Osmyr - A Psicanalise Entre o Descritivo e o Prescritivo
Osmyr - A Psicanalise Entre o Descritivo e o Prescritivo
Osmyr - A Psicanalise Entre o Descritivo e o Prescritivo
E O PRESCRITIVO
RESUMO
tal; e todas essas filosofias cujo ponto de nuo e, finalmente, transforma-se em posi-
partida e horizonte concreto são definidos tividade o que é finitude.
por uma certa reflexão antropológica so- Coloca-se em relação o que não
bre o homem”. tem relação porque nesta transformação
Antes de prosseguir, é preciso três noções completamente distintas são
mostrar a relevância dessas considera- tomadas como se fossem praticamente
ções para a filosofia da psicanálise. Neste idênticas. Assim, o Eu transcendental,
sentido, examinemos rapidamente um condição lógica do conhecimento, é rela-
exemplo retirado de Freud para ilustrar a cionado com o eu empírico, noção psico-
pretensão denunciada por Foucault. Freud, lógica, e finalmente com a alma, noção
nos Três ensaios, pretende ter descober- metafísica. Confusão, cuja primeira parte
to a sexualidade infantil e justifica a igno- já era denunciada pelo próprio Kant na
rância dos pesquisadores anteriores em sua Antropologia quando constatava
relação a ela alegando que estes, como (Kant, 1797/1982, pp. 430-431):
homens, estão sujeitos aos mesmos pro-
cessos de esquecimento descritos pela A causa destes erros está no fato de
psicanálise; ou seja, existiria um momento sentido interno e apercepção serem ge-
anterior ao processo de conhecimento ralmente considerados como sinônimos
pelos psicólogos, embora sentido interno
que teria sido descrito pela teoria freudi-
devesse designar somente consciência
ana, a prevalência do desejo infantil, e psicológica (aplicada), enquanto aper-
que, por meio da própria psicanálise, po- cepção deveria designar consciência lógi-
deria ser idealmente neutralizado. Na ca (pura).
mesma direção, podemos citar Totem e
tabu, um verdadeiro tratado de antropo- Em outras palavras, a confusão
logia freudiana e que merece ser explora- inicial está em tomar a condição do co-
do como tal. Nesta obra, Freud pretende nhecer, a consciência lógica que unifica
mostrar a origem da moralidade e do todas as representações, como sendo uma
sentimento religioso. Nos dois casos, pro- consciência empírica, ou seja, aquela cons-
cura-se exibir por meio da construção de ciência psicológica que me permite des-
hipóteses sobre a constituição do huma- crever minhas impressões e sentimentos.
no, de sua subjetividade, como superar os A segunda parte da confusão reside em
limites impostos e presentes no próprio substancializar ambas as consciências,
ato de conhecer. isto é, considerá-las como tendo existên-
A conseqüência da transformação cia em um suposto espaço mental. Para
de condição em limitação é tripla: coloca- exemplificar, recorro mais uma vez a
se em relação o que não tem relação, teoria de Freud. Basta recordar como no
toma-se como contínuo o que é descontí- Projeto, cujo título bem poderia ser O Eu
SUMMARY
RESUMEN