Retratos Da Psicologia
Retratos Da Psicologia
Retratos Da Psicologia
F E L I P E M AC I E L D O S S A N TO S S O U Z A
O RGA N I Z A D O R E S
Recurso digital.
Formato: e-book
Acesso em www.editorabagai.com.br
ISBN: 978-65-5368-172-9
https://doi.org/10.37008/978-65-5368-172-9.02.01.23
R
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Denise de Matos Manoel Souza
Felipe Maciel dos Santos Souza
Organizadores
RETRATOS DA PSICOLOGIA
Práticas e Saberes no Brasil
1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Bagai.
O conteúdo de cada capítulo é de inteira e exclusiva responsabilidade do(s) seu(s) respectivo(s) autor(es). As normas
ortográficas, questões gramaticais, sistema de citações e referencial bibliográfico são prerrogativas de cada autor(es).
Revisão Os autores
SOBRE OS ORGANIZADORES......................................................... 88
ÍNDICE REMISSIVO............................................................................. 89
APRESENTAÇÃO
11
psiquiátrica idealizou novos dispositivos de cuidado que fossem diversi-
ficados, abertos e de natureza territorial.
Nesse contexto, a criação das políticas públicas parte do modo
psicossocial de cuidado, compreendendo que o fenômeno saúde/doença
possui uma dimensão sociocultural indissociável do processo de sofrimento
psíquico, tendo como temas centrais a articulação em rede, a territoriali-
dade e a acolhida (SCHNEIDER, 2015). Um importante marcador da
composição da rede de atenção à saúde mental foi a criação dos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS), que possuíam papel estratégico de assistência
direta à população, regulação e assessoria da rede de serviços de saúde,
fazendo retaguarda aos Agentes de Saúde, e articulação com recursos de
outras redes (jurídica, educacional, entre outras) (BRASIL, 2004).
A partir do papel estratégico que o CAPS desempenhava na rede de
saúde mental e diante da necessidade de que esta estivesse articulada com
outras instituições para garantir sua efetividade, Schneider (2015) aponta
o surgimento da necessidade de cuidado integral do sujeito pelo Sistema
de Saúde, o que exigiu a integração dessa rede de saúde mental ao Sistema
Único de Saúde. Nesse sentido, iniciaram-se ações de inserção desta na
Atenção Básica e na Estratégia de Saúde da Família, incluindo em 2003
o apoio matricial das equipes de Saúde Mental à Atenção Básica, com o
objetivo de compartilhar saberes entre os profissionais para um cuidado
de saúde integral. Já em 2008, houve a criação dos Núcleos de Apoio à
Saúde da Família (NASF), contribuindo para a descentralização da rede
de saúde mental e, por fim, a integração da rede de saúde com a saúde
mental, resultando na criação da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) a
partir da Portaria nº 3.088 de 2011. A partir disso, observa-se o desenho
de uma rede interligada e horizontal com diferentes pontos de atenção,
que se conecta também à Rede de Atenção em Saúde.
A RAPS, portanto, prevê a criação, a ampliação e a articulação
de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento, transtorno
mental e necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas no
âmbito do SUS. Entre seus objetivos gerais, destaca-se a ampliação do
12
acesso à atenção psicossocial, a vinculação da população aos pontos de
atenção e a integração desses pontos no território, com cuidado a par-
tir do acolhimento, acompanhamento contínuo e atenção às urgências
(BRASIL, 2014). Ela é composta da Atenção Básica em Saúde, Atenção
Psicossocial Estratégica, Atenção de Urgência e Emergência, Atenção
Residencial de Caráter Transitório, Atenção Hospitalar, Estratégias de
Desinstitucionalização e Estratégias de Reabilitação Psicossocial.
No âmbito da Atenção Psicossocial Estratégica, os Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS) possuem equipe multiprofissional que
atua de maneira interdisciplinar e realiza o atendimento de pessoas com
sofrimento psíquico ou transtornos mentais graves e persistentes, atuando
de maneira territorial e configurando-se como um serviço de porta aberta,
capaz de receber a demanda espontânea da população que busca o serviço
(BRASIL, 2014). Existem diversas modalidades que diferem de acordo
com a população do território e o público a que se destinam: CAPS I (entre
20 mil e 70 mil habitantes), CAPS II (entre 70 mil e 200 mil habitantes),
CAPS III (acima de 200 mil habitantes, com funcionamento 24 horas,
CAPSad (acima de 100 mil habitantes, para transtornos decorrentes
do álcool e drogas e CAPSi (acima de 200 mil habitantes, destinado a
crianças e adolescentes) (BRASIL, 2004).
O CAPS caracteriza-se como um modelo substitutivo às interna-
ções hospitalares, que busca atender a população do território a partir do
acompanhamento clínico e da reinserção social dos usuários a partir do
lazer, direitos civis e fortalecimento de vínculos comunitários. O aten-
dimento nesse dispositivo é feito a partir de encaminhamento de outros
serviços ou a partir da demanda espontânea. Ao chegar no CAPS, o
indivíduo é acolhido por um profissional da equipe. O acolhimento tem
o objetivo de compreender a situação atual desse indivíduo e estabelecer
um vínculo terapêutico com os profissionais, a fim de dar continuidade
ao acompanhamento (BRASIL, 2004).
O acolhimento é uma das diretrizes da Política Nacional de Huma-
nização do SUS, constituindo-se como uma ferramenta de escuta, cons-
13
trução de vínculo e garantia de acesso aos serviços, pautado na respon-
sabilização e resolutividade. Ele se constitui no encontro com o outro
e implica em um compartilhamento de saberes e angústias, no qual o
profissional toma a responsabilidade de escutar a queixa, avaliar os riscos
e acolher a avaliação do próprio usuário. Na medida em que implica em
responsabilidade, o acolhimento não é pontual, mas se estende para outros
processos do serviço (NEVES; ROLLO, 2006).
