Controle Difuso de Constitucionalidade Parte 2 Aula 21

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 4

Direito Constitucional

Professor: Marcelo Tavares

Controle Difuso de Constitucionalidade –Parte 2- Aula 21

Resumo

O Controle Difuso de Constitucionalidade foi a primeira forma de Controle de Constitucionalidade


introduzida no Brasil, na Constituição de 1891, por meio de Rui Barbosa, que se inspirou no controle de
constitucionalidade feito nos Estados Unidos.

Porém, essa adoção trouxe problemas iniciais para o Brasil, pois o que garantia a estabilidade desse
controle nos Estados Unidos era o sistema de precedentes vinculantes, o sistema de stare decisis, adotado
naquele país, mas não seguido no Brasil quando da importação do controle difuso.

Diante da não utilização pelo Brasil do sistema anglo- saxônico de precedentes vinculantes, no
início, teve-se certa contraposição de decisões entre os órgãos do Judiciário, ou seja, mesmo depois de o
Supremo Tribunal Federal pronunciar a inconstitucionalidade de uma norma, tribunais inferiores decidiam
sobre o mesmo assunto conforme queriam, não seguindo, necessariamente, a decisão proferida pelo STF.

Feitas essas observações, passa-se ao estudo do objetivo do Controle Difuso de


Constitucionalidade.

2. Objetivo:

Afastar a aplicação da norma considerada inconstitucional, em conflito normativo hierarquizado,


que tem como norma superior um dispositivo constitucional.

Objetiva a decisão no caso concreto, isto é, a finalidade é subjetiva.

3. Legitimação:

Podem provocar o Controle Constitucional Difuso:

 Qualquer parte (autor/réu);


 Interessado (assistente simples ou litisconsorcial);
 Interveniente (amicus curiae);

1
!!! O órgão do Poder Judiciário pode também apreciar a questão de ofício, mesmo que a parte não
provoque e quando da análise do caso concreto, em decorrência do brocardo iura novit curia.

4. Competência:

Qualquer juiz ou tribunal pode fazer o controle difuso.

Todavia, em alguns casos incide a regra da reserva de plenário:

No artigo 97, da CRFB/88, está previsto que os tribunais somente pronunciarão a


inconstitucionalidade pelo voto da maioria absoluta do plenário ou órgão especial.

Essa previsão institui a regra da reserva de plenário e é aplicável quando da declaração de


INCONSTITUCIONALIDADE de uma norma, no âmbito dos Tribunais.

Sendo assim, quando se for analisar a constitucionalidade de uma norma, a fim de declará-la
CONSTITUCIONAL, a reserva de plenário NÃO precisa ser aplicada.

Exemplificando:

A Constitucionalidade pode ser pronunciada pela Câmara ou Turma de um Tribunal de Justiça ou de


um Tribunal Regional Federal, pois se estará apenas confirmando um princípio da hermenêutica, que é o da
presunção de constitucionalidade das normas.

Por outro lado, quando se tratar de inconstitucionalidade, não será possível órgãos fracionários
pronunciarem a inconstitucionalidade.

Sendo assim, quando houver uma apelação de uma sentença proferida, apreciada por uma Câmara
Cível de um TJ, por exemplo, ao se depararem os julgadores com uma questão de inconstitucionalidade,
que é uma prejudicial de mérito, deverão adotar os seguintes procedimentos:

 Se tenderem a reconhecer a CONSTITUCIONALIDADE> pronunciarão a constitucionalidade e


apreciarão o fato;
 Se tenderem a reconhecer a INCONSTITUCIONALIDADE> o órgão deve destacar a questão
do Controle Difuso e enviar para o Plenário ou Órgão Especial, pois, nesse caso, incide a
regra da reserva de plenário.

o O Plenário julga apenas a questão do controle. Após decidir essa prejudicial de


mérito, ele devolve a questão principal da análise do fato para o órgão fracionário,
(Câmara Cível utilizada no exemplo).

2
o A reserva de plenário não tira a competência do órgão fracionário para decidir a
questão principal da análise do fato. O Órgão Especial ou o Plenário tem a
competência apenas para decidir a provocação de inconstitucionalidade.

!!! A reserva de plenário incide somente para tribunais, não incide para juiz de 1ª instância.

É caso de remessa necessária quando o juiz afasta a aplicação de uma norma, no controle difuso,
sob o entendimento de que ela é inconstitucional?
Não, pois o Código de Processo Civil não prevê a obrigatoriedade de reapreciação da questão.

Outra observação importante:


Se a questão principal analisada pelo juiz, depois do julgamento da questão prejudicial de mérito,
não for objeto de apelação, o que foi decidido na análise do fato (da questão principal) irá transitar em
julgado. Porém, não transita em julgado o controle de constitucionalidade feito antes da questão principal.

Turmas recursais devem observar a regra da reserva de plenário?


Não, pois a reserva de plenário é específica para Tribunais e as Turmas recursais são integradas por
juízes de 1ª instância. Logo, não precisam observar a regra do artigo 97, da CRFB/88.

Se o plenário decidiu pela constitucionalidade ou não da norma, outro órgão fracionário que
receber igual caso deverá destacar a questão de constitucionalidade e enviar ao plenário?
Não, pois a questão de constitucionalidade já foi decidida aplicando-se a reserva legal.

Esse entendimento encontra-se no Código de Processo Civil, que prevê que os órgãos fracionários
não remeterão a questão ao Plenário se já houver decisão tomada pelo Plenário do Tribunal ou pelo Plenário
do Supremo Tribunal Federal.

Ainda sobre o assunto da remessa, se o Plenário do Supremo Tribunal Federal decide uma questão
de Controle de Constitucionalidade, os órgãos fracionários de todos os tribunais não encaminharão a
questão aos seus respectivos Plenários, pois o Supremo Tribunal Federal já se manifestou sobre o assunto.

Diferente solução haverá quando o Supremo Tribunal Federal se pronunciar por meio de suas
Turmas. Neste caso, o órgão fracionário de determinado tribunal deve encaminhar a questão ao Plenário do
seu respectivo tribunal quando aventar a inconstitucionalidade da norma.

 Retomando as principais questões sobre a Reserva de Plenário:

 Os tribunais somente pronunciarão a INCONSTITUCIONALIDADE pelo voto da maioria


absoluta do plenário ou órgão especial.

 Não se aplica a reserva de plenário para reconhecimento da CONSTITUCIONALIDADE da


norma.

3
 Se o plenário decidiu pela constitucionalidade ou não da norma, outro órgão fracionário que
receber igual caso NÃO deverá destacar a questão de constitucionalidade e enviar ao
plenário, pois a questão de constitucionalidade já foi decidida aplicando-se a reserva legal.

 O plenário do Supremo Tribunal Federal decide uma questão de controle de


constitucionalidade> os órgãos fracionários de todos os tribunais não encaminharão a
questão aos seus respectivos plenários, pois o Supremo Tribunal Federal já se manifestou
sobre o assunto.

 Decisão do STF no controle de constitucionalidade, por meio de turmas: remessa pelo órgão
fracionário ao plenário de seu respectivo tribunal.

Você também pode gostar