Processo Nos Tribunais

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Aviso Direito Autoral

Esse material é de autoria Dayana S.Sales, do perfil @corujinha_juridica. A venda, a cópia ou o


compartilhamento com terceiros é proibida, estando sujeito o infrator a pena de reclusão de 2
a 4 anos e multa.

Processo nos Tribunais Tabelado – Siga @corujinha_juridica


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APRESENTAÇÃO

Olá, Pessoal!
Inicialmente gostaria de agradecer a confiança nos meus materiais. O Resumo Tabelado nasceu a partir
das minhas anotações pessoais de cursos em videoaulas e em pdfs, além dos registros retirados de
alguns manuais e doutrinas da área jurídica. Tudo isso realizado durante a minha trajetória de estudos
para concursos públicos e Exame da Ordem.
A base do material consiste em doutrina, lei seca, informativos, súmulas e a inserção de algumas
questões de provas objetiva e discursiva. A proposta do material esquematizado no formato em tabelas
é facilitar o entendimento das matérias por meio de destaques de palavras-chaves e prazos, além dos
esquemas visuais utilizados. Reunimos tudo em um único material para otimizar o seu tempo.
O Resumo Tabelado de Direito Processual Civil (Processo nos Tribunais) foi construído inspirado nos
livros dos seguintes autores: Daniel Assumpção, Rodrigo da Cunha Lima Freire e Maurício Ferreira
Cunha e Elpídio Donizetti.
Além disso, foram utilizadas algumas referências dos seguintes cursos: Ciclos, Ouse Saber, EMAGIS e
CPIURIS. Por fim, há ainda as anotações pessoais realizadas durante o curso online de Carreiras
Jurídicas do CERS.
No tocante aos informativos e súmulas: site do Buscador do Dizer o Direito
(https://www.buscadordizerodireito.com.br/) e o site Trilhante de Informativos
(https://informativos.trilhante.com.br/informativos).

Processo nos Tribunais Tabelado – Siga @corujinha_juridica


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Processo nos Tribunais
Introdução O CPC, no Livro III, da Parte Especial, trata dos processos nos tribunais, sejam aqueles de
sua competência originária ou aqueles que se iniciaram em primeiro grau de jurisdição e
encontram-se em fase recursal. Importam os apontamentos referentes ao incidente de
assunção de competência, incidente de resolução de demanda repetitivas, incidente de
arguição de inconstitucionalidade, homologação de sentença estrangeira, ação rescisória e
a reclamação. Há tratamento, ainda, aos meios de impugnação das decisões judiciais.

O IAC é um mecanismo que assegura que QUESTÕES RELEVANTES ao objeto de recurso,


INCIDENTE DE remessa necessária ou causa de competência originária sejam examinadas pelo órgão
ASSUNÇÃO DE colegiado indicado pelo Regimento Interno, com força vinculante sobre os juízes e órgãos
COMPETÊNCIA fracionários, e não pelo órgão fracionário a quem competiria o julgamento.
(ART. 947 CPC)
(recurso, remessa No IAC, NÃO HÁ A NECESSIDADE DE REPETITIVIDADE EM MÚLTIPLOS PROCESSOS
necessária ou (requisito do IRDR)!!! Trata-se de requisito negativo do IAC, segundo a doutrina. Neste caso,
causa de o relator, de ofício ou a pedido da parte, do MP ou da Defensoria Pública, verificando a
competência ocorrência de questão de direito relevante, proporá o julgamento pelo órgão colegiado, a
originária) quem competirá reconhecer se há ou não o interesse público arguido.

Não há Obs: Daniel Assumpção sustenta que as regras do IRDR sobre a possibilidade de designação
necessidade de de audiência pública e intervenção de amicus curiae devem ser aplicadas à fixação de tese
repetitividade em jurídica no IAC (art. 983, §1º CPC).
múltiplos
processos Caso haja questão de direito relevante, o referido órgão assumirá a competência e realizará
o julgamento; não sendo o caso, não assumirá a competência e o julgamento será feito pelo
órgão originário.

Importante destacar que caberá ao regimento interno dos Tribunais apontar qual o órgão
colegiado a quem competirá a assunção de competência.

Busca-se, com tal incidente, possibilitar que, para questões relevantes, de grande
repercussão social, porém que não possam ser objeto de IRDR, ou de julgamento de REsp
ou REX repetitivos, havendo divergências entre órgãos fracionários, seja assegurada a
uniformização da jurisprudência do tribunal, com a assunção de competência pelo órgão
colegiado.

A decisão proferida pelo órgão colegiado terá FORÇA VINCULANTE sobre juízes e órgãos
fracionários, não podendo ser conferida resolução distinta à questão, sob pena de se
possibilitar o cabimento de reclamação, a teor do que constante no inciso IV, art. 988 CPC.

RESUMO DE INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA


Trata-se de um incidente no qual um órgão colegiado fracionário indicado pelo regimento
interno do tribunal assume a competência anteriormente atribuída a outro órgão do
mesmo tribunal, para o julgamento de um recurso, de uma remessa necessária ou de uma
ação de competência originaria.
Logo, há um redirecionamento de competência, a competência que era de um órgão passa
para outro órgão de um mesmo tribunal. Assunção porque “assume-se a competência”.
Ocorrendo a hipótese de assunção de competência, o relator proporá, de ofício ou a
requerimento da parte, do Ministério Público ou da Defensoria Pública, que seja o recurso,
a remessa necessária ou o processo de competência originária julgado pelo órgão colegiado
que o regimento indicar.
Exemplo: o STJ tem uma corte especial; três sessões e 06 turmas. Um processo é distribuído
para a 1ª turma e esta percebe que há uma divergência interna sobre aquela matéria. Então,
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a própria 1ª turma redireciona a competência para a corte especial e esta irá assumir a
competência, estando presentes os requisitos, ou seja, fará a assunção de competência.

FINALIDADE - a finalidade é a prevenção ou a composição de divergência, entre órgãos


fracionários do tribunal. Assim, no exemplo acima, se a corte especial julgar irá prevenir a
divergência dentro do próprio tribunal.

REQUISITOS
a) Existência de recurso, remessa necessária ou processo de competência originária em
tribunal. Não é ENTRE tribunais, mas sim entre ORGÃO do mesmo tribunal.
b) É preciso que exista uma relevante questão de direito a respeito da qual seja conveniente
a prevenção ou a composição da divergência entre órgãos do tribunal.
c) É necessária grande repercussão social.
d) É preciso haver a ausência de repetição em processos múltiplos, pois não é
microssistema de casos repetitivos.
A tese fixada no julgamento da assunção de competência vinculará todos os juízes
subordinados ao tribunal e o próprio tribunal, salvo revisão de tese (salvo distinção ou
superação). Logo, o incidente de assunção de competência firma um precedente
obrigatório.

Trata-se de mecanismo de CONTROLE DIFUSO de constitucionalidade, que poderá ser


INCIDENTE DE realizado por qualquer órgão jurisdicional e que, apesar de não declarar a
ARGUIÇÃO DE inconstitucionalidade, deixa de aplicar o dispositivo legal, por compreender que o mesmo
INCONSTITUCIONA é inconstitucional, restringindo a sua eficácia às partes (EFICÁCIA INTER PARTES), o que é
LIDADE (ARTS. 948 um dos pontos que o diferencia do controle realizado pelo STF, que comunica a decisão ao
A 950 CPC) Senado Federal e retira a vigência da norma (eficácia erga omnes).

A declaração de inconstitucionalidade nos tribunais efetiva-se com a instauração de um


incidente, que cinde o julgamento do recurso, devendo haver, necessariamente, a
suscitação do incidente para que se tenha um pronunciamento prévio do tribunal
concernente à questão.

A arguição pode ser feita pelas partes, pelo MP que intervenha no processo ou de ofício
pelo relator, quando entender inconstitucional a norma.

A questão poderá ser suscitada em QUALQUER FASE DO PROCESSO e o relator submeterá


ao órgão fracionário incumbido do julgamento, devendo ser ouvido o MP,
obrigatoriamente.

Com a suscitação, a COMPETÊNCIA FICA CINDIDA, sendo que todo o tribunal se pronuncia
sobre a questão da constitucionalidade, que é prejudicial à apreciação do recurso e, depois,
a turma decide a respeito das outras questões, já tendo sido fixada a premissa referente à
constitucionalidade da norma a ser aplicada.

Como destaca o art. 948 CPC, o incidente pode ser suscitado em QUALQUER PROCESSO que
esteja em trâmite perante órgão fracionário do tribunal, como recurso, remessa
necessária ou ação de competência originária, incluindo-se dentre os órgãos fracionários
as turmas, as câmaras, os grupos de câmaras ou câmaras cíveis reunidas e as seções.

Após a oitiva das partes e do MP (quando cabível), o relator deve submeter a alegação de
inconstitucionalidade ao órgão fracionário competente para o julgamento da causa ou do
recurso em que formulada a arguição, antes de remetê-la ao plenário ou órgão especial para
apreciação.
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Caberá ao ÓRGÃO FRACIONÁRIO, tão somente, ACOLHER OU REJEITAR A ALEGAÇÃO, por
maioria simples de votos, pois, realmente, lhe falta competência para declarar a
inconstitucionalidade do ato impugnado, esta reservada ao plenário do tribunal ou, onde
houver, ao órgão especial, por força do art. 97 CF (CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO).
Portanto, o que ocorre é que não se admite que a decisão de acolhimento ou de rejeição
do incidente seja tomada monocraticamente pelo relator, daí porque a apreciação se dará
pelo órgão fracionário.

NÃO haverá submissão da questão ao plenário ou ao órgão especial se já houver


pronunciamento destes ou do plenário do STF sobre a questão!!! Não se pode deixar de
mencionar que a decisão do plenário ou do órgão especial vincula o órgão fracionário
apenas no caso concreto sub judice, seja em que sentido for, uma vez que se está diante de
controle difuso de constitucionalidade.

Quando a mesma questão for suscitada em outro processo, o órgão fracionário terá
liberdade para entender a norma inconstitucional ou não, independentemente do que foi
decidido no feito anterior. Realizada a apreciação da questão prejudicial da
inconstitucionalidade, o julgamento é restituído ao órgão fracionário, que nele prosseguirá,
havendo claro desdobramento, neste caso, de competência recursal.

Finalizando, não haverá recurso cabível contra a decisão do plenário, apenas sendo possível
o manejo de outros recursos contra a proferida pelo órgão fracionário (Súmula 513, STF).

Como sabido, a sentença estrangeira não produz efeitos automáticos no Brasil, devendo,
HOMOLOGAÇÃO para isso, ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (alteração que foi realizada
DE SENTENÇA pela EC nº 45/2004, que retirou a competência do STF).
ESTRANGEIRA
(ARTS. 960 A 965 Quanto às regras atinentes à jurisdição internacional (arts. 21 a 23 CPC), uma decisão
CPC) estrangeira que verse sobre uma das matérias constantes no art. 23 nunca será homologada
no Brasil, tendo em vista que a lei só reconhece a jurisdição brasileira para julgá-las –
competência exclusiva da autoridade judiciária brasileira.

Nos casos referentes aos arts. 21 e 22, a jurisdição será concorrente, tendo validade se a
ação for proposta no exterior somente se a decisão for homologada pelo STJ, pressupondo-
se, como regra, decisão definitiva, conforme § 1º, art. 961 CPC.

Não se pode também deixar de destacar que será possível a execução de decisão
interlocutória no Brasil desde que seja concedido o exequatur à carta rogatória, ou seja, o
“cumpra-se”, que também será dado pelo STJ, sendo possível a execução provisória, quando
concessiva de medida de urgência a ser feita por carta rogatória.

O processamento, tanto da homologação da decisão estrangeira, tanto da concessão do


exequatur, é de competência do STJ, mas o cumprimento de ambas, após a homologação
ou do “cumpra-se” na rogatória, é de responsabilidade do Juízo federal competente (art.
965 CPC c/c art. 109, X CF).

As regras para que a decisão seja homologada estão presentes no art. 963 CPC, tema
também versado pelo art. 216-D, do Regimento Interno do STJ. Basicamente, há indicação
das peças para instruir o pedido, a necessidade de citação da parte contrária para contestar
em 15 (quinze) dias, o conteúdo que poderá ser abordado em eventual contestação e a
necessidade de intervenção do MP.

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A sentença arbitral estrangeira poderá ser objeto de homologação, desde que obedeça ao
disposto em tratado e na lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições do capítulo
referente à homologação de sentença estrangeira. O art. 35, da Lei nº 9.307/96, aponta que
a sentença deverá ser homologada perante o STJ.

Para que alguém possa ser executado no Brasil a pagar um TRIBUTO ESTRANGEIRO
reconhecido em sentença estrangeira, a homologação dependerá de previsão em tratado
ou em promessa de reciprocidade apresentada à autoridade brasileira (art. 961, § 4º, CPC).

Por fim, para que a sentença estrangeira de DIVÓRCIO CONSENSUAL produza efeitos no
Brasil, NÃO haverá necessidade de homologação perante o STJ.

Trata-se de meio excepcional de impugnação às decisões, tendo como finalidade


AÇÃO RESCISÓRIA desconstituir a DECISÃO (DE MÉRITO OU NÃO) TRANSITADA EM JULGADO, sendo possível
(ARTS. 966 A 975 postular a reapreciação daquilo que decidido em caráter definitivo, não tendo natureza de
CPC) recurso e exigindo-se o trânsito em julgado de decisão de mérito.

→ Súmula 514 STF: Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda
que contra ela não se tenha esgotado todos os recursos.

