TG CG2 2020 André, Carlos e Cristina

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Instituto Politécnico de Portalegre

Escola Superior de Tecnologia e Gestão

Orçamentação Anual de uma Empresa


Contabilidade de Gestão II

Discentes:
André Antão – 19556
Carlos Belchior – 19754
Cristina Martinho – 10480

Docente:
João Carlos Parente Romacho

Ano letivo 2019/2020


Orçamentação Anual de uma Empresa

Lista de Siglas

CMVMC – Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas

EF – Existências Finais

EI – Existências Iniciais

EOEP – Estado e outros Entes Públicos

FSE – Fornecimentos e Serviços Externos

IRC – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas

IRS – Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares

ISRP – Imposto sobre o Resultado do Período

MPSC – Matérias-primas e Subsidiárias de Consumo

RADGFI – Resultado Antes de Depreciações, Gastos de Financiamento e


Impostos

RAI – Resultado antes de Impostos

RLP – Resultado Líquido do Período

iii
iv
Orçamentação Anual de uma Empresa

Índice Geral

Índice Geral ......................................................................................................................v


Índice de Anexos ............................................................................................................vi
Índice de Quadros..........................................................................................................vii
Índice de Gráficos ...........................................................................................................xi

Introdução ......................................................................................................................12

CAPÍTULO I – ABORDAGEM GENÉRICA DA EMPRESA .............................................13


1.1. Importância da Contabilidade de Gestão numa empresa ..........................................13
1.2. O orçamento como ferramenta na Contabilidade de Gestão .....................................14
1.3. Funcionamento das Secções ....................................................................................15
1.4. Enquadramento geral................................................................................................16
1.5. Pressupostos e informações relevantes ....................................................................18

CAPÍTULO II – ORÇAMENTAÇÃO .................................................................................22


2.1. Metodologia usada nos orçamentos ..........................................................................22
2.2. Orçamentos previsionais ...........................................................................................23
2.2.1. Programa de Produção e de Vendas de Produto Acabado ...........................23
2.2.2. Secção A – Secção de produção de matéria-prima ......................................28
2.2.3. Secção B - Secção de produção de produtos acabados ...............................36
2.2.4. Secção C - Secção de rotulagem, embalagem e expedição .........................40
2.2.5. Orçamento de produção de queijo (final) ......................................................44
2.2.6. Orçamento de aprovisionamentos.................................................................45
2.2.7. Investimentos e amortizações .......................................................................46
2.2.8. Empréstimo bancário ....................................................................................47
2.2.9. Demonstração de resultados previsional.......................................................48
2.2.10. Orçamento de tesouraria ............................................................................49
2.2.11. Balanço .......................................................................................................51

Considerações finais .....................................................................................................52


Bibliografia .....................................................................................................................54
Anexos............................................................................................................................60

v
Orçamentação Anual de uma Empresa

Índice de Anexos

Anexo 1 – Programa de Produção e de Vendas de Produto Acabado ............................55

Anexo 2 – Secção A........................................................................................................58

Anexo 3 – Secção B........................................................................................................66

Anexo 4 – Secção C .......................................................................................................71

Anexo 5 – Orçamento anual de produção de queijo (final) ..............................................76

Anexo 6 – Orçamento de Aprovisionamento ...................................................................77

Anexo 7 – Orçamento de Investimento e Amortizações ..................................................78

Anexo 8 – Empréstimo bancário .....................................................................................79

Anexo 9 – Demonstração de Resultados ........................................................................80

Anexo 10 – Orçamento de Tesouraria.............................................................................81

Anexo 11 – Balanço ........................................................................................................83

vi
Orçamentação Anual de uma Empresa

Índice de Quadros

Quadro 1 – Programa de produção de queijo (em quilogramas) .....................................23


Quadro 2 – Programa de vendas de queijo (em quilogramas).........................................24
Quadro 3 – Orçamento de vendas de queijo (preço de venda) .......................................24
Quadro 4 – Orçamento de vendas de queijo (preço de custo) ........................................25
Quadro 5 – Quadro resumo das vendas anuais de queijo (em quilogramas e valor) .......25
Quadro 6 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2020 ...25
Quadro 7 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2021 ...26
Quadro 8 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2022 ...26
Quadro 9 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2023 ...26
Quadro 10 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2024 .27
Quadro 11 – Orçamento de produção de produtos acabados (preço de custo) ...............27
Quadro 12 – Programa de produção de leite...................................................................28
Quadro 13 – Programa de produção anual de leite (em litros) ........................................28
Quadro 14 – Programa de produção mensal (em litros) ..................................................28
Quadro 15 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2020 ..................................30
Quadro 16 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2021 ..................................30
Quadro 17 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2022 ..................................31
Quadro 18 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2023 ..................................31
Quadro 19 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2024 ..................................32
Quadro 20 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2020 .....................................33
Quadro 21 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2021 .....................................34
Quadro 22 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2022 .....................................34
Quadro 23 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2023.....................................34
Quadro 24 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2024 .....................................34
Quadro 25 – Apuramento do custo unitário da matéria prima (leite de ovelha) ...............34
Quadro 26 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2020 ..................................36
Quadro 27 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2021 ..................................36
Quadro 28 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2022 ..................................37
Quadro 29 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2023 ..................................37
Quadro 30 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2024 ..................................38
Quadro 31 – Orçamento de gastos de produção da Secção B (resumido) ......................39
Quadro 32 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2020 ..................................40
Quadro 33 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2021 ..................................40

vii
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 34 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2022 ..................................41


Quadro 35 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2023 ..................................41
Quadro 36 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2024 ..................................42
Quadro 37 – Orçamento de produção de queijo em 2020 ...............................................44
Quadro 38 – Orçamento de produção de queijo em 2021 ...............................................44
Quadro 39 – Orçamento de produção de queijo em 2022 ...............................................44
Quadro 40 – Orçamento de produção de queijo em 2023 ...............................................45
Quadro 41 – Orçamento de produção de queijo em 2024 ...............................................45
Quadro 42 – Orçamentos de aprovisionamentos ............................................................45
Quadro 43 – CMVMC......................................................................................................46
Quadro 44 – Plano de investimentos...............................................................................46
Quadro 45 – Plano de amortizações dos ativos fixos ......................................................47
Quadro 46 – Plano de reembolso do empréstimo bancário .............................................47
Quadro 47 – Demonstração de resultados previsional ....................................................48
Quadro 48 – Orçamento de Tesouraria ...........................................................................49
Quadro 49 – Pagamentos dos gastos com pessoal ........................................................50
Quadro 50 – Pagamentos de IRC ...................................................................................50
Quadro 51 – Orçamento financeiro .................................................................................51
Quadro 52 – Balanço contabilístico .................................................................................51

Quadro 53 – (Anexo 1) – Programa de produção de queijo (em quilogramas) ................55


Quadro 54 – (Anexo 1) – Programa de vendas de queijo (em quilogramas) ...................55
Quadro 55 – (Anexo 1) – Orçamento de vendas de queijo ..............................................55
Quadro 56 – (Anexo 1) – Orçamento de vendas de queijo (preço de custo) ...................56
Quadro 57 – (Anexo 1) – Resumo das vendas de queijo (em quilogramas e valor) ........56
Quadro 58 – (Anexo 1) – Programa de existência de produtos acabados de queijo em
2018 ............................................................................................................................56
Quadro 59 – (Anexo 1) – Programa de existência de produtos acabados de queijo em
2019 ............................................................................................................................57
Quadro 60 – (Anexo 1) – Orçamento de produção de produtos acabados (preço de
custo) ..........................................................................................................................57
Quadro 61 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite de 2017 (em percentagem) ....58
Quadro 62 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite de 2018 (em percentagem) ....58
Quadro 63 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite de 2019 (em percentagem) ....58

viii
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 64 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite a partir da média do triénio


