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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 13

12/12/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.443.836 MATO GROSSO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : MUNICIPIO DE VÁRZEA GRANDE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE VÁRZEA
GRANDE
AGDO.(A/S) : AUDICOM-MT - ASSOCIACAO DOS AUDITORES E
CONTROLADORES INTERNOS DOS MUNICIPIOS DE
MATO GROSSO
ADV.(A/S) : MARCOS GATTASS PESSOA JUNIOR
INTDO.(A/S) : CÂMARA MUNICIPAL DE VÁRZEA GRANDE
ADV.(A/S) : KARINY ALMEIDA PEREIRA DA SILVA

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. INTEMPESTIVIDADE.
INAPLICABILIDADE DA PRERROGATIVA DA ENTIDADE PÚBLICA EM
PROCESSO DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.
DESCABIMENTO DO PRAZO EM DOBRO DO ART. 183 DO CÓDIGO
DE PROCESSO CIVIL PARA INTERPOR RECURSO. AGRAVO
REGIMENTAL NÃO CONHECIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão da Primeira Turma, na
conformidade da ata de julgamento, por unanimidade, não conhecer do
agravo regimental, nos termos do voto da Relatora. Sessão Virtual de
1°.12.2023 a 11.12.2023.

Brasília, 12 de dezembro de 2023.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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Ementa e Acórdão

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RE 1443836 AGR / MT

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Relatório

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12/12/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.443.836 MATO GROSSO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : MUNICIPIO DE VÁRZEA GRANDE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE VÁRZEA
GRANDE
AGDO.(A/S) : AUDICOM-MT - ASSOCIACAO DOS AUDITORES E
CONTROLADORES INTERNOS DOS MUNICIPIOS DE
MATO GROSSO
ADV.(A/S) : MARCOS GATTASS PESSOA JUNIOR
INTDO.(A/S) : CÂMARA MUNICIPAL DE VÁRZEA GRANDE
ADV.(A/S) : KARINY ALMEIDA PEREIRA DA SILVA

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Em 25.9.2023, foi dado provimento em parte ao recurso


extraordinário interposto pela Associação dos Auditores e Controladores
Internos dos Municípios de Mato Grosso - Audicom/MT, nestes termos:

“RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.


CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE DE
LEI MUNICIPAL. CRIAÇÃO DE CARGOS COMISSIONADOS.
CARGO DE SECRETÁRIO DE CONTROLE INTERNO. CHEFE
DA CONTROLADORIA-GERAL DO MUNICÍPIO.
ATRIBUIÇÕES DE ASSESSORIA TÉCNICA. REQUISITOS
CONSTITUCIONAIS PARA CRIAÇÃO DE CARGO EM
COMISSÃO: TEMA 1.010 DA REPERCUSSÃO GERAL.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO”
(fl. 1, e-doc. 14).

2. Publicada essa decisão no DJe de 26.9.2023, o Município de Várzea


Grande/MT interpôs agravo regimental em 20.10.2023, conforme consta

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Relatório

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RE 1443836 AGR / MT

no recibo de petição eletrônica (e-doc. 19).

3. O Município de Várzea Grande/MT alega que “o presente agravo


interno/regimental é interposto com fulcro no artigo 317, do RISTF, e artigo
1.021, do CPC, o qual estabelece o prazo de 15 (quinze) dias para seu manejo,
desta forma, tendo a decisão recorrida (e-doc. 14) sido publicada em 26/09/2023,
temos como tempestivo o recurso apresentado nesta data (19/10/2023),
observando ainda a ausência de expediente forense nos dias 12 e 13 de outubro,
conforme portarias 05 e 257, do STF, em consonância com o artigo 219, do CPC”
(fl. 3, e-doc. 18).

Sustenta que “a insurgência recursal, inicialmente, reside na ausência de


submissão do recurso extraordinário a sistemática de repercussão geral, em
consonância com os artigos 1.030, inciso I, alínea ‘a’, do CPC, e artigos 328,
§único, do RISTF e artigos 1.039, 1040 e 1.041, do CPC, visto que as questões
discutidas no presente recurso possuem afetação ao Tema 1.010 (RE 1.041.210),
não observado pela Vice-Presidência do Tribunal de Origem, tampouco na decisão
monocrática ora recorrida, o que importaria no não seguimento do recurso
interposto” (fl. 3, e-doc. 18).

Assevera que “a discussão levantada nos autos consiste na pretensão pela


Agravada da declaração de inconstitucionalidade do artigo 7º, da Lei Municipal
n. 3.242/2008, a qual previu a possibilidade do exercício da função de ‘Secretário
de Controle Interno’ ser realizado por servidor comissionado” (fl. 4, e-doc. 18).