As hipóteses de rescindibilidade estão previstas no art. 966 CPC, sendo o mecanismo


adequado para suscitar NULIDADES ABSOLUTAS que contaminaram o processo ou a
decisão, descartando-se seu manejo em caso de o vício desaparecer com o encerramento
do processo (necessária a presença de nulidade absoluta que se prolongue para além do
processo). São elas:
✓ Prevaricação, concussão ou corrupção do juiz prolator da decisão;
✓ Impedimento do juiz ou incompetência absoluta do juízo;
✓Sentença que resulta de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte
vencida, ou de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;
✓ Decisão que ofender a coisa julgada;
✓ Violar manifestamente norma jurídica;
✓ Se fundar em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal, ou seja,
demonstrada na própria ação rescisória;
✓ Depois do trânsito em julgado, o autor obtiver prova nova, cuja existência ignorava, ou
de que não pôde fazer uso, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; e
Info 645 STJ (2019): O art. 966, VII, do CPC/2015 prevê que cabe rescisória quando o autor
obtiver, posteriormente ao trânsito em julgado, “prova nova” cuja existência ignorava ou
de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável.
Quando esse inciso VII fala em prova nova, engloba não apenas a prova documental, mas
qualquer outra espécie de prova, inclusive a prova testemunhal. Assim, no novo
ordenamento jurídico processual, qualquer modalidade de prova, inclusive a testemunhal,
é apta a amparar o pedido de desconstituição do julgado rescindendo na ação rescisória.
✓ Decisão fundada em erro de fato, verificável do exame dos autos.
Obs: § 2º Nas hipóteses previstas nos incisos do caput, será rescindível a decisão transitada
em julgado que, EMBORA NÃO SEJA DE MÉRITO, impeça:
I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.
Em suma, cabe AR das sentenças terminativas fundadas nos incisos I, IV, V, VI e VII do art.
485.
O juízo rescindente (iudicium rescindens) é aquele em que o órgão julgador rescinde a
decisão impugnada e o juízo rescisório (iudicium rescissorium) é aquele que, se for o caso,
realizará novo julgamento, que terá seus limites baseados na lide originária.
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Como natureza jurídica, o acórdão proferido na rescisória será de ordem desconstitutiva,
podendo, porém, ser condenatório, constitutivo ou declaratório em caso de prolação de
nova decisão pelo juízo rescisório.

A legitimidade poderá ser das partes ou dos seus sucessores, do terceiro interessado, do
MP ou daquele que não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.

Info 934 STF (2019): NÃO cabe ação rescisória para desconstituir decisão judicial transitada
em julgado que apenas homologou acordo celebrado entre pessoa jurídica e o Estado-
membro em uma ação judicial na qual se discutiam créditos tributários de ICMS. É cabível,
neste caso, a ação anulatória, nos termos do art. 966, § 4º do CPC. É inadmissível a ação
rescisória em situação jurídica na qual a legislação prevê o cabimento de uma ação diversa.

PROCEDIMENTO DA AÇÃO RESCISÓRIA


É de competência originária do tribunal e a petição inicial deverá conter os requisitos
previstos no art. 319 CPC, e indicar as partes, o pedido (rescisão + novo julgamento ou
apenas a rescisão) e a respectiva causa de pedir.

Um dos requisitos da petição inicial e que não pode ser esquecido é aquele referente ao
depósito da importância de 5% sobre o valor da causa (nunca superior a 1.000 salários
mínimos), que se converterá em multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos,
declarada inadmissível ou julgada improcedente (inciso II, do art. 968 CPC) – sem o depósito,
a inicial será indeferida; sendo julgado procedente o pedido, o dinheiro será restituído ao
autor; quando o autor for o MP, a pessoa jurídica de direito público, a Defensoria ou o
beneficiário da justiça gratuita, NÃO haverá a necessidade de caução.

Além da ausência de caução, a inicial poderá ser indeferida nos casos previstos igualmente
em qualquer outro processo (art. 330 CPC), conforme previsão do § 3º, do art. 968, do
mesmo diploma processual. O relator terá poderes para indeferir a inicial, cabendo agravo
interno para o órgão que seria o competente para julgar a ação.

Constatando-se que a inicial se encontra em ordem, o relator determinará a citação dos


réus e assinalará prazo para a apresentação de resposta, que nunca será inferior a 15 nem
superior a 30 dias, devendo haver a intervenção do MP apenas quando preenchidos os
requisitos da sua intervenção (art. 178).

Destaca-se que é plenamente possível, apesar de excepcional, a concessão de tutela


provisória, devendo-se demonstrar a plausibilidade do pedido de rescisão e o risco de
prejuízo irreparável ou de difícil reparação, caso o cumprimento da decisão seja suspenso.
Ouvidas as partes e, se caso for, após a manifestação do MP, a ação rescisória será julgada,
cumprindo ao tribunal, em caso de procedência, rescindir a decisão (juízo rescindente) e,
dependendo, promover o novo julgamento (juízo rescisório), sendo a caução restituída ao
autor.

Por outro lado, em caso de improcedência por unanimidade de votos, o autor perderá em
favor do réu a caução, a título de multa; já se a rescisão da decisão por votação não for
unânime, o julgamento deverá prosseguir, com a inclusão de novos julgadores em número
suficiente para uma potencial reversão do resultado.

Do acórdão que julgar a rescisória, caso seja verificada a existência de erro material,
obscuridade, omissão ou contradição, caberá o manejo de embargos de declaração, sendo
possível a utilização de recurso extraordinário ou ordinário, nos casos previstos nos arts.
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102, III e 105, III, CF, sendo ainda possível, por fim, ajuizar rescisória da rescisória, se o
acórdão apresentar algum dos vícios enumerados no art. 966 CPC.

Por fim, via de regra, o direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos, contados do trânsito
em julgado da última decisão proferida no processo, a teor do que prevê o art. 975 CPC.

Como EXCEÇÕES, menciona-se o caso em que for DESCOBERTA NOVA PROVA, observado
o prazo máximo de 5 (cinco) anos, bem como aquela decorrente de SIMULAÇÃO OU
COLUSÃO, em que o prazo da rescisória para o terceiro prejudicado e para o MP, quando
não interveio no processo, correrá a partir do momento em que ambos têm ciência da
ocorrência.

Ainda existe a figura do revisor na ação rescisória?


- Nas rescisórias julgadas pelo TJ e TRF: Não. O CPC/2015 eliminou, como regra geral,
a figura do revisor em caso de ação rescisória.
-Nas ações rescisórias julgadas pelo STJ: Sim. Nas ações rescisórias julgadas pelo STJ,
mesmo após o advento do CPC/2015, continua existindo a figura do revisor (Info 603
do STJ)

INCIDENTE DE O IRDR, com inspiração na legislação alemã, constitui-se em instituto sui generis, uma vez
RESOLUÇÃO DE que não é recurso e nem ação, não pode ser utilizado para os interesses diretos dos
DEMANDAS litigantes, mas porta-se como incidente destinado à concretização da segurança jurídica
REPETITIVAS para fins de se evitar instabilidade e proporcionar a previsibilidade das decisões. Tem sua
(ARTS. 976 A 987 origem em processos repetitivos, não fazendo que os mesmos sejam deslocados ao tribunal.
CPC)
Importante saber que a questão objeto do incidente deve ser DE DIREITO, podendo tratar-
(grande se de questão de direito material ou processual, de modo que é possível estarmos diante
quantidade de de demandas que não sejam identicamente repetitivas, mas em que estejam se repetindo
processos, questão a mesma questão de direito. Mais ainda, é preciso que a mesma questão seja objeto de
de direto material CONTROVÉRSIA EM GRANDE QUANTIDADE DE PROCESSOS, sendo indispensável que uma
ou processual e mesma solução seja uniformemente aplicável a todos, não podendo ser admitido quando
aplicados nos jecs) tratar-se de questões genéricas.

Apenas ressaltando, para a instauração do incidente faz-se necessária a existência de


MÚLTIPLOS PROCESSOS que apresentem a MESMA QUESTÃO, UNICAMENTE DE DIREITO,
e que comporte risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica (art. 976 CPC), podendo
até mesmo ser aplicável em caso de demandas repetitivas junto aos Juizados Especiais,
devendo ser julgado por órgão colegiado de uniformização do próprio sistema (Súmulas
21 e 44 da ENFAM).

COMO O IRDR É PROCESSADO?


Observado que algum processo em curso na primeira ou segunda instância apresente
questão jurídica repetitiva, o próprio juiz ou o relator, por ofício, qualquer das partes, o MP
ou a Defensoria Pública, por petição, suscitarão o incidente, comprovando o preenchimento
dos requisitos.

O julgamento será realizado pelo órgão indicado pelo regimento interno dos tribunais,
consignando-se que se o mesmo estiver em grau de recurso, remessa necessária ou se tratar
de processo de competência originária, o órgão colegiado também julgará o recurso, a
remessa ou a causa de competência originária. Por outro lado, estando em primeiro grau,
o recurso ficará suspenso aguardando a solução do incidente.

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Após a admissão do incidente, ele deverá ser julgado no PRAZO DE 1 (UM) ANO (superado
esse prazo, cessará a suspensão dos processos pendentes) devendo, o relator, proceder à
suspensão de todos os processos pendentes, sejam eles individuais ou coletivos, que
tramitam no Estado ou na região, cuja ordem será comunicada aos diretores dos fóruns,
cessando a suspensão após o transcurso do prazo anteriormente mencionado.

#TJSP (2017) → Tanto que seja admitido, a suspensão dos processos pendentes em que se
discuta a questão controvertida poderá ser determinada pelo relator ou eventualmente
pelo tribunal superior competente para conhecer do recurso extraordinário ou especial.
Deverá ser conferida a mais ampla e irrestrita publicidade ao incidente, devendo, os
tribunais manter banco eletrônico de dados atualizados com as informações específicas
sobre questões de direito submetidas ao incidente, com a prestação de informações ao CNJ.

Nos casos em que não for o MP o próprio suscitante, o referido órgão deverá ser ouvido no
prazo de 15 (quinze) dias, as partes, idem, e os demais interessados, inclusive pessoas,
órgãos ou entidades com interesse na controvérsia, no prazo igual de 15 (quinze) dias,
sendo possível também a intervenção de amicus curiae e a designação de audiência
pública.

Com a apreciação da matéria, o acórdão deverá analisar TODOS os fundamentos que


envolvam a tese jurídica, sejam eles favoráveis ou não, tendo o julgamento EFICÁCIA
VINCULANTE sobre todos os processos que tenham permanecido suspensos, bem como
aqueles futuros.

Obs: É possível a revisão da tese jurídica (de ofício ou mediante requerimento do MP ou da


Defensoria Pública), na forma do art. 986 CPC.

Por fim, do julgamento do IRDR será cabível recurso extraordinário ou especial, com efeito
suspensivo, sendo presumida a repercussão geral da questão constitucional eventualmente
discutida.

Não sendo interpostos os respectivos recursos, a suspensão dos feitos ficará sem efeito.
Caso haja a interposição dos recursos, e o mérito venha a ser analisado, a tese utilizada pelo
STJ ou STF deverá ser aplicada em todo o território nacional, nos processos individuais ou
coletivos, que versem sobre idêntica questão jurídica, sob pena de caber reclamação (art.
988, IV CPC).

EM RESUMO: Requisitos para a instauração de IRDR (art. 976)


É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas quando houver,
simultaneamente:
1) efetiva repetição de processos que contenham controvérsia sobre a mesma questão
unicamente de direito; e
2) risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.
Há ainda um pressuposto negativo previsto no § 4º do art. 976, que é a inexistência de
afetação de recurso repetitivo pelos tribunais superiores no âmbito de sua respectiva
competência para a definição de tese sobre a questão de direito objeto do IRDR:
§ 4º É incabível o incidente de resolução de demandas repetitivas quando um dos tribunais
superiores, no âmbito de sua respectiva competência, já tiver afetado recurso para
definição de tese sobre questão de direito material ou processual repetitiva.
Enunciado 90, FPPC: É admissível a instauração de mais de um IRDR versando sobre a
mesma questão de direito perante tribunais de 2º grau diferentes.

Competência:
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Em regra, o IRDR será julgado pelo Tribunal de Justiça ou pelo Tribunal Regional Federal.
É possível, no entanto, que seja instaurado um IRDR diretamente no STJ nos casos de:
• competência recursal ordinária (art. 105, II, da CF/88); e de
• competência originária (art. 105, I, da CF/88).
Logo, não cabe IRDR no STJ caso este Tribunal esteja apreciando um recurso especial (art.
105, III, da CF/88). Isso porque, neste caso, já existe um outro mecanismo que cumpre
essa função, qual seja, o recurso especial repetitivo (art. 976, § 4º do CPC).

POR FIM: INFORMATIVO 658 STJ: Não caberá a instauração de IRDR se já encerrado o
julgamento de mérito do recurso ou da ação originária, mesmo que pendente de
julgamento embargos de declaração. STJ. 2ª Turma. AREsp 1.470.017-SP, Rel. Min.
Francisco Falcão, julgado em 15/10/2019 (Info 658). FONTE: DOD

I R D R: questão unicamente de Direito- com multiplicação de processos


Qualquer questão relevante
Repetição em múltiplos processos
Caráter repressivo
A DESISTÊNCIA ou o ABANDONO do processo NÃO impede o exame do mérito do
incidente.
A reclamação possui correspondência constitucional e não vinha expressa no CPC/73. Em
RECLAMAÇÃO sede constitucional, é prevista a atribuição da competência do STF e do STJ para julgar as
(ARTS. 988/993 reclamações destinadas à preservação de sua competência e a garantia da autoridade das
CPC) suas decisões.

O instituto é cabível de ajuizamento pela parte interessada ou pelo MP para preservar a


competência do tribunal, garantir a autoridade das suas decisões, a observância de decisão
do STF em controle concentrado de constitucionalidade e de enunciado de súmula
vinculante, bem como de precedente proferido em incidente de resolução de demandas
repetitivas ou em incidente de assunção de competência (art. 988 CPC).

Sendo um meio autônomo de impugnação das decisões judiciais e devendo ser proposta
perante o tribunal, a reclamação não possui natureza recursal, mas, sim, de AÇÃO,
consoante doutrina majoritária neste sentido.

Sendo manejada, a inadmissibilidade ou o julgamento de eventual recurso não a


prejudicará, não sendo o caso de ser admitida somente se a decisão já tiver transitado em
julgado (art. 988, §§5º, I e 6º CPC).

Para o seu processamento, a reclamação deverá ser instruída com prova documental e
dirigida ao presidente do tribunal, que a mandará autuar e distribuir ao relator, de
preferência o mesmo da causa principal, requisitando-se informações da autoridade a quem
for imputada a prática do ato impugnado, que a prestará em 10 (dez) dias, ordenando-se a
suspensão do ato impugnado, se necessário for, e determinando-se a citação do
beneficiário do ato para que, no prazo de 15 (quinze) dias, apresente sua contestação.

