Rodrigues Ernesto Jose Resende

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TÉCNICAS DE CULTIVO E MANEJO DA ROSEIRA EM SISTEMAS

DE CULTIVO SEM SOLO

ERNESTO JOSÉ RESENDE RODRIGUES


Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. KEIGO MINAMI


Co Orientador: Pesq. Dr. ENRICO FARINA

Tese apresentada à Escola Superior de


Agricultura "Luiz de Queiroz",
Universidade de São Paulo, para
obtenção do título de Doutor em
Agronomia, Área de Concentração:
Fitotecnia.

PIRACICABA
Estado de São Paulo - Brasil
Abril -1999
Dados Internacionais de catalogação na Publicação <CIP>
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO • Campus "Luiz de Queiroz"/USP

Rodrigues, Ernesto José Resende


Técnicas de cultivo e manejo da roseira em sistemas de cultivo sem solo/
Ernesto José Resende Rodrigues. - - Piracicaba, 1999.
84 p.: il.

Tese (doutorado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 1999.


Bibliografia.

1. Balanço hídrico 2. Cobertura plástica 3. Enraizamento 4. Enxertia 5.


Estaca 6. Hidroponia 7. Rosa 8. Sistema de cultivo 9. Solução nutritiva 1. Título

CDD 635.933372
Aos meus pais Nolviro Rodrigues Rosa
e Onésia de Resende Rodrigues, aos
meus Avôs Antônio Resende e
Ana Pereira de Resende, e
Aos meus irmãos
e cunhados,

OFEREÇO

A minha esposa Vilma Aparecida Santos


Rodrigues e a minha filha
Sara Rodrigues

DEDICO
AGRADECIMENTOS

O autor agradece a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a


realização deste trabalho, em especial:

Ao Prof. Dr. Keigo Minami pela orientação, incentivo, apoio e confiança


apresentada.
Ao Pesq. Dr. Enrice Farina, do lstituto Sperimentale per la Floricoltura di
Sanremo, pela preciosa e segura orientação, amizade, compreensão e
convivência.
Ao Pesq. Dr. Antonio Fernando C. Tombolato, do Instituto Agronômico de
Campinas, pela sua indicação e apoio para a realização do Doutorado
"Sanduíche".
Ao Centro de Ensino e Desenvolvimento Agrário de Florestal - UFV, pela
oportunidade concedida.
Ao Departamento de Horticultura da ESALQ, Professores, Secretárias,
Funcionários e amigos, pelo apoio e incentivo.
Ao lstituto Sperimentale per la Floricoltura di Sanremo, pela oportunidade
concedida, apoio e suporte para a realização dos trabalhos práticos da
tese.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de Nível Superior (CAPES),
pelo suporte financeiro.
À Assessoria de Assuntos Internacionais da Universidade Federal de Viçosa,
pelo apoio institucional prestado durante a realização do curso.
SUMÁRIO

Página
RESUMO.......................................................................................................... viii
SUMMURY....................................................................................................... X
RIASSUNTO..................................................................................................... xii
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 1
2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 4
3 CULTIVO HIDROPÔNICO FECHADO DA ROSEIRA COM RECIRCULO
PROLONGADO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA E COM EMPREGO DE
BAIXA TECNOLOGIA: PARAMETROS DE USO, SUPORTE
INFORMATICO E RESPOSTA AGRONÔMICA.......................................... 16

RESUMO......................................................................................................... 16
SUMMURY...................................................................................................... 17
3.1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 18
3.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 20
3.2.1 Implante................................................................................................. 20
3.2.2 Substrato, material vegetal e forma de condução................................. 22
3.2.3 Parâmetros para uso deste sistema..................................................... 24
3.2.4 Dados colhidos...................................................................................... 24
3.2.5 Avaliação do pH e da condutividade elétrica......................................... 25
3.3 RESULTADOS....................................................................................... 25
3.3.1 Balanço hídrico...................................................................................... 25
3.3.2 Balanço dos elementos fertilizantes...................................................... 26
3.3.3 Produção de drenado instantâneo e em reciclagem e relação entre
características do drenado instantâneo e em reciclo........................... 27
Vll

