Tese Mestrado

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DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA

Estudo e desenvolvimento de
sistemas de geração de back-ends
do processo de compilação

Paulo Jorge Teixeira Matos


Maio, 1999
Estudo e desenvolvimento de
sistemas de geração de back-ends
do processo de compilação

Tese submetida à Universidade do Minho para a obtenção do grau de Mestre em


Informática, área de especialização em Sistemas Operativos, Comunicações por
Computador e Arquitecturas de Computadores, elaborada sob a orientação do Doutor
Pedro R. Henriques.

DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA
UNIVERSIDADE DO MINHO

Paulo Jorge Teixeira Matos

Maio, 1999
I

Resumo

O back-end de um compilador agrupa todo um conjunto de tarefas cuja


implementação é intrinsecamente dependente das características do processador para o
qual se pretende gerar código. A rápida evolução da industria dos processadores e
microcontroladores levou esta área de desenvolvimento de software a realizar fortes
investimentos na pesquisa de meios que permitissem dar uma resposta rápida e de
qualidade à procura verificada.
É dentro deste contexto que surge o tema e o trabalho desenvolvido ao longo desta
tese de mestrado, que pretende de alguma forma sintetizar o que já se encontra feito e
propor algumas soluções, que apesar de individualmente não serem originais permitem,
quando em conjunto, vislumbrar alternativas aos sistemas já concebidos e avançar um
pouco mais na área de investigação dos geradores de código final e optimizadores.
O trabalho aqui descrito é extremamente abrangente para uma qualquer tese,
cobrindo todas as áreas do processo de compilação a partir da análise semântica até à
geração do código máquina, passando pela apresentação de modelos de compiladores,
representação da informação, sistemas de análise de fluxo de controlo e de dados,
alocação de registos local e global, selecção de instruções e geração de selectores,
optimização de código a vários níveis, etc.
É ainda de referir que do trabalho desenvolvido resultou o Back-End Development
System, que como o nome indica é um sistema de apoio ao desenvolvimento das tarefas
de back-end de um compilador.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


II

Abstract

The back-end of a compiler gathers a group of tasks, whose implementation is


directly dependent on the features of the processor for which machine code is intended
to be generated. The fast evolution of processors and micro-controllers industry lead
this area of software development to perform strong investments in the research of
means, which would give a fast and proper answer to the demand.
It is within this context that the theme and the work carried on through this thesis
emerges. The aim of this work is to synthesise what has already been done and to give
some solutions which, although individually not original, when put together, they allow
alternatives to the pre-established systems and move on a little further in the research of
generators of final code and optimisers.
This work is extremely wide-ranging, covering all areas of the compiling process,
going from the semantic analyses till the generation of machine code. It also contains
the presentation of models of compilers, representation of information, control and data
flow analysis, local and global registers allocation, instructions selection and generation
of selectors, code optimisation at several levels, etc.
It is also important to refer that from the development work emerged the Back-End
Development System, which, as the name itself indicates, is a software system to
support development of back-end tasks of a compiler.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


III

Agradecimentos

Um voto de gratidão ao Doutor Pedro Henriques pela confiança, pelo tempo e pela
paciência que teve de despender comigo. Julgo que, o melhor agradecimento que lhe
posso mostrar é afirmar que, sem a sua ajuda, o trabalho desenvolvido ao longo desta
dissertação nunca teria sido possível, pelo que a ele lhe devo a sua conclusão.

Um grande pedido de desculpa à Paula, pelo tempo que não tive para estar com ela,
pelos fins de semana que não existiram, pelas férias que foram adiadas e por tudo mais,
um grande obrigado.

Aos meus pais e irmãos pelo apoio que sempre disponibilizaram, pelos sacrifícios
que fizeram e o encorajamento que me deram para prosseguir com os meus estudos, a
eles dedico esta tese.

Pelo tempo que não tive, pela disponibilidade que não demonstrei, pelo apoio que
não dei, aqui ficam as minhas desculpas a todos aqueles que fazem parte da minha
família, amigos e colegas, e que merecem todo o meu respeito e admiração. A todos
eles os meus mais sinceros agradecimentos e uma promessa de que tentarei de alguma
forma compensar os momentos em que não estive presente.

Agradeço ainda o apoio da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica,


JNICT, pela bolsa de Mestrado concedida no âmbito do Programa PRAXIS XXI.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


IV Índice

Índice

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1
1.1 OBJECTIVOS .................................................................................................................................. 2
1.2 PANORAMA ACTUAL ..................................................................................................................... 2
1.3 ESTRUTURA DA TESE .................................................................................................................... 4
2 ESTRUTURA DE UM COMPILADOR ........................................................................................ 5
2.1 FRONT-END .................................................................................................................................. 6
2.1.1 Análise --------------------------------------------------------------------------------------------------7
2.1.2 Síntese --------------------------------------------------------------------------------------------------8
2.1.3 Tratamento dos Identificadores ---------------------------------------------------------------------9
2.1.4 Tratamento de Erros----------------------------------------------------------------------------------9
2.1.5 Optimização -------------------------------------------------------------------------------------------9
2.2 INTERFACE ENTRE FRONT-END E BACK-END ............................................................................. 10
2.2.1 Geração do Código Intermédio ------------------------------------------------------------------- 17
2.3 BACK-END.................................................................................................................................. 23
2.3.1 Considerações sobre a Geração de Código ----------------------------------------------------- 23
2.3.2 Tratamento das Expressões da R.I. --------------------------------------------------------------- 32
2.3.3 Alocação de Registos ------------------------------------------------------------------------------- 39
2.3.4 Geração do Código Máquina --------------------------------------------------------------------- 45
3 BEDS – SISTEMA DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DE BACK-ENDS ...................... 47
3.1 O BACK-END DEVELOPMENT SYSTEM ....................................................................................... 50
3.2 COMPILADOR COM ALOCAÇÃO LOCAL ........................................................................................ 56
3.3 COMPILADOR COM ALOCAÇÃO GLOBAL...................................................................................... 57
4 MY INTERMEDIATE REPRESENTATION ............................................................................. 61
4.1 ESTRUTURAÇÃO DA MIR ............................................................................................................ 61
4.2 SINGLE STATIC ASSIGNMENT ..................................................................................................... 62
4.3 CLASSES DA MIR ....................................................................................................................... 64
4.3.1 Classe Genérica ------------------------------------------------------------------------------------- 64
4.3.2 Classe Expressions --------------------------------------------------------------------------------- 66
4.3.3 Classe DataTransfer -------------------------------------------------------------------------------- 67
4.3.4 Classe FlowNode ----------------------------------------------------------------------------------- 74
5 OPTIMIZAÇÃO............................................................................................................................. 79
5.1 ANÁLISE DO FLUXO DE CONTROLO ............................................................................................. 79
5.1.1 Árvore do fluxo de controlo ----------------------------------------------------------------------- 81
5.1.2 Análise de intervalos ------------------------------------------------------------------------------- 81
5.1.3 Análise Estrutural ----------------------------------------------------------------------------------- 83
5.2 ANÁLISE DO FLUXO DE DADOS.................................................................................................... 87
5.2.1 Listas de definições --------------------------------------------------------------------------------- 87
5.2.2 DU-Chain e UD-Chain ----------------------------------------------------------------------------- 89
5.2.3 Iterative Data Flow Analysis ---------------------------------------------------------------------- 89
5.3 SINGLE STATIC ASSIGNMENT – IMPLEMENTAÇÃO ...................................................................... 96
5.3.1 Dominance Frontiers ------------------------------------------------------------------------------- 96
5.3.2 Inserção das Funções Φ(...) ----------------------------------------------------------------------100
5.3.3 Actualização das referências ---------------------------------------------------------------------101
5.3.4 De SSA para a Forma Normal -------------------------------------------------------------------101
5.4 OPTIMIZAÇÕES INTERMÉDIAS ................................................................................................... 103
5.5 OPTIMIZAÇÕES DO CÓDIGO FINAL ............................................................................................ 107

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Índice V

6 ALOCAÇÃO DE REGISTOS ..................................................................................................... 109


6.1 ALOCAÇÃO GLOBAL ................................................................................................................. 109
6.1.1 Selecção dos candidatos -------------------------------------------------------------------------- 110
6.1.2 Construção do grafo de interferências---------------------------------------------------------- 112
6.1.3 Coloração do grafo ------------------------------------------------------------------------------- 117
6.1.4 Splitting de variáveis ------------------------------------------------------------------------------ 119
6.2 ALOCAÇÃO LOCAL ................................................................................................................... 121
6.2.1 Gestão dos registos -------------------------------------------------------------------------------- 121
6.2.2 Spilling, splitting e reconversão de registos. --------------------------------------------------- 122
7 SELECTORES DE CÓDIGO E A SUA GERAÇÃO ............................................................... 125
7.1 INTRODUÇÃO AOS GERADORES DE SELECTORES ....................................................................... 125
7.2 TREE PATTERN MATCHING ...................................................................................................... 126
7.3 BOTTOM-UP REWRITE SYSTEM ................................................................................................ 128
7.3.1 Exemplo do funcionamento do BURS ----------------------------------------------------------- 129
7.4 IMPLEMENTAÇÃO DO BURS ..................................................................................................... 131
7.4.1 Construção dos mecanismos do BURS --------------------------------------------------------- 131
7.4.2 Optimizações de Proebsting---------------------------------------------------------------------- 136
7.4.3 Optimizações de Chase --------------------------------------------------------------------------- 138
7.4.4 Optimizações de Henry --------------------------------------------------------------------------- 139
7.5 IBURG ..................................................................................................................................... 143
7.5.1 Operação de labelling ---------------------------------------------------------------------------- 143
7.5.2 Selecção das regras ------------------------------------------------------------------------------- 145
7.6 O SELECTOR DE INSTRUÇÕES DO BEDS.................................................................................... 146
8 UTILIZAÇÃO DO SISTEMA BEDS ......................................................................................... 147
8.1 ESTRUTURA DE UM PROJECTO .................................................................................................. 147
8.2 BEDS BACK-END GENERATOR LANGUAGE ............................................................................. 149
8.2.1 Interface entre front-end e back-end ------------------------------------------------------------ 149
8.2.2 Estruturas para representação dos registos --------------------------------------------------- 151
8.2.3 Gramática do BBEGL----------------------------------------------------------------------------- 154
8.3 MECANISMOS PARA A GERAÇÃO DA RI .................................................................................... 159
8.4 ORDEM DE EXECUÇÃO DAS FUNÇÕES DO BEDS ....................................................................... 161
9 GERAÇÃO DE CÓDIGO BINÁRIO ......................................................................................... 165
9.1 DESCRIÇÃO DO NEW JERSEY MACHINE CODE TOOLKIT ........................................................... 165
9.2 LINGUAGEM DE ESPECIFICAÇÃO DO NJMCT ........................................................................... 166
9.2.1 Especificação dos terminais e dos campos ----------------------------------------------------- 167
9.2.2 Especificação dos padrões ----------------------------------------------------------------------- 169
9.2.3 Especificação dos constructors ------------------------------------------------------------------ 170
9.2.4 Outras componentes da especificação ---------------------------------------------------------- 171
9.2.5 Especificação do assembly ----------------------------------------------------------------------- 172
9.3 UTILIZAÇÃO DAS FUNÇÕES DE CODIFICAÇÃO ........................................................................... 174
9.4 RESUMO ................................................................................................................................... 175
10 CONCLUSÃO............................................................................................................................. 177
10.1 ESTADO ACTUAL DO BEDS .................................................................................................... 177
10.2 TRABALHO FUTURO ............................................................................................................... 179
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................................. 181

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VI Índice

APÊNDICE A - GRAMÁTICA DO BBEGL .................................................................................. A1

APÊNDICE B - EXEMPLO DE UMA ESPECIFICAÇÃO EM BBEGL .....................................B1

APÊNDICE C - ESPECIFICAÇÃO EM SLED DO µC 8051 ....................................................... C1

APÊNDICE D - PROTÓTIPOS DAS CLASSES DO BEDS ......................................................... D1

APÊNDICE E - ALGORITMO DE ALOCAÇÃO POR COLORAÇÃO .....................................E1

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Lista de Figuras VII

Lista de Figuras
FIG. 2.1 – UTILIZAÇÃO DE VÁRIOS FRONT-ENDS SOBRE UM BACK-END. ------------------------------------------- 5
FIG. 2.2 – UTILIZAÇÃO DE UM FRONT-END SOBRE VÁRIOS BACK-ENDS. ------------------------------------------- 6
FIG. 2.3 – ESTRUTURA DE UM COMPILADOR. ------------------------------------------------------------------------------- 7
FIG. 2.4 – ÁRVORE DE SINTAXE DA EQ. 2.2. -------------------------------------------------------------------------------- 11
FIG. 2.5 – PROCESSAMENTO DE EXPRESSÕES POSTFIX NUMA MÁQUINA DE STACK. ------------------------- 12
FIG. 2.6 – REPRESENTAÇÃO EM ÁRVORE E EM DAG DA EXPRESSÃO A=(B+3)*(B+3). ------------------------- 14
FIG. 2.7 – DIAGRAMA DE FLUXO DE DADOS DO EXEMPLO 2.1. ------------------------------------------------------ 16
FIG. 2.8 – REPRESENTAÇÃO DA ÁRVORE DE SINTAXE E ÁRVORES INTERMÉDIAS DA EQ. 2.6. --------------- 18
FIG. 2.9 – EXEMPLO DA ESTRUTURAÇÃO DO CÓDIGO PARA EXPRESSÕES TIPO A DA EQ. 2.8. ------------- 20
FIG. 2.10 – CONVERSÃO DE UMA OPERAÇÃO DE TRÊS OPERANDOS EM DUAS DE DOIS
OPERANDOS. --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 21
FIG. 2.11 – DECOMPOSIÇÃO DA ÁRVORE BINÁRIA NUMA FLORESTA DE ÁRVORES. --------------------------- 21
FIG. 2.12 – ESTRUTURA DAS ÁRVORES DE REPRESENTAÇÃO INTERMÉDIA PARA UMA FUNÇÃO. ---------- 22
FIG. 2.13 – ESTRUTURA DO REGISTO DE ACTIVAÇÃO. ------------------------------------------------------------------ 25
FIG. 2.14 – ORGANIZAÇÃO DA MEMÓRIA DE EXECUÇÃO DE UM PROGRAMA, SEGUNDO AS
DIFERENTES ESTRATÉGIAS DE ALOCAÇÃO.----------------------------------------------------------------- 26
FIG. 2.15 – EXEMPLO DA ORGANIZAÇÃO DOS REGISTOS DE ACTIVAÇÃO NA STACK. ------------------------- 27
FIG. 2.16 – REPRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA DO COMPILADOR YC.----------------------------------------------- 33
FIG. 2.17 – REPRESENTAÇÃO DA ÁRVORE DA EQ. 2.10, COM OS RESPECTIVOS VECTORES DE
CUSTO. ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
FIG. 2.18 – ESTRUTURA DE UM SISTEMA DE ALOCAÇÃO DE REGISTOS.------------------------------------------- 40
FIG. 3.1 – DIAGRAMA ESTRUTURAL DO BEDS ----------------------------------------------------------------------------- 51
FIG. 3.2 – MODELO DE COMPILADOR COM ALOCAÇÃO LOCAL.----------------------------------------------------- 55
FIG. 3.3 – MODELO DE UM COMPILADOR COM ALOCAÇÃO GLOBAL. --------------------------------------------- 58
FIG. 4.1 – CLASSE ASSIGNMENT. ---------------------------------------------------------------------------------------------- 69
FIG. 4.2 – CLASSES ATTRIBASSIGNMENT E ASGNEXPRESSION. ------------------------------------------------------- 70
FIG. 4.3 – CLASSES LABELASSIGNMENT E LABEL. ------------------------------------------------------------------------ 71
FIG. 4.4 – CLASSES JUMPASSIGNMENT E JUMP. -------------------------------------------------------------------------- 71
FIG. 4.5 – CLASSES CONDJUMPASSIGNMENT, CONDJUMP E ARGEXPRESSION.--------------------------------- 72
FIG. 4.6 – CLASSES CALLASSIGNMENT E CALL. --------------------------------------------------------------------------- 73
FIG. 4.7 – CLASSES RETURNASSIGNMENT E RETURN. ------------------------------------------------------------------- 74
FIG. 4.8 – CLASSE JUMPNODE. ------------------------------------------------------------------------------------------------ 75
FIG. 5.1 – EXEMPLO DE UM CFG E DA RESPECTIVA LISTA DE ADJACÊNCIAS. ---------------------------------- 80
FIG. 5.2 – REPRESENTAÇÃO DA LISTA DE ADJACÊNCIAS DOS 3 PRIMEIROS NODOS DO GRAFO DA
FIG. 5.1. ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 80
FIG. 5.3 – REDUÇÃO DO GRAFO DA FIG. 5.1, SEGUNDO A ANÁLISE T1-T2. --------------------------------------- 82
FIG. 5.4 – ÁRVORE DE CONTROLO RESULTANTE DA ANÁLISE T1-T2 PARA O GRAFO DA FIG. 5.1.---------- 83
FIG. 5.5 – EXEMPLOS DE REGIÕES ACÍCLICAS. --------------------------------------------------------------------------- 84
FIG. 5.6 – EXEMPLOS DE REGIÕES CÍCLICAS. ----------------------------------------------------------------------------- 85
FIG. 5.7 – EXEMPLOS DE POSSÍVEIS REGIÕES IMPRÓPRIAS. --------------------------------------------------------- 85
FIG. 5.8 – ORDENAÇÃO PREORDER DO GRAFO. -------------------------------------------------------------------------- 85
FIG. 5.9 – RESULTADO DA PRIMEIRA ITERAÇÃO DA ANÁLISE ESTRUTURAL. ------------------------------------ 86
FIG. 5.10 – RESTANTES FASES DO PROCESSO DE REDUÇÃO DO GRAFO. ----------------------------------------- 86
FIG. 5.11 – ÁRVORE DE CONTROLO DO GRAFO DA FIG. 5.1. ---------------------------------------------------------- 87
FIG. 5.12 – EXEMPLO DA REPRESENTAÇÃO MIR DA EXPRESSÃO A = A+1.---------------------------------------- 88
FIG. 5.13 – ALGORITMO PARA DETERMINAR O ALCANCE DAS VARIÁVEIS. --------------------------------------- 94
FIG. 5.14 – ALGORITMO PARA DETERMINAR O PERÍODO DE VIDA DAS VARIÁVEIS. --------------------------- 95
FIG. 5.15 – ALGORITMO PARA DETERMINAR AS DF ATRAVÉS DA ÁRVORE DE DOMINADORES. ------------ 98
FIG. 5.16 – ALGORITMO PARA DETERMINAR AS DF SEM A ÁRVORE DE DOMINADORES. --------------------- 99
FIG. 5.17 – ALGORITMO PARA INSERIR AS FUNÇÕES Φ(...). ---------------------------------------------------------- 100
FIG. 5.18 – EXEMPLO DE UMA FUNÇÃO Φ(...) APÓS O PROCESSO DE ALOCAÇÃO. ---------------------------- 102
FIG. 5.19 – EXEMPLO DE COMO SE PODE RESOLVER A ALOCAÇÃO PARA AS FUNÇÕES Φ(...). ------------ 102
FIG. 6.1 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA LISTA DE ADJACÊNCIAS. --------------------------------------- 113
FIG. 6.2 – ESTRUTURA DA MATRIZ DE INTERFERÊNCIAS. ------------------------------------------------------------ 114
FIG. 6.3 – EXEMPLO COM DUAS VARIÁVEIS SIMULTANEAMENTE VIVAS, MAS QUE
APARENTEMENTE NÃO INTERFEREM UMA COM A OUTRA. -------------------------------------------- 115

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VIII Lista de Figuras

FIG. 6.4 – EXEMPLO DE COMO É POSSÍVEL COLORIR UM GRAFO COM N=3 E TODOS OS K ≥ 3. --------- 118
FIG. 6.5 – FASES DO PROCESSO DE COLORAÇÃO DO GRAFO. ------------------------------------------------------ 118
FIG. 7.1 – PADRÕES E MÁQUINA DE ESTADOS DO TOP-DOWN PATTERN MATCHING. ----------------------- 127
FIG. 7.2 – EXEMPLO DE UMA ÁRVORE DE EXPRESSÕES APÓS O LABELLING.---------------------------------- 130
FIG. 7.3 – REPRESENTAÇÃO DA TABELA DE TRANSIÇÕES DO OPERADOR ADD. ------------------------------ 132
FIG. 7.4 – ESTRUTURA DA FUNÇÃO DE LABELLING. ------------------------------------------------------------------- 132
FIG. 7.5 – ALGORITMO DA FUNÇÃO PRINCIPAL, PARA GERAÇÃO DO BURS. ----------------------------------- 133
FIG. 7.6 – ALGORITMO DE NORMALIZAÇÃO DE CUSTOS. ------------------------------------------------------------ 134
FIG. 7.7 – ALGORITMO PARA DETERMINAR OS ESTADOS DO SÍMBOLOS TERMINAIS. ------------------------ 134
FIG. 7.8 – ALGORITMO PARA APLICAR AS REGRAS EM CADEIA. ---------------------------------------------------- 135
FIG. 7.9 – ALGORITMO PARA DETERMINAR OS ESTADOS DOS NÃO-TERMINAIS. ------------------------------ 136
FIG. 7.10 – ALGORITMO DE CHAIN RULE TRIMMING. ----------------------------------------------------------------- 138
FIG. 7.11 – COMPACTAÇÃO DAS TABELAS, RECORRENDO A VECTORES DE INDEXAÇÃO. ------------------ 139
FIG. 7.12 – ESQUEMA DE DECOMPOSIÇÃO DE TABELAS. ------------------------------------------------------------ 140
FIG. 7.13 – ESQUEMA DA ORGANIZAÇÃO DOS MAPAS DE INDEXAÇÃO.------------------------------------------ 141
FIG. 7.14 – MACROS PARA DETERMINAR O LABELLING. -------------------------------------------------------------- 141
FIG. 8.1 – MODELO COM OS VÁRIOS INTERVENIENTES NO DESENVOLVIMENTO DE UM
COMPILADOR. ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 148
FIG. 8.2 – SEQUÊNCIA DAS OPERAÇÕES PARA UM BACK-END COM ALOCAÇÃO LOCAL. ------------------- 163

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Lista de Abreviaturas IX

Lista de Abreviaturas

BBEG – BEDS Back-End Generator


BBEGL – BEDS Back-End Generator Language
BEDS – Back-End Development System
BEG – Back-End Generator
BURG – Bottom-Up Rewrite Generator
BURS – Bottom-Up Rewrite System
CB – Código Binário
CFG – Control Flux Graph
CISC – Complex Instruction Set Computer
FSF – Free Sotware Foundation
GCB – Gerador/Geração de Código Binário
GCC – GNU C Compiler
GCI – Gerador/Geração de Código Intermédio
LCC – Light C Compiler
LHS – Left Hand Side
MDL – Machine Description Language
MIR – My Intermediate Representation
NJMCT – New Jersey Machine Code Toolkit
PCC2 – Portable C Compiler 2
PO – Peephole Optimizer
RHS – Right Hand Side
RI – Representação Intermédia
RISC – Reduced Instruction Set Computer
RTL – Register Transfer Language
SSA – Single Static Assignment

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Introdução 1

1 Introdução

Com o aparecimento dos primeiros computadores e a criação dos primeiros


programas, o Homem rapidamente se depara com a necessidade de criar ferramentas
que facilitem o seu diálogo com estas máquinas.
Esta necessidade advém da dificuldade que o homem tem de transmitir instruções
aos computadores na sua linguagem nativa, bem como em interpretar o resultado dessas
mesmas instruções.
É, como tal, nos primórdios da história da informática que aparecem os primeiros
processadores de linguagens, mais concretamente os compiladores cuja função consiste
em interpretar as instruções que o programador pretende transmitir ao computador,
instruções essas de um nível mais legível para o homem, entenda-se programador, e de
maior complexidade que a suportada pelo computador.
Antes de surgirem os primeiros compiladores, era função dos programadores
suportar a malfadada tarefa de decompor as instruções a transmitir ao computador numa
sequência de uns e zeros, única representação interpretável por estes.
Tal tarefa não só obrigava a ter um profundo conhecimento da arquitectura e
funcionamento do processador, e das suas instruções na forma binária, como ter sempre
presente um raciocínio algorítmico capaz de processar as operações de forma
inequívoca permitindo assim obter programas funcionais e eficientes quer em
velocidade, quer na ocupação dos recursos.
A história dos processadores de linguagens não terminou com os compiladores,
muito pelo contrário fez surgir novas necessidades, bem como incentivou a procura de
outras soluções para implementar o diálogo com os computadores.
Desta forma surgem os interpretadores, os depuradores (debugger), os
assembladores, entre outros, generalizando a ideia e alargando o leque de aplicações.
Formalizando, dadas duas gramáticas X e Y distintas, quer nos símbolos utilizados
quer na sintaxe, define-se como sendo um Processador de Linguagens um programa
capaz de reconhecer expressões válidas de X e traduzi-las para expressões válidas de Y,
ou/e vice versa, mantendo o seu valor semântico.
Os processadores de linguagens são normalmente construídos segundo uma
determinada estrutura comum aos diversos exemplos deste tipo de programas.
Aceitando alguma abstracção, é possível decompor a estrutura de um processador de

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2 Introdução

linguagens em diversas fases com funções bem definidas, a saber: análise, geração do
código intermédio e geração de código final.
O passo seguinte na evolução desta área da informática consistiu em elevar o nível
de concepção, desenvolvendo programas capazes de eles próprios gerarem
automaticamente rotinas para a execução de algumas das fases típicas de um
processador de linguagens. Este tipo de programas passou-se a designar por Gerador de
Processadores de Linguagens.
Muitas destas tarefas foram alvo de intensos estudos, atingindo actualmente níveis de
automatização muito satisfatórios, permitindo a sua geração de modo eficiente e rápido,
através de uma simples especificação das suas características.
Infelizmente a automatização das diversas fases não foi uniforme, talvez pelas
dificuldades encontradas, ou por dependerem de factores externos de grande
variabilidade.

1.1 Objectivos

É pelas dificuldades encontradas na implementação (e sua automatização) de


determinadas tarefas de um processador de linguagens que surge a proposta para o tema
desta dissertação.
Focando a nossa atenção apenas nos processadores de linguagens cuja finalidade é
converter expressões de uma linguagem (gerada por determinada gramática), em código
assembly, ou em código máquina – ditos compiladores, é possível classificar as suas
diversas fases, em dois grandes grupos: um, designado por front-end, que é responsável
por conhecer as características da gramática, permitindo uma correcta compreensão das
suas expressões; e outro grupo, designado por back-end, que é responsável por conhecer
as características do computador, ou mais concretamente do processador e do seu
conjunto de instruções, para se poder proceder à tradução.
O back-end é a área sobre a qual se desenvolve o tema desta tese de mestrado, em
que os principais objectivos passam por caracterizar clara e exaustivamente as tarefas
englobadas no back-end e pelo estudo das possibilidades de automatizar o
desenvolvimento dos módulos que executam essas tarefas.

1.2 Panorama actual

Os geradores de back-ends são matéria de estudo desde há vários anos. No entanto os


progressos têm sido lentos e divergentes, e muitas vezes sigilosamente guardados por
motivos comerciais.
As primeiras tentativas para se desenvolverem geradores de back-ends, datam de
1977, com os trabalhos de doutoramento de Glanville[Glan77] e Fraser[Fras77]. Em
1982, Hoffmann e O’Donnell [HO82] desenvolvem um algoritmo de reconhecimento de
padrões de estruturas em árvore, que será mais tarde aplicado por Graham e Glanville
[HKC84, GHAMP84] na concepção do primeiro gerador de geradores de código, com
algum impacto científico. Foi com base neste trabalho, que diversos investigadores
desenvolveram muitos dos actuais geradores de back-ends.
É no entanto no fim da década de 80 e início da década de 90, que se publica o maior
número de artigos científicos, com origem em diversos grupos de investigação. Destaca-

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Introdução 3

se o grupo do Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Berkeley,


na Califórnia USA, com nomes sonantes como o R.S. Glanville que desenvolveu em
conjunto com S. Graham, o Graham-Glanville Code Generator; ou R.R. Henry que
desenvolveu o CODEGEN e contribuiu com um vasto conjunto de optimizações para
este tipo de geradores; ou ainda E. Pelegri-Llopart responsável por desenvolver a teoria
de suporte para um dos sistemas de maior sucesso nesta área, o Bottom-Up Rewrite
System - BURS. No entanto, qualquer um destes sistemas apenas serve como solução
parcial, não abrangendo todas as fases necessárias para a geração de um back-end.
Actualmente, a continuação do trabalho desenvolvido pelo grupo de Berkeley, faz-se
acompanhar por C. Fraser, D. Hanson e T. Proebsting, este último responsável por
desenvolver o Bottom-Up Rewrite Generator – BURG, que é uma implementação
prática da teoria do BURS, apresentada por Pelegri-Llopart. Fraser e Hanson são
actualmente dois dos investigadores, que mais contribuem para o progresso desta área,
sendo responsáveis pelo desenvolvimento de uma solução integrada, o sistema LCC,
composta por um front-end para ANSI C, com a respectiva definição da interface entre
front e back-end, e por um gerador semelhante ao desenvolvido por Proebsting, o qual é
complementado por um conjunto de rotinas com a capacidade de realizar as restantes
fases do back-end 1.
Pelo lado comercial a evolução desta área era acompanhada pelos laboratórios Bell
AT&T, do qual constavam investigadores de renome como A.V. Aho, M. Ganapathi e
S.W. Tjiang. Este grupo foi responsável pelo desenvolvimento do TWIG, um gerador
de back-ends, que também teve por base o gerador de código Graham-Glanville, mas
que segue uma filosofia diferente do modelo de Pelegri-Llopart. Infelizmente, e tanto
quanto consegui apurar, este grupo não deu continuidade ao trabalho desenvolvido. No
entanto, existem diversas experiências de outros grupos de investigação que utilizam
como suporte o TWIG.
Do lado europeu, a área é acompanhada por um grupo da Faculdade de Ciências da
Universidade de Karlsruhe, Alemanha, encabeçado por Helmut Emmelmann, autor de
uma das mais bem sucedidas, se não mesmo a melhor, solução para geradores de back-
ends, o Back-End Generator - BEG. Em filosofia o sistema é bastante semelhante ao
TWIG, no entanto permite com uma só aplicação gerar várias fases do back-end.
O BEG possui ainda a vantagem de estar integrado num pacote de software, o
Compiler Tool Box, composto por várias aplicações que permitem desenvolver todas as
fases de um processador de linguagens, quer sejam do front ou back-end [GE90].
Actualmente este é dos grupos mais activos, tendo mesmo desenvolvido alguns
exemplos práticos, perfeitamente funcionais, provando que este tipo de ferramentas não
são uma utopia. Infelizmente são poucas as publicações realizadas, e as que existem são
normalmente reservadas e em alemão. Para além disso o BEG é uma aplicação
comercial pelo que se colocam algumas restrições na divulgação da sua estrutura e do
seu código fonte. Talvez por este motivo o trabalho desenvolvido por C. Fraser e D.
Hanson, tem cada vez mais adeptos sendo de todos o mais activo e prometedor.
Seguindo uma filosofia diferente para a geração de código, encontra-se o GNU CC
ou GCC2 da FSF3. Ao contrário dos exemplos anteriores, o GCC não possui um suporte
próprio para a geração automática de back-ends mas, no entanto, é dotado de meios que
facilitam a adaptação a novas arquitecturas. A ideia consiste em utilizar um gerador de
código, cujas características podem ser modeladas através da descrição da arquitectura

1
Todo o pacote de software do LCC é freeware.
2
GCC – GNU C Compiler.
3
FSF – Free Sotware Foundation, Inc.

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4 Introdução

da máquina, de forma a modificar a geração do código final. Essa descrição é feita


numa linguagem especialmente desenvolvida para tal, a MDL - Machine Description
Language, descrição essa que é utilizada na compilação do código do gerador.
O GCC utiliza um vasto conjunto de optimizações, o que permite gerar código de
qualidade superior aos modelos anteriores. Tem no entanto a desvantagem de ser muito
maior e levar mais tempo a compilar e a ser compilado.
Apesar do GCC ser uma solução específica de um gerador de código e não um
sistema de geração de processadores de linguagens, não deixa de ser uma das melhores
soluções para um compilador portável. Infelizmente, por falta de tempo, não foi
possível um estudo mais detalhado deste sistema. No entanto as ideias base, utilizadas
na sua concepção estiveram sempre presentes, uma vez que o trabalho que esteve na
origem do GCC, serviu também de base a outros trabalhos, tal como o RTL System
[JML91, MRS90], desenvolvido no Departamento de Ciências da Computação, da
Universidade de Illinois, Urbana-Champaign, USA, o qual foi uma das principais
referências para o desenvolvimento desta tese.

1.3 Estrutura da tese

Nesta tese começa-se por situar o tema do trabalho, descrevendo o processo de


compilação, em especial as tarefas do back-end, focando os problemas associados à sua
implementação e propondo algumas soluções típicas, mas mantendo sempre em mente a
portabilidade do compilador, que se traduz na maior, ou menor, facilidade que há em o
adaptar a novas arquitecturas.
O capítulo seguinte apresenta, de forma sucinta, o modelo e o funcionamento do
sistema de apoio ao desenvolvimento de compiladores, o BEDS – Back-End
Development System, que resultou do trabalho desenvolvido na preparação desta
dissertação.
O quarto capítulo apresenta os princípios que orientaram a concepção e o
desenvolvimento da representação intermédia utilizada no BEDS, a MIR – My
Intermediate Representation, bem como as infra-estruturas de suporte implementadas.
O quinto capítulo apresenta os sistemas de apoio fornecidos como parte integrante do
BEDS para suporte à optimização de código. Descreve ainda algumas rotinas de
optimização e respectivas implementações.
O sexto capítulo descreve o sistema de alocação local e global de registos seguido
pelo BEDS, este último desenvolvido com base no algoritmo de alocação proposto por
Chaitin [CACCHM81, Chait82].
O sétimo capítulo apresenta alguns dos geradores de código que têm por base o
Bottom-Up Rewrite System (BURS) e faz referência à solução utilizada no BEDS.
O oitavo capítulo descreve a gramática que permite especificar as características dos
processadores, e explica como gerar as expressões da representação intermédia e como
utilizar os diversos módulos que compõem o BEDS.
O nono capítulo apresenta o New Jersey Machine Code Toolkit [RF94, RF95,
RF95a, RF96], como uma possível solução a integrar ou a utilizar conjuntamente com o
BEDS para a geração directa de código máquina.
Na conclusão faz-se um breve resumo do trabalho desenvolvido ao longo da tese e
deixa-se algumas propostas para projectos futuros.

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Estrutura de um Compilador 5

2 Estrutura de um Compilador

Este capítulo começa com uma breve referência às fases do front-end de um


compilador, e à interface entre este e o back-end. Depois descrevem-se as diversas
etapas que compõem este último, apresentando as dificuldades em transpor o seu
desenvolvimento para um gerador de geradores.
No entanto antes de se avançar para a descrição da estrutura de um compilador, é
necessário perceber o porquê da sua divisão em front e back-end. Sob o ponto de vista
da concepção, uma vez desenvolvido um processador de linguagens para uma
determinada máquina segundo esta estrutura, é possível reutilizar o back-end na
implementação de novos processadores de linguagens para essa máquina.

Front End Front End Front End


Fortran C Pascal

Back End
Alfa

Fig. 2.1 – Utilização de vários front-ends sobre um back-end.

Por exemplo, uma vez desenvolvido um compilador de linguagem C para o


processador Alfa, facilmente se pode reutilizar o back-end, na implementação de
compiladores para outras linguagens fonte, como Fortran ou Pascal, bastando para tal
desenvolver os respectivos front-ends, respeitando a mesma representação intermédia.

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6 Estrutura de um Compilador

A concepção encontra-se, também, facilitada para a situação em que se pretende


modificar um compilador para gerar código para uma outra máquina, uma vez que nesta
situação basta desenvolver o back-end para a nova arquitectura e reutilizar o front-end.
Convém no entanto realçar que nem sempre é fácil detectar num processador de
linguagens, onde é que termina o front-end e onde se inicia o back-end, o que pode
comprometer a reutilização de ambas as partes. O que se consegue evitar definindo
correctamente o papel de cada uma das fases intervenientes do processo de compilação
e criando um nível intermédio de representação, do código a compilar e de toda a
informação a este necessária, que possa ser partilhado por ambas as partes.

Front End
C

Back End Back End Back End


Pentium Alfa PowerPc

Fig. 2.2 – Utilização de um front-end sobre vários back-ends.

2.1 Front-End

O processo de transformar um texto escrito numa qualquer linguagem fonte, em


código capaz de funcionar sobre numa determinada máquina, é extremamente complexo
para que possa ser analisado de uma forma global. É por esta razão, que a tarefa de um
compilador é normalmente vista como uma sequência de fases, cada uma responsável
por realizar um conjunto limitado de funções. Dessas fases, umas são totalmente
independentes da máquina objecto, estando apenas relacionadas com as características
da linguagem fonte e outras dependem essencialmente das características da linguagem
final, o que normalmente está relacionado com as características do processador. Por
essa razão, o conjunto total de fases em que se decompõe o processo de compilação,
continua a ser organizado em dois grandes blocos: o front-end (descrito nesta secção) e
o back-end (descrito na secção 2.3).
O modelo que se apresenta na Fig. 2.3 mostra as fases principais da compilação. Não
é no entanto obrigatório que todas elas façam parte de um compilador. Por vezes é
possível reunir funções de fases distintas numa única, bem como decompor algumas das
fases representadas em diversas sub-fases, permitindo diferenciar com maior detalhe as
suas funções.

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Estrutura de um Compilador 7

2.1.1 Análise

Analisa Léxica
Sempre que o código fonte se encontra representado sob a forma de um texto, é
necessário proceder ao reconhecimento dos símbolos que o compõem. É exactamente
esta a função da primeira fase, a do analisador léxico ou scanner, que considera o texto
fonte como uma stream de caracteres, a qual é processada da esquerda para a direita,
procedendo à eliminação de caracteres nulos, tal como espaços e caracteres do
tabulador, bem como de comentários, agrupando os restantes de forma a obter símbolos,
designados por tokens.

Código Fonte

Caracteres

Análise Léxica

Tokens F
R
Gestão da Tabela O
de Símbolos N
Análise Sintáctica
T
Árvore de
Tratamento de Sintaxe E
Erros N
D
Análise Semântica
Optimização de
Código Árvore
Decorada

Gerador de Código
Intermédio
Representação
Intermédia
B
Gerador de Código A
C
Código Binário K
ou Assembly E
N
Código Final D

Fig. 2.3 – Estrutura de um compilador.

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8 Estrutura de um Compilador

Análise Sintáctica
Na fase seguinte, o analisador sintáctico ou parser, requisita os tokens ao analisador
léxico agrupando-os sob a forma de uma árvore de sintaxe, de acordo com a gramática
da linguagem em causa. Essa árvore, que traduz a estrutura do texto fonte, indica quais
as regras de derivação da gramática, que foram usadas na construção da frase,
contribuindo assim para se conhecer o seu significado.

Análise Semântica
Na terceira fase, encontra-se o analisador semântico. A cada símbolo detectado no
código fonte está associado um conjunto de atributos, que podem representar diversos
tipos de informação e cujo objectivo é fornecer os conhecimentos necessários à
determinação do significado exacto desse texto fonte ( o que é determinante para se
fazer a geração de código).
Conhecendo o conjunto de regras que permitem determinar o valor dos atributos e
tomando em consideração o valor associado aos tokens, o analisador semântico procede
ao cálculo do significado exacto de cada símbolo gramatical.
O processo consiste em pegar na árvore de sintaxe abstracta e decorá-la com os
atributos, calculando o seu valor e testando se estes cumprem às condições de contexto.

2.1.2 Síntese

No fim da análise semântica, a informação obtida pelo front-end consiste num


conjunto de árvores decoradas e numa tabela de símbolos. Coloca-se a questão de saber
se este é o formato mais correcto para a representação intermédia, ou seja, para a
representação interna do significado do texto fonte.
O ideal seria obter uma representação intermédia possível de ser utilizada para todos
os front-ends e back-ends.
As árvores semânticas são raramente utilizadas como representação intermédia
porque são muito dependentes da linguagem fonte e não contêm, normalmente, toda a
informação necessária ao back-end.
É por esta razão que surge uma fase, na estrutura do compilador, destinada a
transformar a informação que se encontra sobre o formato de árvores decoradas, em
expressões de uma representação intermédia. Tal não só facilita a reutilização do front e
back-end, como garante um nível de representação da informação independente das
características destes dois níveis. Permite-se, assim, desenvolver toda uma série de
rotinas para o tratamento de código que, por funcionarem sobre a representação
intermédia, são completamente independentes da linguagem fonte e linguagem final,
garantindo a sua total reutilização noutros compiladores. É o caso da optimização de
código que normalmente se processa a este nível de representação.
Esta fase de síntese do significado é geralmente designada por geração de código
intermédio e será descrita adiante na secção 2.2.1.

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Estrutura de um Compilador 9

2.1.3 Tratamento dos Identificadores

A gestão da tabela de símbolos, o tratamento de erros e a optimização do código são


fases que se encontram representadas à parte, visto poderem ocorrer em conjunto com
outras fases ou por poderem ser intercaladas em diversas posições da sequência de
compilação.
A tabela de símbolos é uma estrutura presente nas diversas fases do compilador, cuja
função é armazenar a informação sobre cada identificador que surge no programa fonte.
Tipicamente é uma estrutura de procura em que as chaves são os identificadores, às
quais a tabela associa um conjunto de informação proveniente das diversas fases. É no
entanto da responsabilidade do analisador léxico colectar a informação necessária para
criar os elementos da estrutura de dados. Este sempre que detecta um token testa se o
seu lexema (string que o representa) já se encontra na tabela de símbolos. Caso não
exista, cria-se uma nova entrada na tabela. Nada impede que outras fases do processo,
para além da análise lexical, acrescentem novos símbolos à tabela de identificadores.
Por questões de eficiência, é vulgar que cada token possua pelo menos um atributo,
que funciona como apontador para a entrada correspondente da tabela de símbolos.

2.1.4 Tratamento de Erros

À semelhança da gestão da tabela de símbolos, o tratamento de erros também


envolve praticamente todas as fases do compilador. Por exemplo, o analisador léxico é
responsável por identificar a posição de cada uma das ocorrências dos diversos tokens,
para que em caso de erro seja possível identificar a sua origem (posição) dentro do texto
fonte. Para além disso, o analisador léxico deve detectar erros ao nível dos caracteres
que pertençam à linguagem ou caracteres que apareçam inseridos em grupos errados
(por exemplo pontos de exclamações no meio de palavras).
Já o analisador sintáctico, deve detectar violações das regras gramaticais, as quais
definem as expressões válidas da gramática. Por vezes estas violações têm origem na
análise lexical, mas normalmente só podem ser detectadas na análise sintáctica, é o caso
de palavras reservadas ou operadores que se encontram mal escritos.
O analisador semântico também é responsável pelo tratamento de erros, detectando
por exemplo, situações de incompatibilidade entre o tipo dos operandos e operadores,
ou de uma forma geral, expressões que se encontrem sintacticamente correctas, mas
cujo significado não é válido.
Em qualquer caso um bom compilador deve ser capaz de lidar com a situação de
erro, de forma a continuar o processo de compilação após corrigir o erro ou recuperar
dessa situação e ser capaz de detectar erros subsequentes. Deve ainda sinalizar tais
anomalias ao utilizador da forma mais completa e explicável possível.

2.1.5 Optimização

A fase de optimização serve para melhorar a qualidade do código gerado, através da


transformação da sua representação, permitindo obter maior velocidade de execução ou
reduzir o tamanho do código final. No entanto a optimização não pode modificar o valor

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10 Estrutura de um Compilador

semântico das expressões e não deve optimizar determinadas características do código à


custa de uma degradação significativa de outras características.
Ao longo do processo de compilação, podem existir várias fases de optimização, ou
até nenhuma, as quais podem ser classificadas em relação às características da máquina,
como independentes, e neste caso fazem parte das fases do front-end ou do nível
intermédio de representação, ou então como dependentes, fazendo parte do back-end.
Ambas as formas serão abordadas no capítulo 5.
As optimizações independentes da máquina dividem-se ainda em dois tipos distintos,
as optimizações locais, que se processam dentro do contexto de um bloco simples de
código com estruturas de controlo muito simples, e as optimizações globais, as quais se
processam sobre grandes blocos de código, onde se admite qualquer tipo de estrutura de
controlo.
Algumas das optimizações com maior utilização, devido aos resultados que
permitem obter, são: simplificação algébrica, eliminação de sub-expressões comuns,
eliminação de código morto, eliminação de propagação de cópias, remoção de
expressões constantes de dentro de ciclos, etc.
Algumas destas optimizações são facilmente implementáveis, mas normalmente tal
não acontece, obrigando mesmo a manter ou a criar mecanismos de análise, que
forneçam a informação necessária à sua realização.
Alguns desses mecanismos, são implementados recorrendo à análise do fluxo de
controlo, à análise do fluxo dos dados e à análise de dependência entre dados. Algumas
destas formas de análise serão descritas no capítulo 5.

2.2 Interface entre Front-End e Back-End

Como se disse atrás, a escolha duma boa representação intermédia para exprimir o
significado do texto fonte (reconhecido na fase de análise) é fundamental para a
implementação dum compilador.
Assim, a representação intermédia deve ser facilmente adaptável, quer ao front-end
ou ao back-end; deve permitir representar qualquer tipo de estrutura que possa surgir no
código fonte, quer esta seja de dados ou de controlo; e ser facilmente manipulável pelos
procedimentos que se executam a este nível de representação.
A notação postfix, three-address code, árvores binárias, grafos e a linguagem de
transferência de registos (RTL) são algumas das formas utilizadas para a representação
intermédia.

Notação Postfix
A representação em notação postfix obtém-se a partir da “linearização” da árvore de
sintaxe, convertendo-a numa representação recursiva do tipo:

opdesqn opddirn opn Eq. 2.1

Em que opdesq, opddir e opn representam respectivamente o operando esquerdo e


direito, e o operador do nodo n da árvore de sintaxe. Por exemplo, a expressão da Eq.
2.2, cuja árvore de sintaxe se encontra representada na Fig. 2.4, em notação postfix,
resulta na Eq. 2.3.

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Estrutura de um Compilador 11

a = (b + 3)*c Eq. 2.2

a b 3 + c * = Eq. 2.3

Este tipo de representação é ideal para o caso dos interpretadores, em que o código
intermédio é executado por máquinas virtuais baseadas em stack; o front-end vai
passando os elementos das expressões em postfix, da esquerda para a direita ao
interpretador, os quais são inseridos na stack, através de instruções de push. No entanto,
sempre que se detecta um operador (opn), este ao invés de ser inserido na stack, é
executado de imediato. A utilização da notação postfix garante que os operandos
necessários à execução de opn se encontram no topo da stack, bastando para tal retira-
los através de simples operações de pop.
Após a execução de opn, o resultado é inserido na stack, servindo de operando para a
instrução seguinte. O processo repete-se até se executar a última operação da expressão.
=

a *

+ c

b 3

Fig. 2.4 – Árvore de sintaxe da Eq. 2.2.

O tratamento da Eq. 2.3, encontra-se representado na Fig. 2.5. A stack é carregada


com a, b e 3; quando se detecta o operador +, do tipo binário retiram-se os dois
primeiros elementos da stack, 3 e b, que são utilizados como operandos; o resultado da
operação é colocado na stack, onde ainda se encontra a; volta-se a inserir mais
elementos na stack, neste caso c, até se encontrar o próximo operador, ou seja *, o qual
retira da stack c e o resultado de b+3; realizada a operação, insere-se o resultado na
stack; O processo repete-se até ao fim da expressão.
Este tipo de representação intermédia deve conter para além das instruções
aritméticas e lógicas, do push e do pop, algumas instruções para acesso à memória e
para a implementação de estruturas de controlo, tais como:

rvalue v //Realiza o push do valor da variável v.


lvalue v //Realiza o push do endereço da variável v.
copy //Realiza o push do valor do topo da stack.
label l //Identifica a posição da label l.
goto l //Salto para a expressão com a label l.
gofalse l //Salto condicional para label l,
// se o valor removido do topo
// da stack é falso.

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12 Estrutura de um Compilador

gotrue l //Salto condicional para a label l,


//se o valor removido do topo
// da stack é verdadeiro.

A grande desvantagem deste tipo de representação encontra-se na dificuldade que


existe em manusear as expressões, nomeadamente reordená-las, o que é fundamental
para fases como a optimização.

b+3 (b+3)*c a = (b+3)*c

3 c (b+3)*c

b b+3 a

a a

Fig. 2.5 – Processamento de expressões postfix numa máquina de stack.

Three Address Code


Outra forma de representação intermédia é o Three Address Code, em que cada
expressão é decomposta numa sequência de várias sub-expressões, cada uma com a
forma da Eq. 2.4.

x := y op z Eq. 2.4

Onde op representa um qualquer operador aceite na representação intermédia, e x, y e


z são identificadores ou constantes, representando o endereço de variáveis do programa,
variáveis temporárias (ex: registos) ou valores constantes.
Neste tipo de representação, uma expressão como a da Eq. 2.2 é reescrita na seguinte
sequência de sub-expressões:

t1 := b + 3
a := t1 * c

As quais são obtidas a partir da “linearização” da árvore de sintaxe, recorrendo à


utilização de variáveis temporárias para guardar os resultados dos nodos interiores da
árvore, como é o caso de t1.
Trata-se de uma representação mais legível e fácil de manusear que a anterior, e mais
próxima da representação em assembly. A manutenção das estruturas de controlo é mais
simples, implementando as labels através dos índices do array que contém as sub-
expressões.
Para além das instruções do tipo da Eq. 2.4, o Three Address Code possui instruções
de cópia, operações unárias, chamadas de procedimentos, saltos incondicionais e
condicionais, variáveis indexadas, atribuição de endereços e de apontadores.

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Estrutura de um Compilador 13

x := op y //Operador unário.
x := y //Atribuição de y a x.
goto l //Salto incondicional para label l.
if x cond y goto label l //Salto condicional para label l,
// se (x cond y) é verdadeiro.

param x1, x2, ..., xn //Chamada do procedimento p,


call p, n //com n parâmetros x1, x2, ..., xn
...
return y // e a devolver y.
x := y[i] //Atribuição a x, do valor da
// posição de memória i, para lá de y.
x[i] := y //Atribuição de y, à posição de
// memória i, para lá de x.
x := &y //Atribuição a x do endereço de y.
x := *y //Atribuição a x do valor apontado por y.
*x := y //Atribuição de y à posição apontada por x.

Árvores e DAG’s
A representação em forma de árvore binária, passa por considerar que cada nodo
interno da árvore representa um operador, cujos operandos resultam das operações dos
nodos descendentes.
A árvore de representação intermédia possui uma estrutura semelhante à da árvore de
sintaxe, diferindo no entanto no conteúdo, o qual traduz o conhecimento obtido pela
análise semântica e a pela própria sintaxe da representação intermédia.
Neste caso a expressão da Eq. 2.2, corresponde à árvore binária da Eq. 2.5.

=( a, *( +( b, 3), c)) Eq. 2.5

À semelhança das representações anteriores, as árvores binárias também utilizam


variáveis temporárias e permitem a utilização de algoritmos de pesquisa e substituição,
simples e eficientes, com a vantagem de possuir uma representação mais compacta e
mais fácil de obter.
Os DAG – Direct Acyclic Graph, são bastante semelhantes às árvores mas
compactam ainda mais a informação, uma vez que permitem a reutilização de sub-
expressões, como se demonstra na Fig. 2.6. A sua grande desvantagem está na
utilização de algoritmos de pesquisa e substituição mais complexos e lentos.
As árvores binárias são assim uma das formas de representação com maior utilização
na ligação entre front e back-end. A razão não se prende apenas pelas vantagens
apresentadas, mas também porque muitos dos algoritmos utilizados para desenvolver
geradores de geradores de código, trabalham sobre árvores, como será demonstrado no
capítulo 7.
Não é no entanto de desprezar o Three Address Code, que tem a vantagem de
permitir representar determinados aspectos que nas árvores ficam camuflados.
A selecção entre as duas formas de representação, depende do nível de proximidade
que se pretende obter entre a representação intermédia e o código final, e da relação

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14 Estrutura de um Compilador

entre a qualidade do processo de selecção das instruções e os processos de optimização


a implementar, como se poderá ver em capítulos posteriores.
= =

a * a *

+ + +

b 3 b 3 b 3

Fig. 2.6 – Representação em árvore e em DAG da expressão a=(b+3)*(b+3).

Linguagem de Transferência de Registos


A Linguagem de Transferência de Registos, ou RTL, é uma forma de representação
que permite que com um conjunto de operações muito básicas e muito próximas de uma
linguagem do tipo assembly, se descrevam diversos níveis de representação da
informação. À primeira vista é muito semelhante ao Three Address Code, no entanto as
operações são essencialmente implementadas sobre registos.
A RTL passou a ter alguma relevância quando apareceu como forma de
representação intermédia do Peephole Optimizer (PO), desenvolvido por Christopher
Fraser e Jack Davidson [DF80, DF84a, DF84b]. Sendo desde então uma referência, não
tanto pelas suas características descritivas, uma vez que estas são muito semelhantes ao
Three Address Code, mas mais pelo contexto em que foi utilizada. Na realidade o que se
tornou uma referência foi o modelo proposto para o PO e todo o conjunto de conceitos a
este associado, de onde se destaca a implementação das rotinas de optimização de forma
independente das características do processador e apresentação de uma solução, para
que, a partir de uma descrição dessas mesmas características fosse possível transformar
as expressões da representação intermédia em código máquina.
A Linguagem de Transferência de Registos foi desenvolvida como fazendo parte de
um sistema (RTLS) de software [JML91] para desenvolvimento de optimizadores de
código. É composto pela linguagem de representação e manipulação dos dados (RTL), e
por um vasto número de rotinas, pré-definidas, para conversão das expressões RTL em
código assembly ou código máquina, bem como para optimização de código.
No desenvolvimento da RTL, esteve sempre presente a ideia de criar uma forma de
representação completamente independente das características do front e back-end, de
modo a generalizar a aplicação dos algoritmos de optimização. Pela experiência,
concluiu-se que a RTL deveria ser tanto quanto possível uma espécie de intersecção dos
conjuntos de instruções das diversas máquinas conhecidas, de tal forma que qualquer
operação descrita fosse facilmente reescrita para uma qualquer máquina. Ideia esta que
foi herdada do PO e utilizada em outros sistemas, como é o caso do GCC.
Mais ainda, a representação não deve depender das limitações físicas de cada
máquina, por exemplo a quantidade de registos possíveis de utilizar em RTL é infinita,

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Estrutura de um Compilador 15

de forma a evitar os problemas de alocação de registos, que dependem essencialmente


das características das máquinas.
As operações utilizadas pela RTL são extremamente simples, mas a partir das quais é
possível construir novas formas de representação mais complexas. Convém no entanto
perceber que uma das grandes vantagens do sistema está na simplicidade das
operações, o que permite detectar potenciais situações de optimização ou de geração de
código.

Exemplo 2.1
No exemplo que se apresenta abaixo, onde se faz a tradução de um bloco de
código em linguagem C para RTL, pode-se confirmar o detalhe de uma descrição
feita com este tipo de representação.

Código C RTL
r[1] = &b //Carrega o endereço de b
if( b>max) r[2] = *r[1] //Carrega o valor de b
max = b; r[3] = &max //Carrega o endereço de max
else r[4] = *r[3] //Carrega o valor de max
max = a; r[2] ≤ r[4] ↑ L1 //Se b ≤ max salta L1
r[5] = &max //Carrega o endereço de max
r[6] = &b //Carrega o endereço de b
r[7] = *r[6] //Carrega o valor de b
*r[5] = r[7] //Carrega max com o valor de b
↑ L2 //Salto incondicional para L2
L1: r[8] = &max //Carrega o endereço de max
r[9] = &a //Carrega o endereço de a
r[10] = *r[9] //Carrega o valor de a
*r[8] = r[10] //Carrega max com o valor de a
L2: //Fim da função

Já o sistema RTLS vai muito para além da formalização da representação intermédia,


apresentando-se como uma solução concreta para o suporte da própria representação e
tratamento de código, fornecendo, entre outras, rotinas de optimização, alocação e
geração de código.
O RTLS foi implementado através de uma linguagem orientada ao objecto
(SmallTalk), pelo que as suas componentes encontram-se sobre a forma de classes. A
representação intermédia é construída através da instanciação dessas mesmas classes.
No essencial existem quatro classes: o RTLProgram, o RTLFlowNode, o
RTLTransfer, e o RTLExpression. As três últimas são classes abstractas de dados, e
apenas a primeira é uma classe de dados concreta.
O RTLProgram é a classe mais geral, cujas subclasses servem para reter todo o tipo
de informação global que diga respeito ao código fonte, à descrição da máquina e de
certa forma às instâncias das outras classes.
O RTLFlowNode contém as classes que permitem construir o grafo de fluxo de
controlo que descreve a estrutura do programa. Os métodos desta classe incluem,
rotinas de optimização de fluxo de controlo, tais como a eliminação de saltos ou a
optimização de estruturas condicionais.