Obs: Qualquer interessado poderá impugnar o pedido do reclamante (art. 990 CPC).
Ouvido o MP no prazo de 5 (cinco) dias, desde que não seja o autor da reclamação, a
questão será apreciada e, acaso acolhida, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu
julgado ou determinará a medida adequada à solução da controvérsia.

Info 938 STF (2019): Na reclamação fundada no descumprimento de decisão emanada pelo
STF, o ato alvo de controle deve ser posterior ao paradigma. Ex: em 2016, o Juiz proferiu
decisão negando a homologação do acordo de colaboração premiada celebrado com o
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Delegado de Polícia sob o argumento de que a autoridade policial não poderia firmar esse
pacto. Em 2018, o STF proferiu decisão afirmando que o Delegado de Polícia pode formalizar
acordos de colaboração premiada na fase de inquérito policial. Não cabe reclamação contra
esta decisão do Juiz de 2016 sob o argumento de que ela teria violado o acórdão do STF de
2018. Isso porque só há que se falar em reclamação se o ato impugnado por meio desta
ação é posterior à decisão paradigma.

Uniformidade e estabilidade da Jurisprudência no Novo Código de Processo Civil


1- Observância por juízes e Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
tribunais dos precedentes I - as decisões do STF em controle concentrado de constitucionalidade;
listados no art. 927 II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em IAC ou em IRDR e em julgamento de RE e REsp repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ
em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

2- Incidência de Assunção Art. 947. É admissível a assunção de competência quando o julgamento de


de Competência (IAC) recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária
envolver a) relevante questão de direito, b) com grande repercussão social,
c) SEM repetição em múltiplos processos.

3- Incidente de Resolução Art. 976. É cabível a instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas
de Demandas Repetitivas quando houver, simultaneamente: a) EFETIVA repetição de processos que
(IRDR) contenham b) controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito; c) risco
de ofensa à isonomia e à segurança jurídica.

4- Julgamento de Recursos Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de Res ou REsps com fundamento
Repetitivos em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as
disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do STF e
no do STJ.

5- Improcedência liminar Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente
do pedido pelo juiz da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
I - enunciado de súmula do STF ou do STJ;
II - acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em IRDR ou IAC;
IV - enunciado de súmula de TJ sobre direito local.

6- Julgamento monocrático Art. 932. Incumbe ao relator: (...)


pelo relator IV - NEGAR provimento a recurso que for contrário a:
a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em IRDR ou IAC;

V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, DAR provimento


ao recurso se a decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
c) entendimento firmado em IRDR ou IAC;

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7- Vedação à remessa Art. 496. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
necessária em sentenças depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: (...)
proferidas contra a § 4o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver
Fazenda Pública fundada em:
I - súmula de tribunal superior;
II - acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos;
III - entendimento firmado em IRDR ou em IAC;
IV - entendimento coincidente com orientação vinculante firmada no âmbito
administrativo do próprio ente público, consolidada em manifestação,
parecer ou súmula administrativa.

8- Omissão da decisão para Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial
fins de embargos de para:
declaração do art. 1.022, § I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
único, I II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz
de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar
sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em IAC aplicável ao caso
sob julgamento.

9- Publicidade dos Art. 927. § 5o Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-
precedentes -os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede
mundial de computadores.

10. Edição de súmulas Art. 926. § 1o Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no
pelos tribunais conforme a regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a
sua jurisprudência sua jurisprudência dominante. § 2o Ao editar enunciados de súmula, os tribunais
dominante devem ater-se às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua
criação.

Querela Nulitatis
• Tem por fundamento a ausência de pressupostos de existência da relação processual.
• Fala-se em vícios transrescisórios, isto é, aqueles vícios que podem ser arguidos mesmo depois, e muito além,
de passado o prazo decadencial para a rescisória. A rescisão pressupõe a existência do processo; se este
sequer chegou ao patamar do ser, não há o que ser rescindido.
• Nesse contexto, a ação com base na querela nullitatis veicula pretensão de natureza negativa, por meio da
qual almeja a parte a declaração de inexistência de relação jurídica processual, naquelas hipóteses extremas
de ausência de pressupostos processuais relacionados à própria existência do processo (nulidades
insanáveis).
• Outro importante aspecto que merece ser destacado é o fato de a querela nullitatis não se submeter a
qualquer prazo prescricional ou decadencial, uma vez que seu principal objetivo é o de preservar a segurança
jurídica e o exercício do devido processo legal, que são intimamente afetados pela presença das nulidades
insanáveis (ou vícios transrescisórios); em outras palavras, o objeto dessa ação é a declaração de que o
processo não tem existência no mundo jurídico.
• Em nosso ordenamento, embora com outra terminologia, a querela nullitatis pode ser arguida via
impugnação ao cumprimento de sentença (CPC/2015, art. 525, I), embargos à execução (CPC/2015, art. 917,
VI), ou mesmo em ação autônoma (actio nullitatis), com base no art. 19, I, do NCPC.
• Ao contrário da rescisória, que sempre é processada e julgada por tribunal, a competência para o julgamento
da querela nullitatis insanabilis é do juízo que decidiu a causa em primeiro grau de jurisdição, porque não se
trata de desconstituição da coisa julgada (que, a rigor, não se formou), mas de declaração da inexistência da
relação jurídica processual.
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• Relacionando-se diretamente com os chamados vícios transrescisórios, a querela nullitatis
insanabilis desempenha importantíssimo papel no exercício da jurisdição e na garantia da segurança jurídica,
podendo ser manejada a qualquer tempo. Afigura-se, portanto, como ação declaratória cujo objeto é a
declaração de inexistência de suposta relação processual. De modo diverso da ação rescisória, que rescinde
o que é inválido ou defeituoso (desconstituindo a coisa julgada ora formada), a querela nullitatis declara a
inexistência daquilo que nunca chegou a ser.
• A ausência de citação é tida como um dos principais exemplos de vícios transrescisórios, haja vista que, ante
a falta do ato citatório, o processo não existe em relação àquele que deveria ser citado.
Em resumo
• Visa declarar a nulidade da decisão por inobservância de pressupostos de existência da relação jurídica
processual;
• Vícios transrescisórios, cujo principal exemplo é a ausência de citação;
• Não se submete a prazo decadencial ou prescricional;
• Competência é do juízo que proferiu a decisão.

Resumo dos processos nos Tribunais


O primeiro recurso protocolado no tribunal tornará o relator prevento para eventuais recursos posteriores.
Art. 932. São deveres-poderes do relator:
1. Direção e ordenação do processo;
2. Conceder tutela provisória nos recursos ou nos processos de competência originária;
3. Não conhecer recurso;
4. Negar provimento aos recursos. Aqui não é necessária a apresentação de contrarrazões, pois não haverá prejuízo para a
parte contrária;
5. Dar provimento ao recurso, após as contrarrazões, com base nos indexadores jurisprudenciais;
6. Decidir o IDPJ perante o Tribunal;
7. Determinar a oitiva do MP;

O relator negará seguimento a recurso que for contrário a:


1. Súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal;
2. Acordão proferido pelo STF ou pelo STJ, em julgamento de recursos repetitivos;
3. Entendimento firmado em IAC e IRDR.
Antes de considerar inadmissível o recurso o relator dará 5 dias para a parte sanar vício ou complementar a documentação.
O CPC/15 acabou com a figura do revisor.
STJ entende que subsiste no âmbito das ações originárias.
Entre a data da publicação da pauta e a sessão de julgamento: 5 dias úteis.

I R D R: questão unicamente de Direito- com multiplicação de processos


- Qualquer questão relevante
- Repetição em múltiplos processos
- Caráter repressivo
- A DESISTÊNCIA ou o ABANDONO do processo NÃO impede o exame do mérito do incidente.

IAC: questão unicamente de Direito - sem multiplicação de processos.


- Questão de grande REPERCUSSÃO SOCIAL
- SEM NECESSIDADE DE REPETIÇÃO em múltiplos processos
- Recurso, remessa necessária, processo de competência originária
- Caráter preventivo

IRDR: questão unicamente de Direito- COM multiplicação de processos


IAC: questão unicamente de Direito - SEM multiplicação de processos

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- A técnica de julgamento continuado diante de decisão não unânime é aplicada na apelação, bastando a existência de
divergência, enquanto no agravo de instrumento, além da divergência, é necessário que haja a reforma da decisão que
julga parcialmente o mérito.

APLICA-SE
# APELAÇÃO:
não unânime (DIVERGÊNCIA)
# AÇÃO RESCISÓRIA:
não unânime (DIVERGÊNCIA) + rescisão da sentença (PROCEDÊNCIA)
# AGRAVO DE INSTRUMENTO:
não unânime (DIVERGÊNCIA) + reforma do julgamento parcial (PROVIMENTO)

NÃO SE APLICA
# IAC
# IRDR
# REMESSA NECESSÁRIA
# PLENÁRIO
# CORTE ESPECIAL

DISTRATORES FCC
# NÃO IMPORTA SE A APELAÇÃO FOI PROVIDA OU IMPROVIDA. A técnica de ampliação de julgamento prevista no
CPC/2015 deve ser utilizada quando o resultado da apelação for não unânime, independentemente de ser julgamento que
reforma ou mantém a sentença impugnada. STJ, Quarta Turma, REsp 1.733.820-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por
maioria, julgado em 02/10/2018 (Info 639).

# NÃO PRECISA REQUERIMENTO EXPRESSO. A forma de julgamento prevista no art. 942 do CPC de 2015 não se
configura como espécie recursal nova, porquanto seu emprego será
automático e obrigatório, conforme indicado pela expressão "ojulgamento terá prosseguimento", no caput do dispositi
vo, faltando-lhe, assim, a voluntariedade e por não haver previsão legal para sua existência (taxatividade). STJ, Quarta
Turma, REsp 1.733.820-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, por maioria, julgado em 02/10/2018 (Info 639).

# NÃO IMPORTA SE A APELAÇÃO FOI COM OU SEM MÉRITO. Aplica-se a técnica de ampliação do colegiado quando não
há unanimidade no juízo de admissibilidade recursal. STJ, Terceira Turma, REsp 1.798.705-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 22/10/2019 (Info 659)

Técnica de julgamento do art. 942 do CPC/2015 #TemaQuente


O resultado do julgamento da apelação pode ser unânime (quando todos os Desembargadores concordam) ou
por maioria (quando no mínimo um Desembargador discorda dos demais).
Se o resultado se der por maioria, o CPC prevê uma nova “chance” de a parte que “perdeu” a apelação reverter
o resultado. Como assim?
Se o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em uma nova sessão, que será
marcada e que contará com a presença de novos Desembargadores, que serão convocados em número
suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial.
Ex: o resultado da apelação foi 2x1; 2 Desembargadores votaram pelo provimento da apelação (em favor de João) e
um Desembargador votou pela manutenção da sentença (em favor de Pedro); significa dizer que deverá ser
designada uma nova sessão e para essa nova sessão serão convocados dois novos Desembargadores que também
irão emitir votos; neste nosso exemplo, foram convocados 2 porque a convocação dos novos julgadores deverá ser
em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial (se os dois novos
Desembargadores votarem com a minoria, o placar se inverte para 3x2).
Veja a previsão legal:
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento em sessão a ser
designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos termos previamente definidos no
regimento interno, em número suficiente para garantir a possibilidade de inversão do resultado inicial,
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assegurado às partes e a eventuais terceiros o direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos
julgadores.

A previsão deste art. 942 é chamada de “técnica de complementação de julgamento não unânime” ou “técnica
de ampliação do colegiado”. Vamos verificar outras informações sobre esta técnica.
Prosseguimento na mesma sessão: Sendo possível, o prosseguimento do julgamento pode ocorrer na mesma
sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado (§ 1º do art.
942).
Juízo de retratação: Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento (§ 2º do art. 942).
Ex: o resultado da apelação foi 2x1; dois Desembargadores votaram pelo provimento da apelação (em favor de
João); por outro lado, um Desembargador (Des. Raimundo) votou pelo desprovimento da apelação (contra João);
designou-se, então, um novo dia para prosseguimento do julgamento ampliado, tendo sido convocados dois
Desembargadores de uma outra Câmara Cível do Tribunal (Desembargadores Cláudio e Paulo); logo no início,
antes que Cláudio e Paulo votassem, o Des. Raimundo pediu a palavra e disse: olha, melhor refletindo nesses
dias, eu gostaria de evoluir meu entendimento e irei acompanhar a maioria votando pelo provimento da
apelação.
Mesmo que isso ocorra, ou seja, que alguém mude de opinião, ainda assim deverão ser colhidos os votos dos
Desembargadores convocados. Nesse sentido:
Enunciado 599-FFPC: A revisão do voto, após a ampliação do colegiado, não afasta a aplicação da técnica de
julgamento do art. 942.
Esse art. 942 é uma espécie de recurso? NÃO. Trata-se de uma “técnica de complementação de julgamento nas
decisões colegiadas não unânimes de segunda instância”. Nesse sentido: A forma de julgamento prevista no art.
942 do CPC/2015 não se configura como espécie recursal nova (não é um novo recurso). Isso porque o seu
emprego é automático e obrigatório. Desse modo, falta a voluntariedade, que é uma característica dos recursos.
Além disso, esta técnica não é prevista como recurso, não preenchendo assim a taxatividade. STJ. 4ª Turma.
REsp 1733820/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 02/10/2018.
A parte que “perdeu” a apelação precisa pedir a aplicação do art. 942? NÃO. Essa técnica de julgamento é
obrigatória e aplicável de ofício, automaticamente, pelo Tribunal. A parte não precisa requerer a sua aplicação.
A técnica é aplicada antes da conclusão do julgamento - Como não se trata de recurso, a aplicação da técnica
ocorre em momento anterior à conclusão do julgamento, ou seja, não há proclamação do resultado, nem
lavratura de acórdão parcial, antes de a causa ser devidamente apreciada pelo colegiado ampliado. Tanto isso é
verdade que, conforme já explicado, sendo possível, o prosseguimento do julgamento pode ocorrer na mesma
sessão, colhendo-se os votos de outros julgadores que porventura componham o órgão colegiado (§ 1º do art.
942). No entanto, mesmo que ocorra em outro dia, considera-se que houve um só julgamento. Não se encerrou
um para começar o outro ampliado.
Como ocorre a continuidade do julgamento na hipótese em que houve uma parte unânime e outra não
unânime? Ex: no julgamento de uma apelação contra sentença que havia negado integralmente a
indenização, a Câmara Cível entendeu de forma unânime (3x0) que houve danos materiais e por maioria (2x1)
que não ocorreram danos morais. Foram então convocados dois Desembargadores para a continuidade do
julgamento ampliado (art. 942). Esses dois novos Desembargadores que chegaram poderão votar também
sobre a parte unânime (danos materiais) ou ficarão restritos ao capítulo não unânime (danos morais)?
Poderão analisar de forma ampla, ou seja, tanto a parte unânime como não unânime. Foi o que decidiu o STJ:
O colegiado formado com a convocação dos novos julgadores (art. 942 do CPC/2015) poderá analisar de forma
ampla todo o conteúdo das razões recursais, não se limitando à matéria sobre a qual houve originalmente
divergência.