3.3.4 Correção do drenado exaurido e composição da solução nutritiva....... 30


3.3.5 Produtividade e qualidade da produção................................................ 30
3.4 DISCUSSÃO......................................................................................... 32
3.5 CONCLUSÃO......................................................................................... 37
4 AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DE ROSEIRAS PROPAGADAS POR
ENXERTIA OU ENRAIZAMENTO DE ESTACAS EM CULTIVO
HIDROPÔNICO.......................................................................................... 38
RESUMO.......................................................................................................... 38
SUMMARY....................................................................................................... 39
4.1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 40
4.2 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 41
4.3 RESULTADOS....................................................................................... 43
4.4 DISCUSSÃO.......................................................................................... 51
4.5 CONCLUSÃO........................................................................................ 53
5 COBERTURA DO SUBSTRATO COM FILME PLÁSTICO EM CULTIVO
SEM SOLO DA ROSEIRA ........................................................................ 54
RESUMO......................................................................................................... 54
SUMMARY....................................................................................................... 55
5.1 INTRODUÇÃO...................................................................................... 56
5.2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 57
5.3 RESULTADOS...................................................................................... 60
5.4 DISCUSSÃO......................................................................................... 70
5.5 CONCLUSÃO........................................................................................ 75
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 76
TÉCNICAS DE CULTIVO E MANEJO DA ROSEIRA EM SISTEMAS
DE CULTIVO SEM SOLO

Autor: ERNESTO JOSÉ RESENDE RODRIGUES


Orientador: Prof. Dr. KEIGO MINAMI
Co Orientador: Pesq. Dr. Enrico Fariana

RESUMO

Foram conduzidos três experimentos sobre o cultivo sem solo da


roseira. O primeiro ensaio teve como objetivo avaliar um sistema simples, para
manejo dos elementos nutritivos, em sistema hidropônico fechado, e com baixo
emprego de capital, compatível com propriedades de pequeno e médio porte. O
sistema baseia-se no emprego de uma bomba e duas caixas em terrenos de
natural declividade, uma posicionada na parte mais baixa do terreno, de onde a
solução nutritiva é bombeada e distribuída nos interventos de fertirrigação.
Nesta pesquisa, são relatados dados de 18 meses de cultivo da roseira sem
solo a ciclo fechado contínuo, parâmetros de uso do sistema, metodologias
usadas, suporte de cálculo, dados do balanço hídrico/nutricional e
produtividade.
No segundo ensaio foi avaliado o efeito agronômico, sobre a roseira,
do uso de roseiras propagados por enxertia e propagadas por enraizamento de
1X

estaca, em sistema hidropônico de cultivo com substrato. Os resultados


evidenciaram aumento na produção para as flores, de classe I e também para
toda a produção comercial em favor das plantas enxertadas. Foram também
verificados, para as plantas enxertas, aumentos da matéria fresca exportada
sob forma de flores e também na matéria fresca total (flores + descarte de flores
+ material de poda. Após a poda de rebaixamento das plantas, feita no verão,
foi verificada uma menor formação de mergulhões ou ramos de renovação, nas
plantas do cv Sari oriundas de estacas enraizadas.
Foi montado um terceiro ensaio, para avaliar o efeito da cobertura do
substrato, com lona plástica, sobre o balanço hídrico/nutricional e sobre o
crescimento e produtividade na cultura da roseira. Como resultado do uso da
cobertura do substrato, foi verificada redução do consumo hídrico e menor
salinização dos substratos. O uso da cobertura do substrato permitiu uma
melhoria de qualidade de flores e também ganho em produtividade, com menor
consumo hídrico, resultando em maior eficiência de uso da água. A umidade
no ambiente das raízes manteve-se mais estável, principalmente na superfície
do substrato, comprovando o uso da cobertura do substrato como mais uma
técnica para o controle da umidade e da salinidade do substrato, com redução
da quantidade de drenagem e da quantidade de água e de fertilizantes
administrados, com redução dos custos de produção e benefícios para o meio
ambiente.
CULTIVATION METHODS ANO MANAGEMENT TECNICAL ON
ROSE SOILLESS CULTURE SYSTEMS

