Namoros marcados por violência: uma análise social

Dedico à Maisa Brandão, minha mãe e fonte de inspiração.

AGRADECIMENTOS

Todo processo de evolução e desenvolvimento é um conjunto: de pessoas, momentos, histórias... por mais que eu tenha escrito este trabalho, algumas pessoas foram de extrema importância neste processo. Emocional, física ou verbalmente, colaboraram para que eu aqui chegasse e o mínimo que posso fazer, é tornar pública minha gratidão.

À mulher da minha vida, também amiga, companheira, parceira, guerreira. Minha amada mãe: obrigada pela confiança, dedicação, por acreditar em mim e ser meu porto seguro e inspiração. Nada disso seria possível sem seu amor, dedicação e trabalho duro.

Aos meus avós, Brandão e Miriam, minhas referências de segurança e amor incondicional. A distância é enorme, mas o amor e carinho são ainda maiores. Ao meu irmão, cunhada, sobrinhos, pelo apoio nesta mudança de vida, nesta nova jornada.

À minha grande e fiel amiga, companheira nesta jornada de vida, Luana Trajano: obrigada por ter aceitado este desafio, dividir a vida comigo e por ter sido meu alicerce quando as dificuldades se instalavam. Nossa história está apenas começando!

Ao meu marido João Paulo, pelo companheirismo, incentivo, por me dar forças, confiar em mim e estar ao meu lado em todos os momentos, agradeço também à sua família, que me acolheu e me deu um verdadeiro lar em terras portuguesas.

Aos meus amigos Luana Tavares e Valmor Mendonça, que não permitiram que a distância entre Brasil e Portugal abalasse anos de amizade, mantiveram o apoio, carinho e estiveram disponíveis por e para mim diariamente. Às minhas parceiras de trabalho, Lívia Albuquerque e Maria Gomes, que para além da vida profissional, tornaram-se amigas para a vida. Aos novos e antigos amigos, que participaram, de alguma forma, desta caminhada.

À minha orientadora, Dra. Jaqueline Marques, que verdadeiramente me orientou neste processo difícil, me deu o suporte necessário e teve paciência com as minhas angústias, me apoiando e dando o seu melhor para a conclusão deste trabalho.

Por fim, não poderia deixar de agradecer aos participantes desta pesquisa, que partilharam da sua intimidade para compor este estudo.

Gratidão pela participação neste processo!

"Sean capaces siempre de sentir, em lo más hondo, cualquier inusticia realizada contra cualquiera, em cualquier parte del mundo. Es la cualidad más linda del revolucionario"

(Ernesto Che Guevara, 1965, Carta de despedida a mi hijos).

LISTA DE ABREVIATURAS

SUMÁRIO

Capa

Folha de Rosto

Créditos

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I – HISTÓRIA DA VIOLÊNCIA

1.1. DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE

1.1.1. ESCRAVISMO E FEUDALISMO

1.1.2. CAPITALISMO

1.2. CONTEXTUALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA: ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS

1.3. REPRESENTAÇÕES E INSTITUIÇÕES SOCIAIS COMO DETERMINANTES DA VIOLÊNCIA NAS RELAÇÕES SOCIAIS

CAPITULO 2 – FAMÍLIA, JUVENTUDE, SEXUALIDADE E VIOLÊNCIA NO NAMORO

2.1. CONSIDERAÇÕES INTRODUTÓRIAS AO CONCEITO DE FAMÍLIA

2.2. SEXUALIDADE E AMOR ROMÂNTICO – CONCEITO E HISTORICIDADE

2.3. ANÁLISE SOCIAL DA JUVENTUDE MODERNA

2.4. VIOLÊNCIA NO NAMORO

CAPITULO 3 – SERVIÇO SOCIAL, VIOLÊNCIA E RELAÇÕES DE NAMORO

3.1. SERVIÇO SOCIAL, QUESTÃO SOCIAL E VIOLÊNCIA

3.2. SERVIÇO SOCIAL: MODELOS DE INTERVENÇÃO, LIMITES E POSSIBILIDADES NO ÂMBITO DA VIOLÊNCIA NO NAMORO

CAPÍTULO 4 – METODOLOGIA

4.1. PROBLEMA DE PESQUISA E OBJETIVOS

4.2. TIPO DE PESQUISA

4.3. MÉTODO

4.4. TÉCNICAS E PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

4.1.1. QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO

4.1.2. ESCALA DE ATITUDES ACERCA DA VIOLÊNCIA NO NAMORO (EAVN).

4.1.3. ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA

4.4. AMOSTRA

CAPÍTULO 5 - DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1. ANÁLISE BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

5.2. QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO

5.3. ESCALA DE ATITUDES ACERCA DA VIOLÊNCIA NO NAMORO – E.A.V.N.

5.4. ENTREVISTA NÃO ESTRUTURADA

5.5. CONCLUSÕES

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS

APÊNDICE 1

APÊNDICE 2

ANEXO 1

Landmarks

Capa

Folha de Rosto

Página de Créditos

Sumário

Bibliografia

INTRODUÇÃO

O interesse de estudar a violência surge de um conjunto de fatores profissionais e pessoais, que envolvem a experiência adquirida em campo de trabalho, os estudos académicos e também as vivências pessoais que me caracterizam enquanto ser social. A violência é um fenômeno que permeia nossas vidas nas mais variadas esferas, e, portanto, desperta a curiosidade de compreendê-la para além do senso comum. O curso de Serviço Social fundamenta-se em uma análise crítica da sociedade e das relações sociais, propõe uma formação crítica de profissionais que trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões cotidianas (Iamamoto, 2000, p. 28), identificando-as e mediando suas tensões com a sociedade.