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STJ. 3ª Turma. REsp 1.771.815-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 13/11/2018 (Info 638).
A técnica do art. 942 do CPC vale apenas para a apelação?
NÃO. Além da apelação, a técnica de julgamento prevista no art. 942 aplica-se também para o julgamento não
unânime proferido em:
a) ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu prosseguimento
ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
b) agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.

Quadro-resumo das hipóteses de cabimento

A técnica do art. 942 do CPC é aplicada em caso de acórdãos não unânimes (por maioria) proferidos em:
APELAÇÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO AÇÃO RESCISÓRIA
Não importa se o Tribunal Somente se o Tribunal reformou Se o resultado do acórdão for a
manteve ou reformou a decisão que julgou parcialmente o rescisão da sentença.
sentença. Basta que o mérito.
acórdão tenha sido por
maioria.

Imagine agora a seguinte situação hipotética:


João impetrou mandado de segurança em 1ª instância. O juiz prolatou sentença denegando a segurança, ou
seja, jugando improcedente o pedido. Contra a sentença, o impetrante interpôs apelação. O recurso foi julgado
pela Câmara Cível do Tribunal de Justiça, composta por três Desembargadores. Dois Desembargadores votaram
por manter a sentença e um Desembargador votou por dar provimento ao recurso. Tão logo isso ocorreu, o
advogado do impetrante pediu que fosse aplicada a técnica do art. 942 do CPC e que fossem convocados dois
novos Desembargadores para votar. O Procurador do Estado, que também acompanhava a sessão, manifestou-
se contrariamente afirmando que se está diante de um processo de mandado de segurança e que, por isso, não
se aplicaria o regramento do art. 942 do CPC.
O que o STJ entende a respeito? Deverá ser aplicada a técnica do art. 942 do CPC mesmo se tratando de
mandado de segurança? SIM.
A técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do CPC/2015, aplica-se também ao julgamento de
apelação interposta contra sentença proferida em mandado de segurança.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.868.072-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 04/05/2021 (Info 695).
O CPC/2015, ao entrar em vigor, revogou o CPC/1973, nos termos do art. 1.046, caput, do CPC/2015:
Art. 1.046. Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes,
ficando revogada a Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973.
Todavia, as disposições especiais dos procedimentos regulados por leis específicas permaneceram em vigor,
mesmo após o advento do novo diploma legal, consoante o previsto no art. 1.046, § 2º, do CPC/2015, de maneira
que as disposições especiais pertinentes ao mandado de segurança seguem reguladas pela Lei nº 12.016/2009
(Lei do Mandado de Segurança):
Art. 1.046 (...)
§ 2º Permanecem em vigor as disposições especiais dos procedimentos regulados em outras leis, aos quais se
aplicará supletivamente este Código.
Contudo, a Lei nº 12.016/2009 não contém nenhuma disposição especial acerca da técnica de julgamento a ser
adotada nos casos em que o resultado da apelação for não unânime. Enquanto o art. 14 da Lei nº 12.016/2009
se limita a preconizar que, contra a sentença proferida em mandado de segurança cabe apelação, o art. 25 da
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Lei nº 12.016/2009 veda a interposição de embargos infringentes contra decisão proferida em mandado de
segurança:
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.
Art. 25. Não cabem, no processo de mandado de segurança, a interposição de embargos infringentes e a
condenação ao pagamento dos honorários advocatícios, sem prejuízo da aplicação de sanções no caso de
litigância de má-fé.
Embora a técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do CPC/2015, e os embargos infringentes,
revogados junto com CPC/1973, possuam objetivos semelhantes, os referidos institutos não se confundem,
sobretudo porque o primeiro compreende técnica de julgamento, já o segundo consistia em modalidade de
recurso.
Conclui-se, portanto, que a técnica de ampliação do colegiado, prevista no art. 942 do CPC/2015, aplica-se
também ao julgamento de apelação que resultou não unânime interposta contra sentença proferida em
mandado de segurança.
Vale ressaltar que já havia julgados nesse sentido: A técnica de ampliação do colegiado prevista no art. 942 do
CPC/2015 também tem aplicação para julgamento não unânime de apelação interposta em sede de mandado
de segurança. STJ. 1ª Turma. REsp 1.817.633/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 17/9/2019.

Precedentes
Introdução O tema “processos nos tribunais” é da maior importância para o sistema processual civil
brasileiro e, por isso, tem, a ele, um livro inteiramente dedicado, o de número III, da Parte
Especial. Há o regulamento dos meios de impugnação das decisões judiciais (recursos e
demandas autônomas de impugnação de decisões), bem como outros incidentes
processuais – de que é exemplo o conflito de competência – e processos de competência
originária dos tribunais, como o da ação rescisória ou o da reclamação. No mesmo livro III é
regulado o sistema de precedentes judiciais estabelecido para o direito processual civil
brasileiro.

Deveres no sistema de Precedentes


Dever de uniformizar Tribunal não pode se omitir diante de uma divergência interna,
sobre a mesma questão jurídica.
Dever de Impõe uma justificativa adequada, com forte carga
Estabilidade argumentativa, para eventual superação do precedente
(overruling), além de ter a sua eficácia modulada em respeito à
segurança jurídica e ao interesse socia.
Dever de Coerência Dever de dialogar com os precedentes anteriores de modo não
contraditório. Dever de não os ignorar, sempre demonstrando a
sua superação ou distinção quando não for aplicado.
Dever de Integridade Relacionado à unidade de direito. Órgão julgador deve observar
todo o sistema jurídico.
Breve Evolução Na própria herança legislativa portuguesa (com inspiração no direito romano), os assentos
Histórica da Casa da Suplicação, que vigoraram no Brasil até a promulgação da CF de 1891, impunham
determinada interpretação da lei por intermédio de enunciados com força vinculante. O
CPC/39 já previa o incidente de uniformização jurisprudência, o qual foi repetido pelo
CPC/73 (sistema patrimonialista, individualista e liberal).

A ideia de universalização e democratização do acesso à justiça a partir da CF/88 fez com


que tivéssemos uma “explosão de litigiosidade” com um aumento expressivo do número de
demandas (judicialização massiva dos conflitos). Com vistas a assegurar a efetividade e a

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própria estruturação do Poder Judiciário (necessidade de segurança jurídica), veio à tona a
discussão do sistema de precedentes no ramo processual.

A doutrina não mediu esforços para que fosse implantado um sistema de precedentes
obrigatórios desde o advento da CF. Esse sistema ganha forças com a edição da EC 3/93, que
criou a figura da ação declaratória de constitucionalidade e o efeito vinculante das decisões
proferidas pelo STF. No ano de 2004 com a EC 45 (Reforma do Judiciário), restou positivada
a súmula vinculante (posteriormente regulada pela Lei 11.417/2006), o que garantiu a
vinculação dos juízes a ratio decidendi dos precedentes.

A partir desse momento, o sistema brasileiro ficou mais próximo do sistema do common
law. A litigiosidade em massa cresceu mais ainda e a necessidade de reformas pontuais no
sistema processual mostrou-se cada vez mais forçosa para que tivéssemos uma maior carga
de vinculatividade a temas que não fossem relacionados apenas à matéria constitucional.
Tivemos, então, várias reformas pontuais implementadas no CPC/73, tais como o recurso
especial repetitivo, o julgamento monocrático de recursos, a repercussão geral para o
julgamento do recurso extraordinário, entre outras.

O CPC/2015 traz nitidamente a necessidade de obediência às decisões judiciais pretéritas,


adotando o sistema de precedentes.

Precedente, PRECEDENTE é qualquer julgamento que venha a ser utilizado como fundamento de um
Decisão, outro julgamento que venha a ser posteriormente proferido. Sempre que um órgão
Jurisprudência e jurisdicional se valer de uma decisão previamente proferida para fundamentar sua decisão,
Súmula empregando-a como base de tal julgamento, a decisão anteriormente prolatada será
considerada um precedente. Ou seja, precedente nada mais é do que uma decisão proferida
em um caso concreto isoladamente considerado, cujas razões de decidir (ratio decidendi)
acabam formando uma tese jurídica que pode servir de base para aplicação em casos
futuros que guardem semelhança com esse caso.

CUIDADO! Há um tratamento diferenciado na formação dos precedentes no Brasil a


depender de sua eficácia vinculante (binding precedents – hipóteses do art.927) e de sua
eficácia persuasiva (persuasive precedents). Enquanto os precedentes vinculantes são
julgamentos que já nascem precedentes, os precedentes persuasivos se tornam
precedentes a partir do momento em que são utilizados para fundamentar outros
julgamentos.

JURISPRUDÊNCIA, por sua vez, é o resultado de um conjunto de decisões judiciais no


mesmo sentido e sobre uma mesma matéria proferidas pelos tribunais. É formado por
precedentes, vinculantes e persuasivos, desde que venham sendo utilizados como razões de
decidir em outros processos, e de meras decisões. Como se nota, o precedente é objetivo,
já que se trata de uma decisão específica que venha a ser utilizada como fundamento do
decidir em outros processos. Ainda mais o precedente brasileiro, já que no sistema instituído
pelo CPC/2015, diferentemente do que ocorre com o “precedent” do direito anglo-saxão, o
julgamento já nasce predestinado a se tornar um precedente vinculante. Já a jurisprudência
é abstrata, porque não vem materializada de forma objetiva em nenhum enunciado ou
julgamento, sendo extraída do entendimento majoritário do tribunal na interpretação e
aplicação de uma mesma questão jurídica. Não há dúvidas, pelas colocações aqui postas,
de que há uma diferença quantitativa fundamental entre precedente e jurisprudência.
A SÚMULA é uma consolidação objetiva da jurisprudência, ou seja, é a materialização
objetiva da jurisprudência. O tribunal, reconhecendo já ter formado um entendimento
majoritário a respeito de uma determinada questão jurídica tem o dever de formalizar esse
entendimento por meio de um enunciado, dando notícia de forma objetiva de qual é a
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jurisprudência presente naquele tribunal a respeito da matéria. Segundo o art. 926, § 1º,
CPC, cabe aos regimentos internos dos tribunais a regulamentação da forma e dos
pressupostos para a edição de súmulas correspondentes à sua jurisprudência dominante.

O enunciado de súmula, portanto, não é um precedente. Trata-se de um extrato de


diversos pronunciamentos, isto é, algo que se extrai de diversas decisões sobre a mesma
matéria. Tais decisões podem, até mesmo, basear-se em fundamentos determinantes
distintos, mas em todas elas se identificou a mesma conclusão (a de que “a liberação de
veículo retido apenas por transporte irregular de passageiros não está condicionada ao
pagamento de multas e despesas”).

Assim, é perfeitamente possível imaginar a existência de uma jurisprudência firme,


constante, ensejadora de um enunciado de súmula, e que se apoia em distintos
precedentes, baseados em fundamentos determinantes distintos. Decidir com base em um
enunciado de súmula, portanto, não é o mesmo que decidir com apoio em precedente.

O enunciado de súmula, insista-se, é um extrato da jurisprudência dominante de um


tribunal. Cada tribunal, então, deve editar sua súmula de jurisprudência dominante, nela
incluindo verbetes que enunciem suas linhas de jurisprudência constante (com a expressa
referência aos precedentes que lhe deram origem). Esta exigência de indicação dos
precedentes que serviram de base para a redação do enunciado de súmula resulta do § 2º
do art. 926, segundo o qual “[a] o editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater- se
às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação”. (CÂMARA, Alexandre
Freitas. O novo processo civil brasileiro. – 2. ed. – São Paulo: Atlas, 2016, p. 449).

O art. 926, § 2º, CPC, aponta ser vedado ao tribunal editar enunciado de súmula que não
se atenta às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Com a
eficácia vinculante que as súmulas passaram a ter, os tribunais devem tomar especial
cuidado com a identidade ou ao menos similaridade fática dos precedentes que
fundamentam sua edição.
Princípios consagrados pela adoção de um sistema de precedentes obrigatórios:
 Promove a igualdade.
 Promove a confiança, o direito tem que ser previsível. Segurança jurídica evita, inclusive,
que as pessoas recorram ao judiciário. A previsibilidade evita demandas temerárias o que,
em última instancia, acelera o processo.
 Aceleração do processo diante da simplificação da controvérsia.
 Dá racionalidade ao direito. Isso porque o direito não fica submetido ao voluntarismo de
cada juiz.

Jurisprudência Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e
ESTÁVEL, ÍNTEGRA coerente.
e COERENTE
O art. 926 CPC, corrobora a maior aposta do novo texto processual civil na criação de um
ambiente decisório mais isonômico e previsível, exigindo que os tribunais deem o exemplo.

O próprio STJ já havia se manifestado que a jurisprudência não deve variar ao sabor das
convicções pessoais dos julgadores (Segunda Seção, AgRg no EREsp 593.309/DF, rel. Min.
Humberto Gomes de Barros, j. 26.10.2005).

Se é verdade que o desrespeito pelos juízos inferiores de entendimentos já consolidados


pelos tribunais gera a quebra da isonomia e a insegurança jurídica, tornando o processo

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uma verdadeira loteria judiciária, ainda mais grave é a instabilidade presente nos próprios
tribunais quanto ao respeito à sua própria jurisprudência.

Ademais, quando os tribunais não respeitam a sua própria jurisprudência, ou seja, quando
desrespeitam seus entendimentos majoritários, os órgãos hierarquicamente inferiores não
sabem qual entendimento aplicar no caso concreto à luz do entendimento do tribunal
superior.