Ressalta que “o julgamento de origem guarda correlação com as premissas


fáticas/jurídicas estabelecidas no Tema 1.010, inclusive, a própria decisão ora
agravada revela tal coincidência temática ao determinar o retorno dos autos para
novo julgamento em conformidade com o RE 1.041.210” (fl. 4, e-doc. 18).

Pede seja “recebido e processado o presente Agravo Interno/regimental,


posto que tempestivo e preenchidos os requisitos de admissibilidade, onde se
pugna: 01 – pela reforma da decisão monocrática agravada que proveu o recurso

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Relatório

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RE 1443836 AGR / MT

extraordinária, em sede de retratação (art. 1.021, § 2º, NCPC), para o fim de que
seja determinado o retorno dos autos ao Tribunal a quo (Vice-Presidência), com
base no artigo 328, §único, do RISTF, para que promova a análise da
admissibilidade do recurso extraordinário, observado o disposto nos arts. 1.039,
1.040 e 1.041, do CPC, com a consequente negativa de seguimento do recurso
nos moldes do artigo 1.030, inciso I, alínea ‘a’, c/c artigo 1.040, inciso I, ambos
do CPC. 02 – Não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, ad
argumentandum, requer-se que o presente recurso seja submetido a julgamento
pelo órgão Colegiado, nos termos do art. 1.021, § 2º do NCPC, para que ao final
seja provido, nos termos e fundamentos acima apresentados” (fls. 7-8,
e-doc. 18).

É o relatório.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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12/12/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.443.836 MATO GROSSO

VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Razão jurídica não assiste ao agravante.

2. Não foi aberto prazo para contrarrazões, em observância ao


princípio da razoável duração do processo. Assim têm procedido os
Ministros deste Supremo Tribunal em casos nos quais não há prejuízo
para a parte agravada (ARE n. 999.021-ED-AgR-ED, Relator o Ministro
Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 7.2.2018; RE n. 597.064-ED-terceiros-ED-
ED, Relator o Ministro Gilmar Mendes, Plenário, DJe 2.6.2021; e Rcl n.
46.317-ED-AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe 20.9.2021).

3. O agravo regimental não pode ser conhecido, por ser


intempestivo.

4. A decisão agravada foi publicada no Diário da Justiça eletrônico


de 26.9.2023 (terça-feira). O Município de Várzea Grande/MT
protocolizou a petição de agravo regimental em 20.10.2023 (sexta-feira),
quando exaurido o prazo legal de quinze dias previsto no § 5º do art.
1.003 do Código de Processo Civil.

Ressalto que o agravante interpôs o recurso somente em 20.10.2023,


de acordo com o recibo de petição eletrônica (e-doc. 19).

5. É intempestivo o recurso, tendo este Supremo Tribunal


consolidado entendimento de não se aplicar a prerrogativa do art. 183 do
Código de Processo Civil em processos de controle de
constitucionalidade. Esse óbice processual conduz ao não conhecimento

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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RE 1443836 AGR / MT

do presente agravo regimental. Assim, por exemplo:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PROCESSUAL CIVIL.
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL.
ENTIDADE PÚBLICA. PRAZO PARA RECORRER.
CONTAGEM EM DOBRO: INAPLICABILIDADE. RECURSO
EXTRAORDINÁRIO INTEMPESTIVO. 1. Não se aplica o
privilégio do prazo recursal em dobro no processo de controle
concentrado de constitucionalidade. Precedentes. 2. Agravo
regimental ao qual se nega provimento” (ARE n. 830.727-AgR,
Redatora para o acórdão a Ministra Cármen Lúcia, Plenário,
DJe 26.6.2019).

“AGRAVO INTERNO NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO


COM AGRAVO. INTEMPESTIVIDADE. CONTROLE
ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE.
INAPLICABILIDADE DA REGRA PREVISTA NO ARTIGO 183
DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. PRECEDENTES. AGRAVO
INTERNO DESPROVIDO. 1. A parte agravante não observou o
prazo de 15 (quinze) dias úteis para a interposição do recurso
extraordinário (artigo 1.003, § 5º, c/c artigo 219, ambos do CPC). 2.
A prerrogativa do prazo em dobro para manifestação nos autos,
garantida aos entes públicos pelo artigo 183 do Código de Processo
Civil, não se aplica aos processos de controle abstrato de
constitucionalidade. 3. Agravo interno desprovido, com imposição de
multa de 5% (cinco por cento) do valor atualizado da causa (artigo
1.021, § 4º, do CPC), caso seja unânime a votação. 4. Honorários
advocatícios majorados ao máximo legal em desfavor da parte
recorrente, caso as instâncias de origem os tenham fixado, nos termos
do artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil, observados os limites
dos §§ 2º e 3º e a eventual concessão de justiça gratuita” (ARE
n. 1.384.284-AgR, Relator o Ministro Luiz Fux, Plenário, DJe
30.6.2022).