Author: ERNESTO JOSÉ RESENDE RODRIGUES


Adviser: Prof. Dr. KEIGO MINAMI
Co adviser: Pesq. Dr. Enrice Farina

SUMMARY

ln that work, it was carried out three research on the behaviour of cut
rase plants produced in soilless culture. The first, the aim was to check a simple
equipment suitable at the management of nutrition in a closed system
compatibible with the low imputs of the small floricultura! farms. Non frequent
chemical analysis of nutrient leveis in the drainage solution and a subsequent
regeneration are proposed as a substitute of sensors for continuous adjustment
of pH and concentration. The method was tested in a system with two tanks and
one pump. One tank placed in higher position was intended for storage of
exhausted nutritive solution (E.C.> 4000 mmS/cm) and regeneration after
chemical analysis. The second tank in a lower position is intended for receiving
the drain after distribution to the substrate; such drain mixed with fresh nutritive
solution when necessary was available for the next distribution. ln case of
storage of the exhausted drainage in the upper tank, a fresh nutritive solution
was supplied in the lower tank and recirculated. E.C. was monitored daily in the
lower tank.
Xl

The second experiment, was investigated the effect of propagation


method (rooting of cuttings or grafting on R. indica roostock) on growth, flower
yield and flower quality of the rase cvs Anna and Sari, in soilless culture with
free drainage. The plants were grown in greenhouse on raised banches filled
with mixture of sand:peat (4:1 v/v). The composition of the fertilizing solution
was the sarne used in commercial productions. Fertigation volume was
determined by volume and EC of the drainage. The Expected Leaching Fraction
was 0.1. ln eighteen months of harvesting an increase of yield of flowers of class
1 (1 > 50cm) was determined in the case of the grafted plants (from 17.33 to
27.95 flowers/plants for cv Anna and from 14.8 to 21.6 flowers/plants for cv
Sara). Higher yield of commercial flowers qualit was obtained from grafted
plants. Higher fresh matter of cut flower and of the total harvest stem + dischard
material from pruning was reached by grafted plants. Higher length of flower
stem was obtained from the grafted plants of the cv Anna and Sari in the case of
flowers belonging to class li ( 1 < 50 cm), but only for cv Anna in the case of the
flowers of class 1. The plants of the cv Sari propagated by cut rooting showed
poor development of primary shoot (pseudo-suckers) after cut-back in july. On
the whole grafted plants (minigreffe) gave higher yield and higher flower quality
showing higher growth rate (fresh weight of material harvested).
The thirth experiment, was evaluated the effect of plants of rose cvs
Anna and Sari grown on close soilless systems with and without mulching of
black polyethylene. The plants were grown in greenhouse on raised benches
filled with sand:peat (4:1v/v). The fertirrigation was carried out following method
developed in Stituto Sperimentale per la Floricoltura di Sanremo. There was
reduction in the water consumption of 35 and 16% corresponding respectively to
cvs Anna and Sari with mulching. The heigher number of irrigation to reduction
of the electrical conductivity levei of substrate was evidenced when unmulched.
The results showed significtive differences about flowers production and quality
of mulched systems. Heigher efficient in the use of water caused low
evaporation, and the lower electrical conductivity in the substrate.
METODI DI ALLEVAMENTO E TECNICHE DI CONDUZIONE IN
ROSA FUORI SUOLO

Autore: ERNESTO JOSÉ RESENDE RODRIGUES


Tutore: Professore Dr. KEIGO MINAMI
Co-tutore: Ricercatore Dr. Enrico Farina

RIASSUNTO

ln questo lavoro, sono state condotte tre sperimentazione sulla


coltivazione fuori suolo della rosa recisa. La prima, con lo scopo di trovare un
sistema di conduzione semplice, a basso cesto di investimento, compatibile com
la realtà economica delle aziende di piccole o medie dimennsioni. li sistema ê
stato composto di due vasche in terreno di naturale pendenza, una inferiore
dalla quale la soluzione nutritiva viene pompata e distribuita negli interventi di
fertirri gazione. ln questa vasca si raccolgono i drenati che vengono recircolati.
Quando il volume risulta eccessivamente ridotto per effetto dei consumo, si
aggiunge soluzione nutritiva fresca che si miscela ai dranato stesso. li ricircolo
continua fino a che la soluzione nutritiva non viene giudicata piu idonea sulla
base dei valori di pH e salinità. ln tal caso la soluzione, tolta dai sistema ê
'parcheggiata' nella vasca superiore per !'analise chimica e successiva
xiii

riequilibratura. La soluzione rigenerata viene poi riutilizzata secando i criteri già


