Tema 1. Introducao Ao Direito Internacional P Blico
Tema 1. Introducao Ao Direito Internacional P Blico
Tema 1. Introducao Ao Direito Internacional P Blico
Privado
Material de Aula
2023.2
Introdução ao Direito Internacional Público
“Os estudos relativos ao Direito Internacional e ao Direito Interno são significativos pelo fato de a eficácia do
primeiro depender bastante da observância do segundo, ou seja, que o direito interno dos Estados esteja em
conformidade com o direito internacional” (GUERRA, 2022, p. 73)
QUESTÃO:
Em caso de conflito entre o Direito Interno e o Direito Internacional, qual deverá prevalecer?
Temos duas teorias:
1. Dualismo – De acordo com Sidney Guerra (2022, p.75), “a norma interna, segundo os dualistas, vale
independentemente da norma internacional, podendo, quando muito, levar à responsabilização do
Estado. Todavia, para que isso ocorra, a norma internacional precisa ser incorporada ao ordenamento
interno do Estado por força de uma lei, por exemplo”.
2. Monismo (Monismo com primazia do Direito Interno; Monismo com primazia do Direito
internacional)- “O monismo apresenta o Direito Interno e o Direito internacional como dois ramos do
Direito num mesmo sistema jurídico. Nesse caso, o direito internacional não carece de qualquer
‘transformação’ haja vista que os Estados mantêm compromissos que se justificam juridicamente por
pertencerem a um sistema único” (GUERRA, 2022, p. 77).
Monismo com primazia do Direito Interno
Trata-se de uma teoria do século XIX, segundo a qual o Estado tem “soberania absoluta, não podendo sujeitar-
se a uma norma jurídica que não partiu de sua vontade, e existiria para o Estado um direito estatal aplicado na
esfera internacional. Logo, a doutrina nega a existência do Direito Internacional como um ramo autônomo e
independente que ele é. Esta teoria foi completamente abandonada, pois não se adapta em nenhum sentido
com a realidade dos dias de hoje, principalmente se lembrarmos que vivemos em um mundo globalizado, ou
seja, em que as fronteiras estatais estão sendo ultrapassadas pelos movimentos econômicos” (GUERRA, 2022,
p.77-78)
Monismo com primazia do Direito Internacional
“O conflito entre o Direito Interno e o Direito Internacional não quebra a unidade do sistema
jurídico, como um conflito entre a lei e a Constituição não quebra a unidade do direito estatal. O
importante é a predominância do direito internacional, que ocorre na prática internacional como
nas hipóteses: uma lei contrária ao direito internacional dá ao Estado prejudicado o direito de
iniciar um processo de responsabilidade internacional; uma norma internacional contrária á lei
interna não dá ao Estado direito análogo ao da hipótese anterior. Vale dizer que ao ocorrer um
conflito de uma norma internacional com uma norma interna, a primeira deve prevalecer em
detrimento da segunda, isto é, pelo fato de o Direito Internacional ser superior é que o Direito
Interno àquela norma deverá ser aplicado” (GUERRA, 2022, p. 78).
Sobre o tema, ver artigo Monismo e dualismo no brasil: Uma dicotomia afinal irrelevante,
de Gustavo Binenbojm, disponível em
<https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista09/Revista09_180.pdf>
Como os Estados aplicam as
regras do Direito
Internacional?
Introdução ao Direito Internacional Público
https://www.youtube.com/watch?v=b56KUR1x74E
Sociedade Internacional > Estados e Organizações Internacionais e indivíduos
Direito Internacional > conjunto de regras e princípios que tem como objetivo reger a sociedade
internacional
Objetivo do Direito Internacional > tratar de temas de interesse comum da sociedade internacional (paz,
segurança, comércio)
Atualmente, o Direito Internacional trata de temas variados tais como meio ambiente, saúde, economia,
meios de comunicação e transporte, terrorismo, crime organizado, etc.
Vídeo:
https://www.ihu.unisinos.br/590145-planeta-perde-24-bilhoes-de-
toneladas-de-solo-fertil-todos-os-anos-alerta-onuEm
Fundamentos do Direito Internacional Público > Doutrinas
Doutrina Objetivista Temperada: imperativo ético das normas aceitas pelos Estados
Sugestão de leitura:
Disponível em:
https://portalrevistas.ucb.br/index.php/rvmd/article/view/2560/0
ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Sobre a origem e evolução histórica do Direito Internacional pode-se afirmar que antes mesmo da formação
dos Estados Nacionais, já havia a noção de um direito internacional, compreendido como um “direito
intersocial” ou “intergrupal” .