No contexto infanto juvenil, a preferência é de que crianças e ado-
lescentes sejam atendidos nos serviços específicos a esse público quando
existentes na região. Desse modo, o acolhimento das necessidades e as
intervenções deve considerá-los como sujeitos de direitos em sua singu-
laridade, reconhecendo a voz e a escuta de cada um. Em casos em que a
demanda acolhida não possa ser acompanhada pelo serviço em questão,
faz-se necessário o encaminhamento para o serviço da rede mais adequado
à situação, de maneira implicada e responsável, permanecendo com o
acompanhamento até a inclusão no outro serviço (BRASIL, 2014).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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18
LUTO INFANTIL E SUAS CONSEQUÊNCIAS
PSICOLÓGICAS
INTRODUÇÃO
O PROCESSO DE LUTO
MATERIAIS E MÉTODOS
21
A pesquisa foi realizada de agosto a novembro de 2022, partindo da
pergunta-problema do trabalho foram realizadas as buscas nas plataformas
de bibliotecas virtuais e em livros, utilizando os termos e/ou descritores
“luto”, “infância”, “genitores”,” luto infantil”, combinados com operadores
booleanos. Após a identificação desses materiais, foi feita a leitura dos resu-
mos, no caso de artigos, e do sumário, no caso de livros, essa leitura foi reali-
zada para verificar se os materiais eram pertinentes aos objetivos da pesquisa.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
22
A clínica do luto e seus critérios diagnós-
MICHEL; FREITAS 2019
ticos: Possíveis contribuições de Tatossian
Terapia Cognitivo-Comportamental
e suas contribuições para a abordagem SANTOS; SOARES 2022
do luto infantil
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2022.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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30
SER ADOLESCENTE E LGBT+: TENSÕES
FRENTE AO DESENVOLVIMENTO NÃO
HETERONORMATIVO
INTRODUÇÃO
5
Discente em Psicologia (UniFatecie). CV: http://lattes.cnpq.br/3293609826600242
6
Mestrando em Psicologia (UEM). Docente e supervisor de estágios curriculares no curso de graduação
em Psicologia (UNIFATECIE). CV: http://lattes.cnpq.br/2661321527310427
31
Nesta trilha, como objetivo geral, o presente trabalho tem o
intuito de elucidar de quais maneiras a adolescência de pessoas LGBT+
é diferente da de pessoas heterossexuais. Dentre os objetivos específicos,
podemos citar: delimitar quais são os aspectos que fazem com que a
experiência da adolescência em pessoas não heterossexuais apresente
particularidades e realizar um levantamento bibliográfico acerca do
tema adolescência e pessoas LGBT+.
No presente trabalho será utilizada a abordagem de pesquisa
social, que pode ser definida por Gil (2008) como um processo que
possibilita a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade
social, através da metodologia científica. O método de investiga-
ção empregado neste trabalho é a pesquisa qualitativa, que segundo
Minayo, Deslandes e Gomes (2007) pode ser utilizado nas ciências
sociais, buscando dados que não pode (ou não deve) ser colocada em
números. Logo, isso faz com que seja trabalhado apenas com signi-
ficados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes. Para a coleta
de dados, utilizaremos a pesquisa bibliográfica, que para Gil (2008)
pode ser definida como pesquisa de material já produzido, constituída
majoritariamente de livros e artigos científicos.
ADOLESCÊNCIA E DESENVOLVIMENTO
32
A criança que agora é um adolescente tende a entrar em uma
nova esfera: a esfera do adulto e, com isso, podem surgir proble-
mas para se adaptar a essa fase, sendo um deles a confusão (ABE-
RASTURY e KNOBEL, 1981). Os adultos à sua volta (especial-
mente os pais) também podem ter conflitos para lidarem com esse
estágio de vida da pessoa que até então consideravam como uma
criança (ABERASTURY e KNOBEL, 1981).
Os estudos de Aberastury e Knobel (1981) mostram que a agres-
sividade do adolescente com sua família, em especial seus cuidadores,
e a sociedade a sua volta, vem em forma de descrença, já que ele tem
o pensamento de que os adultos que o rodeiam não irão entendê-lo.
O adolescente não aceita ser chamado de “criança” ou ser cuidado/
mantido como uma, já que ele reconhece isso como algo desrespei-
toso (ABERASTURY e KNOBEL, 1981).
Uma característica importante desta fase é a dualidade de ser
dependente de seus cuidadores e ao mesmo tempo querer ser inde-
pendente, que será solucionada quando o adolescente aprender a lidar
com isso de forma que ele reconheça a dependência e ache formas
de ser independente (ABERASTURY e KNOBEL, 1981). Para os
autores, não é incomum que os cuidadores acabem utilizando como
vantagem o fato de que os adolescentes dependem financeiramente
deles, o que gera um efeito contrário do planejado.
Na adolescência se inicia a menstruação para as meninas e o
sêmen para os meninos (ABERASTURY e KNOBEL, 1981; PAPA-
LIA, FELDMAN e MARTORELL, 2013). Agora, os principais
órgãos que têm relação com a procriação crescem e tornam-se maduros
(PAPALIA, FELDMAN e MARTORELL, 2013). É nessa fase da
vida que o indivíduo pode se descobrir como homossexual, bissexual ou
heterossexual e experienciar suas primeiras relações sexuais, geralmente
entre 15 e 17 anos, sendo esse processo imprescindível para a construção
sexual do indivíduo (PAPALIA, FELDMAN e MARTORELL, 2013).
33
LGBTFOBIA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
34
zada em nossa sociedade (SOUZA, PÁTARO e MEZZOMO,
2022; SIMÕES e FACCHINI, 2009).
Apesar de inicialmente ter sido utilizado apenas para discri-
minação contra homossexuais, o termo “homofobia” passou a ser
designado para preconceito com outras pessoas LGBT+’s (BOR-
RILLO, 2010). Hoje, no entanto, ampliamos e acrescentamos outros
termos a fim de abordar especificamente atitudes de discrimina-
ção e fobia à outras pessoas não heterossexuais, como por exemplo:
lesbofobia, transfobia, bifobia.
Homossexuais que performam um papel de gênero que diverge
do que foi imposto pela sociedade (isto é, homens “afeminados” e
mulheres “masculinizadas”) sofrem um tipo específico de preconceito,
denominado de afeminofobia, segundo a pesquisa de Silva, Pereira e
Pontes (2021). Segundo a pesquisa, afeminofobia é a fobia e/ou aversão
contra o indivíduo que desvia de seu papel de gênero; aqui discutido
mais sobre o homem gay afeminado.
O trabalho de Silva, Pereira e Pontes (2021) mostra que a afe-
minofobia é um tipo de preconceito, que inclusive frequentemente
é reproduzido por outros LGBT+’s com base na heteronormativi-
dade de nossa sociedade, ou seja, o homem deve comportar-se como
“homem” (mesmo que seja homossexual). Dentro da comunidade,
um dos motivos que fortalecem isso é o medo de ser exposto como
LGBT+ e também de não se encaixar na heteronormatividade da
sociedade em que vivemos (SILVA, PEREIRA e PONTES, 2021).
No quesito de sexualidade, para Simões e Facchini (2009),
o Brasil é exposto tanto como um “paraíso” quanto um “inferno”,
visto que este país é ligado intensamente ao erotismo e sensualidade.
Simões e Facchini (2009) afirmam que em algum momento de sua
vida, LGBT+’s do Brasil já passaram por algum tipo de preconceito,
seja ele uma insinuação, uma ofensa verbal, agressão (ou ameaça de
agressão) entre outros. Inclusive, o Brasil lidera o ranking mundial de
35
assassinatos de LGBT+’s; segundo o Relatório do GGB - Grupo Gay
da Bahia (2022), em 2021, 276 LGBT+’s foram vítimas de homicídio.
