Prolegómenos A Toda A Metafísica Futura - Resumo

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 8

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS, COMUNICAÇÃO


E ARTES
LICENCIATURA EM FILOSOFIA

BRUNO HENRIQUE DOS SANTOS

Resumo: Prolegómenos a Toda a Metafísica Futura (p. 11-64)

MACEIÓ
2024
BRUNO HENRIQUE DOS SANTOS

Resumo: Prolegómenos a Toda a Metafísica Futura (p. 11-64)

Atividade avaliativa da graduação de Licenciatura


em Filosofia referente a disciplina de Filosofia
Moderna II, sobre orientação do Prof. Dr. Ricardo
Seara Rabenschlag.

MACEIÓ
2024
Estabelecendo as Bases da Crítica da Razão Pura: Uma Análise Preliminar

O texto de Immanuel Kant, "Prolegômenos a Toda Metafísica Futura", aborda diversos


pontos na introdução, dada a proposta do texto e os motivos de sua construção. Kant inicia
discutindo a necessidade de uma "Crítica da Razão Pura" para estabelecer os limites e a
validade do conhecimento. O autor destaca que o objetivo do texto é para atuar como um
exercício preparatório para uma futura metafísica, fundamentando-se em conhecimentos
seguros para, eventualmente, ascender às fontes desconhecidas.
Para estabelecer esse propósito, foi enfatizado a importância de determinar as
condições de possibilidade do conhecimento a priori e a necessidade de um exame cuidadoso
das condições do conhecimento. Nesse sentido, a introdução dos "Prolegômenos" estabelece
as bases para a discussão crítica da metafísica e a necessidade de um exame cuidadoso das
condições do conhecimento.
Ao discutir a origem da metafísica, David Hume é ressaltado no contexto ao validar
seu importância papel decisivo no destino desta ciência, já que sua crítica à metafísica,
questionando a capacidade da razão de pensar a priori uma relação de causa e efeito, conclui
que a razão se iludia com esse conceito, considerando-o falso.

“Hume partiu essencialmente de um único, mas importante conceito de metafísica, a


saber, a conexão de causa e efeito (portanto, também os seus conceitos consecutivos
de força e acção, etc), e intimou a razão, que pretende tê-lo gerado no seu seio, a
explicar-lhe com que direito ela pensa que uma coisa pode ser de tal modo constituída
que, uma vez posta, se segue necessariamente que uma outra também deva ser posta;
pois, é isso o que diz o conceito de causa. Ele provou de modo irrefutável que é
absolutamente impossível à razão pensar a priori e a partir dos conceitos uma tal
relação, porque esta encerra uma necessidade”. (KANT, 1980, p. 14).

Embora Kant reconheça a conclusão apressada de Hume, ele destaca a necessidade de


os bons espíritos de seu tempo resolverem o problema proposto por Hume, o que poderia
resultar em uma reforma total da ciência. No entanto, o pensador lamenta que os adversário da
época tenham ignorado essa oportunidade de reflexão e reconhece a necessidade de
considerar seriamente essa reflexão sobre a metafísica.
Portanto, Kant vê a oportunidade de reinterpretar conhecimentos antigos e mencionar
a existência de uma nova ciência. O autor critica abordagens anteriores, como a de Hume,
ressaltando a singularidade da razão pura, que deve ser abordada de maneira abrangente.
Além disso, é apresentado um plano para a obra, enfatizando a importância da análise
analítica e sintética na apresentação da ciência. Em resumo, o autor destaca a necessidade de
uma abordagem rigorosa à razão pura, criticando perspectivas anteriores e delineando um
plano para a obra, dando margem assim para os prolegómenos.

