Alain Badiou RESUMO DO Pequeno Manual de Inestetica
Alain Badiou RESUMO DO Pequeno Manual de Inestetica
Alain Badiou RESUMO DO Pequeno Manual de Inestetica
Alain Badiou
1. DIDÁTICO (incapaz de verdade / toda verdade lhe é exterior / puro encanto do verdadeiro.
Mimeses: não como imitação das coisas e sim, como efeito de verdade.
+
3. CLÁSSICO: des-histeriza a arte.
ARISTÓTELES: a) a arte é mimética e sua ordem é a da aparência.
b) isso não é grave, porque o destino da arte não é a verdade / a
arte é diferente do conhecimento – é catarse (deposição das
paixões numa transferência sobre a aparência / função
terapêutica, não é cognitiva ou reveladora / não depende do
teórico, mas do ético.
Regras:
1. O critério da arte é agradar, como uma regra da maioria, porque assinala a
efetividade da catarse.
2. A “semelhança” com o real para agradar, envolve identificação, a qual
organiza uma transferência, uma verdade que coage no imaginário –
“imaginarização” de uma verdade, “verossimilhança”.
A paz entre arte e filosofia repousa na delimitação entre verdade e
verossimilhança.
Ex: “o verdadeiro pode não ser verossímil”
definição de filosofia: a inverossímil verdade.
A arte é registrada no imaginário, mas não é um pensamento, está inteira
em sua operação pública, “agradar” dispõe a arte como um serviço público,
assim que o Estado a entende.
Recapitulando:
MARXISMO – Ex: BRECHT (existe uma verdade geral e extrínseca, uma verdade de caráter
DIDÁTICO científico – Materialismo Dialético – personagem-guia é o filósofo,
que vigia a arte pela suposição latente da verdade dialética.
Regras imanentes de uma arte platônica: Um teatro “não
aristotélico”, não clássico. Épico é o que exibe a coragem da
verdade. A arte não produz a verdade, mas é uma elucidação das
condições da sua verdade. Terapêutica da covardia diante da
verdade. Ex: Galileu).
CRÍTICA: arte a serviço do povo.
PSICANÁLISE - Ex: FREUD e LACAN (a arte é pensada como aquilo que organiza apenas o
CLÁSSICA /Aristotélica objeto do desejo, insimbolizável. A obra encadeia uma
transferência, o encetamento do símbólico pelo real, a
extemidade do objeto, causa do desejo, ao Outro,
tesouro do simbólico. Efeito: permanecer no imaginário.
CRÍTICA: a serviço da própria psicanálise, serviço
gratuito à arte .
HERMENÊUTICA ALEMÃ – Ex: HEIDEGGER (figura do poeta-pensador / é a mesma verdade
ROMÂNTICO que circula / a interpretação só faz entregar o
poema ao tremor da finitude).
CRÍTICA: promessa do retorno dos deuses.
Desrelacionamento entre arte e filosofia e queda do tema educativo.
Ex: VANGUARDAS - do Dadaísmo ao Situacionismo:
Representações e não entrelaçamentos.
Foram experiências de escolta da arte contemporânea.
Didáticas pelo desejo de dar fim à arte.
Românticas pela convicção de que a arte renasceria como absolutez.
Anticlássicas.
Ex: BRETON / MARINETTI – comunismo – alegórico.
Hoje, desapareceram.
Quarta alternativa –
Método negativo:
O que didático, romântico e clássico tem em comum para se desfazer?
A relação da arte com a verdade.
Categorias da relação: Imanência e singularidade.
DIDATISMO – a relação é singular (só a arte pode expor uma verdade sob a forma da
aparência), mas não é imanente, porque a posição da verdade é
extrínseca.
ROMÂNTICO – a relação da arte com a verdade é imanente (expõe a descida finita da
Ideia), mas não singular (pois se trata da verdade, não é o que o poeta
desvela).
CLASSICISMO – é uma verdade que coage no imaginário, sob a forma do verossímil.
Nos esquemas herdados jamais a relação das obras com a verdade será ao
mesmo tempo singular e imanente.
Na 4ª alternativa, será afirmada a simultaneidade.
+
A própria arte é um procedimento de verdade.
A arte é um pensamento cujas obras são o real (e não o efeito).
Imanência – a arte é coextensiva às verdades que prodigaliza.
Singularidade – essas verdades não são dadas em outro lugar, só na arte.
O que ocorre com o 3º termo, a função educativa da arte?
A arte educa pela sua simples existência, pensar um pensamento e a filosofia mostrá-la
como tal. A alcoviteira do verdadeiro.
O problema é a singularidade do procedimento artístico.
A unidade não é a obra, nem o autor, mas a configuração artística iniciada por
uma ruptura relativa ao acontecimento, é um múltiplo genérico, é uma verdade
artística, é designada por conceitos abstratos ( representação, tonalidade,
tragédia, etc...).
“Configuração artística”
Não uma arte, nem um gênero, nem um período, nem uma técnica.
E o tema da educação?
Só há educação pelas verdades.
+
Indica uma co-responsabilidade da arte, q/produz verdades e da filosofia que as mostra.
JUÍZO AXIOMÁTICO – Filme é o que expõe a passagem da ideia de acordo com a tomada e a
montagem. Como a ideia chega à sua tomada e até à sua surpresa. De
ser tomada e montada na mais-uma heteróclita da artes revela-nos o
que tem de singular e que nunca foi visto ou pensado.
Pergunta quais são os efeitos do filme para o pensamento /
consequências do modo como uma ideia é tratada no filme.
O juízo lhe é indiferente, tanto o indistinto como o diacrítico.
Ex: MURNAU, Nosferatu.
Falar de um filme como filme:
- Quando o filme organiza realmente a visitação de uma Ideia (didatismo) é uma relação
subtrativa ou defectiva com uma ou muitas artes.
(o inverso deveria ser verdadeiro – pinturas que remetem a movimentos temporais X estáticas)
- Formalismo : pretensas operações fílmicas “puras” – impasse.
- Ex: VISCONTI,
Morte em Veneza: - convergência / ampliação e corrosão por excesso:
a) rosto de DIRK BOGARDE (opaco e interrogatório)/ATOR.
b) ecos dos estilos venezianos (pinturas de GUARDI e CANALETTO/
literatura de ROUSSEAU, PROUST e HENRY JAMES/ música
de MAHLER).
c) duração excessiva/ Veneza vazia/ adágio de Mahler/ ator imóvel,
só rosto – ideia de um homem suspenso em seu ser e seu
desejo – imóvel.
Ex: TATI, Tempo de Diversão.
Platão – O impuro da Ideia é sempre que uma imobilidade passe ou que uma passagem
seja imóvel. Esquecemos as ideias.
Contra o esquecimento: uma reminiscência.
Ligações do impuro:
Do movimento ao repouso/ do esquecimento e da reminiscência.
Não é o que sabemos e sim, do que não podemos saber.
Imperativo literário:
Fazer de modo que a purificação da língua impura abra caminho a impurezas inéditas.