Atualmente, independente do lugar (escolas, estádios de futebol,
programas de TV, etc.), é possível observar que ainda existem humi-
lhações, xingamentos e ofensas contra pessoas que rompam com a
heterossexualidade (SIMÕES e FACCHINI, 2009). Somando a este
pensamento, os estudos de Souza, Pátaro e Mezzomo (2022) mostram
que muitos LGBT+’s costumam se retrair em vários espaços (entre
eles: igrejas, escolas, trabalho, em casa e em lugares focados em lazer).
Podemos recorrer ao trabalho de Grigoleto Netto e Mos-
chetta (2022) que expõe a tentativa de uma ação coletiva para criar
um conselho de Direitos LGBT+ na cidade de Maringá, localizada
no Estado do Paraná. Os autores mostram que o conselho tinha
como finalidade extinguir a discriminação de pessoas que rompem
com a cisheteronormatividade.
Grigoleto Netto e Moschetta (2022) relatam que o projeto do
conselho foi arquivado após grupos religiosos e grupos que se dizem
a favor da família se manifestarem contra a criação do conselho.
Disseminaram fake news; vídeos de figuras de autoridade religiosas
falando sobre os “malefícios” para a família caso um conselho com
essa finalidade chegasse a ser criado; além de outras formas para
prejudicar a realização do projeto.
Com tanta violência e preconceito, existem grandes chances dessa
parte da população desenvolver uma homofobia internalizada devido
às situações de LGBTfobia que passaram durante sua vida (SOUZA,
PÁTARO e MEZZOMO, 2022). Mesmo com o preconceito ainda
presente nos tempos atuais, Simões e Facchini (2009) afirmam que é
menos angustiante ser LGBT+ atualmente do que no passado; já que
atualmente é possível ser LGBT+ (e expressar isso) mesmo que ainda
existam tensões, porém agora mais baixas do que em tempos passados.
36
INTERSECÇÃO ENTRE ADOLESCÊNCIA E
LGBTFOBIA
37
O decurso de revelar a identidade sexual e/ou de gênero para a
família é singular para cada indivíduo, pois é um processo difícil para
a família e para o indivíduo (SOUZA, PÁTARO e MEZZOMO,
2022). Os autores mostram que algumas famílias acreditam que
isso é uma forma de desonestidade com relação a cultura da famí-
lia, incluindo a sua religião.
Agregando ao pensamento dos autores Souza, Pátaro e Mez-
zomo (2022) e Tagliamento, et al. (2021), ao revelar a sua orientação
sexual e/ou identidade de gênero para sua família, (que pode ser sua
principal rede de apoio), o indivíduo entrará em uma nova esfera, que
pode ser de acolhimento ou de desprezo. Como a família irá lidar
com essa notícia influenciará na vida e na saúde mental do indivíduo.
Indivíduos têm receio em revelar sua identidade sexual para per-
manecerem em harmonia com sua família e religião, e por isso acabam
escondendo sua sexualidade (SOUZA, PÁTARO e MEZZOMO,
2022). Além disso, nesse processo, o indivíduo se invalida e é invalidado
pelas pessoas a sua volta (SOUZA, PÁTARO e MEZZOMO, 2022).
Caso o indivíduo mantenha sua identidade sexual visível, é pos-
sível que ele seja alvo de LGBTfobia dentro de sua esfera familiar, que
em casos mais extremos chegam a rejeitá-los e expulsá-los de casa por
não se encaixar no modelo cisheteronormativo (SOUZA, PÁTARO e
MEZZOMO, 2022). Segundo Souza, Pátaro e Mezzomo (2022, p. 37):
Há casos em que a família, por meio da violência psi-
cológica, faz a tentativa de que o indivíduo se ade-
que à norma sexual hegemônica, o que resulta em
grande sofrimento psíquico e consequências emocio-
nais, principalmente pela dificuldade em se fazer um
enfrentamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
40
A LGBTfobia é capaz de levar os cuidadores a mudarem a
postura e carinho que tem por seus filhos, fazendo com que o mesmo
não consiga se sentir feliz com sua sexualidade. O resultado disso,
como foi apontado anteriormente, é pessoas LGBT+’s terem medo de
sua própria sexualidade, deixando como algo a ser resolvido somente
tempos depois, como na fase adulta, por exemplo.
Atualmente, ainda é possível constatar que muitas religiões não
aceitam que seus seguidores sejam LGBT+’s. Levando isso em consi-
deração, o adolescente que não se encaixa no modelo heteronormativo
corre o risco de ser rejeitado por outros membros de sua religião, gerando
um sentimento de não pertencimento do indivíduo neste ambiente.
Na escola, assim como em outros lugares, não é ensinado (ou não
é ensinado corretamente) sobre esse assunto, deixando espaço para o
senso comum espalhar informações incorretas a respeito de LGBT+’s
e suas particularidades. Inclusive, a escola pode ser um lugar perigoso
ao LGBT+, já que o bullying homofóbico ainda é muito presente nas
instituições de ensino. Além disso, é comum que o profissional da
educação não saiba lidar corretamente com essas situações, em alguns
casos, agravando ainda mais a situação.
Como foi exemplificado anteriormente por Pabllo Vittar, a
LGBTfobia pode acontecer como reação até pela forma como o
indivíduo se comporta, independentemente de estar tendo algum tipo
de contato sexual com outra pessoa no momento em que acontece.
Não importando se o indivíduo está em uma escola, em uma festa,
em casa ou em um templo religioso.
Uma forma de tentar mudar essa realidade é a oferta de aulas
de educação sexual no ensino médio, para que os adolescentes se
conscientizem de que pessoas LGBT+’s não são uma anormalidade e;
aprendam a respeitar e apoiar as todas as diferentes formas de mani-
festação de sexualidade e/ou identidade de gênero. Além disso, que
os próprios LGBT+’s aprendam com a ciência sobre sua sexualidade/
41
identidade de gênero, que ela não é qualquer tipo de desordem mental,
diferente do que o senso comum transmite a eles.
Apesar de não resolver o problema de todos os LGBT+’s (adoles-
centes ou não), medidas como essa podem ser importantes para definir
o futuro das próximas gerações, já que com o devido conhecimento,
as pessoas estarão mais propensas a entender as diferentes formas de
manifestação da sexualidade do ser humano; e, com isso, passarão a
respeitar mais essas diferenças, diminuindo a LGBTfobia; e, consequen-
temente, a homofobia internalizada dos indivíduos e a afeminofobia.
A psicoterapia afirmativa também pode ser uma poderosa aliada
no processo para diminuir a homofobia internalizada e a afeminofobia
sofrida por parte de indivíduos LGBT+, já que ambas são frutos de
uma sociedade extremamente preconceituosa. Entendemos que, com a
devida intervenção, LGBT+’s podem desenvolver uma boa autoestima
e exaurir o preconceito com si mesmo e com outros LGBT+’s que
destoam de seu papel de gênero imposto pela sociedade.