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO

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RE 1443836 AGR / MT

EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. AGRAVO


INTEMPESTIVO. PROCESSO DE CONTROLE ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE DE NORMATIVO ESTADUAL.
PRAZO EM DOBRO PARA RECORRER. INAPLICABILIDADE.
AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. I – O agravo
regimental não foi interposto dentro do prazo legal de 15 dias úteis
(art. 1.003, § 5º, combinado com o art. 219, caput, do CPC/2015). II
– É simples a contagem do prazo recursal para recorrer em processo de
controle abstrato proposto contra normativo estadual, não se
aplicando o prazo em dobro. Precedentes. III – Agravo regimental não
conhecido” (ARE n. 1.312.976-AgR, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, Segunda Turma, DJe 5.7.2021).

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. PRAZO EM DOBRO.
INAPLICABILIDADE EM RECURSO ORIUNDO DE AÇÃO DE
CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE.
PRECEDENTES. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA. 1. É
intempestivo o presente agravo regimental, tendo em vista que o prazo
em dobro para recorrer e a prerrogativa de intimação pessoal não têm
aplicação em sede de ação direta de inconstitucionalidade, inclusive
nos recursos dela decorrentes, independentemente, de sua interposição
ter ocorrido antes ou depois da vigência do atual CPC, conforme
consolidada jurisprudência desta Corte reafirmada no julgamento do
AI 830.727-AgR, Redatora para o acórdão Min. Cármen Lúcia. 2.
Agravo regimental não conhecido” (ARE n. 1.158.295-AgR, Relator
o Ministro Edson Fachin, Segunda Turma, DJe 15.6.2021).

“Processo Constitucional. Agravo Regimental em Ação direta


de inconstitucionalidade. Desprovimento. 1. As prerrogativas
processuais dos entes públicos, tal como prazo recursal em dobro e
intimação pessoal, não se aplicam aos processos em sede de controle
abstrato. 2. Agravo regimental não provido” (ADI n. 5.814-MC-
AgR-AgR, Relator o Ministro Roberto Barroso, Plenário, DJe
7.8.2019).

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“DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO


EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DO
CPC/1973. REPRESENTAÇÃO DE
INCONSTITUCIONALIDADE NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
ESTADUAL. CONTROLE ABSTRATO DE
CONSTITUCIONALIDADE. FAZENDA PÚBLICA. PRAZO EM
DOBRO PARA RECORRER. INAPLICABILIDADE.
CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/1973. 1. O
entendimento assinalado na decisão agravada não diverge da
jurisprudência firmada no Supremo Tribunal Federal. ‘Consoante
jurisprudência pacífica desta Corte, não se aplica, aos processos de
fiscalização abstrata de constitucionalidade, a regra processual que
dispõe sobre o prazo em dobro para a Fazenda Pública’ (ADI 291-ED,
Rel. Min. Roberto Barroso, DJe 09.11.2018). 2. As razões do agravo
não se mostram aptas a infirmar os fundamentos que lastrearam a
decisão agravada. 3. Agravo regimental conhecido e não provido”
(ARE n. 837.044-AgR, Relatora a Ministra Rosa Weber, Primeira
Turma, DJe 12.4.2019).

Confira-se ainda trecho do voto por mim proferido no Agravo


Regimental no Agravo de Instrumento n. 827.810:

“O reconhecimento do caráter objetivo do processo de controle


normativo abstrato instaurado no Tribunal de Justiça estadual, que na
fase recursal extraordinária deriva necessariamente da análise abstrata
de normas da própria Constituição da República, levou este Supremo
Tribunal a firmar entendimento no sentido de que o privilégio do art.
188 do Código de Processo Civil (atual art. 183 da Lei 13.105/2015)
não se aplica ao processo objetivo (…)

Nesse sentido, (...), da lavra do Ministro Celso de Mello, no


Recurso Extraordinário n. 1.103.079:
‘Isso significa, portanto, considerado o magistério
jurisprudencial em referência, que, nos processos de fiscalização

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normativa abstrata (inclusive naqueles instaurados, como na


espécie, com fundamento no art. 125, § 2º, da Constituição,
perante os Tribunais de Justiça), não há a prerrogativa
processual dos prazos em dobro, mesmo para efeito de
interposição de recurso extraordinário dirigido a esta Suprema
Corte.
Essa diretriz jurisprudencial nada mais reflete senão o
entendimento de que o processo de fiscalização normativa
abstrata ostenta, ordinariamente, posição de autonomia em
relação aos institutos peculiares aos processos de índole
meramente subjetiva.’