anterior ........................................................................................................................59
Quadro 65 – (Anexo 2) – Programa de produção anual de leite (em litros) .....................59
Quadro 66 – (Anexo 2) – Programa de produção mensal (em litros) ...............................59
Quadro 67 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2018 ............60
Quadro 68 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2019 ............60
Quadro 69 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2020 ............61
Quadro 70 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2021 ............61
Quadro 71 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2022 ............62
Quadro 72 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2023 ............62
Quadro 73 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2024 ............63
Quadro 74 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos da secção A em 2018 ...........................64
Quadro 75 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos da secção A em 2019 ...........................64
Quadro 76 – (Anexo 2) – Orçamento de rendimentos da secção A em 2018 ..................64
Quadro 77 – (Anexo 2) – Orçamento de rendimentos da secção A em 2019 ..................65
Quadro 78 – (Anexo 2) – Apuramento do custo unitário da matéria prima ......................65
Quadro 79 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2018 ............66
Quadro 80 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2019 ............66
Quadro 81 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2020 ............67
Quadro 82 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2021 ............67
Quadro 83 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2022 ............68
Quadro 84 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2023 ............68
Quadro 85 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2024 ............69
Quadro 86 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos da secção B em 2018 ...........................69
Quadro 87 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos da secção B em 2019 ...........................70
Quadro 88 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos de produção da secção (resumidos) .....70
Quadro 89 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2018 ............71
Quadro 90 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2019 ............71
Quadro 91 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2020 ............72
Quadro 92 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2021 ............72
Quadro 93 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2022 ............73
Quadro 94 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2023 ............73
Quadro 95 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2024 ............74
Quadro 96 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos da secção C em 2018 ...........................74
Quadro 97 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos da secção C em 2019 ...........................75
Quadro 98 – (Anexo 5) – Orçamento de produção de queijo (final) em 2018 ..................76

ix
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 99 – (Anexo 5) – Orçamento de produção de queijo (final) em 2019 ..................76


Quadro 100 – (Anexo 6) – Orçamento de existências de produtos acabados .................77
Quadro 101 – (Anexo 6) – CMVMC ................................................................................77
Quadro 102 – (Anexo 7) – Plano de Investimentos .........................................................78
Quadro 103 – (Anexo 7) – Plano de amortizações dos ativos fixos .................................78
Quadro 104 – (Anexo 8) – Plano de reembolso do empréstimo bancário (a partir de 2024)
....................................................................................................................................79
Quadro 105 – (Anexo 9) – Demonstração de Resultados dos anos 2018 e 2019 ...........80
Quadro 106 – (Anexo 10) – Orçamento de Tesouraria dos anos 2018 e 2019 ................81
Quadro 107 – (Anexo 10) – Pagamentos dos gastos com pessoal dos anos 2016 a 2019
....................................................................................................................................81
Quadro 108 – (Anexo 10) – Pagamentos de IRC de 2018 e 2019...................................81
Quadro 109 – (Anexo 10) – Orçamento Financeiro de 2018 e 2019 ...............................82
Quadro 110 – (Anexo 11) – Balanço contabilístico ..........................................................83

x
Orçamentação Anual de uma Empresa

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Vendas de produto acabado ........................................................................ 23


Gráfico 2 – Produção de matéria-prima .......................................................................... 29
Gráfico 3 – Evolução das rubricas de gastos da Secção A ............................................. 32
Gráfico 4 – Custo unitário da matéria-prima ................................................................... 33
Gráfico 5 – Gastos e rendimentos da Secção A ............................................................. 34
Gráfico 6 – Custo unitário da matéria-prima ................................................................... 35
Gráfico 7 – Evolução das rubricas de gastos da Secção B ............................................. 38
Gráfico 8 – Evolução das rubricas de gastos da Secção C............................................. 42
Gráfico 9 – Evolução dos gastos totais de cada Secção ................................................ 43
Gráfico 10 – Rendimentos, gastos e resultado líquido do período .................................. 48
Gráfico 11 – Evolução do saldo de tesouraria ................................................................ 49

xi
Orçamentação Anual de uma Empresa

Introdução

O presente trabalho, centrou-se na preparação previsional de orçamentos anuais de uma


empresa existente, para o qual contámos com a preciosa colaboração dos proprietários de uma
empresa de produção artesanal de queijos, sedeada no concelho de Portalegre, a qual completa
este ano, 70 anos de laboração. Graciosamente, foi disponibilizada informação contabilística
relevante para análise e, ainda, esclarecimentos vários sobre a estrutura, organização e
funcionamento da referida empresa. Sem este apoio indispensável, este trabalho não teria sido
possível. Aos proprietários e restantes colaboradores, os nossos agradecimentos.
Pretendeu-se assim, através das matérias lecionadas ao longo do semestre na unidade
curricular, analisar o funcionamento transversal da queijaria, com o objetivo principal de
identificar centros de custo e, consequentemente, reconhecer e quantificar os gastos e benefícios
associados, permitindo custear as várias atividades e, com base nos registos históricos,
associados à experiência dos proprietários e o que é a sua visão do negócio nos próximos anos,
elaborar programas e orçamentos previsionais para o próximo quinquénio.
Sendo uma pequena empresa, a sua organização funcional não está, em alguns aspetos,
perfeitamente autonomizada, no que se refere às várias etapas de produção que se desenrolam
nas várias secções. Este facto obrigou a um esforço adicional do grupo para, academicamente,
o fazer, ou seja, diferenciar concretamente quais as tarefas que devem ser consideradas em
cada uma das etapas de produção e alocar-lhes os custos correspondentes, com alguns,
pequenos, ajustamentos para que a tarefa fosse exequível.
Ao mesmo tempo, deste exercício académico, resultaram em nosso entender, informações
e pontos de vista de otimização dos processos de gestão e análise de custos, que serão
apresentados aos proprietários como sugestões de melhoria, os quais tendo acolhimento da sua
parte, estamos certos contribuirão para uma valorização e rentabilização da atividade.
Assim, o presente trabalho, teve ainda a mais-valia de ter aproveitamento prático na
empresa analisada.

12
Orçamentação Anual de uma Empresa

CAPÍTULO I – ABORDAGEM GENÉRICA DA EMPRESA

1.1. Importância da Contabilidade de Gestão numa empresa

Os processos de gestão modernos envolvem cinco funções principais: planeamento,


organização, recrutamento, direção e controlo, cada qual com o seu contributo importante para
o todo empresarial. A contabilidade de gestão é uma ferramenta ao dispor do gestor, para o
apoiar essencialmente em duas delas: o planeamento e o controlo.
A importância da contabilidade de gestão no século XXI é inquestionável, pois proporciona
informação quantificada para a análise e controlo dos custos, que não poderia ser obtida de outra
forma. A sua origem esteve na necessidade de conhecer dados que quantificam os fatores
produtivos.
Utilizando indicadores financeiros e não financeiros, mais o contributo da contabilidade
analítica, sobre controlo e previsão de custos, vai mais além do uso histórico de dados, virada
principalmente para o exterior, que é a contabilidade financeira, com recurso a documentos de
demonstração financeira como o balanço, demonstração de resultados, demonstração de fluxos
de caixa e demonstrações de alteração de capital próprio.
Enquanto a contabilidade financeira é informação genérica da empresa e referida ao seu
conjunto, a contabilidade de gestão é informação decomposta, adaptada às necessidades dos
utilizadores e, principalmente, orientada para o futuro. Tem natureza prospetiva, previsional,
virada para o interior da empresa, com um triplo objetivo: por um lado conhecer quais são os
custos da empresa; por outro, servir de apoio à tomada de decisão, tendo por base esta
informação e, por fim, facilitar o processo de controlo e planeamento.
Não existindo normas que regulem a contabilidade de gestão e, por tanto, como cada
empresa pode emitir os relatórios com a estrutura que considere conveniente, a contabilidade de
gestão deverá ser apresentada de forma adequada para que ajude à tomada de decisão.
Assim, os relatórios produzidos deverão conter tanto informação atual, como informação
histórica, que facilite a comparação e sirva para avaliar se as decisões adotadas na empresa,
serviram para atingir os objetivos delineados.
A contabilidade financeira pode servir para apoiar a tomada de decisão, mas não é limitada.
Enquanto esta se encontra regulada pelo sistema de normalização contabilística, a contabilidade
de gestão realiza-se da forma que a empresa considere mais adequada.