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44
ATENDIMENTO PSICOLÓGICO ON-
LINE: DESAFIOS ATUAIS DA PSICOLOGIA
BRASILEIRA
INTRODUÇÃO
7
Doutoranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (USP).
CV: http://lattes.cnpq.br/9180470134430642
8
Doutorando em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano (USP).
CV: http://lattes.cnpq.br/3314456502798241
9
Mestrando em Psicologia Clínica (USP). CV: http://lattes.cnpq.br/3799150119834572
45
Atendimento psicológico on-line é um termo que possui inú-
meros outros conceitos relacionados, como teleatendimento, teleco-
municação, entre outros. No entanto, o que se trata neste trabalho
como atendimento psicológico on-line é o preconizado pela Resolução
CFP 11/2018. Segundo essa resolução que regulamenta a presta-
ção de serviços psicológicos por meio de Tecnologia de Informação
e Comunicação (TICs), são autorizados quatro serviços psicoló-
gicos por meio da TICs, a saber:
Art. 2º - São autorizadas a prestação dos seguintes
serviços psicológicos realizados por meios tecnológicos
da informação e comunicação, desde que não firam as
disposições do Código de Ética Profissional da psicó-
loga e do psicólogo a esta Resolução:
I. As consultas e/ou atendimentos psicológicos de dife-
rentes tipos de maneira síncrona ou assíncrona;
II. Os processos de Seleção de Pessoal;
III. Utilização de instrumentos psicológicos devida-
mente regulamentados por resolução pertinente, sendo
que os testes psicológicos devem ter parecer favorável
do Sistema de Avaliação de Instrumentos Psicológicos
(SATEPSI), com padronização e normatização espe-
cífica para tal finalidade;
IV. A supervisão técnica dos serviços prestados por
psicólogas(os) nos mais diversos contextos de atuação.
(CONSELHO FEDERAL DE PSICOLO-
GIA, 11/2018).
DOMÍNIO ÉTICO
DOMÍNIO TECNOLÓGICO
DOMÍNIO CLÍNICO
51
O profissional deve ainda avaliar os hábitos e motivações do
cliente para o atendimento on-line e uso das tecnologias, pois clientes
que possuem dependência das tecnologias ou um controle exagerado
podem ser prejudicados em atendimentos nessa modalidade.
Outro ponto importante deste domínio é o setting terapêutico,
uma vez que no atendimento on-line o espaço é dividido entre pro-
fissional e cliente. Dessa forma, o que há é o setting ampliado, em que
o cliente é corresponsável pelo ambiente terapêutico, devendo ambos
promover um espaço propício para os atendimentos de forma aco-
lhedora, segura, de confiança e particular. Algumas estratégias devem
ser tomadas para garantir tais características, como o uso de fones de
ouvido, iluminação satisfatória, redução de ruídos externos, a forma
da escrita, entre outros (MELO et al., 2020).
O vínculo terapêutico ou relação terapêutica é outro fator essen-
cial do domínio clínico, uma vez que existe a preocupação que estes
aspectos não sejam tão promovidos na modalidade on-line em com-
paração com a modalidade presencial ou face a face.
Com o atendimento on-line assíncrono é ainda mais questio-
nado a relação terapêutica, principalmente para atendimentos que são
totalmente assíncronos. Já que este tipo de atendimento não inclui
interações simultâneas. No entanto, as pesquisas de Pieta (2014) e
Prado e Meyer (2006), apontaram que atendimentos assíncronos são
formados e se mantém com características semelhantes as demais
modalidades, sendo possível sim, estabelecer um clima produtivo entre
terapeutas e clientes. As pesquisadoras ainda confirmam que a relação
terapêutica é central para a psicoterapia e possibilitada via internet, o
que indica que é possível existir psicoterapia on-line.
O profissional precisa avaliar os riscos que o ambiente on-line
pode oferecer aos usuários, como dependência tecnológica, anonimato
perante a vida, isolamento decorrente de fobias, quadro depressivos,
violências de diferentes tipos, como violência doméstica, psicológica,
física, entre outros. Esses riscos devem ser analisados em todos os
52
atendimentos e não somente nas primeiras consultas. Identificadas
situações de risco, as mesmas devem ser apresentadas ao cliente e
planejadas ações de enfrentamento (ANTÚNEZ; SILVA, 2020).
DOMÍNIO CULTURAL
53
EXPERIÊNCIAS NO ATENDIMENTO PSICOLÓGICO
ON-LINE
55
ção, como são os casos de pessoas tímidas que preferem interagir de
forma digital a presencialmente.
Dessa forma, assegurando que o enquadre terapêutico perma-
nece o mesmo do acompanhamento presencial no que diz respeito ao
cuidado, ética, sigilo, duração das sessões e confirmação dos horários,
tudo isso auxilia na construção de um ambiente virtual acolhedor e
seguro para aqueles que estão se abrindo para esse processo. Essas são
questões que precisam ficar claras, a fim de que o usuário entenda a
preservação da sua história de vida.
Vale ressaltar que cada caso é específico, a avaliação da per-
manência no atendimento on-line vai depender muito das queixas
principais trazidas durante o atendimento, bem como do histórico da
pessoa. Esse fator pode ser apontado como um limite do atendimento
on-line, tendo em vista que existem casos nos quais exigem realmente
o contato presencial, pois o próprio fator do usuário sair de casa, pode
ajudá-lo na melhora da demanda verbalizada. Ou seja, uma pessoa
que se encontra sozinha, isolada e sem uma rede de apoio estabe-
lecida, pode sentir-se melhor pelo simples fato de ter um encontro
presencial com o seu terapeuta.
Assim, a experiência do profissional e o olhar cuidadoso contam
muito para dar o direcionamento necessário. Sempre que possível é
importante alternar entre o atendimento on-line e presencial, isso
ajuda o terapeuta a ter parâmetros entre os atendimentos. E ajuda a
pessoa a perceber de forma concreta o seu processo.
Os resultados no formato on-line são tão satisfatórios quanto
no presencial, isto é comprovado por diversas pesquisas recentes
(SIEGMUND; LISBOA, 2015; RIBEIRO; COSTA; ESPÍN-
DULA, 2020; ALMEIDA et al., 2020; DA SILVA, 2022; TORRES
et al., 2022) e também pela atuação prática experienciada na clínica
privada e em serviços públicos.
Com a pandemia os usuários que realizavam psicoterapia pre-
sencialmente foram convidados a ingressarem na modalidade on-line,
56
após a retomada das atividades presenciais quase todos os usuários
optaram por continuar com atendimento on-line, por todas as vantagens
já apresentadas. Este é um indicador da funcionalidade e eficiência
do atendimento psicológico on-line.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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58
“NO PRINCÍPIO, ERA O VERBO (...)”: A
PRODUÇÃO BRASILEIRA SOBRE ANÁLISE
DO COMPORTAMENTO E RELIGIÃO
11
Doutorado em Psicologia (PUC-SP). Professor permanente do Programa de Pós-graduação em
Psicologia (PPgPsi – UFGD). CV: http://lattes.cnpq.br/5514957741890083
59
portamento”. Tal definição parece enfatizar mais as suas funções do
que o seu significado, o que não deixa de ser uma forma de defini-la.
