serviços, programas, projetos e benefícios, agilizando e melhorando sua oferta;
garantia de acolhida digna, atenciosa, equitativa, com qualidade, agilidade e
continuidade;
prevalência, no âmbito do SUAS, de ações articuladas e integradas, para garantir a
integralidade da proteção socioassistencial aos usuários dos serviços, programas, projetos
e benefícios;
garantia aos usuários do direito às informações do respectivo histórico de atendimentos,
devidamente registrados nos prontuários do SUAS.
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Proteção Social
A Constituição Federal (CF) brasileira de 1988, ao afiançar os direitos humanos e sociais como
responsabilidade pública e estatal, operou, ainda que conceitualmente, fundamentais
mudanças, pois acrescentou na agenda dos entes públicos um conjunto de necessidades até
então consideradas de âmbito pessoal ou individual.
Nesse caminho, inaugurou uma mudança para a sociedade brasileira ao introduzir a seguridade
como um guarda-chuva que abriga três políticas de proteção social: a saúde, a previdência e a
assistência social. As constituições anteriores já reconheciam o papel da previdência social em
assegurar a maior parte das atenções da legislação social do trabalho.
O seguro social de contribuição tripartite entre Estado, patrão e empregado foi implantado no
Brasil na segunda década do século XX e absorvido pela sociedade, ainda que não alcançasse
todos os trabalhadores, como é o caso dos domésticos.
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A saúde só foi incluída e reconhecida como direito de todos pela CF/88. O texto constitucional
propõe um Sistema Único de Saúde para todos os cidadãos e em todo o território nacional.
Convive nesse modelo com o setor privado (individual ou coletivo) que oferece seguros −
entre os quais as antigas mutualidades de base étnica ou profissional – ou serviços lucrativos
de atenção individual para as saúdes clínica, hospitalar, terapêutica, laboratorial etc.
A inclusão da assistência social na seguridade social foi uma decisão plenamente inovadora.
Primeiro, por tratar esse campo como de conteúdo da política pública, de responsabilidade
estatal, e não como uma nova ação, com atividades e atendimentos eventuais.
A assistência social, como toda política social, é um campo de forças entre concepções,
interesses, perspectivas, tradições. Seu processo de efetivação como política de direitos não
escapa do movimento histórico entre as relações de forças sociais. Portanto, é fundamental a
compreensão do conteúdo possível dessa área e de suas implicações no processo civilizatório
da sociedade brasileira.
Torna-se cada vez mais claro o embate entre duas abrangentes concepções da política de
assistência social. Uma que, nos termos da CF/88, busca configurá-la como política de Estado
(dever de Estado) e direito da população.
Outra, que interpreta a CF/88 pelo princípio de subsidiariedade, isto é, o Estado deve ser o
último e não o primeiro a agir.
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Aplicar um modelo na realidade exige a capacidade estratégica de enfrentar condicionantes,
determinantes e impactos nos elementos do presente e do passado, que não condizem com o
modelo que se deseja concretizar para o futuro. Portanto, a aplicação do modelo supõe a
alteração do que já vinha ocorrendo e, ainda, um novo modo de realizar a leitura dos fatos e
elementos em mutação.
Proteção social – o sentido de proteção supõe, antes de tudo, tomar a defesa de algo, impedir
sua destruição, sua alteração. A ideia de proteção contém um caráter preservacionista – não da
precariedade, mas da vida –, supõe apoio, guarda, socorro e amparo. Esse sentido
preservacionista é que exige tanto a noção de segurança social como a de direitos sociais. A
Política Nacional de Assistência Social (PNAS) de 2004 afirma que a proteção social deve
afiançar segurança de:
A Proteção Social consolidada pelo SUAS se organiza com base na complexidade, como se
segue:
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Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias Indivíduos – PAEFI
Serviço Especializado de Abordagem Social
Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida
socioeducativa de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC)
Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência, Idosos(as) e suas
Famílias
Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua
Proteção Social Especial de Alta Complexidade:
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Vigilância Socioassistencial
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A Vigilância Socioassistencial objetiva detectar e compreender as situações de precarização e
de agravamento das vulnerabilidades que afetam os territórios e os cidadãos, prejudicando e
pondo em risco sua sobrevivência, dignidade, autonomia e socialização. Deve buscar conhecer
a realidade específica das famílias e as condições concretas do lugar onde elas vivem e, para
isso, é fundamental conjugar a utilização de dados e informações estatísticas e a criação de
formas de apropriação dos conhecimentos produzidos pelos pelas equipes dos serviços
socioassistenciais, que estabelecem a relação viva e cotidiana com os sujeitos nos territórios.
A VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL:
RISCO
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O conceito de risco é utilizado em diversas áreas do conhecimento e tem aplicação distinta no
âmbito de diversas políticas públicas, tais como, saúde, meio ambiente, segurança etc. Via de
regra, a operacionalização do conceito visa identificar a probabilidade ou a iminência de um
evento acontecer e, consequentemente, está articulado com a disposição ou capacidade de
antecipar-se para preveni-lo, ou de organizar-se para minorar seus efeitos, quando não é
possível evitar sua ocorrência.