citati. ln questo contributo vengono fornite, in relazione a 18 mesi di coltivazione
di rosa a ricircolo continuo, informazioni relative ai parametri d'uso dei siltema,
alle metodologie utilizzate, ai supporti di calcolo, ai dati relativi ai bilancio idrico­
nutrizionale e alla resa agronomica.
La seconda esperimentazione à stato fatto una valutazione agronomica
comparata di piante di rosa propagate per radicazione di talea o innestate su R.
indica su bancale sopraelevato riempito con sabbia: torba = 4:1 v/v, e drenato
a perdere. Le fertirrigazioni sono state fatte con una soluzione completa cor r
macro e micro elementi. 1 risultati mettono in evidenza per i flori di Classe 1
(I>50cm) e della Classe commerciale aumenti dei numero di flori/planta sulla cv.
Sari e Anna a favore delle piante innestate. Sono state verificati per le piante
innestate anche aumenti nella materia fresca asportata sotto forma di fiori
nonché nella materia fresca totale (flori + scarti di raccolta + legno di potatura).
L'effetto positivo dell'innesto ê stato verificato anche sulla lunghezza degli steli
fiorali delle Classe I e 11, con eccezione della Classe I della cv. Sari. Una minar
formazione dei "maschi" di rinnovo à stata verificata per le piante da
radicazione di talea della cv. Sari dopo un taglio estivo di riabbassamento della
pianta.
Nel terzo esperimento, sono stata condutta una prova sperimentale
con lo scopo di valutare l'effetto della pacciamatura sul bilancio
idrico/nutrizionale e sulla crescita e produttività di una coltura di rosa. La
pacciamatura à stata eseguita mediante film plastico nero di spessore 0,18 mm.
La forma di conduzione e stata la stessa dei secando sperimento. Come risultati
della pacciamatura sono stati verificati riduzione nel consumo idrico pari a 35 e
16% rispettivamente per le cv Anna e Sari. Con la pacciamatura à stato
verificato anche mantenimento di un maggior livello di umidità nel substrato,
contenimento dell'incremento della salinità nel substrato stesso e nei drenati con
riduzione nei numeri di interventi con acqua per la correzione della salinità,
riduzione nel consumo di fertilizzanti. Quando viene utilizzata la pacciamatura si
XIV

determina un incremento nella produzione di sostanza fresca e di flori, nonchê


della qualità degli stessi. Conseguentemente aumenta l'efficienza nell'uso
d'acqua. Dalla sperimentazione vengono comprovati numerosi effetti positivi
della pacciamatura nel sistema fuori suolo con possibilità di benefici a livello dei
costi di produzione e delle rese agronomiche.
1 INTRODUÇÃO

O cultivo sem solo é uma técnica relativamente nova, que pode ser
utilizada tanto nas grandes empresas agrícolas, quanto nas pequenas e
médias. Se utilizada devidamente, é possível obter inúmeras vantagens, em
comparação com o cultivo tradicional no solo, como o cultivo em locais, onde
anteriormente não era possível faze-lo, por exemplo, regiões desérticas ou com
problemas de doenças de solo. O progresso técnico está ligado diretamente
aos conhecimentos de biologia das plantas, com a descoberta dos elementos
essenciais, juntamente com o uso de estufas apropriadas, da climatização,
controle da luz, e somada a isto, a hidrocultura. Todo esses recursos no
conjunto são fundamentais para a melhoria da produtividade das culturas, com
ganhos na qualidade e na quantidade. Os cultivas sem solo possibilitam
também redução da mão-de-obra empregada pela possibilidade de automação
de muitas operações. Um outro aspecto importante, que é levado em
consideração principalmente nos países mais desenvolvidos, é a melhoria das
condições do trabalho no campo agrícola, significando ganhos em termos de
status social.
Os fatores de crescimento são fornecidos à planta, tanto na sua parte
aérea quanto nas raízes, sendo que ao solo compete fornecê-los às raízes. O
controle das condições do ar atmosférico exigidas pelas plantas em condições
de cultivo tradicional sobre o solo e em hidroponia, é praticamente o mesmo; a
grande diferença entre os dois tipos de cultivo relaciona-se à maior
possibilidade de controle das condições fornecidas pelo solo.
2