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16 Estrutura de um Compilador

A principal função da classe RTLTransfer é caracterizar as operações de


transferência de dados. Assim a cada instância está associada a informação que permite
identificar o conjunto das instâncias que produzem os seus operandos e o conjunto das
instâncias que utilizam o seu resultado, o que é essencial para grande maioria das
rotinas de optimização.
O RTLExpression serve para representar todo o tipo de expressões, desde a
representação de registos, memória, operações de acesso à memória, operações binárias,
unárias e constantes, etc.

r[1] = &b
r[2] = *r [1]
r[3] = &max
r[4] = * r[3]

RTLJumpNode

N
r[2]<r[4]

RTLConditionNode

r[8] = &max r[5] = &max


r[9] = &a r[6] = &b
r[10] = *r[9] r[7] = *r[6]
*r[8] = r[10] r[5] = r[7]

RTLJumpNode RTLJumpNode

RTLReturnNode

Fig. 2.7 – Diagrama de fluxo de dados do Exemplo 2.1.

Os métodos das várias classes permitem manter a consistência da representação e as


estruturas de dados necessárias às rotinas de optimização, de geração de código, etc.
Após a construção da representação e da execução de todas as optimizações,
determinam-se as instruções a utilizar para cada expressão e procede-se à alocação dos
registos, fazendo o mapeamento entre os registos virtuais da RTL (pseudo-registos) e os
registos físicos. Estas operações são normalmente implementadas como métodos da

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Estrutura de um Compilador 17

classe RTLProgram com recurso à classe MachineDescription, que contém a


informação sobre as características da máquina.
Este sistema (RTLS) possui diversas vantagens, de entre as quais se destaca a
capacidade de desenvolver novas classes, possibilitando a representação de outros tipos
de transferências e expressões, permitindo assim expandir a representação intermédia.
Outras vantagens advêm do facto desta representação estar integrada num sistema,
com uma vasta diversidade de rotinas desenvolvidas e possuir uma classe própria para
representar as características da máquina, o que serve de suporte e facilita a adaptação
da RTL a novas arquitecturas. Convém no entanto não esquecer que apesar de todas as
vantagens, não se trata de um sistema de geração de geradores, ou de optimizadores,
mas sim de um sistema bem suportado, já com muitas das rotinas implementadas, que
com algumas alterações, ou mesmo com desenvolvimento de novas classes e métodos
pode ser, com maior ou menor dificuldade adaptado a novas arquitecturas.
Este tipo de representação será estudado com maior detalhe em capítulos posteriores,
uma vez que serviu de base ao desenvolvimento do trabalho prático de dissertação desta
tese.

2.2.1 Geração do Código Intermédio

Nesta secção pretende-se descrever alguns aspectos mais proeminentes da geração do


código intermédio (GCI), a partir da árvore decorada e da tabela de identificadores.
Apesar da análise semântica ter uma finalidade distinta da GCI, a realidade é que na
maior parte dos casos, esta última é feita em simultâneo com a primeira, utilizando
como tal os mesmos mecanismos, como é o caso das gramáticas de atributos.
Não se pretende ao longo desta secção, entrar em detalhes de como é que tal é feito,
mas apenas descrever determinadas situações típicas da GCI. Para tal, parte-se do
princípio que a cada símbolo do analisador sintáctico se associou um conjunto de
atributos e a cada uma das produções, um conjunto de regras semânticas para
determinar esses atributos, com base nos quais se faz a GCI.

Tratamento de Tipos
Na generalidade dos processadores as instruções realizam-se sobre o mesmo tipo de
operandos, por exemplo, a adição é feita sobre valores inteiros ou reais, mas raramente
sobre um inteiro e um real. É função do analisador semântico detectar se os operandos
são compatíveis entre si, cabe no entanto ao GCI inserir na representação intermédia os
mecanismos necessários à conversão dos operandos, bem como decidir o tipo específico
de operador a utilizar.
Todos os símbolos terminais, que sejam identificadores, possuem um tipo
estabelecido implicitamente através do formato com que surgem no texto fonte ou então
explicitamente através das declarações.
Depois para cada operação, é necessário verificar se todos os operandos possuem o
mesmo tipo ou se são compatíveis. Se tal não acontecer é fundamental proceder à
conversão para um tipo comum, o qual também representará o tipo do resultado da
operação.
O processo de converter os operandos para um mesmo tipo comum, implica
normalmente a inserção de novos nodos na árvore de sintaxe, que representem as
operações de conversão.

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18 Estrutura de um Compilador

Exemplo 2.2
Este exemplo demonstra como se processa o tratamento de tipos, para a situação
em que se pretende somar uma constante e uma variável, ambos do tipo inteiro, e
depois atribuir o resultado a uma variável do tipo real.

Código em C

int a;
float b;

b= a + 10; Eq. 2.6

ASGN

b ADD

a 10

ASGNF ASGNF

type: float type: float type: float type: float

b ADDF b CIF

type: float type: float type: int


CIF CIF
ADDI

a 10 a 10
type: int type: int type: int type: int

Fig. 2.8 – Representação da árvore de sintaxe e árvores intermédias da Eq. 2.6.

Para que seja possível realizar a operação da Eq. 2.6, é necessário converter a
constante de valor 10 e a variável a para valores do tipo real (CIF) e aplicar o
operador de adição para reais (ADDF), ou então, aplicar o operador de adição para
inteiros (ADDI) sobre os dois operandos e converter o resultado para o tipo real. Em
ambos os casos é ainda necessário realizar a atribuição da adição à variável b
(ASGNF). A Fig. 2.8 representa a árvore de sintaxe e as árvores de representação
intermédia para as duas soluções anteriores.

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Estrutura de um Compilador 19

Tratamento das Estruturas de Controlo


Dependendo da linguagem fonte, o GCI pode ter que tratar diversas estruturas de
controlo, no entanto as mais vulgares são:

S -> if E then A | Eq. 2.7

if E then A1 else A2 | Eq. 2.8

while E do begin A end Eq. 2.9

Em que E representa uma expressão do tipo booleano e Ai uma expressão simples ou


composta.
Para o GCI as estruturas de controlo só têm significado após se definir a
representação numérica do resultado das expressões lógicas, isto porque noções como
verdadeiro e falso são completamente abstractas para CGI. Para tal utiliza-se
normalmente uma das duas seguintes convenções: a primeira, consiste em associar um
valor numérico a cada um dos estados verdadeiro e falso, tal como definir zero para
falso e um para verdadeiro, ou então zero para falso e qualquer outro valor para
verdadeiro; a segunda abordagem representa o resultado através do próprio fluxo de
controlo, ou seja, se o resultado da expressão é verdadeiro o programa continua a partir
da posição x, caso contrário continua a partir da posição y. Esta segunda solução será
abandonada por ser menos genérica.
Este tipo de preocupações não se coloca se a representação intermédia suportar o tipo
de operadores utilizado, e de alguma forma cada um desses operadores possa ser
relacionado com uma instrução máquina semelhante. Ficando neste caso a
representação dos valores abstractos verdadeiro e falso, definida pela convenção
utilizada pela própria máquina. No entanto, no caso em que não existe representação
directa dos operadores há que contornar o processo de forma a se determinar o seu
resultado numérico.
É comum utilizarem-se operadores do tipo booleanos na representação intermédia,
tal como o and, or, e not, os quais possuem normalmente instruções equivalentes no
código máquina. Mas os operadores do tipo relacional, tal como >, <, ≥, ≤, ≠ e =, não
possuem normalmente representação directa. É respectivamente o caso da Eq. 2.10 e da
Eq. 2.11.

a = b and c; Eq. 2.10

a = b < c; Eq. 2.11

Visto que as expressões que utilizam operadores relacionais, como as da Eq. 2.11,
têm como resultado verdadeiro ou falso, que são conceitos abstractos para o GCI, é
necessário que este resolva as expressões de forma a obter um resultado numérico
possível de ser quantificado. Na prática, esta operação consiste em testar se a expressão
b < c é verdadeira, e nesse caso, atribuir à variável a o respectivo valor numérico
convencionado para representar o valor lógico verdadeiro, procedendo-se de forma

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20 Estrutura de um Compilador

semelhante para o caso da expressão ser falsa. Como exemplo, a Eq. 2.11 seria reescrita
segundo a instrução condicional da Eq. 2.12.

if b < c then a=1 else a = 0; Eq. 2.12

Uma situação mais complexa ocorre quando a expressão condicional é composta por
diversas sub-expressões, relacionadas por operadores do tipo or ou and. Nestas
situações é necessário hierarquizar a sequência das operações e utilizar algumas
optimizações que aproveitando as propriedades algébricas destes operadores,
simplifiquem as expressões.

Exemplo 2.3
A Eq. 2.13 permite exemplificar o tratamento deste tipo de expressões.

a = (b < 20) or (b >40) Eq. 2.13

Aplicando a solução utilizada na Eq. 2.12, determina-se o valor da sub-expressão


b < 20, da seguinte forma:

if b < 20 then a = 1 else E Eq. 2.14

De notar que no caso de b ser inferior a 20, já é condição suficiente para que a
seja verdadeiro, caso contrário é necessário determinar o valor da sub-expressão b >
40.

if b < 20 then a = 1 else


if b > 40 then a = 1 else a = 0

Uma vez certificado que não ocorrem conflitos na representação dos resultados, pode
então o GCI tratar de resolver as estruturas de controlo. Apenas como exemplo analise-
se o comportamento do GCI para a Eq. 2.8.

//Código correspondente ao símbolo E


Se E Verdadeiro
Então Continua
//Código correspondente ao símbolo A1
Se E Falso Então
Saltar para S.next Salta para E.jump

E.jump:
//Código correspondente ao símbolo A2
Salto incondicional para
a operação posterior
S.next: //Código posterior à estrutura de controlo

Fig. 2.9 – Exemplo da estruturação do código para expressões tipo a da Eq. 2.8.

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Estrutura de um Compilador 21

Para este tipo de expressão pode-se convencionar que caso a condição resulte no
valor lógico verdadeiro, então a execução continua através de A1 e uma vez concluída a
execução deste bloco, prossegue na instrução seguinte à expressão condicional. Caso a
condição seja falsa, então a execução continua no princípio do bloco de código formado
por A2.

OPCOND OPCOND

Cond. Acção2 ≡ Cond. OPAUX

Acção1

Acção1 Acção2

Fig. 2.10 – Conversão de uma operação de três operandos em duas de dois operandos.

Para tal, e uma vez que o GCI é implementado utilizando gramáticas de atributos,
associa-se ao símbolo E (que representa a expressão condicional) um atributo (jump) no
qual se armazena a posição onde o código continua a ser executado caso a expressão
assuma determinado valor lógico (neste caso o valor falso). É ainda necessário associar
ao símbolo S um segundo atributo (next) que identifica a instrução seguinte à expressão
condicional, o qual permite conhecer a posição onde continua a execução do código
após a conclusão de A1. A Fig. 2.9, representa a organização da sequência do código que
o GCI deve produzir para este tipo de expressão.

Se E Falso

Se E Verdadeiro

OPCOND OPACÇÃO1 ... LJUMP OPACÇÃO2 ... LNEXT

Cond. OPAUX ... ... ... ...

OPACÇÃO1 OPACÇÃO2
(LJUMP)

Fig. 2.11 – Decomposição da árvore binária numa floresta de árvores.

A utilização de árvores binárias na representação deste tipo de expressão é


ligeiramente mais complicada, uma vez que a operação envolve três operandos, o da
condição e as duas acções. Como se pode confirmar pela Fig. 2.10, a solução passa por

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22 Estrutura de um Compilador

introduzir um operador fictício (OPAUX), que permite decompor a operação condicional,


que é do tipo ternário, num par de operadores binários.
Este tipo de representação pode tornar-se ineficaz no caso das acções serem
formadas por várias expressões, uma vez que complica substancialmente a
representação. Por essa razão é comum decompor as árvores numa lista de sub-árvores,
designada por floresta, em que a árvore correspondente à expressão condicional apenas
possui a condição e duas ligações (referências) para as primeiras árvores de cada uma
das acções. A Fig. 2.11 exemplifica esta decomposição.
O GCI normalmente acrescenta uma árvore após as operações da acção A1, cuja
função é assinalar a presença da label E.jump. Tal é essencial, para o caso de se
pretender gerar assembly, uma vez que as operações de label aparecem descriminadas
entre o código.

Tratamento de funções
O tratamento de chamada e retorno de funções é uma das tarefas de maior
complexidade com que o GCI se depara. Isto porque para invocar uma função, é
necessário guardar o contexto de execução da função origem, passar os argumentos da
função invocada, guardar o endereço de regresso e “saltar” para a posição inicial da
função. No fim da função, é ainda necessário guardar o seu resultado, restaurar o
contexto de execução da função origem e “saltar” para o endereço de regresso.
É função do GCI passar através da representação intermédia este conjunto de tarefas
ao back-end, o que nem sempre é fácil de fazer devido às limitações da própria
representação intermédia.

Lista das árvores


... CALL ...
da função origem

OPAUX resultado

ARG f
Lista das árvores da função f
... RET ...
an ARG

resultado
... ARG

a1
Fig. 2.12 – Estrutura das árvores de representação intermédia para uma função.

É imprescindível identificar duas fases bem distintas: uma primeira que corresponde
à invocação da função, onde é necessário que a árvore represente o endereço e os

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Estrutura de um Compilador 23

argumentos da função; e uma segunda, que corresponde ao retorno à função origem,


onde a árvore deve representar o resultado a devolver e o endereço de retorno.
Na prática é vulgar converter o resultado da função num parâmetro de saída da
função. Esta técnica permite que a função origem conheça a posição onde é devolvido o
resultado antes mesmo de processar a função a invocar.
Na Fig. 2.12 encontra-se representada a lista de árvores da função origem
(fOrigem(...)) e a lista de árvores da função invocada (f(...)). Na primeira lista, encontra-
se a árvore responsável por invocar a função e na segunda lista, a árvore responsável
por devolver a execução à função origem.
O operador que invoca a função é designado por CALL e possui três operandos, um
para a lista de argumentos, outro para o endereço da função e ainda um terceiro com o
endereço do valor devolvido pela função invocada. A lista de operandos é suportada
recorrendo a um segundo operador auxiliar, designado por ARG.

... fOrigem(...) int f ( a1, ..., an)


{ int a1, ..., an;
... {
y = f (a1, ..., an); ...
... return x;
} }

A segunda lista (da função invocada) termina com a operação de retorno (RET), a
qual possui pelo menos um operando, que é o valor a devolver. Pode no entanto, existir
um segundo operando para representar o endereço (referência) da função origem.

2.3 Back-End

Nas secções anteriores descreveu-se resumidamente as funções de cada uma das


fases do front-end, a interface entre este e o back-end e a geração do código intermédio.
Pretende-se agora apresentar com algum detalhe as fases do back-end, ou seja, aquelas
que dependem essencialmente das características da máquina, tal como do conjunto de
instruções, dos modos de endereçamento, da quantidade de registos, etc. Normalmente
estas fases pouco ou nada dependem da linguagem fonte.
As secções seguintes descrevem os processos para geração de código, alocação de
registos e a optimização do código ao nível do back-end.

NOTA: Por simplicidade de representação, quando nesta secção se disser “geração de


código”, está-se a subentender “geração de código final”.

2.3.1 Considerações sobre a Geração de Código

O funcionamento de um gerador de código, pode ser decomposto em pelo menos


duas fases, a primeira, responsável pela selecção das instruções máquina a utilizar para
cada expressão da representação intermédia; e a segunda, responsável por alocar os
registos necessários para cada instrução.

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24 Estrutura de um Compilador

Para além destas fases, cabe também ao back-end tratar de organizar o espaço de
memória para a execução do programa ou então providenciar os mecanismos para tal.
É ainda habitual existir uma fase de optimização, normalmente designada por
peephole optimization, que tanto se pode colocar antes ou depois da selecção das
instruções. Esta tarefa é apresentada na secção 5.5.
Nesta secção e após uma breve descrição das diversas representações do código final,
apresentam-se algumas das soluções utilizadas para a alocação do espaço de memória
necessário à execução do programa, explicando o tratamento realizado pelo gerador de
código final sobre a informação contida na tabela de símbolos. A secção continua com a
descrição do tratamento das expressões da representação intermédia, com a alocação
dos registos e termina com uma pequena abordagem à geração de código máquina.

Tipo de Código Final


O tipo de código final de um compilador, pode ser classificado como absoluto,
relocatável ou código assembly [ASU86].
O código absoluto é uma representação em binário que utiliza endereços relativos,
mas fixos, ou seja, as referências às posições de memória são feitas sempre através de
um offset em relação à posição inicial da memória reservada para a execução do
programa. A desvantagem principal encontra-se na utilização de referências fixas, que
impede a compilação de um programa em módulos separados. Este pode, por outro
lado, ser directamente carregado em memória e executado.
O código relocatável também é do tipo binário, no entanto, permite que os endereços
funcionem como offsets relativos a uma referência externa, podendo ser posteriormente
recalculados de forma a determinar a sua posição correcta. É este o tipo de código
gerado por linguagens que permitam desenvolver aplicações em módulos separados,
onde no fim é imprescindível realizar o processo de linkagem, de forma reunir todos os
módulos num único executável, procedendo-se nesta última fase ao ajuste dos
endereços.
Este tipo de código facilita o desenvolvimento de aplicações, uma vez que permite a
reutilização de módulos pré-compilados, como é o caso das bibliotecas. No entanto, a
geração de código relocatável, obriga o compilador a gerar informação extra, essencial
para que o linker seja capaz de recalcular os endereços. Para além disso, acresce a fase
de linkagem ao processo de geração de um executável.
A geração de assembly não produz directamente código binário, pelo que é
necessário correr um assemblador para obter o código final, o que por si só aumenta o
tempo de geração do executável. No entanto, esta representação é mais fácil de gerar,
uma vez que não se depara com problemas de endereçamento, como por exemplo,
determinar o endereço das variáveis ou a posição das labels.

Organização do Espaço de Memória


Uma das tarefas do gerador de código é estruturar o espaço de execução do programa
compilado, garantindo mecanismos para guardar as variáveis do programa e toda a
informação indispensável à sua execução.
O programa fonte é analisado, não como uma única estrutura, mas como um conjunto
de funções, procedimentos, ou mesmo de blocos de código simples, onde seja possível,
por exemplo, definir variáveis locais ao próprio bloco.
Para cada um destes blocos de código, é necessário reservar um espaço de memória,
designado por registo de activação (activation record ou frame), onde se armazenam as
variáveis locais ao próprio bloco de código e as variáveis temporárias que o compilador

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Estrutura de um Compilador 25

determine serem úteis à sua execução. No caso das sub-rotinas, serve ainda para
armazenar os parâmetros de entrada, os resultados a devolver pelas funções, a
informação de status da máquina (tal como o valor dos diversos registos e o endereço de
retorno) e, eventualmente, alguns apontadores para outros registos de activação
necessários à execução da sub-rotina (por exemplo o registo de activação da função
origem). A Fig. 2.13 apresenta um exemplo da estrutura de um registo de activação.

Valor a
Devolver
Endereço de
Retorno
Apontadores para
Registos Externos

Parâmetros

Variáveis
Locais
Variáveis
Temporárias

Fig. 2.13 – Estrutura do registo de activação.

Estratégias de Alocação
São duas as principais estratégias de alocação do espaço para os registos de
activação, uma designada por alocação estática e outra por alocação de stack.
A alocação estática reserva o espaço em memória para os registos de activação
durante a compilação, mais concretamente durante a geração de código. Tal solução, só
é possível se as variáveis utilizadas são do tipo estático, condição essencial para se
determinar o seu tamanho no momento da geração do código, de forma a que o
compilador conheça o montante de memória a reservar para cada um dos registos de
activação.
Desta forma, a estrutura exigida à organização dum programa em execução, consiste
num bloco de código e num bloco para as variáveis estáticas, tais como os próprios
registos de activação. Esta estrutura encontra-se representada na Fig. 2.14 a).
A alocação por stack, reserva o espaço necessário aos registos de activação em run
time, ou seja durante a execução do programa e não durante a compilação. Para tal,
utiliza uma stack, onde armazena os registos de activação conforme as respectivas
rotinas (funções, procedimentos ou blocos de código) são invocadas. No fim da
execução de cada uma, o respectivo registo é removido da stack.
Neste tipo de alocação a memória organiza-se em três blocos, um para o código das
instruções, um para as variáveis estáticas, como por exemplo variáveis globais e um
terceiro bloco onde se aloca dinamicamente o espaço para os registos de activação da
stack. A estrutura encontra-se representada na Fig. 2.14 b).

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26 Estrutura de um Compilador

Na alocação estática, como os registos de activação ficam embutidos no próprio


código gerado, não é necessário criar mecanismos para realizar alocação em run time.
Para além disso, facilita a referência de variáveis, acelera a execução do programa, e
garante implicitamente que as variáveis retêm o seu valor mesmo após se sair da rotina
da qual fazem parte, uma vez que os registos de activação ocupam uma posição fixa,
utilizada apenas pela respectiva rotina.

Bloco de Código Bloco de Código Bloco de Código

Bloco de Bloco de Bloco de


Dados Estáticos Dados Estáticos Dados Estáticos

Stack Stack

Heap

a) b) c)

Fig. 2.14 – Organização da memória de execução de um programa, segundo as diferentes


estratégias de alocação.

É exactamente nesta última vantagem, que reside a sua principal desvantagem. Como
existe apenas um único registo para cada rotina, torna impraticável a utilização de
recursividade. A tentativa de invocar uma rotina que já se encontre em execução,
provoca a alteração dos campos do registo de activação, como é o caso do endereço de
retorno ou o conteúdo dos registos, danificando assim a informação referente à primeira
instância da rotina, causando danos irreparáveis na execução do próprio programa.
No caso da alocação por stack este problema já não se verifica, pois sempre que se
invoca uma rotina, cria-se um novo registo de activação para armazenar a informação da
nova instância. Desta forma existem tantos registos quantas as funções em execução.
A Fig. 2.15, apresenta um extracto de código em linguagem C, organizado segundo
uma estrutura em árvore, em que a root representa o corpo principal do programa, (ex:
main( ) em C), e onde cada nodo descendente representa, da esquerda para a direita, a
sequência das funções invocadas a partir do corpo principal.
Apesar da alocação por stack permitir trabalhar com variáveis do tipo dinâmico, é
fundamental para isso, ter em conta determinados aspectos. Como a stack, é o único
meio para passar e armazenar a informação necessária à execução do programa, também
é necessário que lá fiquem armazenadas as variáveis dinâmicas. No entanto, estas não
podem simplesmente ser guardadas nos registos de activação, pois nesse caso não seria
possível definir uma estrutura de tamanho fixo, o que por si só, complicaria todo o
sistema de referências. A solução encontrada consiste em guardar nos registos de
activação apenas os endereços, ficando as variáveis propriamente ditas, colocadas na

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Estrutura de um Compilador 27

stack mas fora dos registos de activação. Os endereços utilizados são relativos à posição
que o registo de activação ocupa dentro da stack.

void funct2( )
{ main( )
...
funct21( );
funct22( );
...
} funct1( ) funct2( ) funct3( )

void main( )
{
...
funct1( ); funct21( ) funct22( )
funct2( );
funct3( );
...
} RA RA
funct21( ) funct22( )
RA RA RA RA RA
funct1( ) funct2( ) funct2( ) funct2( ) Funct3( )
RA RA RA RA RA
main( ) main( ) main( ) main( ) main( )

Fig. 2.15 – Exemplo da organização dos registos de activação na stack.

A utilização da stack nem sempre é a melhor solução para guardar as variáveis do


tipo dinâmico. Por exemplo, no caso das funções que devolvem apontadores, torna-se
indispensável manter o conteúdo das variáveis dinâmicas, mesmo após se sair da
função.
Os compiladores que permitem este tipo de operações, utilizam um espaço de
memória designado por heap, em que a política de alocação consiste apenas em atribuir
o primeiro espaço vazio com tamanho suficiente para suportar a variável a alocar.
Normalmente a heap e a stack, utilizam o mesmo bloco de memória. Mas para que
ambas as áreas não se sobreponham, convenciona-se que cada uma deve começar a
alocar o espaço de que necessita, a partir dos extremos do bloco de memória, mas em
sentidos opostos, como se representa na Fig. 2.14 c).
Antes de se explicar como toda esta organização se traduz na geração do código
final, é útil descrever alguns aspectos sobre as características das instruções assembly e
máquina.

Estrutura das Instruções e Modos de Endereçamento


O formato normal da estrutura de uma instrução consiste num operador, zero ou mais
operandos e eventualmente um campo para o resultado. Em algumas máquinas os

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28 Estrutura de um Compilador

operandos podem também servir para colocar o resultado. No entanto, nem todas as
instruções obedecem a esta estrutura. Apresentam-se de seguida alguns exemplos
ilustrativos das diversas instruções:

Operador Descrição
NOP Operação Nula

Operador Arg1 Arg2 Result. Descrição


ADD A B Soma A com B e coloca o resultado em A.
ADD A B C Soma A com B e coloca o resultado em C.

Operador Arg1 Result. Descrição


CPL A Complementa A e coloca o resultado em A.
CPL A B Complementa A e coloca o resultado em B.

Operador Arg1 Arg2 Arg3 Descrição


JNE A B C Compara A com B, e caso sejam diferentes,
salta para C.

Para se poder representar todos os exemplos atrás apresentados, recorre-se a um


quadruplo, com a seguinte forma:

op arg1, arg2, result Eq. 2.15

Em que op identifica a operação, arg1 e arg2 são operandos e result pode ser um
terceiro operando ou resultado.
Para os exemplos que se seguem, convencionou-se que cada um dos campos (op,
arg1, arg2 e result) é representado por 1 byte, pelo que cada instrução tem como
comprimento máximo 4 bytes. Sendo, no entanto, o operador (op) o único campo
obrigatório.
A Unidade Central de Processamento (CPU), através do código op, não só determina
a operação a realizar, como o número de argumentos e o tipo de endereçamento
utilizado por cada um.
É possível que, cada um dos operandos utilize mais do que um modo de
endereçamento [Gilm95]. Os mais vulgares são:

Endereçamento Herdado
Endereçamento Imediato
Endereçamento Directo
Endereçamento Registo Directo e Indirecto
Endereçamento Indexado
Endereçamento Relativo

No caso do Endereçamento Herdado, o operando é representado implicitamente no


código do operador. É vulgarmente utilizado para representar registos específicos do
processador. Por exemplo, a operação de multiplicar o conteúdo do acumulador A pelo
acumulador B, (MUL A,B), pode ser representada apenas pelo código atribuído ao
operador. Ou seja, basta o CPU identificar o operador, para que de imediato determine
que operandos utilizar.

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Estrutura de um Compilador 29

No Endereçamento Imediato, o operando representa o próprio valor a utilizar na


operação (ex: #20). Neste caso, a instrução será composta por pelo menos dois bytes,
um para o operador e outro para o operando que utiliza o endereçamento imediato.
No Endereçamento Directo, o operando representa o endereço onde se encontra o
valor a utilizar pela operação (ex: 20). À semelhança do anterior, também este requer
pelo menos dois bytes.
O Endereçamento por Registo Directo ou Indirecto, como o próprio nome indica,
recorre à utilização de registos. No caso do endereçamento por registo directo, o valor a
utilizar na operação encontra-se no próprio registo (ex: r[0] ou R0). No caso de
endereçamento por registo indirecto o valor encontra-se no endereço apontado pelo
registo (ex: *r[0] ou @R0).
É normal que a indicação do registo a utilizar, faça parte do próprio código do
operador, pelo que não é obrigatório existir um byte reservado à identificação do
registo. Por exemplo, no caso de um processador com 32 registos, em que são
necessários 5 bits para assinalar o registo a utilizar, uma operação do tipo ADD Ri,
arg2, consiste no seguinte conjunto de bits:

Byte do código op Byte de arg2


yyyxxxxx zzzzzzzz

Em que os y’s servem para identificar a operação ADD e os x’s o registo a utilizar.
Os bits z’s representam o operando arg2.
O Endereçamento Indexado é representado na forma de base + offset (ex: 4(R0) ou
@R0 + 4), em que normalmente a base consiste num registo e o offset num valor
imediato. A base contém um endereço absoluto e o offset indica uma posição relativa à
base. Este tipo de endereçamento necessita de mais um byte para o offset.
O Endereçamento Relativo é um caso específico do endereçamento indexado, em
que o registo utilizado para a base é o program counter.
Nem todas as arquitecturas utilizam todos estes modos de endereçamento, no entanto
as que o fazem normalmente estão incluídas na família de processadores CISC
(Complex Instruction Set Computer), os quais caracterizam-se não só por utilizar
diversas formas de endereçamento, como também instruções com tamanho variável e
recorrerem a registos específicos para implementar determinado tipo de operações.
Já os processadores do tipo RISC (Reduced Instruction Set Computer), utilizam
essencialmente instruções com endereçamento por registo ou endereçamento imediato,
com tamanho fixo e em que todos os registos são de utilização geral. Mas como é
inevitável ter que se carregar e despejar o conteúdo destes, de e para memória, existe
um número muito limitado de instruções que podem referenciar posições de memória e
que são normalmente designadas por instruções de LOAD e STORE.
Não se pretende aqui, discutir as vantagens e desvantagens de cada uma destas
filosofias de concepção. Parte-se do princípio que ambas existem e que ambas
necessitam de compiladores. Interessa apenas apurar, quais os aspectos a ter em
consideração no desenvolvimento destes para cada uma das arquitecturas. Convém no
entanto perceber que apesar de ambas as arquitecturas, necessitarem de seleccionar as
instruções e alocar os registos, no caso dos CISC’s, as tarefas são bastante mais
complicadas, não só porque existem diversas opções para uma mesma instrução, como
determinadas instruções utilizam registos específicos. No caso dos RISC, as tarefas são
muito mais simples, porque normalmente só existe uma representação de cada instrução

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30 Estrutura de um Compilador

e como os registos são todos de uso geral, o número de restrições que se coloca na
alocação é bastante inferior.
Em contrapartida, a maior parte das instruções de um CISC, podem utilizar
operandos directamente da memória, enquanto nos RISCs é necessário carregar
previamente os valores nos registos, através de uma operação de LOAD.
Outro aspecto importante na escolha das instruções, é o seu tempo de execução, o
qual depende em grande parte do tipo de endereçamento utilizado pelos operandos.
Assim as instruções mais rápidas são as que utilizam operandos com endereçamento
herdado ou endereçamento por registo, uma vez que o CPU com um único byte (op)
identifica pelo menos um dos operandos e a instrução a executar. Para além disso, estes
dois modos de endereçamento utilizam registos, os quais, como fazem parte da estrutura
interna do CPU, possuem tempos de acesso inferiores aos necessários para aceder a
qualquer valor da memória de dados (endereçamento directo) ou mesmo da memória de
código (endereçamento imediato).

Geração de Código para os Registos de Activação


Pode-se agora regressar novamente para o problema da geração de código e mais
concretamente à criação dos registos de activação para o caso da alocação estática.
Após a análise de cada rotina do código fonte e de se determinar a estrutura dos
respectivos registos de activação, estes são colocados no bloco de dados estáticos, do
qual o gerador de código guarda a posição inicial (addr_inicial), bem como a posição
relativa (offset) de cada um dos registos de activação em relação à posição inicial. Para
além disso, guarda também informação sobre a composição e respectiva organização de
cada registo de activação.
Quando o gerador de código encontra uma chamada de uma função, calcula o
endereço inicial do registo de activação desta, somando à posição inicial do bloco de
dados estáticos, o respectivo offset.
O passo seguinte é preencher os campos do registo de activação, mas para tal há que
os determinar, o que nem sempre é fácil. Por exemplo, o endereço de retorno, que
obrigatoriamente deve ser preenchido pela função origem, pois apenas esta pode
determinar onde continua a execução do programa após se sair da função a chamar, é
calculado, somando à posição actual (posição da instrução que salvaguarda o endereço
de retorno), o espaço em bytes ocupado pelas instruções que se encontram entre esta e a
instrução a executar após se sair da função.

Exemplo 2.4
Este exemplo demonstra como se processa toda esta situação, apresentando o
código gerado para a função origem.

Endereços Instruções Comentários

MOV R0, #Addr_inicial // Determina o endereço inicial do


ADD R0, #offset // registo de activação.
MOV @R0+0, ... // Salvaguarda no registo de activação
MOV @R0+1, ... // a informação necessária.
...
Addr_Actual: MOV @R0+n, #Addr_Retorno // Tal como o endereço de retorno.
JUMP função // Passa a execução à função a chamar.
Addr_Retorno:

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Estrutura de um Compilador 31

Segundo a convenção previamente definida, de que cada operador e operando


ocupa um byte, determina-se o valor da posição de retorno, somando ao endereço
Addr_Actual o tamanho da instrução MOV @R0+n, #Addr_Retorno, a qual ocupa 3
bytes (um para o operador MOV, uma para o offset n, e um terceiro para o
#Addr_Retorno), com o tamanho da instrução JUMP funcão, que ocupa 2 bytes.
Desta forma o valor de Addr_Retorno, é igual a Addr_Actual + 5 bytes, mas como
Addr_Actual, corresponde neste caso ao valor do program counter, a instrução é
reescrita da seguinte forma:

MOV @R0+n, @PC+5

Quando a execução passa para a função invocada, é salvaguardado o valor dos


registos do processador. Esta operação pode também ser realizada pela função
origem, no entanto, se tal for da responsabilidade da função invocada, permite ao
gerador de código dispensar a operação de salvaguardar os registos, caso estes não
sejam utilizados durante a execução da função.
No fim, a função deve devolver a execução do programa ao endereço de retorno.
Para tal e pressupondo que o endereço do registo de activação se encontra em R0, é
necessário realizar as seguintes instruções:

Instruções Comentários

MOV R1, @R0+n Devolve a execução à função origem.


JUMP R1

Em relação à alocação dos registos de activação na stack, o gerador de código


necessita de conhecer o tamanho de cada um e a sua composição, e implementar os
mecanismos necessários para lidar com a stack. De resto, é em tudo bastante semelhante
à alocação estática. O Exemplo 2.5 ilustra a situação para a função origem e função a
invocar.

Exemplo 2.5
No caso da função origem, é gerado o seguinte código, onde a constante TRegAct
representa o tamanho do registo de activação:

Endereços Instruções Comentários

MOV R0, SP // Aloca e determina o endereço inicial


ADD R0; #TregAct // do registo de activação.
MOV @R0-0, ... // Salvaguarda a informação necessária,
MOV @R0-1, ...
...
Addr_Actual: MOV @R0-n, @PC + 5 // tal como o endereço de retorno.
JUMP função // Passa a execução à função a chamar.
Addr_Retorno: SUBB R0, #TregAct // Repõe o valor do stack pointer.
MOV SP, R0 // Liberta o espaço ocupado pelo
// registo de activação.

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32 Estrutura de um Compilador

Para o caso da função a invocar, o código é o seguinte:

Instruções Comentários

MOV R1, @R0-n // Devolve a execução à função origem.


JUMP R1

Falta agora explicar como se processa a geração de código para as operações da


representação intermédia.

2.3.2 Tratamento das Expressões da R.I.

Uma implementação eficiente e que produza código de qualidade considerável não é


fácil de realizar. A possibilidade de utilizar mais do que uma instrução para substituir
uma expressão da representação intermédia, associado à capacidade destas suportarem
diversos modos de endereçamento e várias formas de comportamento em relação ao
processo de armazenar o resultado, faz com que determinar uma solução que produza
um código final de elevado desempenho, seja uma tarefa extremamente difícil. Mais
ainda, não basta escolher as melhores instruções há também que ter em conta as
limitações da máquina, como por exemplo, o número de registos disponíveis, ou as
restrições colocadas na utilização destes.
O problema pode tornar-se mais complexo se o gerador de código também tentar
reordenar a sequência das instruções, de forma a optimizar os recursos e diminuir o
tempo de processamento. Nestas situações, há ainda que ter em conta a dependência
entre dados, para garantir uma correcta execução do programa.
A solução mais simples consiste em utilizar uma e uma só instrução, para cada
expressão ou conjunto de expressões da representação intermédia. No entanto, a
qualidade do código obtido é muito pobre, não existindo qualquer garantia de se estar a
utilizar as instruções mais correctas, pelo menos não para todos os casos, e obrigando
mesmo a introduzir novas instruções de forma a manter a continuidade do fluxo de
dados.
As poucas excepções ocorrem para as arquitecturas RISC, que seguem à risca a
directiva de utilizar para cada operação da representação intermédia uma única
instrução. Mesmo nestas condições, esta solução pode-se mostrar pouco eficiente, uma
vez que maior parte das vezes é conveniente tratar as operações em conjuntos e não
individualmente.

Soluções específicas
Os primeiros modelos de compiladores consideravam apenas quatro fases, a léxica, a
sintáctica, a semântica e a geração de código. Era da responsabilidade desta última, a
gestão dos registos, optimização do código e a selecção de instruções, tudo tratado
como se fosse um único processo. Com este tipo de organização, não é de admirar que
se considerasse esta, uma das fases mais complicadas de um compilador.
É dentro deste contexto que surge uma das soluções que está na base de alguns dos
melhores compiladores actuais. Apareceu pela primeira vez no YC (Y compiler)
[DF84a, DF84b], que teve por base o PO [DF80, GF88]. Trata-se como tal, de um

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Estrutura de um Compilador 33

compilador com uma fase de optimização extremamente desenvolvida, a qual tem um


papel fundamental em todo o processo, que é minimizar o número de decisões
posteriores a tomar pelas fases de selecção e alocação de registos. É como tal pertinente
que as optimizações sejam implementadas em conformidade com as características da
própria máquina.
A estrutura deste compilador é composta por três fases (como se encontra
representado na Fig. 2.16): a primeira é o Expander, responsável pela expansão de
código; a segunda é o Optimizer, responsável pelas optimizações; e por fim, a fase de
alocação de registos, o Assigner.

Representação
Intermédia

Expander

Cacher

Pseudo
Instruções
Combiner

Assigner

Código
Final

Fig. 2.16 – Representação da estrutura do compilador YC.

O Expander corresponde à geração do código intermédio do modelo que se encontra


representado na Fig. 2.3. É da sua responsabilidade transformar a representação
intermédia numa representação abstracta de muito baixo nível, com primitivas muito
simples e de utilização geral, onde os operandos são representados por um conjunto
infinito de pseudo-registos, muito semelhante à representação RTL.
O Optimizer é o grande responsável pela eficiência desta solução e é composto por
duas sub-fases: o Cacher, responsável pela eliminação de sub-expressões e por assinalar
as dependências entre registos; e o Combiner, responsável por combinar as operações da

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34 Estrutura de um Compilador

representação intermédia e substitui-las pelas instruções correspondentes do


processador.
O Assigner destina-se essencialmente a substituir os pseudo-registos por registos
reais, uma vez que a selecção das instruções, fica praticamente reduzida a um processo
de substituição de um para um, entre os operandos da representação abstracta e as
instruções finais. A estrutura que representa a dependência de dados obtida pelo
Cacher, serve para o Assigner gerir a alocação dos registos.
Mesmo com um número ilimitado de registos na representação abstracta, é
necessário definir alguns critérios para a selecção das instruções. Critérios esses, que
podem ter em consideração os seguintes aspectos:

1. Os operandos já se encontram em registos;

2. Os operandos podem ser necessários após a instrução actual;

3. O resultado contido num pseudo-registo é posteriormente alterado;

4. Pode ser necessário salvaguardar o conteúdo de um pseudo-registo, caso instruções


posteriores sobreponham o seu conteúdo.

O objectivo dos pontos um e dois é maximizar a utilização dos registos em


detrimento do endereçamento directo. O ponto três visa determinar se o resultado de
uma operação é recalculado numa instrução posterior, o que permite dispensar a
actualização do valor em memória. O ponto quatro serve para controlar um efeito
indesejável do ponto anterior, que advém do facto de se manter o valor actual de uma
variável em registo sem actualizar o valor em memória, uma vez que em determinadas
instruções o resultado é guardado num dos operandos, pelo que se o valor deste for
posteriormente necessário, há então que o salvaguardar em memória.
Caso a instrução permita referenciar separadamente a posição dos operandos e do
resultado (três parâmetros), cabe ao Assigner verificar se pode ou não reutilizar os
registos entretanto atribuídos para guardar o resultado.
Dos quatro critérios, apenas o primeiro serve para determinar o tipo de
endereçamento a utilizar, os restantes assinalam a necessidade de salvaguardar o
conteúdo dos registos.

Exemplo 2.6
Considere que determinada máquina suporta as operações de Subtracção (SUBB)
e Atribuição/Load/Store (MOV), através das seguintes instruções (os respectivos
custos encontram-se à direita):

SUBB SUBB Reg, Addr Reg = Reg - *Addr 2


SUBB Reg1, Reg2 Reg1 = Reg1 - Reg2 1

MOV MOV Reg, Addr Reg = Addr 2


MOV Addr, Reg &Addr = Reg 2
MOV Addr, Addr &Addr1 = *Addr2 3

A seguir, apresentam-se duas expressões em linguagem intermédia e o tratamento


destas, após o Expander, o Cacher, o Combiner e o Assigner:

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Estrutura de um Compilador 35

Código Expander Cacher Combiner Assigner Custo


Inicial
r[1] = &a r[1] = &a
r[2] = * r[1] r[2] = * r[1] MOV r[2], &a MOV R0, a 2
r[3] = &b r[3] = &b
y=a-b r[4] = * r[3] r[4] = * r[3] MOV r[4], &b MOV R1, b 2
r[5] = r[2] – r[4] r[5] = r[2] – r[4] SUBB r[2], r[4] SUBB R0,R1 1
r[6] = &y r[6] = &y
*r[6] = r[5] *r[6] = r[5] MOV y, r[2] MOV y, R0 2

r[7] = &b
r[8] = * r[7]
a=b-y r[9] = &y
r[10] = * r[9]
r[11] = r[8] – r[10] r[11] = r[4] – r[5] SUBB r[4], r[2] SUBB R1, R0 1
r[12] = &a
*r[12] = r[11] *r[1] = r[11] MOV a, r[4] MOV a, R1 2

TOTAL 10

Como se pode verificar pelo exemplo, o Expander reescreve as expressões com o


maior detalhe possível, o Cacher trata de eliminar expressões comuns, o Combiner
realiza a selecção tendo em conta as instruções suportadas pela máquina e
respectivos custos e por sua vez o Assigner atribui os registos físicos.
Caso o Combiner utilize na selecção os critérios definidos anteriormente, então
começa por verificar a situação dos operandos da primeira instrução, de onde conclui
que, quer a, quer b, ainda se encontram em memória. Mas enquanto a é necessário na
primeira instrução, b à semelhança de y, apenas o será posteriormente.
O primeiro dilema é determinar qual a instrução da operação SUBB é que se deve
utilizar, uma vez que são duas as opções possíveis:

Opção 1 Custo Opção 2 Custo

MOV r[2], &a 2 MOV r[2], &a 2


MOV r[4], &b 2 SUBB r[2], &b 2
SUBB r[2], r[4] 1 MOV y, r[2] 2
MOV y, r[2] 2
Custo Total: 7 6
y -> r[2] y -> r[2]
b -> r[4]

A primeira opção ao optar por carregar previamente a e b para registos, têm um


custo de 7, enquanto que a segunda opção como só carrega um dos operandos, têm
apenas um custo de 6. Mas como no primeiro caso b já fica em registo, possibilita
obter alguns benefícios posteriores caso seja utilizado como operando. Nestas
circunstâncias evita-se a realização de uma operação de load (MOV), o que permite
poupar duas unidades, ou no caso de se optar por utilizar uma instrução que
referencie o valor directamente de memória, permite poupar uma unidade. É como
tal, correcto considerar que a opção 1 tem um custo potencial no pior dos casos de 6
unidades.

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36 Estrutura de um Compilador

Há no entanto que ter em atenção, que antes de b ser novamente utilizado como
operando, pode acontecer que faltem registos, podendo nestas circunstâncias a
solução passar por libertar um dos que se encontram em utilização. Caso a escolha
recaia sobre o registo utilizado por b, então perdem-se todos os benefícios potenciais.
Apesar dos custos serem iguais, seria legítimo pensar que o Combiner optasse
pela opção 2, uma vez que o custo da primeira opção é apenas potencial.
No entanto, o Combiner pode também tirar proveito do facto de saber que a
instrução SUBB, obriga a que o operando esquerdo se encontre sempre em registo.
Pelo que caso não se realize a operação de load da variável b durante a primeira
expressão, será forçosamente necessário realizá-la na segunda, o que permite garantir
um custo potencial para a primeira opção de apenas 5 unidades
É possível confirmar pelo código que a seguir se apresenta, que o custo final da
opção 1 é de 10 unidades, em oposição às 11 unidades da opção 2.

Opção 1 Custo Opção 2 Custo

SUBB r[4], r[2] 1 MOV r[8], &b 2


MOV a, r[4] 2 SUBB r[8], r[2] 1
MOV a, r[8] 2
Custo Total: 7+3=10 6+5=11

Este exemplo serviu para demonstrar a complexidade do processo de selecção,


nomeadamente quando em interligação com as restantes fases, mas também, para provar
que o selector de instruções, neste caso representado pelo Combiner, necessita de
contemplar um vasto conjunto de situações, que é tanto maior e complicado, quanto
maior é o número de instruções e modos de endereçamento disponíveis pelo
processador.
Não é difícil perceber que este modelo de compilador é muito pouco flexível no que
diz respeito a portabilidade, uma vez que tal, implica reescrever na totalidade o
Combiner e em grande parte as restantes fases da geração do código final.

Geração utilizando Programação Dinâmica


Uma das primeiras soluções desenvolvidas para geração de código independente das
características da máquina, nomeadamente do formato das instruções, foi o PCC2 –
Portable C Compiler [AJ76], que recorre aos princípios da programação dinâmica para
implementar um algoritmo capaz de gerar código óptimo, para uma vasta gama de
maquinas.
Como um dos objectivos definidos para o PCC2 foi construir um compilador
portável, tentou-se criar um mecanismo de geração que fosse independente das
características do processador, mas que permitisse gerar o conjunto de instruções
óptimo. À semelhança da solução anterior, também aqui, a geração consiste em
seleccionar as instruções e alocar os registos.
O algoritmo proposto, que funciona sobre árvores binárias, consiste em decompor o
processo de geração, de forma a que este se realize ao nível de cada nodo. A solução
óptima é então obtida através de uma combinação entre as soluções óptimas dos seus
descendentes e as instruções possíveis de aplicar ao próprio nodo. A solução final é
obtida após se processar todos os nodos da árvore segundo uma travessia bottom-up.

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Estrutura de um Compilador 37

As decisões são feitas em run time, em que para tal se associa a cada um dos nodos,
um vector com k+1 elementos, em que k representa o número de registos disponíveis
([0, k]). Na i-ésima posição do vector, encontra-se o custo necessário para se obter uma
solução (para o nodo em causa), utilizando apenas i registos, e na posição zero, o custo
para realizar a operação em memória (sem registos).
Desta forma, o algoritmo começa por determinar os vectores dos nodos terminais, ou
seja, o custo de utilizar directamente o respectivo identificador ou constante, com um ou
mais registos. Depois prossegue através dos nodos intermédios, construindo os
respectivos vectores, com base nas combinações de menor custo, entre as instruções
possíveis de utilizar e os vectores das árvores descendentes. O Exemplo 2.7 ilustra o
funcionamento deste algoritmo.

Exemplo 2.7
Considere a árvore da Eq. 2.16 e um conjunto de instruções com custos e formatos
semelhantes às utilizadas no exemplo da secção anterior (Exemplo 2.6).

a * b + c / ( d - e) Eq. 2.16

A árvore e os respectivos vectores de custo encontram-se representados na Fig.


2.17 e é determinada considerando que existem apenas dois registos. De notar que no
caso de um nodo necessitar de mais registos do que os disponíveis, o custo atribuído
é infinito ou impossível.

+ (-,15,12)

(-,4,4) * / (-,10,7)

a b c - (-,4,4)
(0,2,2) (0,2,2) (0,2,2)

d e
(0,2,2) (0,2,2)

Fig. 2.17 – Representação da árvore da Eq. 2.10, com os respectivos vectores de custo.

Seja V, o vector custo, então o cálculo de V[0], para um qualquer nodo terminal,
consiste no custo de utilizar a respectiva variável directamente de memória. Mas
como por defeito as variáveis já se encontram em memória, então o custo atribuído a
V[0] é de zero. V[1] e V[2] possuem os custos de colocar a variável num registo,
quando existem respectivamente um e dois registos disponíveis.
Para os nodos onde ocorrem as operações de subtracção e de multiplicação, com
um único registo obtém-se um custo de 4 unidades, duas provenientes da sub-árvore

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38 Estrutura de um Compilador

esquerda (para colocar a variável em registo), mais duas da própria instrução e zero
da sub-árvore direita. Com dois registos, o custo passa para 5 unidades, pelo que se
opta por utilizar apenas um único registo.
Para os nodos onde ocorrem as operações de adição e divisão, em que ambos
operandos são registos, o custo de V[1] tem que considerar a operação de converter o
operando direito, de registo para endereço ( 2 unidades), mais o custo da instrução,
num total de 4 unidades. Caso se encontrem dois registos disponíveis o custo é de
apenas uma unidade.
O resultado final da selecção é então o seguinte:

MOV r[0], d MOV R0, d


SUBB r[0], e SUBB R0, e
MOV r[1], c MOV R1, c
DIV r[1], r[0] DIV R1, R0
MOV r[2], a MOV R0, a
MUL r[2], b MUL R0, b
ADD r[2], r[1] ADD R0, R1

Ao contrário da solução anterior, esta já permite alguma independência entre o


mecanismo de geração e as características das instruções. E tal deve-se essencialmente
ao facto da escolha ser feita dentro de um contexto mínimo que se restringe a cada um
dos nodos.
É lógico que faz falta conhecer a relação entre cada operador da representação
intermédia e as instruções que o podem representar e identificar para cada uma destas, o
tipo de endereçamento utilizado por cada um dos seus operandos e o respectivo custo.

Table-Driven Selector
Uma das primeiras tentativas de desenvolver um selector de instruções
completamente independente das características do processador, foi apresentada por S.
Graham [Graham80], que adapta as soluções utilizadas na análise sintáctica, sobre as
quais já existe perfeito domínio, ao processo de selecção de instruções.

NOTA: No resto desta secção, parte-se do princípio que a representação intermédia se


encontra representada sob a forma de árvores.

Os geradores de analisadores sintácticos constroem a partir da gramática de uma


linguagem, um conjunto de tabelas com as quais o mecanismo de análise sintáctica
reconhece as expressões. De forma similar, pretende-se obter a partir da descrição das
instruções do processador, todo um conjunto de informação, representando de forma
homogénea (tabelas), que possa ser disponibilizado a um selector que seja independente
das características do processador, para que este realize a selecção das instruções.
Uma abordagem consiste em considerar que os não-terminais podem representar o
tipo de endereçamento que resulta das instruções seleccionadas para cada nodo. Só que
enquanto na análise sintáctica, o processo de reconhecimento das produções de uma
gramática numa árvore, se processa naturalmente através de uma travessia tipo top-
down, em que dado um não-terminal que representa todo o programa fonte se tenta
identificar as produções que nele resultam e depois as produções que resultam nos não-
terminais que se encontram RHS da primeira produção e por aí adiante. Na selecção das

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Estrutura de um Compilador 39

instruções o processo funciona exactamente ao contrário, ou seja, a abordagem é feita


segundo uma estratégia bottom-up, em que antes de se processar qualquer nodo é
necessário processar previamente todos os seus descendentes de forma a determinar o
tipo de endereçamento a utilizar para cada um dos seus operandos.
O que S. Graham propôs foi utilizar uma abordagem do tipo top-down, em que para
cada nodo e após se determinar a respectiva instrução, se propaga pelos descendentes o
tipo de endereçamento que deve resultar das instruções a estes atribuídas. Ou seja,
mediante a instrução seleccionada, obtém-se um conjunto de não-terminais, um por
cada operando, em que cada um passa a ser o não-terminal objectivo a atingir por cada
uma das sub-árvores.
Este modelo apresenta diversas vantagens, mas uma das mais importantes, está na
separação nítida entre o mecanismo de selecção, da estrutura de informação com a
descrição do processador.
Outra vantagem igualmente importante, é que à semelhança das árvores de sintaxe,
também aqui é possível acrescentar atributos e condições de contexto, aumentando
assim a capacidade do selector, permitindo por exemplo: seleccionar as instruções
mediante a compostura em que as operações surgem, adicionar funções de custo, ou até,
realizar o próprio processo de alocação de registos. Esta abordagem foi posteriormente
apresentada por Ganapathi e Fischer [GF82, GF84, GF85].
Infelizmente, a geração de código com base em parsers também possui algumas
desvantagens. A principal advém do facto da selecção ser feita on-the-fly, ou seja,
conforme se processam os nodos. É que mesmo que se utilizem funções de custo para
determinar a melhor instrução a utilizar, tal escolha, é feita na melhor das hipóteses com
o conhecimento que advém dos nodos superiores, mas sem qualquer conhecimento do
que se passa nas sub-árvores. O que é certamente grave, uma vez que a selecção das
instruções de um nodo encontra-se condicionada pelas escolhas anteriores. Pelo que
uma escolha que aparentemente possa parecer acertada, pode-se traduzir numa
catástrofe na solução final.
Outro aspecto importante, advém do facto, de que mesmo após se aplicar as
condições de contexto, podem existir várias soluções possíveis. Nesta situação, a
escolha recai sobre a primeira opção que ocorre, independente desta ser ou não a
melhor. Há como tal que ter em atenção a ordem pela qual se descrevem as produções e
mesmo assim nada garante a escolha acertada.
Comprova-se ainda, que na prática, uma gramática para descrever uma arquitectura
do tipo CISC necessita de várias centenas de produções e resulta em tabelas demasiado
grandes.
Como se poderá ver no capítulo 7, existem soluções que ultrapassam estas
desvantagens, oferecendo praticamente os mesmos benefícios, mas normalmente a custo
de degradarem o tempo de execução, por requererem duas travessias da árvore.

2.3.3 Alocação de Registos

A alocação dos registos é uma das fases de maior importância para a qualidade do
código final, uma vez que um mau processo de alocação pode pôr em causa todo o
esforço realizado pelas outras fases do processo de compilação. Pelo que, mesmo com
os diversos estudos e experiências realizadas nesta área, continua ainda a ser uma das
fases que maiores dificuldades coloca quanto à compreensão e implementação.

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40 Estrutura de um Compilador

A função do sistema de alocação é determinar onde é que as variáveis e os valores


manipulados por um programa devem residir ao longo da sua execução. Em que
algumas das soluções possíveis são: memória, registos, stacks, etc.
Existem várias formas de implementar um sistema de alocação, no entanto,
praticamente todas partilham o mesmo modelo de funcionamento, que é composto por
duas fases: o Allocator responsável por determinar onde reside a variável ou valor; e o
Assigner cuja função é realizar a gestão dos recursos, o que normalmente se resume à
gestão dos registos. O modelo completo deste tipo de sistema encontra-se representado
na Fig. 2.18.

RI
pseudo-memória

Allocator

Spilling

RI
pseudo-registos
Splitting

Assigner

Assign

Representação
final

Fig. 2.18 – Estrutura de um sistema de alocação de registos.

Para uma apresentação mais detalhada deste modelo, há antes que definir a noção de
pseudo-memória e pseudo-registo. A pseudo-memória é a representação atribuída por
defeito às variáveis, através da qual se pretende representar uma qualquer posição que a
variável possa ocupar, quer esta seja em memória, nos registos, ou noutro qualquer sítio.
Os pseudo-registos surgem numa fase posterior, representando as variáveis candidatas
aos registos físicos. Ambas as formas de representação são independentes de qualquer
restrição física do processador ou sistema operativo, e utilizam-se ao nível do front-end
e da representação intermédia.

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Estrutura de um Compilador 41

É função do Allocator pegar nas variáveis, ainda na representação de pseudo-


memórias e seleccionar quais são as que devem ser consideradas como pseudo-registos,
indicando ainda o conjunto dos registos (físicos) que cada um destes pode utilizar. De
notar que num processador os registos podem estar organizados em subconjuntos,
segundo o fim a que se destinam, pelo que é imprescindível distinguir quais os que se
devem utilizar em cada pseudo-registo.
Para conseguir realizar estas operações, o Allocator, necessita de possuir alguma
informação sobre o processador, como por exemplo, o padrão de cada uma das
instruções, os tipos de registos e respectivas quantidades, etc.
O Assigner pega na representação obtida após execução do Allocator e tenta atribuir
a cada pseudo-registo um dos registos físicos. Caso existam registos disponíveis e em
número suficiente, basta escolher os necessários e proceder à atribuição. Convém no
entanto salientar que, mesmo com um número suficiente de registos disponíveis, o
processo de selecção de quais utilizar pode ser extremamente importante para a
eficiência final do processo de alocação (partilha de registos genéricos para funções
específicas). Este e outros aspectos são discutidos na capítulo 6.
Mas o problema principal surge, caso não existam registos disponíveis em número
suficientes para se proceder à atribuição. Nesta situação, é necessário optar por uma das
três seguintes soluções:

1. Dar o problema da alocação como insolúvel;

2. Realizar o spilling de um registo, o que consiste em tentar substituir a sua


utilização por uma posição de memória (endereçamento directo). O que obriga a
reescrever as expressões da representação intermédia modificando todas as
referências ao registo em causa, para a nova posição de memória. É o tipo de
solução utilizada para as arquitecturas do tipo CISC, uma vez que estas
normalmente comportam instruções com endereçamento directo. Um bom
algoritmo de alocação deve ser capaz de quantificar o custo desta opção de forma
a determinar a degradação do código final.