Conforme Todorov (2019, p.10-12), a Análise do Comporta-
mento “não é uma área da Psicologia, mas uma maneira de estudar
o objeto da Psicologia”, e ainda que a mesma “não se limita à análise
experimental do comportamento”, mas se desenvolveu “como uma
linguagem da psicologia, aperfeiçoou métodos de estudo para questões
tradicionais da psicologia, abriu novos campos de pesquisa e gerou
tecnologias em uso por toda parte”.
Enquanto área que privilegia as interações comportamento-
-ambiente, pode-se observar através de fatos históricos, o desenvol-
vimento da Análise do Comportamento enquanto ciência, que tem
seus princípios, métodos e instrumentos. Nessa perspectiva, pode-se
compreender a mesma como sendo uma abordagem da Psicologia,
e, ao mesmo tempo, como uma ciência distinta, isto é, uma forma
peculiar e única de se abordar o comportamento.
A forma como behavioristas radicais lidam com as questões
religiosas e com suas crenças a respeito, foi objeto de uma pesquisa
realizada por Souza (2004) com 30 participantes, sendo estes, pro-
fessores, mestrandos, doutorandos, mestres e doutores em Análise
do Comportamento na cidade de Brasília – DF. O estudo traz, entre
outros achados, o dado de que, ainda que no campo teórico as diferenças
entre esses distintos saberes sejam grandes, a maioria dos participantes
relatou que consegue conciliar a religião com a filosofia behaviorista na
prática. Assim, os behavioristas entrevistados na pesquisa, constituem,
segundo Souza (2004, p. 41) “indivíduos que acreditam em um Deus
ou em uma força superior transcendental por contingências de reforço
ou punição, ao mesmo tempo em que, racionalmente, concordam e
defendem os pressupostos do Behaviorismo Radical”.
O trabalho de Souza (2004) deixa um caminho aberto para
ampliação da pesquisa no sentido de averiguar para além das crenças
dos behavioristas a respeito da religião e sua influência, quais seriam
60
os preditores comportamentais específicos que no fazer cotidiano
destes se fazem presentes, observáveis e que podem ser mensuráveis
de forma mais objetiva possível.
Duque, Socci e Corrêa (2017), ao desenvolverem um levanta-
mento sobre o comportamento religioso, apontam que dentre os 86
trabalhos encontrados nas bases de dados SciELO, PePSIC, LILACS e
ABPMC sobre a temática, entre os anos de 1996 e 2016, apenas 5 resul-
tados tinham enfoque behaviorista, o que demonstrou, segundo eles,
um atraso da Análise do Comportamento no tratamento desse assunto.
Dando continuidade na análise dessa temática envolvendo Aná-
lise do Comportamento e comportamento religioso, Duque, Socci
e Raggi (2018), realizaram uma pesquisa de levantamento com 137
participantes, os quais utilizavam de referenciais teóricos behavioris-
tas e se denominavam Analistas do Comportamento. O objetivo da
pesquisa foi, segundo os mesmos, “investigar a importância atribuída
por Analistas do Comportamento ao Comportamento Religioso”
(p. 1). O dado interessante extraído pela pesquisa foi de que em um
universo de 137 participantes, apesar de apenas 10 declararem total
desinteresse pelo tema, do restante apenas 5 desenvolviam estudos a
respeito. Nesse sentido, Duque, Socci e Raggi (2018, p. 3) concluem
que “o diminuto número de publicações nacionais está diretamente
relacionado, não por não considerar importante, mas sim pelo empe-
nho ao desenvolvimento de outras tecnologias nesta ceara teórica”.
Deve-se salientar, a respeito do trabalho de Duque, Socci e
Raggi (2018), que em termos de considerações finais, um dado a ser
pontuado nessa análise, é sobre a necessidade de ser levada em con-
sideração a qualificação na área de estudos da religião, o que pode vir
a constituir uma possível lacuna no repertório comportamental dos
entrevistados, conduzindo assim a um interesse não-ativo no sentido
de desenvolver novos estudos sobre o tema.
Considerando a religião como elemento do desenvolvimento
humano (BERNADI; CASTILHO, 2016), com esta pesquisa preten-
61
de-se discutir, a partir da perspectiva da Análise do Comportamento,
o comportamento religioso. Assim, busca-se analisar, pesquisas em
Análise do Comportamento que abordem o comportamento religioso
no Brasil, de modo a caracterizar a produção nacional sobre o tema.
PERCUSOS METODOLÓGICOS
DOCUMENTOS
Tendo em vista que tudo pode ser documento, desde que seja
assumido como tal, uma vez os documentos não existem como tais antes
que a curiosidade do pesquisador intervenha (PROST, 2008), para fins
desta pesquisa, foram utilizados, como documentos: (1) Dissertações e
teses de Análise do Comportamento e (2) artigos publicados até julho
de 2022 em três periódicos nacionais de Análise do Comportamento.
FONTES
RESULTADOS E DISCUSSÃO
65
Gráfico 1: Por fonte, percentual de trabalhos que foram localizados e analisados.
Fonte: Autores.
66
Racismo religioso na escola:
ORLANDI, P. H. A.; REIS,
projeto de delineamento cul- Artigo 2022
T. S.
tural para seu enfrentamento
Relação entre Cultura
e Religião na Emissão PADILHA, F. M. G.;
d e C o m p o r t a m e n t o s FAZZANO, L. H.; GALLO, Artigo 2022
LGBTfóbicos p o r A. E.
Psicólogas(os) Clínicas(os)
Fonte: Autores.
67
Quanto às instituições dos autores, percebe-se que, entre elas,
não há instituição das regiões Norte e Nordeste do Brasil. As ins-
tituições são das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Ressalta-se
que no Brasil, há enorme heterogeneidade espacial das atividades
de pesquisa científica, onde o padrão regional da distribuição das
publicações e dos pesquisadores é altamente concentrado na região
Sudeste, com destaque às capitais dos estados (SIDONE; HAD-
DAD; MENA-CHALCO, 2016). Tal fato pode ser atribuído a três
aspectos, as regiões Sudeste e Sul são favorecidas pela concentração
de universidades e institutos de pesquisa historicamente consolidados
(SUZIGAN; ALBUQUERQUE, 2011) e pela maior disponibilidade
de recursos humanos (ALBUQUERQUE et al., 2002) e financeiros
devido a políticas implementadas por importantes agências de fomento.