ESTÁVEL
Impede que os tribunais simplesmente abandonem ou modifiquem sem qualquer
justificativa plausível (por vezes, até mesmo sem qualquer justificativa) seus entendimentos
consolidados. Não pode o tribunal, sob pena de violar o princípio da isonomia jurídica e,
principalmente, da segurança jurídica, simplesmente deixar de aplicar um entendimento
consolidado sem justificativa séria, palatável e devidamente exposta.

A estabilidade funciona como uma regra de autorrespeito (mais comumente chamada de


autorreferência), ou seja, o próprio tribunal é obrigado a respeitar a jurisprudência por ele
mesmo criada.

Estável é a jurisprudência que não se altera frequentemente, pois nada impede sua
modificação. Caso esta ocorra, deverá ser fundamentada de forma específica e adequada,
nos termos do art. 927 § 4º CPC, justificando-se porque não aplicará no caso concreto a
jurisprudência consolidada.

ÍNTEGRA
É aquela construída levando-se em consideração o histórico de decisões proferidas pelo
tribunal a respeito da mesma matéria jurídica, ou seja, para se formar uma jurisprudência
íntegra devem ser considerados todos os fundamentos rejeitados e acolhidos nos
julgamentos que versam sobre a mesma matéria jurídica.

Entende-se por jurisprudência íntegra aquela que é construída levando-se em consideração


a história institucional das decisões acerca de determinada matéria. Significa isto dizer que
um tribunal, ao proferir decisão sobre um determinado tema, deve levar em conta toda a
evolução histórica das decisões proferidas, anteriormente, sobre o mesmo tema. É aqui que
se pode empregar a conhecida metáfora do romance em cadeia de que fala Ronald Dworkin
(CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro. – 2. ed. – São Paulo: Atlas,
2016, p. 449).

COERENTE
É da própria essência da ideia de uniformização de jurisprudência, porque assegura uma
aplicação isonômica do entendimento consolidado em casos semelhantes, ou seja, que
versem sobre a mesma questão jurídica. Cria um dever ao tribunal de decidir casos análogos
com a mesma interpretação da questão jurídica comum a todos eles.

Eficácia Vinculante Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:


I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de
constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas
repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do
Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
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Para parcela minoritária da doutrina, o dispositivo cria, tão-somente, um dever ao órgão
jurisdicional de levar em consideração, em suas decisões, os precedentes e enunciados
sumulares lá previstos. De forma que, não havendo em outro dispositivo a previsão expressa
de sua eficácia vinculante, o órgão jurisdicional teria o dever de considerar o precedente ou
súmula, mas não estaria obrigado a segui-los, podendo fundamentar sua decisão com o
argumento de ser equivocado o entendimento consagrado no precedente ou súmula.

Por outro lado, doutrina amplamente majoritária entende que é suficiente para consagrar a
eficácia vinculante aos precedentes e enunciados sumulares previstos em seus incisos. Ou
seja, “observarão” significa aplicarão de forma obrigatória.
Vamos, então, à análise dos incisos do art. 927 CPC.

Controle Numa primeira leitura pode-se concluir não se tratar de grande novidade, considerando-se
Concentrado de a eficácia erga omnes do controle concentrado de constitucionalidade realizado pelo STF
Constitucionalidade (art. 28, p. único, Lei 9.868/1999). Ademais, o art. 102, § 2º, CF prevê que as decisões
definitivas de mérito, proferidas pelo STF, nas ADIs e nas ADCs produzirão eficácia contra
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

De extrema importância a adoção do dispositivo, pois é possível distinguir a eficácia erga


omnes da coisa julgada material gerada no controle concentrado de constitucionalidade (já
consagrada no texto constitucional) da eficácia vinculante dos fundamentos determinantes
da decisão (ratio decidendi). Trata-se da chamada “transcendência dos motivos
determinantes” ou do efeito transcendente de motivos determinantes, que teria sido
adotada pela previsão do art. 927, I, CPC.

A ratio decidendi é comumente chamada pelos tribunais superiores de “motivos


determinantes” ou “razões de decidir”.

O STF vinha aplicando a tese ora analisada, mas atualmente o entendimento do tribunal se
modificou (Tribunal Pleno, Rcl 11.479 AgR/CE, rel. Min. Cármen Lúcia, j. 19.12.2012), ou seja,
a teoria subsiste apenas no plano doutrinário, não tendo aplicação na praxe forense.

Como consequência prática da inadmissão da teoria ora analisada, encontra-se o não


cabimento da reclamação constitucional contra decisão que apenas contrariar
fundamentos no controle de constitucionalidade sem agredir o dispositivo da decisão (1ª
Turma, Rcl 11.478 AgR/CE, rel. Min. Marco Aurélio, j. 5.6.2012). O que se espera é uma
mudança da posição jurisprudencial em decorrência do art. 927, I, CPC.

# Podemos aplicar esse dispositivo também para o controle difuso (incidental)?


Nos estritos termos do art. 927, I, CPC, essa espécie de controle de constitucionalidade,
mesmo que realizada pela Corte constitucional, não tem eficácia vinculante, já que o
dispositivo legal é suficientemente claro ao estabelecer tal eficácia somente à declaração de
inconstitucionalidade realizada de forma concentrada, portanto, o controle de
constitucionalidade realizado por meio de processo objetivo. Ocorre, entretanto, que os
arts. 525, § 12, e 535, § 5º, CPC, permitem que a alegação de coisa julgada inconstitucional
em sede de impugnação ao cumprimento de sentença tenha como fundamento a
declaração de inconstitucionalidade realizada pelo STF tanto em controle concentrado como
em controle difuso.

Segundo Daniel Amorim Assumpção, a contradição é, na realidade, apenas aparente,


porque se o inciso I, do art. 927, CPC, a sugere, o inciso V do mesmo dispositivo parece
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afastá-la. Tendo a orientação do Tribunal Pleno do STF eficácia vinculante, é possível se
concluir que mesmo no controle difuso de constitucionalidade haverá eficácia vinculante,
se não em razão do inciso I, do art. 927 CPC, pelo inciso V, do mesmo dispositivo legal.

Enunciados de Nos termos do art. 103-A CF, o STF poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão
Súmulas de 2/3 dos seus membros após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar
Vinculantes súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação
aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas
esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento,
na forma da lei. Ou seja, a eficácia vinculante extrapola a atuação do Poder Judiciário,
vinculando também a Administração Pública.

Precedentes O art. 928 CPC, prevê as hipóteses que se consideram julgamento de casos repetitivos:
criados em decisões proferidas em IRDR (I) e em REX e REsp repetitivos (II). Os julgamentos proferidos
julgamentos de em ambos os casos, ainda que por meio de técnicas procedimentais significativamente
casos repetitivos e distintas, são precedentes obrigatórios.
no incidente de
resolução de O IAC (incidente de assunção de competência) não se confunde com o julgamento de casos
competência repetitivos, prevendo, o art. 947 CPC que é admissível quando o julgamento de recurso, de
remessa necessária ou de processo de competência originária envolver relevante questão
de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos processos. São
técnicas de julgamento para situações distintas, mas que tem em comum a criação de
precedentes obrigatórios.

É natural que o precedente formado no julgamento de casos repetitivos venha a ser aplicado
com maior frequência do que aquele formado no IAC, em razão da quantidade de processo
que versam sobre a mesma questão jurídica, mas em termos de eficácia vinculante não há
diferença entre eles, inclusive sendo reunidos num mesmo dispositivo legal.

Enunciado das O art. 927, IV, CPC, praticamente torna todas as súmulas dos tribunais superiores com
súmulas no STF em eficácia vinculante, sejam elas súmulas vinculantes ou não, à exceção daquelas editadas pelo
matéria STF que disseram respeito a normas infraconstitucionais, circunstância até certo ponto
constitucional e do comum na seara processual.
STJ em matéria
infraconstitucional
Orientação do O art. 927, V, CPC, dá eficácia vinculante à orientação do plenário ou do órgão especial aos
Plenário ou do quais estiverem vinculados os juízes e os tribunais. “Orientação”, aqui, é entendido como
órgão Especial aos “decisão”, porque o órgão jurisdicional não tem natureza consultiva.
quais estiverem
vinculados
Reclamação As decisões que desrespeitam os precedentes obrigatórios, inclusive aqueles derivados de
Constitucional decisão proferida em controle de constitucionalidade, e as súmulas vinculantes, são
impugnáveis por reclamação constitucional, nos termos do art. 988, III e IV, CPC.

Já com relação às decisões que desrespeitam as súmulas do STJ em matéria


infraconstitucional e do STF em matéria constitucional (art. 927, IV, CPC) e às orientações
do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados (art. 927, V, CPC) NÃO é
cabível a reclamação constitucional.
Significa dizer que se uma sentença desrespeitar a eficácia vinculante consagrada nos incisos
IV e V, do art. 927, CPC, a parte sucumbente deverá apelar da sentença para impugnar a
decisão. E caso seja um acórdão de tribunal de 2º grau que desrespeite tal eficácia

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vinculante, será cabível o REsp e/ou REX. Ou seja, a parte sucumbente não terá um
instrumento impugnativo que permita seguir diretamente para o tribunal superior.

Essa realidade cria uma eficácia maior e menor entre as hipóteses previstas no art. 927, CPC.
Com a criação de um inciso II ao § 5º, do art. 988, CPC, a decisão que desrespeita precedente
de repercussão geral ou de REsp ou de RExtr em questão repetitiva só poderá ser
impugnada por reclamação constitucional se esgotadas todas as instâncias ordinárias.
O IAC continua a ser impugnável por reclamação constitucional, porque permanece previsto
o inciso IV, do art. 988, CPC, e não está previsto no § 5º, II, do mesmo dispositivo legal.

A ratio decidendi não é expressão nova no direito brasileiro, vez que os tribunais superiores
RATIO DECIDENDI E a utilizam com relativa frequência, ora com a utilização da expressão “motivos
OBITER DICTA determinantes”, ora com a utilização da expressão “razões de decidir”. Como ensina a
melhor doutrina, a ratio decidendi (chamada de holding no direito americano) é o núcleo
do precedente, seus fundamentos determinantes, sendo exatamente o que vincula.

Distingue-se da fundamentação obiter dictum, que são prescindíveis ao resultado do


julgamento, ou seja, fundamentos que, mesmo se fossem em sentido invertido, não
alterariam o resultado do julgamento. São argumentos jurídicos ou considerações feitas
apenas de passagem, de forma paralela e prescindível para o julgamento,
consubstanciando juízos acessórios, provisórios, secundários, impressões ou qualquer
outro elemento que não tenha influência ou relevante e substancial para a decisão, como
ocorre com manifestações alheias ao objeto do julgamento, apenas hipoteticamente
consideradas. Justamente por não serem essenciais ao resultado do precedente os
fundamentos obiter dicta não vinculam.

Apesar de ser problemática a distinção entre ambos os institutos, num caso concreto, fato
é que se torna possível afirmar que a ratio decidendi do precedente vincula, o que não
ocorre com a fundamentação obiter dictum.

RATIO DECIDENDI OBITER DICTA


É o núcleo do precedente, seus Argumentos jurídicos prescindíveis,
fundamentos determinantes. marginais, paralelos.
Os fundamentos determinantes Apenas um comentário de passagem na
da decisão que gera um precedente. São formação do precedente.
os argumentos de forma abstrata, que Não integra a ratio, de modo que
devem vincular não constitui o precedente vinculante.
as decisões posteriores O obiter dictum refere-se àquela parte da
decisão considerada dispensável, que o
julgador disse por força da retórica e que
não importa em vinculação para os casos
subsequentes. Referem-se aos argumentos
expendidos para completar o raciocínio,
mas que não desempenham papel
fundamental na formação do julgado.
É exatamente o que vincula. Por isso, não vinculam.
Fundamentação Reafirmando a importância dos princípios do contraditório e da fundamentação das
decisões judiciais, o art. 927, § 1º, CPC exige do órgão jurisdicional na formação e aplicação
do precedente judicial o respeito ao disposto nos arts. 10 e 489, § 1º, CPC.

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Divulgação Nos termos do art. 927, § 5º, CPC, os tribunais darão publicidade a seus precedentes,
organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede
mundial de computadores.

Como o CPC adotou a teoria dos precedentes judiciais obrigatórios, seria interessante que
DISTINÇÃO se consagrasse seus fenômenos da distinção (distinguishing) e da superação (overruling).
(DISTINGUISHING)
O art. 927, §§ 2º a 4º, CPC, entretanto, só trata da superação do precedente, não havendo
qualquer previsão legal a respeito da distinção. Trata-se de hipótese de não aplicação do
precedente no caso concreto sem, entretanto, sua revogação.

Dessa forma, é excluída a aplicação do precedente judicial apenas para o caso concreto em
razão de determinadas particularidades fáticas e/ou jurídicas, mantendo-se o precedente
válido e com eficácia vinculante para outros processos.

Trata-se, indubitavelmente, de medida muito mais drástica do que a aplicação da distinção


SUPERAÇÃO DA no caso concreto, porque, por meio da superação do precedente, ele deixa de existir como
TESE JURÍDICA fonte vinculante. Não é naturalmente anulado, revogado ou reformado, porque o
(OVERRULING) precedente, na realidade, é uma decisão judicial já transitada em julgado, mas com a
superação o entendimento nele consagrado deixa de ter eficácia vinculante e até mesmo
persuasiva, sendo substituído por outro.

Neste aspecto, o overruling trata-se de medida que acarreta o afastamento de uma regra
estabelecida anteriormente, ocorrendo quando um tribunal resolve de modo diverso uma
situação jurídica que antes era solucionada por meio de um precedente estabelecido
anteriormente, recorrendo a novos fundamentos que conduzem a resultado diverso,
estabelecendo-se, assim, uma nova regra jurídica que regerá situações semelhantes ou até
mesmo idênticas.

Overruling:
Consiste na técnica por meio da qual um precedente perde a sua força vinculante e é
substituído (overruled) por outro.

Express Overruling Implied Overruling


Esta técnica de superação pode ocorrer de Pode também ser tácito ou implícito
maneira expressa (express overruling), (implied overruling), quando uma nova
quando o Tribunal determina o abandono orientação é adotada em detrimento do
do precedente em detrimento de um novo precedente firmado anteriormente, ainda
entendimento. que não se determine expressamente o
abandono deste último.