3. Realizar o splitting de um registo, o que consiste em libertar o registo,


armazenando temporariamente o seu valor em memória, o qual deve ser reposto
antes da próxima utilização. Esta solução obriga a inserir instruções para guardar
e ler os valores dos registos de e para memória. Pode, em casos bem ponderados,
ser uma solução melhor do que a anterior.

Nestas circunstâncias, e partindo do princípio que a solução só pode passar pelo


ponto dois (spilling) ou pelo ponto três (splitting), é necessário que o Assigner escolha
um, de entre os registos que se encontram ocupados (do mesmo tipo), para este seja
“libertado” através das operações atrás referidas.
As principais diferenças entre as várias estratégias de alocação devem-se aos
métodos utilizados na selecção dos registos a libertar, no operação a realizar (spilling ou
splitting) e no tipo de abordagem utilizada pelo algoritmo de alocação (local ou global).
Não será demais lembrar que, de uma forma genérica, qualquer operação que se
realize sobre registos, não só é mais rápida a executar, como possui um tamanho
inferior. É como tal, conveniente maximizar a sua utilização em detrimento de outros
modos de endereçamento, como por exemplo o endereçamento directo.

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42 Estrutura de um Compilador

Após esta breve explicação da constituição de um sistema de alocação de registos,


verifica-se que, as funções do Allocator se encontram intrinsecamente ligadas às fases
anteriores de selecção e optimização, o que se comprova nos capítulos 5, 6 e 7. Por
agora, pretende-se apenas focar o funcionamento do Assigner.

NOTA: De agora em diante, designar-se-á por alocação de registos as operações


realizadas pelo Assigner.

O processo de alocação, torna-se bastante diferente conforme a abordagem utilizada,


seja local ou global. As estratégias locais realizam a alocação, considerando apenas o
bloco de código ou a expressão onde está inserida a instrução para a qual é necessário
alocar o registo. Este tipo de alocação é utilizado em sistemas menos pretensiosos,
principalmente em relação à qualidade final do código, mas que em contrapartida,
permitem implementar compiladores simples e versáteis. As desvantagens,
nomeadamente em relação à qualidade do código final, são em parte compensadas
através da utilização de um bom sistema de selecção de instruções, ou através de uma
vasta aplicação de optimizações. Esta última solução pode no entanto, comprometer o
tipo de vantagens pretendidas para esta forma de alocação.
Estes algoritmos são simples, porque realizam a alocação localmente, o que dispensa
a necessidade de conhecer o que se passa no resto do programa, basta uma breve análise
local, para se determinar tudo o que é necessário ao processo de alocação. Justifica-se
como tal, que em caso de falta de registos (disponíveis), se opte por soluções do tipo
spilling, uma vez que, é apenas necessário substituir a instrução localmente, para que se
consiga concluir a alocação com êxito. Mas se tal não for possível, recorre-se então a
soluções de splitting, tendo sempre presente que este tipo de alocação tem como
vantagem a simplicidade, dispensando como tal grandes processos de análise, tais
como, os que são por vezes necessários para se determinar onde inserir as instruções de
splitting e de load.
Uma das estratégias locais mais simples de implementar, tem por regra utilizar o
registo cuja a próxima utilização se encontra a maior distância. Esta estratégia produz a
solução local óptima, necessita no entanto de conhecer à priori quando é que
determinado valor contido num registo será novamente utilizado.
Estratégias semelhantes, mas que necessitam de apenas uma passagem, sem que, no
entanto, garantam a solução óptima (local), têm por base a escolha do registo cuja
última utilização foi realizada há mais tempo, ou então, cuja primeira utilização se
efectuou há mais tempo.
Uma solução alternativa para a alocação local, consiste em contar o número de vezes
que um pseudo-registo é referenciado, o que pode ser feito aquando a execução do
Allocator. Com o valor da contagem, é possível determinar o período de vida de uma
variável num registo, pois sempre que este é referenciado durante o processo de
alocação, a contagem sofre um decréscimo; dessa forma, quando atingir o valor zero é
garantido que o registo já não é mais necessário, pelo que, se pode salvaguardar o seu
conteúdo e libertá-lo. No caso de ser necessário realizar alguma operação de spilling ou
de splitting, a contagem serve de indicador para determinar qual o registo a libertar,
escolhendo-se o de menor valor na esperança de que, quanto menor a contagem, menor
o número de referências posteriores a esse valor. Este critério é puramente heurístico,
não garantindo qualquer tipo de solução óptima.
As estratégias de alocação global distinguem-se das anteriores, por realizarem a
alocação, dentro de um contexto mais vasto, como por exemplo, sobre um programa ou

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


Estrutura de um Compilador 43

uma função. O que permite, uma distribuição mais eficiente dos registos, minimizando
o número de operações de spilling, de splitting e de trocas entre registos. As contra
partidas, traduzem-se na complexidade dos algoritmos, uma vez que, um grande número
destes, recorre a elaboradas técnicas de análise, o que se traduz no aumento do tempo de
execução, do tamanho do compilador, etc.
A alocação global é quase sempre um problema NP-Completo, pelo que as soluções
têm sempre por base heurísticas que sem garantirem qualquer tipo de solução óptima,
permitem simplificar substancialmente as soluções.
O packing é uma das estratégias de alocação global onde cada registo físico
representa um pack, cuja dimensão é o período de execução do programa. A ideia base
consiste em preencher cada pack (registo ao longo do tempo), mas de forma a que não
ocorra sobreposição entre o período de vida útil de cada um dos pseudo-registo. Para tal
é necessário utilizar técnicas de análise do fluxo de dados, de forma a permitir
determinar o período de vida de cada variável.
Trata-se de uma solução genérica de alocação de recursos para a qual existem
diversas implementações. As mais simples limitam-se a atribuir os pseudo-registos aos
packs conforme estes estão disponíveis, adiando a execução das instruções quando não
existem os recursos necessários. O que por motivos relacionados com as dependências
entre dados, pode fazer com que o sistema de alocação caía em ciclo infinito (dead
lock).
Existem implementações mais complexas, que tentam gerir melhor atribuição dos
pseudo-registos aos packs, utilizando para além dos mecanismos de análise do fluxo de
dados, os mecanismos de análise de dependências entre dados, maximizando assim a
ocupação dos pack ao longo do tempo e detectando potenciais situações de ciclo
infinito. Há, no entanto, que ter em atenção a carga computacional deste tipo de
soluções, onde por vezes a utilização de heurísticas, permite simplificar
consideravelmente os algoritmos, sem que para isso degrade significativamente o
sistema de alocação.

Exemplo 2.8
O presente exemplo permite mostrar o funcionamento de um sistema de alocação
global de packing, para a seguinte sequência de instruções:

c=a+b
f=d+e
a=f+g
b=a+c
e=e+b

O seguinte esquema representa as respectivas pseudo-instruções, o período de


vida de cada variável (pseudo-registo) e a distribuição destas pelos registos físicos,
segundo o sistema de alocação por packing, onde cada registo é alocado a uma
variável no início do seu período de vida e só no fim deste é que é libertado. Os
registos são atribuídos conforme estão ou não disponíveis e segundo a ordem pela
qual estão representados (de R0 para R5).

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44 Estrutura de um Compilador

Pseudo- Pack Pack Pack Pack Pack Pack


Instruções 0 1 2 3 4 5
a b c d e f g
r0 r1 r2 r3 r4 r5 r6 R0 R1 R2 R3 R4 R5
1 LD r0,a r0
2 LD r1,b r1
3 ADD r0,r1,r2 r2
4 ST r2, c
5 LD r3,d r3
6 LD r4,e r4
7 ADD r3,r4,r5 r5
8 ST r5,f
9 LD r6,g r6
10 ADD r5,r6,r0
11 ST r0,a
12 ADD r0,r2,r1
13 ST r1,b
14 ADD r4,r1,r4
15 ST r4,e

Como resultado da alocação, comprova-se que são necessários seis registos físicos
para se concluir a geração do código final com sucesso. No entanto nem sempre é
possível utilizar tantos registos como os idealmente necessários, pois por vezes só
está disponível um número restrito de registos.
O seguinte esquema representa o processo de alocação por packing, utilizando
apenas quatro registos, o que implica recorrer a operações de splitting, para concluir
a alocação com êxito.

Pseudo- Pack Pack Pack Pack Spill


Instruções 0 1 2 3
a b c d e f g
r0 r1 r2 r3 r4 r5 r6 R0 R1 R2 R3
1 LD r0,a r0
2 LD r1,b r1
3 ADD r0,r1,r2 r2
4 ST r2, c
5 LD r3,d r3
6 LD r4,e r4 r0,r1,r2  r0
7 ADD r3,r4,r5 r5 r1,r2  r1
8 ST r5,f
9 LD r6,g r6 r4,r2,r3  r3
10 ADD r5,r6,r0 r0 r4,r2  r4
11 ST r0,a
12 ADD r0,r2,r1 r1 r5,r6  r5
13 ST r1,b
14 LD r4,e r4 r0,r2,r6  r0
15 ADD r4,r1,r4
16 ST r4,e

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Estrutura de um Compilador 45

Devido ao número restrito de registos, torna-se necessário introduzir diversas


operações de splitting, as quais são realizadas de forma implícita sempre que se
salvaguarda o resultado das expressões em memória (operações de store). A única
instrução necessária de introduzir foi a 14, com o objectivo de repor o valor da
variável e em registo.
Do lado direito do esquema encontram-se representados os pseudo-registos
possíveis de utilizar nas operações de splitting para cada instante. Estes são
escolhidos, em primeiro lugar, de entre os pseudo-registos que já terminaram o seu
período de vida (pelo que já não necessitam dos registos que ocupam), ou então, e só
caso não exista nenhum pseudo-registo na condição anterior, de entre aqueles que
não estão directamente envolvidos na operação que se está a realizar, mas de
preferência, cuja próxima utilização se encontre a maior distância.

É possível verificar pelo exemplo anterior, que os resultados obtidos dependem da


implementação e que uma boa implementação pode aumentar em muito a complexidade
do sistema de alocação.
Ambas as estratégias de alocação, global e local, serão novamente abordadas no
capítulo 6, onde ainda se descrevem outras implementações relacionadas com o trabalho
desenvolvido ao longo desta tese.

2.3.4 Geração do Código Máquina

Para concluir esta já longa descrição do processo de compilação, falta apenas


apresentar a geração do código máquina (GCM), que pode ser feita a partir da própria
representação intermédia ou então a partir da respectiva linguagem assembly. Em
ambos os casos, acrescenta ao processo de compilação toda uma nova fase responsável
pela gestão dos blocos de código e de dados, e pela conversão das variáveis e das labels
para endereços físicos.
Esta fase é assim responsável por alocar os blocos de memória, ou ficheiros, onde
colocar as instruções a gerar, o que normalmente é feito para cada função ou rotina do
programa. Em seguida, deve relacionar cada variável da tabela de identificadores com
um endereço físico situado num dos blocos que foram previamente alocados para os
dados. É vulgar determinar o endereço em relação à posição inicial do bloco e de tal
forma que o espaço ocupado pela respectiva variável não sobreponha o espaço de outras
variáveis. Numa etapa posterior e conforme se geram as instruções em código binário,
substitui-se as variáveis e outros identificadores pelo respectivo valor do endereço.
Outro dos problemas a resolver pela fase de geração do código binário, é a gestão das
labels, ou mais genericamente, das referências às posições do próprio código. De notar
que a este nível de representação as estruturas de controlo são normalmente bastante
simples e restringem-se quase sempre a saltos incondicionais ou condicionais. Desta
forma os problemas a resolver encaixam-se normalmente numa das duas seguintes
situações: saltos para posições anteriores ou saltos para posições posteriores à actual.
A primeira situação pode ser facilmente resolvida se a representação intermédia, de
alguma forma identificar as posições onde devem existir labels, permitindo assim que o
gerador de código relacione cada uma com a posição da instrução a ela associada. De tal

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46 Estrutura de um Compilador

forma que qualquer referência posterior a uma label seja substituída pelo endereço da
instrução.
O segundo caso é ligeiramente mais complexo, uma vez que as instruções referem
labels que ainda não foram identificadas, pelo que não podem ser imediatamente e
totalmente resolvidas. A solução passa então por gerar o código da instrução,
designadamente o espaço a ocupar pelo endereço da label, sem que no entanto este
contenha qualquer tipo de informação útil. Depois, é necessário manter uma listas com
este tipo de instruções (inacabadas) para que logo que o endereço da respectiva label
seja conhecido possam ser concluídas.
É ainda vulgar existir uma fase, após todo o processo de geração, responsável por
optimizar o código final, tirando partido de situações que só a este nível é que são
detectadas.
Por falta de tempo não foi possível incluir a geração do código máquina, no trabalho
desenvolvido ao longo desta tese de mestrado. Apresenta-se no entanto no capítulo 9
mais alguns detalhes relacionados com esta fase e uma ferramenta desenvolvida com
objectivo de auxiliar a sua construção.

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BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends 47

3 BEDS – Sistema de Apoio ao


Desenvolvimento de Back-Ends

Uma vez apresentadas as fases mais importantes de um compilador e alguns dos


detalhes da sua implementação, é altura de entrar no tema de dissertação desta tese.
O objectivo foi desde o início estudar, e se possível desenvolver, um sistema de
geração de back-ends, ou seja, pretendia-se estudar as soluções existentes, ver como
funcionam e a partir disso tentar apresentar uma solução capaz de auxiliar o processo de
desenvolvimento desta parte do compilador.
Com o estudo que se realizou, concluiu-se que a maior parte das ferramentas que, de
alguma forma permitem gerar soluções portáveis, resolvem apenas parcialmente o
problema da geração dos back-ends, ou seja, apenas produzem código para resolver
determinadas fases. Com a desvantagem de que cada ferramenta possui as suas próprias
restrições.
Mais ainda, todas as ferramentas partiam do princípio de que se utilizava uma
determinada forma de representação intermédia, situação que se mostrou incontornável.
E a grande maioria das ferramentas, ou só tratava da selecção de instruções, sem a parte
da alocação, ou o contrário.
Existem no entanto algumas soluções que são excepção, pelo menos em relação a
alguns dos pontos atrás assinalados, é o caso do GCC - GNU C Compiler, do RTL
System e do BEG – Back-End Generator.
O primeiro é uma referência a todos os níveis de um compilador portável, quer ao
nível do back-end, quer ao nível do front-end. Trabalha com base na representação
intermédia referida no capítulo anterior, o Register Transfer Language, sendo como tal
um dos descendentes do programa PO desenvolvido por Jack Davidson e Christopher
Fraser [DF80].
Uma das suas componentes, o Machine Description, permite adaptar o compilador a
novas arquitecturas, especificando praticamente tudo o que é necessário à obtenção de
um back-end, desde os modos de endereçamento, à relação entre as expressões da RTL
e as instruções máquina, ou até descrever optimizações, que tenham por base a
substituição de expressões por outras.

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48 BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends

Talvez por se tratar de um sistema construído de forma a permitir uma fácil


modularização, quer do ponto de vista da linguagem fonte, quer do ponto de vista do
código final, e por suportar praticamente todo o tipo de optimizações, o que levou
certamente a muitas soluções de compromisso, faz com que seja um tanto ou quanto
“pesado”. No entanto e comprovando as potencialidades do modelo de compilador
utilizado pela GNU, não só surgiram adaptações deste a outras linguagens fonte, como a
um vasto conjunto de processadores.
O segundo projecto, conforme o descrito no capítulo anterior, não se trata de um
compilador propriamente dito, mas sim um sistema que tenta fornecer todo o suporte
necessário ao processo de compilação a partir da representação intermédia. Possui como
tal um sistema de geração de código, o qual é muito semelhante ao utilizado pelo GCC,
divergindo apenas na forma com que se descreve a arquitectura do processador, a qual é
feita com a própria linguagem com a qual se desenvolveu o RTL System, o SmallTalk.
Como o nome indica e à semelhança do GCC, este sistema também utiliza a RTL
como forma de representação intermédia, sendo como tal mais um descendente do
trabalho desenvolvido por Jack Davidson e Christopher Fraser.
Convém ainda acrescentar que este segundo projecto é um exemplo do que se
pretende obter como resultado do trabalho desta tese, uma vez que permite realizar
praticamente tudo o que é pedido e necessário ao desenvolvimento de um back-end.
No terceiro projecto, a solução desenvolvida é bastante diferente das anteriores e tal
deve-se ao facto do BEG não ser um compilador, mas um sistema gerador de algumas
das fases de compilação (selecção de instruções e alocação de registos).
Julgo que qualquer comparação entre estes três sistemas será de alguma forma
inadequada, uma vez todos eles foram desenvolvidos com objectivos diferentes, o que
no caso do GCC, terá sido certamente garantir a qualidade do compilador na tarefa de
geração de código, sacrificando sempre que tal fosse necessário a portabilidade. No
caso do RTL System, julgo que o objectivo foi de certa forma levar mais adiante o
trabalho já desenvolvido no PO mantendo os objectivos deste último, ou seja,
desenvolver um optimizador portável. Já o BEG surge num contexto bastante diferente
dos dois anteriores, onde o objectivo foi construir a partir de uma forma de
reconhecimento específica, uma solução que permitisse desenvolver apenas as partes de
um compilador que são intrinsecamente dependentes da arquitectura do processador.
É no entanto relevante para o tema desta tese destacar o tipo de solução adoptada por
cada um dos sistemas para a selecção das instruções. É que nos dois primeiros casos o
processo de selecção é do tipo top-down, quer sobre a forma de algoritmos de
reconhecimento de strings ou do tipo table driven, que como já se referiu no capítulo 2
e como se poderá ver no capítulo 7, estão longe de ser soluções eficientes, pois nem
sempre garantem a escolha da melhor instrução. No entanto, este tipo de soluções
funciona bastante bem, graças aos processos de optimização que abundam no GCC e no
RTL System, os quais permitem de certa forma um pré-processamento das expressões de
forma a garantir a eficiência da fase de selecção.
Já o último sistema, para realizar a selecção de instruções recorre a um processo de
parsing, do tipo bottom-up, que em conjunto com algumas técnicas de programação
dinâmica, permite para uma dada expressão encontrar o conjunto de instruções que
perfazem a solução óptima. Outras soluções há, em que nem sequer é necessário utilizar
programação dinâmica para obter a solução óptima, como é o caso do Bottom-Up
Rewrite System – BURS.
Pelo que uma diferença fundamental entre estes sistemas, de um lado o GCC e o
RTLS, e do outro, o BEG e o BURS, está em delegar mais ou menos responsabilidades

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BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends 49

à fase de selecção. Assim, os primeiros, com base em desenvolvidas técnicas de


optimização garantem um processo de selecção eficiente; enquanto os segundos, partem
do princípio que a escolha certa das instruções a utilizar é pura e simplesmente da
responsabilidade do selector, pelo que em parte dispensam as optimizações.
Mas a simples questão de conterem ou não optimizações, levanta problemas
relacionadas com a forma de representação, por exemplo, quer o BEG, quer o BURS,
contentam-se com simples árvores de expressões (binárias), mas já o RTLS ou o GCC,
necessitam de formas bem mais elaboradas.
De notar no entanto, que qualquer uma das soluções emprega técnicas de parsing
para fazer a selecção, o que força à utilização de árvores de expressões como
representação intermédia.
O RTLS ultrapassa este tipo de problema mantendo em simultâneo a representação
em forma de árvores, com uma forma de representação sequencial, mas tudo isto graças
a ter sido desenvolvido sobre uma linguagem orientada ao objecto e mesmo assim, com
algumas dificuldades em relacionar as RTLExpressions (árvores) e os RegisterTransfers
(representação sequencial).
Mas outros casos há, em que não é fácil manter uma representação só com base em
árvores ou então, converter a representação utilizada para árvores, de forma a conseguir
utilizar técnicas de parsing na selecção. Infelizmente não foi possível apurar qual a
situação concreta do GCC, mas casos há em que contornam o problema fazendo a
selecção com algoritmos de reconhecimento em strings, bastante menos eficientes.
Começa-se assim a notar que um dos aspectos fundamentais na concepção de um
compilador, está na forma da representação intermédia escolhida, a qual vai certamente
condicionar as restantes opções. Assim, de um lado temos compiladores com potentes
mecanismos de análise e de optimização, e implicitamente, elaboradas formas de
representação intermédia, que reduzem ao mínimo a intervenção de fases como a
selecção ou mesmo a alocação (assigner); e do outro, os compiladores que ao
dispensarem praticamente todas as formas de optimização, permitem trabalhar com
representações mais simples, necessitando no entanto de melhores mecanismos de
selecção e de alocação.
Como já se referiu, um dos objectivos do trabalho desenvolvido no contexto desta
tese, é apresentar soluções que facilitem o desenvolvimento de compiladores, para tal e
considerando os exemplos aqui apresentados, coloca-se a primeira grande questão: que
tipo de compilador implementar e, implicitamente, que representação intermédia
utilizar?
Se apenas se pretende um compilador pequeno, facilmente adaptável a novas
arquitecturas e simples, então a solução será certamente implementar apenas as fases
indispensáveis do compilador (análise léxica, sintáctica, semântica, selecção de
instruções e alocação). Para este tipo de compilador o processo de desenvolvimento
fornecido por sistemas como o BEG, é plenamente satisfatório.
Se no entanto, se pretende desenvolver um “grande compilador”, capaz de realizar a
mais eficiente das compilações, então não chega implementar as fases essenciais, há que
acrescentar muitas mais e como tal trabalhar com modelos mais elaborados, como é o
caso do GCC e do RTL System.
Após o estudo de ambas as alternativas e de analisar os prós e contras, o melhor que
se pode pedir é uma solução que reúna o melhor de ambas. É exactamente com esse
intuito que se desenvolveu um modelo que pretende integrar os dois tipos de soluções,
compensando as falhas de uma com as capacidades da outra.

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50 BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends

3.1 O Back-End Development System

A solução a apresentar, deve ser facilmente adaptável a novos processadores, assim


como garantir as rotinas e respectivas infra-estruturas para os processos de optimização
e alocação global. Mais ainda, pretende-se que estas rotinas sejam de alguma forma
independentes, quer da linguagem fonte, quer do processador para o qual se pretende
gerar o código, de forma a maximizar a sua reutilização no desenvolvimento de novos
compiladores.
É como tal essencial garantir uma fase no processo de compilação totalmente
independente das características do front e back-end do compilador e que suporte o
acréscimo de infra-estruturas de apoio aos processos de optimização, ou seja, tem de
permitir conter de forma acessível a informação sobre a estrutura do programa, da
relação entre as variáveis, das operações, dos modos de endereçamento, etc, sem no
entanto comprometer o processo de selecção do conjunto de óptimo de instruções, como
o utilizado no BEG ou BURS.
De notar que, com estes objectivos, o compilador deixa de ser composto por apenas
duas partes, o front e o back-end, e passa a possuir uma terceira, intermédia às duas
anteriores, a qual é independente, quer das características da linguagem fonte, quer das
características do processador para o qual se pretende gerar o código. Esta fase será a
partir daqui designada por middle-end.
Para se obter um modelo com estas características, começou-se por estudar
detalhadamente a implementação dos sistemas que tinham por base a RTL. Após esta
fase analisou-se as necessidades dos sistemas de selecção com base em travessias
bottom-up e por fim tentou-se integrar esta forma de selecção na RTL.
Desta forma desenvolveu-se toda uma infra-estrutura, cujas bases partiram por um
lado pelo trabalho já desenvolvido pelos adeptos da RTL, nomeadamente por C.
McConnell, J. D. Roberts e C. Schoening [MRS90, MRS??A] e o seu RTL System, e por
outro lado pelos adeptos do BURS, tal como E. Pelegri-Llopart, C. Fraser e T.
Proebsting. Destes últimos, destaca-se o trabalho desenvolvido por C. Fraser, no Light
C Compiler (LCC) e as implementações da teoria do BURS feitas por T. Proebsting, o
BURG e o IBURG. É esta última implementação que serve como ponto de partida para
o sistema de geração de selectores de instruções no modelo a propor.
Infelizmente não foi possível estudar, nem o BEG, nem o GCC, pois a informação
sobre a forma de implementação de ambos os sistemas é escassa e no caso do BEG nem
sequer é disponibilizado os ficheiros fonte do sistema.
O esquema com todas as fases do modelo a propor para um sistema de
desenvolvimento de back-ends, encontra-se representado na Fig. 3.1, o qual é composto
por quatro tipos distintos de entidades, os módulos, as rotinas, as especificações e a
representação. Os módulos representam as componentes a utilizar pelos back-ends, as
rotinas são partes específicas dos módulos com funções muito próprias, as
especificações são descrições a partir das quais o BEDS gera alguns dos módulos ou
rotinas, e a representação como o próprio nome indica serve para representar as diversas
fases do código a compilar.

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BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends 51

Módulo Front
Optimizer
End
Rotina

Especificação
SSA
Representação
MIR
Data Flow
Analyser

Structural
Global
Analyser
Allocator
BEDS
Tree
Selector

State Instruction
Instruction Table Labelling
Specifiction

Register Local
Register Back End Table Allocator
Specifiction Generator

Register
Instruction Assigner
Mapping

Instruction Code
Table Emiter

Assembly
Fig. 3.1 – Diagrama estrutural do BEDS

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52 BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends

De forma resumida o modelo divide-se em duas grandes partes, uma que funciona
com base numa biblioteca, que fornece uma série de rotinas fortemente relacionadas
com a representação intermédia, das quais fazem parte as rotinas para análise de fluxo
de controlo e dados, optimização e alocação global, que serão explicadas nos capítulos 5
e 6; e uma por segunda parte, composta por um sistema de geração e modelação, que a
partir de uma especificação com a informação referente ao processador e da relação
desta informação com as expressões da representação intermédia, permite modelar
determinadas rotinas e gerar alguns dos mecanismos necessários às tarefas de um back-
end, como é o caso do selector de instruções, o sistema de atribuição de registos, ou o
gerador de código final, que são abordados nos capítulos 7 e 8.
A implementação do modelo designou-se por BEDS – Back-End Development
System e à representação intermédia utilizada por este deu-se o nome de MIR – My
Intermediate Representation, a qual segue uma filosofia muito semelhante à da RTL,
mas devidamente adaptada às necessidades das várias fases deste modelo.
A implementação de todo o BEDS incluindo a MIR, foi feita em C++, obedecendo
ao paradigma da programação por objectos. Pelo que a biblioteca disponibilizada por
este não é mais do que um conjunto de classes, sendo a representação intermédia feita
por instanciação dos objectos dessas classes.
Desta forma o modelo obriga que o front-end transforme o código fonte numa
representação MIR. Depois, recorrendo às potencialidades fornecidas pela biblioteca e
pelo sistema gerador que compõem o BEDS, deverá ser possível desenvolver todas as
fases do back-end de um compilador.
Apesar dos processos de optimização não pertencerem às funções de um back-end, o
BEDS toma a responsabilidade de garantir as rotinas de optimização, ou pelo menos os
recursos necessários à sua implementação, pois como já se viu é bastante vantajoso que
estas rotinas sejam desenvolvidas sobre a representação intermédia, visto esta ser
independente da linguagem fonte e das características do processador, permitindo assim
a sua reutilização.
Para além disso, como de certa forma a representação intermédia é imposta, é
certamente agradável para quem pretende utilizar este tipo de sistemas, que encontre
implementado o maior número possível de mecanismos auxiliares; além de que, grande
parte desses mecanismos são necessários às fases obrigatórias do back-end, como é o
caso da alocação global.
Sobre a MIR trabalham essencialmente três tipos de rotinas, as relacionadas com os
processos de optimização, as relacionadas com a alocação global e as relacionadas com
a geração do código. Qualquer destas três rotinas serão analisadas com o devido detalhe
respectivamente nos capítulos 5, 6 e 7. Fica no entanto feita uma pequena descrição de
cada um dos módulos e de cada uma das rotinas.

Optimizer
O Optimizer representa uma classe com todas as funções de optimização. É um dos
módulos do BEDS ao qual é sempre possível acrescentar mais alguma coisa, pelo que
apenas se encontra implementado a título de exemplo.
As rotinas de optimização trabalham directamente sobre a MIR, necessitando por
vezes das estruturas de informação fornecidas pelo SSA, Data Flow Analyser, Control
Flow Analyser (Structural Analyser), Data Dependency Analyser e o Alias Analyser.
Estes dois últimos módulos ainda não se encontram implementados, pelo que todas as
rotinas de optimização que deles necessitam estão por desenvolver.

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BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends 53

Single Static Assignment


Este é um dos módulos inerentes à própria representação intermédia, pois como
adiante se verá, a MIR não só tem por base a RTL como o Single Static Assignment
(SSA), que é uma forma de realçar as dependências entre dados.
Destina-se a auxiliar o front-end a construir a própria representação MIR,
convertendo a representação para SSA. Para além disso, disponibiliza rotinas para
outros módulos, como é o caso da análise do fluxo de dados.

Data Flow Analyser


Este é um dos módulos de suporte a muitas das optimizações, mas também ao
processo de alocação global. A sua função é criar estruturas de informação que
permitam analisar o fluxo de dados, como por exemplo informar as posições onde uma
dada variável se encontra “viva”.

Global Allocator
Este módulo implementa a alocação global, com base no algoritmo de coloração de
grafos proposto por Chaitin [CACCHM81, Chait82]. Trata-se de uma fase do processo
de compilação que pode ter grande impacto na qualidade do código final, mas há que
ponderar a sua utilização, uma vez que requer muito processamento. Recorre de forma
directa ao Data Flow Analyser, ao SSA, ao Instruction Labelling e à Register Table.
Mas de forma indirecta envolve praticamente todas as restantes fases.

Structural Analyser
A MIR é composta essencialmente por um grafo com muita informação associada, o
qual pode assumir alguma complexidade, tornando a sua interpretação directa algo
inacessível. Há como tal que, criar mecanismos que permitam uma análise detalhada da
forma como o grafo está estruturado. O que normalmente se consegue através da
identificação de padrões típicos, que formam partes do grafo, e da interligação entre
eles. Este tipo de informação é essencial para determinados processos, como
optimizações do fluxo de controlo ou para a “linearização” do grafo.
Esta análise pode ser obtida de diversas formas, mas no caso do BEDS utilizou-se
uma abordagem designada por Structural Analyse, que tem por base os mecanismos de
parsing dos analisadores sintácticos, adaptados à utilização sobre grafos.
Poder-se-á questionar a razão de ser deste módulo, uma vez que a informação por ele
obtida, já é determinada através da análise sintáctica. No entanto é preciso ter presente
que é necessário construir a representação intermédia de forma a poder utilizar os
recursos fornecidos pelo BEDS, os quais por sua vez podem alterar a própria
representação (mantendo o valor semântico). Pelo que as estruturas que originalmente
existem no código fonte podem não existir na representação intermédia.

Tree Selector
Este módulo permite pegar na árvore de controlo do módulo anterior e obter uma
lista de árvores de expressões, as quais serão posteriormente requisitadas, uma a uma,
pelo Instruction Labelling.

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54 BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends

Back-End Generator
O Back-End Generator é o sistema gerador que, a partir da especificação dos
registos, das instruções do processador e da relação destas com a representação
intermédia, permite gerar o selector de instruções e respectiva tabela de estados, a tabela
dos registos, um sistema de alocação local, o assigner e as rotinas para emissão do
código final.
Esta parte do BEDS pode funcionar independentemente do resto, aliás a ligação entre
este módulo e as componentes que ela gera, com os restantes obtém-se como opção do
sistema de geração e não por defeito.

Instruction Labelling
Esta é uma das rotinas do processo de compilação, gerada pelo módulo do Back-End
Generator, a qual é parte essencial dos sistemas de selecção com base no BURS. A sua
função é determinar o conjunto de padrões (instruções) que permitem cobrir cada uma
das árvores ao menor custo, tendo por base o State Table. Na prática é nesta rotina que
se faz a selecção das instruções, estando no entanto, o resultado obtido sujeito às
restrições do processo de alocação.

Local Allocator
Trata-se de uma rotina também gerada pelo módulo do Back-End Generator, que é
opcional e que permite alocar registos localmente, ou seja, ao nível de cada árvore de
expressões.

Register Assigner
As rotinas de alocação, quer sejam locais ou globais, são responsáveis por determinar
que operandos é que são candidatos a registos e que registos é que podem ser utilizados
por cada operando. Cabe ao Register Assigner verificar de entre esses registos, quais os
que se encontram livres, ou eventualmente ocupados, mas cujo conteúdo não seja mais
necessário, e depois, destes, seleccionar e atribuir os necessários a cada um dos
operandos.
Pode ainda acontecer, que do conjunto dos registos que um operando pode utilizar,
nenhum se encontre disponível, nesta situação o Register Assigner deve avisar o sistema
de alocação do sucedido, para que este opte por outro tipo de soluções, ou então ele
próprio deve decidir o que fazer. Em ambas as situações, a solução poderá passar por
realizar o splitting ou spilling de um dos registos, de forma a concluir a geração e a
alocação com êxito.

Code Emiter
Após a selecção definitiva das instruções e do processo de alocação, cabe ao Code
Emiter gerar o código final, que na actual situação do BEDS, resulta em código
assembly. Pretende-se posteriormente criar a possibilidade de gerar o próprio gerador de
código binário, com base na descrição das instruções e dos campos que as compõem.

State Table, Register Table e Instruction Table


Estas três rotinas não são mais do que estruturas de dados com a informação dos
estados possíveis de se encontrar durante a selecção, dos registos do processador
agrupados por conjuntos e do conjunto de instruções do processador.

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BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends 55

Módulo Alias Data Dependency


Analyser Analyser
Rotina

Representação Data Flow Structural


Analyser Analyser

Front SSA Optimizer


MIR MIR
End

Structural Control Tree Tree


MIR
Analyser Selector

Tree List Instruction Tree List Local


Labelling Allocator

State Register
Table Table

Tree List Register Tree List Code


Assigner Emiter

Instruction
Table

Assembly

Fig. 3.2 – Modelo de compilador com alocação local.

No caso concreto do State Table, é possível substituir as estruturas estáticas por


programação dinâmica, situação que foi explorada até ao limite no desenvolvimento do
BEDS.

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56 BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends

Nas duas próximas secções explica-se sucintamente como é que através do BEDS se
pode conceber compiladores com sistemas de alocação local e global.

3.2 Compilador com alocação local

Para cada tipo de alocação impõe-se um modelo próprio de back-end, uma vez que o
tipo de interligação entre as diversas fases é distinto. Para o caso da alocação local o
modelo encontra-se representado na Fig. 3.2.
Neste modelo o BEDS gera um sistema de alocação do tipo On-The-Fly Optimizado,
ou seja, a alocação é feita localmente para cada árvore de expressões, sendo os registos
atribuídos conforme vão sendo necessários. Trata-se de um modelo optimizado, uma
vez que, entre outras coisas, permite a reutilização de registos numa mesma árvore. Este
processo de alocação será apresentado posteriormente com maior detalhe.
Uma vez gerado o código segundo a representação MIR, com auxílio do SSA,
processam-se as optimizações ao nível da representação intermédia. Estas podem
recorrer à análise do fluxo de controlo e de dados, à análise de dependência entre dados
ou à análise de aliases. A única limitação imposta aos processos de optimização é de
que estes não podem utilizar abordagens destrutivas sobre a MIR, ou seja, as alterações
feitas devem continuar a garantir uma representação MIR.
Após esta fase, procede-se à análise estrutural para se construir a árvore de controlo,
que cria uma estrutura de informação suplementar de forma a não alterar a MIR, o que é
irrelevante para o presente caso, mas fundamental para o caso da alocação global.
A árvore de controlo é percorrida na fase do Tree Selector, de baixo para cima e da
esquerda para a direita, processando cada folha de forma a criar uma lista de árvores de
expressões.
O Instruction Labelling vai requisitando árvore a árvore ao Tree Selector, realizando
para cada uma o labelling, de forma a determinar o conjunto de instruções que
permitem criar o respectivo código ao menor custo possível. Após isso a árvore é
transmitida ao Local Allocator, o qual é responsável por implementar uma política de
atribuição para os registos. Cabe ao Register Assigner realizar a atribuição propriamente
dita.
O Local Allocator liberta os registos que não se encontrem a ser utilizados. Este
processo faz-se ao nível da própria árvore, ou seja, por defeito são libertados todos os
registos ocupados pelos descendentes de um nodo, excepto o que é utilizado para
manter o resultado do próprio nodo e os registos que guardam os resultados de sub-
árvores de utilização comuns (estes só são libertados após a última utilização).
É com o trabalho conjunto destas três fases, o Instruction Labelling, o Local
Allocator e o Register Assigner, que é possível garantir a plena geração de código. Tal
só não acontece, se não for possível realizar o labelling (independentemente do custo),
situação que só deverá ocorrer por falha da especificação.
Mas para que a geração de código final seja bem sucedida, é necessária uma forte
integração entre as componentes envolvidas. Cabe no entanto ao Register Assignment
determinar se é ou não possível concluir o processo de geração com sucesso, caso tal
não o seja, deverá optar pelas seguintes alternativas: em primeiro lugar, tentar realizar o
splitting da variável associada ao nodo da árvore de expressões para o qual não foi
possível realizar a alocação, aumentando o custo da solução até aí proposta, na
esperança que o Instruction Labelling, numa nova travessia, encontre uma outra solução

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BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends 57

(que certamente terá um custo igual ou superior à solução anterior). Se mesmo assim
não for possível gerar o código final, quer por não se conseguir realizar o labelling da
árvore, quer por ainda assim, não ser possível realizar a alocação, então opta-se por uma
solução de spilling. Neste caso, decompõem-se a árvore em duas (ou mais), de forma a
que o resultado da sub-árvore para a qual não foi possível realizar a alocação, fique
guardado em memória. A árvore original é assim reescrita de forma a utilizar o
endereço dessa posição de memória invés da sub-árvore do qual este resulta.
Infelizmente a implementação do processo de spilling não é tão simples como se
descreve, pelo menos no caso de se pretender obter uma solução que não comprometa a
portabilidade do sistema. Além de mais nem sempre é fácil determinar o ponto pelo
qual se deve dividir a árvore original. Os detalhes da implementação serão discutidos
posteriormente no capítulo 6.
Para concluir falta o Code Emiter, que pega nos padrões das instruções e substitui os
operandos pelos respectivos valores, quer estes sejam registos, endereços ou constantes
e imprime para um ficheiro, gerando assim o código em assembly.

3.3 Compilador com alocação global

O BEDS permite também desenvolver compiladores com alocação global,


estruturados segundo o modelo da Fig. 3.3.
Para tal e como já foi referido, recorre ao algoritmo de coloração de grafos proposto
por Chaitin, o qual é descrito detalhadamente no capítulo 6. Nesta secção pretende-se
apenas descrever o modelo do compilador e o funcionamento do back-end, para este
tipo de alocação.
À semelhança da alocação local, também aqui a MIR é obtida com auxílio do SSA,
onde em seguida se executam as optimizações, constrói-se a árvore de controlo, obtém-
se a lista de expressões e faz-se o labelling das árvores. É a partir deste ponto que o
funcionamento deste modelo e o modelo com alocação local difere.
A operação de labelling neste modelo não serve apenas para seleccionar as
instruções, mas também para determinar os operandos candidatos à utilização de
registos. É com essa informação que o sistema de alocação distribui os registos,
tentando minimizar as transferências de dados, tal como as operações de load e store e
as transferências entre registos.
Para além disso detecta se existem registos suficientes para realizar a operação de
alocação. Caso tal não aconteça é função do sistema de alocação acrescentar as
operações de spilling necessárias a uma correcta geração do código.
Repare-se que a obtenção da árvore de controlo e da lista de árvores para a realização
das operações de labelling, não destrói a representação MIR, permitindo que esta seja
reutilizada na alocação e implicitamente na análise de fluxo de dados.
Após esta fase é necessário obter uma nova lista com as árvores de expressões de
forma a voltar a realizar-se o labelling. Não é no entanto necessário voltar a construir a
árvore de controlo, uma vez que o processo de alocação, de princípio, não deverá alterar
a estrutura do programa a compilar.

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58 BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends

Módulo Data Flow Data Dependency


Analyser Analyser
Rotina

Representação Data Flow Structural


Analyser Analyser

Front SSA Optimizer


MIR MIR
End

Structural Control Tree Tree


MIR
Analyser Selector

failed
Tree List Instruction Tree List Global
Labelling Allocator

successful
State Data Flow Register
Table Analyser Table

Tree List Instruction Tree List Register


Labelling Assigner

State
Table

Tree List Code Assembly


Emiter

Instruction
Table Fig. 3.3 – Modelo de um compilador com
alocação global.

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BEDS – Sistema de Apoio ao Desenvolvimento de Back-Ends 59

A nova operação de labelling, não deverá trazer grandes alterações, mas apenas
acrescentar e actualizar as situações directamente envolvidas com as operações de
spilling. Se tal não acontecer, existem duas alternativas: tentar atribuir os registos na
esperança de se obter o código final, sem que para tal exista qualquer vantagem
resultante do processo de alocação e correndo o risco de não ser possível realizar
correctamente o assigner; ou então voltar a realizar o labelling, tantas vezes quantas as
necessárias, e até se obter uma solução estável entre a fase da alocação e a fase de
labelling. Só após se obter tal solução é que se deve atribuir os registos, concluindo
depois a compilação com a passagem das árvores para o Code Emiter.

Com esta descrição conclui-se a apresentação da estrutura de um compilador, com


alocação local e global, seguindo o modelo de concepção do BEDS.

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60

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My Intermediate Representation 61

4 My Intermediate Representation

Neste capítulo, pretende-se apresentar a MIR – My Intermediate Representation,


explicando na medida do possível a razão de ser das suas diversas componentes e da
relação destas com o front-end e com as restantes fases do BEDS. Em conjunto
apresenta-se a noção de Single Static Assignment uma vez que também faz parte da
estrutura base da MIR. Tentar-se-á ainda demonstrar as vantagens da sua utilização
como forma de representação.

4.1 Estruturação da MIR

A especificação da representação intermédia, aqui designada por MIR, teve por base
a especificação do RTL System. No entanto, conforme se foi desenvolvendo a
implementação do BEDS, foi necessário modificar a especificação original. Tal não se
deve a nenhuma incorrecção por parte do RTL System, mas sim ao facto da MIR
integrar outros mecanismos diferentes dos utilizados neste sistema. Para além disso e
apesar de ambas as representações partilharem muitas das características, a MIR sofreu
alterações implícitas à própria estrutura do BEDS. Conceptualmente ambas
representações partilham os conceitos base da RTL e do SSA.
Muitas das características da MIR estão associadas, não à representação intermédia,
mas sim a imposições colocadas pelos vários módulos que compõem o BEDS. Há como
tal que distinguir o que é específico da MIR, do que não é, como por exemplo, as
estruturas associadas à MIR que permitem a análise dos dados. Dentro do possível
apenas interessa focar neste capítulo as partes específicas da MIR, uma vez que as
restantes serão apresentadas nos respectivos capítulos.
Assim sendo pode-se classificar as estruturas fornecidas pela MIR em quatro classes,
a classe Genérica, com as infra-estruturas de apoio à representação dos programas, a
classe Expressions que permite descrever as expressões da representação intermédia, a
classe DataTransfer que permite descrever todo o tipo de transferências entre dados e a
classe FlowNode, com os objectos que descrevem a organização do programa ao nível
das estruturas de controlo.

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62 My Intermediate Representation

Antes de prosseguir com a descrição de cada uma destas classes, e como se disse
acima, vai-se previamente apresentar a noção de SSA.

4.2 Single Static Assignment

O Single Static Assignment é uma das formas de representação utilizados na


concepção da MIR. A sua influência é tão forte que modifica por completo o processo
de representação, pelo que antes de se descrever as classes da MIR, há que fazer a
apresentação formal do SSA.
Desde há muito que se conhece as vantagens e desvantagens da utilização do SSA.
Uma das desvantagens residia no próprio processo de determinar esta forma de
representação. Tal facto restringiu a sua utilização até 1991, ano em que Ron Cytron em
conjunto com outros investigadores, propõe uma forma eficiente de o conseguir. Desde
então foram publicados diversos artigos demonstrando as vantagens da sua utilização
nos processos de optimização. Tal advém das características implícitas que esta forma
de representação possui, que permitem realçar as dependências entre dados.
Para tal há que garantir que cada variável possui uma e uma só atribuição, ou seja, as
expressões devem ser redefinidas de forma a que cada atribuição deixe de ser feita a
uma variável concreta e passe a ser feita a uma instância dessa variável. Instância essa
que para todos os efeitos passa a ser considerada como uma variável independente.
O seguinte exemplo ilustra este tipo de representação, apresentando um bloco de
código na sua representação normal e na respectiva representação em SSA.

dt1  a=0 a1 = 0
dt2  b=a+1 b1 = a1 + 1
dt3  a=2 a2 = 2
dt4  c=a+b c1 = a2 + b1

Como só é permitido uma única atribuição por variável, torna-se muito fácil
determinar quem é que utiliza o resultado proveniente de uma dada expressão ou quem
por sua vez é responsável pelos resultados por esta utilizados. Esta informação é
essencial para maioria dos processos de optimização.
Para além disso, o SSA permite implicitamente remover dependências do tipo anti-
dependence e output-dependence. Por exemplo, na representação normal do exemplo
anterior, existe uma anti-dependência entre dt3 e dt2, uma vez que dt3 redefine o valor de
uma variável utilizada por dt2. Tal já não acontece na forma SSA uma vez que a1 e a2
são para todos os efeitos variáveis distintas.
O mesmo acontece entre dt1 e dt3, onde na representação normal existe uma output-
dependence entre estas duas expressões, o que já não ocorre para a representação SSA.
A representação SSA é obtida, decompondo cada variável em tantas quantas as suas
definições (atribuições), de tal forma que cada uma represente um instante da vida da
variável original. Mas para que tal seja sempre verdade há que contornar determinadas
situações, das quais fazem parte os dois seguintes casos:

i0 i0
while .... if ... then
... ...

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My Intermediate Representation 63

ii+1 i  10
... ...
fimwhile else
...
i  20
...
fimse
...
ji

No primeiro exemplo, a variável i possui uma atribuição que é realizada dentro de


um ciclo. O problema que se levanta é como fazer com que cada atribuição, que ocorre
dentro do ciclo, corresponda a uma nova instância da variável original.
No segundo exemplo, a segunda e terceira atribuição da variável i, após a
transformação SSA, passam a ser feitas a variáveis distintas (ex: i2 e i3). O que levanta a
seguinte questão: como determinar qual a variável a utilizar na atribuição feita a j ?
Ambas as questões se resolvem através da introdução das funções Φ(...), da seguinte
forma:

i1  0 i1  0
while .... if ... then
... ...
i2  Φ(i1, i2) i2  10
... ...
fimwhile else
...
i3  20
...
fimse
...
i4  Φ(i2, i3)
j  i4

A função Φ(...) é utilizada quando num dado ponto do programa existem duas ou
mais instancias duma mesma variável, transformando-as todas numa única e nova
instancia. Os parâmetros da função são como tal as instâncias que alcançam esse ponto
do programa, onde o resultado é a instância proveniente do ramo do fluxo por onde se
alcançou a actual posição do programa.
Se no entanto esta abordagem resolve o problema das atribuições, não deixa por si só
de levantar outros problemas: o primeiro é como saber onde se devem inserir as funções
Φ(...); e o segundo é como as representar no código final, de forma a que estas
funcionem como o previsto?
As respostas a estas perguntas são dadas no capítulo sobre optimizações (capítulo 5),
onde se descreve o processo de implementação das estruturas de apoio ao SSA.

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64 My Intermediate Representation

4.3 Classes da MIR

Julgo que as explicações fornecidas sobre o SSA, serão suficientes para se poder
iniciar a descrição das classes da MIR.

4.3.1 Classe Genérica

Esta classe é na realidade composta por três classes: Program, Function, e


IdentifierTable.
A primeira serve para associar todo o tipo de informação referente ao programa que
se pretende compilar. A segunda, permite manipular a informação referente aos blocos
de código onde de alguma forma existam variáveis locais; é o caso das funções,
procedimentos, etc. E por fim, a terceira serve para a implementação da tabela de
identificadores.
Um aspecto crítico, a considerar na implementação destas classes, é a versatilidade
que devem possuir para se adaptarem às necessidades das diversas linguagens fonte. É
como tal natural, que possuam um conjunto de características que vão muito além do
que em princípio seria necessário para um caso concreto.

Classe Program
Após se analisar, para várias linguagens, a organizado e a estrutura de um programa,
concluiu-se que seria necessário criar um suporte para representar as variáveis, o código
e as funções que funcionam a nível global.
A título de exemplo, para um compilador de C, a este nível encontravam-se
declaradas todas as funções, através de objectos do tipo Function (uma vez que estas
são globais), todas as variáveis tipo externo ou global e ainda o código implementado
fora de qualquer função.
Desta forma a classe Program é composta pelos seguintes atributos:

mainTable - Um objecto da classe IdentifierTable para os identificadores


globais.
listOfFunctions - O conjunto dos objectos tipo Function, que compõem o
programa.
main - O elemento do conjunto anterior que assinala a função principal.
flowNodes - O conjunto de FlowNodes que descreve o código externo a
qualquer função.
rootNode - O nodo inicial do conjunto anterior.
blockMemory - Simula o espaço de endereçamento da memória de dados.

Este último atributo serve para realizar a gestão da atribuição de endereços às


variáveis do programa, o que é útil para a geração do código máquina.

Classe Function
A classe Function possui a informação referente a uma função, procedimento ou
bloco de código com variáveis locais.

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My Intermediate Representation 65

Há semelhança da classe anterior, também esta classe possui: uma tabela para os
identificadores locais, um conjunto de funções locais, um conjunto de FlowNodes com
o código da função, um apontador para o nodo inicial do conjunto anterior e um sistema
próprio para a gestão do espaço de endereçamento da memória de dados. Para além
disso, possui ainda os seguintes atributos:

name - Nome associado à Function.


level - Nível de encadeamento da Function.
type - Tipo de Function, que pode ser função, procedimento ou
expressão composta.
parent - Function da qual a actual é descendente.

Os parâmetros de entrada e o valor de retorno das funções descritas pelos objectos


desta classe, são assinalados através da tabela de identificadores.

Classe IdentifierTable x CellIDTable


Esta classe tenta implementar uma tabela de identificadores, composta por pares do
tipo (chave, conj. de informação). A chave é do tipo string e o conjunto de informação é
definido por defeito pela classe CellIDTable. É na realidade esta última classe que
contém os atributos que permitem descrever um identificador, dos quais constam os
seguintes:

IDscope - Assinala se o identificador é do tipo label, constante, global,


local, parâmetro ou temporário.
IDclass - Assinala a classe do identificador, auto, register, static ou
extern.
IDtype - Indica o tipo de identificador, char, short, unsigned, float,
double, etc.
IDcrmfl - Indica que tipo de Expressions está associado ao identificador,
estas são classificadas nas seguintes expressões:
IDconst - Expressão do tipo Constant.
IDreg - O conjunto de todos os DataTransfers onde se realizam
atribuições para os Registers associados ao identificador.
IDmem - Expressão do tipo Memory.
IDfunction - Objecto da classe Function.
IDlabel - Expressão do tipo Label.

Os identificadores das variáveis encontram-se sempre associados a uma expressão do


tipo Memory e a uma ou mais expressões do tipo Register. Como mais adiante se pode
confirmar, tal deve-se à forma da representação SSA. Para cada Register guarda-se a
informação do DataTransfer ao qual está associado (definido).

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66 My Intermediate Representation

4.3.2 Classe Expressions

Os objectos desta classe identificam todos os operadores que podem compor as


expressões da representação intermédia.
A composição das expressões é feita recorrendo a árvores (de expressões), onde os
nodos representam sempre operadores e onde os respectivos resultados funcionam como
operandos do nodo imediatamente acima.
Na prática às árvores podem partilhar sub-árvores entre si, pelo que na realidade não
são árvores mas sim grafos acíclicos directos (DAG), com um máximo de duas arestas
por nodo.
A classe Expressions possui todos os atributos necessários a um qualquer operador,
dos quais fazem parte os seguintes:

left - Representa a sub-árvore esquerda.


right - Representa a sub-árvore direita.
dTransfer - O DataTransfer ao qual a expressão está associada.
type - O tipo do resultado da expressão, char, short, float, etc.
operation - O nome do operador.

As subclasses de Expressions estão organizadas da seguinte forma:

Expressions
BinaryExpressions
AsgnExpression
AddExpression
...
UnaryExpressions
NegExpression
...
Storage
Memory
Register
Constant
BlockMemory
Label
...
JumpExpressions
Jump
CondJump
Call
Return
...

Como se pode confirmar existem quatro grandes grupos de operadores, os binários,


unários, os que representam operandos e os operadores de salto. As classes
BinaryExpressions, UnaryExpressions e JumpExpression não acrescentam novos
atributos, servem apenas para classificar os operadores e inicializar alguns atributos dos

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My Intermediate Representation 67

declarados para Expressions. Já o Storage possui um atributo, o value, que é uma união
que permite armazenar qualquer valor (variável, constante, etc) de um qualquer tipo
primitivo de dados da linguagem C (char, short, float, etc).
Não se pretende aqui, descrever extensamente todas as subclasses de Expressions, é
no entanto necessário apresentar algumas dessas classes para que seja possível
compreender a representação intermédia.

Classe BlockMemory
Esta é uma classe que não serve para descrever expressões, mas sim auxiliar o
processo de atribuição de endereços às variáveis. É iniciada com um determinado
tamanho que representa o espaço de memória em bytes, sem que no entanto esse espaço
exista. Depois conforme se constrói a representação intermédia, é possível requisitar aos
objectos desta classe, endereços para as variáveis, necessitando apenas que se indique o
tamanho, em bytes, do espaço de memória a este associado. A própria classe garante a
gestão do espaço de endereçamento.
Na prática não é mais que um array de bits, onde cada um representa um byte de
memória e onde a gestão consiste em alocar e a desalocar o espaço conforme é
necessário.

Classe Memory
Os objectos desta classe dão corpo às variáveis, estando normalmente associados a
um BlockMemory e a um endereço por este atribuído. Para além disso encontram-se
ligados à célula da tabela de identificadores cuja variável representam.

Classe Register
Os objectos desta classe são os recipientes, por omissão, do resultado das expressões.
O seu objectivo é de alguma forma representar o resultado intermédios de cada uma das
operações.
De notar que, apesar do nome desta classe ser Register, não significa que no código
final os objectos dela instanciados sejam substituídos directamente por registos físicos.
Há semelhança da classe anterior, também estes objectos podem estar relacionados
com uma célula da Tabela de Identificadores, aliás, para o pleno funcionamento de
todas as estruturas do BEDS, deverá sempre existir esta relação. Este aspecto será
explorado na descrição da classe DataTransfer e no capítulo sobre a alocação global.
Na representação intermédia estes objectos não chegam a fazer parte das árvores de
expressões, encontrando-se apenas associados a estas, através dos DataTransfer. Aliás,
são estes últimos os responsáveis pela instanciação dos objectos desta classe, pelo que
existe sempre um DataTransfer para cada Register (o inverso já não é verdade).
Mais explicações sobre as subclasses de Expressions, serão fornecidas
posteriormente conforme forem necessárias.