A hidroponia representa uma alternativa atraente, visto que, por meio


de uma solução nutritiva, eliminam-se as dificuldades que impedem a
manutenção do equilíbrio entre os diversos fatores de crescimento fornecidos
pelo solo. Assim, utilizam-se de substratos com o meio de cultura inerte, como
areia, perlita, lã de rocha, etc., substratos que atuam como armazenadores de
água, nutrientes e ar e dão sustentação às plantas e, assim, facilitam que se
mantenha o sistema em equilíbrio e sob controle. Portanto, possibilitam que o
cultivo permaneça livre de problemas que normalmente afligem a agricultura
convencional.
Vários sistemas de cultivas podem ser usados para a produção de
rosas, desde a hidroponia, com lâminas de solução de várias espessuras, até o
sistema de cultivo em substrato. Entretanto, são utilizados para o cultivo da
roseira principalmente os sistemas com substratos sobre canaletas, em vasos e
sobre a lã de rocha. Sistemas de cultivo sem solo que representam hoje uma
técnica já consolidada nos países mais adiantados da Europa, onde já existem
protocolos de cultivo à disposição de produtores, assim como estão em
desenvolvimento alguns estudos para definições específicas do cultivo.
A adoção do sistema fechado requer a adoção de determinados
investimentos que na maioria dos casos são elevados e incompatíveis com os
pequenos e médios produtores. Esta situação é agravada pela carência de
assistência técnica para tal condução, juntamente com a baixa confiabilidade
dos produtores sobre a sua própria capacidade de condução do sistema
fechado.
Com a utilização na hidroponia de substratos artificiais com
propriedades físico / químicas como pH, porosidade, retenção de água, etc.,
mais apropriadas para as culturas, resta hoje a dúvida sobre a utilização ou não
de porta-enxertos como mediadores do substrato com a planta, para manter o
ritmo de crescimento e a vitalidade das plantas, uma vez que a lógica de
permitir uma longevidade maior das plantas já não é mais significativa para uma
visão de desfrute intensivo das plantas, característico do cultivo sem solo. Uma
3

outra questão a ser discutida, ao nível de cultivo sem solo, é o efeito da


proteção do substrato com filme plástico sobre os substratos de cultivo e seus
reflexos sobre o manejo do sistema e sobre as culturas, aspectos bastante
estudados para o cultivo sobre solo natural e consagrado seu uso ao nível
prático.
Dentro desta temática, foram conduzidos alguns ensaios com os
seguintes objetivos gerais:
a) Avaliar o efeito agronômico, sobre a roseira, do uso de roseiras
propagadas por enxertia e propagadas por enraizamento de
estacas em sistema hidropônico de cultivo com substrato.
b) Avaliar o efeito da cobertura do substrato com lona plástica sobre o
balanço hídrico/ nutricional e sobre o crescimento e produtividade
na cultura da roseira.
c) Avaliar e fornecer os parâmetros e metodologias para utilização de
um sistema de cultivo hidropônico com baixo emprego de
tecnologias e de baixo custo e que permita reciclagem contínua da
solução nutritiva, para a cultura da roseira.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O primeiro exemplo de cultivo sem solo foi dado pelos povos astecas
no México. Esta população não possuía terrenos cultiváveis, e montou um
sistema bastante engenhoso para utilizar um lago existente em seu território.
Foi construída uma jangada de bambu e sobre elas era colocada terra fértil
retirada do fundo do lago. Sobre cada jangada eram cultivados vegetais
diversos. As plantas emitiam raízes que se dirigiam para a água do lago. Para a
venda de alguns produtos, as jangadas eram levadas até os mercados. Esse
sistema foi usado até o final do século XIX (Vincenzoni, 1988).
As formas mais científicas de Hidrocultura iniciaram-se no século XVII.
Em 1650, já se pensava que a matéria seca das plantas se formava da água.
De acordo com Schubert (1981), Van Helmont pegou um grande barril e o
preencheu com 200 libras (90.72 Kg) de terra previamente seca em forno.
Instalou, neste recipiente, uma estaca de salgueiro que recebeu durante 5 anos
apenas água de chuva. Então tomou, novamente, o peso da terra do recipiente
e observou que a diferença do peso inicial foi de 2 onças (62,5 gramas),
enquanto o peso da planta tinha aumentado de 74 kg. Concluiu, então, que a
água é que fornecia os elementos necessários para o crescimento das plantas.
Sucessivamente, em 1699, Woodward formulou uma nova hipótese
de que fosse a terra e não água a fornecer os elementos da matéria seca dos
vegetais e, para provar isto, imaginou uma nova experiência (Mengel & Kirkby,
1987). Em recipientes do mesmo tamanho, instalou plantas de menta em
diferentes tipos de água: de chuva, de rio, de enxurrada e esgoto diluído.
Observou que onde a quantidade d e material sólido era maior, a produtividade
5