1. O nascer e suas formas do conhecimento metafísico

Nesta parte do texto, Kant destaca que a metafísica não pode ser baseada em fontes
empíricas e que os seus princípios devem ser conhecimentos a priori ou de entendimento puro
e de razão pura. Kant também diferencia os juízos analíticos dos sintéticos, destacando que os
juízos metafísicos são todos sintéticos e devem conter juízos a priori. Ele ressalta a
importância da distinção entre juízos analíticos e sintéticos na metafísica e como a metafísica
deve ser uma ciência possível e que a sua disposição natural é importante para a sua
constituição enquanto ciência aplicável.
Ao descrever e exemplificar os conceitos, o filósofo explica que os juízos analíticos
são aqueles que nada dizem no predicado que não esteja já pensado realmente no conceito do
sujeito, enquanto os juízos sintéticos são aqueles que acrescentam algo ao conhecimento
dado. Ele também menciona que os juízos genuinamente metafísicos são todos sintéticos e
que é importante distinguir os juízos que pertencem à metafísica e os juízos metafísicos
propriamente ditos.
Desse modo, é possível compreender que os juízos analíticos são aqueles que se
baseiam inteiramente no princípio de contradição e são conhecimentos a priori, ou seja, não
dependem da experiência. Já os juízos sintéticos exigem um princípio diferente do princípio
de contradição e podem ser a priori ou a posteriori. Os juízos sintéticos a priori são aqueles
que provêm do puro entendimento e da razão, enquanto os juízos sintéticos a posteriori têm
origem empírica. Todos os juízos analíticos são juízos a priori, embora seus conceitos possam
ser empíricos.

“Eis porque também todas as proposições analíticas são juízos a priori, embora os seus
conceitos sejam empíricos, por exemplo, o ouro é um metal amarelo; para saber isso,
não preciso de mais nenhuma experiência além do meu conceito de ouro, o qual
implica que este "corpo é amarelo e um metal; pois, é nisto que consiste precisamente
o meu conceito e eu não preciso de fazer nada a não ser desmembrá-lo, sem buscar
outra coisa fora dele”. (Kant, 1980, p. 25).

Por outro lado, a natureza dos juízos sintéticos exigem um princípio diferente do
simples princípio da contradição. Há juízos sintéticos a posteriori, baseados na experiência
empírica, e juízos sintéticos a priori, originários do entendimento puro e da razão pura. O
autor aborda também a natureza dos juízos empíricos, afirmando que são sempre sintéticos,
pois seria absurdo fundamentar juízos analíticos na experiência. Além disso, ele explora a
natureza dos juízos matemáticos, argumentando que todos são sintéticos, o que pode ser
inicialmente surpreendente para alguns analistas da razão humana. Ele esclarece que mesmo
axiomas que parecem analíticos são, na verdade, admitidos na matemática porque podem ser
representados na intuição, enfatizando a necessidade de recorrer à intuição para realizar a
síntese em juízos matemáticos.

2. A viabilidade da metafísica e a razão pura

Nesse momento do contexto, o estudioso discute se e a metafísica fosse uma ciência


real, já teríamos um livro definitivo nessa área, assim como temos Euclides para a geometria.
No entanto, ele observa que a razão humana falhou nesse empreendimento, não conseguindo
apresentar uma obra que estabeleça de maneira conclusiva os princípios da metafísica.
A busca pela metafísica gerou ceticismo e conflitos entre diferentes abordagens,
resultando em uma falta de consenso duradouro. Percebendo isso pelo contraste da situação
da metafísica com a matemática pura e a física pura, que contêm proposições sintéticas a
priori reconhecidas como verdadeiras, independentemente da experiência, com base na razão
e no consenso universal. Quando nos debruçamos na natureza dos juízos metafísicos, a
observação de seus conceitos poder ser valiosa, mas apenas como meio para alcançar
proposições sintéticas a priori, que constituem o verdadeiro objetivo da metafísica.
Em outras palavras, o processo analítico é útil para elucidar conceitos, mas o propósito
principal é a obtenção de conhecimentos que não dependem da experiência, mas que são
fundamentais para a compreensão da metafísica. Embora não se possa afirmar que a
metafísica seja real como ciência, existem conhecimentos sintéticos puros a priori, como a
matemática e a física, que são indiscutivelmente reais. O desafio é entender como esses
conhecimentos são possíveis, o que abriria caminho para entender a possibilidade de outros
conhecimentos na metafísica.
Com o desenvolvimento desses aspectos, o contexto passa discutir como questão
central a viabilidade do conhecimento pela razão pura, com foco na possibilidade de
proposições sintéticas a priori. Kant estabelece a distinção entre juízos analíticos, que são
fundamentados no princípio de contradição, e juízos sintéticos, que exigem uma explicação
mais profunda. A preocupação central do autor é compreender como é possível o
conhecimento a priori que vai além da simples análise de conceitos.
“Da solução deste problema depende a persistência ou a queda da metafísica e, por
conseguinte, toda a sua existência. Por mais que alguém apresente as suas afirmações
metafísicas com o maior brilho possível, e acumule raciocínios sobre raciocínios até
ao esmagamento, se ele não conseguiu antes responder a essa questão de um modo
satisfatório, tenho o direito de dizer: tudo isto é filosofia vã e sem fundamento, falsa
sabedoria. Falas pela razão pura e pretendes, por assim dizer, criar conhecimentos a
priori não só ao analisar conceitos já dados, mas também ao alegar novas conexões
que não se fundam no princípio de contradição e que, no entanto, presumes aperceber
independentemente de toda a experiência; como chegas a tal resultado e como queres
justificar-te de tais pretensões?” (Kant, 1980, p. 41).