Considerando os critérios de Baer, Wolf e Risley (1968) e Tou-
rinho e Sério (2010), todos os trabalhos podem ser classificados como
histórico-conceituais. Ao analisar religião e da religiosidade sob uma
perspectiva behaviorista radical, Sampaio (2016) destaca que o com-
portamento religioso tem papel central na vida de muitas pessoas. Ele
está presente em todo o mundo, atravessa toda a história humana e
sabemos que a orientação religiosa de um indivíduo ajuda a compor
o modo como vê o mundo, como vê a si mesmo, como interage com
outros, os seus valores morais e até suas decisões políticas. A despeito
disso, segundo o autor, o comportamento religioso tem sido pouco
estudado por behavioristas radicais.
A fim de investigar o papel de alguns conceitos comportamentais
em sua origem e manutenção, Sampaio (2016) apresenta um breve
panorama do estudo contemporâneo do comportamento religioso,
buscando estabelecer se o conceito de comportamento supersticioso
pode auxiliar na compreensão do comportamento religioso, qual o
papel do reforçamento social no comportamento religioso e, por fim,
se poderia haver no comportamento religioso elementos do que o
behaviorismo radical classifica como mentalismos.
68
Com o objetivo de discorrer sobre os aspectos filogenéticos e
sua possível influência sobre o surgimento do comportamento reli-
gioso, Luiz e Knaut (2017) promovem um diálogo entre a Análise do
Comportamento e a Psicologia Evolucionista. Segundo os autores, a
filogênese está intimamente ligada ao processo de aprendizagem do
comportamento religioso devido à espécie humana ter desenvolvido
um aparato biológico que permite exercer atribuições animistas sobre
o ambiente sendo, muitas vezes, reforçadas por aumentar a probabili-
dade de sobrevivência da espécie. Sendo assim, pode-se teorizar que
o comportamento religioso surgiu por meio da associação de outras
funções comportamentais ligadas à sobrevivência da espécie e não
à própria religiosidade e desenvolveu-se devido a uma capacidade
biológica da espécie do comportamento ser reforçado.
É sabido que os casos de intolerância religiosa registrados no país
ocorrem principalmente contra religiões de matriz africana, mesmo
havendo leis que criminalizem estes atos. Segundo, Orlandi e Reis
(2022), na literatura analítico-comportamental não se encontram
trabalhos que tratem de racismo religioso, tampouco das variáveis
antecedentes que controlam os comportamentos de intolerância.
Tendo em vista que intervir sobre o racismo religioso na escola
é de extrema urgência e um dever do psicólogo e especialmente do
analista do comportamento, que deve ter uma prática em prol da justiça
social, Orlandi e Reis (2022), teorizaram um projeto de intervenção
baseado na Análise Comportamental da Cultura com aplicação no
contexto escolar contra o racismo religioso, utilizando para isso o Guia
Orientador para delineamentos culturais. Na elaboração do guia, os
autores discutiram variáveis controladoras da prática cultural do racismo
religioso na escola e um projeto de intervenção foi planejado para
eliminar tal prática e instalar uma nova, incompatível com a primeira.
Por fim, a relação entre cultura e religião na emissão de compor-
tamentos LGBTfóbicos por psicólogas(os) clínicas(os) foi analisada
por Padilha, Fazzano e Gallo (2022). Neste trabalho os autores(a)
69
procuraram evidenciar a ocorrência do preconceito contra populações
LGBTQIA+ que ocorrem dentro da clínica psicológica, enfatizando o
comportamento religioso como sendo um dos principais constituintes
na manutenção dessas ocorrências.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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72
A IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA JURÍDICA
NA ADOÇÃO
INTRODUÇÃO
74
ambas as profissões para uma melhor solução dos casos que surgem
na sociedade (RAMOS; ZIELAK; TAVARES, 2015).
Sendo assim, ao nos referirmos ao surgimento da psicologia
jurídica no Brasil, observa-se que não existe uma versão única da sua
inserção no país, podendo assim, variar conforme a concepção de
cada autor. Uma destas versões traz que, sua origem no país se deu
pouco tempo depois da psicologia ser reconhecida como profissão no
país em 1962, sendo inserida tal área psicológica no final da presente
década (RODRIGUES et al, 2016).
Se por muitos séculos o(a) indivíduo(a) “louco(a)”, foi relega-
do(a) da sociedade, somente com o transcurso de muitos anos foi que
a forma como o sujeito era visto, até então, pelo sistema de justiça
brasileiro mudou, passando a vê-lo de maneira mais humana. E o
percurso histórico da psicologia jurídica em nosso país, dentro das
penitenciárias, por exemplo, é possível perceber que inicialmente estava
baseada na avalição das pessoas criminosas, de presos com doenças
mentais, marcada pela realização de laudos que na maioria dos casos,
reforçava a estigmatização, discriminação e marginalização dos(as)
sujeitos(as) avaliados(as), em nada contribuindo para uma mudança
social, estando, pois, a psicologia a serviço do sistema social excludente
e repressivo da época. Somente após a lei de execução penal em 1984,
é que esta atuação no sistema penitenciário é reconhecida legalmente
(RAMOS; ZIELAK; TAVARES, 2015).
No início do trabalho da(o) psicóloga(o) no judiciário, os psico-
diagnósticos aplicados pela mesma(o), eram vistos como uma “verdade
absoluta” sobre os(as) sujeitos(as), com precisão matemática, sendo
assim, o fazer psicológico neste setor era basicamente a realização de
exames e avaliações, fazendo com que o profissional fosse conhecido
como “testólogo” a época. Diferente pois, da contemporaneidade, na
qual a(o) psicóloga(o) tem os testes como uma das opções de trabalho,
fazendo uso de avaliações mais delimitadas (LAGO et al, 2009).
75
Dentre as áreas do direito nos quais a(o) psicóloga(o) é comu-
mente convocado a atuar, estão o direito civil, direito penal, direito
do trabalho, direito da criança e do adolescente. No direito de família
que faz parte do direito civil, o mesmo traz consigo as demandas de
separação e divórcio, que na maioria das vezes é litigioso, precisando da
intervenção da(o) psicóloga(o); como mediador(a), buscando um acordo
nos casos de litígios; regulamentação de visitas, quando dos casos de
separação de casais com filho(a)s, onde está presente muitos conflitos,
precisando pois, da avaliação da(o) psicóloga(o), que compreenderá a
dinâmica da família; a disputa de guarda, onde se fará uso da perícia
psicológica, buscando analisar qual genitor(a) tem melhor condição
para ter a guarda da criança (RAMOS; ZIELAK: TAVARES, 2015).
A(O) psicóloga(o) no judiciário pode trabalhar com adolescentes
que cometeram algum ato infracional, que se encontram protegidos
pela legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), onde
a(o) psicóloga(o) terá como objetivo, que estes(as) sujeitos(as) possam
superar o estado de exclusão pelo qual passam, buscando com que
possam construir valores positivos na sociedade, com o envolvimento
da família e as demais pessoas de seu convívio ( JUNG, 2014).