da menta foi melhor. Concluiu, então, que não era da água que as plantas se
nutriam, mas, sim do material sólido do solo. Com esse ensaio, refutou as
considerações de Van Helmont.
A cultura sem solo foi retomada em 1758 por Durhamel Ou Monceau.
Ele fez germinar algumas sementes sobre uma espuma úmida e, quando elas
emitiram as primeiras raízes, ele fixou as plantas na boca de garrafas, de modo
que as raízes ficassem mergulhadas no líquido nela contida. Alguns recipientes
continham água pura e outros uma solução aquosa de sais. Constatou um bom
crescimento das plantas cultivadas com a solução que continha os sais e,
portanto, deduziu que as plantas absorvem água mais os sais nela contidos
(Vincenzoni, 1988).
Diversos pesquisadores de todo mundo estudaram os princípios desta
técnica, mas a maior difusão da hidrocultura se deu com as bases da Química
Orgânica Moderna, com as contribuições de Saussure, em 1804, com suas
cuidadosas investigações sobre a constituição das plantas e sobre a absorção
dos elementos minerais pelas raízes e de Justus von Liebig que introduziu a "lei
do mínimo". Até que Sachs e Knop, em 1860 e 1865, respectivamente
lançaram as primeiras receitas de solução nutritiva, em que Sachs declara que,
com os seus experimentos, provou ser possível desenvolver normalmente
plantas terrestres em água, desde que sejam adicionados os nutrientes, assim
como os substratos sólidos não seriam absolutamente necessários para o
desenvolvimento das plantas (Steiner, 1985). Graças aos seus trabalhos, outros
pesquisadores puderam determinar a concentração ótima da solução, o
equilíbrio mais favorável entre o diversos elementos e a necessidade das
plantas com relação aos microelementos.
O primeiro a demonstrar a possibilidade de cultivo ao nível prático, por
meio desta técnica foi Gericke (1940), que publicou os resultados de seus
trabalhos. Ele considerou que, se fosse possível criar plantas em lugares onde
a terra comum e o esterco não pudessem ser utilizados, ou em locais onde a
jardinagem comum não fosse possível, algo de grande e real valor teria sido
6

conquistado para a humanidade. Ele cultivou tomates com grande sucesso, até
atingir a altura de cerca de 8 m. Ele batizou esta nova técnica de hidroponia e
prosseguiu criando uma grande variedade de outras plantas como flores,
cereais, tubérculos e frutas. A partir daí, o emprego da hidroponia espalhou-se
rapidamente pelos Estados Unidos e Europa.
A etapa sucessiva no desenvolvimento desta técnica foi devida a
Withrow & Biebel (1943), que introduziram na cultura sobre areia a subirrigação,
sistema que posteriormente foi aperfeiçoado com a utilização de outros tipos de
substratos, como uso de cascalhos e outros tipos de rochas vulcânicas e
materiais sintéticos.
Nos anos 50, na Holanda, surge o IWOSC, atualmente ISOSC
(lnternational Society for Soilless Culture), que reagrupa os estudiosos de
cultura sem solo e promove a cada quadriênio um congresso sobre a matéria,
de modo a acelerar a utilização prática a partir dos conhecimentos gerando
intercâmbio de experiências e da coordenação dos programas de pesquisa.
As bases para os cálculos das soluções nutritivas foram apresentadas
durante o VI Congresso do Instituto Internacional da Potassa em Florença, Itália
em 1968, por Steiner e posteriormente republicadas pelo mesmo autor, em
1984. Nesta artigo, vêm demonstradas as relações recíprocas entre cations os
++ ++
K\ Ca , e Mg e entre os ânions, NQ3-, H2P04- e S04- para a solução
universal de Steiner. Também vem demostrado como calcular diferentes
receitas desta solução para a concentração e pH que se desejar, porque, de
acordo com seu trabalho, somente as relações mútuas entre os ânions e as
relações mútuas entre cations é que são universais, sendo possível obter
diferentes receitas de soluções, a partir de diferentes escolhas de pressão
osmóticas e de pH (Steiner, 1984), soluções que se adequam a diversas
culturas.
Uma importante diferença entre cultivo hidropônico e a produção no
solo consiste na grande capacidade tampão existente no solo e que é muito
restrita nos sistemas hidropônicos. Portanto, tal fator influencia na composição
7