ATENÇÃO: No ordenamento jurídico brasileiro, apenas o overruling expresso é admitido,


uma vez que se exige a fundamentação adequada e específica quando do uso da técnica de
superação de uma determinada orientação jurisprudencial, consoante aponta o art. 927,
§4º, CPC.

Há ainda quem mencione a tranformation, compreendida como uma técnica em que o


TRANSFORMATION Tribunal, a despeito de deixar de aplicar o precedente firmado anteriormente, tenta
compatibilizá-lo com a nova orientação adotada. Seria uma espécie de “implied overruling
ao quadrado”, uma vez que além de revogar o anterior de forma IMPLÍCITA, ainda tenta

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compatibiliza-lo com o novo precedente. Segundo Fredie Didier, tal técnica configura
ofensa ao dever de coerência do art. 926 do NCPC.

Como muitas vezes é demorado o processo de superação do precedente, é possível que o


SIGNALING tribunal adote a técnica conhecida no direito norte-americano como signaling, ou seja, o
tribunal sinaliza aos jurisdicionados que poderá modificar o seu entendimento, sem,
entretanto, fazê-lo, ou mesmo se vinculando a tal sinalização, já que ela somente demonstra
uma possibilidade de futura superação, que poderá nem vir a ocorrer. A partir da adoção
dessa técnica, os tribunais inferiores terão fundamento mais seguro para se valerem do
antecipatory overruling.

Motivos para Apesar de o art. 927, § 4º, CPC, exigir que a fundamentação da superação considere os
Superação princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia, não há, no CPC,
qualquer regra a respeito das motivações que justificam a superação do entendimento
sumulado ou consagrado em precedente obrigatório. Devem ser consideradas, porém:
✓ Superveniente realidade econômica, política, econômica ou social ou de revogação ou
modificação de norma em que se fundou a tese do precedente;
✓ Superação de precedente ou súmula em razão de mudança legislativa que com suas
razões conflite;
✓ Correção de erro manifesto ou grave injustiça.

De qualquer forma, qualquer que seja o motivo da superação, somente o próprio tribunal
que fixou a tese com eficácia vinculante tem competência para superar seu próprio
entendimento.

Neste sentido, como a demora do processo de superação será uma constante, é possível
que o tribunal adote a técnica conhecida no direito americano como signaling, ou seja, o
tribunal sinaliza aos jurisdicionados que poderá modificar seu entendimento, sem,
entretanto, fazê-lo, ou mesmo se vinculando a tal sinalização, já que ele demonstra
somente uma possibilidade de futura superação, que poderá nem vir a ocorrer. A partir da
adoção dessa técnica, os tribunais inferiores terão fundamento mais seguro para se valerem
do antecipatory overruling.

Fundamentação da O art. 927, § 4º, CPC, prevê que a modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência
decisão de pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade
superação de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica,
da proteção da confiança e da isonomia.

Modulação dos Se o precedente passa a ser obrigatório e a súmula passa a ter eficácia vinculante, cria-se
efeitos da uma expectativa de comportamento em todos, que, confiantes no entendimento
Superação consolidado e vinculante fixado pelos tribunais passam a pautar sua conduta no plano
material da forma como entende adequada os tribunais. Cria-se, dessa forma, uma
previsibilidade de conduta conforme a interpretação da lei consolidada pelos tribunais em
suas súmulas e precedentes, gerada pela expectativa legítima de que o Poder Judiciário
continuará a decidir conforme seus precedentes e súmulas.

Parece claro que, se o sujeito se portou de determinada maneira confiando no


entendimento consolidado pelo tribunal, a mudança de entendimento não pode
desprestigiar essa confiança. Em razão disso, dever ser louvado o § 3º, do art. 927, CPC, no
sentido de permitir ao tribunal a modulação dos efeitos da alteração no interesse social e
no da segurança jurídica, consagrando, no direito pátrio, a possibilidade de prospective
overruling.
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O tribunal, portanto, por razão de interesse social ou de segurança jurídica, poderá modular
os efeitos da superação do entendimento consagrado na súmula com eficácia vinculante e
no precedente obrigatório, que pode, no caso concreto, ter eficácia ex nunc, ex tunc, ex tunc
limitado, eficácia projetada para o futuro. A adoção de qualquer modalidade de eficácia
dependerá do caso concreto e de decisão fundamentada pelo juiz.

Procedimento Não há previsão específica e geral a respeito do procedimento a ser adotado pelo tribunal
na superação do entendimento fixado em súmula com eficácia vinculante e precedente
obrigatório.

A única previsão procedimental é o § 2º, do art. 927 CPC, ao prever que a alteração de tese
jurídica adotada em súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de
audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam
contribuir para a rediscussão da tese.

Como o CPC/2015 não revogou o procedimento previsto na Lei 11.417/06 para a revogação
da súmula vinculante, não há qualquer dúvida que, para sua superação, deva ser esse o
procedimento a ser observado.

Para a superação de tese fixada em julgamento de IRDR, o art. 986 CPC, prevê que a revisão
da tese jurídica firmada far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício ou mediante requerimento
dos legitimados mencionados no art. 977, III, CPC.

No caso de superação de tese fixada em julgamento de REsp e REX repetitivos, não há


previsão procedimental no CPC.

FOCO NOS ENUNCIADOS

2. (arts. 10 e 927, §1º) Para a formação do precedente, somente podem ser usados argumentos submetidos ao
contraditório. (Grupo: Precedentes 2)

55. (art. 927, § 3º) Pelos pressupostos do § 3º do art. 927, a modificação do precedente tem, como regra, eficácia
temporal prospectiva. No entanto, pode haver modulação temporal, no caso concreto. (Grupo: Precedentes 2)

146. (art. 332, I; art. 927, IV) Na aplicação do inciso I do art. 332, o juiz observará o inciso IV do caput do art. 927.
(Grupo: Precedentes)

166. (art. 926) A aplicação dos enunciados das súmulas deve ser realizada a partir dos precedentes que os
formaram e dos que os aplicaram posteriormente. (Grupo: Precedentes)

167. (art. 926; art. 947, § 3º; art. 976; art. 15) Os tribunais regionais do trabalho estão vinculados aos enunciados
de suas próprias súmulas e aos seus precedentes em incidente de assunção de competência ou de resolução de
demandas repetitivas. (Grupo: Impacto do CPC no Processo do Trabalho)

168. (art. 927, I; art. 988, III) Os fundamentos determinantes do julgamento de ação de controle concentrado de
constitucionalidade realizado pelo STF caracterizam a ratio decidendi do precedente e possuem efeito vinculante
para todos os órgãos jurisdicionais. (Grupo: Precedentes; redação revista no IV FPPC-BH)

169. (art. 927) Os órgãos do Poder Judiciário devem obrigatoriamente seguir os seus próprios precedentes, sem
prejuízo do disposto nos § 9º do art. 1.037 e §4º do art. 927. (Grupo: Precedentes)

170. (art. 927, caput) As decisões e precedentes previstos nos incisos do caput do art. 927 são vinculantes aos
órgãos jurisdicionais a eles submetidos. (Grupo: Precedentes)
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171. (art. 927, II, III e IV; art. 15) Os juízes e tribunais regionais do trabalho estão vinculados aos precedentes do
TST em incidente de assunção de competência em matéria infraconstitucional relativa ao direito e ao processo do
trabalho, bem como às suas súmulas. (Grupo: Impacto do CPC no Processo do Trabalho)

172. (art. 927, § 1º) A decisão que aplica precedentes, com a ressalva de entendimento do julgador, não é
contraditória. (Grupo: Precedentes)

173. (art. 927) Cada fundamento determinante adotado na decisão capaz de resolver de forma suficiente a questão
jurídica induz os efeitos de precedente vinculante, nos termos do Código de Processo Civil. (Grupo: Precedentes;
redação revista no IV FPPC-BH)74

174. (art. 1.037, § 9º) A realização da distinção compete a qualquer órgão jurisdicional, independentemente da
origem do precedente invocado. (Grupo: Precedentes)

175. (art. 927, § 2º) O relator deverá fundamentar a decisão que inadmitir a participação de pessoas, órgãos ou
entidades e deverá justificar a não realização de audiências públicas. (Grupo: Precedentes)

305. (arts. 489, § 1º, IV, 984, §2º, 1.038, § 3º). No julgamento de casos repetitivos, o tribunal deverá enfrentar
todos os argumentos contrários e favoráveis à tese jurídica discutida, inclusive os suscitados pelos interessados.
(Grupo: Precedentes; redação revista no V FPPC-Vitória)

306. (art. 489, § 1º, VI). O precedente vinculante não será seguido quando o juiz ou tribunal distinguir o caso sob
julgamento, demonstrando, fundamentadamente, tratar-se de situação particularizada por hipótese fática distinta,
a impor solução jurídica diversa. (Grupo: Precedentes)

314. (arts. 926 e 927, I e V). As decisões judiciais devem respeitar os precedentes do Supremo Tribunal Federal, em
matéria constitucional, e do Superior Tribunal de Justiça, em matéria infraconstitucional federal. (Grupo:
Precedentes)

315. (art. 927). Nem todas as decisões formam precedentes vinculantes. (Grupo: Precedentes)

316. (art. 926). A estabilidade da jurisprudência do tribunal depende também da observância de seus próprios
precedentes, inclusive por seus órgãos fracionários. (Grupo: Precedentes)

317. (art. 927). O efeito vinculante do precedente decorre da adoção dos mesmos fundamentos determinantes
pela maioria dos membros do colegiado, cujo entendimento tenha ou não sido sumulado. (Grupo: Precedentes)

318. (art. 927). Os fundamentos prescindíveis para o alcance do resultado fixado no dispositivo da decisão (obiter
dicta), ainda que nela presentes, não possuem efeito de precedente vinculante. (Grupo: Precedentes)

319. (art. 927). Os fundamentos não adotados ou referendados pela maioria dos membros do órgão julgador não
possuem efeito de precedente vinculante. (Grupo: Precedentes)

320. (art. 927). Os tribunais poderão sinalizar aos jurisdicionados sobre a possibilidade de mudança de
entendimento da corte, com a eventual superação ou a criação de exceções ao precedente para casos futuros.
(Grupo: Precedentes)

321. (art. 927, § 4º). A modificação do entendimento sedimentado poderá ser realizada nos termos da Lei nº
11.417, de 19 de dezembro de 2006, quando se tratar de enunciado de súmula vinculante; do regimento interno
dos tribunais, quando se tratar de enunciado de súmula ou jurisprudência dominante; e, incidentalmente, no
julgamento de recurso, na remessa necessária ou causa de competência originária do tribunal. (Grupo:
Precedentes)
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322. (art. 927, §4º). A modificação de precedente vinculante poderá fundar-se, entre outros motivos, na revogação
ou modificação da lei em que ele se baseou, ou em alteração econômica, política, cultural ou social referente à
matéria decidida. (Grupo: Precedentes)

323. (arts. 926 e 927). A formação dos precedentes observará os princípios da legalidade, da segurança jurídica, da
proteção da confiança e da isonomia. (Grupo: Precedentes)

324. (art. 927). Lei nova, incompatível com o precedente judicial, é fato que acarreta a não aplicação do precedente
por qualquer juiz ou tribunal, ressalvado o reconhecimento de sua inconstitucionalidade, a realização de
interpretação conforme ou a pronúncia de nulidade sem redução de texto. (Grupo: Precedentes)

325. (arts. 927 e 15). A modificação de entendimento sedimentado pelos tribunais trabalhistas deve observar a
sistemática prevista no art. 927, devendo se desincumbir do ônus argumentativo mediante fundamentação
adequada e específica, modulando, quando necessário, os efeitos da decisão que supera o entendimento anterior.
(Grupo: Impacto do CPC no processo do trabalho)

326. (arts. 927 e 15). O órgão jurisdicional trabalhista pode afastar a aplicação do precedente vinculante quando
houver distinção entre o caso sob julgamento e o paradigma, desde que demonstre, fundamentadamente, tratar-
se de situação particularizada por hipótese fática distinta, a impor solução jurídica diversa. (Grupo: Impacto do CPC
no processo do trabalho)

327. (art. 928, parágrafo único). Os precedentes vinculantes podem ter por objeto questão de direito material ou
processual. (Grupo: Precedentes)

334. (art. 947). Por força da expressão “sem repetição em múltiplos processos”, não cabe o incidente de assunção
de competência quando couber julgamento de casos repetitivos. (Grupo: Precedentes)

335. (arts. 947 e 15). O incidente de assunção de competência aplica-se ao processo do trabalho. (Grupo: Impacto
do CPC no processo do trabalho)

342. (art. 976) O incidente de resolução de demandas repetitivas aplica-se a recurso, a remessa necessária ou a
qualquer causa de competência originária. (Grupo: Precedentes)

343. (art. 976) O incidente de resolução de demandas repetitivas compete a tribunal de justiça ou tribunal regional.
(Grupo: Precedentes)

348. (arts. 987 e 1.037, II, §§ 6º a 8º e seguintes99) Os interessados serão intimados da suspensão de seus processos
individuais, podendo requerer o prosseguimento ao juiz ou tribunal onde tramitarem, demonstrando a distinção
entre a questão a ser decidida e aquela a ser julgada no incidente de resolução de demandas repetitivas, ou nos
recursos repetitivos. (Grupo: Precedentes)

349. (arts. 982, § 5º e 988) Cabe reclamação para o tribunal que julgou o incidente de resolução de demandas
repetitivas caso afrontada a autoridade dessa decisão. (Grupo: Precedentes)

350. (arts. 988 e 15) Cabe reclamação, na Justiça do Trabalho, da parte interessada ou do Ministério Público, nas
hipóteses previstas no art. 988, visando a preservar a competência do tribunal e garantir a autoridade das suas
decisões e do precedente firmado em julgamento de casos repetitivos. (Grupo: Impacto do CPC no processo do
trabalho)

363. (arts. 1.036-1.040). O procedimento dos recursos extraordinários e especiais repetitivos aplica-se por analogia
às causas repetitivas de competência originária dos tribunais superiores, como a reclamação e o conflito de
competência. (Grupo: Precedentes) 364. (art. 1.036, §1º). O sobrestamento da causa em primeira instância não
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ocorrerá caso se mostre necessária a produção de provas para efeito de distinção de precedentes. (Grupo:
Precedentes)