13
Orçamentação Anual de uma Empresa

Usando documentos de suporte para a demonstração de resultados por funções, é


facilitada ao gestor, um conjunto de ferramentas para uma gestão otimizada, para análise de
custos, benefícios por áreas ou funções específicas, auxiliar na fixação de preços de produtos,
alocar recursos, baixar custos, melhorar tarefas, processos ou atividades, sempre no intuito de
melhorar o desempenho, orientar o esforço para alcançar os objetivos, rentabilizando recursos
materiais e humanos, estes que são o ativo mais relevante das organizações e maximizar o lucro,
caminhando assim para uma Contabilidade de Gestão Estratégica da empresa.

1.2. O orçamento como ferramenta na Contabilidade de Gestão

As empresas sentiram necessidade de dispor de um plano de ações o mais delineado


possível e assente em pressupostos válidos e aceites. O planeamento quer a médio ou longo
prazo, ainda que com níveis de precisão distintos, é essencial. É por isso importante que seja
feita uma previsão das condições para desenvolver atividades, delineação dos objetivos e quais
as políticas a adotar e os procedimentos a implementar para que a gestão seja bem orientada,
não haja dúvidas das ações a seguir e se possam prevenir eventos adversos.
O orçamento é visto como uma base de trabalho para planeamento das atividades e
controlo da sua execução. Nas empresas compreendem a tradução das intenções dos planos
operacionais, ao nível financeiro, de cada área de atividade, departamento ou setor. A
preparação do orçamento tem por base um conjunto de referências que servirão como linhas
orientadoras para a tomada de decisão e avaliação de resultados e desempenho, entre as quais
o planeamento e o controlo de gestão.
Cabe aos gestores a previsão de atividades a desenvolver, dos meios materiais e humanos
disponíveis e necessários e a definição dos objetivos e resultados a alcançar.
Deste modo, o planeamento das atividades das empresas pode ser definido por períodos
distintos, a curto prazo, habitualmente a um ano, a médio-longo prazo e a longo prazo. Embora
as linhas orientadoras e horizontes sejam diferentes, os diferentes tipos de planeamento refletem
os objetivos das empresas. O planeamento a longo prazo é caraterizado pela indicação do rumo
a seguir, enquanto o planeamento a curto prazo é feito com base nos planos de ações,
coordenação e controlo das atividades de acordo com as linhas gerais estabelecidas.
O orçamento reflete os planos anuais das empresas, os objetivos que se propõem
alcançar, considerando o ambiente atual e os recursos humanos e materiais disponíveis e/ou
necessários, pelo que, objetivos, planos de ação e orçamento são indissociáveis.

14
Orçamentação Anual de uma Empresa

A elaboração do orçamento permite, simultaneamente, um controlo mais apertado das


operações ou atividades e a comparação dos resultados atuais com os valores orçamentados,
análise dos objetivos delineados, interpretar resultados e desencadear ações corretivas, por
forma a alcançar os melhores resultados possíveis e apoiar a tomada de decisão e avaliação do
desempenho organizacional.
Planear não é adivinhar nem um exercício de futurologia, mas prever para depois decidir.

1.3. Funcionamento das Secções

Para a empresa em análise, criaram-se três secções principais, as quais foram abrangidas
pelos diversos programas e orçamentos. Pretenderam-se apurar os custos de cada secção, com
a finalidade de os imputar ao produto final, o queijo curado de ovelha. Sendo uma pequena
empresa, a sua organização funcional não está, em alguns aspetos, perfeitamente
autonomizada, no que se refere às várias etapas de produção que se desenrolam nas várias
secções. Assim, para efeitos académicos, houve a necessidade de efetuar pequenos
ajustamentos, no sentido de melhor se determinar a alocação dos custos a considerar.
Basicamente, a estrutura que se elaborou, a nível de secções, foi a seguinte:
- Secção de produção de matéria prima (Secção A) – aqui é explorado um efetivo animal
com a finalidade de obter a matéria-prima essencial para a produção de queijo, o leite. Cinco
colaboradores são responsáveis pela manutenção e exploração do efetivo ovino, com todas as
atividades que essa prática possa contemplar. O principal objetivo da criação desta secção, foi
apurar o custo do leite que dá entrada na secção seguinte;
- Secção de produção de produtos acabados (Secção B) – aqui é recolhido o leite
proveniente da secção A, aquecido e processado de forma a se transformar em massa
(coalhada), que posteriormente dará origem ao produto final. Com esta secção colaboram quinze
funcionários a tempo inteiro, que tratam da receção, aquecimento e transformação, da matéria-
prima (leite de ovelha), em produto final, bem como do seu armazenamento e conservação, até
seguir para a secção C. O objetivo da criação desta secção, foi apurar os custos de toda a
transformação da matéria-prima em produto acabado;
- Secção de rotulagem, embalagem e expedição (Secção C) – com dois colaboradores a
tempo inteiro, é nesta última secção que são embalados, rotulados e depois expedidos
diretamente para o consumidor final. Aqui também ocorrem alguns gastos, que embora não
façam parte da transformação propriamente dita da matéria-prima, também eles têm repercussão
no custo unitário do produto final.

15
Orçamentação Anual de uma Empresa

Face a isto, é de destacar que a empresa não usufrui atualmente desta divisão por secções,
o que, no nosso entender, pode comportar sérias dificuldades no apuramento final dos custos de
produção e de gestão, no que diz respeito à avaliação do desempenho. Tendo este aspeto em
consideração, e sendo este trabalho académico, uma visão orçamental da empresa, também
nele se procura expressar uma visão crítica, pelo que parte dela será posteriormente reportada
ao proprietário da empresa, como forma de contribuir pela disponibilização das demonstrações
financeiras e dos dados referentes ao funcionamento da organização que, caso contrário,
tornariam esta tarefa quase inexequível.

1.4. Enquadramento geral

A exploração de um efetivo animal com vista à obtenção de leite é uma tarefa complexa,
com inúmeras características importantes e que podem ser utilizadas como dados e informação
para a gestão, tanto a nível de gestão corrente da atividade como para o planeamento futuro,
com o máximo de exatidão possível. Neste sentido, procuraram-se obter informações a respeito
do funcionamento da exploração e da produção de leite mensal. Como viemos a constatar a
produção de leite não é equilibrada ao longo dos vários meses, sofrendo grandes oscilações no
início e no fim de um novo ciclo.
Sendo uma atividade de caráter sazonal, importa referir que a produção de leite apenas
acontece ao longo de 7 meses do ano, não existindo qualquer produção de leite nos meses de
julho a novembro, inclusive. Esse ciclo produtivo está condicionado pelo ciclo reprodutivo de um
animal ovino, cuja matéria-prima apenas se obtém cerca de um mês e meio após o parto dos
borregos.
Da venda destes, e da tosquia das ovelhas resultam rendimentos, que serão amortizados
aos gastos da secção de produção de matéria-prima permitindo assim custear o leite. Uma vez
que a empresa tem histórico de produção de leite dos últimos três anos (2017, 2018 e 2019), e
uma vez que existe um equilíbrio no peso relativo de cada mês na produção final, apurou-se uma
média mensal dos três anos e que serviu de base para os cálculos previsionais do programa de
produção de leite da secção A. Pelo proprietário foram definidas as produções anuais para os
anos seguintes, sendo estas as produções que este pensa alcançar através da afetação de
animais que já fazem parte do efetivo mas que, por algum motivo não estão ainda destinados à
produção de leite, ou pela acumulação de animais provenientes da própria reprodução animal.
Nos meses em que não existe produção, são feitas manutenções às instalações de
ordenha, bem como a lavagem cuidada de todos os espaços anexos. Sendo uma tarefa morosa