da solução de nutrientes, pela absorção de água ou de nutriente, variações que


ocorrem muito mais facilmente nos sistemas hidropônicos do que sobre o solo.
Com o aumento do uso do cultivo sem solo, muitos problemas de alteração da
composição das soluções e de controle e de monitoração dos elementos
tornaram-se relevantes. Alt (1980), trabalhando com as culturas de cravo e rosa
sobre os substratos cascalho e argila expandida respectivamente, verificou a
necessidade de ajuste do pH pelo menos duas vezes por semana, e uma maior
variação do nitrogênio e do potássio na solução nutritiva, elementos que se
concentravam com o desenvolver das cultura. Isto acontecia para as
formulações de soluções nutritivas recomendadas por Cooper, em 1975, e
Steiner, em 1968, aumentos que foram bastante correlacionados com a
variação da condutividade elétrica da solução.
O ajuste da solução nutritiva compreende a monitoração do nível de
água, da concentração dos nutrientes e do valor de pH. Durante o período de
cultura, os sais podem acumular-se quando o consumo da água pelas plantas
for superior ao de nutrientes ou por perdas de água por evaporação, causando
danos as raízes, quando este nível se torna crítico (Noordegraaf, 1994).
Vários fatores podem influenciar a composição dos nutrientes na
solução, como o tipo de substrato usado, o tipo de recipiente ou vasos
utilizados, a qualidade da água, assim como a própria poluição. O ideal,
entretanto segundo Arnon (1944), seria obter uma solução nutritiva mais
adequada, que pudesse sustentar um bom desenvolvimento das plantas e
conseguisse manter constante a concentração dos elementos durante o
desenvolvimento das plantas, de m aneira tal que os trabalhos executados para
o controle do sistema sejam reduzidos.
Os níveis dos nutrientes na solução nutritiva, recirculante ou não,
podem ser mantidos pela adição de soluções suplementares, nas quais as
proporções entre estes sejam iguais ao seu influxo médio na cultura (Nielsen,
1984), ou, pela troca de solução em função da taxa de crescimento e volume de
solução colocado à disposição da planta, variação da concentração e do pH.
8

O manejo da fertirrigação, em cultivo hidropônico, ao nível


empresarial, pode ser efetuado por meio de cálculos, desde que se tenha a
correlação microclimática com a cinética de absorção dos nutrientes e consumo
de água, manejo que poderá ser utilizado se fizer uso de um microcomputador,
para auxiliar nos cálculos. Pela análise química do percolado e dados
microclimáticos, de 5 anos, foi possível manter o controle da fertirrigação em
cravos e Chamae/aucíum, e manter uma taxa de percolação próxima de 15%,
seguindo uma rotina de cálculos, via softwares específicos (Farina, 1996).
A melhor relação de nutrientes para o crescimento e produção da
roseira sobre o substrato turfa, foi obtida com a seguinte proporção iônica
(expressa como meq% do total de nutrientes catiônicos e do total de nutrientres
aniônicos}: 64 N, 18 S, 18 P, 38 K, 26 Ca e 36 Mg, com uma dose ótima de 510
meq/ planta e a relação de ânions/cátions igual a 1.3, como sendo a
composição que mostrou resultados mais satisfatórios (Gabriel & Meneve,
1973).
A composição dos fertilizantes recomendados em 1992 e 1993 pela
IKC (lnformatie en Kennis Centrum Akkeren Tuinbouw), para a cultura da
roseira em cultivo hidropônico (sistema fechado), foi analisado por Bloemnard e
Moolenbroek (1995) e muitos ajustes foram feitos, por terem verificado que as
concentrações de K e de Ca, tornaram-se altas, as de amônia e de Mg
tornaram-se baixas, em cultivo de dois anos consecutivos. Num segundo
experimento, foi verificado que a quantidade de água absorvida pela cultura
chegou a 772 mm/ano. A necessidade de nutrientes para suprir a cultura, em
kg/ha/ano, foi de 906 N, 263 P, 1117 K, 204 Mg, 668 Ca, e 332 S. A perda (em
kg/ha/ano) por drenagem foi de 265 N, 53 P, 429 K, 77 Mg, 299 Ca e 148 S.
Assim, o fornecimento dos elementos minerais não estava balanceado com a
extração da planta, ou seja, com u m aproveitamento de 19% N, 50% P, 22%
Mg, 35% Ca e 50% de S; recomendando que sejam feitos mais estudos a
respeito deste assunto.
9