380. (arts. 8º, 926, 927) A expressão “ordenamento jurídico”, empregada pelo Código de Processo Civil, contempla
os precedentes vinculantes. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

391. (art. 138, §3º) O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar recursos repetitivos. (Grupos:
Litisconsórcio e intervenção de terceiros; Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

452. (arts. 921, §1 a 5º, 980 e 982) Durante a suspensão do processo prevista no art. 982 não corre o prazo de
prescrição intercorrente. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

453. (arts. 926 e 1.022, parágrafo único, I) A estabilidade a que se refere o caput do art. 926 consiste no dever de
os tribunais observarem os próprios precedentes. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de
competência)

454. (arts. 926 e 1.022, parágrafo único, I) Uma das dimensões da coerência a que se refere o caput do art. 926
consiste em os tribunais não ignorarem seus próprios precedentes (dever de autorreferência). (Grupo:
Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

455. (art. 926) Uma das dimensões do dever de coerência significa o dever de não contradição, ou seja, o dever de
os tribunais não decidirem casos análogos contrariamente às decisões anteriores, salvo distinção ou superação.
(Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

456. (art. 926) Uma das dimensões do dever de integridade consiste em os tribunais decidirem em conformidade
com a unidade do ordenamento jurídico. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de
competência)

457. (art. 926) Uma das dimensões do dever de integridade previsto no caput do art. 926 consiste na observância
das técnicas de distinção e superação dos precedentes, sempre que necessário para adequar esse entendimento à
interpretação contemporânea do ordenamento jurídico. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e
Assunção de competência)

458. (arts. 926, 927, §1º, e 10) Para a aplicação, de ofício, de precedente vinculante, o órgão julgador deve intimar
previamente as partes para que se manifestem sobre ele. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e
Assunção de competência)

459. (arts. 927, §1º, 489, §1º, V e VI, e 10) As normas sobre fundamentação adequada quanto à distinção e
superação e sobre a observância somente dos argumentos submetidos ao contraditório são aplicáveis a todo o
microssistema de formação dos precedentes. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de
competência)

460. (arts. 927, §1º, 138) O microssistema de aplicação e formação dos precedentes deverá respeitar as técnicas
de ampliação do contraditório para amadurecimento da tese, como a realização de audiências públicas prévias e
participação de amicus curiae. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

461. (arts. 927, §2º, e art. 947) O disposto no §2º do art. 927 aplica-se ao incidente de assunção de competência.
(Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

467. (arts. 947, 179, 976, §2º, 982, III, 983, caput, 984, II, “a”) O Ministério Público deve ser obrigatoriamente
intimado no incidente de assunção de competência. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção
de competência)

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468. (art. 947). O incidente de assunção de competência aplica-se em qualquer tribunal. (Grupo: Precedentes, IRDR,
Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

469. (Art. 947). A “grande repercussão social”, pressuposto para a instauração do incidente de assunção de
competência, abrange, dentre outras, repercussão jurídica, econômica ou política. (Grupo: Precedentes, IRDR,
Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

470. (art. 982, I) Aplica-se no âmbito dos juizados especiais a suspensão prevista no art. 982, I. (Grupo: Precedentes,
IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

471. (art. 982, §3º) Aplica-se no âmbito dos juizados especiais a suspensão prevista no art. 982, §3º. (Grupo:
Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

472. (art. 985, I) Aplica-se o inciso I do art. 985 ao julgamento de recursos repetitivos e ao incidente de assunção
de competência. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

473. (art. 986) A possibilidade de o tribunal revisar de ofício a tese jurídica do incidente de resolução de demandas
repetitivas autoriza as partes a requerê-la. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de
competência)

480. (arts. 1.037, II, 928 e 985, I) Aplica-se no âmbito dos juizados especiais a suspensão dos processos em trâmite
no território nacional, que versem sobre a questão submetida ao regime de julgamento de recursos especiais e
extraordinários repetitivos, determinada com base no art. 1.037, II. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos
Repetitivos e Assunção de competência)

481. (art. 1037, §§ 9º a 13) O disposto nos §§ 9º a 13 do art. 1.037 aplica-se, no que couber, ao incidente de
resolução de demandas repetitivas. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

482. (art. 1.040, I) Aplica-se o art. 1.040, I, aos recursos extraordinários interpostos nas turmas ou colégios recursais
dos juizados especiais cíveis, federais e da fazenda pública. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e
Assunção de competência)

522. (art. 489, inc. I; arts. 931 e 933): O relatório nos julgamentos colegiados tem função preparatória e deverá
indicar as questões de fato e de direito relevantes para o julgamento e já submetidas ao contraditório. (Grupo:
Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

524. (art. 489, §1º, IV; art. 985, I) O art. 489, §1º, IV, não obriga o órgão julgador a enfrentar os fundamentos
jurídicos deduzidos no processo e já enfrentados na formação da decisão paradigma, sendo necessário demonstrar
a correlação fática e jurídica entre o caso concreto e aquele já apreciado. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos
Repetitivos e Assunção de competência)

549. (art. 927; Lei n.º 10.259/2001) – O rol do art. 927 e os precedentes da Turma Nacional de Uniformização dos
Juizados Especiais Federais deverão ser observados no âmbito dos Juizados Especiais. (Grupo: Impacto nos Juizados
e nos procedimentos especiais da legislação extravagante)

556. (art. 981) - É irrecorrível a decisão do órgão colegiado que, em sede de juízo de admissibilidade, rejeita a
instauração do incidente de resolução de demandas repetitivas, salvo o cabimento dos embargos de declaração.
(Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)

558. (art. 988, IV, §1º; art. 927, III; art. 947, §3º) Caberá reclamação contra decisão que contrarie acórdão proferido
no julgamento dos incidentes de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência para o
tribunal cujo precedente foi desrespeitado, ainda que este não possua competência para julgar o recurso contra a
decisão impugnada. (Grupo: Precedentes, IRDR, Recursos Repetitivos e Assunção de competência)
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Distinguishing Overruling Overriding Transformation
É a prática de não aplicar Afasta totalmente a Tribunal apenas limita o Técnica em que o
dado precedente aplicação do precedente âmbito da incidência de Tribunal, a despeito de
vinculante por se porque a tese foi um precedente. Ocorre deixar de aplicar o
reconhecer que a superada. Necessária uma superação parcial. precedente firmado
situação sub judice fundamentação adequada anteriormente, tenta
(aquela que se está e específica compatibilizá-lo com a
julgando imediatamente) nova orientação
não se encarta nos adotada. Seria uma
parâmetros de incidência espécie de “implied
do precedente. ... Já o overruling ao quadrado”,
defiance é a afronta uma vez que além de
direta ao entendimento revogar o anterior de
consolidado no forma IMPLÍCITA, ainda
precedente. tenta compatibiliza-lo
com o novo precedente.

Segundo Fredie Didier,


tal técnica configura
ofensa ao dever de
coerência do art. 926 do
NCPC.

OVERRULING REVERSAL
Representa uma técnica de superação do Representa tão somente a reforma, por uma Corte
precedente, superior, de uma decisão proferida por órgão inferior. É o
que ocorre nos casos em que, no julgamento de um
recurso, o órgão ad quem altera o entendimento firmado
pelo órgão a quo. O reversal não configura, pois, uma
técnica de superação do precedente, mas apenas uma
TÉCNICA DE CONTROLE.

Tudo o que você precisa saber de:


Súmula Vinculante, IAC, IRDR, Reclamação e Ação Rescisória
Súmulas  O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas
Vinculantes decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal,
estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma
prevista nesta Lei.

 O enunciado da súmula terá por objeto a validade, a interpretação e a eficácia de


normas determinadas, acerca das quais haja, entre órgãos judiciários ou entre esses e
a administração pública, controvérsia atual que acarrete grave insegurança jurídica e
relevante multiplicação de processos sobre idêntica questão.

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 A edição, a revisão e o cancelamento de enunciado de súmula com efeito vinculante
dependerão de decisão tomada por 2/3 (dois terços) dos membros do Supremo
Tribunal Federal, em sessão plenária.

 Legitimados: PR, Mesa do SF, Mesa da CD, PGR, Conselho Federal da OAB, Defensor
Público Geral da União, partido político com representação no CN, confederação
sindical ou entidade de classe de âmbito nacional, Mesa de Assembleia Legislativa ou
da Câmara Legislativa do Distrito Federa e o Governador de Estado ou do Distrito
Federal.

 (FGV/PCERJ/2022) O Município poderá propor, incidentalmente ao curso de processo


em que seja parte, a edição, a revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante, o que não autoriza a suspensão do processo.

 No procedimento de edição, revisão ou cancelamento de enunciado da súmula


vinculante, o relator poderá admitir, por decisão irrecorrível, a manifestação de
terceiros na questão, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.

 A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal,
por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos
vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.

 A súmula com efeito vinculante tem eficácia imediata, mas o Supremo Tribunal Federal,
por decisão de 2/3 (dois terços) dos seus membros, poderá restringir os efeitos
vinculantes ou decidir que só tenha eficácia a partir de outro momento, tendo em vista
razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse público.

 Contra omissão ou ato da administração pública, o uso da reclamação só será admitido


após esgotamento das vias administrativas.

 Ao julgar procedente a reclamação, o Supremo Tribunal Federal anulará o ato


administrativo ou cassará a decisão judicial impugnada, determinando que outra seja
proferida com ou sem aplicação da súmula, conforme o caso.

Incidente de Conceito: Trata-se de um incidente no qual um órgão colegiado fracionário indicado pelo
Assunção de regimento interno do tribunal assume a competência anteriormente atribuída a outro
Competência órgão do mesmo tribunal, para o julgamento de um recurso, de uma remessa necessária
ou de uma ação de competência originária.
Logo, há um redirecionamento de competência, a competência que era de um órgão passa
para outro órgão de um mesmo tribunal. Assunção porque “assume-se a competência”.

Exemplo: o STJ tem uma corte especial; três sessões e 6 turmas. Um processo é distribuído
para a 1ª turma e esta percebe que há uma divergência interna sobre aquela matéria.
Então, a própria 1ª turma redireciona a competência para a corte especial e esta irá
assumir a competência, estando presentes os requisitos, ou seja, fará a assunção de
competência. Insta salientar que o incidente de assunção de competência não pertence
ao microssistema da tutela de casos repetitivos.

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Finalidade: A finalidade é a prevenção ou a composição de divergência, entre órgãos
fracionários do tribunal. Assim, no exemplo acima, se a corte especial julgar irá prevenir
a divergência dentro do próprio tribunal.

Requisitos: (1) Existência de recurso, remessa necessária ou processo de competência


originária em tribunal. Não é ENTRE tribunais, mas sim entre ORGÃO do mesmo tribunal.
(2) É preciso que exista uma relevante questão de direito a respeito da qual seja
conveniente a prevenção ou a composição da divergência entre órgãos do tribunal. (3) É
necessária grande repercussão social. (4) É preciso haver a ausência de repetição em
processos múltiplos, pois não é microssistema de casos repetitivos.

Procedimento: (1) Preenchidos os requisitos, o relator propõe o redirecionamento da


competência, de ofício ou a requerimento. (2) O órgão colegiado competente para
conhecer do processo, envia os autos ao órgão que o regimento indicar. (3) O órgão
indicado pelo regimento, reconhecendo o interesse na assunção da competência, julga o
processo em concreto.

Aplicação da tese jurídica: A tese fixada no julgamento da assunção de competência


vinculará todos os juízes subordinados ao tribunal e o próprio tribunal, salvo revisão de
tese (salvo distinção ou superação). Logo, o incidente de assunção de competência firma
um precedente obrigatório.

Incidente de O IRDR não configura uma ação autônoma ou recurso, mas sim um incidente processual
Resolução de direcionado aos Tribunais de Segunda Instância (Estaduais ou Regionais). Assim, tem como
Demandas objetivo suspender o andamento de ações que versem sobre uma questão de direito
Repetitivas específica em casos em que fique configurada a repetição de processos e o risco de ofensa
aos princípios da isonomia e da segurança jurídica.

O que é o IRDR? Existindo processos repetitivos, sobre uma mesma matéria de direito,
em um determinado Estado ou Região, o aludido incidente será suscitado perante o
Presidente do Tribunal local. No caso de ser admitido o incidente, todos os processos com
a mesma matéria, no Estado ou Região, serão suspensos pelo prazo máximo de 01 (um)
ano. Nesse período o Tribunal irá julgá-lo. Julgado o incidente, a tese jurídica fixada será
aplicada em todos os processos, presentes e futuros. Logo, todos os juízes deverão aplicar
a tese, uma vez que há uma vinculação.

Natureza Jurídica: A natureza jurídica do IRDR é de incidente processual. Não tem


natureza de recurso, pois falta a taxatividade. Ademais, o Tribunal pode julgar apenas a
tese jurídica, não está julgando em concreto o processo, mas sim os juízes competentes.
Diferentemente dos recursos, que julga-se a causa em concreto. Além disso, também não
possui natureza de ação, pois pressupõe a existência de ações sobre uma mesma matéria.
Assim, não se trata de ação coletiva.

Cabimento: (1) Repetição efetiva de processos que possuem controvérsia sobre


questão unicamente de direito. (2) Risco de ofensa à isonomia e à segurança. (3) Ausência
de afetação de recurso repetitivo em tribunal superior.

Observações Importantes:
 Os requisitos do IRDR são requisitos cumulativos;

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 A questão pode dizer respeito a direito material ou processual; a direito local ou
nacional ou, ainda, a direito constitucional ou infraconstitucional.

 Não há um número mínimo de causas, mas pressupõe uma quantidade de processos


que colocam em risco a isonomia e a segurança.
 OBS: O FPPC 87 diz que “a instauração do IRDR não pressupõe a existência de grande
quantidade de processos versando sobre a mesma questão, mas
preponderantemente o risco de quebra da isonomia e ofensa a segurança jurídica.
 A questão pode se originar de um processo que tramita em primeira ou em segunda
instância. Assim, ressalta-se que não há necessidade de ter um processo em segunda
Instância para haver a possibilidade do IRDR. OBS: De acordo com o ENFAM 22, a
instauração do IRDR não pressupõe a existência de processo pendente no respectivo
tribunal.
 Não há possibilidade da instauração do incidente preventivo. Assim, o IRDR nunca é
preventivo. É preciso que já existam processos repetitivos (EFETIVA REPETIÇÃO).
 O incidente pode ser suscitado mais de uma vez. Se for inadmitido, pode ser suscitado
novamente, desde que preenchido o requisito faltante.
 O mérito do incidente será apreciado mesmo que haja desistência ou abandono do
processo que o originou.