16
Orçamentação Anual de uma Empresa

e de extremo cuidado, leva normalmente o intervalo entre um ciclo e outro a ser feita, pelo que
se mantêm os gastos com os funcionários e também com a eletricidade e água ao longo do
tempo, sendo que estes últimos dois elementos apenas se consideram, segundo o produtor, em
aproximadamente 20% dos custos dos meses de atividade plena.
Na fase posterior à da produção, é transferida a matéria-prima (leite de ovelha) para outra
secção com vista a transformar-se em coalhada e mais tarde em queijo. Nesse âmbito, os
funcionários começam por processar o leite que chega às instalações, filtrando-o e fervendo-o
de maneira a eliminar todas substâncias e micro-organismos não desejáveis. Posteriormente
adiciona-se coalho e sal à matéria-prima original e aguarda-se cerca de 45 minutos até que esta
se transforme em coalhada. Entretanto, os funcionários já preparam todos os cinchos utilizados
para a moldagem e cortam agora a coalhada de forma a extrair o máximo possível de soro, aqui
considerado como sendo um subproduto da transformação.
De seguida, a coalhada escorrida do soro é transformada e moldada até adquirir a forma
cilíndrica de um queijo, e que pode assumir vários diâmetros, conforme o proprietário assim
entenda. Estes produtos serão posteriormente comercializados tendo em consideração o seu
peso final. Considera-se, segundo o produtor, que por cada cinco litros de leite de ovelha se
obtém um quilograma de queijo curado. Essa será a razão utilizada ao longo das previsões para
os anos seguintes, com o objetivo de determinar as produções mensais e/ou anuais de produto
acabado.
Logo que o produto se encontre terminado, passa para uma fase de maturação onde
permanecerá em norma de 15 a 45 dias, a uma temperatura e humidade reguladas, antes de
seguir para a secção de rotulagem, embalagem e expedição. Esta secção B está completamente
dependente da Secção A, na medida em que toda a matéria-prima transformada é daí
proveniente. Não existindo fornecedores externos de matéria-prima e sendo a empresa a própria
a cuidar do efetivo para a obter, isso significa que também não existirá produção de queijo nos
meses em que não há produção de leite. Assim sendo, também ao longo desses meses em que
não existe produção, os funcionários da secção se dedicam exclusivamente à limpeza e
manutenção dos espaços.
Na fase posterior, os produtos são rotulados e embalados para seguirem para o
consumidor final. Para o efeito a empresa conta com dois funcionários que cuidam desta tarefa
e que se encarregam de vender os produtos, devidamente acondicionados e de acordo com as
normas vigentes no setor, ao consumidor final, que pode adquirir os produtos diretamente nas
instalações da queijaria, ou nos mercados municipais, para onde se desloca um funcionário num
veículo refrigerado e adequado para o efeito.
Foram definidas junto do proprietário umas percentagens semelhantes àquelas que
correspondem historicamente às vendas de cada mês do ano e todos os cálculos dos

17
Orçamentação Anual de uma Empresa

orçamentos de vendas são feitos com base nessas percentagens. Importa ainda referir que a
empresa tem uma grande notoriedade junto dos consumidores, pelo que as vendas
acompanham praticamente a produção e por esse motivo raramente existe stock de mais de 30
dias na empresa. Por esse motivo, o proprietário considera que as vendas ocorrem apenas até
agosto e em dezembro. Os meses em que não ocorrem vendas, são aproveitados, tal como
acontecia nas secções A e B, para limpezas e manutenção. Neste caso, consideram-se essas
tarefas, tanto no espaço das próprias instalações onde é feita a comercialização, como também
nos espaços destinados às vendas nos mercados. Em dezembro, devido ao natal e véspera de
ano novo, a empresa chega mesmo a escoar a produção por conta de um grande volume de
encomendas. Tendo esse aspeto em consideração, assumiu-se que a empresa termina o ano
sem qualquer stock de produtos acabados.

1.5. Pressupostos e informações relevantes

Segundo dados obtidos junto do proprietário, considera-se que, de uma forma muito
sintética, os pressupostos apreciados ao longo dos vários orçamentos para a empresa em
questão, são os seguintes:

PMR (prazo médio de recebimentos): 0 dias (poderá existir algum valor, em dias, para esta
rúbrica, no entanto como as percentagens das vendas para cada mês foram definidas pelo
proprietário, torna-se difícil de apurar);

PMP (prazo médio de pagamentos): 60 dias, à exceção das rendas;

Funcionários: 5, 15 e 2, nas secções A, B e C, respetivamente;

Remuneração dos funcionários: 635€ mensais, para todos os funcionários. Partiu-se do


pressuposto que este valor se mantém para os próximos 5 anos;

Subsídio de Férias e Natal: pagos em junho e novembro, respetivamente;

Segurança Social da entidade: 23,75% da remuneração base;

Segurança Social dos colaboradores (retenção): 11,00% da remuneração base;

Fundos de compensação pagos pela entidade (por colaborador): 6,35€/mês;

Seguro (por colaborador): 90,00€/ano, repartido em 12 prestações mensais;

18
Orçamentação Anual de uma Empresa

Retenção de IRS (por colaborador): 7,50% da remuneração base;

Produção de matéria-prima (leite de ovelha): meses de janeiro a junho e dezembro;

Produção de produto final (queijo de ovelha): meses de janeiro a junho e dezembro;

Vendas de produto final (queijo de ovelha): meses de janeiro a agosto e dezembro;

Percentagens históricas de 2017 para o apuramento da produção de litros de leite para os


próximos anos (a partir de uma percentagem média): 16,7%; 14,5%; 15,7%; 16,8%; 14,1%; 7,6%;
0,0%; 0,0%; 0,0%; 0,0%; 0,0% e 14,6%, para os meses de janeiro a dezembro, respetivamente;

Percentagens históricas de 2018 para o apuramento da produção de litros de leite para os


próximos anos (a partir de uma percentagem média): 14,0%; 13,7%; 17,5%; 18,9%; 14,6%; 5,6%;
0,0%; 0,0%; 0,0%; 0,0%; 0,0% e 15,7%, para os meses de janeiro a dezembro, respetivamente;

Percentagens históricas de 2019 para o apuramento da produção de litros de leite para os


próximos anos (a partir de uma percentagem média): 15,3%; 14,9%; 16,3%; 16,7%; 14,2%; 7,5%;
0,0%; 0,0%; 0,0%; 0,0%; 0,0% e 15,1%, para os meses de janeiro a dezembro, respetivamente;

Produção anual de leite em 2018 e 2019: 351 120; 456 000;

Produção anual de leite previsional para os anos de 2018 a 2024: 684 000; 866 400; 1 094
400; 1 231 200 e 1 368 000 litros, respetivamente;

Transformação do leite em matéria-prima: estima-se que 5 litros de leite de ovelha


equivalham, aproximadamente, a 1 quilograma de queijo de ovelha curado;

Preço de venda ao consumidor final: 18 €/Kg. Refira-se aqui que a melhoria dos processos
produtivos e rentabilização dos recursos na Secção A, onde se produz o leite, permite baixar os
custos ao longo dos anos e, por consequência, o custo da matéria prima baixa, permitindo manter
o preço de venda ao consumidor final, neste valor.

Percentagem definida para as vendas dos vários anos: 2,50%; 5,00%; 20,00%; 20,00%;
15,00%; 15,00%; 5,00%; 1,00%; 0,00%; 0,00%; 0,00% e 16,50%, para os meses de janeiro a
dezembro, respetivamente;

Gastos da secção A em 2018: Eletricidade - 2 850,00 € (mensal); Água - 760,00 € (mensal);


Detergentes - 2 090,00 € (bimensal); Medicamentos - 9 500,00 € (anual); Veterinário - 5 700,00
€ (anual); Farinha - 169 100,00 € (anual); Sementes - 3 800,00 € (anual); Adubo - 950,00 €
(anual); Gasóleo - 3 800,00 € (anual); Fardos - 5 700,00 € (anual); Manutenção - 9 500,00 €
(anual); Óleo - 950,00 € (anual) e Rendas - 19 000,00 € (anual). Estima-se que para os anos
seguintes estes valores cresçam em aproximadamente 20%, à exceção das rendas, que são

19
Orçamentação Anual de uma Empresa

alvo de um contrato de longo prazo. Para além disso, é de notar que os gastos são sazonais e
poderiam ser calculados com a unidade de obra respetiva e em função de dados de consumo
reais, no entanto, uma vez que esses dados não nos foram fornecidos, adotam-se estes valores
como uma estimativa aproximada mensal, por parte do proprietário;