4.3.3 Classe DataTransfer

Como já foi dito, as árvores de expressões apesar de serem a forma de representação


ideal para determinados processos, como é o caso da selecção de instruções, não são no
entanto a melhor forma de representação para o caso das optimizações e mais

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68 My Intermediate Representation

concretamente para os sistemas de análise, que servem de suporte à optimização ou


alocação global.
Esta questão é tanto mais relevante quanto mais se trabalha na resolução deste tipo
de problemas e nem sempre é fácil explicar. Mas muito genericamente pode-se dizer
que as árvores não são suficientemente lineares para determinadas operações, por
exemplo a ordem de execução das operações, é muito mais perceptível se estiver
organizada segundo um array composto por triplos ou quádruplos, uma vez que dá a
conhecer directamente a sequência das operações. A utilização das árvores é ainda mais
penalizadora, quando se pretende relacionar nodos de árvores distintas.
Para além destes aspectos, as árvores não permitem o mesmo detalhe descritivo que
uma representação com base em tuplos, uma vez que camufla determinadas trocas de
dados.
Na concepção da grande maioria dos compiladores modernos, que possuem
complexos métodos de optimização, não terão sido indiferentes estes aspectos, quando
optaram por outras representações que não as árvores.
O RTL System possui uma classe de objectos, os RegisterTransfer, cuja finalidade é
assinalar as transferências entre registos, classificando o tipo de troca de informação.
Este tipo de objectos poderiam à primeira vista ser dispensados de uma representação
intermédia, mas após um estudo mais detalhado, detecta-se a falta de uma entidade à
qual se associe toda a informação sobre a transferência entre dados, que é de extrema
importância para os processos de análise de fluxo de dados e análise de dependência
entre dados. Para além disso a utilização dos RegisterTransfer permite em parte tornar a
representação das árvores mais linear e representar as trocas entre dados que antes se
encontravam camufladas nas árvores.
Surge assim, uma classe designada por DataTransfer, cuja a finalidade é, à
semelhança do RegisterTransfer, controlar as trocas de dados e acrescentar a
informação que faltava às árvores, em comparação com os tuplos. A alteração do nome
deve-se a que os objectos tipo DataTransfer, não controlam apenas as transferências de,
para e entre Registers, como se poderá ver mais adiante.
O que à primeira vista pode ser uma simples alteração conceptual, na prática trás
algumas complicações, o problema é que não é fácil relacionar estes dois tipos de
objectos. A solução mais viável é fazer com que cada operação da árvore de expressões
corresponda a um DataTransfer, mas nem todos os objectos do tipo DataTransfer, estão
associados a um nodo de uma árvore. Alguns porque descrevem as tais trocas que não
são possíveis de representar numa árvore e outros porque descrevem alguns aspectos
conceptuais, que não se encontram directamente relacionados com representação do
código. No entanto desde que a representação das árvores de expressões se mantenha
íntegra, os DataTransfers excedentes em nada afectam os processos que funcionam
exclusivamente sobre árvores, uma vez que é função do TreeSelector determinar quais
os DataTransfers é que são relevantes para a construção das árvores de expressões e
desprezar os restantes. Assim sendo é possível existir DataTransfers com informação
relevante apenas para os processos que funcionam sobre a MIR.
A estrutura hierárquica da classe DataTransfer encontra-se organizada da seguinte
forma:

DataTransfer
Assignment
AttribAssignment
LabelAssignment

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My Intermediate Representation 69

JumpAssignment
CondJumpAssignment
ReturnAssignment
PhyAssignment

Antes de se descrever cada uma das classes descendentes de DataTransfer, há que


apresentar os seus atributos:

flowNode - FlowNode ao qual o DataTransfer pertence.


target - Expression que representa o destino onde colocar o resultado do
DataTransfer.
source - Expression que representa o resultado a colocar em target.
flowDependents - Conjunto dos DataTransfers que dependem do resultado do
actual DataTransfer.
flowSupporters - Conjunto dos DataTransfers do qual o actual DataTransfer
depende.

É de realçar que nem todos os descendentes de DataTransfer utilizam o target e o


source.
As duas últimas variáveis fazem parte do sistema de suporte à análise de dependência
e de fluxo de dados, sendo a sua gestão feita durante o próprio processo de geração da
representação intermédia.

Assignment

Register target

source Expression

Expression Expression

Fig. 4.1 – Classe Assignment.

Classe Assignment
A classe Assignment é o tipo de DataTransfer de utilização genérica, a única
restrição é que o LHS tem que ser um Register, permitindo assim identificar trocas de
dados entre uma qualquer expressão que se encontre do RHS para um pseudo-registo.
Esta classe encontra-se representada na Fig. 4.1, onde se pode identificar o target do
tipo Register e o source que representa uma qualquer Expression.
A atribuição de uma Expression a source actualiza as estruturas de suporte à análise
do fluxo de dados. Para tal, o método responsável pela atribuição desta variável

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70 My Intermediate Representation

determina quais os DataTransfers responsáveis pelos resultados dos descendentes de


source. Uma vez conhecidos, actualiza os respectivos flowDependents e o
flowSupporter do actual DataTransfer.

Classe AttribAssignment
Este tipo de DataTransfer permite identificar transferências de dados entre uma
qualquer expressão e uma variável em memória. A sua função principal é indicar
quando é que se deve actualizar o valor em memória de uma variável. Como tal, o
target é sempre do tipo Memory e o source do tipo AsgnExpression, este último é uma
classe derivada de Expression, do tipo BinaryExpression, cuja função é identificar
directamente operações de atribuição.

Assignment

Register target

source Expression

Expression Expression

AttribAssignment

Memory target

source AsgnExpression

Fig. 4.2 – Classes AttribAssignment e AsgnExpression.

Por defeito o Memory fica associado ao descendente esquerdo do AsgnExpression,


enquanto que no descendente direito fica a expressão que deriva no resultado a atribuir
à variável, a qual deve possuir um Assignment próprio conforme se encontra ilustrado
na Fig. 4.2.
Esta classe possui uma variável, a nextAtrib, que guarda a indicação de quais os
DataTransfers responsáveis pela próxima atribuição a esta variável. A sua gestão pode
ser feita aquando da geração da representação intermédia ou após esta estar feita. A
primeira opção necessita da colaboração da Tabela de Identificadores, mais
concretamente da variável IDreg e de alguma colaboração do gerador da representação
intermédia. Já a segunda solução utiliza um algoritmo próprio.

Classe LabelAssignment
Esta classe destina-se a identificar as posições onde é necessário inserir labels.
Encontra-se normalmente associada aos objectos da classe FlowNode, como se poderá

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My Intermediate Representation 71

ver mais adiante. O único atributo que contém é o label, que identifica uma Expression
do tipo Label. Esta última classe apenas possui um identificador, que é único e é
atribuído aquando da instanciação deste tipo de objectos.

LabelAssignment

label Label

Fig. 4.3 – Classes LabelAssignment e Label.

Classe JumpAssignment
Este tipo de DataTransfers serve para identificar operações de salto incondicional. A
sua utilização está sempre associada a um determinado tipo de FlowNode, o JumpNode.
Esta classe possui apenas uma única variável, a jpexp, que é do tipo Jump. Esta
última permite que lhe seja associado um objecto da classe Label, e cuja função é
identificar a posição para onde se deve efectuar o salto. A ligação entre estas classes
encontra-se representada na Fig. 4.4.

JumpAssignment

jpexp Jump

LabelAssignment

label Label

Fig. 4.4 – Classes JumpAssignment e Jump.

Classe CondJumpAssignment
Este é o tipo de DataTransfer que identifica operações de salto condicional. À
semelhança da classe anterior, a sua utilização está directamente associada a um
determinado tipo de FlowNode, o CondJumpNode.
Esta classe possui apenas uma variável, a cjpexp, da classe CondJump. Esta última
descreve toda a operação necessária à execução de um salto condicional. Como tal, está
associada a uma condição de teste e a dois objectos do tipo Label, para os quais se
realizam os saltos, mediante o valor da condição.
Como esta operação necessita de três argumentos, é necessário recorrer a alguns
mecanismos auxiliares de forma a manter a coerência com o sistema de expressões
binárias utilizadas pelo BEDS.

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72 My Intermediate Representation

Para tal o CondJump possui um objecto da classe ArgExpression, que é um


descendente de Expression e cuja finalidade é unicamente decompor expressões com
mais do que dois argumentos em expressões binárias. Desta forma, à variável left de
CondJump está associada a condição e à variável right a ArgExpression, cujos
descendentes são as duas Labels. A representação esquemática encontra-se na Fig. 4.5.

Assignment

Register target

source Expression

Expression Expression

CondJumpAssignment

cjexp CondJump

ArgExpression

LabelAssignment LabelAssignment

label Label label Label

Fig. 4.5 – Classes CondJumpAssignment, CondJump e ArgExpression.

Classe CallAssignment
Os objectos desta classe pretendem descrever as chamadas de funções ou
procedimentos. O target está ligado a um Register e o source a uma Expression do tipo
Call. Este, por sua vez, possui como descendente esquerdo um objecto do tipo Function
que assinala a função/procedimento a invocar e do lado direito a lista de argumentos, ou
seja, a lista das expressões das quais resultam os argumentos. Quando existe mais do
que um argumento é necessário utilizar o ArgExpression. A Fig. 4.6 ilustra a utilização
desta classe.

Classe ReturnAssignment
O ReturnAssignment serve para identificar as operações de retorno de funções, as
quais estão sempre associadas aos FlowNodes do tipo ReturnNode.

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My Intermediate Representation 73

Esta classe possui uma variável da classe Return que é descendente de Expression, a
qual está associada, caso exista, à expressão que dá origem ao valor a retornar. A
relação entre estas classes encontra-se representada na Fig. 4.7.

Assignment

source Expression

Register target
Expression Expression

Assignment

source Expression

Register target
Expression Expression

CallAssignment

Register target

source Call

Function ArgExpression

Fig. 4.6 – Classes CallAssignment e Call.

Classe PhyAssignment
Esta classe é exclusiva dos mecanismos necessários ao SSA, a sua função é assinalar
a presença de funções Φ(...). Não possui qualquer variável específica uma vez que a
informação de que necessita é determinada através dos mecanismos que implementam a
análise do fluxo de dados.
Como se poderá ver no capítulo 5.3, estes DataTransfer são inseridos pelo processo
que converte a representação não-SSA em SSA. É ainda possível inserir estes
DataTransfer aquando da geração da representação intermédia, mas infelizmente tal só
é possível para linguagens bem “comportadas”, ou seja, linguagens sem operações do
tipo goto ou com vários returns.

Quanto à classe DataTransfer, como forma de representação, está quase tudo dito. O
que falta referir está relacionado com as estruturas de dados que foram necessárias
introduzir para o funcionamento dos restantes módulos do BEDS, mas tal será feito nos

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74 My Intermediate Representation

respectivos capítulos. Convém apenas sublinhar que, apesar dessas estruturas estarem
incluídas noutros projectos, são elas que dão razão de ser aos DataTransfer.

Assignment

source Expression

Register target
Expression Expression

ReturnAssignment

retexp Return

Fig. 4.7 – Classes ReturnAssignment e Return.

4.3.4 Classe FlowNode

Apesar dos objectos da classe Expression e da classe DataTransfer, por si só já


formarem uma excelente forma de representação, é por vezes necessário ter uma
perspectiva mais global de como está estruturado o programa a representar.
Para tal existe a classe FlowNode cujos objectos servem para agrupar os
DataTransfers em conjuntos, os quais quando interligados entre si permitem representar
as estruturas de controlo de um programa, sendo esta a sua principal função. Mas, a
utilização dos DataTransfer como um conjunto, permite ainda decompor a
representação possibilitando um tratamento localizado, o que facilita muitas das tarefas
do back-end. Para além disso permite uma melhor gestão da informação, uma vez que
esta é feita por conjuntos e não por indivíduos. É evidente que a maior parte dessa
informação não está relacionada com a caracterização dos DataTransfers mas sim com
a estruturação do programa.
As variáveis mais importantes desta classe, são:

funct - Function ao qual o FlowNode pertence.


startNode - Indica se o actual FlowNode é o nodo inicial do programa.
endNode - Indica se o actual FlowNode é o nodo final do programa.
inEdges - Sequência com os FlowNodes que estão ligados ao actual
FlowNode.
outEdges - Sequência com os FlowNodes ao qual o actual FlowNode se
liga.

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My Intermediate Representation 75

As duas últimas variáveis fazem parte do suporte à análise de fluxo de controlo e


representam respectivamente o conjunto dos nodos antecessores e o conjunto dos nodos
sucessores. A ordem, segundo a qual os nodos estão guardados em inEdges e em
outEdges é extremamente importante. No primeiro caso, serve para relacionar os
FlowNodes com os argumentos das funções Φ(...). Assim a posição ocupada pelo
argumento na função Φ(...), é a mesma que ocupa o FlowNode, responsável por
determinar o valor desse argumento, em inEdges. Na realidade não é o FlowNode quem
determina o valor do argumento, mas sim um dos DataTransfers contidos nesse
FlowNode. No caso do outEdges existe uma relação entre a posição que o FlowNode
ocupa e a semântica a ele associado. Esta situação é explicada mais adiante.
A classe FlowNode encontra-se estruturada da seguinte forma:

FlowNode
GenericNode
JumpNode
CondJumpNode
ReturnNode
IntervalNode

Apenas os objectos da classe GenericNode e respectivos descendentes servem para a


descrição da representação intermédia. O IntervalNode funciona como estrutura de
apoio e é utilizado essencialmente na análise estrutural para a construção da árvore de
controlo.
inEdges

JumpNode
block
lassign LabelAssignment

...

jassign JumpAssignment

outEdges

Fig. 4.8 – Classe JumpNode.

Classe GenericNode
Esta classe não é directamente utilizada na representação intermédia, pois destina-se
apenas a conter as variáveis que são comuns às classes que dela descendem.

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76 My Intermediate Representation

As variáveis que a compõem são: o block, que é uma sequência com todos os
DataTransfers contidos em GenericNode; e a lassign, do tipo LabelAssignment que
permite associar uma Label ao início do GenericNode. O lassign é sempre o primeiro
DataTransfer de block.

Classe JumpNode
Esta classe serve para representar qualquer bloco de instruções (DataTransfers), que
termine com uma operação de salto incondicional, como tal possui uma variável, a
jassign, do tipo JumpAssignment com toda a informação associado à operação de salto.
O jassign ocupa sempre a última posição de block. A Fig. 4.8 ilustra a composição desta
classe.

Classe CondJumpNode
Os blocos de instruções que terminem com uma operação do tipo salto condicional
são representados por objectos da classe CondJumpNode. As principais diferenças em
comparação com a classe anterior, é que esta possui no lugar do JumpAssignment, um
CondJumpAssignment e o outEdges está ligado a dois GenericNode, um por onde
continua a execução do programa caso a condição seja verdadeira e outro para o caso
desta ser falsa.

Classe ReturnNode
Esta classe serve para representar os conjuntos de instruções que terminam com uma
operação do tipo retorno. Ao contrário das duas classes anteriores não possui elementos
em outEdges e o último DataTransfer de block é um ReturnAssignment.

Classe IntervalNode
Este é um tipo de FlowNode cuja principal característica é permitir conter outros
FlowNodes. Destina-se a ser utilizado fundamentalmente pela análise estrutural. A qual,
como já atrás se disse, tem por objectivo construir a árvore de fluxo de controlo a partir
do respectivo grafo, em que para tal é necessário reconhecer determinados padrões pré-
definidos, formados por vários nodos e que representam estruturas condicionais e
cíclicas conhecidas, os quais são posteriormente substituídos por um único objecto desta
classe. O objectivo final é reduzir o grafo de fluxo de controlo a um único nodo deste
tipo. As variáveis desta classe são:

flowNodes - O conjunto de todos os FlowNodes que compõem o


IntervalNode.
region - Identifica o tipo de estrutura de controlo cujos FlowNodes
contidos em IntervalNode representam.
rootNode - Identifica o FlowNode inicial do conjunto contido em
IntervalNode.

O IntervalNode pode possuir diversos FlowNodes em inEdges e em outEdges, a sua


ordenação vai depender das convenções estabelecidas para cada tipo de region,
encontrando-se já definidas as seguintes:

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My Intermediate Representation 77

Null - Valor por defeito atribuído a region.


Block - Representa um bloco simples de código.
IfThen - Representa uma estrutura do tipo If ... Then ... .
IfThenElse - Representa uma estrutura do tipo If ... Then ... Else... .
Case - Representa uma estrutura do tipo Switch ... Case ... .
Improper - Representa estruturas não cíclicas, normalmente contendo
goto’s.
SelfLoop - Representa uma estrutura do tipo While ..., sem corpo (ciclo de
espera).
WhileLoop - Representa uma estrutura do tipo While ... do ... .
Terminal - Representa um único GenericNode.
Proper - Serve para representar estruturas não identificáveis com
nenhuma das anteriores.

Após esta descrição da classe FlowNode, pode-se dizer que o grafo de controlo de
fluxo (CFG) de um programa, é, na representação MIR, formado por um conjunto de
GenericNodes, o qual contém mais dois elementos do que o número de vértices do CFG
original, que são o startNode e endNode.

Conclui-se assim a apresentação da MIR, de onde se espera que as explicações


fornecidas tenham sido suficientes para compreender esta forma de representação e
permitam perceber os restantes capítulos desta tese.

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78

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Optimização 79

5 Optimização

A fase de optimização, como já foi dito, é uma das fases mais importantes de um
compilador moderno e tende a ganhar cada vez mais relevo. Tal facto deve-se a que as
exigências actuais não se padecem com a construção de simples tradutores de código
fonte em código final, com base em técnicas ad doc. É exigido muito mais do que isto,
pretende-se compiladores que retirem o máximo proveito das potencialidades do
processador para o qual são construídos.
De notar que a velocidade de execução de um programa não depende só da
velocidade do processador, mas também da eficiência do código objecto; além de que a
quantidade de recursos necessárias à execução desses mesmos programas é em grande
parte determinada pelo processo de compilação.
Não é por uma qualquer razão que esta área é uma das mais activas de entre as
muitas que compõem o universo das áreas associadas ao desenvolvimento de geradores
de código. Não pelos processos de optimização em si, mas sim pelas diferentes formas
como estes são implementados, as quais têm evoluído a par dos modelos de
representação e das infra-estruturas possíveis de associar a estes modelos. É como tal
praticamente impossível falar de optimizações, sem falar das várias formas de análise
fundamentais à sua implementação. Pretende-se aqui (neste capítulo) focar aquelas que
são relevantes aos vários projectos que compõem o BEDS, das quais fazem parte a
análise do fluxo de controlo, a análise do fluxo de dados e alguns conceitos sobre a
análise de dependência entre dados.

5.1 Análise do fluxo de controlo

A análise do fluxo de controlo permite manter o conhecimento sobre a estrutura de


um programa, fornecendo informação de como estão organizados os diversos blocos de
código e da relação entre estes. Para tal, recorre-se normalmente a estruturas em forma
de grafos orientados e consequentemente aos algoritmos por estes utilizados. Dentro
deste contexto estes grafos serão designados por grafos de fluxo de controlo (CFG).

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80 Optimização

Como se viu no capítulo anterior, as infra-estruturas de suporte a este tipo de análise


encontram-se implementadas através das variáveis da classe FlowNode, denominadas
inEdges e o outEdges. Estas não são mais do que duas listas de adjacências, onde o
outEdges guarda os FlowNodes adjacentes segundo o fluxo de controlo e o inEdges os
FlowNodes adjacentes segundo o sentido contrário ao fluxo de controlo. Estas duas
estruturas em conjunto com flowNodes da classe Function, que armazena todos os
nodos de uma função/procedimento, mantêm toda a informação necessária sobre a
organização de um programa (função). De notar que inEdges e outEdges não são mais
do que os conjuntos dos antecessores e dos sucessores de um vértice. A Fig. 5.1 mostra
um exemplo de um CFG e as respectivas listas de adjacências.

Nodo 1
Nodo 1 Nodo 2 Nodo 3

Nodo 2 Nodo 3 Nodo 2 Nodo 5

Nodo 3 Nodo 4
Nodo 4

Nodo 4 Nodo 5 Nodo 3


Nodo 5
Nodo 5 Null

Fig. 5.1 – Exemplo de um CFG e da respectiva lista de adjacências.

A Fig. 5.2 ilustra a representação MIR das listas de adjacências dos três primeiros
nodos do CFG da Fig. 5.1.

inEdges Null

Nodo 1
outEdges Nodo 2 Nodo 3

inEdges Nodo 1
Nodo 2
outEdges Nodo 5

inEdges Nodo 1 Nodo 4


Nodo 3
outEdges Nodo 4

Fig. 5.2 – Representação da lista de adjacências dos 3 primeiros nodos do grafo da Fig. 5.1.

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Optimização 81

5.1.1 Árvore do fluxo de controlo

Apesar da informação associada ao inEdges e ao outEdges permitir identificar todos


os caminhos possíveis de um programa, falta-lhe alguma semântica, como por exemplo,
perceber que estruturas de controlo se encontram representadas no grafo, ou quais as
componentes dessas estruturas. Este tipo de informação pode por vezes, ser facilmente
perceptível, mas nem sempre tal acontece. Por exemplo, no grafo da Fig. 5.1 facilmente
se percebe que o Nodo 1 representa parte de uma estrutura condicional do tipo If ... then
... else ... . Convencionando que o descendente esquerdo representa o percurso a
executar caso a condição seja verdadeira, então também é fácil perceber que o Nodo 2
corresponde ao conjunto de instruções a executar nessa situação, mas não é tão fácil
perceber qual ou quais os nodos a executar caso a condição seja falsa.
Para tal faz falta construir o que se designa por árvore de controlo. Como o nome
indica, trata-se de uma árvore em que cada nodo pode possuir vários descendentes e
onde apenas as folhas representam nodos simples; os restantes nodos da árvore servem
apenas para representar composições de nodos do grafo.
Como se poderá ver em secções posteriores, a árvore de controlo é fundamental para
os processos que necessitam de “linearizar” o grafo de fluxo como, por exemplo, para a
selecção de instruções.
Existem, pelo menos, duas técnicas possíveis de utilizar na construção das árvores de
controlo a partir do respectivo grafo de fluxo: uma utiliza a análise de intervalos e outra
a análise estrutural. Esta última foi a técnica utilizada no BEDS que não é mais que uma
forma alternativa de realizar a análise de intervalos.
Antes de se apresentar estas técnicas, é conveniente definir uma das propriedades dos
grafos, a redutibilidade.
Se for possível decompor um grafo em vários sub-grafos, cada um formado por um
subconjunto dos nodos do grafo original e por todas as transições do mesmo, que
interligam os nodos do sub-grafo entre si, de tal forma que, este possa ser substituído
por um nodo do tipo IntervalNode e se for possível aplicar este processo de
decomposição/substituição até se obter um único nodo do tipo IntervalNode, que
represente todo o grafo original, diz-se então que este é redutível.
A redução obedece sempre a um conjunto de transformações com as quais deverá ser
possível reduzir o grafo a um único nodo. No caso de grafos não redutíveis é por vezes
possível isolar a parte que não o é e reduzi-la a um único nodo, o qual é classificado
como região Imprópria e que funciona como uma espécie de região desconhecida, ou
seja, que não obedece a nenhuma das transformações descritas. Outra hipótese consiste
em decompor a parte não redutível através de uma técnica designado por node splitting,
de forma a tornar o grafo redutível.
As duas técnicas que se apresentam em seguida permitem realizar o processo de
redução do grafo de fluxo.

5.1.2 Análise de intervalos

A utilização da análise de intervalos como forma de implementar a análise do fluxo


de controlo passa, em primeiro lugar, por dividir o grafo em regiões que obedeçam a
padrões pré-definidos. Estas regiões compostas por dois ou mais nodos são
posteriormente substituídas por um único nodo abstracto (IntervalNode). O qual, para

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82 Optimização

todos os efeitos representa o conjunto de nodos que compõem a região, designadamente


nas ligações com os nodos exteriores.
É através de sucessivas identificações das regiões e respectivas substituições, que é
possível reduzir o grafo a um único nodo do tipo abstracto, o qual representa a raiz da
árvore de controlo e onde os nodos que o compõem são os seus descendentes directos
na árvore. As folhas desta são sempre os nodos do grafo de fluxo.

Exemplo 5.1
Pretende-se mostrar a aplicação de uma forma de análise de intervalo, conhecida
por T1-T2 interval analysis, na redução do grafo da Fig. 5.1. Este tipo de análise
utiliza apenas as duas seguintes transformações para reduzir o grafo:

T1 T2

N1
N1,2 N1 N1
N2

O processo de redução encontra-se representado na Fig. 5.3, onde numa primeira


fase são detectados dois blocos, um do tipo Impróprio e uma sequência simples (T1),
ambos são substituídos. Numa segunda fase detecta-se um SelfLoop e numa terceira
fase restam dois nodos que formam uma região Imprópria. Esses dois nodos da
região Imprópria, não são mais reduzidos, mas são aglutinados dando origem ao
nodo único que representa todo o grafo. A respectiva árvore de controlo encontra-se
representada na Fig. 5.4.
1ª Fase
Nodo 1 Nodo Nodo
1,2,5 3,4

Nodo 2 Nodo 3 2ª Fase

Nodo 4 Nodo Nodo


1,2,5 3,4

Nodo 5 3ª Fase

Nodo
1,2,3,4,5

Fig. 5.3 – Redução do grafo da Fig. 5.1, segundo a análise T1-T2.

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Optimização 83

Devido ao número muito restrito de transformações e da forma como estas são


aplicadas, este tipo de análise não permite obter grandes resultados. Torna-se ainda
menos atractiva quando utilizada para reconhecer padrões que se encontram em
situações muito enredadas. Em contrapartida é simples de perceber e implementar, e se
considerar-mos que foi uma das primeiras soluções propostas para este tipo de análise,
até que é aceitável.

Nodo
1,2,3,4,5

Nodo Nodo
1,2,5 3,4

Nodo 1 Nodo 2 Nodo 5 Nodo


3,4

Nodo 3 Nodo 4

Fig. 5.4 – Árvore de controlo resultante da análise T1-T2 para o grafo da Fig. 5.1.

5.1.3 Análise Estrutural

Com o objectivo de melhorar a forma de reconhecimento, permitindo distinguir


qualquer tipo de região que se pretenda definir, independentemente do seu enredo,
surgiu uma solução com base nos algoritmos da análise sintáctica para reconhecimento
de expressões, os quais foram sujeitos a diversas alterações de forma a viabilizar a sua
utilização sobre grafos, uma vez que por defeito são aplicados a estruturas em árvore
(de sintaxe).
Com este tipo de abordagem é possível definir praticamente qualquer tipo de região,
nomeadamente as regiões que identificam as estruturas de controlo da própria
linguagem fonte. Mas mais do que isso, permite detectar regiões que apesar de não se
encontrarem descritas directamente pela linguagem fonte, existem pela própria forma
como se encontra organizado o programa. Estas situações são vulgares para as
linguagens que permitem a utilização conjunta de if’s e goto’s, através dos quais é
possível implementar estruturas de controlo mais elaboradas, como while, repeat until,
etc, sem que tal seja detectado no reconhecimento da linguagem fonte.
O algoritmo de reconhecimento foi retirado do Advanced Compiler Design and
Implementation, de Steven Muchnick [Much97].

Descrição do Algoritmo de Análise Estrutural


O algoritmo utilizado começa por realizar uma travessia do tipo pré-order sobre o
grafo (à semelhança das árvores), marcando todos os nodos com um número de ordem

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84 Optimização

que indica a “camada” a que este pertence em relação a todo o grafo. Para tal foi
necessário acrescentar à classe FlowNode as seguintes variáveis:

hasBeenVisited - Indica se o nodo já foi visitado no processo de travessia do


grafo.
topNumber - Indica o número de ordem do nodo atribuído aquando da
travessia.
interval - Identifica o IntervalNode do qual o nodo faz parte.

Depois pega no nodo de menor ordem e a partir dele tenta identificar algum tipo de
região. É importante dizer, que uma das poucas restrições desta análise, é que as regiões
só podem ter um único ponto de entrada, pelo que o nodo seleccionado acaba por ser o
único que possui antecessores exteriores à região a identificar.
A identificação das regiões, no algoritmo utilizado, faz-se em duas fases: numa
primeira tenta-se construir a partir do nodo inicial uma região do tipo acíclico; caso não
seja possível, passa-se a uma segunda fase, a qual testa se o nodo inicial faz parte de
uma região do tipo Impróprio ou do tipo cíclico.
Após se ter determinado o tipo de região, esta é reduzida a um nodo abstracto,
obrigando a redireccionar todas as transições que se fazem entre os nodos que
pertencem à região e os nodos exteriores a esta e actualizando a variável interval de
cada nodo.
Sempre que ocorre uma redução, inicializa-se o processo, o qual se repete até que
não seja possível executar mais nenhuma redução, ou seja, até que se obtenha um único
nodo.

Tipo de regiões
Como já se referiu, as regiões podem ser de três grandes classes: acíclica, cíclica ou
impróprias. As primeiras e como o próprio nome indica, caracterizam-se por não
conterem caminhos cíclicos dentro da região que descrevem. A solução implementada
permite detectar os seguintes tipos: Block, IfThen e IfThenElse, que se encontram
representados na Fig. 5.5.

Block IfThen IfThenElse

B1 B1 B1

...
B2 B2 B3

Bn

Fig. 5.5 – Exemplos de regiões acíclicas.

Nas regiões cíclicas existe sempre caminho entre dois quaisquer nodos. A solução
implementada permite identificar as seguintes regiões: SelfLoop, WhileLoop e o
NaturalLoop, que estão representados na Fig. 5.6.

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Optimização 85

WhileLoop SelfLoop NaturalLoop

B1
B1
B1

B2
B2

Fig. 5.6 – Exemplos de regiões cíclicas.

As regiões Impróprias envolvem normalmente sub-regiões cíclicas, mas que não se


encaixam em nenhuma das anteriores. Na Fig. 5.7 encontram-se alguns exemplos deste
tipo de regiões.
Improper Improper

B1 B1

B2 B3 B2 B3 B4

Fig. 5.7 – Exemplos de possíveis regiões impróprias.

Exemplo 5.2
Pretende-se ao longo deste exemplo mostrar como todo o processo da análise
estrutural se desenrola para o grafo da Fig. 5.1.

Nº de Ordem
0 Nodo 1
0 Nodo 1

1 Nodo 2 Nodo 3 1 1 Nodo 2 Nodo 3

2 Nodo 5 Nodo 4
2 Nodo 4

2 Nodo 5

Fig. 5.8 – Ordenação preorder do grafo.

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86 Optimização

A análise começa por realizar uma travessia preorder do grafo, numerando os


nodos pela ordem segunda a qual devem ser processados. O que no presente caso
resulta na ordenação apresentada na Fig. 5.8. De seguida escolhe-se o nodo de menor
ordem, que neste caso é o Nodo 1 e tenta-se reconhecer alguma das regiões atrás
definidas. Como tal não é possível, então escolhe-se o seguinte nodo de menor
ordem, que pode ser o Nodo 2 ou o Nodo 3. O Nodo 2 também não permite
identificar nenhuma região, mas já o Nodo 3 permite identificar uma região do tipo
Block, composta por ele próprio e pelo Nodo 4. Procede-se então à redução obtendo-
se o grafo representado na Fig. 5.9.

Nodo 1

Nodo
Nodo 2
(3,4)

Nodo 5

Fig. 5.9 – Resultado da primeira iteração da análise estrutural.

Volta-se a realizar a travessia preorder, ordenando novamente os nodos, onde a


única alteração a registar, deve-se aos nodos 3 e 4, que passam ambos a ser de ordem
2. De seguida selecciona-se o nodo de menor ordem, ou seja o Nodo 1, mas como
este não permite identificar nenhuma região, torna-se necessário escolher o próximo
nodo de menor ordem, que tanto pode ser o Nodo 2 ou o nodo abstracto (Nodo 3,4).
Este último permite identificar uma região do tipo SelfLoop. Reduz-se novamente o
grafo e volta-se a realizar a travessia preorder. Escolhe-se novamente o nodo de
menor ordem, o qual continua a ser o Nodo 1, mas que agora já permite identificar
uma região do tipo IfThenElse. Mais uma vez reduz-se o grafo e executa-se todo o
procedimento, detectando-se agora uma região do tipo Block; após a sua redução, é
concluído o processo, por se ter já atingido um só nodo. As várias fases encontram-se
representadas na Fig. 5.10.

IfThenElse Block

Nodo 1 Nodo
Nodo
(1,2,((3,4)))
((1,2,((3,4))),5)
Nodo
Nodo 2
((3,4))
Nodo 5

Nodo 5

Fig. 5.10 – Restantes fases do processo de redução do grafo.

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Optimização 87

O nodo final como já se disse representa a raiz da árvore de controlo de fluxo, que
para este exemplo se encontra representada na Fig. 5.11.

Block

IfThenElse Terminal
Nodo 5

Terminal Terminal SelfLoop


Nodo 1 Nodo 2

Block

Terminal Terminal
Nodo 3 Nodo 4

Fig. 5.11 – Árvore de controlo do grafo da Fig. 5.1.

5.2 Análise do fluxo de dados

A análise de fluxo de dados, pelo tipo de informação que permite obter, é uma das
principais formas de análise, funcionando de suporte a um grande número de rotinas do
processo de compilação. A sua função é determinar a forma como os dados (variáveis)
são manipulados no decorrer de um programa, função ou bloco de código. São várias as
informações que este tipo de análise e respectivas estruturas de dados permitem obter,
tais como: as posições onde ocorrem as definições de uma variável; as posições onde se
utiliza determinada definição de uma variável; as posições das definições que alcançam
determinada utilização; e que variáveis alcançam determinada posição do programa.
Nas secções que se seguem apresenta-se a forma como o BEDS se propõe
implementar os mecanismos necessários ao processo de análise do fluxo de dados, na
tentativa de obter, entre outras, as informações atrás referidas.

5.2.1 Listas de definições

As listas de definições guardam para cada variável o conjunto das posições do


programa, função ou bloco de código, onde se (re)definem as respectivas variáveis, isto
é, onde lhes é (re)atribuído um valor. Para tal e como já se viu, na classe CellIDTable
definiu-se uma variável designada por IDreg, que armazena todos os DataTransfers
cujas expressões dos LHS são Registers que representam a variável associada ao
CellIDTable. Desta forma é possível conhecer todos as posições do programa onde uma
dada variável é (re)definida.

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88 Optimização

Por forma a simplificar outras fases da análise do fluxo de dados e aumentar a


eficiência das pesquisas, optou-se por utilizar não uma lista de DataTransfers, mas sim
uma lista de (FlowNode, DataTransfer). Desta forma, dado um IDreg de uma variável e
um FlowNode é possível determinar todos os DataTransfers que a definem nesse nodo.
De notar que não é obrigatório que assim seja, visto ser possível determinar a partir de
um qualquer DataTransfer o FlowNode ao qual pertence.

CellIDTable
flowSupporters (a)
Assignment
IDreg
Register target Source Memory

flowDependents

flowSupporters
Assignment

Register target Source Constant

flowDependents

flowSupporters
Assignment

Register target Source AddExpression

flowDependents

AttribAssignment
Memory target

source AsgnExpression

Fig. 5.12 – Exemplo da representação MIR da expressão a = a+1.

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Optimização 89

5.2.2 DU-Chain e UD-Chain

Outro tipo de informação, que a análise do fluxo de dados e respectivas estruturas


deve fornecer, é, para cada definição de uma variável, a lista das posições onde esta é
utilizada, a qual se designa por Definition Uses - Chain, ou simplesmente por DU-
Chain.
O BEDS não implementa nenhum mecanismo dinâmico para determinar este tipo de
informação, opta antes por um sistema estático. Para tal, existe uma estrutura de dados
associada a cada DataTransfer, designada por flowDependents, a qual foi apresentada
em capítulos anteriores, onde se descreveu como sendo a lista dos DataTransfers onde é
utilizado o resultado do DataTransfer ao qual flowDependents está associada.
A sua gestão é relativamente simples, uma vez que é automaticamente preenchida
quando o resultado do respectivo DataTransfer é utilizado por um outro DataTransfer.
Para tal, há que lembrar que cada DataTransfer possui uma variável, designada por
source a qual representa uma Expression. Esta por sua vez descreve uma árvore de
expressões que pode possuir um ou dois descendentes, os quais também são
Expressions e também estão associados a DataTransfers. Desta forma, quando se faz a
atribuição de source, determinam-se os seus descendentes e os respectivos
DataTransfers, aos quais se actualizam os flowDependents.
Consegue-se assim, manter esta estrutura sempre actualizada, desde que ao destruir-
se um DataTransfer este seja removido de todos os flowDependents. Para tal, é
necessário que cada DataTransfer conheça quais os DataTransfers responsáveis pelos
resultados por ele utilizado, o que se consegue associando a este uma segunda lista,
designada por flowSupporters, que é gerida em simultâneo com o flowDependents. A
Fig. 5.12 exemplifica, para a expressão: a = a +1, a relação entre estas estruturas.
Existe ainda outro tipo de informação que a análise do fluxo de dados deve fornecer,
que é a lista das definições que alcançam determinada utilização de uma variável, o que
é vulgarmente designado por User Definitions – Chain, ou UD-Chain.
No entanto, como a utilização do SSA garante que em qualquer ponto de um
programa só se pode encontrar presente uma definição por variável, significa que as
UD-Chains nestas circunstâncias são compostas apenas por um ou nenhum elemento.
Pelo que se optou por não determinar directamente esta informação, uma vez que dado
um DataTransfer é sempre possível determinar a definição de uma variável por ele
utilizada, através do flowSupporter. No entanto é de acentuar que este último não é uma
UD-Chain.

5.2.3 Iterative Data Flow Analysis

Apesar dos mecanismos até aqui descritos já permitirem, por si só, fornecer bastante
informação, não se pode ainda falar de um processo de análise. Para além de mais,
espera-se que a análise do fluxo de dados permita obter mais informação do que aquela
que os mecanismos até aqui apresentados fornecem, como por exemplo, determinar o
alcance das variáveis num programa.
De forma genérica, a análise do fluxo de dados deve permitir controlar o processo
evolutivo de determinadas características associadas aos dados, ao longo da execução
de um programa. Uma das quais é a própria presença (alcance) da variável, ou seja,
determinar quando é que esta está presente ou deixa de estar ao longo da execução do

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90 Optimização

programa. No entanto, não se deve restringir a análise do fluxo de dados a este exemplo,
pois existem outras características inerentes aos dados cuja evolução pode ser traçada
através deste tipo de análise, como por exemplo, a evolução do valor das variáveis.
Existem diversas formas de implementar a análise do fluxo de dados, recorrendo
inclusive à análise estrutural e à análise de intervalos, apresentadas em secções
anteriores. O método utilizado pelo BEDS é um dos mais simples de perceber e de
implementar; designa-se por Análise Iterativa e, como se pretende, trabalha sobre grafos
orientados. Estes no entanto devem sempre possuir um nodo inicial e um nodo final, os
quais serão posteriormente reconhecidos respectivamente por startNode e endNode
(variáveis de FlowNode). Caso o grafo contenha mais do que um nodo de saída, é
necessário reestruturá-lo de forma a que todos esses nodos passem apontar para um
único nodo (de saída). A descrição que se faz desta análise e das respectivas definições
foi retirada do capítulo 8 do livro Advanced Compiler Design and Implementation
[Much97], mas o algoritmo final, utilizado na análise do alcance das variáveis é da
autoria de Gary Kildall [Kild73].

Conceito de reticulado e funções de fluxo


A análise do fluxo de dados processa-se operando sobre elementos que representam
características das variáveis ou expressões. Os quais, devem ser independentes dos
valores de entrada e do fluxo de execução de um programa (em run time). À estrutura
algébrica composta por esses elementos, designa-se por reticulado.
Este assume formas distintas, mediante o tipo da análise a implementar, pelo que,
deve ser visto como um conceito abstracto, pelo menos, enquanto não se especificar
concretamente o tipo de características a controlar com a sua utilização.
Assim sendo, define-se abstractamente, um reticulado L como sendo um tipo de
entidade, que comporta um conjunto de elementos, que permite caracterizar o estado
da(s) característica(s) a controlar em determinada posição do grafo.
Os operadores dos reticulados, são definidos conforme o tipo dos elementos que o
compõem. Mas, praticamente todos os reticulados suportam os dois seguintes
operadores abstractos: o meet e o join, representados respectivamente por Π e por U.
No caso da análise do alcance (presença) das variáveis, os reticulados são
implementados com base em vectores de bits, onde o conjunto de todos os reticulados é
representado por BVn, em que n indica a dimensão dos vectores. Cada bit representa
uma definição de uma variável, o mesmo é dizer que, o valor de n depende do número
de definições que ocorrem no programa. Cada vector está normalmente associado a um
nodo do programa.
As operações meet e join são neste caso, implementadas através dos operadores
lógicos de conjunção e disjunção. No entanto, como os reticulados são sequências de
bits, não nos interessa realizar estas operações sobre os reticulados em si, mas sim sobre
os elementos que as compõem, o que é equivalente a realizar para cada um dos
operadores (conjunção e disjunção) o produto vectorial entre reticulados,.
Define-se então, a conjunção entre dois reticulados L1 e L2, que se representa por L1
∧L L2, como:

<x1,..., xn> ∧L <y1,..., yn> = < x1 ∧ y1, ..., xn ∧ yn> Eq. 5.1

onde ∧ é a operação de conjunção entre valores binários.


A disjunção entre reticulados, representada por L1 ∨L L2, define-se de forma
semelhante, ou seja:

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Optimização 91

<x1,..., xn> ∨L <y1,..., yn> = < x1 ∨ y1, ..., xn ∨ yn> Eq. 5.2

onde ∨ é a operação de disjunção entre valores binários.


Genericamente, diz-se que, para um qualquer reticulado L, existem dois elementos,
únicos, designados por top e bottom e representados respectivamente por T e por ⊥, tal
que:

∀ x ∈ L, x U T = T e x Π ⊥ = ⊥ Eq. 5.3

No caso da análise do alcance das variáveis, o mesmo será dizer que:

∀ x ∈ L, x ∨ T = T e x ∧ ⊥ = ⊥ Eq. 5.4

onde os valores de top e bottom que respeitam a equação anterior, são


respectivamente 1 e 0.
O top simboliza o valor dos elementos do reticulado no início do primeiro nodo do
programa (startNode) e o bottom o valor dos elementos do reticulado no fim do último
nodo do programa (endNode). No presente caso, pode-se dizer que se um dado elemento
(bit) de um reticulado está a zero, então a definição associada a esse elemento do
reticulado, alcança a posição (nodo) do programa onde se encontra localizado o
reticulado, caso contrário o bit está a um.
Como anteriormente se referiu, os reticulados existem como forma de representar a
evolução das componentes de um programa, quer estas sejam variáveis, expressões, ou
qualquer outra forma de representação da informação. A sua distribuição ao longo de
um programa varia consoante o tipo da componente a controlar, podendo estar
posicionadas, por exemplo, no início, ou no fim de cada nodo, em cada expressão, etc.
Mas traduzindo sempre a evolução das componentes a analisar, através das diferenças
que existem de reticulado para reticulado e que resultam das transformações impostas
pelo programa nas componentes a analisar. As funções que descrevem as diferenças de
reticulado para reticulado, são designadas por funções de fluxo e formalmente definidas
da seguinte forma:

FB: L  L Eq. 5.5

Em que L representa o conjunto dos reticulados e B representa o conjunto de


instruções do programa que é responsável pela transformação FB. Ou seja, para cada
conjunto de instruções entre dois quaisquer reticulados A e B, tal que A precede B (entre
reticulados e segundo o fluxo do programa), existe sempre uma função de fluxo que
traduz o efeito destas instruções sobre um qualquer valor do reticulado A, de forma a
obter o valor do reticulado B.
O objectivo da análise do fluxo de dados consiste então, em determinar o valor final
de todos os reticulados do programa, o que normalmente se designa por solução MOP –
meet over-all paths. Para tal, começa-se por escolher um possível valor a atribuir ao
reticulado de entrada (do programa), a partir do qual se determinam os restantes
reticulados, utilizando as funções de fluxo que ocorram ao longo de todos os caminhos
possíveis do grafo, desde o startNode e de nodo em nodo até chegar ao endNode. E
sempre que, para um dado nodo onde exista pelo menos um reticulado, convirjam dois
ou mais caminhos, realiza-se o meet entre os reticulados precedentes que alcançam esse
nodo.

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92 Optimização

Formalmente define-se MOP da seguinte forma: dado um grafo G, formado por um


conjunto de FlowNodes; um conjunto PB com todos os caminhos possíveis que vão
desde o startNode até à posição B; uma função de fluxo FB(...) correspondente ao bloco
de instruções associado a B; uma função FP(...), que represente a composição das
funções de fluxo que ocorrem ao longo de um dos caminhos entre o startNode e a
posição B, tal que:

FP = FBn ° ... ° FB1 Eq. 5.6

e o valor do reticulado inicial do programa, representado por Vinicial, define-se então a


MOP da seguinte forma:

MOP(B)= I F (V P inicial ),Bi = startNode,..., Bn Eq. 5.7


p∈PBi

O algoritmo da Análise Iterativa


Após a apresentação de alguns conceitos fundamentais aos processos de análise do
fluxo de dados e mais concretamente da análise do alcance das variáveis, é chegada a
altura de ver como se procedeu à sua implementação. Mas antes, faz falta definir a
noção de alcance. Diz-se então que, uma variável alcança determinado ponto do
programa, função ou bloco de código, se e só se, existir pelo menos um caminho entre
uma qualquer definição dessa variável e esse ponto.
Praticamente todas as formas de análise, dentro das quais se inclui a Análise
Iterativa, que pretendam obter este tipo de informação, recorrem à utilização de
reticulados compostos por sequências de bits, posicionados à entrada ou à saída de cada
bloco simples de código. Cada bit da sequência representa a definição de uma variável e
mediante o seu valor, assinala se esta alcança ou não a posição onde se encontra
posicionada a sequência.
A implementação desta forma de reticulados sobre a estrutura da MIR, é feita
associando a cada FlowNode um vector de bits, designado por in, que indica quais são
as variáveis que alcançam o início de cada FlowNode. Para esse vector define-se a
seguinte função:

AliveIn: FlowNode  BitVector Eq. 5.8

que recebe como parâmetro um FlowNode e devolve o vector de bits in.


É de notar que os vectores de bits estão associados aos FlowNodes e não aos
DataTransfers como seria o ideal. É que se assim não fosse, seria necessário uma
quantidade substancial de memória, sem que tal acarretasse um grande acréscimo na
informação fornecida. No entanto, os mecanismos fornecidos pelo BEDS permitem que
se determine este tipo de informação para cada DataTransfer, recorrendo a uma solução
mista, que consiste em determinar que variáveis é que alcançam cada nodo e depois,
localmente e de forma dinâmica, determinar quais as que alcançam determinado
DataTransfer.
Parte-se do princípio que inicialmente as variáveis não alcançam qualquer ponto do
programa, o mesmo será dizer que os vectores de bits estão todos preenchidos com uns,
de tal forma que:

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Optimização 93

AliveIn(i) = 1 = <1...1> , ∀ i ∈ {FlowNode} Eq. 5.9

e que é sempre verdade que:

AliveIn(startNode) = 1 = <1...1> Eq. 5.10

Define-se ainda, uma função que dado um nodo devolve um vector de bits
assinalando que variáveis são (re)definidas dentro desse nodo (0- (re)definida, 1-
inalterada), da seguinte forma:

Def: FlowNode  BitVector Eq. 5.11

O que não é mais do que a função de fluxo do respectivo FlowNode. De notar que
Def(...) não assinala mais do que o início de cada definição.
O vector de bits que se obtém à saída do FlowNode resulta da operação de meet entre
o resultado de Def(...) e o resultado de AliveIn(...), de tal forma que:

AliveOut: FlowNode  BitVector Eq. 5.12

AliveOut(B) = AliveIn(B) Π Def(B) Eq. 5.13

ou seja:

AliveOut(B) = AliveIn(B) ∧L Def(B) Eq. 5.14

O algoritmo é obtido a partir da iteração do seguinte conjunto de equações, para


todos os nodos do grafo e até que se obtenha uma solução estável para todos os
reticulados:

Vinicial , i = startNode

AliveIn(i) = Eq. 5.15

I AliveOut(p), i ≠ startNode
p∈inEdges ( i )

O que resulta no seguinte algoritmo:

Proc DF_IterateAnalyse ( inout: N, in: startNode, in: Vinicial)


N :Set(FlowNode)
startNode :FlowNode
Vinicial :Reticulado
Início
b, p : FlowNode
WorkList :Queue(FlowNode)
effect, totaleffect : Reticulado
Para ∀ p ∈ N \ {startNode} Fazer

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94 Optimização

Enqueue( WorkLst, p)
AliveIn(b)  T
FimPara
AliveIn(startNode)  Vinicial
Repetir
b  Dequeue( WorkList,)
totaleffect  T
Para ∀ p ∈ Antecessores(b) Fazer
effect  AliveOut(p)
totaleffect  totaleffect Π effect
Se AliveIn(b) ≠ totaleffect Então
AliveIn(b)  totaleffect
Enqueue( WorkList, b)
FimSe
FimPara
Até Que WorkList = ∅
Fim

Fig. 5.13 – Algoritmo para determinar o alcance das variáveis.

O algoritmo começa por criar um queue auxiliar, a WorkList, com todos os nodos do
grafo excepto o startNode, depois inicializa os reticulados, com Vinicial para o startNode
e com top para os restantes. À partida estes dois valores (top e Vinicial) são iguais, mas
pode acontecer que se pretenda controlar a evolução das variáveis que são definidas
como parâmetros ou externamente ao grafo, pelo que Vinicial deve traduzir o estado
dessas variáveis.
De seguida o algoritmo entra na fase iterativa, onde começa por remover um
elemento de WorkList e determinar através dos nodos precedentes, que variáveis
alcançam o nodo em causa. Sempre que ocorrem alterações no respectivo reticulado, o
nodo é reposto na WorkList para voltar posteriormente a ser processado. O algoritmo
termina quando os valores dos reticulados estabilizarem.
O BEDS não se fica por esta forma de análise; é que, após determinar o alcance das
variáveis, o BEDS permite determinar o período de vida útil das mesmas. De reparar
que este último tipo de análise tem objectivos diferentes da anterior, dado que o período
de vida útil de uma variável termina após a sua última utilização. Pelo que se considera
que uma variável está “viva” num determinado ponto B do grafo, se e só se existir uma
definição dessa variável que alcance esse ponto e se existir pelo menos uma utilização a
partir desse ponto (inclusive).
Para tal foi necessário definir mais uma função, designada por Use(...), a qual
permite determinar para um dado nodo quais as variáveis (definições) nele utilizadas (0-
utilizada, 1- não utilizada), da seguinte forma:

Use: FlowNode  BitVector Eq. 5.16

Uma vez que todas as variáveis alcançam o endNode, então o resultado da análise do
alcance resulta num reticulado com todos os valores a ⊥. É este o ponto de partida para
se realizar a análise do período de vida útil.
A ideia base consiste em percorrer o grafo, desde o endNode até ao startNode,
testando que variáveis (definições) estão a ser utilizadas, mantendo apenas essas como

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Optimização 95

activas, as restantes deixam de o estar até que se encontre uma utilização ou respectiva
definição.
Para esta forma de análise, continua-se a utilizar o mesmo tipo de reticulados da
análise anterior, ou seja vectores de bits, também eles implementados com base nas
estruturas e funções da análise anterior, nomeadamente com base no vector in e nas
funções Def(...) e AliveIn(...).
A MOP é obtida aplicando iterativamente o seguinte conjunto de instruções a todos
os nodos do grafo (excepto o startNode) até se obter uma solução estável:

(( I AliveIn(s)) ∨ AliveIn(i)) ∧ Use(i), i ≠endNode


s∈outEdges ( i )

AliveIn(i) = Eq. 5.17

AliveIn(i) ∧ Use(i), i = endNode

O que resulta no seguinte algoritmo:

Proc DF_AliveAnalyse ( inout: N, in: startNode, in: Vinicial)


N :Set(FlowNode)
startNode :FlowNode
Vinicial :Reticulado
Início
b, p : FlowNode
WorkList :Queue(FlowNode)
effect, totaleffect : Reticulado
Para ∀ p ∈ N \{startNode} Fazer
Enqueue(WorkList , p)
FimPara
Repetir
b  Dequeue( WorkList,)
totaleffect  T
Para ∀ p ∈ Sucessores(b) Fazer
Se p = endNode Então
effect  T
Senão
effect  AliveOut(p)
FimSe
totaleffect  totaleffect Π effect
FimPara
totaleffect  (totaleffect U AliveIn(b)) Π Use(b)
Se AliveIn(b) ≠ totaleffect Então
AliveIn(b)  totaleffect
Enqueue( WorkList, b)
FimSe
Até Que WorkList = ∅
Fim

Fig. 5.14 – Algoritmo para determinar o período de vida das variáveis.

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96 Optimização

No caso do BEDS, a implementação de ambas as formas de análise, necessita de algo


mais que permita relacionar as variáveis da tabela de identificadores e respectivas
definições com as posições no vector de bits. Tal é feito de forma dinâmica e deve ser
realizado antes de se proceder a qualquer um dos processos de análise do fluxo de
dados. O processo em si é muito simples, consiste em percorrer o IDreg de cada um dos
identificadores, atribuindo um número de ordem a cada uma das definições. Como tal e
de forma a obter-se a máxima eficiência nos processos de análise, é conveniente que
todas as variáveis se encontrem declaradas na tabela de identificadores, quer estas sejam
variáveis explícitas, variáveis artificiais, resultados de sub-expressões ou constantes
cujo valor não possa ser utilizado directamente.
Muito mais há para dizer sobre a análise do fluxo de dados, podendo-se mesmo
afirmar que o aqui foi exposto é apenas o início. No entanto e com o objectivo de não
tornar mais extensa esta descrição, decidiu-se apenas apresentar o que já foi
implementado no BEDS. Mais alguns detalhes serão descritos em secções posteriores,
nomeadamente na apresentação das optimizações e da alocação global.

5.3 Single Static Assignment – Implementação

Após se ter apresentado a SSA e respectivas vantagens e desvantagens no capítulo


4.2, e uma vez que, já se descreveu grande parte da MIR, é então chegado o momento
de apresentar os mecanismos e respectivas implementações, fornecidos pelo BEDS,
para se obter este tipo de representação.
Como já foi dito, parte-se do princípio que a representação SSA é determinada a
partir da representação normal, onde o resultado de cada expressão é atribuído a uma
variável ou utilizado para determinar uma condição de teste.
O processo normal de conversão desenrola-se em três fases: na primeira fase
inserem-se as funções Φ(...); na segunda fase, cada uma das variáveis é “instanciada”,
tantas quantas as vezes as suas definições (atribuições), tendo já em conta as funções
Φ(...), uma vez que estas também são definições; e na terceira fase actualizam-se as
referências em relação às instâncias de cada variável.
No BEDS o processo encontra-se simplificado, uma vez que, ao se descrever um
programa em MIR, de imediato se garante que cada variável possui uma e uma só
definição. Para tal, há que relembrar que, as definições (atribuições às variáveis) são
descritas através da classe AttribAssignment, onde o valor atribuído é sempre
determinado previamente através de um Assignment, como se encontra representado na
Fig. 4.2. Como cada Assignment possui do LHS o seu próprio Register, o qual, ao
representar o resultado da variável e ao ser único, permite representar uma “instância”
singular da variável por cada definição.
O processo de conversão para uma representação SSA fica assim, reduzido à
inserção das funções Φ(...) e ao reescrever das expressões em relação a estas.

5.3.1 Dominance Frontiers

Na inserção das funções Φ(...), o primeiro problema é determinar onde é que estas
devem ser inseridas. Uma solução simples, consiste em colocar por cada variável e em

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Optimização 97

todos os nodos para onde convirjam dois ou mais caminhos uma função Φ(...). Mas
facilmente se percebe, que se trata de uma solução extrema, uma vez que, nem em todos
os nodos necessitam de uma função Φ(...) por cada variável.
A solução mais eficiente consiste em colocá-las, em posições do grafo, designadas
por Dominance Frontiers, que não são mais do que nodos do grafo alcançados por duas
ou mais definições de uma mesma variável. Esta solução designa-se por Minimal SSA
Form.
Para uma explicação mais formal do conceito de Dominance Frontiers, faz falta
definir o significado de nodo dominador (Dominator). Trata-se de um conceito que se
aplica aos grafos e que é definido da seguinte forma: um nodo a domina um nodo b, que
se representa por a dom b, se e só se, todos os caminhos possíveis que vão desde o nodo
inicial do grafo (startNode) até o nodo b, incluírem o nodo a. Diz-se então, que a
pertence ao conjunto dos nodos dominadores de b, o qual se representa por dom(b).
Define-se ainda que a é o dominador imediato de b, com a ≠ b, e representa-se por a
idom b, se e só se, a dom b e não existe nenhum nodo c, tal que c ≠ a e c ≠ b, para o qual
a dom c e c dom b. Nestas circunstâncias, a pode também ser designado por idom(b) e é
sempre único.
Define-se ainda que a domina estritamente (strictly dominates) b e representa-se por
a sdom b, se e só se, a dom b e a ≠ b.
Sejam então, A e B nodos de um grafo, tal que em A ocorre uma definição da variável
V, representada por V1 e A sdom B, então qualquer expressão de B vê a variável V como
sendo V1. Supondo agora um terceiro nodo C, tal que C ∈ Sucessores(B), mas B não
sdom C, o que implica, que C possui vários nodos precedentes, pelo que, pode ocorrer
que C veja para além de V1 outras definições de V. Diz-se então que C é uma dominance
frontier de A, pelo que necessita obrigatoriamente de uma função Φ(...) para a variável
V.
Por questões de eficiência computacional, não se pretende determinar as dominance
frontiers em relação a cada uma das variáveis, mas sim em relação a cada nodo do
grafo, o que permite uma solução independente das definições. Caso contrário, por cada
nova função Φ(...) inserida e uma vez que estas são definições, é necessário recalcular
novamente as dominance frontiers.
Diz-se então que, a dominance frontier do nodo X, a qual se representa por DF(X), é
o conjunto de todos os nodos Y’s, tais que, X é dominador de um dos antecessores de Y,
mas X não domina estritamente Y.

