O Que é Arte

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Arte

O que é a Arte?
Problema -» O que define algo como uma obra de arte?
A arte existe como uma manifestação cultural em todas as
sociedades humanas, por isso a atividade de produção e de
apreciação de obras de arte é uma prática social. Como tal, o olhar
filosófico também se preocupa com a arte, nomeadamente com
os problemas da definição e do valor da arte.
Manifestações de arte:
❖ pinturas;
❖ dança;
❖ graffiti;
❖ literatura;
❖ escultura;
❖ música;
❖ teatro;
❖ cinema:
❖ fotografia;
❖ artes visuais.

O problema do valor da arte nasce da preocupação em descobrir


critérios que nos permitam distinguir a boa arte da má arte, e
aborda questões como a de saber se uma obra de arte é valiosa por
si mesma ou se o seu valor depende daquilo que ela traz ao artista
que a criou e ao publico que a observa.

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Uma definição explicita de arte tem de incluir o conjunto de
condições necessárias e suficientes:
• Condição necessária de arte:
- Característica partilhada por todas as olhas de arte.
• Condição suficiente de arte:
- Característica que apenas as obras de arte possuem.

As teorias da arte são divididas em dois grupos, as essencialistas


e as não essencialistas. As teorias essencialistas defendem que
existe uma essência do objeto artístico, isto é, acreditam que os
objetos artísticos possuem uma (ou mais) características
intrínsecas (é uma qualidade ou atributo que esta essencialmente
presente em algo ou alguém. Essas características são essenciais
e naturais, fazendo parte da natureza ou essência daquilo que
descrevem. Em outras palavras, são traços ou propriedades
internas que não dependem de fatores externos para existir ou
manifestar se.)que os definem como obras de arte. Já as teorias
não essencialistas, consideram que são características extrínsecas
(é um atributo que esta relacionado com fatores externos ou
circunstâncias específicas, em oposição às características
intrínsecas que são inerentes e independentes desses fatores
externos, uma característica extrínseca pode ser adquirida ou
modificadas ao longo do tempo devido a influencias externa.) aos
objetos que os tornam obras de arte. O estatuto de obra de arte
nasce da relação que os seres humanos estabelecem com certos
objetos.

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• Teorias essencialistas da arte:
- Algo é arte em virtude das suas propriedades intrínsecas.
• Teorias não essencialistas da arte:
- Algo é arte em virtude das suas propriedades extrínsecas.

O que é a arte?
Representacionalista
Platão e Aristóteles
Institucional
Teorias George Dickie

Expressivista Historicista
Tolstoi Jerrolo Levinson
Formalista
Clive Bell

Representacionista- Algo é arte se imitar ou representar algo.


Arte como imitação:
As reflexões filosóficas mais antigas sobre a
arte remontam a Platão e Aristóteles na
Grécia Antiga.
Um item X é uma obra de arte se imita algo.
Toda a arte é a imitaçao de alguma coisa, ação
ou acontecimento. Isto significa que qualquer
obra, pode ser considerada arte, deve imitar a
realidade
Crítica: A imitação não é condiçao necessaria
nem suficiente da arte.
Soares dos Reis, O desterrado, 1872

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Arte como representação: Pablo Picasso, Cabeça de Touro, 1942

A definição de arte como imitação


excluía demasiadas obras que eram e
são reconhecidas como «arte», por
isso, foi sendo reinterpretada e
transformou-se numa perspetiva
mais abrangente, alicerçada no
conceito de representação.
Crítica: A representação não é
condição necessaria nem suficiente
da arte.

A teoria
representacionista,
mesmo abandonando o
conceito de imitação, é
ainda demasiado
exclusiva

Rembrandt, A Ronda da Noite, 1642

Teoria representacionista Existem obras de arte que não


imitam nada, logo, a imitação
não é condição necessária de
arte.
Algo é arte se imita algo.
Existem obras de arte que
não representam nada,
logo, a representação não
Algo é uma obra de arte é condição necessária de
se representar algo. arte.

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Expressivista- Algo é arte se e só se
expressa emoções de forma autêntica e
eficaz.
No século XIX, a teoria da arte como
representação foi mostrando as sus
limitações e foi crescendo entre os
artistas a ideia de que o cerne da arte era
a emoção e não a limitação ou
representação da realidade. Os artistas
começaram a virar a sua atenção para
dentro de si mesmos, os sentimentos.