Rendimentos da Secção A em 2018: Borregos - 69 750,00 € e Lã - 2 250,00 €. Considera-


se um crescimento de 20% para os anos seguintes;

Gastos da secção B em 2018: Coalho - 380,00 € (mensal); Sal - 475,00 € (mensal);


Pimentão - 570,00 € (anual); Eletricidade - 3 420,00 € (mensal); Água - 760,00 € (mensal);
Controlo - 19 000,00 € (anual); Manutenção - 5 700,00 € (anual) e Detergentes - 2 280,00 €
(bimensal). Estima-se que para os anos seguintes estes valores cresçam em aproximadamente
20%. Para além disso, é de notar que os gastos são sazonais e poderiam ser calculados com a
unidade de obra respetiva e em função de dados de consumo reais, no entanto, uma vez que
esses dados não nos foram fornecidos, adotam-se estes valores como uma estimativa
aproximada mensal, por parte do proprietário;

Gastos da secção C em 2018: Eletricidade - 380,00 € (mensal); Água - 190,00 € (mensal);


Embalagens - 4 370,00 € (anual); Sacos - 2 850,00 € (anual); Rótulos - 7 600,00 € (anual);
Licenças - 380,00 € (anual); Combustível - 188 100,00 € (anual) e Rendas dos Mercados - 855,00
€ (mensal). Estima-se que para os anos seguintes estes valores cresçam em aproximadamente
20%. Para além disso, é de notar que os gastos são sazonais e poderiam ser calculados com a
unidade de obra respetiva e em função de dados de consumo reais, no entanto, uma vez que
esses dados não nos foram fornecidos, adotam-se estes valores como uma estimativa
aproximada mensal, por parte do proprietário;

Despesas de eletricidade, água e medicamentos (apenas na secção A) nos meses em que


não há produção/vendas, consideradas a 20% face ao período em que a empresa se encontra
em atividade;

Investimento no valor de 3 230 000,00 €: Obras de construção - 2 660 000,00 €; Caldeira


em chapa - 133 000,00 €; Bombas de circulação - 28 500,00 €; Pasteurizador - 285 000,00 €;
Carros de três prateleiras - 28 500,00 € e Carros de sete prateleiras - 95 000,00 €;

O Investimento é feito no fim do ano de 2019, contraindo um empréstimo bancário no


mesmo valor;

Empréstimo bancário no valor de 3 325 000,00 €: utilizado na totalidade no fim do ano de


2019 e liquidado em 25 anuidades com quotas constantes de capital e primeiro pagamento em

20
Orçamentação Anual de uma Empresa

2020. A taxa de juro é de 6%/ano. Para o empréstimo em questão não foi considerado imposto
de selo;

O subproduto (soro de leite) proveniente da transformação da matéria-prima (leite de


ovelha), é comercializado a 0,10 €/litro. A recolha deste subproduto é diária e o pagamento é
também ele efetuado diariamente;

Taxas de depreciação adotadas: Obras de construção - 5,00%; Caldeira em chapa -


12,50%; Bomba circulação - 20,00%; Pasteurizador - 12,50%; Carros três prateleiras - 20,00%;
Carros sete prateleiras - 20,00% e Consultoria - 33,33%.

21
Orçamentação Anual de uma Empresa

CAPÍTULO II – ORÇAMENTAÇÃO

2.1. Metodologia usada nos orçamentos

Ao contrário do que será habitual na elaboração de programas e orçamentos


previsionais, a nossa abordagem não se iniciou pela estimativa de vendas futuras, mas
sim pela condicionante principal para a produção de produto acabado. Esta
condicionante é a capacidade de produção de matéria prima para o fabrico dos queijos
– o leite – uma vez que, sendo uma queijaria de fabrico tradicional, que prima pela
qualidade dos produtos e pelo controlo dessa qualidade, não abdica deste princípio,
produzir o seu próprio leite, das suas próprias ovelhas.
Assim, inicia-se a abordagem com a elaboração de programas e orçamentos de
produção de matéria prima, cuja quantidade vai determinar o volume de produto
acabado que a empresa poderá produzir.
No entanto, ressalva-se que a perspetiva de aumento de produção estimada pelo
proprietário, assenta em dois pressupostos: o efetivo ovino da exploração agropecuária,
não se encontra todo afeto à produção de leite, sendo sua intenção de aumentar essa
afetação, numa razão suficiente para que tenha um aumento estimado de produto
acabado na ordem dos 20%. Por outro lado, a propriedade ainda dispõe de capacidade
de aumento do efetivo animal, o que se concretiza através da reprodução própria, pelo
que para salvaguarda desta capacidade produtiva, em alguns meses do ano, quando
os animais estão em amamentação, o leite não é recolhido para fabrico de queijos,
sendo as vendas realizadas a partir de stock de armazém, entretanto constituído.
Durante este período os colaboradores dedicam-se essencialmente à manutenção das
instalações das várias secções, como melhor se explana mais à frente.
Também cabe aqui esclarecer que este incremento de produção também é
possível devido ao facto de no final de 2019 a empresa ter contraído um empréstimo,
que inicia amortização em 2020. Este teve como finalidade principal recuperar e
modernizar infraestruturas, instalações e equipamentos produtivos das várias secções,
que sendo muito antigas se encontravam muito degradadas, permitindo assim aumentar
a capacidade de produção, sem que a qualidade artesanal do produto se altere e se
mantenha o estado da arte.
Refira-se ainda que, para a elaboração do presente trabalho, partimos de alguns
elementos contabilísticos fornecidos pelos proprietários (balanço e demonstração de

22
Orçamentação Anual de uma Empresa

resultados), referentes aos anos de 2018 e 2019, bem como alguns dados avulsos para
melhor complementar a informação histórica. Optámos por remeter para anexos os
dados referentes a estes dois anos, uma vez que o esforço de análise se centra na
orçamentação para o quinquénio de 2020 a 2024. Também lançámos em anexos, todos
os dados referentes a análises mensais, que suportam tabelas do corpo principal.

2.2. Orçamentos previsionais

2.2.1. Programa de Produção e de Vendas de Produto Acabado

Quadro 1 – Programa de produção de queijo (em quilogramas)

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 1 – Vendas de produto acabado

VENDAS
25,0%
20,0% 20,0%
20,0%
16,5%
15,0% 15,0%
15,0%

10,0%
5,0% 5,0%
5,0% 2,5%
1,0%
0,0% 0,0% 0,0%
0,0%

Fonte: Elaboração própria


23
Orçamentação Anual de uma Empresa

Como foi referido na parte introdutória, a produção de queijo é sazonal, pois


depende da disponibilidade da matéria-prima. O leite é todo produzido na própria
empresa, de efetivo animal próprio. É resguardado o período de reprodução e cria das
ovelhas, o que vai repercutir-se na sazonalidade das vendas, que oscilam de um
máximo nos meses de março e abril, a um nível zero de setembro a novembro.
A empresa consegue escoar toda a produção até 31 de dezembro, sendo que nos
meses de julho e agosto não há produção de matéria prima, pelo que as vendas se
realizam em base ao stock constituído. Esta alternância de ciclos de venda, também
repercute um excedente de tesouraria quando há maior saída de queijo e de setembro
a novembro carência de fundos de tesouraria, levando a uma maior necessidade de
controlo de gastos, em particular dos fixos.

Quadro 2 – Programa de vendas de queijo (em quilogramas)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 3 – Orçamento de vendas de queijo (preço de venda)

Fonte: Elaboração própria

24
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 4 – Orçamento de vendas de queijo (preço de custo)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 5 – Quadro resumo das vendas anuais de queijo (em quilogramas e valor)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 6 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2020 (em


quilogramas)

Fonte: Elaboração própria

25
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 7 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2021 (em


quilogramas)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 8 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2022 (em


quilogramas)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 9 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2023 (em


quilogramas)

Fonte: Elaboração própria

26
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 10 – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de 2024 (em


quilogramas)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 11 – Orçamento de produção de produtos acabados (preço de custo)

Fonte: Elaboração própria

Toda a produção de queijo é escoada, no próprio ano, à média de 18,00€ / kg.