DF(X) = {Y: ∃ P ∈ Antecessores(Y), (X sdom P) ∧ ¬(X sdom Y)} Eq. 5.18

O método aqui utilizado para determinar as dominance frontiers foi apresentado por
Chaitin et al. [CFRWZ91] e tem por base a árvore de dominadores (dominator tree),
que tal como o nome indica é uma estrutura em forma de árvore que contém os mesmos
nodos do grafo, mas onde cada um possui como ascendente o nodo que imediatamente o
domina, ou seja, o ascendente do nodo X na árvore é sempre o idom(X).
Apesar de ser possível determinar DF(X) a partir da definição anterior e da árvore de
dominadores, ficou provado que a ordem desse algoritmo é quadrática. Chaitin, propôs
então, uma solução de ordem linear, provando que, para DF(X) contribuem dois tipos de
nodos, uns que serão designados por DFlocal(X) e outros por DFup(X,Z), de tal forma
que:

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98 Optimização

DF(X) = DFlocal(X) ∪ U DF
Z∈Children ( X )
up (X, Z) Eq. 5.19

Os DFlocal(X) são os sucessores de X, que não são estritamente dominados por X, tal
que:

DFlocal(X) = { Y ∈ Sucessores(X): ¬(X sdom Y)} Eq. 5.20

O que pode ser reescrito da seguinte forma:

DFlocal(X) = { Y ∈ Sucessores(X): idom(Y) ≠ X } Eq. 5.21

Os DFup(X,Z) são os nodos, que não sendo estritamente dominados por X, pertencem
aos DF dos nodos estritamente dominados por X (que são os nodos descendentes de X
na árvore de dominadores), tal que:

DFup( X, Z) = {Y ∈ DF(Z): ¬ ( idom(Z) sdom Y)} Eq. 5.22

o que, também pode ser reescrito da seguinte forma:

DFup( X, Z) = {Y ∈ DF(Z): idom(Y) ≠ X)} Eq. 5.23

para todo e qualquer Z cujo dominador imediato seja X, de tal forma que:

U DF up
Z∈N :idom ( Z ) = X
(X, Z) ≡ U DF
Z∈Children ( X )
up (X, Z) Eq. 5.24

onde os Children(X) são os descendentes de X na árvore de dominadores, ou seja, os


nodos para os quais X é o dominador imediato.
O algoritmo para determinar as DF de cada nodo obtém-se da Eq. 5.19 e da árvore de
dominadores, o que resulta no seguinte:

Para cada X ∈ Sequência(travessia bottom-up da árvore de dominadores), fazer:


DF(X)  ∅
Para ∀ Y ∈ Sucessores(X) Fazer
Se idom(Y) ≠ X Então
DF(X)  DF(X) ∪ {Y}
FimSe
FimPara
Para ∀ Z ∈ Children(X) Fazer
Para ∀ Y ∈ DF (Z) Fazer
Se idom(Y) ≠ X Então
DF(X)  DF(X) ∪ {Y}
FimSe
FimPara
FimPara

Fig. 5.15 – Algoritmo para determinar as DF através da árvore de dominadores.

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Optimização 99

De notar que, através da equivalência da Eq. 5.24 é possível determinar as DF, sem
que, para tal seja necessário construir a árvore de dominadores, da seguinte forma:

Proc DF_AliveAnalyse( in: N, in: endNode) :Dictionary( FlowNode, Set( FlowNode))


N : Set(FlowNode)
endNode : FlowNode
Início
DF : Dictionary( FlowNode, Set(FlowNode))
x, y : FlowNode
W, SW :Set(FlowNode)
more :Booleano
W  {endNode}
SW  ∅
Para ∀ x ∈ N Fazer
DF(x)  ∅
FimPara
Repetir
more  False
Enquanto W ≠ ∅ Fazer
x  W.get( )
W  W – {x}
SW = SW ∪ {x}
DF(x)  Sucessores(x)
Para ∀ y ∈ IDom(x) Fazer
DF(x)  DF(x) ∪ DF(y)
FimPara
DF(x)  DF(x) – IDom(x)
FimEnq
Enquanto SW ≠ ∅ Fazer
x  SW.get( )
SW  SW – {x}
Para ∀ y ∈ Antecessores(x) Fazer
Se DF(y) = ∅ Então
WW∪{y}
more  True
FimSe
FimPara
FimEnq
Até Que more = False
Fim

Fig. 5.16 – Algoritmo para determinar as DF sem a árvore de dominadores.

Foi esta última, a solução utilizada no BEDS que se encontra implementada na classe
DFSet do módulo SSA, a qual por sua vez, utiliza as classes IDom e IDomSet, para
determinar para cada nodo, o conjunto de nodos dos quais é dominador imediato.

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100 Optimização

5.3.2 Inserção das Funções Φ(...)

O processo de inserção das funções Φ(...) é realizado para cada uma das variáveis de
forma independente, determinando-se, para cada uma, o conjunto de nodos do grafo
onde ocorrem as respectivas definições. As funções Φ(...) são então inseridas nas
dominance frontiers de cada um desses nodos. Convém no entanto, relembrar que as
próprias funções Φ(...) contribuem para o número de definições de cada uma das
variáveis.
A inserção das funções Φ(...) passa por pegar em cada definição de uma variável e
testar se já existe uma função Φ(...) para cada um dos nodos pertencentes à DF do nodo
onde ocorre a definição. Caso exista, basta então acrescentar a instância da variável
proveniente da actual definição aos parâmetros da função Φ(...). Caso contrário, é
necessário que antes se insira a função Φ(...). O algoritmo final para colocar as funções
Φ(...) e respectivos parâmetros, é o seguinte:

Proc PlacePhyFunctions ( inout: N, in: DF)


N :Set(FlowNode)
DF : Dictionary( FlowNode, Set(FlowNode))
Início
IterCount  0
Para ∀ x ∈ N Fazer
HasAlready(x)  Work(x) 0
FimPara
W∅
Para ∀ v ∈ Tabela de Identificadores Fazer
IterCount  IterCount +1
Para ∀ x ∈ Definitions(v) Fazer
Work(x)  IterCount
WW∪{x}
FimPara
Enquanto W ≠ ∅ Fazer
x  W.get( )
Para ∀ y ∈ DF(x) Fazer
Se HasAlready(x) < IterCount Então
InserirFunção( x, v, y)
HasAlready(y)  IterCount
Se Work(y) < IterCount Então
Work(y)  IterCount
WW∪{y}
FimSe
Senão
InserirArgumento( x, v, y)
FimSe
FimPara
FimEnq
FimPara
Fim
Fig. 5.17 – Algoritmo para inserir as funções Φ(...).

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Optimização 101

Esta função encontra-se implementada através da classe PlacePhyFunctions do


módulo SSA. A função InserirFunção(x,v,y) representa o procedimento necessário para
inserir uma função Φ(...) para a variável v, no nodo y, com um argumento proveniente
da definição de v no nodo x. A função InserirArgumento(x,v,y) acrescenta um
argumento à função Φ(...) da variável v, proveniente da definição desta no nodo x.

5.3.3 Actualização das referências

O passo seguinte, consiste em actualizar as referências feitas às definições e que


entretanto foram substituídas (parcialmente) pelas funções Φ(...), bem como actualizar
os respectivos flowSupporters e flowDependents. Qualquer um destes procedimentos
poderia ter sido feito aquando da inserção das funções Φ(...), no entanto, tal solução
mostrou-se extremamente complexa e de difícil implementação, pelo que se optou
apenas por actualizar as referências após a inserção das funções.
O processo em si consiste em percorrer o grafo segundo o fluxo de controlo a partir
de cada um dos PhyAssignments inseridos (DataTransfer das funções Φ(...) ), até que se
encontre uma outra definição da variável associada à função Φ(...) ou se alcance o
endNode. Actualizando entretanto, as expressões e os respectivos flowDependents e
flowSupporters. O algoritmo encontra-se implementado através da função
ActualizeExpressions do módulo SSA.

5.3.4 De SSA para a Forma Normal

Apesar da representação SSA permitir utilizar técnicas de análise muito eficientes,


quer a nível das optimizações ou da alocação, torna-se no entanto inevitável que, a
partir de determinada altura do processo de compilação se reverta a representação para a
forma normal, ou pelo menos se “elimine” as funções Φ(...). É que estas, apesar de
serem perfeitamente possíveis numa representação intermédia, não têm no entanto,
qualquer significado ao nível do código máquina ou mesmo em assembly.
O problema pode ser ilustrado através da Fig. 5.18, onde se encontra representada
uma função Φ(...), com três parâmetros, em que cada um, e após o processo de
alocação, se encontra fisicamente colocado em posições diferentes. Assim, v1 está no
registo rx, v2 num endereço e v3 no registo ry. O problema que se coloca é, como se pode
fisicamente representar v4, uma vez que este pode resultar de um qualquer dos três
elementos rx, endereço e ry.
A solução pode ser extravagante, mas na realidade é a única forma relativamente
simples de ultrapassar este problema. Consiste em alocar um registo ou endereço para v4
e inserir instruções em cada um dos nodos N1, N2 e N3, de tal forma que os resultados
das respectivas instâncias de v sejam colocados no espaço alocado para v4. A solução
para o exemplo da Fig. 5.18 encontra-se representada na Fig. 5.19.
Há assim um acréscimo de instruções que podiam ser dispensadas caso não se
utilizasse a representação SSA. Em compensação, é possível minimizar o seu número
através de um processo de optimização designado por eliminação de código morto, que
permite, nesta circunstâncias, eliminar as funções Φ(...) cujos resultados não são
posteriormente utilizados.

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102 Optimização

N1 N2 N3
... ... ...
v1(rx)  ... v2(end.)  ... v3(ry)  ...
... ... ...

N4
...
v4(?)Φ(v1,v2,v3)
...

Fig. 5.18 – Exemplo de uma função Φ(...) após o processo de alocação.

É ainda possível minimizar o número de instruções através do próprio processo de


alocação global, principalmente se este tiver por base algoritmos por coloração. É que
estes algoritmos utilizam grafos de interferências para realizar a alocação, através dos
quais é possível fazer com que as várias instâncias de uma variável sejam alocadas a
uma mesma posição física, eliminando assim a necessidade de realizar qualquer
procedimento para as funções Φ(...). Mais alguns detalhes sobre a possibilidade de
utilizar o processo de alocação para minimizar o número de instruções a inserir, serão
fornecidos no capítulo 6.

N1 N2 N3
... ... ...
v1(rx)  ... v2(end.)  ... v3(ry)  ...
v5(rz)  v1 v6(rz)  v2 v7(rz)  v3

N4
...
v4(rz)Φ(v5,v6,v7)
...

Fig. 5.19 – Exemplo de como se pode resolver a alocação para as funções Φ(...).

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Optimização 103

5.4 Optimizações Intermédias

Até aqui muito se tem falado sobre optimizações, mas na realidade pouco ou nada foi
dito sobre estas. No entanto, apresentaram-se praticamente todos os mecanismos
necessárias à sua implementação.
De notar que praticamente nenhuma optimização, por si só, permite obter grandes
ganhos, quer ao nível da eficiência, quer ao nível do tamanho do código, e que a
aplicação de uma optimização pode melhorar um destes factores à custa da degradação
de outros. Mais, algumas optimizações devem ser aplicadas por diversas vezes, visto
que os efeitos colaterais de outras optimizações podem provocar novas oportunidades
de melhoramento. Além disso, a ordem pela qual são aplicadas é também um factor
importante para o resultado final.
É importante também perceber que uma optimização só deve ser aplicada se for
segura, ou seja, se for garantido que em toda e qualquer situação, as alterações por esta
realizadas não modificam o comportamento do programa original. Há ainda que
ponderar a sua utilização, pois os benefícios esperados podem não ocorrer para todas as
situações possíveis, podendo mesmo em determinadas circunstâncias degradar a
qualidade do código final.
Esta secção pretende descrever algumas formas de optimização, tentando dar
especial relevo àquelas que já são possíveis de implementar no BEDS e às que
facilmente se implementam através da representação SSA.
Convém antes realçar que no BEDS, grande parte do trabalho dentro desta área está
por realizar e que as poucas excepções se encontram praticamente por testar (só foram
implementadas com o objectivo de verificar o funcionamento das infra-estruturas
descritas nas secções anteriores).

Constant Propagation e Constant Folding


O Constant Propagation é uma forma de optimização, cujo objectivo é substituir as
variáveis pelo seu valor, quando se confirma que este é constante. O Constant Folding
ou Constant Expression, é uma generalização da primeira, em que se substitui o
resultado de uma expressão pelo seu valor, quando se prova que este é constante.
Ambas as formas são facilmente implementáveis, principalmente quando se utiliza a
representação SSA. No primeiro caso, basta detectar se uma determinada instância de
uma variável é constante, tal que:

vx  Constante

e depois através do flowDependents, modificar todos os DataTransfer em que vx é


utilizado. No segundo caso, a única coisa que altera é o processo para determinar se vx é
constante, uma vez que este pode resultar de uma qualquer expressão. Para tal, testa-se
recursivamente, se os seus descendentes são constantes, se tal acontecer então faz-se a
substituição.

Algebraic Simplifications
As propriedades algébricas podem ser utilizadas para simplificar determinadas
expressões. Algumas das propriedades mais utilizadas, são:

i+0≡0+i≡i–0≡i 0 – i = -i

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104 Optimização

i*1≡i+1≡i/1≡i i*0=0*i=0
-( -i ) ≡ i i + ( -j ) = i - j
b∧T≡T∧b≡b b∨F=F∨b=b
i^2 ≡ i * i 2*i=i+i
i * 5 ≡ t1 = i << 2 i*7≡ t1 = i << 3
t2 = t1 + i t2 = t1 - i

A implementação deste tipo de optimizações é bastante semelhante à das duas


optimizações anteriores, mas aqui, cada caso deve ser tratado individualmente, ou então
agrupados segundo determinadas características.

Algebraic Reassociation
Trata-se de um tipo de optimização com base nas propriedades algébricas, mais
concretamente na propriedade associativa, comutativa e distributiva. Os exemplos
típicos são:

a*b+a*c≡a*(b+c)
( i - j) + ( i - j) + ( i - j) ≡ ( 4 * i – 4 * j) ≡ 4 * ( i - j)

Convém no entanto salientar que, este tipo de transformações pode criar potenciais
situações de overflow.

Copy Propagation
Consiste em eliminar expressões do tipo vy  vx, substituindo nas expressões
posteriores as utilizações de vy por vx.
Também esta é uma das optimizações facilmente implementáveis em SSA, uma vez
que basta pegar nos flowDependents do DataTransfer, correspondente à expressão vy 
vx e substituir a utilização de vy por vx e actualizar os respectivos flowDependents e
flowSupporters.

Unreachable Code Elimination


Consiste em eliminar blocos de código (FlowNodes), para os quais se prove que em
toda e qualquer circunstância estes nunca serão executados, como por exemplo:

vi  0
... /*Valor de vi mantém-se constante */
Enquanto vi Fazer
...
FimEnq

onde facilmente se percebe que a estrutura cíclica nunca será executada, uma vez que a
expressão de teste resulta sempre em falso.
O processo pela qual esta optimização avalia se o código é ou não alcançável, pode,
na sua forma mais simples, assemelhar-se ao Constant Folding, mesmo ao nível da
implementação. É no entanto possível utilizar abordagens mais agressivas, que
normalmente recorrem a processos de optimização do tipo Induction Variable, que é
apresentado mais adiante e cuja implementação é bastante mais elaborada.

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Optimização 105

Uma variante desta forma de optimização é o If Simplification, que se especializa,


como o nome indica, em estruturas do tipo If...Then...Else... .

Common Sub Expression Elimination


Trata-se de uma das mais eficientes formas de optimização, pelo menos para os
processadores mais convencionais. Consiste em eliminar sub-expressões iguais,
mantendo apenas a primeira ocorrência e modificando as referências posteriores das
restantes sub-expressões (entretanto eliminadas). O seguinte exemplo demonstra a
aplicação deste tipo de optimização:

a4*i/b t1  4 * i
cd+4*i ≡ a  t1 / b
b  d + t1

A sua implementação é algo mais complicada que as anteriores, pois necessita dos
mecanismos da análise de controlo do fluxo de dados. Onde os reticulados representam
o conjunto das expressões que se encontram disponíveis em determinada posição do
grafo. Na prática, estes são implementados através de um conjunto de (apontadores para
as) expressões.
De notar que uma expressão só está disponível em determinada posição do grafo, se
desde a posição onde esta é definida até ao ponto onde está disponível, não ocorre
nenhuma definição da variável que representa o seu resultado, nem de nenhum dos seus
operandos.
A substituição das sub-expressões passa por verificar se num determinado nodo,
existem sub-expressões que já se encontrem representadas no reticulado associado a
esse nodo. Se tal ocorrer, então é porque essa sub-expressão já foi previamente
calculada e não foi entretanto modificada, o que permite proceder à remoção da sub-
expressão, desde que se actualize todas as suas referências posteriores.

Code Hoisting
Trata-se de uma optimização que partilha os mecanismos de análise da optimização
anterior, e cujo objectivo, é determinar se existem expressões comuns aos vários
caminhos do grafo, que possam ser colocadas em evidência. O exemplo seguinte tenta
ilustrar esta situação:

Se a > 0 Então Se a > 0 Então


aa–1 aa-1
ba–c ≡ Senão
Senão qa+1
aa+1 FimSe
ba–c ba-c
FimSe

Loop Invariant Code Motion


Consiste em detectar dentro das estruturas cíclicas, expressões que
independentemente das iterações do ciclo, produzam sempre o mesmo resultado. Estas,
uma vez que se mantêm inalteradas ao longo da execução da estrutura cíclica, podem
ser deslocadas para fora desta.

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106 Optimização

Normalmente este tipo de expressões surgem, não por erro de quem programa, mas
como efeito indesejável de outras optimizações e do próprio processo de geração de
código. O seguinte exemplo ilustra esta situação:

Código Fonte RI s/optimização RI c/optimização

i 1 i1 i1
Enquanto i <100 Fazer L1: t1  i > 99 t2  addr a
a[i] i + 1 Se t1 goto L2 t3  t2 – 4
FimEnq t2  addr a L1: t1  i > 99
t3  t2 – 4 Se t1 goto L2
t4  4 * i t4  4 * i
t5  t3 + t4 t5  t3 + t4
ii+1 ii+1
*t5  i *t5  i
goto L1 goto L1
L2: L2:

Esta optimização é relativamente fácil de implementar, desde que se considere que


uma expressão só é constante dentro de um ciclo, caso:

- Se trate de uma expressão constante (mesmo fora do ciclo);

- Ou se, as definições de todos os seus operandos não pertencem ao ciclo;

- Ou ainda se, as definições pertencem ao ciclo, mas são elas próprias constantes.

Induction Variable
A indução entre variáveis pode ser definida da seguinte forma: sendo x e y duas
variáveis, diz-se que x induz y se, qualquer variação no valor de x afecta y numa
quantidade proporcional.
Facilmente se percebe que através desta propriedade matemática, é possível realizar
uma série de simplificações sobre as expressões. Permitindo mesmo, provar que, em
determinadas circunstâncias, uma dada condição resulta sempre em verdadeiro ou em
falso, sem que para tal esta seja constante. O seguinte exemplo tenta ilustrar esta forma
de optimização:

Para i  1 Até 10 Fazer t1  200


a[ i ] 200 – 4 * i Para i  1 Até 10 Fazer
FimPara ≡ t1  t1 – 4
a[ i ]  t1
FimPara

De notar que, sempre que i aumenta em uma unidade, a[i] reduz-se em quatro
unidades, pelo que i induz a[i] . Aproveitando tal conhecimento, é possível remover para
fora do ciclo a parte que não depende de i.
Esta é também uma das optimizações que utiliza mecanismos da análise do fluxo de
dados.

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Optimização 107

Dead Code Elimination


Esta optimização já foi referida em secções anteriores, e como se viu, tem por
objectivo eliminar código (expressões), cujo resultado não é posteriormente utilizado.
Trata-se de uma das optimizações, que mais facilmente se implementa no BEDS,
basta para tal, verificar se o conjunto dos flowDependents de cada DataTransfer, está
vazio, se tal ocorre, significa que não existe nenhuma expressão posterior que utilize
este resultado.

Value Numbering
Uma optimização mais elaborada do que a eliminação de sub-expressões comuns, é
Value Numbering, que tem por objectivo, eliminar expressões equivalentes, mas não
necessariamente iguais. O seguinte exemplo ilustra uma situação onde é possível aplicar
esta forma de optimização:

i  ... i  ...
ji+1 ≡ ji+1
ki ki
pk+1 pj

5.5 Optimizações do Código Final

As optimizações cujo efeito é local e se processam sobre um número restrito de


instruções, designam-se por Peephole Optimizations. Normalmente dependem das
características das instruções do processador, pelo que se utilizam normalmente sobre
os níveis de representação mais próximos da linguagem final (assembly ou código
máquina).
Pretende-se nesta secção apenas apresentar alguns casos ilustrativos, possíveis de
serem implementados no próprio processo de selecção de instruções e mesmo ao nível
da MIR, e que podem acarretar bastantes benefícios para o código final.

Loop Inversion
Esta optimização consiste em transformar estruturas cíclicas do tipo while... ou for...,
em estruturas tipo repeat...until... ou repeat...while... . Trata-se como tal, de uma
optimização que funciona essencialmente sobre o grafo do fluxo de controlo e
eventualmente sobre as expressões de teste. No entanto, o seu efeito só pode ser medido
a nível da representação final, como ilustra o seguinte exemplo:

Código fonte

i1 i1
a1 a1
Enquanto i < 100 Fazer ≡ Repetir
aa*i aa*i
ii+1 ii+1
FimEnq Enquanto i < 100

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108 Optimização

RI s/ optimização RI c/optimização
i1 i1
a1 a1
L1: t1  i > 99 L1: aa*i
Se t1 goto L2 ii+1
aa*i t1  i < 100
ii+1 Se t1 goto L1
goto L1 L2:
L2:

Straightening e Branch Optimization


Estas optimizações têm por objectivo eliminar saltos consecutivos, agrupando os
blocos de código (nodos) correspondentes a cada salto.
É uma optimização que se implementa ao nível do grafo do fluxo de controlo e é
bastante simples. Consiste em detectar no grafo nodos do tipo JumpNode consecutivos,
em que cada um possua um único antecessor (ver Fig. 5.5) e substitui-los por um único
nodo.
Esta optimização não só permite simplificar o grafo como reduzir o número de
instruções do código final.

RI s/ optimização RI c/optimização

L1: ... L1: ...


a  b+ c ab+c
goto L2 bc*2
L6: ... ≡ aa+1
goto L4 if c goto L3
L2: bc*2 L6: ...
aa+1 goto L4
if c goto L3 L5: ...
L5:

Strength Reduction
São todas as optimizações que têm por objectivo substituir determinadas instruções
por outras de menor custo, como tal, são dependentes das características de cada
processador. O seguinte exemplo ilustra este tipo de optimização:

ab*2 ≡ a  b << 2
aa+1 ≡ inc a

Existem muitas mais optimizações, mas por uma questão de espaço e de forma a não
alongar mais este capítulo sobre optimização, tiveram que ficar de fora.
Espera-se no entanto, que as optimizações aqui apresentadas tenham sido suficientes
para ilustrar o que é possível de realizar com estas, bem como as suas as vantagens e as
potencialidades que o BEDS fornece para sua implementação.

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Alocação de Registos 109

6 Alocação de Registos

Após a introdução realizada no capítulo 2 sobre a alocação de registos, pretende-se


agora apresentar as soluções utilizadas pelo BEDS, na alocação global e local. São
ainda descritas todas as infra-estruturas de suporte a estes processos, bem como a
interligação com os restantes módulos do BEDS.

6.1 Alocação global

Uma das melhores soluções encontradas para a alocação global utiliza um algoritmo
de coloração de grafos, através do qual se procura determinar o número mínimo de
cores necessárias para colorir todos os vértices do grafo, de forma a que não existam
dois vértices adjacentes com a mesma cor. Esta técnica foi utilizada por Chaitin et al.
[CACCHM81, Chait82] na concepção de um algoritmo para a alocação global de
registos. Esta é uma das melhores soluções propostas para resolver a alocação devido à
uniformidade com que se propõe tratar as diversas restrições inerentes a cada
processador, designadamente em relação aos registos, e por propor uma solução
sistemática na resolução da alocação.
Propõe-se ainda retirar o máximo proveito do processo de alocação, maximizando a
utilização dos registos. Para tal, delega nas fases de optimização e selecção de
instruções a responsabilidade de propor a utilização de registos para o maior número
possível de operandos. Assume, ainda a responsabilidade de minimizar o número de
instruções adicionais necessárias às operações de splitting, reduzindo como tal o
número de vezes em que é necessário salvaguardar o conteúdo dos registos para
memória de forma a disponibilizar os registos.

NOTA: A partir deste ponto e até ao final do capítulo, as definições de uma variável, as
variáveis temporárias e os pseudo-registos, passam a ser designados, só e
simplesmente por variáveis. E registo físico apenas por registo.

O algoritmo proposto por Chaitin começa por construir, para cada procedimento ou
função, o respectivo grafo de interferências. Onde cada vértice representa uma variável,

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110 Alocação de Registos

ou um registo e os ramos assinalam as interferências entre as várias variáveis e entre


estas e os registos. De tal forma que, se numa dada posição do procedimento/função
estão duas variáveis “vivas”; ou se uma variável não pode utilizar um determinado
registo, então existe um ramo no grafo que liga os respectivos vértices. Esse ramo
representa a impossibilidade, para o primeiro caso, de atribuir um mesmo registo físico
a duas variáveis que se encontrem simultaneamente “vivas” e, para o segundo caso, de a
variável ocupar o registo em causa.
Após a construção do grafo é necessário colori-lo, atribuindo uma cor a cada um dos
vértices, mas de forma a que não existam vértices adjacentes com a mesma cor, o que
posteriormente corresponderá a registos distintos.
Caso exista um ramo entre dois vértices, em que um represente um registo e o outro
uma variável, significa então, que esta não pode assumir a mesma cor do registo, o que
posteriormente se irá traduzir pela interdição da utilização do mesmo por parte da
variável.
É graças a esta última característica, que este algoritmo deve grande parte do seu
sucesso, pois através dela é possível representar as restrições que se colocam na
utilização de cada um dos registos.
Ao longo do processo de coloração do grafo pode acontecer que não seja possível
que todos os vértices adjacentes possuam cores distintas. Nessa situação é indispensável
ter em consideração outros aspectos que permitam decompor o período de vida de uma
ou mais variáveis de forma a reduzir o número de adjacentes que estas possuam,
tornando assim possível colorir o grafo.
Ao nível da representação intermédia, a decomposição do período de vida de uma
variável, corresponde a realizar sobre esta, uma ou mais, operações de splitting e
respectivas operações de load.
Os detalhes sobre a selecção das variáveis candidatas a operações de splitting, bem
como a descrição deste tipo de operação são apresentados nas secções seguintes.
Após a conclusão do processo de coloração é apenas necessário realizar a atribuição
concreta dos registos, o que não é mais que fazer a correspondência entre cores e
registos.
No entanto, antes de se construir o grafo de interferências, há que determinar de entre
todos os pseudo-registos (variáveis) quais os reais candidatos aos registos físicos, uma
vez que, e por questões relacionadas com o formato das instruções do processador, nem
todas as variáveis podem permanecer em registos, mesmo que se encontrem alguns
disponíveis. A forma de selecção utilizada pelo BEDS é descrita na secção seguinte.

6.1.1 Selecção dos candidatos

É fundamental não esquecer que na construção da MIR, as variáveis representadas


por objectos do tipo Memory, antes de utilizadas, devem ser colocadas num Register
através de um DataTransfer. É este Register que para todos os efeitos representa a
variável, onde a função do DataTransfer é essencialmente assinalar a presença da
operação de load do valor que se encontra em memória para o registo, à semelhança dos
AttribAssignments cuja função é assinalar as operações de store. Pelo que em termos de
optimizações e mesmo da alocação, se trabalha essencialmente sobre os Register,
tentando mesmo minimizar a presença dos DataTransfer destinados a operações de load
e dos AttribAssignments.

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Alocação de Registos 111

Desta forma, ao nível da MIR todos os operandos são por defeito candidatos aos
registos. É no entanto inconsistente tentar realizar a alocação sem discriminar quais são
realmente, os operandos que devem permanecer em registos, ou que pelo menos se tente
que permaneçam. Isto porque, em primeiro lugar, é insustentável considerar que todos
podem permanecer em registos ao longo de todo o programa, e em segundo lugar,
porque em última instância decidir se um operando ocupa ou não um registo depende
em muito das instruções do processador.
Desta forma, a nível da MIR e de todos os processos que se desenrolam
exclusivamente sobre ela, o objectivo é tentar que os operandos sejam vistos como um
tipo uniforme de dados, em que todos utilizam uma mesma forma de representação (os
Registers). Mas quando se trata de gerar o código final, da alocação ou de outros
processos directamente relacionados com as características do processador, é
normalmente necessário, discriminar quais os operandos que realmente podem ou
devem permanecer em registos, bem como determinar em que momentos é que tal deve
ser feito.
Convém ainda salientar que apenas as árvores de expressões passam para a fase de
selecção de instruções, das quais não constam os Registers, pelo que estes deixam de ter
qualquer significado ao nível da fase de selecção.
O BEDS determina quais os operandos que devem ou não permanecer em registos,
realizando uma pré-selecção das instruções, considerando para tal, que não existe
qualquer restrição por parte da alocação. Desta forma obtém a sequência óptima de
instruções para o correspondente código da representação intermédia, de onde é
possível saber quais os operandos que devem permanecer em registos, bem como o tipo
concreto de registo a utilizar, entre outras informações relevantes para a construção do
grafo de interferências.
Surge assim, pela primeira vez, a necessidade de interligar a representação MIR com
as fases posteriores do processo de compilação, nomeadamente com a selecção das
instruções. Esta não é no entanto, a única interligação necessária para se proceder com a
alocação, é também essencial consultar a Register Table, que é obtida pelo Back-End
Generator a partir da Register Specification (ver Fig. 3.1), o qual é parte integrante da
descrição do processador. Tudo com o objectivo de determinar o número de registos
disponíveis, bem como as restrições a colocar na utilização de cada um.
De forma a se conseguir realizar a pré-selecção das instruções, torna-se pertinente
“linearizar” a representação intermédia. Para tal, existe o Tree Selector cuja função é
percorrer a árvore de controlo de fluxo, através de uma travessia bottom-up e da
esquerda para a direita, processando cada um dos IntervalNodes, com o objectivo de
construir uma lista de árvores de expressões, segundo a ordem de execução (ver
capítulo 5.1).
Posteriormente, passa-se cada uma das árvores para o selector de instruções, o qual
trata de determinar quais as instruções idealmente necessárias, para executar o código
representado por estas.
Genericamente, as árvores são obtidas a partir dos AttribAssignments e de alguns
outros DataTransfers, nomeadamente dos responsáveis pelas expressões de salto e de
labelling. Por defeito, os Assignments não contribuem directamente para a obtenção das
árvores, mas apenas para as sub-árvores que as compõem.
É de notar que uma mesma sub-expressão pode fazer parte de várias árvores, o que
poderia levar a pensar que seria necessário controlar o processo de selecção destas sub-
árvores, de forma a que cada uma seja processada uma única vez. No entanto, e como se
poderá ver no capítulo 7, a solução óptima (conjunto de instruções) de uma árvore, é

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112 Alocação de Registos

determinada a partir das soluções óptimas de cada uma das suas sub-árvores. O que
implica que uma sub-árvore possui sempre a mesma solução óptima,
independentemente da restante árvore onde se insere. Como tal, não advém nenhum mal
em se pré-seleccionar as instruções de uma sub-árvore por diversas vezes uma vez que o
resultado é sempre o mesmo. O principal inconveniente é o tempo que se desperdiça.
No entanto, aquando da selecção final das instruções, tal já não pode acontecer, uma
vez que isso implicava que se gerasse código por cada vez que a sub-árvore fosse
processada, levando a que todo o esforço feito durante a representação intermédia para
se detectar sub-expressões comuns fosse anulado. Como tal e de forma a homogeneizar
o tratamento das árvores por parte do selector de instruções, implementou-se um
mecanismo de controlo, que assinala se uma dada sub-árvore já foi ou não processada.
Convém ainda salientar, que nem a criação da árvore de controlo, nem a criação da
lista de árvores destroem a representação intermédia, limitam-se apenas a decorar a
representação com mais alguma informação e a gerarem algumas estruturas de
informação temporárias. Pelo que o processo de alocação pode prosseguir sem qualquer
impedimento.
Antes de se continuar com a descrição das restantes fases do processo de alocação, é
conveniente perceber o que é que se ganhou com esta pré-selecção das instruções. Em
primeiro lugar, funciona como um teste de viabilidade da geração de código, uma vez
que se tal não for possível sem qualquer tipo de restrição em relação à fase de alocação,
então é garantido que também não é possível considerando essas restrições.
De notar que só não é possível gerar código se não existir pelo menos uma instrução,
ou conjunto de instruções, que permitam realizar cada uma das operações presentes na
MIR.
Em segundo lugar, permite simplificar algumas expressões e simultaneamente
eliminar algumas variáveis do tipo temporário. É que em determinados casos, algumas
sub-árvores (de expressões) são representadas ao nível do código final por uma única
instrução. Como tal, ao nível da MIR e uma vez que nesta fase do processo de
compilação já se executaram praticamente todas as operações de optimização,
exclusivas deste nível de representação, é possível reduzir cada uma dessas sub-árvores
a uma única operação representada por um só nodo, eliminando assim uma série de
DataTransfers e respectivas variáveis temporárias (Registers).
Em terceiro lugar e como já se viu, permite determinar quais os pseudo-registos que
devem permanecer em registos físicos, bem como o tipo concreto de registo.
O Tree Selector para processar as estruturas de controlo segue o tratamento standard
referido na secção 2.2.1. A selecção de instruções é apresentada no capítulo 7.

6.1.2 Construção do grafo de interferências

Independente da forma como se encontra representado o grafo de interferências, este


possui um conjunto de vértices e um conjunto de ramos. Como já foi dito, fazem parte
do conjunto dos vértices todos os registos e todos os pseudo-registos seleccionados
como possíveis candidatos a um registo físico, onde os pseudo-registos representam
variáveis explícitas do código fonte, variáveis temporárias ou até mesmo constantes. E
os ramos assinalam a interferência entre variáveis ou entre variáveis e registos.
Antes de se apresentar como é que se constrói o grafo de interferências, é
conveniente explicar que se um processador possui vários conjuntos de registos que não
interfiram entre si ou seja, quando a utilização de um registo de um dos conjuntos em

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Alocação de Registos 113

nada afecta o outro conjunto, e caso as variáveis também não interfiram entre si, de tal
forma que nenhuma possa ocupar um qualquer registo dos dois conjuntos, é então
possível obter vários grafos de interferências em vez de um. Este facto permite
simplificar a própria construção dos grafos e o próprio processo de alocação. Tal
situação é vulgar, por exemplo, para os processadores que separam por completo as
instruções/registos para inteiros e para vírgula flutuante.

Representação do grafo de interferências


Para construir o grafo de interferências há que possuir uma estrutura de dados que o
represente. Como o processo de alocação, designadamente no que se refere ao
tratamento do grafo de interferências, acarreta uma carga elevada de processamento, é
fundamental que as estruturas de dados utilizadas sejam o mais eficientes possíveis,
nomeadamente quando se pretende determinar se dois vértices são ou não adjacentes, ou
determinar quantos e quais são os adjacentes de um dado vértice. De reparar que os
processos de pesquisa necessários aos dois exemplos anteriores, diferem
substancialmente, uma vez que no primeiro caso, é conveniente possuir uma estrutura
que permita acesso aleatório, enquanto no segundo é necessário um acesso sequencial.

Cor:
NºAdj:
Lst.Adj: ...
...
Cor:
NºAdj:
Lst.Adj: ∅
...
Cor:
NºAdj:
Lst.Adj: ...
...

Fig. 6.1 – Representação esquemática da lista de adjacências.

Assim sendo e com base na própria representação proposta por Chaitin, achou-se por
bem utilizar uma matriz de adjacências, cuja única finalidade é assinalar a presença de
ramos entre vértices e que se adequa perfeitamente às pesquisas do tipo aleatório.
Como se trata de um grafo não orientado a matriz resultante é simétrica, pelo que na
prática apenas se utiliza a semi-matriz inferior (ou então a semi-matriz superior), de tal
forma que, dado dois índices i e j, correspondentes a dois vértices, então o valor na
posição ( i, j) = ( j, i) = AdjMtx[ max( i, j), min( i, j)].
No entanto, detecta-se que na maioria dos casos, o número de vértices é substancial e
que a relação entre esse número e o número médio de adjacentes por vértice é muito
elevada, fazendo com que a matriz de adjacências em determinadas circunstâncias seja
pouco eficiente, como por exemplo, quando é necessário determinar os adjacentes de
cada um dos vértices. Como tal, Chaitin propõe também e em simultâneo a utilização de
uma lista de adjacências, formada por uma sequência de listas, em que cada elemento da
sequência serve ainda para armazenar alguma informação referente a cada um dos

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114 Alocação de Registos

vértices, tal como o número de adjacentes ou a cor atribuída, como se encontra


representado na Fig. 6.1.
Para se obter a representação completa do grafo, começa-se por construir a matriz de
adjacências e depois a partir desta constrói-se a respectiva lista. Ambas estruturas serão
modificadas mediante as alterações que ocorram no grafo. Faz, no entanto, falta que se
conheça previamente o número de vértices, ou seja, o número de variáveis directamente
relacionadas com o processo de alocação, o que é necessário para definir o tamanho das
estruturas de dados.
Para o conjunto de ramos do grafo contribuem as interferências entre variáveis que se
encontrem simultaneamente “vivas”, as interferências entre variáveis e registos, e ainda
a relação que existe entre registos. Desta forma, a matriz de adjacências é construída
com auxílio de duas funções, AreAlive(...) e Interfere(...), em que ambas devolvem
valores do tipo booleano.
Na primeira, dadas duas variáveis indica se ambas se encontram simultaneamente
“vivas”. Na segunda, dada uma variável e um registo, indica se existe alguma
interferência entre ambos. A Fig. 6.2 representa uma matriz de adjacências para 4
registos e 5 variáveis, mostrando as áreas de interferência de cada uma das funções.
R0 R1 R2 R3 V1 V2 V3 V4
R1
R2 True
R3
V1
AreAlive(...)
V2
Interfere(...)
V3
V4
V5

Fig. 6.2 – Estrutura da matriz de interferências.

Como o grafo de interferências é não-orientado, é possível representá-lo utilizando


apenas a semi-matriz inferior (ou superior), o que quando conciliado com o facto do
grafo ser acíclico, permite eliminar a primeira linha e a última coluna da matriz , para o
caso de se estar a utilizar a semi-matriz inferior, ou a última linha e a primeira coluna,
par o caso de se estar a utilizar a semi-matriz superior.

Interferências entre variáveis


A função AreAlive(...) é implementada com base na análise do período de vida útil
das variáveis, a qual permite obter os vectores de bits que assinalam se uma variável
está ou não “viva” em determinado ponto do programa. Através destes é relativamente
simples determinar se duas variáveis estão simultaneamente “vivas”. Para tal, basta
pegar na definição da primeira variável e verificar se para todos os seus
flowDependents, a segunda variável está ou não “viva”. De reparar que este teste não
garante que as duas variáveis não se encontrem simultaneamente “vivas”, mas garante
que não interferem entre si. Um exemplo desta situação encontra-se ilustrado na Fig.
6.3.

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Alocação de Registos 115

Interferências entre registos e variáveis


A função Interfere(...) permite colocar restrições à utilização de cada um dos registos
físicos. Restrições essas que são determinadas conjugando a informação da pré-selecção
das instruções com a da Register Table.
Convém nesta altura salientar que na especificação das características do
processador, designadamente no Register Specification, é possível declarar mais do que
um conjunto de registos, de tal forma que os elementos de cada um sejam utilizados
apenas em determinadas circunstâncias. Estas são determinadas pela pré-selecção ou
por convenções impostas para a própria utilização dos registos como por exemplo, para
o caso da passagem de parâmetros. É ainda possível que um mesmo registo seja
partilhado por diversos conjuntos e até declarar registos fictícios, compostos por
registos reais ou por outros registos fictícios. Mais alguns detalhes relacionados com a
declaração de registos são apresentados no capítulo 8.

Ri a1  ... b1  ... Ri

Sem definições ou
... utilizações de a1 e b1.

...  a1 ...  b1

Fig. 6.3 – Exemplo com duas variáveis simultaneamente vivas, mas que aparentemente não
interferem uma com a outra.

Desta forma para uma dada variável, a função Interfere(...) verifica qual o conjunto
de registos cujos elementos podem ser utilizados para conter essa variável, o que é
determinado pela pré-selecção. Depois consultando o Register Table verifica quais os
registos que compõem esse conjunto e restringe a utilização de qualquer outro registo
que não se encontre aí incluído, colocando para tal ramos entre o vértice correspondente
à variável e os vértices dos registos que não pertençam ao conjunto.
Infelizmente para que este tipo de interferência funcione, é necessário que a variável
ao longo da sua “vida” ocupe sempre o mesmo tipo de registo, o que nem sempre é
verdade. Esta situação é bastante delicada, uma vez que as operações de troca entre
registos ocorrem ao nível das instruções e não da representação intermédia. E mesmo
que se tente introduzir um Assignment que represente essas trocas ao nível da MIR, o
que ocorre é que estes tendem a desaparecer através dos processos de optimização
(eliminação de cópias). Para além do mais, as trocas entre registos são operações que
não têm representação nas árvores de expressões e ao nível do selector de instruções
acabam por ficar camufladas (ver capítulo 7 - chain rules).

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116 Alocação de Registos

No actual estado do BEDS, este é um dos problemas que se encontra por resolver; a
solução mais viável é considerar a troca entre registos como uma nova definição
(AttribAssignment), que como tal e devido ao SSA, resultará numa variável
independente, à qual se pode atribuir um novo registo. De notar no entanto, que este
tipo de atribuição é feita a uma variável temporária, das que normalmente se encontram
associadas aos Assignments, onde representam os resultados dos nodos intermédios das
árvores de expressões. Como tal, esta nova forma de atribuição também deve permitir a
sua utilização na construção de outras árvores, sem no entanto perder a capacidade de
representar uma atribuição do tipo normalmente associado ao AttribAssignment.

Restrições entre registos


Outra forma de restrição advém dos próprios registos. Um dos exemplos ocorre
quando o processador em causa possui registos compostos, ou seja, registos formados
por outros registos, do tipo Rc = (Rs1 , Rs2). Nestas situações a utilização de um dos
componentes, por exemplo Rs1, inviabiliza a utilização de Rc.
De notar que a nível do grafo de interferências, os registos têm que interferir sempre
entre si, de forma a que após a coloração cada um possua a sua própria cor, permitindo
assim relaciona-los com as (cores das) variáveis. Pelo que a solução que permita
representar esta forma de restrição, não passa, como à primeira vista se poderia pensar,
por manipular os ramos entre registos, daí ter que se desenvolver uma alternativa como
a seguir se explica.
A utilização de registos compostos, pressupõe a existência de variáveis que os
utilizem, ou dito de outra forma, que utilizem múltiplos registos simples, o que a nível
do grafo de interferências poder-se-ia descrever como um vértice que possui mais do
que uma cor.
É com base nesta ideia, que se tentou encontrar uma forma de representar este tipo de
restrição no grafo de interferências. Para tal há que recordar, que cada vértice tem de ser
colorido com uma cor diferente das dos seus adjacentes, o que significa que após a sua
coloração reduziu em um, o número de cores que se encontram disponíveis para colorir
cada um dos seus adjacentes. Se o vértice em causa utilizar um registo composto por n
registos simples, então na realidade está a reduzir em n o número de cores disponíveis
para todos os vértices a ele adjacentes.
Ao nível do grafo de interferências a utilização de registos compostos, afecta a forma
de contabilizar o número de adjacentes, pelo que se um vértice representa uma variável
que utiliza registos do tipo composto, formados por n registos simples, então a
contribuição desse vértice em relação aos seus adjacentes, também é de n.
É ainda importante chamar atenção que nestas circunstâncias o processo de
atribuição das cores complica-se substancialmente, uma vez que pode ocorrer que um
vértice que necessite de um registo composto por n registos simples, no fim do processo
de coloração realmente consiga ter disponíveis as n cores (e como tal registos), mas que
mesmo assim não consiga formar com esses registos simples, o registo composto de que
necessita. Isto porque na realidade o processo de coloração desconhece o que são
registos compostos, sabe apenas que há determinadas variáveis que necessitam de mais
do que um registo.
É como tal fundamental implementar um sistema de atribuição de cores, cujas regras
de selecção não consistam apenas em utilizar a primeira cor possível de aplicar
(diferente da cor de qualquer um dos vértices adjacentes).
A solução utilizada no BEDS funciona com base em duas heurísticas. A primeira
aplica-se para os vértices que necessitam de mais do que um registo (simples), nestas

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Alocação de Registos 117

circunstâncias as cores são escolhidas de forma a constituírem um registo (composto)


do tipo requerido para o vértice. A segunda heurística, aplica-se aos vértices que
necessitam apenas de um registo, consiste em escolher uma cor de forma a não inutilizar
possíveis registos compostos que se possam ainda formar com as cores que se
encontram livres. Ambas as heurísticas necessitam de conhecer a composição dos
registos e da relação destes com o tipo a atribuir a cada variável, estes aspectos serão
discutidos no capítulo 8. Necessitam ainda de conhecer de antemão a cor respeitante a
cada um dos registos simples, o que obriga a colorir logo de início os vértices a estes
associados e só depois os restantes.

6.1.3 Coloração do grafo

Já se abordou a construção do grafo de interferências; é agora necessário perceber


como se consegue colorir o grafo de forma a que não existam dois vértices adjacentes
com a mesma cor.
Antes de se avançar com mais explicações, é conveniente definir o número cromático
de um grafo G, como sendo o número mínimo de cores necessárias para o colorir. Para
isso define-se grau de um vértice, que se representa por k, como sendo o número de
vizinhos a que o vértice está ligado e, define-se ainda, ordem de um grafo, como sendo
o maior grau de todos os vértices. O número máximo de cores disponíveis para colorir o
grafo é representado por n.
Está demonstrado que provar que é possível colorir um grafo G com n cores, tal que
n é igual ou superior a 2, é um problema NP-Completo. Pelo que, a solução proposta
por Chaitin et al. associa aos algoritmos de coloração, algumas heurísticas que
permitem acelerar o processo de coloração do grafo, tornando assim possível obter uma
solução em tempo finito (aceitável). Posteriormente surgiram outras soluções [BCKT89,
BCT92, CH90, CK91, GSO94, PF96] com base na proposta por Chaitin et al. que
diferem essencialmente no tipo de heurística utilizada.
Em qualquer dos casos, o mecanismo utilizado é essencialmente o mesmo e consiste
em remover os vértices do grafo, um a um e segundo uma ordem estabelecida pelas
heurísticas.
Chaitin et al. propõem que se removam primeiro os vértices cujo grau é inferior ao
número de cores (n) disponíveis para colorir o grafo. O que no presente caso e
considerando a possibilidade de utilizar registos compostos, se traduz por remover
qualquer vértice, cuja diferença entre o número de cores disponíveis e o grau do vértice,
seja igual ou superior ao número de registos (simples) que este necessita. Com estas
condições, é garantido que é possível colorir o vértice com uma cor diferente da de
todos os seus adjacentes.
Praticamente todas as implementações deste algoritmo utilizam esta heurística. Tal
consenso já não se verifica, para a situação em que não existem vértices com um grau
inferior ao número de cores. É que nesta situação, a simples remoção do vértice do
grafo, não garante a existência de cores suficientes para o colorir. Mas também não
implica o contrário, é que podem existir vários vértices adjacentes com uma mesma cor
( mas que não são adjacentes entre eles), podendo como tal existir cores disponíveis.
Veja-se o exemplo da Fig. 6.4, em que todos os vértices possuem um grau igual ou
superior a três, mas mesmo assim é perfeitamente possível colorir o grafo com apenas
três cores, sem que fiquem dois vértices adjacentes com cores iguais.

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118 Alocação de Registos

É como tal imprescindível utilizar outros mecanismos para que se torne possível
concluir a coloração do grafo. Um método pessimista consiste em considerar que não
existe nenhuma combinação de cores que permita colorir o grafo. Pelo que a solução
passa pela sua reestruturação, de forma a que se torne possível obter um resultado
conclusivo. Uma das abordagens para a reestruturação, consiste em realizar o splitting
de uma ou mais variáveis, das que ainda se encontram representadas no grafo. O que
corresponde a decompor o período de “vida” útil de cada uma, em vários segmentos
mutuamente exclusivos, como se se tratassem de diversas variáveis, à semelhança do
que se faz para o SSA, mas agora aplicado de forma restrita.
A
V1 A – Azul
B – Branco
C - Castanho
C
B V2 V5 V4 B

V3

Fig. 6.4 – Exemplo de como é possível colorir um grafo com n=3 e todos os K ≥ 3.

Desta forma reduz-se o número de interferências entre variáveis permitindo assim


continuar aplicar a primeira heurística descrita, ou então, decompor ainda mais algumas
variáveis.
Ao nível do grafo, tais modificações correspondem a decompor um ou mais vértices,
em tantos quantos os segmentos anteriores. Mantendo em relação aos vértices originais,
as restrições deste com os registos, mas reformulando as interferências em relação às
outras variáveis.

Splitting

Construção Remoção Coloração


do grafo dos nodos do grafo

Fig. 6.5 – Fases do processo de coloração do grafo.

Existem outros métodos de remoção mais optimistas que, por exemplo, consideram
que é sempre possível obter uma solução que permita colorir o grafo, limitando-se,
como tal, a continuar a remover os vértices na esperança de que, aquando da atribuição
das cores tal pressuposto se confirme, caso contrário apelam ao splitting.
A coloração propriamente dita, só começa quando todos os vértices tiverem sido
removidos do grafo. Nesta fase pressupõem-se que estes foram armazenados

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Alocação de Registos 119

temporariamente numa estrutura, de preferência do tipo stack, de forma a garantir o


acesso aos mesmos pela ordem inversa da qual foram removidos do grafo.
O processo de coloração consiste em pegar em cada um dos vértices que se
encontram na stack e inseri-los novamente no grafo. Mas conforme tal acontece, é
atribuído uma cor a cada um, a qual é escolhida tendo em consideração as cores
entretanto atribuídas aos vértices adjacentes.
Caso existam registos compostos, é necessário controlar mais do que as cores dos
vértices adjacentes; faz falta também evitar atribuir cores que inviabilizem a utilização
de registos compostos. É como tal, essencial identificar o mais antecipadamente
possível, as cores atribuídas a cada um dos registos físicos, por forma a controlar se
determinada cor representa ou não, um registo que faça parte de uma composição. Em
tal situação, deve-se evitar a utilização dessa cor, excepto se não existirem mais
alternativas, ou então, se algum dos vértices adjacentes já possuir uma cor que pertença
à composição em causa.
No fim, cada registo possui uma cor única entre os registos, que o identifica, pelo
que a distribuição destes pelas variáveis consiste numa simples comparação de cores.

6.1.4 Splitting de variáveis

Um dos pontos críticos da alocação, está na selecção das variáveis a utilizar em caso
de ser necessário introduzir operações de splitting. Uma má selecção pode levar a
incluir uma série de instruções que em nada resolvam o processo de coloração do grafo,
deteriorando assim a qualidade final do código.
O objectivo é seleccionar a variável que, segundo a implementação do processo de
splitting, incorra na menor penalização possível. A solução ideal seria, como tal,
determinar o custo real do splitting das várias variáveis, mas devido à carga
computacional tal torna-se completamente inviável.
A forma mais simples para se determinar o custo de splitting, consiste em utilizar o
número de definições e de utilizações de cada uma das variáveis, de tal forma que:

Custospill ( v i ) = ∑ f (def ) + ∑ f
def ∈vi
1
use∈vi
2 (use) Eq. 6.1

Devido à representação SSA, no BEDS cada variável possui uma só definição, pelo
que o primeiro somatório resulta sempre no mesmo valor, podendo como tal ser
removido.
É ainda necessário avaliar os potenciais benefício que podem resultar do splitting de
cada uma das variáveis, uma vez que este tipo de operação permite normalmente
diminuir o número de restrições que existem no grafo.
Os benefícios podem assim, ser medidos através do número de adjacentes que cada
vértice possui. Convém no entanto reparar que não se trata de uma relação linear e que
por vezes inflaciona de forma especulativa os benefícios decorrentes do splitting.
Assim, a variável seleccionada deve ser escolhida de entre as que compõem o grafo,
de tal forma que maximize o valor da seguinte equação:

Grau ( v i )
Custo final ( v i ) = Eq. 6.2
Custo spill ( v i )

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120 Alocação de Registos

Existem diversas optimizações ou adaptações que permitem outro tipo de relações


entre o grau de cada vértice e o custo de splitting da respectiva variável.
Uma vez escolhida a variável falta descrever como é que se implementa a operação
de splitting, propriamente dita, o que normalmente é feito com base em heurísticas
relativamente simples e numa abordagem muito optimista.
No caso concreto do BEDS, como só existe uma definição o que implica um único
store, optou-se por inseri-lo logo que seja possível, isto é, testa-se se existe alguma
utilização da variável nas imediações posteriores à definição, se tal ocorrer, o store é
colocado após a utilização, caso contrário, é colocado imediatamente a seguir à
definição. No caso das definições provenientes dos PhyAssignments não se chega
sequer a inserir as operações de store.
O problema maior surge com o posicionamento dos load, primeiro porque podem
existir vários; segundo, porque podem encontra-se ou não no mesmo caminho; terceiro,
porque a possível posição de inserção pode ser ainda mais caótica do que própria
situação que se pretende resolver; e quarto, porque pode afectar a própria representação
SSA.
Percebe-se como tal, que a solução terá que ser sempre de compromisso e que nem
sempre produz os resultados desejados.
Convém no entanto ter em conta as seguintes situações:

1. Evitar colocar operações de load e de store dentro de estruturas cíclicas, uma vez
que a penalização é ainda maior.

2. Inserir as operações de load no mesmo nodo do grafo de fluxo de controlo, onde a


variável é utilizada, ou então num dos seus nodos dominadores. Caso contrário
poderá ainda ser necessário inserir alguns PhyAssignments.

3. Criar mecanismos para determinar a “pressão sobre os registos”, quantificando


assim o número de variáveis ou de cores “vivas” ao longo do programa, o que
permite avaliar se determinada posição do programa se encontra ou não
sobrecarregada, ao ponto de não se poder inserir operações de splitting. No BEDS
facilmente se consegue determinar a pressão sobre os registos, contando o número
de elementos do reticulado que assinalam a presença de variáveis “vivas” (ver
capítulo 5.2 – Análise do período de vida).

4. Actualizar as estruturas da representação, designadamente os flowDependents,


flowSupporters, o SSA, grafo de interferências, etc. Pelo que é conveniente manter
as listas das dominance frontiers de cada um dos nodos.

5. E por último, não confiar que os quatro pontos anteriores sejam suficientes para
garantir um bom processo de inserção de instruções de splitting.

Infelizmente, no BEDS, ainda não houve oportunidade de implementar um sistema


de inserção de instruções de splitting que considere todos os aspectos atrás referidos e
que seja eficiente. Na realidade, a solução implementada ainda é muito provisória, pelo
que os loads são inseridos imediatamente antes da sua utilização.
No Apêndice E encontra-se um exemplo que ilustra como todo o processo se
desenrola para esta forma de alocação.

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Alocação de Registos 121

6.2 Alocação local

Com já foi referido, o BEDS também fornece mecanismos para realizar a alocação
ao nível local, mais propriamente dito ao nível de cada uma das árvores de expressões.
O processo inicia-se após se terem realizado todas as tarefas inerentes à
representação intermédia e já numa fase em que se pretende gerar o código final. Para
tal e à semelhança da alocação global, é necessário “linearizar” o grafo de controlo de
fluxo e realizar a selecção das instruções. Só que agora, a alocação é feita ao mesmo
tempo que a selecção, ou seja, para cada árvore de expressões determinam-se as
instruções a utilizar, alocando em seguida os registos necessários. O processo prossegue
com a próxima árvore.
Como já se viu, a selecção das instruções permite determinar o tipo de registos a
utilizar para cada operando. Com base nessa informação e caso existam registos livres
escolhe-se um e atribui-se, caso contrário, o algoritmo de alocação apela a uma série de
estratégias simples, mas que normalmente surtem efeito, de forma a conseguir concluir
o processo de alocação. Em casos extremos chega-se mesmo a recorrer a operações de
splitting.
Por defeito, cada registo é apenas utilizado ao nível da própria instrução em que se
insere, sendo libertado imediatamente após a sua conclusão. É como tal normal que
estes sejam reutilizados por diversas vezes numa mesma expressão.
A única excepção à regra anterior surge para a situação em que a informação contida
no registo deve transitar para a próxima instrução ou ser utilizada posteriormente numa
outra expressão.