(…) O Plenário deste Supremo Tribunal, ainda uma vez,


analisou a matéria ora controvertida, assentando a impertinência da
contagem do prazo em dobro para recursos interpostos em processos de
controle concentrado de constitucionalidade:
‘AGRAVO REGIMENTAL EM FACE DE DECISÃO
EXTINTIVA DE ADI. INTERPOSIÇÃO
EXTERMPORÂNEA. INAPLICABILIDADE, AOS
PROCESSOS DE CONTROLE CONCENTRADO DE
CONSTITUCIONALIDADE, DE PRERROGATIVAS
PROCESSUAIS DA FAZENDA PÚBLICA, DENTRE ELAS
A CONTAGEM DE PRAZO EM DOBRO. AGRAVO NÃO
CONHECIDO’ (ADI n. 5.449-AgR-segundo, Relator o
Ministro Alexandre de Moraes, DJe 23.11.2017).’

Tem-se no voto condutor desse julgado fundamento pertinente à


questão analisada na espécie:
‘O advento do novo Código de Processo Civil não alterou a
disciplina da matéria, tendo, ao contrário, ressalvado a aplicação
da regra de contagem diferenciada dos prazos da Fazenda
Pública quando existente prazo próprio para os entes públicos
(art. 183, § 2º, CPC/15). É justamente o que ocorre no tocante
ao processo objetivo, cuja autonomia formal, amplamente
assente na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o torna
incompatível com a aplicação de prazos em dobro’.

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Nesse ponto, leciona Leonardo Carneiro da Cunha:

‘(...) Tais ações provocam o controle abstrato de


constitucionalidade, por meio de um processo objetivo,
instaurado por um dos legitimados constitucionalmente.
(…)
Não se permite à pessoa jurídica de direito público
interessada interpor recurso nesses tipos de ação, estando
franqueada essa possibilidade ao legitimado que figure como
requerente. Ademais, não se aplica ao processo de controle
concentrado de constitucionalidade o art. 183 do CPC,
contando-se os prazos de forma simples’ (CUNHA, Leonardo
Carneiro da. A Fazenda Pública em Juízo. 15ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2018, p. 46-47)” (DJe 23.5.2019).

6. Este Supremo Tribunal assentou a intempestividade de recurso


interposto fora do prazo recursal. Assim, por exemplo:

“Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo.


Intempestividade do recurso. Não observância do prazo de 15 (quinze)
dias úteis para a interposição do agravo regimental, conforme
estabelece o art. 1.003, § 5º, c/c o art. 219, caput, ambos do Código de
Processo Civil. 1. A agravante não observou o prazo de 15 (quinze)
dias úteis para a interposição do agravo regimental, conforme
estabelece o art. 1.003, § 5º, c/c o art. 219, caput, ambos do Código de
Processo Civil. 2. Não conhecimento do agravo regimental. 3.
Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, haja vista tratar-se, na origem, de
ação civil pública (art. 18 da Lei nº 7.347/85)” (ARE n. 1.350.291-
AgR, Relator o Ministro Dias Toffoli, Primeira Turma, DJe
12.5.2022).

7. Os argumentos do agravante, insuficientes para modificar a


decisão agravada, demonstram apenas inconformismo e resistência em
pôr termo a processos que se arrastam em detrimento da eficiente

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prestação jurisdicional.

8. Pelo exposto, não conheço do agravo regimental.

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Extrato de Ata - 12/12/2023

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.443.836


PROCED. : MATO GROSSO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
AGTE.(S) : MUNICIPIO DE VÁRZEA GRANDE
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DE VÁRZEA GRANDE
AGDO.(A/S) : AUDICOM-MT - ASSOCIACAO DOS AUDITORES E CONTROLADORES
INTERNOS DOS MUNICIPIOS DE MATO GROSSO
ADV.(A/S) : MARCOS GATTASS PESSOA JUNIOR (12264/O/MT)
INTDO.(A/S) : CÂMARA MUNICIPAL DE VÁRZEA GRANDE
ADV.(A/S) : KARINY ALMEIDA PEREIRA DA SILVA (20789/O/MT)

Decisão: A Turma, por unanimidade, não conheceu do agravo


regimental, nos termos do voto da Relatora. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 1.12.2023 a 11.12.2023.

Composição: Ministros Alexandre de Moraes (Presidente),


Cármen Lúcia, Luiz Fux e Cristiano Zanin.

Disponibilizou processo para esta Sessão o Ministro Edson


Fachin, não tendo participado do julgamento, desse feito, o
Ministro Alexandre de Moraes por sucedê-lo na Turma.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

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