Segundo Lago et al (2009) podemos mencionar ainda, outros
campos de atuação da psicologia jurídica que vem demandando o
trabalho da(o) psicóloga(o), como exposto a seguir:
Vitimologia: objetiva a avaliação do comportamento
e da personalidade da vítima. Cabe a(o) psicóloga(o)
atuante nessa área traçar o perfil e compreender as
reações das vítimas perante a infração penal.
Psicologia do testemunho: as(os) psicólogas(os) podem
ser solicitados a avaliar a veracidade dos depoimentos
de testemunhas e suspeitos, de forma a colaborar com
os operadores da justiça (...) Uma área recente e rela-
cionada à psicologia do testemunho que vem ganhando
espaço é o depoimento sem dano, que objetiva proteger
psicologicamente crianças e adolescentes vítimas de
76
abusos sexuais e outras infrações penais que deixam
graves sequelas no âmbito da estrutura da personalidade
(Lago et al, p. 489, 2009).
OS SENTIMENTOS DA CRIANÇA/ADOLESCENTE
E DOS ADOTANTES FRENTE AO PROCESSO DA
ADOÇÃO
78
cesso de adoção não se concretizar, levando a frustações de ambas as
partes (OLIVEIRA; ROCHA, 2014).
Caso não se concretize a adoção, verifica-se a devolução, que se
dá quando a criança ou adolescente não responde ao esperado pelos
pais, ao que imaginavam como filha(o) ideal, acabando por trata-la(o)
como um produto passível de devolução por não suprir o desejado,
onde muitas vezes culpabilizam a criança/adolescente pelo fracasso
da adoção, desconsiderando o sofrimento gerado àquela(e) que foi
novamente devolvida(o) (BERTONCINI; CAMPIDELLI, 2018).
80
observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades do caso
(Redação dada pela Lei n° 13. 509, de 2017)” (BRASIL, p. 1, 1990).
No entanto, um aspecto negativo com relação ao estágio de
convivência é que ele acaba gerando expectativas na criança, ante uma
possível família que ela ganhará; então, quando a criança recebe a visita
acaba gerando um vínculo com os pretendentes. Quando esta adoção
não se concretiza fica na criança a frustação pelos pais que não ganhou.
Durante o período do estágio de convivência a criança poderá
apresentar comportamentos diferentes do esperado para sua idade, que
comumente ela não tem, como enurese noturna, gestos de birra como
forma de testar o casal, fala infantilizada, não querer receber visita, ter
atos de agressividade. Com a presença de um acompanhamento psico-
lógico durante este processo possibilitará ao casal compreender que tais
atitudes da criança são comuns em situações de adoção, e também, como
poderão resolver da melhor forma tal problemática (SILVA, 2016).
Quando a escolha pela adoção decorre em razão do casal não
poder gerar filhos, cabe investigar como esta esterilidade é concebida
por cada um, e na relação do casal, ou seja, como eles elaboraram o
fato da esterilidade no relacionamento, o contexto sociocultural dos
pretendentes, pois precisam assumir esta esterilidade em sua vida,
senão, poderá acontecer de um dos cônjuges querer colocar a “culpa”
na(o) parceira(o), podendo interferir na relação do casal. Sendo assim,
é preciso por parte da(o) psicóloga(o) avaliar como eles vivenciaram
este processo da esterilidade, suas angústias, decepções, tentativas,
todo o percurso até saberem em definitivo que não poderiam gerar
um(a) filha(o) (SILVA, 2016).
Conforme Campos (2010), na impossibilidade de não ter um(a)
filha(o) pela via biológica, é necessário que vivam o processo de luto. O
luto deve ocorrer até mesmo quando os adotantes já tiverem filhas(os)
genéticos e quando há dificuldade de gerar ou gestar mais um(a)
filho(a) e que esta seja o principal motivo da adoção. Ressalta ainda,
que o luto pela(o) filha(o) biológica(o) é vivenciada(o) pela(o) indiví-
81
dua(o) com frequente eclosão e misturas de sentimentos como raiva,
vergonha, culpa e impotência.
Dentre os muitos problemas relatados referentes a ruptura dos
vínculos afetivos da criança ante sua família de origem, identifica-se:
déficits de atenção, dificuldades na aprendizagem, carência afetiva, difi-
culdades nas relações sociais (ALVARENGA; BITTENCOURT, 2013).
Sendo assim, necessita-se que a(o) psicóloga(o) dê atenção as
vivências anteriores que a criança passou, ante situações de abandono,
sentimento de rejeição, inferioridade, com forte componentes de sofri-
mento emocional, que geraram danos emocionais na mesma, pois, se
não trabalhado com as famílias e a criança dificultará a boa relação
desta nova família (OLIVEIRA; ROCHA, 2014).
No trabalho psicológico serão verificadas as fantasias que os
pretendentes a adoção têm com relação a(o) filha(o) esperada(o),
pois é comum o casal idealizar a criança, ou seja, criar um perfil de
filha(o) que não corresponderá a realidade, um(a) “filha(o) perfei-
ta(o)”. Fazendo com que, muitas vezes a criança adotada passe a
reproduzir os papéis esperados pelos pais, perdendo a sua subjetivi-
dade que é negada, apresentando sentimentos de angústia por não
corresponder ao esperado pelos pais, contribuindo para que a adoção
não se concretize (SILVA, 2016).
Caso os pretendentes a adoção e as crianças não tenham o devido
acompanhamento psicológico na adoção, acarretará na criança à per-
manência de comportamentos agressivos, problemas de aprendizagem
que pode levar os pais a pensar que é decorrente de um problema de
ordem escolar, quando na verdade, se deve a uma resposta inconsciente
da criança por não saber sobre sua história, acreditando que não precisa
aprender mais nada, bem como, a baixa autoestima que poderá ocasio-
nar nela. Já a criança que tem uma adoção bem acompanhada, poderá
ter um desenvolvimento satisfatório, que proporcionará condições de
lidar com os desafios da sua vida com maturidade (SILVA, 2016).
82
Propõe-se que a paternidade oriunda da adoção não deva ser
tratada de forma inferior, de menor importância, frente a paternidade
biológica, em razão de ter a mesma relevância, é composta pelo mesmos
objetivos, que são dar afeto, amor e carinho a(ao )filha(o). Cabendo citar
que na paternidade gerada pela adoção existem aspectos que precisam
ser valorados pelos adotantes. Até porque, a adoção além de ser um
ato que gera responsabilidade aos pais, também é o surgimento de um
filho para a família (MACHADO; FERREIRA E SERON 2015).
No âmbito jurídico, a(o) psicóloga(o) pode atuar como perita(o)
ou assistente técnica(o). A(O) perita(o) é aquela(e) que auxilia a(o)
juiz(a), não tendo ligação com as partes, ou advogadas(os), ele existe
sem a necessidade da(o) assistente técnica(o), o inverso não ocorre; já
a(o) assistente técnica(o), é aquela(e) que é contratada(o) pelas partes,
sendo seu parecer o documento que servirá de instrumento de defesa
da(o) advogada(o) (SILVA, 2016).