6.2.1 Gestão dos registos

Após a selecção das instruções invoca-se o alocador local, que percorre a árvore de
expressões numa travessia do tipo post-fix.
Fazendo uma breve revisão sobre a relação entre uma árvore de expressões e as
instruções, pode-se dizer que a cada nodo de uma árvore, na sua forma mais simples, se
encontra associado uma instrução cujos operandos são determinados, sintetizando os
resultados das suas sub-árvores e cujo resultado, dará por sua vez origem a um dos
operandos do nodo antecessor, pelo que os valores sintetizados, que transitam de nodo
para nodo, não são mais do que endereços de memória, constantes, registos, etc.
Os registos surgem assim através das transferências explícitas de valores de memória
ou de constantes para registos, normalmente representadas por instruções de load ou de
move, ou então como meio necessário para conter o resultado de uma instrução.
O processo de alocação, como já se disse, atravessa a árvore de expressões,
realizando para cada nodo, as seguintes operações:

1- Faz a alocação da sub-árvore esquerda;


2- Faz a alocação da sub-árvore direita;
3- Testa a necessidade de alocar algum registo para a instrução associada ao nodo;
4- Caso tal aconteça, verifica se existem registos livres e se assim for procede à
atribuição;
5- Caso contrário, apela às tácticas descritas na próxima secção;

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122 Alocação de Registos

6- Finaliza libertando todos os registos ocupados directa, ou indirectamente, pela


instrução, excepto se:
6.1- Algum for utilizado para manter o resultado,
6.1.1- Então há que verificar se o mesmo é utilizado noutras árvores;
6.1.2- Se isso acontecer é iniciado um contador com o número de utilizações
posteriores menos uma.
6.2- Existirem registos que se encontrem nas condições do ponto 6.1.2.;
6.2.1- Nestas circunstâncias reduz-se o contador.

Para que tudo funcione correctamente, há que proceder à libertação de todos os


registos, excepto dos que se encontram nas condições do ponto 6.1.2.
É de notar que cada nodo tem correspondência directa com um DataTransfer, através
do qual é possível verificar se o respectivo resultado é utilizado por mais do que uma
sub-árvore ou então se é utilizado mais do que uma vez numa mesma árvore, basta para
tal contar o número de elementos de flowDependents. É com base nesse valor que se
inicializa o contador a que se refere o ponto 6.1.2.
Convém ainda salientar que, após se realizar a alocação de uma das sub-árvores e se
esta resultar num registo, então este não poderá ser utilizado pela outra sub-árvore.
O algoritmo de alocação tira proveito do facto de muitos processadores utilizarem
diversas formas de endereçamento para um dos seus operandos, mas não para os
restantes, processando em primeiro lugar estes últimos, aumentando assim a
probabilidade de se concluir a alocação, uma vez que se encontram mais registos livres.
Só por último é que se trata dos operandos com maior número de formas de
endereçamento, pois em caso de não ser possível alocar um registo, é mais fácil
conseguir obter uma solução com base numa operação de spilling.
É por esta razão que se optou por realizar uma travessia da esquerda para a direita,
uma vez que maioria das arquitecturas CISC admite instruções em que o segundo
operando permite mais do que uma forma de endereçamento.

6.2.2 Spilling, splitting e reconversão de registos.

Em caso de falta de registos, encontram-se implementadas três formas para se tentar


concluir a alocação com êxito.
A primeira consiste em realizar o spillling do operando correspondente à sub-árvore
para a qual não se conseguiu concluir a alocação. Há como tal, que reformular as
instruções seleccionadas, de forma a que o operando que até aqui utilizava um registo, o
deixe de fazer, optando por outra forma de endereçamento, resolvendo a questão
utilizando instruções mais dispendiosas.
Para tal, o que acontece é que a alocação dá o trabalho por inacabado devolvendo ao
processo de selecção, a indicação do nodo onde ocorreu a falta de registo. Este volta a
seleccionar as instruções, mas agora colocando a infinito o custo associado à instrução
que dava origem à utilização do registo. Desta forma, faz com que a selecção opte por
outras instruções que podem eventualmente não utilizar registos, tornando assim
possível concluir a alocação.
Uma variante desta solução consiste em manipular todos os custos de forma a
garantir que as novas instruções não utilizam registos para o nodo em causa. No entanto
tal solução aumenta em muito a probabilidade de não se conseguir concluir o próprio
processo de selecção de instruções.

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Alocação de Registos 123

A segunda e terceira hipótese, que só são utilizadas no caso da primeira não resultar,
aplicam-se de forma mutuamente exclusiva. A segunda consiste em verificar se existe
algum registo que se encontre alocado mas que não pertença à árvore em causa. Nesse
caso liberta-se esse registo indicando que a sub-árvore da qual resultou deixou de estar
processada. A terceira solução consiste em realizar o splitting cortando a árvore em
duas.
De notar que a segunda solução implica voltar a gerar código para a sub-árvore da
qual derivou o registo que foi libertado, o que pode acarretar custos elevados. A terceira
solução consiste em inserir um store do resultado da sub-árvore onde ocorreu a falha do
registo e posteriormente um load a carregar esse mesmo resultado para o operando por
onde se dividiu a árvore.
Os custos de ambas as soluções encontram-se determinados pelo processo de
selecção das instruções, como se poderá ver no capítulo seguinte.
De princípio a terceira solução é mais económica, para além de que nem sempre é
possível aplicar a segunda, pois pode acontecer que não existem registos nas condições
exigidas. Só que por vezes não só existem, como apenas se limitam a realizar o load de
um valor, pelo que o custo associado é bastante baixo, sendo como tal preferível.

Conclui-se assim a descrição dos processos de alocação implementados no BEDS.


Alguns detalhes referentes à especificação dos registos, bem como da relação das
rotinas de alocação com o processo de selecção, serão apresentados no capítulo 8.

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124

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Selectores de código e a sua geração 125

7 Selectores de código e a sua


geração

Na continuação do que se disse no capítulo 2 sobre a selecção de instruções,


pretende-se agora aprofundar mais esta fase da compilação, apresentando outras
soluções, bem como mecanismos de geração dos próprios Selectores, subindo assim um
nível no processo de desenvolvimento dos compiladores, à semelhança do que se faz
para as fases de análise léxica e sintáctica, através de ferramentas como o lex e o yacc.
Mas, enquanto que estas são dependentes das características da linguagem fonte, a
geração de um Sistema de Selecção de Instruções é dependente das características do
processador.
Como se poderá verificar no resto deste capítulo, as soluções utilizadas recorrem
essencialmente a técnicas genéricas de reconhecimento de padrões em estruturas em
árvore, mas que aqui são empregues na construção de sistemas de selecção de
instruções, por vezes referidos também como Sistemas de Geração de Código.

7.1 Introdução aos geradores de selectores

Antes de se avançar com a apresentação dos selectores de instruções e com a


descrição do sistema desenvolvido para o BEDS, convém perceber alguns aspectos
importantes, relacionados com esta etapa do processo de compilação.
Os sistemas aqui descritos são genericamente concebidos como autómatos, e como
tal compostos por duas partes, uma formada por um mecanismo responsável por
“navegar” na máquina de estados e outra, por um conjunto de estados e respectivas
tabelas de transições que caracterizam um determinado autómato, de tal forma que,
dado um operador, o seu estado actual e o(s) símbolo(s) entretanto reconhecido(s), o
mecanismo passe ao próximo estado do sistema.
A cada uma das transições (ou a cada um dos estados) está associado um conjunto de
acções a executar no caso deste ser alcançado, acções essas que podem consistir na
geração das instruções máquina.

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126 Selectores de código e a sua geração

Ao contrário do mecanismo de “navegação”, os estados e as tabelas de transições são


dependentes dos padrões a reconhecer, dos respectivos custos (ou das funções de custo),
das acções a executar, etc. No caso concreto dos Selectores de Instruções, os factores,
que caracterizam os estados e tabelas, advêm da representação intermédia e do
processador para o qual se pretende gerar as instruções. No entanto, a forma de
representar a máquina de estados e a relação desta com o mecanismo de navegação do
autómato é constante. Daí se colocar a possibilidade de subir um nível no
desenvolvimento desta fase do processo de compilação, reformulando os objectivos, de
forma a ser possível desenvolver um sistema que, a partir da descrição dos padrões,
respectivos custos e instruções, permita gerar toda a informação necessária ao autómato
(descrição dos estados, tabelas de transições, etc). Esta fase de concepção do Selector de
Instruções engloba algum pré-processamento do processo de selecção, daí ser por vezes
designada por fase de pré-processamento, em oposição à fase de reconhecimento das
árvores de expressões (selecção de instruções), designada por run-time.
Outro aspecto importante na construção dos sistemas de geração de selectores, é a
forma como estes implementam os mecanismos que permitem escolher qual ou quais os
padrões a utilizar, em caso de existirem várias alternativas. Algumas soluções fazem a
escolha, avaliando em run-time o contexto de execução. Pelo que a construção das
tabelas de transições é em parte independente dos custos atribuídos aos padrões, o que
por si só, permite separar o mecanismo de selecção, do mecanismo de avaliação,
fazendo com que este último seja implementado conforme as exigências e
características do sistema.
Outras soluções há, em que a avaliação dos padrões está intrinsecamente associada
ao mecanismo de selecção, pelo que é fundamental o conhecimento prévio dos
respectivos custos, de forma a se conseguir construir o sistema de selecção.

7.2 Tree Pattern Matching

A utilização das técnicas de reescrita na implementação de interpretadores, foi


apresentada por Wasilen e por Weingart [Wasil72, Weing73]. Segundo estes autores, a
técnica consiste em, dada uma expressão inicial, reconhecer as sub-expressões que a
compõem e substitui-las por outras, segundo regras pré-definidas e até que não seja
possível simplificar mais a expressão inicial.
Em 1982, Hoffmann e O'Donnell [HO82] apresentaram uma série de processos de
reescrita para árvores e mostraram como estes podiam ser utilizados na geração
automática de interpretadores de código, tais como selectores de instruções. As soluções
propostas utilizam duas abordagens distintas, uma do tipo top-down e outra do tipo
bottom-up, as quais estão na base de muitos dos actuais selectores de instruções. Ambas
as soluções foram desenvolvidas a partir do algoritmo de reconhecimento de strings de
Knuth-Morris-Pratt [KMP77].
A solução do tipo top-down, consiste em construir uma árvore, de tal forma que todo
e qualquer caminho desde o nodo raiz até uma folha, represente uma das expressões a
reconhecer (o equivalente às strings do algoritmo de Knuth-Morris-Pratt). Depois,
utilizando o algoritmo de Aho e Corasick [AC75], constrói-se com base na árvore um
autómato, em que os nodos correspondem a estados e os ramos que os interligam a
transições da máquina de estados. O nodo raiz representa o estado inicial.

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Selectores de código e a sua geração 127

Hoffmann e O’Donnell utilizando este algoritmo, reduziram o reconhecimento de


padrões em árvores a um problema de reconhecimento de strings, onde em vez de
caracteres, se tinham os símbolos das expressões. No entanto e ao contrário das strings,
as expressões obrigam a relacionar os símbolos reconhecidos com os respectivos
descendentes da expressão, ou seja, a partir de um determinado estado é possível
identificar vários símbolos válidos, mas cuja utilização se encontra condicionada ao
descendente pelo qual prossegue o reconhecimento, pelo que é necessário relacionar o
símbolo com o descendente para o qual é reconhecido. Para tal, inserem-se alguns
estados intermédios, tantos quantos os descendentes de cada um dos nodos e
reescrevem-se as próprias expressões de forma a considerar estes novos estados.
O reconhecimento dos padrões faz-se segundo uma travessia preorder da árvore de
expressões e os mecanismos de avaliação de custos são normalmente implementados
em run-time, através de programação dinâmica. Este é o modelo utilizado pelo Twig
[Tjiang85], que consegue assim, gerar a cobertura óptima das árvores de expressões.

t1 t2 t3
r c r + r +

c r r r i
+1r
Expressões +2r
válidas +2i1+1c +
+2i1+2r
other
c r

+ 1 r
0 1 2 3 t2, t3
t1, t3
2 i 1 + 1 c
4 5 6 7 8 9

c r 2 r
13 t1 12 t2 10 11

t2, t3
Fig. 7.1 – Padrões e máquina de estados do top-down pattern matching.

A Fig. 7.1 representa um exemplo para um sistema de reconhecimento tipo top-


down, retirado de um artigo de Aho et al. [AGT89]. Na figura, para além dos padrões t1,
t2 e t3, estão representadas as expressões possíveis de construir com os mesmos,
considerando o descendente pelo qual se está a reconhecer o próximo símbolo, e a
respectiva máquina de estados.
Provou-se que o tempo necessário para construir a árvore e a máquina de estados é
directamente proporcional à soma do comprimento das palavras chave. E que o tempo
necessário ao reconhecimento de uma string é directamente proporcional ao seu
tamanho. Trata-se como tal de uma solução extremamente rápida.

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128 Selectores de código e a sua geração

Hoffmann e O’Donnell foram também pioneiros nas estratégias do tipo bottom-up,


apresentando várias soluções, em que de um modo geral, o objectivo é determinar para
cada nodo da árvore de expressões, todos os padrões ou parte de padrões, que se
ajustam a esse nodo. Seja então n um qualquer nodo da árvore, tal que op representa a
respectiva operação e k o número de descendentes de n. Pretende-se então determinar o
conjunto M de todos os padrões possíveis de utilizar em n. Para tal, parte-se do principio
que o mesmo já foi feito para cada um dos nodos descendentes de n, onde os respectivos
conjuntos são representados por M1,...,Mk. Pode-se então dizer que M é formado por
todos os padrões op(t1,...,tk), tal que ti ∈ Mi, para 1 ≤ i ≤ k, obtidos através da
combinação dos elementos de M1,...,Mk, de tal forma que cada op(t1,...,tk) seja um
padrão ou parte de um padrão válido, segundo as regras pré-definidas. Só após se
determinarem todos os M’s, é que é possível obter o conjunto dos padrões que
descrevem a árvore de expressões.
Este tipo de solução, permite tirar proveito das gramáticas não divergentes, em que a
quantidade total de todos os M’s é finita, proporcionando assim, a possibilidade de os
determinar em pré-processamento.
A escolha dos padrões neste tipo de solução, ou é feita com base numa avaliação em
run-time do contexto da operação, ou então construindo as tabelas de transições de
forma a que estas traduzam sempre a melhor solução, ou pelo menos aquela que se
espera ser a melhor. De notar, que como as tabelas de transições são construídas em pré-
processamento, com base nos custos individuais dos padrões e sem qualquer tipo de
avaliação do contexto de execução, pode ocorrer que em run-time a solução
seleccionada não corresponda à melhor escolha.
É ainda possível evitar a construção das tabelas determinado em run-time os padrões
utilizáveis para cada nodo. Esta solução acarreta um aumento considerável no tempo de
execução, uma vez que o processo de reconhecimento engloba grande parte do processo
de construção das tabelas. Por outro lado, reduz substancialmente o pré-processamento
e elimina os recursos necessários à manutenção das tabelas.
Hoffmann e O’Donnell apresentaram uma comparação entre as diversas soluções,
designadamente no tipo de abordagem utilizada, top-down ou bottom-up, e concluíram
que esta última, apesar de obrigar a uma maior carga de pré-processamento, garante sem
dúvida, um reconhecimento das expressões mais rápido e é mais versátil. Este último
aspecto é extremamente importante para a implementação dos mecanismos de avaliação
de custos e para o caso de se pretender dar outro tipo de utilização a esta forma de
reconhecimento.
Não se pretende aqui apresentar as soluções propostas por Hoffmann e O’Donnell
uma vez que neste capítulo são apresentados outros trabalhos, com base nas mesmas
soluções, mas que são mais dedicados ao processo de selecção e apresentam
características mais especificas.

7.3 Bottom-Up Rewrite System

Um outro investigador que trabalhou muito na área da geração de sistemas de


reconhecimento de padrões em árvores, foi Pelegri-Llopart [PG88]. Do trabalho por ele
desenvolvido surgiu o BURS – Bottom-Up Rewrite System, um sistema de
reconhecimento de padrões que partilha muitas das características das soluções do tipo
bottom-up apresentadas por Hoffmann e O’Donnell. Possui no entanto um conjunto de

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Selectores de código e a sua geração 129

propriedades muito próprias: primeiro, tenta maximizar a carga computacional da fase


de pré-processamento de forma a reduzir o tempo de execução em run-time; segundo,
não se trata apenas de um sistema de reconhecimento mas também de reescrita, ou seja,
permite aquando do reconhecimento reescrever a própria árvore alargando assim o
universo das aplicações; terceiro, a avaliação dos custos da utilização de cada um dos
padrões é feita em pré-processamento, mas garante, com base nos custos pré-definidos,
a solução final óptima.
O reconhecimento das expressões necessita de uma travessia bottom-up da árvore, na
qual se identifica o estado de cada nodo da árvore de expressões. Este processo,
designa-se por labelling e é determinado com base na tabela de transições do operador
associado ao nodo e no estado dos seus descendentes. Depois através de uma segunda
travessia tipo top-down e mediante o valor da label atribuída e do não-terminal
objectivo a alcançar, identificam-se os padrões a utilizar e realizam-se as respectivas
acções.

7.3.1 Exemplo do funcionamento do BURS

O presente exemplo foi retirado de um artigo de Proebsting [Proeb95] e serve para


elucidar o funcionamento de um sistema de selecção com base na teoria do BURS.
A informação de entrada para um Sistema de Geração de Geradores de Código
(Selectores de Instruções) do tipo BURS, consiste num conjunto de regras, que definem
os padrões a reconhecer, o custo de cada uma, o símbolo não-terminal que substitui o
padrão e a respectiva acção. O exemplo considera as seguintes regras:

Regra LHS RHS Custo Acção


1 goal  reg (0) “”
2 reg  Reg (0) “”
3 reg  Int (1) “mv $0, $1”
4 reg  Fetch(addr) (2) “ld $0, $1”
5 reg  Add(reg, reg) (2) “add $1, $2”
6 addr  reg (0) “st $0, $1”
7 addr  Int (0) “mv $0, $1”
8 addr  Add(reg, Int) (0) “add $1, $2”

De notar que o RHS, pode ser composto por operadores binários, unários e sem
operandos (neste último caso temos os símbolos terminais Reg e Int). Pode ainda conter
apenas um único símbolo não-terminal e neste caso diz-se tratar de regras em cadeia
(chain rules).
Os símbolos do LHS são sempre do tipo não-terminal, onde goal representa o não-
terminal objectivo a atingir para o nodo raiz da árvore.
A Fig. 7.2 representa a árvore de expressões para a qual se pretende determinar a
cobertura e o conjunto de acções a realizar. Associado a cada nodo encontra-se o estado
que o descreve, com tantas regras quantos os símbolos não-terminais da gramática.
Cada terminal (operador com zero operandos) possui um único estado, os restantes
(operadores unários e binários) podem possuir vários estados, dependendo o seu número
da combinação destes com os não-terminais de cada um dos operandos.
A título de exemplo, o estado do símbolo terminal Int é construído com base na regra
3, que deriva o não-terminal reg ao custo de 1 unidade e pela regra 7, que deriva o não-

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130 Selectores de código e a sua geração

terminal addr ao custo de 0 unidades. O símbolo goal é obtido através da regra 1


aplicada após a regra 3, pelo que o custo final é a contribuição dos custos das duas
regras ou seja 1 ( 1+ 0).
Já no caso do operador Add, o não-terminal reg é obtido através da regra 5, a um
custo de 2 unidades mais uma proveniente da regra 3 do descendente direito. O não-
terminal addr obtém-se através da regra 8, a um custo de 0 unidades. O goal é obtido
aplicando-se a regra 1 após a regra 5, o que totaliza um custo de 3 unidades.

Fetch goal  reg #1 4


reg  Fetch(addr) #4 4
addr  reg #6 4
goal  reg #1 2
reg  Fetch(addr) #4 2 Fetch
addr  reg #6 2
goal  reg #1 3
Add reg  Add(reg,reg) #5 3
addr  Add(reg,Int) #8 0

goal  reg #1 0 goal  reg #1 1


reg  Reg #2 0 Reg Int reg  Int #3 1
addr  reg #6 0 addr  Int #7 0

Fig. 7.2 – Exemplo de uma árvore de expressões após o labelling.

De notar que um estado, só pode ser composto por regras de um mesmo operador ou
então por regras em cadeia. Estas últimas, como já se disse, são regras que se
caracterizam por possuir no RHS apenas um não-terminal (ex: #1, #6).
Após o labelling, é necessário realizar uma segunda travessia no sentido top-down,
para se seleccionar os padrões e se executar as respectivas acções. Neste caso e
pressupondo goal como o não-terminal objectivo para o nodo raiz, obtém-se então a
seguinte sequência de padrões e de acções:

Regra LHS RHS Custo Acção


1 goal  reg 0
4 reg  Fetch(addr) 2 ld $0, $1
6 addr  reg 0 st $0, $1
4 reg  Fetch(addr) 2 ld $0, $1
8 addr  Add(reg, Int) 0 add $1, $2
2 reg  Reg 0
Total: 4

No caso da selecção de instruções é conveniente que as acções sejam realizadas


aquando do regresso da travessia top-down, isto é, numa travessia post-fix, de forma a
que a ordem de execução seja a correcta.
A implementação de um sistema deste tipo acarreta diversas dificuldades, mas a
principal está em determinar os estados e as tabelas de transições, uma vez que todo o
sistema de avaliação de custos, que normalmente é implementado através de
programação dinâmica e como tal em run-time, passa a ser feito em pré-processamento.

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Selectores de código e a sua geração 131

Outro aspecto que acarreta algum cuidado é a própria representação destas estruturas,
que devem ser codificadas de forma a maximizar a velocidade de execução e minimizar
espaço ocupado. Alias, este último é um dos aspectos que todos os sistema tipo bottom-
up têm de considerar, uma vez que na maior parte dos casos, as tabelas de transição são
extremamente grandes. É, assim, habitual que estes sistemas se façam acompanhar por
mecanismos de compressão de tabelas e de minimização de estados [Chase87, DDH84].
Estudos mais detalhados de optimização do BURS, foram desenvolvidos por Henry
[FHP91, GHS82, HD89, Henry84, Henry89, Henry91], tendo este conseguido obter
técnicas, que apesar de bastante elaboradas, permitem reduzir o número de estados, o
que por si só reduz o espaço e o tempo de construção das tabelas.
Ao longo da próxima secção, pretende-se mostrar como obter os estados e construir
as tabelas de transições, bem como apresentar algumas das optimizações possíveis de
utilizar para aumentar a eficiência deste sistema.

7.4 Implementação do BURS

A descrição aqui feita, do processo de construção dos estado e tabelas de transições


para um sistema do tipo BURS, tem por base uma das mais fieis implementações desta
teoria, o Bottom-Up Rewrite Generator – BURG. Este sistema foi desenvolvido por
Proebsting [FHP91], um dos investigadores mais activos dentro desta área, tendo
mesmo apresentado outras implementações de geradores de selectores de instruções,
como é o caso do IBURG, que foi o modelo utilizado para desenvolver o sistema de
selecção do BEDS, e o WBURG que tem a vantagem de apenas necessitar de uma única
travessia (bottom-up) para realizar o labelling e a selecção dos padrões.
Proebsting também contribuiu com algumas optimizações para o modelo do BURS,
como é o caso do triangle trimming e do chain-rule trimming. Ambas as técnicas
permitem optimizar o tamanho das tabelas, através da eliminação dos estados que não
contribuem para obter melhores custos, sem que para tal agravem a eficiência do
gerador (selector de instruções).
Versões mais simplificadas da teoria do BURS, foram apresentadas por
Balachandran, et al. [BDB90], que ao eliminarem a capacidade de reescrita e ao
introduzirem algumas simplificações na aplicação dos mapas de indexação, permitem
gerar sistemas mais simples e eficientes.

7.4.1 Construção dos mecanismos do BURS

Antes de se explicar como se constroem as tabelas de transições, convém perceber o


que estas realmente são e como funcionam. Na Fig. 7.3 encontra-se representado uma
hipotética tabela de transições para um hipotético operador Add.
Como se trata de uma tabela de 4x4, significa que o conjunto de regras deste sistema
apenas dá origem a 4 estados distintos e que o operador Add possui dois operandos,
identificados como left e right. Pode-se ainda verificar que o descendente direito (right),
só pode advir dos estados 2 ou 3 e o descendente esquerdo (left) dos estados 1,2 ou 4.
Qualquer nodo com este tipo de operador só se pode encontrar no estado 1 ou 4.
Como se verifica pela Fig. 7.3 é possível alcançar um mesmo estado a partir de
situações distintas, como é o caso de Add(#1,#3) e Add(#2,#3).

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132 Selectores de código e a sua geração

Add
right #1 #2 #3 #4
left #1=Add(#1,#3)
#1 #1 #1=Add(#2,#3)
#2 #1 #4=Add(#4,#2)
#3
#4 #4

Fig. 7.3 – Representação da tabela de transições do operador Add.

Genericamente, a função de labelling é estruturada da seguinte forma:

int label(Nodo *p){


...
switch(arity[pop]){ // arity indica o número de operandos de pop
case 0: ...
p->state = state(pop, 0, 0);
...
break;
case 1: ...
p->state = state(pop, label(pleft),0);
...
break;
case 2: ...
pstate = state(pop, label(pleft), label(pright));
...
}
...
return (p->state);
}

Fig. 7.4 – Estrutura da função de labelling.

Onde Nodo* representa um apontador para um nodo da árvore, composto pelo


operador (pop), pelo estado (pstate) e por dois descendentes (pleft, pright). A
função state(...) determina o estado do nodo com base nos estados dos seus
descendentes.
O algoritmo utilizado na implementação do BURG, para determinar os estados e
construir as tabelas de transições, considera dois conjuntos: o State, onde se colocam os
estados conhecidos e o WorkList, onde se encontram os estados a processar. Ambos
estão inicialmente vazios.
O primeiro passo, que é realizado através da função ComputeLeafStates( ), consiste
em analisar todos os símbolos terminais, construindo os respectivos estados e
adicionando-os ao State e ao WorkList.
Depois, retira-se um a um, os estados do WorkList e determina-se para cada um dos
operadores, com pelo menos um operando, quais as transições nele induzidas por esse
estado, quando combinado com os restantes estados já processados. Se o resultado for
um estado distinto dos já determinados, então é adicionado aos conjuntos State e

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Selectores de código e a sua geração 133

WorkList, para que também ele possa posteriormente ser processado. O ciclo repete-se
até que o conjunto Worklist se encontre vazio.
A função principal do algoritmo encontra-se representado na Fig. 7.5, através do qual
se pode verificar, que Worklist é uma estrutura do tipo stack e State, um conjunto, em
que alguma forma se salvaguarda a relação entre cada um dos seus elementos e os
índices das tabelas de transições. Operators é o conjunto de todos os operadores com
um ou mais operandos.

Proc Main( )
Var Global States : Set(Estados)
Var Global Worklist : Stack(Estados)
Var state : Estado
Var op : Operador
Início
States = ∅
Worklist = ∅
ComputeLeafStates( )
Enquanto Worklist ≠ ∅ Fazer
state = Pop(Worklist)
Para ∀ op ∈ Operators Fazer
ComputeTransitions(op, state)
FimPara
FimEnq
Fim

Fig. 7.5 – Algoritmo da função principal, para geração do BURS.

Como já foi dito, um estado deve conter a informação sobre as regras que permitem
sintetizar ao menor custo cada um dos símbolos não-terminais. Na prática, por cada
símbolo não-terminal, o estado possui um item composto pelo próprio símbolo não-
terminal, pela regra que o permite sintetizar e pelo respectivo custo. Caso este seja
infinito, significa então que a partir desse estado não existe nenhuma regra que derive
nesse não-terminal.
O custo de cada item de um estado necessita de ser normalizado, isto é, o seu valor
só deve depender do próprio estado e não do contexto onde este ocorre. O contra
exemplo desta situação, encontra-se representado na Fig. 7.2, onde o operador Fetch
possui dois estados distintos devido ao contexto em que está inserido. No entanto, como
ambos traduzem exactamente a mesma situação, devem então ser substituídos por um
único estado, representado da seguinte forma:

LHS RHS Regra Custo


goal  reg #1 0
reg  Fetch(addr) #4 0
addr  reg #6 0

Consegue-se assim reduzir o número total de estados e como tal o tamanho das
tabelas e o tempo de geração das mesmas. De notar que este processo é fundamental

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134 Selectores de código e a sua geração

para que o número de estados não seja potencialmente infinito, o que inviabilizaria a
construção de todo o sistema.
Desta forma, o custo relativo ou custo delta é determinado subtraindo a cada não-
terminal o valor do de menor custo. O algoritmo de normalização encontra-se
representado na Fig. 7.6.

Proc NormalizeCosts(state : Estado)


Var delta : Inteiro
Var n : Não Terminal
Início
delta = min∀i. {state [i].cost}
Para ∀ n ∈ Nonterminals Fazer
state [n].cost = state[n].cost - delta
FimPara
Fim

Fig. 7.6 – Algoritmo de normalização de custos.

Os estados dos símbolos terminais determinam-se com base nas regras em que o
símbolo surge isolado do RHS da produção, retendo-se apenas as que permitem
sintetizar cada um dos não-terminais ao menor custo. Depois normalizam-se os custos e
aplicam-se as regras em cadeia na tentativa de se conseguir sintetizar os não-terminais
que ainda não foram alcançados através das primeiras regras, o que por si só, permite
aumentar o espaço de soluções do selector de instruções e por vezes reduzir os custos. O
processo termina após a inserção dos novos estados em State e em Worklist. O
algoritmo encontra-se representado na Fig. 7.7.

Proc ComputeLeafStates( )
Var leaf :Terminal
Var r : Regra
Var state : Estado
Var n : NãoTerminal
Início
Para ∀ leaf ∈ Leaves Fazer
state = ∅
Para ∀ r: n  leaf Fazer
Se r.cost< state [n].cost Então
state [n] = {r.cost,r}
FimSe
FimPara
NormalizeCosts(state)
Closure(state)
WorkList = Append(WorkList, state)
States = States ∪ {state}
leaf.state = state
FimPara
Fim

Fig. 7.7 – Algoritmo para determinar os estados do símbolos terminais.

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Selectores de código e a sua geração 135

O algoritmo do Closure(state), consiste em aplicar iterativamente as regras em


cadeia ao estado, até que não se produzam mais alterações.

Proc Closure(state : Estado)


Var r : Regra
Var n, m : Não Terminal
Var cost : Inteiro
Início
Repetir
Para ∀ r: n -> m tal que m ∈ Nonterminals Fazer
cost = r.cost + state [m].cost
Se cost < state [n].cost Então
state [n] = {cost,r}
FimSe
FimPara
Até que não ocorram alterações no estado
Fim

Fig. 7.8 – Algoritmo para aplicar as regras em cadeia.

O passo seguinte consiste em remover um a um, os estados de Worklist e testá-los


para todo e qualquer operador com mais do que um operando. Este procedimento é feito
através da função ComputeTransitions(op, state), que analisa o efeito de state para todas
as dimensões de op. Para tal, determina um pseudo-estado designado por pState e que é
formado apenas pelos itens de state que podem contribuir para a i-nésima dimensão de
op. Na prática, como estes pseudo-estados só servem para determinar as transições, não
necessitam de armazenar a informação referente às regras, mas apenas os símbolos não-
terminais e o custo necessário para os sintetizar.
Para o correcto funcionamento do algoritmo, é necessário manter para cada uma das
dimensões de cada um dos operadores, os respectivos pStates (op.reps[i] = {pStates}),
bem como a relação entre estes e o estado de onde derivam (op.map[i][state] = pState).
O processo prossegue combinando o novo pState com todos os pState entretanto
determinados para cada uma das restantes dimensões. Depois avalia-se o custo de cada
uma destas combinações, quando aplicada às várias regras que utilizam op, formando
um estado com aquelas que permitem obter ao menor custo cada um dos não-terminais.
O qual passa a representar op aquando da ocorrência da respectiva combinação dos
pStates. No caso deste ainda não ter sido previamente determinado, é então reunido ao
State e adicionado ao Worklist. O algoritmo final é o seguinte:

Proc ComputeTransitions(op : Operador , state : Estado)


Var i, cost : Inteiro
Var pSate, result : Estado
Início
Para i de 1 Até op.arity Fazer
pState = Project(op, i, state)
op.map[i][state] = pState
Se pState ∉ op.reps[i] Então

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136 Selectores de código e a sua geração

op.reps[i] = op.reps[i] ∪ {pState}


Para ∀(s1,...,pState, sop.arity) tal que ∀j≠i, sj ∈ op.reps[j] Fazer
result = ∅
Para ∀ r:n->op(m1,...,mop.arity) Fazer
cost = r.cost + pState[mi].cost + ∑j≠i sj[mj].cost
Se cost < result[n].cost Então
result[n] = {cost,r}
FimSe
FimPara
Trim(result)
NormalizeCosts(result)
Se result ∉ States Então
Closure(result)
WorkList = Append(WorkList, result)
States = States ∪ {result}
FimSe
op.transitions[s1,..,pState,..,sop.arity] = result
FimPara
FimSe
FimPara
Fim
Proc Project(op : Operador, i : Inteiro, state : Estado) : Estado
Var pState : Estado
Início
pState = ∅
Para ∀ n ∈ Nonterminals Fazer
Se ∃ r: m-> op(n1,...,n,...nop.arity) Então
pState[n].cost = state [n].cost
FimSe
FimPara
NormalizeCosts(pState)
Retornar pState
Fim

Fig. 7.9 – Algoritmo para determinar os estados dos não-terminais.

7.4.2 Optimizações de Proebsting

Proebsting desenvolveu algumas técnicas de optimização para o BURS [Proeb91,


Proeb92a, Proeb92b, Proeb95a], que designou por Triangle Trimming e Chain Rule
Trimming. Ambas foram aplicadas ao BURG através da função Trim(state) do
algoritmo anterior. Estas optimizações tiveram por base outras duas, propostas por
Henry e designadas por sibling e demand trimming, que partilham os mesmos
princípios, divergindo apenas nos algoritmos utilizados.

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Selectores de código e a sua geração 137

A ideia base deste tipo de técnicas consiste em fazer com que dois ou mais estados
não idênticos o passem a ser, de forma a se poder eliminar um deles, acelerando assim o
processo de geração dos selectores, uma vez que se reduz o número de combinações
possíveis de se obter para cada operador e implicitamente o tamanho das tabelas.
Os algoritmos propostos por Proebsting e por Henry, divergem na forma como se
propõem alcançar estes objectivos. Mas ambos tentam eliminar todos os não-terminais,
para os quais se prove, que não existe nenhuma solução feita com base neles, que não
possa ser obtida através de outros não-terminais a um custo igual ou inferior. Com este
processo consegue-se eliminar alguns dos itens que compõem os estados, reduzindo
assim algumas das diferenças que possam existir. A remoção dos não-terminais não
deve afectar a capacidade de determinar a cobertura óptima de uma qualquer árvore de
expressões.
A técnica de Triangle Trimming verifica para todos os estados, se existe um par de
símbolos não-terminais ( i, j), tal que j possa substituir i, em qualquer dimensão de toda
e qualquer regra onde i é utilizado, produzindo o mesmo resultado mas a um custo não
superior. Nessa situação, i é removido do respectivo estado.
Diz-se então, que se para um dado operador op, existirem duas regras, r e t, onde seja
possível utilizar na dimensão d, respectivamente os não-terminais i e j (quer
directamente, quer por regras em cadeia), tal que:

i

Regra r: nr  op ( pr,1 , ... , pr,d , ... , pr,arity)
⇑ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓
Regra t: nt  op ( pt,1 , ... , pt,d , ... , pt,arity)

j

É possível prova que j pode substituir i, se for possível derivar cada um dos pt,x a
partir de pr,x (pr,x⇒pt,x), para x =1...arity ∧ x≠d, e nr a partir de nt (nt ⇒ nr), de tal forma
que:

state [i].cost + r.cost + Cost( i ⇒ pr,d) ≥


state [j].cost + t.cost + Cost( j ⇒ pt,d) + Cost(nt ⇒ nr) + ∑ Cost (p
k ≠d
r ,k ⇒ p t ,k )

NOTA: A operação n1⇒ n2 significa que é possível sintetizar o não-terminal n2 a partir


do não-terminal n1, aplicando-se a n1 uma ou mais regras em cadeia até se
obter n2. E Cost(n1⇒ n2), representa o menor dos custos para sintetizar n2 a
partir de n1.

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138 Selectores de código e a sua geração

Proc ChainRuleTrimming(state :Estado)


Var n, m : Não Terminal
Var c : Inteiro
Início
Para ∀ n ∈ state Fazer
Para ∀ m ∈ state Fazer
c = Cost(m ⇒n)
Se state[n].cost ≥ state[m].cost + c Então
state[n] = {∝, ⊥}
FimSe
FimPara
FimPara
Fim

Fig. 7.10 – Algoritmo de Chain Rule Trimming.

O Chain Rule Trimming, há semelhança da técnica anterior, tenta também reduzir o


número de estados eliminando potenciais diferenças que possam existir entre estes. Só
que agora a ideia consiste em tentar eliminar itens de um estado, que possam
posteriormente ser sintetizados a partir de outros itens do mesmo estado, a um custo
menor ou igual, utilizando regras em cadeia. Trata-se como tal de uma espécie de anti-
Closure(...), podendo levar a pensar que existe alguma contradição nesta forma de
optimização. Mas convém reparar que a função Trim(...), responsável por ambas as
formas de optimização, é invocada antes da normalização dos custos e da condição que
avalia se o estado até ai determinado pertence ou não ao conjunto State. Só no caso
deste não pertencer, é que se executa a função Closure(...). A qual garante que os não-
terminais (associados aos itens) eliminados pelo chain rule trimming, voltam a ser
alcançados, mas com a vantagem de entretanto se ter reduzido o número de estados. O
procedimento encontra-se representado na Fig. 7.10.

7.4.3 Optimizações de Chase

Chase desenvolveu um método de compactação de tabelas [Chase87], utilizado por


Pelegri na implementação do BURS, e que consiste em analisar se existem entradas
(linhas ou colunas) que sejam iguais. Se tal acontecer, eliminam-se todas as ocorrências
excepto uma e através da utilização de vectores de indexação reorienta-se as entradas da
tabela, como se encontra representado na Fig. 7.11.
Comprova-se experimentalmente, que a maior parte das linhas e colunas das tabelas
de transições, não contém informação útil e mesmo quando contêm, é na maior parte
das vezes redundante. Condições que permitem reduzir substancialmente o tamanho das
tabelas.
Pelegri, no sentido de conseguir uma maior compactação, faz a gestão dos vectores
de indexação ao nível do bit, pelo que os elementos que compõem os vectores possuem
apenas os bits necessários, arredondados à potência de dois mais próxima (2,4,8,...),
para representar o número de estados da respectiva tabela. Este tipo de tratamento
advém do facto de se ter verificado que a utilização de bytes ou múltiplos de bytes,
implicava algum desperdício de espaço.

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Selectores de código e a sua geração 139

Exemplo 7.1
A Fig. 7.11 elucida o processo de compactação de tabelas utilizando vectores de
indexação, em que numa primeira fase reduzem-se as linhas e só depois as colunas da
tabela.

op( left, right) right


right #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6
#0 #1 #2 #3 #4 #5 #6
#0 #0
#1 #1
#2 #6 #6 #7 left #2
#3 #3
#4 #6 #6 #7 #4
#6 #6 #7
#5 #5
#6 #6

right
#0 #1 #2 #3 #4 #5 #6

#0
#1
left #2
#3
#4
#6 #7
#5
#6

Fig. 7.11 – Compactação das tabelas, recorrendo a vectores de indexação.

7.4.4 Optimizações de Henry

O trabalho desenvolvido por Henry [GHS82, HD89, Henry84, Henry89, Henry91],


consistiu em transformar a informação contida nas tabelas de transições, numa solução
mista de código (hard code) e dados, com o objectivo de diminuir o tamanho e o tempo
de acesso às tabelas.
Como se pode verificar pela função ComputeTransitions(...) da Fig. 7.9, os estados
são determinados em função de um operador. É como tal natural, que os respectivos
identificadores sejam valores praticamente sequenciais ou então muito próximos.
Acontece no entanto, que se o número total de estados for superior a 256, passa a ser
necessário utilizar dois bytes por cada um dos elementos das tabelas de transições,
mesmo que estas apenas guardem meia dúzia de valores distintos.
Henry, contorna este problema aplicando diversas tácticas. Uma consiste em ajustar
os valores dos identificadores, de tal forma que só seja necessário utilizar um byte por
cada elemento da tabela. Seja então [a,b] o intervalo, no qual se encontram todos os
identificadores contidos numa determinada tabela (excepto o nulo), tal que a e b
representam respectivamente o estado com o menor e o maior identificador. É então
possível reescrever o intervalo, da seguinte forma:

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140 Selectores de código e a sua geração

[ 1, b-a+1] + a - 1 Eq. 7.3

O que a nível da tabela de transições, consiste em subtrair a-1 a cada elemento cujo
valor é diferente de nulo. Aquando da operação de labelling, ao valor obtido da tabela
adiciona-se a-1. Esta reformulação apenas compensa se b-a +1 < 256, o que permite
definir as tabelas com apenas um byte por elemento. Caso tal não aconteça, Henry, opta
por decompor a tabela de forma a que cada componente não indexe mais do que 256
estados distintos, para tal, há que antes realizar algumas permutas entre colunas e entre
linhas, de forma a minimizar os elementos em comum das várias sub-tabelas. A
decomposição faz-se segundo o esquema da Fig. 7.12.
Henry também utiliza os mecanismos de compactação de tabelas propostos por
Chase, mas ao contrário da implementação de Pelegri que trata as tabelas como
entidades individuais, Henry opta por as tratar como uma entidade única e tira proveito
disso, para compactar também os vectores de indexação. O Exemplo 7.2 ilustra como é
que tal acontece.

Fig. 7.12 – Esquema de decomposição de tabelas.

Exemplo 7.2
Pressupondo que de uma dada gramática e após a aplicação dos vectores de
indexação, resultaram as seguintes tabelas de transições:

Mul #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 Plus #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7
f1 f4
#0 #0
#1 #1 PlusTable
#2 MulTable #2
#3 #3 #6 #7 ≡ #1 #2 + 5
#4 #5 ≡ #1 + 4 #4
#5 #5
#6 #6
#7 #7
f2 f3

Assign #0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 Fetch
f1
#0 #0
#1 #1
#2 AssignTable #2 FetchTable
#3 #3
#4 #1 ≡ #1 + 0 #4 #3 ≡ #1 + 2
#5 #5
#6 #6
#7 #7
f0 f0

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Selectores de código e a sua geração 141

De forma a simplificar a representação, não se colocaram as ligações entre os


vectores e os estados nulos. Ao lado de cada tabela “comprimida” encontra-se a
tabela equivalente após se aplicar a reformulação da Eq. 7.3.
Mesmo para um problema pequeno como este, verifica-se que existem vectores de
indexação que são comuns a mais do que um operador, como por exemplo, o vector
do Fetch e o vector do operando esquerdo de Assign (f0). A prática demonstrou que
este tipo de ocorrências é vulgar, pelo que Henry propõe a partilha dos vectores pelas
tabelas de transições, passando estas a ser uma única entidade.
De forma a reduzir ainda mais o espaço, os elementos de cada vector são
constituídos pelo número de bits correspondente à potência de 2 (2,4,8,...) mais
próxima da quantidade a representar. Assim, por exemplo, f0 como só faz referência
aos índices 0 e 1 das tabelas, apenas necessita de um bit por elemento. Na prática
utilizam-se 2 bits, uma vez que facilita os mecanismos de compactação e
manipulação binária. Os vectores são então representados da seguinte forma:

static struc {unsigned int f0:2;


unsigned int f1:2;
unsigned int f2:2;
unsigned int f3:2;
unsigned int f4:2;
}mapv[ ] = { { 0, 0, 0, 0, 0,}, //#0
{ 0, 1, 0, 0, 1,}, //#1
{ 1, 0, 0, 1, 0,}, //#2
{ 0, 1, 0, 0, 1,}, //#3
{ 1, 0, 1, 1, 0,}, //#4
{ 0, 0, 0, 0, 2,}, //#5
{ 1, 0, 0, 0, 0,}, //#6
{ 1, 0, 0, 0, 0,}, //#7
// f0,f1,f2,f3,f4
};

Fig. 7.13 – Esquema da organização dos mapas de indexação.

Como já se explicou, a operação de labelling consiste em identificar o operador


do nodo, por exemplo, através de uma estrutura tipo switch...case..., e depois
consultando a respectiva tabela e com base nos estados dos nodos descendentes,
determina-se o estado do nodo actual. Neste exemplo concreto, os procedimentos de
consulta das tabelas realizam-se através das seguintes macros:

#define AssignState(l,r) (temp = AssignTable[mapv[l].f0][mapv[r].f1]?temp+0:0)


#define FetchState(l) (temp = FetchTable[mapv[l].f0]?temp+2:0)
#define MulState(l,r) (temp = MulTable[mapv[l].f2][mapv[r].f1]?temp+4:0)
#define PlusState(l,r) (temp = PlusTable[mapv[l].f3][mapv[r].f4]?temp+5:0)

Fig. 7.14 – Macros para determinar o labelling.

Henry, para além dos vectores de indexação das tabelas de transições, codifica
também a informação sobre os estados, necessária para se determinarem as regras a
aplicar. Pressupondo então, que os estados obtidos para a gramática deste exemplo,
são os seguintes:

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142 Selectores de código e a sua geração

Estado nt Regra Estado nt Regra Estado nt Regra

reg 7 reg 0 reg 6


con 0 con 1 con 0
1 addr 0 2 addr 3 3 addr 0
x 0 x 0 x 0
y 0 y 0 y 0

reg 0 reg 0 reg 0


con 2 con 0 con 0
4 addr 3 5 addr 0 6 addr 4
x 0 x 8 x 0
y 9 y 0 y 0

Estado nt Regra

reg 0
con 0
7 addr 5
x 0
y 0

Em que reg, con, addr, x e y, são não-terminais da gramática. Os dois últimos


não-terminais (x e y) surgem através do processo de normalização da gramática, pelo
que não são incluidos na codificação.
De forma a juntar a informação sobre os estados a mapv, à que os decompor,
agrupando a informação pelos vários não-terminais, de tal forma que:

f5 f6 f7 f5+2 f6+0 f7+5


0 0 0 // #0 0 0 0
0 0 7 // #1 0 0 2
3 1 0 // #2 1 1 0
0 0 6 // #3 ≡ 0 0 1
3 2 0 // #4 1 2 0
0 0 0 // #5 0 0 0
4 0 0 // #6 2 0 0
5 0 0 // #7 3 0 0
// addr con reg addr con reg

Como os identificadores das regras podem assumir valores muito elevados e uma
vez que os valores por cada vector (fi) são muito próximos, aplica-se a reformulação
da Eq. 7.3.

Henry desenvolveu várias outras optimizações, algumas das quais para o seu próprio
sistema, o CODEGEN. Julgo no entanto que as mais relevantes são as que aqui se
apresentaram, tanto que foram integradas na maior parte dos sistemas com base no
BURS.

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Selectores de código e a sua geração 143

7.5 IBURG

O BURS é sem dúvida um dos processos mais rápidos para realizar a selecção ou a
reescrita de árvores. É exactamente nestes dois aspectos, que residem as suas principais
vantagens. Infelizmente a estas contrapõem-se também algumas desvantagens, uma das
quais, advém do próprio processo para determinar os estados e gerar as tabelas de
transições, o qual é extremamente complexo, pelo menos quando se pretende obter
sistemas optimizados.
Mas mais inconveniente, pode ser a impossibilidade de avaliar o contexto de
execução em run-time, uma característica que é completamente antagónica à filosofia de
concepção do BURS, mas que pode ser extremamente importante para a implementação
de determinados sistemas, como é o caso da alocação de registos. Com a agravante, de
que a maioria dos selectores de instruções permite realizar este tipo de operações.
Uma solução de compromisso, de nome IBURG, foi desenvolvida por Fraser et al.
[FHP92] e partilha muitas das características do BURG, designadamente a gramática, o
processo bottom-up de labelling e o top-down de selecção das regras, e todo um
conjunto de pequenas operações. Aliás, quer Fraser, quer Proebsting, participaram
ambos na concepção do BURG e do IBURG.
Mas as diferenças também são relevantes, é que o IBURG ao optar por uma solução
mais hard-code, dispensa a construção das tabelas de transições e, em parte, dos
próprios estados. Como tal, deixa de ser necessário conhecer previamente o custo de
cada uma das regras da gramática.
Lógico que o sistema de reconhecimento se torna mais lento, mas com a vantagem de
permitir utilizar programação dinâmica para avaliar os custos em run-time. Convém no
entanto aqui esclarecer, que o IBURG só utiliza custos estáticos, mas que facilmente
podem ser substituídos por funções de custo.

7.5.1 Operação de labelling

É na operação de labelling, ou mais concretamente no state(...), em que o BURG e o


IBURG mais se distinguem. É que no primeiro caso, como os custos são previamente
conhecidos torna-se possível determinar os estados que caracterizam um qualquer nodo
de uma expressão válida da gramática. Já no segundo caso, como os custos podem
variar, faz com que o número de estado seja teoricamente infinito, o que inviabiliza
qualquer tentativa de os quantificar ou de determinar. Por outro lado, como não se
conhecem os estados, também não é possível relacioná-los com os nodos das árvores de
expressões, o que leva a que cada nodo se caracterize por possuir um estado próprio que
não partilha com mais nenhum.
A estrutura de um estado é assim composta pelos seguintes campos:

struct state {
int op;
struct state *left, *right;
short cost[n_NT];
short rule[n_NT];
};

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144 Selectores de código e a sua geração

Em que n_NT, representa o número de não-terminais da gramática.


A estrutura da operação de labelling em si, é em tudo semelhante à que se encontra
representada na Fig. 7.4, mas a função de state(...), apesar de utilizar os mesmos
princípios, é bastante diferente. Esta começa por alocar dinamicamente um estado, de
seguida inicializa os campos, colocando por exemplo, os custos a infinito. Depois com
base no operador e nos estados dos nodos descendentes determina o estado do nodo
actual.
Caso o operador seja do tipo terminal, o respectivo estado é estático, pelo que apenas
é necessário preencher os campos com os custos e as regras que permitem sintetizar
cada um dos não-terminais ao menor custo. Neste aspecto o IBURG é em tudo
semelhante ao BURG, uma vez que as regras são seleccionadas em pré-processamento,
utilizando mesmo um algoritmo semelhante ao da Fig. 7.7.
Para operadores com um ou mais operandos, é necessário determinar em run-time, o
custo de utilização de cada regra. O que não é mais do que adicionar ao custo da própria
regra, o custo de sintetizar cada um dos seus operandos a partir dos nodos descendentes.
A regra passa a vigorar para esse estado, caso seja a que permite sintetizar o não-
terminal que se encontra do seu LHS ao menor custo. O Exemplo 7.3 ilustra esta
situação para duas regras distintas de um mesmo operador.

Exemplo 7.3
O seguinte trecho de código pertence à função state(...),obtida de uma gramática
que possui entre outros elementos, um operador (Plus), quatro regras, duas onde o
operador é utilizado e mais duas regras em cadeia ( reg:addr, con:addr), e ainda três
símbolos não-terminais, o reg (reg_NT), o addr (addr_NT) e o con (con_NT). As
variáveis p, left e right, representam respectivamente o estado do nodo actual, e os
descendentes esquerdo e direito.

case PLUS:
/* 10 reg: Plus( reg, addr) 2 */
c = leftcost[reg_NT] + rightcost[add_NT] + 2
if( c < p->cost[reg_NT]){
pcost[reg_NT] = c;
prule[reg_NT] = 10;
}
/* 11 addr: Plus( con, reg) 1 */
c = leftcost[con_NT] + rightcost[reg_NT] + 1
if( c < p->cost[addr_NT]){
pcost[addr_NT] = c;
prule[addr_NT] = 11;
/* 20 reg: addr 2 */
/* 21 con: addr 0 */
closure_addr(p);
}

Se para um não-terminal ntx, existir pelo menos uma regra do tipo nty : ntx, então o
IBURG gera uma função de nome closure_ntx(p), em que dado um estado p, avalia se
Custo(nty : ntx) + pcost[ntx ] < pcost[nty] e se tal acontecer, substitui o custo de

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Selectores de código e a sua geração 145

pcost[nty] por Custo(nty : ntx) + pcost[ntx], ou seja, aplica ao estado p todas as


regras em cadeia em que ntx surge do RHS.
Caso exista alguma regra do tipo ntz : nty, então closure_ntx(p) invoca closure_nty(p),
e assim por adiante. O Exemplo 7.4 ilustra uma destas situações.

Exemplo 7.4
Na continuação do exemplo anterior, temos a seguinte função de closure:

static void closure_addr(struct state *p) {


/* 20 reg : addr 2 */
if (pcost[addr_NT] + 2 < pcost[reg_NT]) {
pcost[reg_NT] = c + 2;
prule[reg_NT] = 20;
}
/* 21 con : addr 0 */
if (pcost[addr_NT] + 0 < pcost[con_NT]) {
pcost[con_NT] = c + 0;
prule[con_NT] = 21;
}
}

Pelo que já foi dito, verifica-se que nada impede a substituição do custo de cada uma
das regras por funções de custo, uma vez que não existe qualquer compromisso na
estrutura do algoritmo com os custos atribuídos aquando a especificação das regras.

7.5.2 Selecção das regras

A selecção das regras no IBURG não podia ser mas simples, uma vez que toda a
informação necessária encontra-se representada no próprio estado, pelo que basta
conhecer qual o não-terminal objectivo e realizar uma travessia top-down, para se
determinarem as regras a utilizar.
Apenas para compactar um pouco a forma de representar os estados, os autores do
IBURG utilizam vectores de regras, um por cada um dos símbolos não-terminais, mas
de tal forma, que cada vector contém apenas as regras que sintetizam determinado não-
terminal. O Exemplo 7.5 elucida esta situação.

Exemplo 7.5
Ainda dentro do contexto dos exemplos anteriores, seria possível obter os
seguintes vectores de regras:

static short decode_reg[ ]={0, 10, 20}


static short decode_addr[ ]={0, 11}
static short decode_con[ ]={0, 21}

Possibilitando a redefinição de struct state da seguinte forma:

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146 Selectores de código e a sua geração

struct state {
...
struct {
unsigned reg_nt:2;
unsigned addr_nt:2;
unsigned con_nt:2;
} rule;
};

Conseguindo assim reduzir o espaço ocupado por cada estado, o que pode no
entanto não ser muito relevante, pelo menos quando se considera apenas uma árvore.
Mas acontece por vezes ser necessário realizar o labellling a todas as árvores e só
depois é que se determinam as regras, como é o caso do sistema de alocação global
do BEDS, nestas circunstâncias e uma vez que estamos a falar de muitas árvore, este
sistema de compactação pode-se mostrar muito vantajoso.

7.6 O selector de instruções do BEDS

O selector de instruções que acompanha o BEDS, ao qual passaremos a designar por


BBEG - BEDS Back-End Generator, foi construído com base no IBURG. O pouco que
se alterou está essencialmente relacionado com a integração deste último no BEDS, pelo
que as alterações se verificam mais ao nível do gerador do que ao nível do selector de
instruções. Alias, a única alteração directamente relacionada com a selecção e que
eventualmente é digna de nota, é a utilização de funções de custos em vez de custos
constantes.
Convém aqui salientar que o BBEG não restringe a sua utilização ao contexto de
desenvolvimento do BEDS, alias o seu funcionamento é por defeito independente deste
último, conforme se vai esclarecer no próximo capítulo.
Um dos aspectos em que o BBEG é claramente diferente do IBURG, é na gramática
utilizada, uma vez que esta, no BBEG, não só serve para descrever as instruções e a
relação destas com as expressões da RI, mas também para especificar o register set,
relacionar os identificadores da RI com os identificadores do gerador, activar os
módulos de alocação, etc. Todos estes aspectos também influenciam o próprio gerador,
uma vez que este para além das funções típicas do IBURG, passa a gerar a informação
sobre os registos, as macros que interligam o BBEG com o BEDS, os algoritmos de
alocação e desalocação, as funções para emitir as instruções, alguns mecanismos de
coordenação entre o sistema de alocação e o de selecção, etc.
O BBEG permite ainda associar às regras, condições de contexto, procedimentos a
realizar após a selecção, e relacionar os operandos e operadores das expressões com os
parâmetros das instruções. Como se disse acima, muitos destes aspectos são abordados
mais detalhadamente ao longo do próximo capítulo.