Sendo o custo médio de produção abaixo dos 6,00€ / kg representa uma margem de
lucro bastante cómoda para a empresa. Por outro lado, como o PMR é imediato e o
PMP é de 60 dias, permite acomodar alguns desajustes de disponibilidades de
tesouraria referidos anteriormente.

27
Orçamentação Anual de uma Empresa

2.2.2. Secção A – Secção de produção de matéria-prima

Quadro 12 – Programa de produção de leite


(em percentagem – triénio de 2017 a 2019 em Anexo 2)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 13 – Programa de produção anual de leite (em litros)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 14 – Programa de produção mensal (em litros)

Fonte: Elaboração própria

28
Orçamentação Anual de uma Empresa

Gráfico 2 – Produção de matéria-prima

PRODUÇÃO DE MATÉRIA-PRIMA
20,0%
18,0% 17,3%
16,5%
16,0% 15,3% 15,1%
14,4% 14,3%
14,0%
12,0%
10,0%
8,0% 7,0%
6,0%
4,0%
2,0%
0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
0,0%

Fonte: Elaboração própria

A cria e manutenção do efetivo ovino, do qual se obtém o leite, é uma das grandes
preocupações da empresa, pois é um fator fundamental para que a matéria-prima
chegue à secção de produção de produto acabado, nas melhores condições de
qualidade. Este aspeto ganha especial relevância devido à sazonalidade na produção
de matéria-prima, pois não é admissível a baixa de qualidade desta. O pico da produção
dá-se em abril, com uma tendência decrescente bastante acentuada, após este mês.
Uma vez que as percentagens para cada mês de produção são elevadas, por
inexistência de produção nos restantes cinco meses do ano, a empresa tem de
conseguir manter a sua capacidade de transformar a matéria prima proveniente da
secção A, mesmo com valores crescentes desta matéria de ano para ano. Também com
este objetivo foi efetuado o recente investimento de modernização.

29
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 15 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2020


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 2)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 16 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2021


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 2)

Fonte: Elaboração própria

30
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 17 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2022


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 2)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 18 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2023


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 2)

Fonte: Elaboração própria

31
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 19 – Orçamento de gastos anuais da Secção A em 2024


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 2)

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 3 – Evolução das rubricas de gastos da Secção A

EVOLUÇÃO DAS RÚBRICAS DE GASTOS DA SECÇÃO A


70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%

2020 2021 2022 2023 2024

Fonte: Elaboração própria

32
Orçamentação Anual de uma Empresa

Gráfico 4 – Custo unitário da matéria-prima

CUSTO UNITÁRIO DA MATÉRIA-PRIMA


Seguros 0,09%
Fundos de compensação 0,09%
Segurança social 2,11%
Remunerações brutas 8,88%
Rendas 3,80%
Óleo 0,33%
Manutenção 3,28%
Fardos 1,97%
Gasóleo 1,31%
Adubo 0,33%
Sementes 1,31%
Farinha 58,39%
Veterinário 1,97%
Medicamentos 3,28%
Detergentes 2,89%
Água 2,10%
Eletricidade 7,87%
0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Fonte: Elaboração própria

Nesta secção a preocupação principal centra-se na criação e manutenção do


efetivo ovino, essencial à atividade da empresa, com critérios de exigência muitos
elevados. Os animais vão ao campo a diário, alimentam-se de pastagens naturais e de
forragens semeadas para o efeito, têm boas instalações que são limpas e desinfetadas
e são acompanhados regularmente por veterinário. Todos estes aspetos representam
custos, que se refletem no produto final, destacando-se de forma acentuada os gastos
com farinha, que serve de complemento à sua alimentação.
À exceção das remunerações brutas e dos gastos com segurança social, a
tendência é crescente em todas as rúbricas de gastos, pois na sua maioria são gastos
variáveis que aumentam com o aumento de produção.
Atendendo ao crescimento percentual elevado nos gastos com aquisição de
farinhas, poderá tentar-se uma negociação do preço de compra com os fornecedores,
porventura fazendo um contrato de exclusividade, com condições mais vantajosas, junto
de um maiorista.

Quadro 20 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2020

Fonte: Elaboração própria

33
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 21 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2021

Fonte: Elaboração própria


Quadro 22 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2022

Fonte: Elaboração própria


Quadro 23 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2023

Fonte: Elaboração própria


Quadro 24 – Orçamento de rendimentos da Secção A em 2024

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 5 – Gastos e rendimentos da Secção A

GASTOS E RENDIMENTOS DA SECÇÃO A


€900 000,00
€800 000,00
€700 000,00
€600 000,00
€500 000,00
€400 000,00
€300 000,00
€200 000,00
€100 000,00
€-
2020 2021 2022 2023 2024

Gastos Rendimentos

Fonte: Elaboração própria

34
Orçamentação Anual de uma Empresa

Nesta secção os rendimentos provêm não só da “venda” do leite à secção


seguinte, mas também da venda de outros ativos, como a lã proveniente da tosquia dos
animais e parte dos borregos novos, excedentários em relação à quantidade definida
pelo proprietário para efetivo permanente. Estes rendimentos repercutem-se no preço
por litro da matéria-prima e, por economia de escala, rentabilizada através do
investimento efetuado, a tendência é de baixa do custo unitário.
Destaca-se um crescimento elevadíssimo dos gastos em relação aos
rendimentos, o que não é um bom indicador. No entanto se verifique um grande
desfasamento entre as duas rúbricas, convém perceber que estes valores são
dissolvidos no total dos litros produzidos ao longo de cada ano e não indicam, no triénio
imediato, crescimentos nos custos unitários da matéria-prima. No entanto, nos anos
seguintes, devido a um crescimento tão elevado dos gastos, poderá verificar-se um
aumento também do custo unitário, traduzindo-se numa menor rentabilidade para a
empresa.

Quadro 25 – Apuramento do custo unitário da matéria prima (leite de ovelha)

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 6 – Custo unitário da matéria-prima

CUSTO UNITÁRIO DA MATÉRIA-PRIMA


€0,70
€0,58
€0,60

€0,50
€0,43 €0,44
€0,40 €0,41
€0,40

€0,30

€0,20

€0,10

€-
2020 2021 2022 2023 2024

Fonte: Elaboração própria

35
Orçamentação Anual de uma Empresa

Verifica-se nos primeiros anos de previsão, uma diminuição do custo unitário da


matéria-prima, devido a um aumento da quantidade de litros produzidos de ano para
ano. Por outro lado, a tendência será depois de aumento do custo unitário da matéria-
prima, como consequência de um aumento desproporcional dos gastos e que não é
suficientemente compensado pelo aumento de produção.

2.2.3. Secção B - Secção de produção de produtos acabados

Quadro 26 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2020


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 3)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 27 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2021


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 3)

Fonte: Elaboração própria

36
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 28 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2022


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 3)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 29 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2023


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 3)

Fonte: Elaboração própria

37
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 30 – Orçamento de gastos anuais da Secção B em 2024


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 3)

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 7 – Evolução das rubricas de gastos da Secção B

EVOLUÇÃO DAS RÚBRICAS DE GASTOS DA SECÇÃO B


70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%

2020 2021 2022 2023 2024

Fonte: Elaboração própria

Verifica-se nesta secção que, para além do gasto principal em matéria-prima, há


um custo relevante com gastos de pessoal e eletricidade. Isto deriva do facto do método

38
Orçamentação Anual de uma Empresa

de produção ser artesanal e, portanto, implicar mão de obra significativa. O produtor não
abdica desta forma de produzir, pois é imagem de marca e da sua qualidade.
A tendência crescente nos gastos com matéria-prima e eletricidade, sendo custos
variáveis, são explicados pelo aumento de capacidade de produção. A tendência
decrescente nas remunerações brutas e na segurança social, no peso total dos custos,
é explicada pelo facto de se terem considerado valores constantes (ou com ligeiros
acréscimos), relativamente ao global.
Considerando que nesta secção os maiores gastos são com a matéria prima
proveniente da secção anterior e que o seu custo não poderá ser melhorado nesta
Secção B, poderão ser tentadas negociações com os fornecedores dos outros bens ou
serviços, usando como vantagem negocial as quantidades, para tentar alcançar um
decréscimo do custo do produto final.