August Rondin, O beijo, 1888


Algo é arte se e só se
1) Foi criado intencionalmente por alguém que pretende
expressar uma emoção;
2) Esse alguém, o artista, sente essa emoção no momento
criativo;
3) Essa expressão é eficaz, isto é, o publico sente esse mesmo
tipo de emoção.
Intencionalidade:
A obra de arte tinha a intenção de exprimir sentimentos.
Expressar uma emoção é diferente de
expressar uma emoção
imaginativamente, criativamente.
Comunicar um sentimento ou uma
emoção é o objetivo e função de toda a
arte. Se um objeto é produzido sem esse
intuito, então não é uma «obra de arte».
Algo é uma obra de arte se alguém o
criou para expressar intencionalmente e
forma imaginativa um sentimento
Pierre-August Renoir, O baile no Moulin de la
ou uma emoção. Galette, 1876

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Autenticidade:
A expressão intencional de um sentimento através de uma obra
não é suficiente para definir como arte. A emoção que é
partilhada através da obra deve ser (ou ter sido) realmente
experienciada pelo criador. A autenticidade é uma condição
necessária à produção artística.
Eficácia:
O público, perante a obra, tem de
sentir a emoção que o artista
pretendeu transmitir e não outra.
A eficácia da transmissão é
essencial.

Edward Hopper, New York Movie, 1939

Em suma, a teoria expressivista tem duas virtudes: consegue ser


mais abrangente do que a teoria representacionista e consegue
explicar por que a razão a arte é importante para nós.
Crítica: A tese de Tolstoi é
demasiado inclusiva.

Por um lado, a teoria de Tolstoi é


demasiado inclusiva, pois aceita
como manifestação artísticas certas
coisas que nos parecem caber no
conceito de arte.
Paula Rego, Amor, 1995

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Crítica: A tese de Tolstoi é
demasiado exclusiva.

Por outro lado, é demasiado


exclusiva, pois limita
demasiado o âmbito daquilo
que pode ser considerado
«obra de arte».

A teoria expressivista de Tolstoi não nos ajuda a compreender


este fenómeno da obra de arte «a frente do seu tempo»
Crítica: A arte não exige a autenticidade emocional.
A exigência de autenticidade emocional do artista é outro
aspeto criticado nesta teoria. Miguel Ângelo, quando esculpiu a
Pietà, não sentiu as emoções que uma mãe sente quando perde
um filho. Para Tolstoi, isto desqualifica a escultura.

Pablo Picasso, Guernica, 1937

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Teoria expressivista
Restringe demasiado o âmbito da
arte, pois exclui obras que são
reconhecidas como arte e não
Algo é arte se e só se comunica expressão emoções, ou não o fazem
eficazmente emoções. eficazmente.

Inclui no conceito de arte


A arte é a atividade em que um
determinadas coisas que não
artista, que sente uma emoção,
são reconhecidas como arte.
transmite-a por meio de sinais
exteriores; e um público recebe
esses «sinais» e vivencia essa
mesma emoção.

A autencidade emocional
exigida ao artista desqualifica
A arte é uma forma de quase todas as grandes obras de
expressão de sentimentos arte da história

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Teoria formalista- Algo é arte se e só se foi criado
intencionalmente para possuir e exibir forma significante.

Encarar a obra de arte como


representação de algo ou expressão de
sentimentos levanta, como vimos,
interrogações que mostram os limites
das teorias representacionista e
expressivista- nem todas as obras de
arte imitam a realidade, representam
algo ou expressam emoções do artista.

Paul Cézanne, O Monte de Santa Vitória, 1895

Estes limites levaram, no inico do


século XX, ao surgimento do movimento formalista, que
procurou a essência da arte na própria arte e não no mundo ou
no artista. Clive Bell foi o mais influente representante desta
visão, graças ao seu livro.

Crítica: A intencionalidade não é condição


necessária nem suficiente da arte.
A condição de intencionalidade
torna a teoria vulnerável a imensos
contraexemplos. Existem muitas
obras que não foram criadas
intencionalmente para exibirem a
Júlio Resende , Sem titulo, 1971
sua forma significante, mas que se
consideram «arte».

Moai, (entre 1250 e 1500)

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Crítica: Circulo vicioso.
Os dois conceitos centrais na teoria de
Clive Bell são «forma significante» e
«emoção estética». Os críticos de Bell
afirmam que a sua explicação destes
conceitos cai num círculo vicioso.
Bell não desenvolve definições
independentes destes dois conceitos.
Pelo menos, deveria incluir uma
explicação mais robusta do significado
de cada um que nos permitisse
entender cada conceito sem fazer
referência ao outro. Wassily Kandinsky, No branco II, 1923

Crítica: Argumento dos objetos indistinguíveis.