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Utilização do Sistema BEDS 147

8 Utilização do Sistema BEDS

Este capítulo começa por apresentar os passos fundamentais no desenvolvimento de


um compilador dentro da infra-estrutura do BEDS, depois descreve-se a gramática da
linguagem utilizada pelo BBEG, o processo de geração da representação intermédia e a
utilização dos diversos módulos que compõem o BEDS.
Antes de se avançar, convém lembrar que o desenvolvimento de compiladores está
longe de ser uma tarefa que se possa considerar simples, mesmo quando se utilizam
ferramentas próprias.

8.1 Estrutura de um projecto

O BEDS não é por si só um sistema completo, quer quando visto como uma
ferramenta de apoio ao desenvolvimento de compiladores, ou como um conjunto de
componentes que podem integrar o compilador. Permite no entanto auxiliar o
desenvolvimento de algumas das suas componentes, quer gerando-as a partir de uma
descrição ou fornecendo-as directamente através de um conjunto de classes, as quais
devem ser parametrizadas à medida de cada caso.
Antes de se descreverem os passos essenciais à construção de um compilador, é de
todo conveniente esclarecer as diferentes fases temporais que envolvem o BEDS e a sua
aplicação ao desenvolvimento de compiladores. A fase primordial, que precede todas, é
a própria construção dos sistemas de geração de geradores, ou seja a construção do
BBEG e a implementação das classes que compõem o BEDS. Como não é directamente
relevante para a construção de um compilador não é aqui abordada.
A fase seguinte, que será considerada como primeira fase de um projecto para a
construção de um compilador, consiste em utilizar os mecanismos construídos na fase
anterior, designadamente o BBEG, para que com base numa descrição (especificação)
gere algumas das componentes que vão integrar o compilador. Componentes essas que,
por serem de alguma forma dependentes de factores externos ao BEDS, encontram-se
inacabadas, ou em stand-by, no processo de concepção e desenvolvimento.

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148 Utilização do Sistema BEDS

Esta fase inclui: a especificação das características do processador e da relação que


estas possam ter com a representação intermédia; a selecção do processo de alocação, se
local ou global; o desenvolvimento das funções de custo, de avaliação das condições de
contexto e eventualmente das funções para gerar código máquina; e o próprio processo
de geração do selector de instruções e das rotinas de alocação (local).

...
Register Specification ...
Instruction Mapping Context Validation Functions
Instruction Specification Binary Code Generator Functions
Allocation System Type Cost Functions

BBEG
BEDS Class
Library
BEDS

Other Back-End Instruction Selector Parameter Front-End


Routines Allocation System Moulder Routines
...

Compiler

Fig. 8.1 – Modelo com os vários intervenientes no desenvolvimento de um compilador.

A construção do compilador, propriamente dita é feita na segunda fase e consiste em


reunir as rotinas obtidas da fase anterior com as classes do BEDS e com as rotinas do
front-end, de tal forma que, na terceira e última fase (a da compilação do programa
fonte), seja possível construir a representação intermédia e aplicar todos os processos
necessários para se obter o código final.
Assim, na segunda fase é necessário associar ao gerador da representação intermédia,
as rotinas que permitem instanciar os objectos das classes do BEDS, “parametrizando”
eventualmente alguns desses objectos de forma a moldá-los às necessidade concretas do
compilador que se está a construir ( Parameter Moulder da Fig. 8.1). A instanciação das
classes aplica-se à construção da representação intermédia, mas também à invocação
das rotinas de optimização e geração de código final.
Na realidade as funções da segunda fase acabam por ficar incluídas num nível
semelhante ao da primeira fase, mas agora do front-end, isto porque, quer o analisador

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Utilização do Sistema BEDS 149

semântico, quer o gerador de código intermédio, são normalmente construídos


utilizando ferramentas de geração (lex, yacc, ox, etc).
A terceira fase é apenas simbólica uma vez que já nada tem haver com a construção
do compilador, mas apenas com a sua execução, ou seja com o seu funcionamento
aquando da compilação de um programa fonte. É no entanto importante distingui-la das
restantes de forma a manter claro a função das fases anteriores.
A próxima secção apresenta a gramática da linguagem de especificação do BBEG, a
BBEGL - BEDS Back-End Generator Language, e descreve alguns dos aspectos
inerentes à primeira fase de um projecto para a construção de um compilador. As duas
secções seguintes descrevem como utilizar os mecanismos fornecidos pelo BEDS para
integrar o processo de compilação (segunda fase do projecto de construção de um
compilador).

8.2 BEDS Back-End Generator Language

Como já se disse, o BBEG foi desenvolvido utilizando os mecanismos de geração do


IBURG e como tal as componentes por este geradas, mas a gramática foi
completamente reformulada. Assim, foi necessário desenvolver de raiz o reconhecedor
desta nova linguagem de especificação, para tal, recorreu-se a duas outras ferramentas
de concepção de processadores de linguagens: o Eli [GHKSW90] para construir o
analisador léxico, sintáctico e semântico do BBEG, e o Lex para situações localizadas
para as quais não se justificava mais do que uma simples análise léxica.
O Eli é uma ferramenta de concepção de processadores de linguagens, composta por
diversos programas, cada um responsável por auxiliar a concepção de uma das fases do
processador. É sem dúvida uma referência dentro deste tipo de ferramentas pelo que, à
semelhança do Lex, dispensa qualquer tipo de apresentação mais detalhada.
A escolha destas ferramentas deve-se à maturidade de ambas, à documentação
existente, conhecimento e apoio disponível, e essencialmente por utilizarem C/C++
como linguagens de suporte, o que é fundamental para a integração dos mecanismos
gerados com os módulos do BEDS.
Após esta breve apresentação sobre as ferramentas utilizadas no desenvolvimento do
BBEG e uma vez que não é sobre elas que se pretende aqui falar, pode-se então
começar a descrever como se procede a relação entre os componentes gerados pelo
BBEG e as restantes componentes do back-end e do front-end, bem como explicar quais
os mecanismos necessários de garantir para que este relacionamento se proceda
conforme o esperado. A secção conclui com a descrição da linguagem de especificação
do BBEG.

8.2.1 Interface entre front-end e back-end

Como o BBEG foi concebido para ser completamente independente de qualquer uma
das restantes componente do BEDS, resulta que o código por ele gerado também se
mantém independente dessas rotinas, pelo que não é obrigado a partilhar com este as
mesmas estruturas de informação, designadamente as utilizadas na representação das
árvores de expressões, ou a forma como identifica os operadores, uma vez que por

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150 Utilização do Sistema BEDS

defeito não existe qualquer relação entre os operadores das árvores que provêm do
front-end e os operadores definidos na especificação a utilizar pelo BBEG.
Foi como tal necessário definir uma interface que disciplinasse o diálogo entre ambas
as fases. Após várias experiências concluiu-se que esta deveria ser composta por duas
partes distintas, uma independente da especificação e que fornecesse os mecanismos de
acesso por defeito, e uma segunda parte, intrinsecamente dependente da especificação e
que permitisse tratar os casos pontuais, como por exemplo, o acesso a determinados
operadores/operandos, as funções de custo e de contexto, etc.
Para não comprometer as soluções utilizadas no front-end optou-se por implementar
a interface com base em macros, as quais devem ser fornecidas pelo utilizador, ou então
no caso deste pretender utilizar as rotinas geradas com os restantes módulos do BEDS,
pode, sob pedido explícito (na especificação), serem geradas pelo próprio BBEG.
As macros encontram-se divididas em dois grupos, um com as macros que permitem
o acesso aos campos das árvores de expressões e que são utilizadas por praticamente
todos os processos do back-end, mas fundamentalmente pelas funções de labelling; e
um segundo grupo, que comporta as macros utilizadas pelas rotinas de alocação e
geração de código. Integrada no primeiro grupo está ainda uma enumeração que permite
identificar os operadores das árvores de expressões.
As macros a utilizar por omissão nas operações de labelling, são:

STATE_TYPE - Representa o tipo de estrutura de dados dos estados, que


por defeito consiste em struct state *.

NODEPTR_TYPE - Designa o tipo do nodo das árvores de expressões, que


no caso do BEDS consiste RTLExpression *.

OP_LABEL( p ) - Permite aceder ao operador do nodo p, normalmente do


tipo inteiro.

LEFT_CHILD( p ) - Permite aceder (ler) ao descendente esquerdo do nodo p.

RIGHT_CHILD( p ) - Permite aceder (ler) ao descendente direito do nodo p.

STATE_LABEL( p ) - Permite aceder (ler/escrever) ao estado do nodo p.

PANIC - Função a utilizar em caso de erro.

E as macros a utilizar, por omissão no sistema de alocação local e na geração de


código, são:

SETPHYVAL(p,r,g,t) - Assinala que o nodo p, para a regra r utiliza o registo g,


que é do tipo t. Em que:

g - É um apontador do tipo void *, para uma estrutura com a


informação sobre o registo utilizado no resultado da
regra r.
t - Indica o tipo de registo utilizado em g, se SimpleRegister
ou CompRegister.

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Utilização do Sistema BEDS 151

GETPHYVAL(p,r,n) - Permite aceder ao registo atribuído ao nodo p em relação


à regra r, de tal forma que se n é:

0 - Devolve o registo utilizado pela regra r.


1 - Devolve o registo utilizado pela regra anterior a r.
2 - Devolve o registo da última regra aplicada a p.

GETPHYTYPE(p,r,n) - Permite aceder ao tipo de registo atribuído ao nodo p em


relação à regra r e ao valor de n.

RESULTSTATE(p) - Permite aceder ao estado do resultado do nodo p.

Para uma melhor compreensão das macros SETPHYVAL, GETPHYVAL e


GETPHYTYPE, há que explicar que o processo de selecção pode atribuir a cada nodo
mais do que uma regra, em que uma está associada à operação (do nodo) e as restantes
são regras em cadeia. Como estas podem utilizar recursos distintos para manter os
resultados, surge a necessidade de criar mecanismos de suporte e gestão das regras
dentro dos nodos, como é o caso das macros atrás definidas. A sua utilização, como já
se disse, destina-se às funções de alocação e desalocação local, e geração do código
final (assembly).
As Expressions da MIR já comportam meios para gerir os recursos alocados a cada
uma das regras de um nodo, recursos esses que podem ser de três tipos distintos: o
SimpleRegister, o CompRegister e o STermInf. Este último destina-se a representar
recursos que não sejam registos. Trata-se de uma estrutura composta por uma união, que
permite representar um qualquer tipo de dado primitivo da linguagem C, e por uma
string que descreve o formato segundo o qual deve o valor ser imprimido, o qual
respeita as convenções de formatação de texto da instrução printf(...) que acompanha a
linguagem C.
Outro aspecto importante que o utilizador deve ter em conta, é garantir que os
componentes do back-end identificam correctamente os operadores das árvores de
expressões. Para facilitar a interligação entre ambas as partes, o BBEG utiliza os
lexemas que identificam os operadores na especificação das regras. Cabe ao utilizador
definir o valor desse símbolos (lexemas), por exemplo, através de um conjunto de
#define, ou através de uma enumeração, mas sempre como sendo valores do tipo inteiro.
Caso se pretenda utilizar os mecanismos gerados pelo BBEG com os restantes
componentes do BEDS, é possível obter todas estas infra-estruturas da interface,
bastando para tal que o utilizador dê indicações de tais pretensões, como se poderá ver
mais adiante.

8.2.2 Estruturas para representação dos registos

Como já foi dito por inúmeras vezes, o BEDS integra a componente de alocação de
registos, permitindo meios para os descrever, disponibilizando depois essa informação
de forma a poder ser utilizada pelas rotinas de alocação, quer sejam locais ou globais.
Como o conjunto de registos varia de processador para processador e por vezes de
forma bastante distinta, torna-se difícil criar uma forma única e simples de os descrever.

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152 Utilização do Sistema BEDS

As diferenças mais importantes relacionam-se com o número de registos, a separação


em subconjuntos (mediante a utilização a que se destinam), a utilização de um registo
por vários subconjuntos e a existência de registos compostos por mais do que um
registo simples.
O BBEG soluciona todos estes casos com base em duas componentes distintas. Uma
em que fornece as estruturas com a informação individual de cada um dos registos, quer
estes sejam simples ou compostos, e outra que associa a cada símbolo não-terminal o
conjunto de registos que este pode utilizar.
A primeira componente propõe-se a representar todos os registos simples e
compostos, sem no entanto traduzir qualquer informação respeitante à sua utilização.
Recorre para tal às seguintes estruturas:

/* Registos Simples */
typedef struct simplereg {
char *reg;
NODEPTR_TYPE p;
} SimpleRegister;

/* Registos Compostos */
typedef struct compreg {
char *reg;
int *comp;
NODEPTR_TYPE p;
} CompRegister;

Em que reg é a string que representa o registo, p é apenas utilizado aquando da


alocação, assinalando o nodo da árvore de expressões (mais recente) ao qual o registo
está alocado, e comp (só para o CompRegister) é um array de inteiros que identifica os
registos simples que compõem o registo. O Exemplo 8.1 ilustra a utilização destas
estruturas.

Exemplo 8.1
Para um processador com quatro registos simples, R1, R2, R3 e R4, e dois registos
compostos D1 e D2, formados respectivamente por (R1,R2) e (R3,R4), obtêm-se as
seguintes estruturas de dados:

SimpleRegister bbeg_TERM[ ] = {
/* 1 */ “R1”, NULL,
/* 2 */ “R2”, NULL,
/* 3 */ “R3”, NULL,
/* 4 */ “R4”, NULL,
/* */ NULL, NULL,
};

int compreg1[ ] = { 2, 3, -1};


int compreg2[ ] = { 0, 1, -1};

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Utilização do Sistema BEDS 153

CompRegister bbeg_COMPREG[ ] = {
/* 1 */ “D1”, compreg1, NULL,
/* 2 */ “D2”, compreg2, NULL,
/* */ NULL, NULL, NULL,
};

Para limitar o tamanho dos arrays, acrescentou-se um último elemento,


normalmente do tipo nulo ou inteiro com valor –1.

Para relacionar os registos com símbolos não-terminais utiliza-se a seguinte


estrutura:

typedef struct regset {


int *reg, *creg;
} RegSet;

onde reg e creg apontam respectivamente para os vectores com os registos simples e
compostos que o não-terminal pode utilizar. O Exemplo 8.2 demonstra como empregar
esta estrutura.

Exemplo 8.2
Na continuação do exemplo anterior e pressupondo que existem três não-terminais
(nt1, nt2 e nt3), em que o primeiro tanto pode utilizar R3 como R4, o segundo não
utiliza qualquer registo e o terceiro pode utilizar apenas os registos compostos.
Obtêm-se então as seguintes estruturas de dados:

int nt1_reg[ ] = { 2, 3, -1};


int nt1_creg[ ] = { -1};
RegSet bbeg_nt1 = {nt1_reg, nt1_creg};

int nt2_reg[ ] = { -1};


int nt2_creg[ ] = { -1};
RegSet bbeg_nt2 = {nt2_reg, nt2_creg};

int nt3_reg[ ] = { -1};


int nt3_creg[ ] = { 0, 1, -1};
RegSet bbeg_nt3 = {nt3_reg, nt3_creg};

RegSet *bbeg_RegisterNTSet[ ] = {
/* 0 */ NULL;
/* nt1 */ &bbeg_nt1,
/* nt2 */ &bbeg_nt2,
/* nt3 */ &bbeg_nt3,
};

Os elementos nt?_reg e nt?_creg identificam as posições que os registos ocupam


em SimpleRegister e em CompRegister, terminando ambos em –1. Os não-terminais

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154 Utilização do Sistema BEDS

são identificados em bbeg_RegisterNTSet implicitamente através da posição que


ocupam.

Há apenas a acrescentar que o utilizador pode requisitar ao BBEG para que este gere
todas estas estruturas de informação e respectivas definições com base nos dados da
especificação.

8.2.3 Gramática do BBEGL

Uma vez apresentados os aspectos relacionados com a interface e com a


representação dos registos, é chegada a altura de descrever a BBEGL. Esta é formada
por sete partes distintas: a primeira é apenas formal e identifica o nome da descrição
(descr_name); a segunda, é onde se activam as flags que assinalam quais as
componentes a gerar (descr_flags); a terceira e sétima, permitem introduzir blocos de
código em C que são colocados, respectivamente, antes e após as rotinas a gerar pelo
BBEG (start_code, end_code); a quarta, quinta e sexta, formam o corpo principal da
descrição (body), mas encontram-se, no entanto divididas para permitirem especificar,
com mais clareza, respectivamente, os operadores, os símbolos não-terminais e as
regras.
As produções aqui utilizadas para descrever a gramática do BBEGL, obedecem à
seguinte estrutura:

axioma ‘:’ lista de símbolos terminais e não-terminais ‘.’

Corpo da especificação, cabeçalho e flags


Assim, qualquer especificação deve estar em conformidade com a seguinte produção:

Description : descr_name descr_flags start_code body end_code.

tal que:

descr_name : 'MACHINE' 'DESCRIPTION' term ';' .

em que term representa uma string válida segundo as convenções utilizadas para
representar os identificadores na linguagem C. As flags são descritas com base nas
seguintes produções:

descr_flags : 'FLAGS' ':' lst_of_flags .

lst_of_flags : lst_of_flags flag / flag .

flag : 'SET' IDENT ';' .

O BBEG por enquanto apenas admite quatro flags, que são:

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Utilização do Sistema BEDS 155

RTLSINTERFACE - Força a incluir as bibliotecas e as macros necessárias


para aceder às componentes da MIR, designadamente às
expressões.

RTLSGENERATOR - Gera os mecanismos necessários para emitir código


(assembly), ou seja, os padrões das instruções, a
formatação segundo o qual cada operando deve ser
imprimido, eventuais funções de conversão e a função
que, dado o nodo actual, a regra a aplicar e os nodos
descendentes, gera a respectiva instrução.

RTLSALLOCATOR - Indica ao BBEG que deve gerar as funções para realizar


alocação/desalocação local.

REGTABLES - Gera as estruturas de suporte para a descrição e gestão


dos registos, e a respectiva informação.

O corpo principal da descrição, contém a declaração dos operadores (dcl_op), dos


operandos (descr_opernd) da representação intermédia e a descrição das regras (block),
de tal forma que:

body : declaration rules_block .

declaration : dcl_op descr_opernd / descr_opernd dcl_op / descr_opernd .

Declaração dos operadores


Os operadores são definidos segundo as seguintes produções:

dcl_op : 'OPERATORS' ':' lst_of_ops .

lst_of_ops : lst_of_ops op / op .

op : term ['=' function] ';' .

function : term '(' ')' [ ',' '”' PTYPE '”'] .

Como se pode verificar, é possível associar a cada operador uma macro (function),
que permite aceder ao valor correspondente, ou no qual se traduz o operador. Estas
macros devem no entanto devolver um valor do tipo UValue, que não é mais que uma
união que comporta qualquer um dos tipos primitivos de dados da linguagem C. Pode-
se ainda associar a cada macro, o formato segundo o qual deve o valor ser imprimido e
que permite também indicar qual o campo da união a utilizar. No caso do formato não
ser fornecido, o valor é tratado como sendo do tipo decimal.
O utilizador pode optar por não indicar qualquer tipo de macro, nesta situação, quer o
valor a visualizar, quer o formato segundo o qual deve ser imprimido, são determinados
por síntese e segundo a regra que se aplica, utilizando as macros descritas na secção
8.2.1. É no entanto conveniente que se defina o formato dos operadores terminais, ou
seja, daqueles que não possuam operandos, uma vez que os restantes são determinados
por síntese com base nestes.

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156 Utilização do Sistema BEDS

Declaração dos não-terminais


Os não-terminais são símbolos que surgem na descrição das regras e que servem para
representar os valores intermédios das operações, que podem ocorrer sob a forma de
registos, endereços, constantes, etc.
A primeira parte desta componente da especificação é a definição do não-terminal
TERM, que não é mais do que o conjunto de todos os registos físicos simples do
processador. Faz-se aqui realçar que neste não-terminal não devem ser representados
registos compostos.
De seguida devem-se declarar todos os restantes não-terminais que ocorrem na
descrição das regras, que na forma mais simples são só e simplesmente declarados,
sendo o seu valor determinado através das macros apresentadas na secção 8.2.1. Estas
na realidade não fazem mais do que sintetizar o resultado do operador do qual resultou o
não-terminal.
É no entanto possível associar a cada não-terminal um conjunto de registos ou uma
macro. A primeira situação permite declarar os registos compostos e viabiliza a
construção de subconjuntos de TERM, o que é extremamente útil para agrupar os
registos segundo o tipo de aplicação a que se destinam. A segunda situação possibilita a
substituição das macros utilizadas por defeito e definidas na secção 8.2.1, permitindo
assim um tratamento personalizado do respectivo não-terminal.
Está actualmente em desenvolvimento uma solução que permite definir os não-
terminais que representam registos através de outros não-terminais. Mas por falta de
disponibilidade e uma vez que esta solução implica algumas modificações nos
processos de alocação, ainda não foi possível a sua implementação.
Esta componente da especificação termina opcionalmente com a declaração do
axioma, ou seja, do não-terminal no qual todas as árvores de expressões devem derivar.
As produções que descrevem esta parte da gramática são:

descr_opernd : 'OPERANDS' ':' term_decl [lst_of_sets axiom_decl] .

term_decl : 'TERM' '=' lst_of_reg ';' .

lst_of_reg : lst_of_reg ',' register / register .

register : term .

term : IDENT .

axiom_decl : 'AXIOM' '=' term ';' .

lst_of_sets : lst_of_sets def_set / def_set .

def_set : term ';' / term '=' lst_of_elem ';' / term '=' function ';' .

lst_of_elem : lst_of_elem ',' element / element .

element : term / term '<' lst_of_elem '>' .

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Utilização do Sistema BEDS 157

Exemplo 8.3
Na continuação dos dois exemplos anteriores e pressupondo que existem apenas três
não-terminais que utilizam registos, um (reg) que de forma genérica usa qualquer
registo, outro (ireg) que apenas utiliza R1 e um terceiro (dreg) onde se utilizam os
registos compostos D1 e D2, obtém-se então a seguinte especificação:

OPERANDS:

TERM = R1, R2, R3, R4


reg = R1, R2, R3, R4
ireg = R1
dreg = D1<R1,R2>, D2<R3,R4>
...

Especificação das regras


É chegada finalmente a altura de apresentar a parte da gramática que define a
linguagem de especificação das regras, de qual (especificação) se vai derivar o selector
de instruções. A declaração de cada uma é composta por cinco campos distintos: RULE,
CONDITIONS, COMPUTE, COST e EMIT. O primeiro permite descrever o padrão a
reconhecer nas árvores de expressões e também o fluxo dos dados; o CONDITIONS
permite inserir as condições de contexto, em C, que viabilizam, ou não, a utilização da
respectiva regra; o COMPUTE permite processar algum código em C após a geração do
código final; o COST atribui um custo à regra, quer através de uma constante ou de uma
função que devolva um valor inteiro; e o EMIT, não é mais do que a string com o
código final a emitir. Esta string pode conter campos que façam referência aos
operadores ou operandos de RULE.
As produções desta componente da especificação, são:

rules_block : 'RULES' 'PATTERN' ':' lst_of_rules .

lst_of_rules : lst_of_rules rule_pat / rule_pat .

rule_pat : rule computations .

rule : 'RULE' ':' rule_result '::=' rule_pattern ';' .

rule_pattern : term '(' rule_pattern ',' rule_pattern ')' /


term '(' rule_pattern ')' /
term .

rule_result : term '<' regid '>' .

regid : '$'CONST .

computations : pre_cond pos_pat cost_pat emit .

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158 Utilização do Sistema BEDS

pre_cond : 'CONDITIONS' ':' COD_C ';' .

pos_pat : 'COMPUTE' ':' COD_C ';'.

cost_pat : 'COST' ':' custo ';' .

custo : CONST / IDENT '(' ')' .

emit : 'EMIT' ':' COD_EMIT ';' .

Como se pode verificar pelas produções, os padrões das regras apenas devem ser
descritos com base em operadores binários, unários ou sem operandos, e que é
necessário associar ao não-terminal que deriva da regra o campo de onde advém o seu
resultado (regid). Caso este seja $0 significa então que o resultado não advém de
nenhum dos elementos do RHS do padrão, devendo de princípio ser alocado ou obtido
através de uma macro. No caso de se pretender referir a algum dos elementos do RHS
($n, com n>0), a contagem deve ser feita começando em 1 e contando todos os
elementos, excepto parêntesis, quer estes sejam operadores ou operandos. O Exemplo
8.4 ilustra alguns casos desta situação.

Exemplo 8.4
RULES PATTERN:

RULE: reg < $0 > ::= con //Aloca ou calcula o valor de reg
...
EMIT: %{MOV $0, #$1\n%}

RULE: lab < $1 > ::= LABEL //Utiliza o valor do operando LABEL
...
EMIT: %{ LABEL $1\n%}

RULE: ireg < $2 > ::= ADDP(ireg,con) //Utiliza o valor do ireg do RHS
...
EMIT: %{ADDP $2, #$3\n%}

O Exemplo 8.4 permite também verificar a utilização do EMIT que, como já se disse,
comporta uma string que admite campos sob a forma de $n, em que n refere um dos
elementos de RULE. Esta string aceita também os caracteres especiais normalmente
utilizados em funções como o printf(...). O Apêndice A ilustra alguns casos da
especificação de um hipotético processador.

Geração das rotinas


Uma vez concluída a escrita da especificação e admitindo que fique gravada no
ficheiro file.spec, esta é então submetida ao BBEG através do seguinte comando:

>bbeg file.spec

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Utilização do Sistema BEDS 159

O que dá origem a dois ficheiros, o backend.c e o backend.h, que contêm todas as


rotinas, protótipos e definições necessárias. Estes ficheiros devem depois ser
compilados com as rotinas do front-end e com as bibliotecas do BEDS.

8.3 Mecanismos para a geração da RI

Uma vez obtida a interface entre front-end e o back-end, as rotinas de alocação,


selecção e geração de código, quer através do BBEG, ou implementando manualmente,
completam-se as componentes que faltavam às bibliotecas do BEDS para se poder
construir completamente o back-end. Pode-se agora passar à segunda fase da construção
de um compilador.
De notar que o papel das rotinas do back-end é passivo, ou seja, não cabe a estas
inicializar a construção da RI ou o processo de geração de código, tal é função do front-
end. Assim, esta segunda fase passa essencialmente por dotar o front-end dos
mecanismos necessários para conseguir, aquando a compilação (terceira fase), construir
a RI e processar as optimizações e a geração de código.
Esta secção propõe-se a demonstrar o que é necessário fazer para criar os módulos
que venham a gerar a RI e a próxima secção descreve como despoletar os processos de
análise, optimização e geração de código.

NOTA: De forma a não alongar mais esta descrição, ao longo deste capítulo não se
apresentam os métodos que o front-end deve invocar para realizar as funções
pretendidas, mas apenas uma breve descrição. Caso seja necessário identificar
alguns dos métodos, aconselha-se a consulta do protótipo da respectiva classe
no Apêndice D.

Programa
Um dos primeiros passos que o front-end deve fazer para construir a RI do programa
que está a compilar, é criar a estrutura de suporte à própria representação, a qual servirá
para armazenar toda a informação referente ao programa, biblioteca, ou conjunto de
funções. Assim, o front-end deve ser dotado de meios para instanciar um objecto da
classe Program e implicitamente da classe IdentifierTable (instanciar e registar). Estes
dois objectos vão comportar todos os elementos globais, quer estes sejam funções,
variáveis, ou código de nível global, os quais de princípio são tratados de forma
semelhante aos elementos correspondentes das funções, procedimentos ou blocos de
código que se descrevem mais adiante.

NOTA: De forma a simplificar a representação do texto, no resto desta secção,


designar-se-ão funções, procedimentos ou blocos de código, simplesmente por
funções.

Funções, Procedimentos ou Blocos de Código


O passo seguinte é dotar o front-end dos mecanismos necessários à construção da
estrutura de suporte a cada uma das funções. Há para tal que instanciar um objecto da
classe Function, que também necessita de um IdentifierTable.

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160 Utilização do Sistema BEDS

Existem no entanto mais alguns passos fundamentais, assim na instanciação de


Function é necessário fornecer a identificação da função (nome); e indicar o tipo de
Function, ou seja, se se trata de uma FUNCTION, PROCEDUR ou COMPSTATE, em
que o primeiro identifica funções no verdadeiro termo da palavra, o segundo
procedimentos (que não retornam valores) e o terceiro blocos de código que não
recebem nem devolvem qualquer tipo de valor. É ainda necessário dotar o front-end de
meios que assinalem qual a função hierarquicamente acima, para que a função actual
seja aí registada (acrescentando-a à tabela de identificadores). No caso de se tratar da
função inicial é ainda conveniente dotar de meios para assinalar tal facto em Program.
O front-end deve ser ainda capaz de definir o nível de encadeamento da função e se
se pretender utilizar os mecanismos de gestão do espaço de endereços, instanciar um
objecto da classe BlockMemory e registá-lo (na função).

Tabela de Identificadores e Identificadores


Por cada identificador que o front-end detecte deve instanciar um objecto do tipo
CellIDTable, indicando o scope do identificador (global, local ou parâmetro), a classe
(AUTO, REGISTER, STATIC, EXTERN, FUNCTION, TEMP, CONSTANT ou LABEL);
e o respectivo tipo (char, int, float, unsigned, ...). No caso das funções, este último
campo serve para indicar o tipo de retorno.
No caso das constantes e das funções, faz ainda falta associar a CellIDTable a
respectiva expressão (Constant) ou Function das quais derivam, e no caso das variáveis
é ainda necessário acrescentar todas as suas definições (atribuições), indicando os
DataTransfers onde estas ocorrem e o endereço e tamanho da variável. Para tal, pode-se
utilizar o BlockMemory da função em causa, que permite realizar a gestão do espaço de
endereçamento. Por fim o front-end deve registar o CellIDTable no IdentifierTable
através do nome do identificador.
É de lembrar que caso o front-end necessite, o IdentifierTable pode fornecer
mecanismos de atribuição de nomes para as variáveis temporárias e para as constantes.

FlowNodes
Na maior parte das situações o que o front-end identifica no código fonte são
expressões, que podem ser simples atribuições ou até estruturas condicionais. Neste
último caso o front-end deve ser dotado de meios para construir através de objectos
FlowNode a estrutura condicional equivalente.
De forma geral deve ser capaz de registar cada um dos nodos na função e depois,
caso se trate do nodo inicial ou final, deve ainda assinalar tal facto, e nunca esquecer
que cada FlowNode possui uma Label que deve ser convenientemente tratada.
Os restantes passos dependem da natureza do FlowNode, assim para o caso mais
simples, o JumpNode, há que tratar da operação de salto (Jump); no caso do
ConditionalJump há que tratar do salto condicional (CondJump); e no caso do
ReturnNode da operação de retorno (Return).

DataTransfers
Independentemente de ser ou não uma expressão condicional, o front-end deve ser
capaz de construir a respectiva representação em MIR. O que passa por instanciar, quer
objectos da classe DataTransfer, quer da classe Expressions. Em relação aos primeiros
podem ocorrer alguns problemas de interpretação, é que faz falta perceber em que é que
consiste um DataTransfer para se saber como os instanciar. Assim e seguindo a ideia

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Utilização do Sistema BEDS 161

original do RTL, os DataTransfer devem assinalar toda e qualquer troca entre dados,
decompondo para tal as expressões nas operações mais básicas possíveis. Tudo isto para
salientar que é necessário alguns cuidados na implementação, no front-end, dos
mecanismos que vão permitir instanciar este tipo de objecto.
Todos os DataTransfers devem ser registados no nodo ao qual pertencem, ou seja, de
serem incluídos no nodo. Requer-se ainda que se defina o tipo concreto de
DataTransfer (Assignment, AtribAssignment, etc).
O Assignment necessita ainda que se actualize o source; o AttribAssignment que se
indique o target e o Register no qual resulta a expressão a atribuir; o JumpAssignment
que se indique a Label para onde se destina o salto; o CondJumpAssignment que se
indiquem as duas Labels destino, mais a expressão de teste; o ReturnAssignment
necessita da expressão da qual resulta o valor a devolver; o CallAssignment necessita de
conhecer a função a que se destina a operação de call e a lista de argumentos a passar; o
LabelAssignment dispensa qualquer tratamento interno; e o PhyAssignment deve ser
inserido e actualizado pelas rotinas próprias para a inserção deste tipo de DataTransfer.

Expressions
São quatro os procedimentos fundamentais a realizar pelo front-end para um
qualquer objecto do tipo Expression: primeiro registar a expressão no DataTransfer que
assinala o resultado da operação; segundo definir os identificadores dos operadores (só
no caso de não se utilizar os valores atribuídos por defeito); terceiro definir o tipo do
resultado da expressão; e quarto designar os descendentes da expressão caso estes
existam. As expressões do tipo Constant necessitam que se defina o seu valor e o
Register e o Memory que se indique a variável que representam (CellIDTable).
Convém aqui assinalar que o BEDS fornece uma tabela de conversão de tipos, em
que dado o tipo dos operandos, devolve o tipo do resultado, segundo as convenções
utilizadas na linguagem C.
Dotar o front-end de mecanismos que permitam executar todos os procedimentos até
aqui descritos como obrigatórios, permite manter actualizadas, aquando da compilação,
a maior parte das estruturas de dados, como é o caso do flowDependents ou do
flowSupporters. Há no entanto algumas estruturas que só podem ser preenchidas após a
construção da representação intermédia.

8.4 Ordem de execução das funções do BEDS

É também função do front-end invocar as rotinas de optimização, alocação dos


registos, geração do código final, etc, pelo que na construção do compilador é
necessário acrescentar ao front-end os métodos responsáveis pela execução de cada uma
destas rotinas. Mas de forma a conseguir-se obter os resultados desejados, é
fundamental conhecer a ordem pela qual devem ser invocadas e como é que tal deve ser
feito. São estes e outros aspectos que se pretende abordar ao longo desta secção.

Single Static Assignment


O primeiro passo a realizar é colocar toda a representação em conformidade com a
forma SSA. Este processo deve ser feito função a função e através da classe
InsertAllPhyAssign. Esta é responsável por determinar as dominance frontiers
recorrendo às classes DFSet, IDomSet e IDom, depois ela própria determina quais as

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162 Utilização do Sistema BEDS

variáveis que necessitam de funções Φ( ) e que argumentos utilizar, através da classe


PlacePhyFunctions.
Infelizmente, esta componente não foi convenientemente testada para ver se está
completamente operacional. Para além do mais verifica-se que as soluções utilizadas
consomem demasiado tempo, pelo que faz falta desenvolver mais algum trabalho de
forma a melhorar esta componente do BEDS.
Após a representação intermédia estar coerente, pode-se prosseguir com as restantes
rotinas. O próximo passo aconselhável, é realizar as operações de nível intermédio, ou
seja, de middle-end, onde se enquadram algumas optimizações, as rotinas de análise de
fluxo de dados e de alocação global.

Data Flow Analyser


O único processo de análise de fluxo de dados a funcionar por completo é a análise
do período de vida útil das variáveis, que deve ser executada para cada uma das
funções. Para tal, basta utilizar a classe IterativeDFAnalyse, que por sua vez recorre à
classe SetUdDuChain.
Esta forma de análise deve ser executada após as optimizações que dela não
dependem e logicamente antes das que dela necessitam, como é o caso das rotinas de
alocação global.

Structural Analyser
As rotinas de análise estrutural aplicam-se ao nível de cada função e limitam-se a
construir a árvore de controlo de fluxo, devolvendo-a sob a forma de um IntervalNode.
Esta rotina é fundamental para qualquer um dos processos que necessitam dos
mecanismos mais relacionados com o back-end, tais como o labelling, a alocação local,
a atribuição de registos, etc.

Tree Selector
Este módulo, como já se disse, permite obter a representação linear das expressões
do grafo de controlo de fluxo. Para tal, recorre à análise anterior para obter a árvore de
controlo de fluxo e depois com base nesta obtém a lista de árvores de expressões. Esta
pode ser acedida árvore a árvore ou requisitando a lista completa.
De notar que este processo não destrói a representação intermédia apenas permite
uma forma diferente de visualizar a organização das árvores de expressões.

Instruction Labelling
A operação de labelling realiza-se ao nível de cada árvore de expressões. Caso se
pretenda realizar para uma função, há primeiro que linearizar o respectivo grafo,
recorrendo ao Tree Selector.

Global Allocator
O processo de alocação global é substancialmente mais complexo, uma vez que
implica que se realize de antemão, a análise do período de vida útil e depois o labelling
de todo o grafo, o que por si implica obter a árvore de controlo de fluxo e a respectiva
linearização. Em seguida as rotinas constroem o grafo de interferências e tentam colori-
lo. Se tudo correr bem basta realizar a atribuição dos registos, caso contrário há que
fazer o splitting de uma das variáveis, inserindo as operações necessárias e depois
modificar os reticulados obtidos através da análise do período de vida útil, e voltar a

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


Utilização do Sistema BEDS 163

construir o grafo de interferências, até que se consiga obter uma solução estável. No
entanto, ao utilizador cabe apenas executar a análise do período de vida útil e depois
utilizar a classe Collor_Allocator.

Genérica: Program, Function, ...


Expressions
DataTransfer
FlowNode
GCI BEDS
ssaDF::ssaDF( )
SSA ssaDF:: placePhyFunctions( )
ssaDF::InsertAllPhyAssign( )

Optimizer::Optimizer( )
Optimizer
Optimizer::EliminateUnreachebleCode( )
Optimizer::MaximizingBasicBlocks( )

Data Flow IterativeDFAnalyse::IterativeDFAnalyse( )


Analyser IterativeDFAnalyse::Worklist_Iterate( )
IterativeDFAnalyse::AliveAnalyse( )

Optimizer

B
A Structural StructuralAnalysis::StructuralAnalysis( )
StructuralAnalysis::Analize( )
C Analyser
K
TreeSelector::TreeSelector( )
Tree Selector TreeSelector::initTreeSelector( )
E
TreeSelector::buildList( )
N
D
Instruction Labelling( ) StateTable
Labelling

Register Allocator( )
Allocator
Machine
RegisterSet BBEG
Description
Register RegAssigner( )
Assigner

Code Emiter GenCode( ) InstructionPattern

Fig. 8.2 – Sequência das operações para um back-end com alocação local.

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164 Utilização do Sistema BEDS

No fim do processo de alocação pode acontecer que a representação tenha sofrido


algumas modificações, mas de princípio tudo deve estar coerente.

Local Allocator
As rotinas de alocação local só se encontram presentes caso se tenha activado,
aquando a especificação, a flag RTLSALLOCATOR. Estas funcionam em simultâneo
com as operações de labelling, sendo como tal executadas sempre que esta operação é
utilizada. Caso se tenha activado esta flag, mas não se pretenda utilizar as rotinas de
alocação local, basta colocar a variável LRAllocator a falso, o que deve ser feito
directamente no ficheiro backend.c.

Code Emiter
Após a conclusão com êxito da selecção e da alocação, o front-end deve, para
terminar a cmpilação, invocar o Code Emiter de forma a gerar o código em assembly
(ou binário).

A Fig. 8.2 representa a sequência das operações a realizar no back-end de um


compilador com alocação local e os principais métodos que o front-end deve invocar
para cada operação. De notar que as optimizações propostas são apenas algumas
daquelas que se podem utilizar no BEDS.

Infelizmente, uma descrição detalhada da utilização das componentes do BEDS


poderia tornar-se demasiado longa para estar contida numa simples secção; espera-se,
no entanto, que com o pequeno resumo aqui presente e muitos conhecimentos de C++
se consiga ultrapassar a maior parte das dificuldades. Logo que seja possível, pretende-
se apresentar um pequeno manual com exemplos de como se pode explorar as
potencialidades do BEDS na implementação de compiladores.

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Geração de Código Binário 165

9 Geração de Código Binário

Como se pode constatar pelo capítulo 3, o modelo apresentado para o BEDS ainda
não comporta a geração do código binário, ou pelo menos, não disponibiliza os
mecanismos necessários ao desenvolvimento desta fase do processo de compilação. De
forma a compensar esta lacuna, decidiu-se apresentar uma ferramenta concebida
unicamente com o objectivo de auxiliar a implementação dos meios para geração de
código binário, o New Jersey Machine-Code Toolkit (NJMCT), fornecendo assim uma
solução completa para a concepção de back-ends,
Este capítulo começa por uma breve descrição desta ferramenta, após a qual se
descrevem os mecanismos que disponibiliza para o desenvolvimento de geradores de
código binário. Conclui explicando como é que se interligam as componentes obtidas
com as restantes fases do processo de compilação.

9.1 Descrição do New Jersey Machine Code Toolkit

O NJMCT foi desenvolvido por N. Ramsey da Universidade de Purdue, e por M.


Fernandes da Universidade de Princeton, num projecto que começou por dar os
primeiros resultados em 1994, e que se encontra actualmente na versão 0.5 [RF94,
RF95, RF95a, RF96]. Serviu também de apoio à realização das respectivas teses de
doutoramento [Ramsey92, Fern96], demonstrando com exemplos reais, as
potencialidades desta ferramenta.
A sua utilização destina-se a auxiliar o desenvolvimento de programas (tais como
compiladores, assembladores, depuradores (debuggers), interpretadores, etc) que de
alguma forma processem código máquina, fornecendo mecanismos para a manipulação
dos bits, mas permitindo ao programador abstrair-se dos detalhes deste nível de
representação.
A utilização deste tipo de ferramenta, à semelhança dos mecanismos de geração de
selectores apresentados no capítulo 7, também pressupõe a existência de uma descrição
com as características do processador, mas agora sobre a composição das instruções e
dos registos ao nível binário e da relação destes com os elementos da RI.

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166 Geração de Código Binário

O NJMCT, com base na descrição do processador, permite obter quatro módulos


distintos: o translator; uma biblioteca de funções de codificação e gestão do espaço de
código; uma biblioteca de funções auxiliares; e ainda um sistema de verificação da
especificação (descrição).
O translator permite descodificar as instruções de um programa escritas em código
binário, produzindo uma representação textual. É, como tal, muito utilizado na
construção de depuradores (debuggers).
A biblioteca de funções de codificação e de gestão do espaço de código, é o módulo
de maior interesse dentro do contexto desta tese, e destina-se a fornecer meios para
codificar as operações da representação intermédia em código binário, ou assembly.
Além disso fornece mais alguns mecanismos para auxiliar as componentes do próprio
processo de geração de código, que de alguma forma são dependentes das
características do processador: é o caso da gestão das labels, ou dos endereços relativos.
A biblioteca, à semelhança do módulo anterior, é construída a partir da especificação e
consiste num conjunto de funções e de tipos estruturados em linguagem C.
A biblioteca auxiliar, fornecida com o NJMCT, possui todo um conjunto de funções,
independentes das características do processador, que permitem, por exemplo, fazer a
gestão dos blocos de código, alocando o espaço para os mesmos, ou gravando o seu
conteúdo para ficheiro.
O sistema para verificar a especificação, ao contrário dos anteriores, faz parte do
próprio NJMCT, e permite avaliar com base na informação disponibilizada para os dois
primeiros módulos se existem inconsistências na especificação.
A biblioteca de funções de codificação tem especial relevo, dentro do modelo
concebido para o BEDS, uma vez que basta modificar o selector de instruções de forma
a que este passe a invocar as funções de codificação, para se poder gerar directamente
código binário, evitando assim qualquer forma de assemblagem, reduzindo como tal o
tempo de compilação. É como tal sobre este módulo que incide o resto deste capítulo.
Convém aqui destacar que o nível de abstracção que o NJMCT fornece em relação
ao código binário, quando acompanhado por uma especificação bem construída, permite
obter uma interface independente das características do processador, facultando assim
alguma autonomia às camadas superiores do processo de compilação.

9.2 Linguagem de Especificação do NJMCT

O NJMCT utiliza como linguagem de especificação o SLED - Specification


Language for Encoding and Decoding, que tem por base quatro tipos distintos de
componentes: os tokens, os fields, os patterns e os constructors. Os tokens servem para
representar as instruções, segundo o seu tamanho e composição; os fields definem os
campos que compõem os token; os patterns permitem atribuir valores aos fields, compor
padrões, descrever instruções mais complexas, etc; e os construtors especificam os
protótipos das funções de codificação e as respectivas operações para gerar o código
binário.
Ao longo desta secção descreve-se a estrutura da SLED, com base numa gramática
EBNF que recorre aos seguintes meta-símbolos:

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Geração de Código Binário 167

{} - Identificador de repetição
[] - Identificador de opção
| - Identificador de alternativa

os quais representam respectivamente, repetições, opções e alternativas. As regras


são apresentadas a itálico e os símbolos reservados a bold.
Todo o axioma válido da SLED é formado por uma sequência de Espec’s, de tal
forma que:

Axioma  { Espec}

9.2.1 Especificação dos terminais e dos campos

Como já se disse o objectivo dos tokens (terminais) é representar, ou melhor


classificar, as instruções segundo a sua composição. Define-se assim um token para um
conjunto de instruções, se estas partilham a mesma estrutura base, designadamente em
relação às segmentações internas. As quais são representadas com base em fields
(campos) associados aos tokens. Desta forma, passa a existir uma série de
identificadores para representar os conjuntos de instruções e as agregações de bits.
A gramática para a especificação dos tokens e dos fields, é a seguinte:

Espec  fields of token-name (width) fields-specs


fields-specs  { field-name low-bit:high-bit }

Exemplo 9.1:
<8051.spec> ≡

fields of CodeOp (8)


op 0:7 op1 4:7 op2 3:3 op4 0:3 op5 0:4
op6 1:3 op7 5:7 op8 0:2 op9 0:0

<fieldinfo>

fields of operd16 (16) arg16 0:15 arg16d 0:15 arg11 0:10

<pattern>
<constructor>
<assembly_opcode>
<assembly_operand>
<assembly_syntax>

No exemplo são definidos os seguintes tokens: CodeOp e operd16, com


respectivamente 8 e 16 bits de tamanho. Ambos possuem diversos fields (op, op1, ...,
arg16, ..., arg11), onde por exemplo, op8 representa os 3 (0-2) primeiros bits de
CodeOp.

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168 Geração de Código Binário

É ainda possível associar a cada um dos fields alguns atributos pré-definidos que
activam, aquando da invocação das funções, a execução de determinados
procedimentos. A sintaxe a utilizar obedece à seguinte gramática:

Espec  fieldinfo { fieldinfo_specs }

fieldinfo_specs  field-specifier is [{field-item}]

field-specifier  field-name | [{field-name}]

field-item  checked
| unchecked
| guaranteed
| sparse [binding {,binding}]
| names [{Indent | String}]

binding  (Ident | String ) = integer

Os atributos permitem activar os seguintes procedimentos:

checked - Faz com que a função de codificação teste se o valor do field se


encontra dentro dos limites admissíveis. Estes dependem do
número de bits atribuído ao field.

unchecked - Faz com que a função de codificação crie uma máscara para
proteger os bits do token que não pertencem ao field.

guaranteed - Não existe qualquer tipo de verificação ou protecção por parte


da função de codificação.

names - Permite que a função de codificação aceite nomes alternativos


(sinónimos) para representar os fields.

sparse - Semelhante ao anterior, mas aplica-se às situações em se


desconhecem os nomes dos fields.

Exemplo 9.2

<fieldinfo> ≡

fieldinfo op8 is [names [ R0 R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7]]


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Geração de Código Binário 169

9.2.2 Especificação dos padrões

A principal função dos patterns é permitir atribuir valores aos fields, o que pode ser
feito com base num vasto conjunto de operações, recorrendo inclusivamente à utilização
de outros patterns. É como tal uma das componentes da linguagem com maior poder
descritivo.
A definição dos patterns obedece à seguinte gramática:

Espec  patterns { pattern-binding }

pattern-binding  pattern-name is pattern


| [{pattern-name}] is pattern
| pattern-name is any of [{pattern-name}], which is pattern

Os patterns são definidos com base em elementos simples, tais como fields, tokens,
ou através dos respectivos valores binários. Para tal utilizam-se as seguintes expressões
gramaticais:

pattern  name #Nome do pattern


| opcode (arguments) #Função definida por um construtor
| field-binding #Atribuição de uma expressão a um field
| constraint #Restrição dos valores dos fields
| epsilon #Sequência vazia
| some token_name #Equivalente a uma única classe de token
| [{ name}] #Lista de patterns

field-binding  field_name = expr

constraint  field_name relational-operator ( integer | generating_expression)

generating_expression  { lo to hi}
| { lo to hi columns n}
| [{integer}]

relational-operator  < | <= | = | > | >=

É ainda possível definir os patterns com base noutros patterns, em que para tal
utilizam-se as seguintes expressões:

pattern  pattern ...


| ...pattern
| pattern & pattern
| pattern ; pattern
| pattern | pattern

Nas duas primeiras opções, o novo pattern é definido parcialmente com base no
pattern do RHS, em que no primeiro caso substitui alguns dos bits iniciais e no segundo
os últimos bits. As outras três opções seguintes correspondem à conjunção, sequência e
disjunção de patterns.

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170 Geração de Código Binário

Exemplo 9.3
<pattern> ≡

patterns
ajc is any of [ajmp acall], which is op5 = [17 1]
djnz is op1 = 13
mov is some CodeOp

A primeira declaração do exemplo define ajc como sendo um de dois padrões


possíveis, o ajmp com op5 igual a 17, ou o acall com op5 igual a 1. A segunda
declaração define djnz como sendo um token do tipo CodeOp com op1 a 13. A
última define mov como sendo uma qualquer sequência pertencente ao token
CodeOp.

9.2.3 Especificação dos constructors

Os constructors permitem relacionar a representação binária, com base nos fields,


tokens e patterns, com o protótipo a atribuir às funções de codificação. A declaração
destes elementos obedece à seguinte gramática:

Espec  constructors { constructor}


constructor  opcode { operand} [ : type-name] * [branches]

opcode  opname { ^opname }


opname  string | pattern-name | field-name

operand  field-name [!]


| constructor-type-name
| relocatable-name
| unbound-name
| literal

literal  string | integer | qualquer um dos caractéres: <>=[]()+-/&@#%;*$,|

branches  [{equations}] [ is pattern]


| { when {equations} is pattern } [ otherwise is pattern ]

equations  equation {, equation}

equation  expr relational-operator expr

expr  integer | identifier [bit-slice] [!] | expr binary-operator expr | (expr)

binary-operator  +|-|*|/

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Geração de Código Binário 171

bit-slice  @[ lo-bit [ : hi-bit]]

Exemplo 9.4
<constructor> ≡

constructors

ajc arg11 {arg8=arg11@[0:7]} is ajc & op7 = arg11@[8:10] ; arg8


djnz^REr op8 arg8 is djnz & op2 = 1 & op8 ; arg8

Como se viu no exemplo anterior, ajc tanto pode representar ajmp ou acall, pelo
que a primeira declaração dá origem a duas funções de codificação distintas, a
ajmp(...) e a acall(...), cada uma com um único parâmetro que é atribuído ao field
arg11. Ambas codificam a instrução binária através da conjunção de ajc com o
campo op7, concatenando o resultado com op8. O valor de ajc é obtido a partir de
ajmp ou de acall, enquanto que o valor de op7 e op8 é determinado respectivamente
com base nos 3 bits mais significativos e nos 11 bits menos significativos de arg11.
O segundo construtor define uma função, cujo nome provém da concatenação das
strings “djnz” com “REr” e que resulta em djnzREr(x,y). Onde x e y correspondem
respectivamente a op8 e a arg8. A instrução a emitir pela função consiste na
concatenação de arg8 com a conjunção dos seguintes padrões djnz, op2 e op8. O
valor de op2 é definido na própria declaração do construtor e é igual a 1.

9.2.4 Outras componentes da especificação

Existem alguns aspectos que, não estando directamente relacionados com as


instruções do processador, encontram-se por este condicionado. É o caso do incremento
do program counter, que por omissão é de 8 em 8 bits, mas que em determinadas
arquitecturas pode assumir outros valores; ou a ordem da representação binária, em que
o bit mais significativo tanto pode ser o que se encontra mais à direita, ou mais à
esquerda (little-endian ou big-endian).
Não se pretende aqui apresentar os detalhes da especificação para todas estas
situações. Há no entanto uma que devido à sua importância é conveniente descrever,
trata-se da gestão dos endereços e das labels, para os quais nem sempre é possível
conhecer de antemão os seus valores; é, por exemplo, o caso das instruções de salto para
posições posteriores do código.
Para ultrapassar estas situações o NJMCT codifica e gera a instrução, preenchendo o
espaço do endereço com um valor pré-definido pelo utilizador. Depois armazena sua
posição em relação ao bloco de código em que se encontra inserida, para que logo que o
valor do endereço seja determinado se actualizem todas as instruções que o
referenciaram.
Das duas seguintes expressões gramaticais, a primeira permite definir o valor a
atribuir ao endereço enquanto não é conhecido, e a segunda, especificar os tokens que
identificam os endereços.

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172 Geração de Código Binário

Espec  placeholder for token_name is pattern

Espec  relocatable {identifier}

Na secção 9.3 apresentam-se mais alguns detalhes sobre o tratamento destas


situações.

9.2.5 Especificação do assembly

Para se obter o translator, ou emitir código assembly, é ainda necessário especificar a


sintaxe da representação textual para a qual se pretende converter o código binário e da
relação desta com os operandos e operadores das instruções (binárias).
A representação a obter deve ser de um nível semelhante ao assembly, uma vez que o
translator apenas considera as propriedades sintácticas da linguagem máquina, não
permitindo como tal construir formas de representação muito adornadas.

NOTA: A partir deste ponto e apenas para facilitar a descrição, considera-se que o
translator converte as instruções máquina para assembly.

A gramática para esta parte da descrição, é a seguinte:

Espec  assembly-opcode-syntax
assembly-operand-syntax
assembly-syntax

O assembly-opcode-syntax, assembly-operand-syntax e assembly-syntax, definem


respectivamente, os símbolos dos operadores e dos operandos e a sintaxe da linguagem
assembly, com base nos fields, nos tokens e nos patterns.
A gramática para o assembly-opcode-syntax é a seguinte:

assembly-opcode-syntax assembly opcode glob-pattern is glob-target


| assembly component glob-pattern is glob-target

glob-pattern  { * | string | glob-alternatives }

glob-alternatives  { glob-pattern {, glob-pattern}

glob-taget  { string | $integer | $$ }

O glob-target é a representação equivalente em assembly do padrão identificado


através de glob-pattern, em que ambos os elementos são processados como strings.
Caso glob-pattern represente parcialmente um ou mais padrões então a declaração é
feita com base na segunda expressão (assembly component ...), caso contrário, ou seja
se glob-pattern identifica completamente um padrão, então utiliza-se a primeira
expressão (assembly opcode ...).

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Geração de Código Binário 173

Exemplo 9.5
<assembly_opcode>≡

assembly component
{o,a}w is w
*b is b
{*}A is $1

A primeira declaração relaciona parte de um padrão formado pelas strings “ow”


ou “aw”, com o respectivo símbolo em assembly (“w”); a segunda relaciona os
padrões que terminam em ‘b’ com a string “b”; e a última declaração os padrões que
terminam em ‘A’ com a própria string que representa o padrão.

A relação entre os operandos e os respectivos símbolos em assembly, é feita com


base nas seguintes expressões:

assembly-operand-syntax  assembly operand Ident is operand-syntax

operand-syntax  format-string using operand-name


| operand-name

operand-name  sparse [ binding {, binding}]


| names [{Ident | String }]
| field Ident

Exemplo 9.6
<assembly_operand>≡

assembly operand

[arg8d arg16d] is "#%d"


op8 is "%s" using field op8
op9 is "@R%d"

A primeira declaração indica que arg8d e arg16d são representados em assembly


pelo carácter ‘#’ seguido de um inteiro correspondente ao valor dos campos. A
segunda declaração indica que op8 é representado em assembly por uma string
proveniente da informação associada a este campo aquando da respectiva declaração
do fieldinfo. A última declaração, indica que op9 é representado pela string “@R”
seguida do próprio valor atribuído a op9.

De notar que o NJMCT, utiliza a mesma convenção da linguagem C para a


formatação e representação dos operandos.
A representação da composição dos padrões em assembly obedece à seguinte regra
gramatical:

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174 Geração de Código Binário

assembly-syntax -> assembly syntax opcode operands

Exemplo 9.7
<assembly_syntax>≡

assembly syntax

onearg^”A” "A"
xch^”AR” "A”, op8

A primeira declaração descreve o padrão da instrução assembly a utilizar para os


construtores da família onearg que terminam em “A”. O padrão é composto pela
concatenação do nome do construtor com a string “A”.
A segunda declaração descreve o padrão para as instruções provenientes dos
construtores da família xch que terminam em “AR”. O qual é composto pela
concatenação do nome do construtor com a string “A”, seguido do valor do campo
op8.