A(O) psicóloga(o) perita(o), que atua no judiciário é um(a)
profissional de confiança do juiz, em virtude do seu conhecimento
técnico, de sua índole, sendo que, os(as) profissionais que trabalham
nos setores de psicologia dos foros e tribunais de justiça dos Estados
geralmente são concursados(a), passaram deste modo, por um pro-
cesso de seleção, estando inseridos(as) como servidores públicos do
poder judiciário (SILVA, 2016).
Segundo Silva (2016) no transcurso do processo de adoção, a(o)
psicóloga(o) aplica entrevistas, que sugere-se sejam no mínimo de qua-
tro, onde deve-se realiza-las tanto com o casal, quanto individualmente
com os mesmos. Os filhos biológicos, caso existam, também devem
participar de entrevista individual e também com toda a família. Além
disso, podem-se fazer uso de testes projetivos, que será adotado con-
forme a abordagem de cada psicóloga(o), que contenham os critérios
da configuração geracional da família de origem do casal adotante,
bem como, as fotos da família atual e de origem dos adotantes e etc.
83
O papel da(o) psicóloga(o) é importante não somente antes e
durante a adoção, mais também, após a concretização da adoção, pois,
surgem novas demandas no dia a dia da nova família, os quais não
estão preparados para lidar, necessitando pois, de um acompanhamento
contínuo por parte da(o) psicóloga(o) para que possam compreender
as novas dúvidas e sentimentos que surgirem, buscando o melhor
convívio da família (OLIVEIRA, 2013).
Mostra-se como fundamental o acompanhamento tanto dos ado-
tantes quanto dos adotandos institucionalizados, cabe a(o) psicóloga(o)
assessorar os operadores de justiça no processo de adoção em conjunto
com assistentes sociais, se aprofundando nas relações afetivas e avaliando
se o ambiente familiar é compatível para a adoção (MACHADO, 2015).
Para tanto, é imprescindível que a(o) psicóloga(o) que atua no
judiciário esteja em constante formação e atualização, através de cursos,
palestras, eventos científicos, para estar melhor preparada(o) para as
demandas que surgem nesta área, auxiliando nas políticas públicas de
cidadania e direitos humanos, bem como, na prevenção de violência,
como a violência contra a mulher etc. (SILVA; TOKUDA, 2018).
Cabe uma reflexão ao trabalho da psicologia, haja vista, que
as condições nas quais ela(e)s encontram no serviço público, não
permitem uma efetiva privacidade em sua atuação, nem ser plena-
mente imparcial em seu relatório, pois, há uma forte interferência da
instituição judiciária no que tange a exigência de um parecer que seja
conclusivo, numa visão reducionista sobre o ser humano, como ser
fosse possível prever toda uma vida de alguém por meio de um laudo
psicológico (RODRIGUES, 2005).
Aos profissionais presentes na habilitação da adoção como o
ministério público, psicóloga(o) e assistente social se faz necessário
verificar qual a motivação do candidato a adotar, pois, é preciso que
haja motivos plausíveis para querer adotar um(a) filho(a), em virtude
de ser um ato que gera consequências na vida de todos os envolvidos,
principalmente a criança, o que tornará a adoção um fracasso, devendo
84
ser respeitado o melhor interesse da criança, pois, não deve-se adotar
com interesses egoísticos, como uma forma de substituir alguma
carência afetiva, etc. (OLIVEIRA, 2013).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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87
SOBRE OS ORGANIZADORES
88
ÍNDICE E Preconceito 34-37, 39, 40, 42, 70
Atendimento 13, 17, 45-52, 54-58 Homofobia 31, 34-37, 42 Sexual 31, 33, 34, 38-41, 43, 44
Atenção Básica 12, 13 Homossexual 31, 33, 35, 43 Sexualidade 31, 35, 37-39, 41-44
Atuação 46, 53, 55-57, 74-77, 79, I Sistema Único de Saúde, SUS 9, 10,
84-87 12-14, 17 9, 12
Identidade 9, 18, 34, 38-44, 51
B Social 9, 11, 13, 15, 16, 32, 37, 43,
Infantil 19, 22-24, 26, 29, 30 68, 69, 73-75, 77, 84, 86
Behaviorismo Radical 60, 63, 64, 68
Infância 10, 16, 22, 23, 27-30, 32, Sociedade 11, 15, 30-33, 35, 37, 39,
Brasil 9-14, 17, 18, 31, 35, 43, 55, 62, 77, 79, 87 40, 42, 75, 76
63, 68, 70, 71, 73-75, 80, 81, 85-87
Internet 52, 54, 55, 58 Síncrona 46, 47
C T
L
COVID-19 17, 45, 48, 57, 58
LGBT+ 31, 32, 34-37, 39-43 Tecnologia 46, 54
Centro de Atenção Psicossocial,
CAPS 9, 12-15, 17, 18 LGBTFOBIA 34, 36-42, 44 Terapia Cognitivo-comportamental
23, 27, 30
Ciência 18, 41, 58, 60, 64, 72 Luto 19-30, 81, 86
V
Clínica 23, 30, 45, 47, 56, 59, 63, 70 M
Violência 11, 15, 17, 18, 34, 36-38,
Comportamento 14, 34, 59-64, Modalidade 45-47, 49-52, 54-57 40, 52, 84
66-72, 74, 76, 88
Morte 19-27, 29, 30 Virtual 21, 45, 56, 63
Comunidade 10, 11, 35, 63, 67
O Vínculo 13, 14, 19, 25, 52-54, 78,
Conceito 20, 34, 68, 78 81, 86, 87
On-line 45-58, 86
Conselho Federal de Psicologia,
CFP 45, 46, 57, 58 P
Coordenação de Aperfeiçoamento Pandemia 18, 45, 48, 56-58
de Pessoal de Nível Superior,
CAPES 62, 64 Perspectiva 9, 11, 43, 58, 60, 62, 64,
66, 68, 71, 72, 77, 79
Criança 9, 15-17, 19-23, 25-30, 33,
76-82, 84-87 Pesquisa 21-24, 28-30, 32, 35, 39,
40, 43, 60-65, 68, 70, 71, 74, 86
Cultura 11, 16, 20, 31, 38, 67, 69, 72
Pessoa 17, 19, 20, 25, 27-29, 33, 40,
D 41, 43, 53, 54, 56, 59, 77
Desenvolvimento 9, 14, 16, 18, 21, Política 11, 13, 18, 53
25, 27, 31, 32, 43, 45, 51, 60, 61, 63,
71, 73, 78, 80, 82 População 9, 12-14, 25, 36, 39, 45,
70, 79
Documentos 62, 63, 65-67
89
ISBN 978-65-5368-172-9
www.editorabagai.com.br /editorabagai
/editorabagai [email protected]