É possível identificar marcos históricos e pensadores que contribuíram para o desenvolvimento do Direito
Internacional, tais como Francisco de Vitória (1486-1546), considerado como o fundador do Direito
Internacional, o Congresso de Vestefália (com o Tratado que pôs fim à guerra dos 30 anos) e Hugo Grotius
(1583-1645), considerado como fundador do Direito Internacional Público. A partir de então, reconhece-se a
soberania e a igualdade entre os Estados, que estavam em período de formação.
O período de formação dos Estados se estende até o século XIX. As duas grandes guerras representam marcos
históricos importantes no desenvolvimento do Direito Internacional, com o objetivo de implementar um
sistema de normas e princípios que visa a coexistência e relação de cooperação entre os Estados a fim de evitar
conflitos.
No século XX, é possível identificar processos de integração política, econômica e social, como por exemplo, a
União Europeia. Também verifica-se a compreensão dos indivíduos como sujeitos de direitos em face do
Direito Internacional.
RELAÇÕES INTERNACIONAIS, SOBERANIA E AUTODETERMINAÇÃO DOS ESTADOS
A estrutura jurídica do sistema internacional (as relações internacionais) é marcada pelo respeito à soberania e
autodeterminação dos Estados, os quais elaboram as regras que pretendem seguir, operando numa relação de
horizontalidade, ao contrário do que ocorre no âmbito do Direito Interno em que prevalece uma estrutura jurídica
hierárquica.
Há que ressaltar, portanto, a soberania interna dos Estados que envolve seu território e povo, ao passo que a
soberania externa, que diz respeito à independência do Estado em relação às demais autoridades existentes no plano
internacional.
Cabe mencionar, o princípio de autodeterminação dos povos, o qual deve ser analisado em dois aspectos: 1) aspecto
interno (cada povo tem o direito de determinar seu regime político e econômico; 2) aspecto externo (cada Estado é
independente e soberano em relação aos outros Estados).
PRINCÍPIOS DO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Os princípios do Direito Internacional Público são o resultado de construções históricas que refletem as
relações internacionais.
Pode-se citar alguns princípios básicos, tais como: a autodeterminação dos povos; solução pacífica dos
conflitos; coexistência harmônica; desarmamento; não agressão, dentre outros.
“O princípio da continuidade do Estado decorre de uma realidade fática observável na tese de que o Estado per
si tende a continuar existindo, posto que se identifica e reconhece como pessoa jurídica de direito público na
presença de elementos caracterizadores como território, governo soberano e povo” (TEIXEIRA, 2020, p. 22).
O artigo 4ª da Constituição da República elenca os princípios do Estado Brasileiro nas relações internacionais.
Constituição da República Federativa do Brasil
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I - independência nacional;
IV - não-intervenção;
VI - defesa da paz;
Art. 4º (continuação)
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos
da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
Leitura sugerida:
Os princípios das relações internacionais e os 25 anos da Constituição Federal, de Alexandre Pereira da Silva
• Pacta Sunt Servanda (O pacto deve ser cumprido. Art. 26 da Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados: “Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa-fé);
• Responsabilidade por atos ilícitos (Estado responde por danos causados a outro Estado)
Para maior esclarecimento sobre o Jus Cogens, indico a leitura do artigo Jus cogens. Ainda esse desconhecido,
de Salem Hikmat Nasser, cujo trecho destaco abaixo:
BINENBOJM, Gustavo. Monismo e dualismo no brasil: Uma dicotomia afinal irrelevante. Disponível em
https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista09/Revista09_180.pdf Acesso em 24/08/2022.
FRANCE, Guilherme. Introdução ao Direito Internacional Público. Material Didático, Sala de Aula Virtual.
Universidade Estácio de Sá.
GUERRA, Sidney. Curso de Direito Internacional Público. São Paulo: Saraiva, 2022.
SILVA, Alexandre Pereira da. Os princípios das relações internacionais e os 25 anos da Constituição Federal.
Disponível em <https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/50/200/ril_v50_n200_p15.pdf> Acesso em 24/08/2022
TEIXEIRA, Carla Noura. Manual de Direito Internacional Público e Privado. São Paulo: Saraiva, 2020.