9.3 Utilização das funções de codificação

Uma vez terminada e submetida a especificação ao gerador, indicando o tipo de


output pretendido, código máquina ou assembly, obtém-se a biblioteca com as funções
de codificação.
As aplicações que pretendam recorrer a esta biblioteca não se podem limitar a
invocar as funções de codificação, necessitam também de executar alguns
procedimentos antes e após a geração das instruções utilizando as funções e as
estruturas da biblioteca que acompanha o NJMCT, a mclib.h.
Um dos primeiros procedimentos consiste em obter um recipiente para as instruções
a emitir. Para tal, o NJMCT possui o que designa por relocatable block, ou seja, uma
estrutura de dados que permite armazenar e gerir uma sequência de instruções, que
podem corresponder, por exemplo, a um bloco de código simples, ou de uma função.
Um relocatable block (RBlock), aqui representado por rb, possui os seguintes campos
de informação:

rb.lc - Indica a posição do program counter dentro de rb;


rb.size - O tamanho do rb;
rb.low - O menor valor de rb.lc para o qual o conteúdo é conhecido;
rb.address - O endereço absoluto de rb;
rb.contents - Buffer de tamanho rb.size que começa em 0 e termina em
rb.size-1 e serve para armazenar as instruções;
rb.label - label da posição inicial de rb.contents.

A biblioteca que acompanha o NJMCT fornece um conjunto de funções e macros


para inicializar e aceder a cada um destes campos. A única excepção é o rb.contents

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Geração de Código Binário 175

cujo conteúdo não pode ser acedido directamente mas apenas copiado para um ficheiro
ou buffer. O acesso para escrita faz-se através das funções que emitem as instruções.
De notar, que podem existir vários relocatable blocks em utilização, mas só um é que
se encontra activo.
O campo rb.label é uma estrutura (RLabel) que permite armazenar as características
mais relevantes de uma label, a qual é formada pelos seguintes campos:

block - Identifica o relocatable block a que pertence a label;


offset - Indica o offset da posição da label em relação ao início de block;
name - Define a string associada à label.

Um relocatable block, para além de rb.label, pode conter tantas labels quantas as
necessárias.
O mclib.h disponibiliza também diversas funções que permitem emitir as instruções
para rb.contents. De notar que estas são utilizadas pelas próprias funções de
codificação. A emissão de uma instrução incrementa automaticamente o rb.lc do bloco
activo e se necessário aumenta o rb.contents.
Como já se viu, se a instrução a emitir utiliza um endereço que ainda não foi
determinado, então na posição por ele a ocupar é colocado um placeholder, que tem por
finalidade reservar o espaço necessário ao endereço. A nível dos mecanismos internos
do NJMCT é declarada uma estrutura para reter a informação necessária à manutenção
do placeholder (RClosure), a qual é composta pelos seguintes campos:

dest_block - Identifica o relocatable block onde se encontra inserido o


placeholder;
dest_lc - Indica a posição do placeholder dentro do relocatable block;
depends_on - É o conjunto de endereços relocatáveis dos quais depende o
placeholder;
apply - Função que permite reescrever o placeholder.

O mclib.h contém várias outras funções e estruturas, para além das atrás referidas.
Optou-se, no entanto, por apresentar apenas aquelas que são mais relevantes. Convém
ainda referir que o utilizador é responsável por definir e implementar algumas estruturas
e funções, como é o caso dos procedimentos de alocação do espaço para o rb.contents.

9.4 Resumo

Apesar do NJMCT não pertencer ao sistema apresentado ao longo desta tese e da


descrição ter sido feita essencialmente do ponto de vista do utilizador, achou-se mesmo
assim, que era importante apresentar uma solução que permitisse dar continuidade ao
trabalho possível de desenvolver através do BEDS, fornecendo uma solução completa
para o desenvolvimento de back-ends.
Para além disso, serviu para descrever o tipo de informação necessária à construção
do gerador de código máquina e ver como essa informação pode ser representada.
Permitiu também expor alguns dos problemas inerentes a esta fase do processo e em
parte ajudou a consolidar as ideias de como deve ser um sistema de geração de
geradores de código binário.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


176 Geração de Código Binário

Infelizmente, a experiência obtida através do estudo desta ferramenta ficou-se pela


utilização não tendo sido possível, por falta de tempo, um estudo sobre a sua
implementação e eventual adaptação, ou construção de raiz, de algo semelhante para
integrar no BEDS.
Convém ainda referir que neste capítulo focou-se essencialmente um dos módulos
desta ferramenta e apenas com a profundidade necessária para se perceber os conceitos
envolvidos e entender o modo de funcionamento.
No Apêndice C encontra-se, a título de exemplo, a especificação em SLED de um
microcontrolador, a qual foi desenvolvida para ajudar a compreender esta ferramenta,
não muito fácil de usar.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


Conclusão 177

10 Conclusão
Durante o longo período em que decorreu o trabalho desenvolvido para esta tese,
houve uma grande reformulação das noções sobre a concepção e estrutura de um
compilador.
Começou-se com uma abordagem extremamente simplista, resumindo um
compilador a um conjunto de processos, formado pela análise léxica, sintáctica e
semântica, aos quais se seguia uma pequena fase de geração de código, que se pensava
ter a ver com pouco mais do que a selecção de instruções e atribuição de registos.
Apesar do conhecimento inicial ser algo limitado, o mesmo não se podia dizer dos
objectivos, os quais se propunham a obter soluções completas que permitissem a
automatização das fases do compilador inerentes à geração de código, à semelhança do
que existia para a análise léxica, sintáctica e semântica.
Assim, começou-se por estudar as soluções existentes, analisando o seu modo de
funcionamento, avaliando as potencialidades e medindo a eficiência. Foram alvo deste
processo ferramentas como o BURG, IBURG, BEG, NJMCT, algumas componentes do
GCC, etc.
Após esta fase constatou-se que o modelo de compilador até aí utilizado, não
permitia distrinçar de forma clara alguns processos fundamentais, tais como alocação
(distribuição) dos registos e optimização de código.
Foi como tal necessário rever os conceitos iniciais, estudar outras soluções (RTLS,
GCC, COSY, etc) e formalizar, não só um modelo para o compilador, como também
algo que era intrínseco a todas as fases, que é a forma da representação do código.
Surgiu assim a My Intermediate Representation e mais genericamente o Back-End
Development System, à volta dos quais está todo o trabalho desenvolvido para esta tese
de mestrado.

10.1 Estado actual do BEDS

Como foi possível constatar ao longo dos últimos sete capítulos, o BEDS propõe-se a
fornecer, através de bibliotecas e de módulos gerados, tudo o que é necessário para

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


178 Conclusão

suportar o desenvolvimento dos processos de um back-end. Aliás, pode mesmo dizer-se


que o BEDS vai muito para além disso, ao fornecer também uma componente bastante
elaborada, para o que se designou por middle-end, ou seja, as fases do processo de
compilação que não dependem da linguagem fonte, nem das características do
processador, como é o caso da maior parte das optimizações e dos processos de análise
inerentes a estas.
Para além da concepção de um modelo para um compilador portável (capítulo 3), o
trabalho desenvolvido abrangeu o estudo, desenvolvimento e implementação de formas
de representação (capítulo 4); dos processos de análise do fluxo de dados e de controlo,
fundamentais a um grande número de rotinas, nas quais se incluem muitas das
optimizações (capítulo 5); dos mecanismos de alocação de registos, donde convém
realçar que o BEDS comporta alocação global, através do algoritmo de coloração de
grafos de Chaitin (capítulo 6); e dos mecanismos de selecção de instruções e de como os
conseguir gerar com base na especificação das características do processador (capítulo
7). E para concluir, concebeu-se e desenvolveu-se uma linguagem para descrever as
características do processador e parametrizar algumas das rotinas provenientes dos
restantes pontos (capítulo 8). Para além disso, apresentou-se uma ferramenta cuja
utilização conjunta com o BEDS, permite a construção completa do back-end de um
compilador (capítulo 9).
É de realçar que todas as soluções empregues nos diversos módulos que compõem o
BEDS, foram escolhidas e concebidas, só após o estudo do que já existia dentro de cada
área e sempre que possível testando ferramentas que utilizassem o mesmo tipo de
tecnologia.
Julgo no entanto que o grande mérito desta tese, advém essencialmente da integração
de todos os mecanismos necessários ao completo desenvolvimento de um back-end,
algo que é raro e onde os poucos casos conhecidos são de domínio comercial. Para além
do mais, o BEDS mesmo inacabado, não só cumpre o necessário à geração de código,
como fornece soluções concretas e executáveis, quer sob o ponto de vista do
desenvolvimento de compiladores, quer dos sistemas de apoio à construção destes.
De forma mais detalhada, convém salientar que do trabalho elaborado ao longo desta
tese, resultaram as seguintes contribuições: introdução do conceito de middle-end, como
fase do processo de compilação independente da linguagem fonte e do processador;
especificação de um modelo de representação e suporte ao tratamento de código;
implementação de um sistema que com base na descrição do conjunto de registos de um
processador, das respectivas instruções e da relação destas com as expressões da
representação intermédia, permite gerar/moldar todas as fases do back-end (excepto
geração de código binário); implementação de um sistema de alocação global, com base
num algoritmo conhecido e com provas dadas, mas adaptado de forma a realizar a
alocação para conjuntos não uniformes de registos; realçar ainda a utilização conjunta
dos mecanismos de labelling da selecção de instruções, como importante auxiliar dos
processos de alocação, quer estes sejam locais ou globais; e para concluir, a
implementação de um sistema de selecção de instruções, que permite avaliar os custos
destas e o contexto de execução em run-time, sem que para tal tenha perdas
significativas de performance e que se encontra em pleno funcionamento.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


Conclusão 179

10.2 Trabalho Futuro

Como já atrás foi dito, o BEDS está longe de estar concluído, quanto mais não seja
porque ainda não houve qualquer fase de teste e avaliação dos resultados, excepção feita
a alguns casos pontuais utilizados para detectar e corrigir erros de implementação. Para
além disso, existem situações que ainda não foram contempladas e que apesar de não
serem fundamentais aos processos já existentes, é de todo conveniente a sua
concretização, quanto mais não seja para que o BEDS deixe o estado embrionário em
que se encontra e passe a ocupar uma posição no universo das soluções que existem
nesta área.
Das situações fundamentais a iniciar, ou a concluir, faz parte o desenvolvimento de
um conjunto de front-ends para as linguagens mais utilizadas, não só como forma de
incentivar a utilização do BEDS, como também para avaliar até que ponto a MIR
garante os mecanismos necessários à representação de código intermédio, isto para além
daqueles que já se sabem faltar, como é o caso da representação de arrays, estruturas e o
tratamento de tipos. Convém ainda verificar o comportamento da MIR em relação aos
apontadores.
É ainda necessário verificar os processos de análise já implementados e
eventualmente construir outros processos, tais como a análise de dependência de dados
e de aliases. Depois, e como forma de rentabilizar essas formas de análise, faz falta
desenvolver todo um conjunto de optimizações que são consideradas como
fundamentais à grande maioria dos compiladores modernos.
A nível dos processos de alocação é imprescindível testar as soluções fornecidas,
utilizando outras arquitecturas, de forma a verificar a eficiência da representação dos
registos e das próprias rotinas de alocação.
Na selecção de instruções são potencialmente poucas as melhorias que se possam
realizar, uma vez que as soluções utilizadas foram largamente testadas, quer no BEDS,
quer em vários outros selectores de instruções. O mesmo já não se pode dizer em
relação à linguagem de especificação, a BBEGL. Esta não só exige que se avalie a sua
capacidade descritiva, como eventualmente se a modifique de forma a fornecer ao
utilizador maior intervenção e simultaneamente que permita simplificar o processo de
descrição.
É ainda fundamental expandir a BBEGL (e simultaneamente o BEDS) para
comportar a descrição do código binário e da relação deste com as expressões da
representação intermédia, e posteriormente gerar o próprio gerador de código binário.
Para além dos aspectos anteriores, existem outros que só e simplesmente não foram
explorados, tais como: optimização de acessos à memória cache; rentabilização de
arquitecturas multi-pipelining e super-escalares; utilização de técnicas para
processamento paralelo; obtenção da informação necessária à construção do back-end a
partir da descrição VHDL do processador; etc.
Julgo que auge do BEDS será eventualmente alcançado, quando este permitir gerar
as rotinas necessárias a todas as fases atrás descritas, incluindo a optimização, com base
numa simples especificação do que estas devem realizar e em que fase do processo de
compilação o devem fazer.

Esperando que o trabalho realizado possa vir a ser útil a alguém e que consiga cativar
alguns adeptos, deixo desde já expressa a minha disponibilidade para prestar qualquer
esclarecimento e porque não contribuição, dentro das áreas abrangidas pelo trabalho
desenvolvido nesta tese de mestrado.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


180

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


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Apêndice A

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Apêndice A A1

Gramática do BBEGL
/*--------------------------- gnr.con-------------------------------------*/

Description : descr_name descr_flags start_code body end end_code.

start_code : COD_C .

end_code : COD_C .

body : declaration rules_block .

declaration : dcl_op descr_opernd / descr_opernd dcl_op / descr_opernd .

/*----------------------------- **** --------------------------------------*/

descr_name : 'MACHINE' 'DESCRIPTION' term ';' .

end : 'END' ';' .

/*----------------------------- **** --------------------------------------*/

descr_flags : 'FLAGS' ':' lst_of_flags .

lst_of_flags : lst_of_flags flag / flag .

flag : 'SET' IDENT ';' .

/*----------------------------- **** --------------------------------------*/

dcl_op : 'OPERATORS' ':' lst_of_ops .

lst_of_ops : lst_of_ops op / op .

op : term ['=' function] ';' .

function : term '(' ')' [',' '"'PTYPE'"'] .

/*----------------------------- **** --------------------------------------*/

descr_opernd : 'OPERANDS' ':' term_decl [lst_of_sets axiom_decl] .

term_decl : 'TERM' '=' lst_of_reg ';' .

lst_of_reg : lst_of_reg ',' register / register .

register : term .

term : IDENT .

axiom_decl : 'AXIOM' '=' term ';' .

lst_of_sets : lst_of_sets def_set / def_set .

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A2 Apêndice A

def_set : term ';' / term '=' lst_of_elem ';' / term '=' function ';' .

lst_of_elem : lst_of_elem ',' element / element .

element : term / term '<' lst_of_elem '>' .

/*----------------------------- **** --------------------------------------*/

rules_block : 'RULES' 'PATTERN' ':' lst_of_rules .

lst_of_rules : lst_of_rules rule_pat / rule_pat .

rule_pat : rule computations .

rule : 'RULE' ':' rule_result '::=' rule_pattern ';' .

rule_pattern : term '(' rule_pattern ',' rule_pattern ')' /


term '(' rule_pattern ')' /
term .

rule_result : term '<' regid '>' .

regid : '$'CONST .

computations : pre_cond pos_pat cost_pat emit .

pre_cond : 'CONDITIONS' ':' COD_C ';' .

pos_pat : 'COMPUTE' ':' COD_C ';'.

cost_pat : 'COST' ':' custo ';' .

custo : CONST / IDENT '(' ')' .

emit : 'EMIT' ':' COD_EMIT ';' .

/*----------------------------- **** --------------------------------------*/

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Apêndice B

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Apêndice B B1

Exemplo de uma especificação em


BBEGL
Este exemplo apresenta uma especificação, em BBEGL, de um hipotético
microprocessador com quatro registos físicos (R0,R1,R2 e R3)e com a possibilidade de
utilizar dois registos compostos (D1 e D2), formados respectivamente por (R0,R1) e
(R2,R3). As instruções utilizam 5 modos de endereçamento: o reg para os registos
simples, o ireg para o registo R1, o dreg para os registos compostos, o con para as
constantes e o addr para os endereços. Em que este último é o não-terminal objectivo.

MACHINE DESCRIPTION x86 ;

FLAGS:
SET RTLSINTERFACE;
SET RTLSGENERATOR;
SET RTLSALLOCATOR;
SET REGTABLES;

%{
/* versão 05.11.98 */
#include "main.h"
#include "Label.h"

#define GETCNST(p) (((Storage *)(p))->getUValue())


#define GETMEM(p) (((Memory *)(p))->getUValue())
#define GETLABEL(p) getLabel((Label *)(p))

UValue getLabel(Label *p){


UValue val;
val.i = p->getVersion();
return val;
}
%}

OPERATORS:

LABEL = GETLABEL(),"%d";
CNST = GETCNST(),"%d";
MEM = GETMEM(),"%d";
ASGN;
ADD;
ADDP;
INDIR;
MUL;
DIV;
GT;
JUMP;
CJUMP;
ARG;

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B2 Apêndice B

OPERANDS:
TERM = R0, R1, R2, R3;
reg = R0, R1, R2, R3;
ireg = R1;
dreg = D0<R2,R3>, D1<R0,R1>;
con;
addr;
nop;
lab;
AXIOM = addr;

RULES PATTERN:

RULE: reg<$0> ::= INDIR(addr);


CONDITIONS: %{%};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{MOV $0, $2\n%};

RULE: ireg<$0> ::= addr;


CONDITIONS: %{%};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{MOV $0, #$1\n%};

RULE: reg<$1> ::= ireg;


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 0;
EMIT: %{%};

RULE: reg<$0> ::= con;


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 0;
EMIT: %{MOV $0, #$1\n%};

RULE: ireg<$2> ::= ADDP(ireg,addr);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{ADD $2, $3\n%};

RULE: reg<$0> ::= ADDP(addr,con);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 5;
EMIT: %{MOV $0, #$2\nADDP $0, #$3\n%};

RULE: reg<$0> ::= ADDP(addr,CNST);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 5;
EMIT: %{MOV $0, #$2\nADDP $0, #$3\n%};

RULE: ireg<$2> ::= ADDP(ireg,con);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{ADDP $2, #$3\n%};

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Apêndice B B3

RULE: reg<$2> ::= MUL(reg,con);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{MUL $2, #$3\n%};

RULE: reg<$2> ::= MUL(reg,reg);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 1;
EMIT: %{MUL $2, $3\n%};

RULE: reg<$2> ::= MUL(reg,addr);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{MUL $2, $3\n%};

RULE: reg<$2> ::= ADD(reg,con);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{ADD $2, #$3\n%};

RULE: reg<$2> ::= ADD(reg,reg);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 1;
EMIT: %{ADD $2, $3\n%};

RULE: reg<$2> ::= ADD(reg,addr);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{ADD $2, $3\n%};

RULE: addr<$2> ::= ADD(addr,reg);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 1;
EMIT: %{ADD $2, $3\n%};

RULE: addr<$2> ::= ASGN(addr,reg);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{MOV $2, $3\n%};

RULE: addr<$2> ::= ASGN(addr,con);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{MOV $2, #$3\n%};

RULE: addr<$2> ::= ASGN(addr,addr);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 1;
EMIT: %{MOV $2, $3\n%};

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B4 Apêndice B

RULE: reg<$2> ::= DIV(reg,reg);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{DIV $2, $3\n%};

RULE: reg<$2> ::= DIV(reg,con);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{DIV $2, #$3\n%};

RULE: reg<$2> ::= DIV(reg,addr);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 1;
EMIT: %{DIV $2, $3\n%};

RULE: reg<$2> ::= GT(reg,reg);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{GT $2, $3\n%};

RULE: addr<$2> ::= GT(addr,reg);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{GT $2, $3\n%};

RULE: addr<$2> ::= GT(addr,con);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{GT $2, #$3\n%};

RULE: addr<$2> ::= GT(addr,addr);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 1;
EMIT: %{GT $2, $3\n%};

RULE: addr<$2> ::= JUMP(LABEL);


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 2;
EMIT: %{JUMP $2\n%};

RULE: addr ::= CJUMP(reg, ARG(LABEL, LABEL));


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 5;
EMIT: %{CJMP $2, $4, $5\n%};

RULE: addr<$1> ::= lab;


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 0;
EMIT: %{%};

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Apêndice B B5

RULE: lab<$1> ::= LABEL;


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 1;
EMIT: %{LABEL $1:\n%};

RULE: addr<$1> ::= MEM;


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 0;
EMIT: %{%};

RULE: con<$1> ::= CNST;


CONDITIONS: %{ %};
COMPUTE: %{ %};
COST: 0;
EMIT: %{%};

END ;

%{
%}

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Apêndice C

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Apêndice C C1

Especificação em SLED do µC 8051


O µC 8051 é utilizado para explicar a gramática da linguagem de especificação do
NJMCT. Trata-se de um microcontrolador, com base numa arquitectura de 8 bits, com:
acumulador; 4 bancos de registos; 4 portas bidireccionais de 8 bits; uma porta série
programável; 2 contadores de 16 bits; 2 níveis de prioridade de interrupções;
possibilidade de endereçar directamente bytes e bits; um Program Counter (PC) de 16
bits. O 8051 permite código até 64 kbytes e possui 111 tipos de instruções, num total de
255 instruções diferentes, com tamanhos entre 1 a 3 bytes, classificadas em 5 grupos:

- Operações aritméticas
- Operações lógicas
- Operações de transferência de dados
- Operações de manipulação de variáveis booleanas
- Operações de controlo da máquina e saltos.

Cada instrução pode ter um, dois ou três operandos, de entre os seguintes tipos:

- Rn - Representa um dos 8 registos (R0 a R7), do banco de registos


seleccionado.
- direct - Endereço de dados de 8 bits.
- @Ri - Endereçamento indirecto, através dos registos R0 ou R1.
- #data - Valor constante de 8 bits.
- #data16 - Valor constante de 16 bits.
- addr16 - Endereço de dados de 16 bits.
- addr11 - Endereço de 11 bits.
- rel - Endereço relativo, de -128 a + 127 bytes em relação a posição da
próxima instrução a executar.
- bit - Endereço de um bit ou flag.

Além dos blocos já identificados, fazem parte da arquitectura do 8051 diversos


registos: o Stack Pointer (SP) que permite utilizar uma stack até 128 bytes de tamanho;
o Data PoinTeR (DPTR) que é um registo de 16 bits utilizado para saltos longos (Long
Jumps); um registo especial B de 8 bits para operações aritméticas de multiplicação e
divisão; bem como outros registos menos relevantes para funções específicas.

O SLED permite descrever microprocessadores com arquitecturas RISC ou CISC, no


entanto a tarefa é bastante mais complicada para o caso das arquitecturas CISC, como é
o caso do 8051, os obstáculos colocam-se por diversas razões, tais como: a variação do
tamanho das instruções; existirem muitas formas de endereçamento, algumas das quais
implícitas no próprio código da operação; a organização do código das operações não
ser uniforme; etc.
No 8051, as instruções podem ocupar um, dois ou três bytes, para identificar a
instrução e os operandos. Mas mesmo entre instruções com o mesmo tamanho, as suas

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C2 Apêndice C

estruturas diferem, pelo que apenas se garante que o operador pode ser identificado
através do primeiro byte, o qual pode ainda incluir referencias aos operandos, e que o
segundo e terceiro byte, caso existam, são apenas utilizados pelos operandos, os quais
são normalmente do tipo constante ou endereço.
Por exemplo, a instrução add A, Rn que permite somar o conteúdo do registo Rn ao
acumulador e a instrução mov addr, #data, que move o valor data para o endereço addr,
possuem ambas na representação em assembly dois argumentos. No entanto, na
representação em binário, a primeira consiste num único byte, em que os três bits menos
significativos indicam o registo a utilizar e os restantes sete bits, a operação e
implicitamente o primeiro operando; já a segunda instrução, necessita de utilizar um
byte para identificar a operação, mais dois bytes para representar respectivamente o
endereço (addr) e o valor da constante (data).

Assembly Cód. Binário

1º Byte 2º Byte 3ºByte

add A, Rn 00101rrr
mov addr, #data 01110101 addr (8bits) data (8bits)

Os três bit r identificam um dos 8 registos do 8051.


Na especificação do 8051, foi necessário considerar que uma instrução é composta
por pelo menos um token, que identifica o código de operação e eventualmente alguns
operandos. Se a instrução necessitar mais do que um byte, faz-se a concatenação com
outros tokens, definidos especificamente para representarem os operandos.
Deste modo, criaram-se três tokens, o CodeOp, que corresponde ao primeiro byte, o
operd8, que representa qualquer tipo de operando de 8 bits, e o operd16, que representa
operandos com tamanho compreendido entre 8 e 16 bits.
O passo seguinte, consiste em identificar entre os vários tokens, características que
estes tenham em comum, de forma a agrupar as respectivas instruções, reduzindo assim
o número de construtores a definir. O 8051 possui no entanto uma arquitectura
relativamente ultrapassada, que denota um processador desenvolvido sem grandes
preocupações com organização da representação binária, tendo em maior consideração
o aproveitamento máximo das funções e organização dos componentes do
microprocessador, o que dificulta a identificação de características comuns. Por
exemplo, a instrução mov possui mais de 50 versões em código máquina, em que
praticamente cada uma, possui o seu próprio código de operação.
Após várias experiências, especificaram-se os seguintes campos, para os três tipos de
tokens:

fields of CodeOp (8)


op 0:7 op1 4:7 op2 3:3 op4 0:3 op5 0:4
op6 1:3 op7 5:7 op8 0:2 op9 0:0
fieldinfo op8 is [names [ R0 R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7]]

fields of operd8 (8)


arg8 0:7 arg81 0:7 arg8d 0:7

fields of operd16 (16)


arg16 0:15 arg16d 0:15 arg11 0:10

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Apêndice C C3

Para CodeOp, definiram-se os seguintes campos:

op - Código completo da operação


op1 - Código da operação do nibble mais significativo
op2 - Utilizado em operações que envolvem registos
op4 - Código da operação do nibble menos significativo
op5 - Utilizado em operações de saltos com referências absolutas
op6 - Utilizado em operações de endereçamento indirecto
op7 - Utilizado em operações de saltos com referências absolutas
op8 - Utilizado em operações que envolvem registos
op9 - Utilizado em operações de endereçamento indirecto

Associou-se a op8 os nomes dos registos (R0...R7), o que é útil caso se pretenda
obter o Translator ou gerar código assembly.
Todos os campos definidos para operd8 servem para identificar o mesmo conjunto
de bits, apenas se definiram vários para facilitar a descrição da especificação. Desta
forma, arg8 e arg8d, servem para representar operandos de 8 bits, respectivamente do
tipo endereço e constante. Caso seja necessário um segundo operando do tipo endereço
utiliza-se arg81.
O operd16 possui 3 campos, em que arg16 e arg16d são campos de 16 bits, com
funções semelhantes a arg8 e a arg8d, e o campo arg11 serve apenas para as instruções
acall e ajmp.
O passo seguinte é descrever os padrões, tentando agrupar as instruções com o
objectivo de diminuir o tamanho da descrição. O método utilizado consistiu em criar
padrões para os casos mais genéricos e tratar os casos específicos individualmente, o
que resultou no seguinte:

patterns

ajc is any of [ajmp acall], which is op5 = [17 1]


geral is any of [nop ret reti swapA daA cplA clrA incDPTR
rrA rrcA rlA rlcA divAB mulAB], which is
op = [0 34 50 196 212 244 228 163 3 19 35
51 132 164]
onearg is any of [inc dec], which is op1 = [0 1]
onearg1 is any of [jc jnc jz jnz sjmp push pop], which is
op1 = [4 5 6 7 8 12 13] & op4 = 0
onearg2 is any of [ljmp lcall], which is op = [2 18]
onebitarg is any of [cpl clr set], which is op1 = [11 12 13]
onebitarg1 is any of [orlCB orlCnB anlCB anlCnB movCB movBC],
which is op = [114 160 130 176 162 146]
xchd is op1 = 13
xch is op1 = 12
djnz is op1 = 13
twoarg1 is any of [add addc subb], which is op1 = [2 3 9]
twoarg2 is any of [orl anl xrl], which is op1 = [4 5 6]
twoarg3 is any of [jbc jb jnb ], which is op = [16 32 48]
cjne is op1 = 11
mov is some CodeOp
movc is some CodeOp
movx is some CodeOp

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C4 Apêndice C

O primeiro padrão serve para representar as instruções de salto absoluto (acall e


ajmp), que se caracterizam por possuir um único argumento de 11 bits.
O padrão geral corresponde às instruções formadas por um único byte, os padrões
onearg, onearg1 e onearg2 às instruções que utilizam um argumento, mas que por
divergirem no valor do código da instrução necessitam de três padrões distintos. Os
padrões onebitarg e onebitarg1, são semelhante aos anteriores mas referem-se a
operações sobre bits. Os padrões xchd, xch, djnz, cjne, mov, movc e movx, são casos
específicos que não podem ser incluídos nos padrões anteriores. E os padrões twoarg1,
twoarg2 e twoarg3 servem para representar instruções com dois argumentos.
De notar, que por vezes se associa ao nome da instrução um ou mais caracteres, cuja
finalidade é apenas distinguir instruções que partilham da mesma designação em
assembly, mas que em código máquina são completamente distintas e como tal
pertencem a padrões distintos. Por exemplo, a instrução cpl que pode ser representada
por onebitarg ou por geral, mediante o operando seja do tipo bit, ou o acumulador, pelo
que se mantivesse a mesma designação para ambas as situações, levaria a que fossem
geradas duas funções de codificação com o mesmo nome, mas com parâmetros e
procedimentos distintos, o que provocaria alguns problemas uma vez que as funções são
geradas em C e esta não é uma linguagem polimórfica. Desta forma para a primeira
situação utiliza-se a designação cpl, enquanto que para a segunda acrescenta-se um ‘A’,
de acumulador, resultando em cplA. Existem no entanto algumas situações em que
apesar de não existir qualquer necessidade de distinguir as designações, tal é feito
apenas para garantir uma representação mais consistente. A concatenação de strings é
utilizada com os mesmos objectivos nos construtores.

constructors

ajc arg11 {arg8=arg11@[0:7]} is ajc & op7 = arg11@[8:10] ; arg8

geral is geral

onearg^A is onearg & op4 = 4


onearg^R op8 is onearg & op2 = 1 & op8
onearg^Ri op9 is onearg & op6 = 3 & op9
onearg^E arg8 is onearg & op4 = 5 ; arg8

onearg1^Er arg8 is onearg1 ; arg8

onearg2 arg16 is onearg2 ; arg16

onebitarg^C is onebitarg & op4 = 3


onebitarg^B arg8 is onebitarg & op4 = 2 ; arg8
onebitarg1 arg8 is onebitarg1 ; arg8

xchd^ARi op9 is xchd & op6 = 3 & op9

xch^ARi op9 is xch & op6 = 3 & op9


xch^AE arg8 is xch & op4 = 5 ; arg8
xch^AR op8 is xch & op2 = 1 & op8

djnz^REr op8 arg8 is djnz & op2 = 1 & op8 ; arg8


djnz^EEr arg8 arg81 is djnz & op4 = 5 ; arg8 ; arg81

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Apêndice C C5

twoarg1^ARi op9 is twoarg1 & op6 = 3 & op9


twoarg1^AE arg8 is twoarg1 & op4 = 5 ; arg8
twoarg1^AR op8 is twoarg1 & op2 = 1 & op8
twoarg1^AD arg8d is twoarg1 & op4 = 4 ; arg8d
twoarg2^ARi op9 is twoarg2 & op6 = 3 & op9
twoarg2^AE arg8 is twoarg2 & op4 = 5 ; arg8
twoarg2^AR op8 is twoarg2 & op2 = 1 & op8
twoarg2^AD arg8d is twoarg2 & op4 = 4 ; arg8d
twoarg2^EA arg8 is twoarg2 & op4 = 2 ; arg8
twoarg2^ED arg8 arg8d is twoarg2 & op4 = 3 ; arg8 ; arg8d

twoarg3 arg8 arg81 is twoarg3 ; arg8 ;arg81

cjne^AEEr arg8 arg81 is cjne & op4 = 5 ; arg8 ; arg81


cjne^ADEr arg8d arg8 is cjne & op4 = 4 ; arg8d ; arg8
cjne^RDEr op8 arg8d arg8 is cjne & op2=1 & op8 ; arg8d ; arg8
cjne^RiDEr op9 arg8d arg8 is cjne & op6=3 & op9 ; arg8d ; arg8

mov^AR op8 is op1 = 14 & op2 = 1 & op8


mov^AE arg8 is op = 229 ; arg8
mov^ARi op9 is op1 = 14 & op6 = 3 & op9
mov^AD arg8d is op = 116 ; arg8d
mov^RA op8 is op1= 15 & op2 = 1 & op8
mov^RE op8 arg8 is op1 = 10 & op2 = 1 & op8 ; arg8
mov^RD op8 arg8d is op1 = 7 & op2 = 1 & op8 ; arg8d
mov^EA arg8 is op = 245 ; arg8
mov^ER arg8 op8 is op1 = 8 & op2 = 1 & op8 ; arg8
mov^EE arg8 arg81 is op= 133 ; arg8 ; arg81
mov^ERi arg8 op9 is op1 = 8 & op6 = 3 & op9 ; arg8
mov^ED arg8 arg8d is op = 117 ; arg8 ; arg8d
mov^RiA op9 is op1 = 15 & op6 = 3 & op9
mov^RiE op1 arg8 is op1 = 10 & op6 = 3 & op9 ; arg8
mov^RiD op9 arg8d is op1 = 7 & op6 = 3 & op9 ; arg8d
mov^DPTR arg16d is op = 144 ; arg16d

movc^DPTR is op = 147
movc^PC is op = 131

movx^ARi op9 is op1 = 14 & op6 = 1 & op9


movx^A.DPTRi is op = 224
movx^RiA op9 is op1 = 15 & op6 = 1 & op9
movx^DPTRi.A is op = 240

Esta parte da especificação só é necessária caso se pretenda obter funções de


codificação que emitam assembly ou gerar o translator. O primeiro passo é fazer o
mapeamento entre os construtores e a representação em assembly:

assembly component
{*}A is $1
{*}R is $1
{*}Ri is $1
{*}E is $1
{*}Er is $1

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C6 Apêndice C

{*}C is $1
{*}B is $1
{*}DPTR is $1
{*}ARi is $1
{*}AE is $1
{*}AR is $1
{*}AD is $1
{*}EA is $1
{*}ED is $1
{*}REr is $1
{*}EEr is $1
{*}RA is $1
{*}RE is $1
{*}RD is $1
{*}ER is $1
{*}EE is $1
{*}ERi is $1
{*}RiA is $1
{*}RiE is $1
{*}RiD is $1
{*}PC is $1
{*}A.DPTRi is $1
{*}DPREi.A is $1
{*}AB is $1
{*}CB is $1
{*}CnB is $1

Depois descreve-se a relação entre os operandos e a representação em assembly:

assembly operand
[arg8d arg16d] is "#%d"
op8 is "%s"
op9 is "@R%d"

E por fim, define-se a sintaxe das instruções em assembly:

assembly syntax
onearg^A "A"
onebitarg^C "C"
xchd^ARi "A", op9
xch^ARi "A", op9
xch^AR "A", op8
twoarg1^ARi "A", op9
twoarg1^AE "A", arg8
twoarg1^AR "A", op8
twoarg1^AD "A", arg8d
twoarg2^ARi "A", op9
twoarg2^AE "A", arg8
twoarg2^AR "A", op8
twoarg2^AD "A", arg8d
twoarg2^EA arg8, "A"
cjne^AEEr "A", arg8, arg81
cjne^ADEr "A", arg8d, arg8
mov^AR "A", op8

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Apêndice C C7

mov^AE "A", arg8


mov^ARi "A", op9
mov^AD "A", arg8d
mov^RA op8, "A"
mov^EA arg8, "A"
mov^RiA op9, "A"
mov^DPTR "DPTR", arg16d
movc^DPTR "A", "@A" + "DPTR"
movc^PC "A", "@A" + "PC"
movx^ARi "A", op9
movx^A.DPTRi "A", "@DPTR"
movx^RiA op9, "A"
movx^DPTRi.A "@DPTR", "A"

NOTA: Esta especificação do µC 8051 não se encontra completa, nem optmizada.

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Apêndice D

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Apêndice D D1

Protótipos das classes do BEDS

Classe Program
class Program {
private:
//...
public:
Set<Function *> listOfFunctions;
Set<void *> flowNodes;
Program( );
void setRootNode(void *croot);
void *getRootNode( );
void setIdentTable(IdentifierTable *ctable);
IdentifierTable *getIdentTable( );
void setMainFunction(Function *cfunction);
Function *getMainFunction( );
virtual ~Program( );
bool insFunction(Function *cfun);
bool remFunction(Function *cfun);
int hasFunction(Function *cfun);
int howManyFunctions( );
};

Classe Function
typedef enum { FUNCTION=1,PROCEDUR, COMPSTATE} Ftype;

class Function {
private:
//...
public:
Set<void *> fflowNodes;
IndList<char *> argList;
Function();
virtual ~Function( );
void setName(char *caux);
char *getName( );
void setLevel(int clevel);
int getLevel( );
void setType(Ftype ctype);
Ftype getType( );
void setRootNode(void *croot);
void *getRootNode( );
void setParent(Function *cpar);
Function *getParent( );

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D2 Apêndice D

void setIdentTable(void /*IdentifierTable*/ * ctable);


void /*IdentifierTable*/ *getIdentTable();
void setBlockMemory(BlockMemory *cblock);
BlockMemory *getBlockMemory( );
bool insFlowNode(void *Cdflownode);
bool remFlowNode(void *Cdflownode);
int hasFlowNode(void *Cdflownode);
int howManyFlowNodes( );
};

Classe IdentifierTable
class IdentifierTable {
private:
//...
public:
StringDict<CellIDTable *> listID;
IdentifierTable();
IdentifierTable(char *cname);
IdentifierTable(char *cname, EType ctype);
virtual ~IdentifierTable(){}
char *getAddrName(char *name);
CellIDTable *insIDSymb(char *cname);
CellIDTable *insIDSymb(char *cname, EType ctype);
int hasIDSymb(char *cname);
EType getTypeIDSymb(char *cname);
bool setTypeIDSymb(char *cname, EType ctype);
char *getNextSymbol(char *cname);
CellIDTable *getAddrCellID(char *cname);
char *getNewIDTempByName(FlowNode *node, DataTransfer *crt);
CellIDTable *getNewIDTempByID(FlowNode *node, DataTransfer *crt);
int getNewIDTempByNumber(FlowNode *node, DataTransfer *crt);
char *getNewIDConst(FlowNode *node, DataTransfer *crt);
bool freeIDTemp(char *caux);
bool freeIDTemp(int caux);
void freeIDConst(int caux);
char *getNextVarName(char *cname);
int howManyVars();
char *getVarOfNumber(int cnum);
int getVarNumber(char *cname);
};

Classe CellIDTable
class CellIDTable {
private:
//...
public:
TwoKeySet<FlowNode *, DataTransfer *> IDreg;
FlowNode *getNextAssignNode(FlowNode *node);
DataTransfer *getLastAssignInNode(FlowNode *node);
CellIDTable();

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Apêndice D D3

CellIDTable(EScope cscope);
CellIDTable(EType ctype);
virtual ~CellIDTable();
void setScope(EScope cscope);
EScope getScope();
void setClass(EClass cclass);
EClass getClass();
void setType(EType ctype);
EType getType();
void addAsgn(DataTransfer *crt);
bool remAsgn(DataTransfer *crt);
int hasAsgn(DataTransfer *crt);
void setIDconst(Constant *cconst);
Constant *getIDconst();
void setIDmem(Memory *cmem);
Memory *getIDmem();
void setIDfunction(Function *cfun);
Function *getIDfunction();
void setIDCRMF(int ccrm, ActualValue cval);
int getIDCRMF();
ActualValue getActualValue();
void setVarNumber(int numb);
int getVarNumber();
};

Classe FlowNode
class FlowNode{
private:
//...
public:
Set<void *> inEdges;
IndList<void *> outEdges;
FlowNode();
void setFunction(void /*Function*/ *cfun)
void /*Function*/ *getFunction();
virtual ~FlowNode();
void* getInterval();
void setInterval(void *Cinterval);
void setStartNode(bool Cst);
bool getStartNode( );
void setEndNode(bool Cst);
bool getEndNode( );
int howManyOutEdges();
void sethasBeenVisited();
void clrhasBeenVisited();
bool gethasBeenVisited();
void addLinkIn(void *Clink);
bool remLinkIn(void *Clink);
void addLinkOut(int Lpos, void *Clink);
bool remLinkOut(void * Clink);

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D4 Apêndice D

void settopNumber(int Cnumber);


int gettopNumber( );
int howManyInEdges( );
};

Classe DataTransfer
#define ASSIGN 0
#define PHYASGN 1
#define ATRIBASGN 2
#define LABELASGN 3
#define JMPASGN 4
#define CJMPASGN 5
#define RETASGN 6

typedef struct {
int rule;
void *phyTarget;
int phyType;
} phyContainer;

class DataTransfer {
private:
//...
public:
IndList<phyContainer *> list;
DataTransfer();
DataTransfer(FlowNode *Cflownode);
int AsgnType();
void setAsgnType(int );
virtual ~DataTransfer();
void setFlowNode(FlowNode *, bool);
FlowNode *getFlowNode();
bool insFlowDependent(DataTransfer *Cdep);
bool insFlowSupporter(DataTransfer *Csupp);
bool remFlowDependent(DataTransfer *Cdep);
bool remFlowSupporter(DataTransfer *Csupp);
int hasFlowDependent(DataTransfer *Cdep);
int hasFlowSupporter(DataTransfer *Csupp);
int howManyFlowDependents();
int howManyFlowSupporters();
DataTransfer *getNextFlowDependent(DataTransfer *crt);
DataTransfer *getNextFlowSupporter(DataTransfer *crt);
Set<DataTransfer*>*getAddrOfFlowDependents( );
Set<DataTransfer *> *getAddrOfFlowSupporters( );
int getTopNumber( );
void setNumber(int Cnumber);
int getNumber( );
void insNxtAtrib(DataTransfer *crt);
DataTransfer *getNxtAtrib(DataTransfer *crt);
bool remNxtAtrib(DataTransfer *crt);

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Apêndice D D5

void setPhyTarget(int rule, void *caux, int t);


phyContainer *findRuleInList(int rule, int n);
void *getPhyTarget(int rule, int n);
int getPhyType(int rule, int n);
virtual void *getTarget( );
virtual void *getSource( );
virtual void setTarget(void *);
virtual void setSource(void *);
};

Classe Expression
class Expression {
private:
//...
public:
void *state_label;
Expression( );
virtual ~Expression(){}
void setDataTransfer(DataTransfer *Cdt);
DataTransfer *getDataTransfer( );
void setType(EType ctype);
EType getType( );
int getOp(void);
void setOp(int cop);
void *getState( );
void setState(void *cstate);
void setLeft(Expression *cleft);
Expression *getLeft( );
void setRight(Expression *cright);
Expression *getRight( );
void setStatus(int st);
int getStatus( );
void *getVal(int r, int n);
void setVal(int r, void *caux, int t);
int getValType(int r, int n);
void DeterminateType();
};

Classe TreeSelector
typedef struct list {
Expression *exp;
struct list *next;
} List;

class TreeSelector{
private:
//...
public:
TreeSelector(Function *);
virtual ~TreeSelector( );

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D6 Apêndice D

bool initTreeSelector( );
void buildList( );
void initPickTree( );
Expression *getNextTree( );

};Classe Color_Allocator
class Color_Allocator {
private:
//...
public:
Color_Allocator(Function *cfun, int InitDisp);
virtual ~Color_Allocator( );
//...
void Allocate_Registers( );
};

Classe IterativeDFAnalyse
class IterativeDFAnalyse {
private:
//...
public:
IterativeDFAnalyse(Function *cfun);
virtual ~IterativeDFAnalyse( );
void Worklist_Iterate( );
void AliveAnalyse( );
};

Classe ssaDF
class ssaDF {
private:
//...
public:
ssaDF(MyFunction *);
virtual ~ssaDF();
void placeAllPhyFunctions();
void InsertAllPhyAssign();
};

Classe StructuralAnalysis
class StructuralAnalysis {
private:
//...
public:
StructuralAnalysis(Function *cfun);
virtual ~StructuralAnalysis(){}
IntervalNode *Analize( );
void setFunction(Function *cfun);
Function *getFunction( );
};

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Apêndice E

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Apêndice E E1

Algoritmo de alocação por coloração


Pretende-se neste apêndice ilustrar como se desenrola todo o processo de alocação
através do algoritmo de coloração de Chaitin, tentando descrever algumas das situações
mais relevantes e assinalar alguns dos pontos mais delicados.
O exemplo decorre sobre o bloco de instruções que se encontra representado do lado
esquerdo da Fig E1, que após a conversão para SSA, resulta no bloco que se encontra
do lado direito da mesma figura.
A utilização da função print(...) é simbólica e tem por objectivo justificar a presença
da definição de cada uma das variáveis em relação às posições que estas ocupam no
bloco de código. O input(...) permite atribuir um valor a uma variável.

f  10.0 f1  10.0
print( f ) print( f1 )
a2 a1  2
print( a ) print( a1 )
ba+1 b1  a1 + 1
print(b) print( b1 )
f  f + 20.0 f2  f1 + 20.0
print( f ) print( f2 )
c  input(...) c1  input(...)

c>0 c1 > 0

h5 h1  5
print( h ) cc+1 print( h1 ) c2  c1 + 1
aa+1 print(ch ) a2  a1 + 1 print(c2 )
print( a ) print( a2 )

gf+f c3  Φ( c1, c2)


hh+c g1  f2 + f2
print( b, h, g ) h2  h1 + c3
print( b1, h2, g1)

Fig E1 - Programa exemplo.

Considera-se ainda, que existem quatro registos simples (R0,...,R3), que são utilizados
pelas variáveis a, b, c e h. E dois registos compostos (F0, F1), utilizados pelas variáveis f
e g, de tal forma que:

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E2 Apêndice E

F0 = (R0, R1)
F1 = (R2, R3)

O total de cores disponíveis é, como tal, quatro e o conjunto total de variáveis,


segundo a representação SSA, é o seguinte:

{ f1, a1, b1, f2, c1, h1, a2, c2, c3, g1, h2 }

Com esta formulação, não existe qualquer interferência entre as variáveis e os


registos. No entanto é indispensável, que os registos utilizados na representação das
variáveis f e g formem um par segundo a composição descrita para F0 e F1.

R0 R1 R2 R3 f1 a1 b1 f2 c1 h1 a2 c2 c3 g1
R1 t
R2 t t
R3 t t t
f1 f f f f
a1 f f f f t
b1 f f f f t t
f2 f f f f f t t
c1 f f f f f t t t
h1 f f f f f t t t t
a2 f f f f f f t t t t
c2 f f f f f f t t f f f
c3 f f f f f f t t f t f f
g1 f f f f f f t f f t f f t
h2 f f f f f f t f f f f f f t

Fig E2 - Matriz de adjacências correspondente ao programa exemplo da Fig E1.

Para se determinar se duas variáveis se encontram simultaneamente “vivas”, é


necessário, como já foi referido, realizar a análise do período de vida. Os detalhes de
execução desta forma de análise não são aqui apresentados (ver capitulo 5), de forma a
não alongar este exemplo e uma vez que facilmente se obtém a mesma informação
através de uma simples observação do código. Resulta daí a matriz de adjacências da
Fig E2.

NºUse.: x
R0 NºAdj.: 3 R1 R2 R3
Spill: x
...
NºUse.: 2
f2 NºAdj.: 7 a1 b1 c1 h1 a2 c2 c3
Spill: 0.29
...

Fig E3 - Lista de adjacências do exemplo.

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Apêndice E E3

Designação Custo de splitting


da variável
/registo
v1(0.5)
Vértice
3/2/x

Nº inicial de
vértices adjacentes Indicação de que
o vértice já foi
Nº de adjacentes,
removido
conforme se processa
a remoção dos vértices

Fig E4 - Legenda para um vértice do grafo de adjacências.

Considera-se ainda que os operandos das funções Φ(...) não entram em conflito entre
eles, isto porque na prática as instruções que substituem estas funções, são inseridas nos
nodos antecessores, pelo que na realidade as definições de cada um dos operandos
nunca alcançam a função Φ(...).
h2(0.33)
3/x
R0 g1(0.25)
3/x 4/3

R1 c3(0.17)
3/2/x 6

R2 c2(0.67)
3/x
3/2/1/x

R3 a2(0.2)
5
3/2/1/0/x

f1(0.29) h1(0.22)
2/x 9

a1(0.43) c1(0.5)
7/5 6
b1(0.15) f2(0.29)
13/11/10/9 7/6

Fig E5 - Grafo de interferências, com os custos de splitting e o número “pesado” de


adjacentes.

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E4 Apêndice E

De notar que se considera que numa mesma expressão, os operandos não entram em
conflito com a variável que guarda o resultado, excepto no caso de permanecerem
“vivos” para além dessa expressão.
Na Fig E3 encontram-se representadas duas entradas da lista de adjacências, uma
representando um registo ( R0) e outra uma variável (f2). Cada entrada possui o número
de utilizações da variável (não se aplica aos registos), o número de vértices adjacentes e
o custo de splitting (também não se aplica aos registos), calculado com base na razão
entre os dois valores anteriores.
O respectivo grafo encontra-se representado na Fig E5, onde junto de cada um dos
vértices, está a designação do registo ou variável, o custo de splitting (entre parêntesis)
e o número de adjacentes que o vértice possui conforme se processa o grafo. Este último
valor é colocado a x quando o vértice é removido do grafo. A legenda da informação
associada a cada vértice encontra-se representada na Fig E4.
g1(0.25)
4/3

a1(0.43) c3(0.17)
7/5 6/5

b1(0.15) a2(0.2)
5/4
13/11/10/9/1

b2(1)
2
h1(0.22)
f2(0.29) 9/8
7/6/5
c1(0.5)
6/5
Fig E6 - Grafo de adjacências após o splitting de b1.

De notar que o custo de splitting e o número de vértices adjacentes, é determinado


considerando a quantidade de registos necessária a cada variável. Por exemplo, no caso
de f1 interferir com a1, então f1 contribui com duas unidades para o número de
adjacentes de a1, uma vez que f1 necessita de dois registos. Na relação inversa, a1
apenas contribui com uma unidade para o número de adjacentes de f1, uma vez que a1
apenas necessita de um registo. Como o número de adjacentes é necessário para
determinar o valor de splitting, este também é afectado pelo “peso” de cada variável.
Analisando o grafo, constata-se que é possível remover R0, R1, R2, R3, f1, c2 e h2,
uma vez que para qualquer um destes vértices, a diferença entre o número de cores e os
respectivos graus é superior ou igual ao número de registos necessários a cada um.
De forma a sistematizar o processo começa-se por remover os vértices, conforme tal
seja possível, a partir da variável R0 e no sentido anti-horário, colocando-os numa stack.

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Apêndice E E5

Desta forma, o primeiro candidato é o próprio R0, que ao ser removido contribui para
reduzir em uma unidade, o número de interferências de todos os vértices a ele
adjacentes, repetindo-se o processo para R1, R2, R3 e f1. De notar que este último reduz
o número de adjacentes de a1 e b1 em duas unidades.
O processo continua, removendo-se h2, o que contribui para reduzir o número de
adjacentes de g1, mas ao contrário dos casos anteriores, ainda não é possível executar tal
operação, uma vez que a diferença entre o número de cores disponíveis e o grau do
vértice é inferior ao número de registos necessários à respectiva variável.
Pelo que se chega a uma situação em que nenhum dos vértices, dos que ainda se
encontram no grafo, está em condições de ser removido. Há então, que recorrer a
mecanismos mais complexos, que no caso do BEDS consiste em realizar o splitting de
um ou mais vértices, os quais são seleccionados com base nos valores previamente
calculados para este tipo de operações. Desta forma o primeiro candidato é a variável b1.
Como no BEDS, a operação de splitting corresponde a dividir uma variável em
tantas quantas as novas definições inseridas, quer estas advenham das operações de
load, quer das funções Φ(...) entretanto necessárias, acontece, no presente exemplo, que
seja necessário introduzir uma nova variável (b2), ao nível da representação e como tal
do grafo de interferências. Neste último, é ainda preciso (re)determinar as interferências
de b1 e b2 com as restantes variáveis. O grafo resultante encontra-se representado na Fig
E6.

g1(0.25)
4/3

a1(0.43) c3(0.17)
7/5 6/5

b1(0.15) a2(0.2)
5/4
13/11/10/9/1

b2(1)
2
h1(0.22)
f2(0.29) 9/8
7/6/5
c1(0.5)
6/5
Fig E7 - Grafo de interferências antes da segunda operação de splitting.

Após a remoção dos vértices b1, b2, g1, e c3 volta a colocar-se a mesma situação, ou
seja, nenhum dos restantes vértices está em condições de garantir a sua remoção. A
situação actual do grafo encontra-se representada na Fig E7.
A escolha do próximo candidato recai sobre a2, mas facilmente se constata que não
existe qualquer benefício em realizar o splitting deste vértice. Caso não existam

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E6 Apêndice E

mecanismos que permitam detectar este tipo de situações, o que acontece é que o vértice
é mesmo sujeito a operação de splitting, acrescentando assim instruções que apenas
degradam a qualidade do código final. É, como tal, aconselhável implementar alguns
mecanismos que permitam controlar a ocorrência deste tipo de situações e assinalem o
momento em que se deve escolher outro candidato, o que no presente exemplo
corresponde a escolher o vértice h2. Procede-se então à sua decomposição conforme o
que se fez para b1 e que resulta no grafo da Fig E8. Repare-se que a remoção deste
vértice, também não acarreta vantagens, mas ao contrário do caso anterior, a situação
em que se encontra h2 não é facilmente detectável, pelo que se aceita como sendo
satisfatória a sua ocorrência.
a2(0.2)
5/4

a1(0.43) h3(1)
7/5/4 0

f2(0.29) h1(0.22)
7/6/5/4 9/8/6/5/4

c1(0.5)
6/5

Fig E8 - Grafo após o splitting de h1.

Após a remoção de h3, volta a ser indispensável realizar nova operação de splitting,
sendo h1 novamente o candidato eleito. Mas nas actuais condições do grafo, tal
operação é em tudo semelhante à situação que ocorreu para a2, pelo que é aconselhável
seleccionar outro candidato.
a2(0.2)
5/4/2

a1(0.43) f3(1)
7/5/4 0

f2(0.29) h1(0.22)
7/6/5/4/1 9/8/6/5/4/2

c1(0.5)
6/5/3
Fig E9 - Grafo de interferências após o splitting de f2.

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Apêndice E E7

Desta forma, e uma vez que o splitting de h1 e a2 não produz qualquer vantagem, a
escolha recai sobre f2, obtendo-se o grafo que se encontra representado na Fig E9, onde
se pode constatar a introdução de uma nova variável (f3).
Topo

a2 f3 h1 c1 a1 f2 h3 c3 g1 b2 b1 h2 c2 f1 R3 R2 R1 R0

Fig E10 - Stack com os vértices do grafo inseridos pela ordem de remoção.

Torna-se assim possível remover f2, a1, c1, h1, f3, e conclui-se com a2, ficando os
elementos ordenados na stack conforme se encontra representado na Fig E10.
Após a remoção de todos os vértices do grafo para a stack, pode-se finalmente
começar a colorir o mesmo. As cores disponíveis vão de 1 a 4, sendo a atribuição feita
pela mesma ordem e conforme a disponibilidade de cada uma.
h2 2 g1
3,4
R0 c3
4 2

R1 c2
1
3

R2 a2
1
2

R3 h3
1
1

f1 h1
1,2 1

a1 c1
3 2

b1 f3
4 3,4
b2 f2
1 1,2

Fig E11 - Grafo de interferências devidamente colorido.

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E8 Apêndice E

O processo consiste em inserir cada um dos vértices que se encontra na stack,


novamente no grafo, atribuindo-lhes uma cor (ou conjunto de cores) que seja distinta de
das cores dos vértices adjacentes. O resultado final da coloração encontra-se
representado na Fig E11.
É de salientar, que para se conseguir estes resultados, se considerou que as cores dos
registos compostos seriam formadas pelos pares (3,4) e (1,2), e que a atribuição tem em
atenção as cores já atribuídas aos vértices adjacentes de forma a viabilizar a alocação
dos registos compostos. O resultado final da alocação encontra-se na Fig E12, onde já
estão representadas todas as variáveis entretanto inseridas devido às operações de
splitting.
A geração final de código pode ser feita através de uma nova selecção das instruções,
a qual apenas difere da pré-selecção, devido às instruções entretanto inseridas para as
operações de splitting.

f1[R2,R3]  10.0
print( f1[R2,R3])
a1[R1]  2
print( a1[R1] )
b1[R0]  a1[R1] + 1
print( b1[R0] )
store( b1[R0] )
f2[R2,R3]  f1[R2,R3] + 20.0
print( f2[R2,R3] )
store( f2[R2,R3] )
c1[R2]  input(...)

c1[R2] > 0

h1[R3]  5
print( h1[R3] )
store(h1[R3] ) c2[R3]  c1[R2] + 1
a2[R3]  a1[R1] + 1 print( c2[R3] )
print( a2[R3] )

c3[R2]  Φ( c1[R2], c2[R3])


f3[R0,R1]  Load( f )
g1[R0,R1]  f3[R0,R1] + f3[R0,R1]
h3[R3]  Load( h )
h2[R2]  h3[R3] + c3[R2]
b2[R3]  Load( b )
print( b2[R3], h2[R2], g1[R0,R1])

Fig E12 - Representação do programa já com os registos atribuídos.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99


Apêndice E E9

Em determinados processadores, designadamente em arquitecturas tipo RISC, é


ainda possível, realizar a geração do código final, inserindo apenas as novas instruções,
desde que se convencione previamente as instruções a utilizar nas operações de
splitting.

Paulo Matos/Mestrado Informática UM 99

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