Quadro 31 – Orçamento de gastos de produção da Secção B (resumido)

Fonte: Elaboração própria

39
Orçamentação Anual de uma Empresa

2.2.4. Secção C - Secção de rotulagem, embalagem e expedição

Quadro 32 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2020


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 33 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2021


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

40
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 34 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2022


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 35 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2023


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

41
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 36 – Orçamento de gastos anuais da Secção C em 2024


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 8 – Evolução das rubricas de gastos da Secção C

EVOLUÇÃO DAS RÚBRICAS DE GASTOS DA SECÇÃO C


90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%

2020 2021 2022 2023 2024

Fonte: Elaboração própria

42
Orçamentação Anual de uma Empresa

Nesta secção constata-se um equilíbrio da maior parte dos gastos, com alguma
tendência decrescente no peso total, das remunerações brutas e dos gastos com
segurança social, pela mesma ordem de ideias referida na secção anterior.
Os combustíveis representam o gasto com maior peso nesta secção, e com uma
tendência crescente de ano para ano, acompanhando o aumento de produção e
consequentes vendas. Uma vez que a larga maioria das deslocações são relativamente
pequenas, seria de ponderar a substituição / aquisição de veículos híbridos ou elétricos,
que para além de consumos de combustível muito mais vantajosos, poderão aproveitar
as regras da fiscalidade para benefício da empresa.

Gráfico 9 – Evolução dos gastos totais de cada Secção

EVOLUÇÃO DOS GASTOS TOTAIS DE CADA SECÇÃO


€700 000,00

€600 000,00

€500 000,00

€400 000,00

€300 000,00

€200 000,00

€100 000,00

€-
Secção A Secção B Secção C

2020 2021 2022 2023 2024

Fonte: Elaboração própria

Atendendo a que os gastos com maior peso das Secções A e C, são gastos
variáveis, o crescimento acentuado dos mesmos acompanha o aumento de produção
previsto, a partir do ano de 2021 para a Secção A e do ano de 2020 para a Secção C.
No que se refere à Secção B o aumento é mais gradual, pois os gastos têm uma
forte componente fixa, essencialmente de gastos com pessoal.

43
Orçamentação Anual de uma Empresa

2.2.5. Orçamento de produção de queijo (final)

Quadro 37 – Orçamento de produção de queijo em 2020


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 38 – Orçamento de produção de queijo em 2021


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 39 – Orçamento de produção de queijo em 2022


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

44
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 40 – Orçamento de produção de queijo em 2023


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 41 – Orçamento de produção de queijo em 2024


(gastos mensais anos de 2018 a 2024 em Anexo 4)

Fonte: Elaboração própria

2.2.6 Orçamento de aprovisionamentos

Quadro 42 – Orçamentos de aprovisionamentos


(Orçamento de existências de produtos acabados de 2018 e 2019 em Anexo 6)

Fonte: Elaboração própria

45
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 43 – CMVMC

Fonte: Elaboração própria

Tendo por base os pressupostos elencados, a produção de queijo (produto


acabado), está condicionada pela produção da sua matéria prima, o leite, cuja
quantidade vai determinar o volume de produto acabado. De notar que a empresa tem
grande notoriedade junto dos consumidores, o que leva a que as vendas acompanhem
a produção do ano e por esse motivo a inexistência de EI e EF. O PMP (prazo médio de
pagamentos) é de 60 dias, à exceção das rendas.

2.2.7 Investimentos e amortizações

Quadro 44 – Plano de investimentos


(Plano de investimentos de 2018 e 2019 em Anexo 7)

Fonte: Elaboração própria

46
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 45 – Plano de amortizações dos ativos fixos

Fonte: Elaboração própria

Pelo fato das instalações mostrarem indícios de degradação e os equipamentos


se encontrarem desatualizados, pois em décadas de existência não haviam sido
renovadas, entenderam os proprietários proceder à recuperação e ampliação das
instalações, bem como a aquisição de novos equipamentos e serviços, num
investimento total de € 3.325.000,00 com recurso a empréstimo bancário, reembolsável
em 25 anuidades.
Da análise efetuada, verificamos que a empresa apresenta um RLP muito positivo
(Gráfico 10 – Rendimentos, gastos e resultado líquido do período), pelo que deverá ser
objeto de ponderação, por parte dos proprietários da empresa, a renegociação
antecipada do reembolso bancário em número de anos pois em quantos menos anos o
fizer, menor será o montante de juros que vai pagar pelo empréstimo.

2.2.8 Empréstimo bancário

Quadro 46 – Plano de reembolso do empréstimo bancário


(até ao ano de 2024; anos seguintes em anexo 8)

Fonte: Elaboração própria

47
Orçamentação Anual de uma Empresa

2.2.9 Demonstração de resultados previsional

Quadro 47 – Demonstração de resultados previsional


(Demonstração de Resultados de 2018 e 2019 em Anexo 9)

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 10 – Rendimentos, gastos e resultado líquido do período

RENDIMENTOS, GASTOS E RESULTADO LÍQUIDO DO


PERÍODO
€6 000 000,00

€5 000 000,00

€4 000 000,00

€3 000 000,00

€2 000 000,00

€1 000 000,00

€-
2020 2021 2022 2023 2024

Total de Rendimentos Total de Gastos Resultado Líquido do Período

Fonte: Elaboração própria

Pese embora a necessidade de recurso a empréstimo bancário, os rendimentos


apresentam um crescimento superior de ano para ano, relativamente aos gastos. Se por

48
Orçamentação Anual de uma Empresa

um lado houve um aumento de gastos com o reembolso e juros bancários, por outro o
investimento efetuado com esse recurso ao crédito permitiu o aumento da capacidade
de produção.

2.2.10. Orçamento de tesouraria

Quadro 48 – Orçamento de Tesouraria


(Orçamento de Tesouraria de 2018 e 2019 em Anexo 10)

Fonte: Elaboração própria

Gráfico 11 – Evolução do saldo de tesouraria

EVOLUÇÃO DO SALDO DE TESOURARIA


€3 000 000,00

€2 500 000,00

€2 000 000,00

€1 500 000,00

€1 000 000,00

€500 000,00

€-

2020 2021 2022 2023 2024

Fonte: Elaboração própria

49
Orçamentação Anual de uma Empresa

Atendendo a que o PMR (prazo médio de recebimentos) é de zero dias, o crédito


concedido a clientes é inexistente, os recursos aplicados na produção e comercialização
do queijo são totalmente recuperados com o escoamento total da produção anual, o
aumento dos gastos é inferior relativamente ao crescimento do rendimento, as despesas
com o pessoal se mantêm constantes, proporciona um crescente aumento do saldo de
tesouraria com valores consideráveis, permitindo satisfazer facilmente os seus
compromissos
Deverá ser objeto de ponderação por parte dos proprietários da empresa a
aplicação de recursos em produtos financeiros de baixo risco ou a expansão do negócio,
sem que a qualidade artesanal do produto se altere.