Este estudo é realizado pelo olhar de uma assistente social, com formação teórico-metodológica, técnico-prática e ético-política; mas acima de tudo, por uma mulher que produz e reproduz socialmente nesta sociedade, através das relações profissionais, das relações familiares e, também, das relações de intimidade. Assumo que não sou neutra, nem profissional, nem pessoalmente. Assumir uma postura crítica, significa reconhecer que a mediação proposta no trabalho do serviço social é direcionada à classe explorada, vitimada pelas manifestações do conflito entre capital e trabalho, portanto, a violência é constituinte deste conflito, manifesta-se nas famílias, nas empresas, na saúde, habitação, dentre outros.

O estudo da violência nas relações de namoro entre jovens não é um processo unicamente académico, é um objeto de estudo que faz parte das relações sociais naturalizadas em nossa sociedade. Porém, o olhar crítico sobre o desenrolar destas relações sociais é adquirido com o conhecimento teórico metodológico apresentado pelo Serviço Social.

Ressalto que este tema foi desafiador, o que revelou sua pertinência e atualidade na sociedade. Desafiador, pois as referências são restritas, o aprofundamento teórico direcionado à violência no namoro é estudado como parte de outros fenômenos, mas não como objeto de intervenção. Disto revela-se a necessidade de investigação do tema, culminando na escolha de aprofundar conhecimento com uma pesquisa de mestrado.

A escolha do Mestrado em Serviço Social em uma instituição portuguesa tem o intuito, primeiramente, de produzir um estudo que venha a contribuir para o desenvolvimento teórico metodológico da profissão, compreendendo as particularidades regionais, mas também que a realidade social é complexa e mutável, portanto, passível sempre de novas abordagens. Desta forma, considerando que o Mestrado em Serviço Social da Universidade de Coimbra, assegura um perfil profissional e científica assente na capacidade de análise crítica e no domínio de competências de investigação e intervenção social inovadora a nível individual e coletivo, em contexto organizacional e comunitário, concebeu-se como o curso indicado para a elaboração e execução desta investigação.

Ao longo do processo de investigação, através das leituras realizadas e das reuniões periódicas com a orientadora, a pesquisa sofreu modificações, adaptou-se, renovou-se, e, por fim, revelou dados que corroborassem para fatos relativos à existência da violência nas relações de namoro, bem como demonstrou a emergência desta temática na sociedade portuguesa. Desta forma, a perspectiva foi de contribuir nas investigações futuras, como também na formulação de projetos e na adoção do tema pelos colegas das ciências sociais e humanas, visando a construção de abordagens teóricas e práticas na intervenção social, proporcionando o exercício dos direitos humanos de crianças, jovens e adultos em suas relações sociais.

Este estudo foi estruturado em cinco capítulos, dos quais o primeiro concentra-se na história da violência e desenvolvimentos da sociedade. O segundo capítulo explana sobre as relações sociais, abordando a função e conceito de família, sexualidade e o surgimento do amor romântico como modelo de relacionamento, bem como de uma análise sobre a juventude moderna e, por fim, acerca da violência no namoro. O terceiro capítulo aborda a relação do Serviço Social com a violência, em uma perspectiva prática, de intervenção social, considerando-a como manifestação da questão social. Este capítulo também abordará os limites e possibilidades identificados na prática profissional quanto da intervenção em situações de violência no namoro. Por fim, o quarto capítulo apresenta a metodologia percorrida nesta investigação, apresentando os objetivos e problemas iniciais, bem como as técnicas de recolha de dados e sua análise e discussão.

Considerando que a pesquisa na área das ciências sociais e humanas é formulada através de teorias, abordagens, perspectivas distintas, este trabalho tinha uma estrutura pré-definida que foi sendo moldada de acordo com o decorrer do estudo. Tratando-se de uma pesquisa mista, de natureza exploratória e perspectiva fenomenológica, o objetivo geral, de compreender e analisar a representação da violência entre jovens nas relações de namoro foi o guião utilizado para reestruturar os objetivos específicos de acordo com o desenvolvimento da pesquisa.

O embasamento teórico foi amplo, utilizando autores clássicos como Marx, Durkheim, Engels, Althusser, Ariés, Arnett e Bobbio, incluo aqui autores recentes, mas referências do Serviço Social, como José Paulo Netto e Marilda Iamamoto, além de nomes que me deparei apenas no processo investigativo, mas que apresentaram reflexões e análises de alta relevância para a contribuição deste trabalho.

Desta forma, o estudo foi configurado de forma a delinear uma trajetória histórica, relacionando o desenvolvimento da sociedade e das primeiras formas de violência e o desenvolvimento das instituições sociais configuradoras das relações sociais – como a família – com as configurações sexuais, o modelo de amor romântico e, finalmente, o desenvolvimento da juventude moderna, elencando os diferentes fatores que culminam nas situações de violência em relações de namoro. Portanto, considerando que nenhum fenómeno social é isolado, mas composto de uma rede de fatores complexos que culminam em sua complexidade particular.

Para complementar a parte teórica, foram escolhidas três técnicas de recolha de dados, das quais as duas primeiras constituídas por um questionário sociodemográfico associado a uma escala de atitudes de violência no namoro, adaptada de Price, Byers e Dating Violence Research Team (1999). O questionário apresentou questões relacionadas à identificação