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A Assistência Social deve compreender o aspecto multidimensional presente no conceito de
vulnerabilidade social, não restringindo esta à percepção de pobreza, tida como posse de
recursos financeiros, embora a insuficiência de renda seja obviamente um importante fator de
vulnerabilidade. É necessário que a vulnerabilidade seja entendida como uma conjugação de
fatores, envolvendo, geralmente, características do território, fragilidades ou carências das
famílias, grupos ou indivíduos e deficiências da oferta e do acesso a políticas públicas.
Nessa mesma perspectiva, devemos nos perguntar quais os fatores de vulnerabilidade cujo
enfrentamento e superação requerem, fundamentalmente, ações específicas da política de
assistência social, ou seja, ações de responsabilidade própria dos serviços, programas e
projetos que nos cabe executar, ou dito de outra forma, ações garantidoras das seguranças e
proteções que, segundo a LOAS e a PNAS, nos cabe assegurar.
TERRITÓRIO
O território é muito mais do que a paisagem física ou o perímetro que delimita uma
comunidade, bairro ou cidade. O território é o espaço recheado pelas relações sociais passadas
e presentes, a forma específica de apropriação e interação com o ambiente físico, as ofertas e
as ausências de políticas públicas, as relações políticas e econômicas que o perpassam, os
conflitos e os laços de solidariedade nele existentes.
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A atuação sobre o território significa a atuação no plano coletivo, que passa, por um lado, pelo
compromisso do poder público com estruturação da oferta de serviços socioassistenciais
compatíveis com as necessidades do território, e por outro lado, pelo estabelecimento de
vínculos reais entre as equipes de referência dos serviços e os territórios, de forma a
desenvolver intervenções que possibilitem a promover na população a “coletivização” na
reflexão sobre os problemas, assim como construção das estratégias igualmente coletivas para
o enfrentamento ou superação dos mesmos.
VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL
MACRO ATIVIDADES
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Organização, estruturação e padronização de informações.
Gerenciamento e consulta de sistemas informatizados.
Elaboração de diagnósticos e estudos.
Monitoramento e Avaliação.
Planejamento e organização de ações de busca ativa.
Notificações de Violências e Violações de Direitos.
ORGANIZAÇÃO DA ÁREA
A equipe da Vigilância deve ser multidisciplinar. Sugere-se que nos estados, nas metrópoles e
nos municípios de grade porte a equipe da Vigilância Socioassistencial inclua profissionais das
seguintes formações:
Sociologia;
Estatística;
Serviço Social;
Psicologia.
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Não há dúvidas que o olhar da Vigilância Socioassistencial requer conhecimentos específicos e
especializados. A equipe responsável pela Vigilância Socioassistencial deve ser capaz de:
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Assista a aula sobre Garantia de Direitos clicando aqui!
O imenso desafio da Assistência Social, enquanto política pública brasileira de proteção social
é garantir através de seus benefícios e serviços condições de cidadania e de dignidade humana.
Dessa forma a LOAS trouxe em seu bojo normativo a garantia de direitos, através de
benefícios e serviços para a população que passam por situações de pobreza e vulnerabilidade
social.
10 DIREITOS SOCIOASSISTENCIAIS
1. Todos os direitos de proteção social de assistência social consagrados em Lei para todos:
Direito, de todos e todas, de usufruírem dos direitos assegurados pelo ordenamento jurídico
brasileiro à proteção social não contributiva de assistência social efetiva com dignidade e
respeito.
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4. Direito à igualdade do cidadão e cidadã de acesso à rede socioassistencial: Direito à
igualdade e completude de acesso nas atenções da rede socioassistencial, direta e conveniada,
sem discriminação ou tutela, com oportunidades para a construção da autonomia pessoal
dentro das possibilidades e limites de cada um.
7. Direito à Proteção Social por meio da intersetorialidade das políticas públicas: Direito, do
cidadão e cidadã, à melhor qualidade de vida garantida pela articulação, intersetorial da
política de assistência social com outras políticas públicas, para que alcancem moradia digna
trabalho, cuidados de saúde, acesso à educação, à cultura, ao esporte e lazer, à segurança
alimentar, à segurança pública, à preservação do meio ambiente, à infraestrutura urbana e
rural, ao crédito bancário, à documentação civil e ao desenvolvimento sustentável.
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10. Direito ao controle social e defesa dos direitos socioassistenciais: Direito, do cidadão e
cidadã, a ser informado de forma pública, individual e coletiva sobre as ofertas da rede
socioassistencial, seu modo de gestão e financiamento; e sobre os direitos socioassistenciais, os
modos e instâncias para defendê-los e exercer o controle social, respeitados os aspectos da
individualidade humana, como a intimidade e a privacidade.
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6. Efetivar a oferta de benefícios eventuais sob a lógica do direito socioassistencial.
2. Fomentar o papel dos Conselhos de Assistência Social nas iniciativas de gestão do Programa
Bolsa Família (PBF) e do Cadastro Único, potencializando o exercício do controle social nos
termos da Resolução CNAS nº 15/2014;
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2. Fortalecer a intersetorialidade como estratégia de gestão, visando a garantia de direitos, e
potencializar estratégias que possam incidir na prevenção e na redução da violência, sobretudo
a segmentos em situação de maior vulnerabilidade;
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Referências Bibliográ cas
5.Assegurar que as receitas da Política de Assistência Social e suas despesas com pessoal não
sejam computadas para fins dos limites estabelecidos na Lei de Responsabilidade Fiscal –
LRF.
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SUAS para
Leigos
Abraços!