O formalismo de Bell é vulnerável a um outro
tipo de crítica. Se um falsário conseguir um
réplica exata (átomo a átomo) de uma obra de
arte, esta cópia também será uma obra de arte?
Bell teria de responder afirmativamente, pois a
obra original tinha forma significante e esta
réplica é idêntica ao original até ao mais ínfimo
pormenor. As Caixas de Brillo eram idênticas
às caixas comerciais de detergente.

Andy Warhol, Caixas de Brillo, 1964

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Teoria formalista

A teoria é demasiado exclusiva e


Algo é uma obra de arte se e só se demasiado inclusiva.
foi criado intencionalmente para
possuir e exibir forma significantes.
Círculo vicioso: a forma
significante define-se como aquilo
que causa a emoção estética e esta
define-se como a emoção causada
A forma significante é uma
pela forma significante.
configuração da obra de arte que
provoca no espectador uma emoção
estética.
Parente uma obra de arte idêntica a
um objeto comum, o formalista não
nos permite justificar a diferença de
estatuto entre eles.

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Teoria institucional- Algo é arte se e só se for um artefacto criado
para ser apresentado a um público do mundo da arte.
A teoria institucional é uma das tentativas mais bem
conseguidas de definir a arte partindo desta ideia. O seu mais
famoso defensor é George Dickie, que refere o argumento dos
objetos visualmente distinguidos.

Crítica: Tudo pode ser arte?


A teoria institucional não permite
distinguir a boa arte da má arte, pois
propõe apenas um critério
classificativo (separar o que é arte do
que não é arte). Para alguns filósofos
pensam que uma teoria deveria
incluir alguma forma de explicação
acerca dos motivos que nos levam a
valorizar mais umas obras de arte e
não outras.
Jorge Oteiza, Caja Vacia, 1985

Crítica: A tese é demasiado vaga.


Alguns críticos acusam Dickie de ter apresentado apenas umas
ideias vagas e genéricas sobre a arte.

Man-Ray, Objecto
Indestrutível, 1964 Joseph Beuys, Infiltração homogénea
para o piano de cauda, 1966

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Teoria institucional

Não indica um critério para


distinguir a boa arte da má arte.
Uma obra é arte se e só se é um
artefacto criado para ser
apresentado a um publico do
mundo da arte.
Adquirir o estatuto de arte deve
assentar em razões que esta teoria
não apresenta.

Teoria histórico-intencional- Um item é uma obra de arte se e só


se alguém pretende que ele seja encarado como outras obras de
arte foram encaradas no passado.
Um objeto é uma obra de arte se o seu autor/produtor:
1) Tiver um direito de propriedade sobre esse objeto;
2) Tiver a intenção séria de que esse objeto seja encarado-
como-obra-de-arte, isto é, seja encarado da mesma forma
que objetos que já fazem parte da lista de obras de arte
foram ou são corretamente encarados.

Crítica: A teoria é demasiado exclusiva.


O direito de propriedade do artista sobre a
obra é, para Levinson, uma condição
necessária ao seu reconhecimento como obra
de arte, mas esta é uma exigência difícil de
aceitar porque limita demasiado o âmbito das
coisas que podem ser consideradas «arte».
Banksy, Season Greatings, 2018

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Crítica: A teoria é demasiado inclusiva.
O conceito «encarar-como-foi-corretamente-encarado no
passado» levanta uma objeção importante: existiram formas de
encarar a arte que já não são relevantes hoje em dia, por
exemplo, a verosimilhança figurativa. No entanto, a
proximidade entre a obra e a realidade foi durante muito tempo
uma forma apropriada de encarar a arte.
▪ A teoria de Levinson não consegue explicar porque é que
algumas formas de encarar a arte continuam válidas hoje
em dia e outras não.
Por outro lado, se uma falsificação de uma obra-de-arte é
produzida com a intenção de ser encarada-como-obra-de-arte tal
como outros objetos artísticos o foram no passado.

A condição do direito de
Teoria histórico-intencional
propriedade é demasiado
restritiva, pois exclui muitas
obras de arte, ex: graffiti,
logo, não é condição
Algo é arte se e só se o seu
necessária de arte.
produtor, possuindo direito de
propriedade, intencionou de forma
séria que isso fosse encarado como
A teoria é demasiado
foram corretamente encaradas
inclusiva, pois parece
outras obras de arte no passado.
incluir no conceito de arte
objetos que não são
artísticos, ex: fotografias,
logo, não apresenta
condição suficiente de
arte.

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