Legitimidade: (1) Juiz ou Relator; (2) partes; (3) MP e (4) Defensoria Pública.

Observações Importantes:
 O juiz e o relator podem suscitar inclusive de ofício;
 O Presidente do Tribunal, o Presidente do colegiado e os demais integrantes do
colegiado NÃO podem suscitar o incidente, ou seja, se o processo é no tribunal só o
RELATOR poderá suscitar o IRDR.
 Caso não suscite o incidente, o Ministério Público participará do mesmo como fiscal
da ordem jurídica (Lembrar que no CPC/73 era “fiscal da lei”).
 O membro do Ministério Público assume a titularidade do incidente caso ocorra
desistência ou abandono do processo.
 Embora não esteja expressamente previsto no Novo CPC, cumpre salientar que a
legitimidade da Defensoria Pública é restrita à defesa dos necessitados ou dos
hipossuficientes.
 O juiz e o relator suscitam o incidente por ofício; os demais legitimados, por petição.

Competência: O IRDR será dirigido ao Presidente do Tribunal Local e será julgado pelo
órgão indicado no regimento interno do tribunal, entre aqueles responsáveis pela
uniformização de jurisprudência. De acordo com o FPPC 343, o IRDR compete ao Tribunal
de Justiça ou Tribunal Regional, ou seja, tribunal local (necessariamente!). Ademais,
destaca-se que quando o incidente se originar de processo que tramita em primeira
instância, o Tribunal fixará apenas a tese. Quando o incidente se originar de processo que
tramita no tribunal, este fixará a tese e julgará, em concreto, o processo (Ver o
artigo. 978, parágrafo único do NCPC).

Procedimento:
 A parte legitimada suscita o incidente perante o Presidente do Tribunal, por ofício ou
petição, instruindo com os documentos necessários.
 O IRDR será distribuído ao colegiado competente que fará a sua admissibilidade,
verificando se estão presentes os requisitos do IRDR.
 Admitido o IRDR, o relator determinará a suspensão de todos os processos com a
mesma matéria, individuais ou coletivos, de primeira ou segunda instância, que
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tramitam no Estado ou Região. A suspensão terá o prazo máximo de 01 (um) ano.
Após esse período, os processos continuarão a correr.
 Vale lembrar que há uma possibilidade de extensão do sobrestamento para todo o
território nacional, qual seja: o legitimado pode requerer ao Presidente, do STJ ou
STF, a suspensão de todos os processos em curso no território nacional, que versem
sobre a mesma matéria. Neste caso, cessa a suspensão se não for interposto recurso
especial ou recurso extraordinário contra a decisão proferida no IRDR.
 O relator ouvirá as partes (do processo originário), o Ministério Público e os demais
interessados, no prazo de 15 dias, podendo deferir a participação do “amicus curiae”,
bem como marcar audiência pública ou requisitar informações.
 No julgamento do IRDR haverá possibilidade de sustentação oral, sendo que poderão
falar: o autor, o réu, o Ministério Público e demais interessados.
 O Tribunal fixará a tese jurídica e decidirá, em concreto, o recurso, o reexame ou a
ação, se for o caso (se o processo tramitar no tribunal).

Aplicação da Tese Jurídica: Julgado o IRDR, a tese jurídica fixada deverá ser aplicada por
todos os juízes e Tribunais, no Estado ou Região, aos casos idênticos em tramitação e aos
processos futuros, salvo se existir distinção ou superação (art. 985, incisos I e II e §§ 1º e
2º do Novo CPC). Desse modo, destaca-se que o IRDR é um precedente obrigatório e não
meramente persuasivo.

Recursos: Das decisões do IRDR podem caber os seguintes recursos: (1) Embargos de
declaração; (2) Recurso especial; (3) Recurso extraordinário.

 Só cabe recurso especial ou recurso extraordinário da decisão de mérito do IRDR.


 O recurso especial e o recurso extraordinário da decisão do IRDR terão efeito
suspensivo. Lembre-se: a regra é que eles não possuem efeito suspensivo.
 Os recursos podem ser interpostos pelas partes, pelo Ministério Público, pelo terceiro
prejudicado e pelo “amicus curiae”.

Reclamação  A parte interessada ou MP pode interpor a RECLAMAÇÃO para:

I - preservar a competência do tribunal;

II - garantir a autoridade das decisões do tribunal;

III – garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do Supremo


Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

IV – garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de


resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência.

 Onde será proposta? A reclamação pode ser proposta perante qualquer tribunal, e seu
julgamento compete ao órgão jurisdicional cuja competência se busca preservar ou
cuja autoridade se pretenda garantir.
 A reclamação deverá ser instruída com prova documental e dirigida ao presidente do
tribunal.
 Assim que recebida, a reclamação será autuada e distribuída ao relator do processo
principal, sempre que possível.
 É inadmissível a reclamação: (1) proposta após o trânsito em julgado da decisão
reclamada; (2) proposta para garantir a observância de acórdão de recurso
extraordinário com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em
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julgamento de recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas
as instâncias ordinárias.
 A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso interposto contra a decisão proferida
pelo órgão reclamado não prejudica a reclamação.
 Ao despachar a reclamação, o relator: (1) requisitará informações da autoridade a
quem for imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no prazo de 10 (dez)
dias; (2) - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou do ato impugnado para
evitar dano irreparável;(3) determinará a citação do beneficiário da decisão
impugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar a sua contestação.
 Julgando procedente a reclamação, o tribunal cassará a decisão exorbitante de seu
julgado ou determinará medida adequada à solução da controvérsia.
 O presidente do tribunal determinará o imediato cumprimento da decisão, lavrando-
se o acórdão posteriormente.

Ação Rescisória A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do


juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou,
ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou
venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência
ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar
pronunciamento favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos.

 Há erro de fato quando a decisão rescindenda admitir fato inexistente ou quando


considerar inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo indispensável, em ambos os
casos, que o fato não represente ponto controvertido sobre o qual o juiz deveria ter se
pronunciado.
 Nas hipóteses previstas nos incisos do caput , será rescindível a decisão transitada em
julgado que, embora não seja de mérito, impeça: I - nova propositura da demanda; ou
II - admissibilidade do recurso correspondente.
 A ação rescisória pode ter por objeto apenas 1 (um) capítulo da decisão.
 Os atos de disposição de direitos, praticados pelas partes ou por outros participantes
do processo e homologados pelo juízo, bem como os atos homologatórios praticados
no curso da execução, estão sujeitos à anulação, nos termos da lei.
 Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V (violar norma jurídica)
do caput deste artigo, contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão
proferido em julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência
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de distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que lhe deu
fundamento.
 Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese de violar norma jurídica, caberá ao
autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de situação
particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não examinada, a
impor outra solução jurídica.
 Legitimidade para propor AR: (1) quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título
universal ou singular; (2) o terceiro juridicamente interessado; (3) o Ministério Público:
a) se não foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando
a decisão rescindenda é o efeito de simulação ou de colusão das partes, a fim de
fraudar a lei; c) em outros casos em que se imponha sua atuação; e (4) aquele que não
foi ouvido no processo em que lhe era obrigatória a intervenção.
 A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do art. 319 ,
devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento
do processo; II - depositar a importância de cinco por cento sobre o valor da causa, que
se converterá em multa caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada
inadmissível ou improcedente.
 Não se aplica o disposto no inciso II(depósito de 5%) à União, aos Estados, ao Distrito
Federal, aos Municípios, às suas respectivas autarquias e fundações de direito público,
ao Ministério Público, à Defensoria Pública e aos que tenham obtido o benefício de
gratuidade da justiça.
 O depósito não será superior a 1.000 (mil) salários-mínimos. Além dos casos previstos
no art. 330 , a petição inicial será indeferida quando não efetuado o depósito.
 A propositura da ação rescisória não impede o cumprimento da decisão rescindenda,
ressalvada a concessão de tutela provisória.
 O relator ordenará a citação do réu, designando-lhe prazo nunca inferior a 15 (quinze)
dias nem superior a 30 (trinta) dias para, querendo, apresentar resposta, ao fim do
qual, com ou sem contestação, observar-se-á, no que couber, o procedimento comum.
 A escolha de relator recairá, sempre que possível, em juiz que não haja participado do
julgamento rescindendo.
 Se os fatos alegados pelas partes dependerem de prova, o relator poderá delegar a
competência ao órgão que proferiu a decisão rescindenda, fixando prazo de 1 (um) a
3 (três) meses para a devolução dos autos.
 Concluída a instrução, será aberta vista ao autor e ao réu para razões finais,
sucessivamente, pelo prazo de 10 (dez) dias. Em seguida, os autos serão conclusos ao
relator, procedendo-se ao julgamento pelo órgão competente.
 Julgando procedente o pedido, o tribunal rescindirá a decisão, proferirá, se for o caso,
novo julgamento e determinará a restituição do depósito a que se refere o inciso II do
art. 968 . Considerando, por unanimidade, inadmissível ou improcedente o pedido, o
tribunal determinará a reversão, em favor do réu, da importância do depósito, sem
prejuízo do disposto no § 2º do art. 82 .
 O direito à rescisão se extingue em 2 (dois) anos contados do trânsito em julgado da
última decisão proferida no processo.
 Se fundada a ação no inciso VII do art. 966 (prova nova) , o termo inicial do prazo será
a data de descoberta da prova nova, observado o prazo máximo de 5 (cinco) anos,
contado do trânsito em julgado da última decisão proferida no processo.
 Nas hipóteses de simulação ou de colusão das partes, o prazo começa a contar, para o
terceiro prejudicado e para o Ministério Público, que não interveio no processo, a partir
do momento em que têm ciência da simulação ou da colusão.

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Incidente de Assunção de Incidente de Arguição de Incidente de Resolução
Competência Inconstitucionalidade de Demandas
Repetitivas
O que é É uma mudança de É o meio pelo qual os É o meio de ser resolver
competência devido à tribunais fazem o controle a litigiosidade de massa
existência de uma relevante difuso de em âmbito local (pode
questão de direito de constitucionalidade. ser eventualmente em
repercussão social -> órgão âmbito nacional).
hierarquicamente superior
vai julgar o processo
Finalidade Evitar discussão Julgar a Garantir a isonomia e a
jurisprudencial dentro do (in)constitucionalidade de segurança.
próprio tribunal, fixando-se uma lei.
teses.
Processos em que Recurso, remessa necessária -X- -X-
pode ser instaurado ou processo de competência
originária
Órgão Julgador Aquele com competência Plenário ou órgãos especial STJ entende que pode
para uniformizar a
(regimento interno vai decidir julgar
jurisprudência no âmbito do isso) -> regra de reserva de
tribunal. Ex: órgão especial ( o
plenário STF monocraticamente
regimento interno vai definir entendeu que apenas
isso) os TJs e TRFs podem
julgar
Pressupostos de Deve haver uma relevante Verificação de que há uma lei - Existência de efetiva
Admissibilidade questão de direito, grande possivelmente repetição de processos
repercussão social e não pode inconstitucional. - Demandas devem
ser uma questão repetitiva versar sobre questões
predominantemente de
direito
- deve haver, pelo
menos, uma causa
pendente de
julgamento no tribunal
- Não pode haver REsp
afetado ou RE que verse
sobre a mesma questão

Quem pode Partes, MP, Defensoria, Partes ou Magistrado de Juízo de 1º grau, partes,
instaurar relator de ofício e eventual ofício MP, Defensoria e partes
interveniente de outros processos
cuja matéria seria
afetada por eventual
IRDR
Endereçamento do Relator do processo -X- Presidente do Tribunal
pedido
Juízo de 1º: pelo relator 1º: pelo órgão fracionário Feito pelo órgão
Admissibilidade 2º: pelo órgão colegiado 2º: pelo órgão colegiado
especial/plenário
Julgamento O órgão fixará a tese e julgará - órgão especial/plenário Órgão fixará a tese e
o caso concreto aplicando a julga a julgará o caso concreto
tese (in)constitucionalidade da lei aplicando a tese.

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- órgão fracionário aplica o
julgado ao caso concreto (não
pode julgar a
(in)constitucionalidade.
Suspensão de Não pode haver uma -X- Todos os processos, no
Processos multiplicidade de processos âmbito local do
para o IAC ser instaurado, tribunal, que tratem da
mas, caso haja um ou outro mesma questão de
processo, ele deve ser direito deverão ser
suspenso suspensos (suspensão
pode ser nacional se
requerida através de
Resp e RE ao STJ e STF).
*Tutelas de urgência
não é afeta pela
suspensão.
Incidente? Não é um incidente É incidente típico, há um É um incidente típico,
propriamente dito, não há desmembramento do há um
processo apartado (processo processo/recurso em um desmembramento do
só muda de competência, procedimento autônomo. processo/recurso em
mas continua um só) um procedimento
autônomo.
Revisão da Tese Tese vai ser vinculante até Se posteriormente o STF julga O mesmo tribunal que
que o tribunal que a exarou essa mesma lei de modo exarou uma tese em
decida revisá-la contrário -> a decisão do sede de IRD pode, de
órgão especial/plenário cai. ofício ou a
requerimento das
partes, realizar a
revisão da tese.
Recursos Cabe reclamação contra - contra decisão do órgão - Cabe reclamação
decisão que não seguir a tese especial/plenário: apenas contra decisão que não
fixada cabe ED e reclamação. seguir a tese fixada.
- contra decisão do órgão - contra decisão que
fracionário: RO ou RE inadmite o IRDR cabe
apenas ED.
- contra decisão que
aplica a tese ao caso
concreto cabe REsp e RE
(efeito suspensivo open
legis e repercussão
geral presumida)
Contraditório e Deverão ser ouvidas as partes e os demais interessados, inclusive pessoas, órgãos e
oitiva de terceiros entidades com interesse na controvérsia – quanto maior a participação popular,
melhor!
Decisões Todos os incidentes gerarão teses vinculantes que deverão ser observadas por todos os
Vinculantes órgãos do tribunal.

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