Quadro 49 – Pagamentos dos gastos com pessoal


(Pagamentos dos gastos com pessoal dos anos 2016 a 2019 em Anexo 10)

Fonte: Elaboração própria

Quadro 50 – Pagamentos de IRC


(Pagamentos de IRC de 2018 e 2019 em Anexo 10)

Fonte: Elaboração própria

50
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 51 – Orçamento financeiro


(Orçamento Financeiro de 2018 e 2019 em Anexo 10)

Fonte: Elaboração própria

2.2.11. Balanço

Quadro 52 – Balanço contabilístico


(Balanço contabilístico de 2018 e 2019 em Anexo 11)

Fonte: Elaboração própria

51
Orçamentação Anual de uma Empresa

Considerações finais

A orçamentação é uma atividade desenvolvida com vista ao estabelecimento de


previsões relativamente a um conjunto de rubricas (custos, proveitos, receitas,
despesas, etc.) para um determinado período futuro.
O orçamento, desde que bem elaborado, assume-se como uma importante
ferramenta de gestão, na medida em que, entre outros aspetos, possibilita a existência
de uma orientação concreta para as entidades que o utilizam durante o período ao qual
se refere. A existência dessa orientação permite designadamente a deteção
permanente de desvios face ao previsto e consequentemente um mais fácil e eficaz
controlo das várias áreas funcionais da empresa.
É o controlo permanente da atividade real, comparativamente com a prevista, que
fornece informação relevante ao gestor para que execute a sua principal tarefa – decidir.
Tomar boas decisões é um processo que tem de se sustentar em mais que experiência
e intuição, pese embora estas sejam importantes. Assim, o gestor deverá recorrer a
ferramentas de apoio à decisão relevantes nesta área, como sejam a elaboração de
orçamentos de exploração, investimentos e financiamentos com o objetivo de
estabelecer previsões relativamente às principais rubricas económico-financeiras da
empresa.
A jeito de conclusão enumeram-se alguns aspetos que, em nosso entender,
poderão ser melhorados e que nos propomos apresentar ao proprietário da empresa,
com vista a melhorar a sua gestão e a rentabilidade da mesma:
- Procurar constituir reservas de tesouraria que garantam as necessidades de
ativos líquidos nos meses em que não há vendas de mercadoria;
- O investimento na recuperação e modernização das estruturas e capacidade
produtiva da empresa foi uma boa aposta, havendo a necessidade da monitorização e
controlo do alcance dos objetivos previstos;
- Tentar a negociação do preço de compra de farinhas de alimentação das
ovelhas, com os fornecedores, porventura fazendo um contrato de exclusividade, com
condições mais vantajosas, junto de um maiorista;
- Poderão ser tentadas negociações com os fornecedores de bens ou serviços
como atividades de controlo ou fornecimento de energia, usando como vantagem
negocial as quantidades, para tentar alcançar um decréscimo do custo do produto final.
No que se refere à eletricidade, poderá ser considerada a alteração de contadores de
energia, por secções e, dentro destas, utilizar tarifas bi ou tri-horária para reduzir custos;

52
Orçamentação Anual de uma Empresa

- Ponderar a substituição / aquisição de veículos híbridos ou elétricos para a frota


da empresa, que para além de consumos de combustível muito mais vantajosos,
poderão aproveitar as regras da fiscalidade para deduções contabilísticas;
- Considerando o RLP muito positivo, deverá ser objeto de ponderação por parte
dos proprietários da empresa, a renegociação antecipada do reembolso bancário, em
número de anos, pois em quantos menos anos o fizer, menor será o montante de juros
que vai pagar pelo empréstimo;
- Atendendo ao crescente aumento do saldo de tesouraria previsto, com valores
consideráveis, permitindo satisfazer facilmente os compromissos, deverá ainda ser
objeto de reflexão por parte dos proprietários da empresa, a aplicação de recursos em
produtos financeiros de baixo risco, a expansão do negócio ou o investimento em
melhorias, sem que a qualidade artesanal do produto se altere.
- Ainda tendo em conta no que se refere ao saldo positivo e ao elevado consumo
de energia elétrica, essencialmente durante o dia, aliado às ótimas condições
atmosféricas do Alentejo, será de considerar o investimento em painéis solares ou outro
tipo de energia renovável, com vista a baixar estes custos, associando ao investimento
os benefícios fiscais correspondentes.

53
Orçamentação Anual de uma Empresa

Bibliografia

Rodrigues, Jorge & Reis, Henriques. (2015). Gestão Orçamental. Lisboa: Escolar
Editora

Caiado, P., António. (2020) Contabilidade Analítica e de Gestão. Lisboa: Áreas Editora

Apontamentos da Unidade Curricular

54
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 1 – Programa de Produção e de Vendas de Produto


Acabado

Quadro 53 – (Anexo 1) – Programa de produção de queijo (em quilogramas)

Quadro 54 – (Anexo 1) – Programa de vendas de queijo (em quilogramas)

Quadro 55 – (Anexo 1) – Orçamento de vendas de queijo

55
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 56 – (Anexo 1) – Orçamento de vendas de queijo (preço de custo)

Quadro 57 – (Anexo 1) – Resumo das vendas de queijo (em quilogramas e valor)

Quadro 58 – (Anexo 1) – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de


2018 (em quilogramas)

56
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 59 – (Anexo 1) – Programa de existência de produtos acabados de queijo curado de


2019 (em quilogramas)

Quadro 60 – (Anexo 1) – Orçamento de produção de produtos acabados (preço de custo)

57
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 2 – Secção A

Quadro 61 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite de 2017 (em percentagem)

Quadro 62 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite de 2018 (em percentagem)

Quadro 63 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite de 2019 (em percentagem)

58
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 64 – (Anexo 2) – Programa de produção de leite a partir da média do triénio anterior (em
percentagem)

Quadro 65 – (Anexo 2) – Programa de produção anual de leite (em litros)

Quadro 66 – (Anexo 2) – Programa de produção mensal (em litros)

59
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 67 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2018

Quadro 68 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2019

60
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 69 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2020

Quadro 70 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2021

61
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 71 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2022

Quadro 72 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2023

62
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 73 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos mensais da Secção A em 2024

63
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 74 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos da secção A em 2018

Quadro 75 – (Anexo 2) – Orçamento de gastos da secção A em 2019

Quadro 76 – (Anexo 2) – Orçamento de rendimentos da secção A em 2018

64
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 77 – (Anexo 2) – Orçamento de rendimentos da secção A em 2019

Quadro 78 – (Anexo 2) – Apuramento do custo unitário da matéria prima (leite de ovelha)

65
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 3 – Secção B

Quadro 79 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2018

Quadro 80 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2019

66
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 81 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2020

Quadro 82 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2021

67
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 83 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2022

Quadro 84 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2023

68
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 85 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos mensais da Secção B em 2024

Quadro 86 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos da secção B em 2018

69
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 87 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos da secção B em 2019

Quadro 88 – (Anexo 3) – Orçamento de gastos de produção da secção (resumidos)

70
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 4 – Secção C

Quadro 89 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2018

Quadro 90 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2019

71
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 91 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2020

Quadro 92 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2021

72
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 93 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2022

Quadro 94 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2023

73
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 95 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos mensais da Secção C em 2024

Quadro 96 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos da secção C em 2018

74
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 97 – (Anexo 4) – Orçamento de gastos da secção C em 2019

75
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 5 – Orçamento anual de produção de queijo (final)

Quadro 98 – (Anexo 5) – Orçamento de produção de queijo (final) em 2018

Quadro 99 – (Anexo 5) – Orçamento de produção de queijo (final) em 2019

76
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 6 – Orçamento de Aprovisionamento

Quadro 100 – (Anexo 6) – Orçamento de existências de produtos acabados

Quadro 101 – (Anexo 6) – CMVMC

77
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 7 – Orçamento de Investimento e Amortizações

Quadro 102 – (Anexo 7) – Plano de Investimentos

Quadro 103 – (Anexo 7) – Plano de amortizações dos ativos fixos

78
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 8 – Empréstimo bancário

Quadro 104 – (Anexo 8) – Plano de reembolso do empréstimo bancário (a partir de 2024)

79
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 9 – Demonstração de Resultados

Quadro 105 – (Anexo 9) – Demonstração de Resultados dos anos 2018 e 2019

80
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 10 – Orçamento de Tesouraria

Quadro 106 – (Anexo 10) – Orçamento de Tesouraria dos anos 2018 e 2019

Quadro 107 – (Anexo 10) – Pagamentos dos gastos com pessoal dos anos 2016 a 2019

Quadro 108 – (Anexo 10) – Pagamentos de IRC de 2018 e 2019

81
Orçamentação Anual de uma Empresa

Quadro 109 – (Anexo 10) – Orçamento Financeiro de 2018 e 2019

82
Orçamentação Anual de uma Empresa

Anexo 11 – Balanço

Quadro 110 – (Anexo 11) – Balanço contabilístico

83

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