O filósofo antecipa a resolução do problema ao direcionar a atenção para a matemática


pura e a física pura como fontes potenciais de conhecimento sintético a priori real. Ao
mencionar a necessidade de uma filosofia transcendental que preceda a metafísica, o autor
indica a importância de uma análise mais profunda das condições do conhecimento a priori.
Ele propõe resolver problemas específicos, como a possibilidade da matemática pura e da
ciência pura da natureza, como parte integrante do caminho para compreender a metafísica
como uma ciência possível.

3. Como é possível a matemática pura?

Como já foi discutido ao decorrer do conteúdo, Kant argumenta vigorosamente a favor


da existência do conhecimento a priori, ou seja, conhecimento independente da experiência
empírica. A matemática emerge como um domínio privilegiado nesse contexto, visto que
muitos de seus conceitos, como números e formas geométricas, são considerados
universalmente válidos e necessários, independentemente de instâncias específicas de
experiência. A ideia de formas a priori da intuição, especialmente espaço e tempo,
desempenha um papel crucial na justificação da matemática pura.
Para a geometria, por exemplo, o espaço é uma forma a priori da intuição que organiza
as propriedades das figuras geométricas. Dessa forma, a matemática pura se apoia nessas
formas inatas de apreensão para explorar relações abstratas e universais. Além disso, as
categorias do entendimento, conceitos fundamentais que, de acordo com Kant, estruturam a
experiência, também são essenciais para a matemática. Ao aplicar essas categorias na análise
e organização do conhecimento matemático, a disciplina se destaca como um campo que
transcende a mera descrição empírica.
“De modo a acrescentar algo à explicação e confirmação, deve apenas considerar-se o
procedimento ordinário e absolutamente necessário dos geómetras. Todas as provas da
igualdade perfeita de duas figuras dadas (de maneira que uma possa ser substituída
pela outra em todos os lugares) se reduzem, em última análise, a que elas coincidem; o
que evidentemente não é senão uma proposição sintética que se funda na intuição
imediata e esta intuição deve ser dada pura e a priori”. (KANT, 1980, p. 52)

Em suma, a possibilidade da matemática pura, segundo a perspectiva kantiana,


repousa na existência de conhecimento a priori, nas formas a priori da intuição, como espaço
e tempo, e no uso das categorias do entendimento na elaboração de conceitos matemáticos.

Considerações finais

Ao longo dessa análise, é nítido destacar a busca incansável do filósofo em determinar


o caráter distintivo do conhecimento metafísico. Kant argumenta vigorosamente que os
princípios metafísicos transcendem as experiências empíricas, encontrando origem na razão
pura. Realizando uma série de considerações sobre a sua distinção entre conhecimento
analítico e sintético.
Contrariando a visão de Hume, ele afirma que todas as proposições metafísicas são
sintéticas, emergindo não de análises lógicas, mas sim de conceitos fundamentais. Kant
desafia a perspectiva de Hume, que via as proposições metafísicas como derivadas de
observações empíricas, e destaca a natureza sintética inerente a esse tipo de conhecimento.
Assim como Kant reconhece as dificuldades as suas resposta sobre a origem de suas
considerações e de forma extensa busca esclarecer seus conceitos, ele também sugere que tal
reflexão demanda uma abordagem profunda e laboriosa, superando desafios mais intensos do
que qualquer obra de metafísica anterior. Essa autenticidade na admiração pela complexidade
do tema reforça a profundidade das questões levantadas por Kant.
Em última análise, as considerações desta explorações possuem um caráter
introdutório e principiante, sinalizando a necessidade de maior compreensão sobre o autor e
sua época. Já é um desafio de entender a natureza do conhecimento, além do mais quando ele
busca ser autentico e transformador. Contudo, o texto acaba por ser um convite a
compreender a metafísica e contemplar a sua riqueza e complexidade.

REFERÊNCIAS
KANT, Immanuel. Prolegômenos a toda metafísica futura que pretende colocar-se como
ciência. Tania Maria Bernkopf. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

Você também pode gostar