A alta condutividade elétrica (CE) da solução de nutrientes, para a


produção de tomates, tem resultado em frutos de melhor qualidade, (Sonneveld
& Welles, 1988). Entretanto, a alta CE para a cultura da rosa afetou
negativamente a espessura, o comprimento e a firmeza das hastes florais, com
redução também da vida pós-colheita (De Kreij & Van Den Berg, 1990). No
verão, a CE superior a 1400 mmS/cm afetou fortemente o plantio, com redução
dos parâmetros analisados; já no período de inverno, a CE menor que 1400
mmS/cm também foi prejudicial.
Segundo Urban et ai. (1995a), os fatores culturais são menos
importantes do que os fatores pós-colheitas para manter a vida em vaso, e os
níveis de umidade relativa e de CE da solução nutritiva não favorecem a
abertura e nem a vida pós-colheita da rosa, embora exista uma forte variação
sobre a transpiração e a absorção no decorrer das estações do ano. Existe um
aumento na transpiração e absorção de água do verão para o outono, seguida
de uma redução na primavera.
Níveis altos de CE tendem a causar redução na condutividade
estomatal e da fotossíntese, afetando, consequentemente, a produção e
alongamento das células, envolvendo, inclusive, a qualidade das plantas. O
fechamento parcial dos estômatos está ligado, mais precisamente, com os
repentinos e elevados aumentos na salinidade no ambiente de raízes. Estes
aumentos ocorrem quando a quantidade de suprimento de nutrientes é maior
que a demanda da planta, provocando perdas de nutrientes e água por
lixiviação dos substratos, que irão poluir a superfície do solo e também o lençol
d'água subterrâneo. Para contornar estes problemas, deveria ser feito um
suprimento da quantidade de água e de nutrientes o mais próximo possível das
necessidades das plantas, reduzindo as lavagens no ambiente de raízes com
redução das perdas e, ainda, possibilitaria a reciclagem da solução por um
período maior ou permanentemente (Urban et ai., 1995b).
O nitrogênio pode ser administrado na forma de íons de nitrato ou íons
de amônia. Diferentes efeitos fisiológicos, no ambiente das raízes, podem ser
10

desencadeados, variando a relação entre estes íons na solução. Um excesso


de íons amônia pode resultar em deficiência de K, Ca, e Mg, baixa relação
cátions/ânions, inibição da fotossíntese e pode conduzir o pH do substrato a
valores excessivamente baixos para as plantas. Por outro lado, a presença
destes ânions na solução de nutrientes, em baixas taxas, pode aumentar a
produção. Em condições de temperaturas mais amenas, as plantas podem
absorver mais eficientemente NH4+, quando as raízes apresentam maiores
reservas de açúcares; caso contrário, nos períodos mais quentes, é preferível a
form9 nítrica, quando as reservas são menores e sua presença seria fitotóxica
(Ganmore-Neumann & Kafkafi, 1983). A variação do pH da solução é variável
com os certos tipos de substratos. Nos processos de nitrificação ou oxidação
biológica do íon amônia para a forma nítrica, ela ocorre pela ação de bactérias
dos gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter, que não desenvolvem em substratos
orgânicos (Taiz e Zeiger, 1991).
A absorção de nitrogênio, em relação à irradiação e os estágios de
desenvolvimento de produção da roseira, cv. Royalty, foi estudada utilizando um
sistema de hidroponia com recirculação de nutrientes. A taxa de absorção do
nitrogênio seguiu um padrão cíclico relacionado ao desenvolvimento das
brotações e colheitas de flores. A taxa de absorção mudou quatro a cinco vezes
durante um simples ciclo de crescimento das brotações ( i.e. 29 - 146 mg N/
planta/ dia), com uma média de absorção no verão de 60-70mgN/dia e no
inverno de 30 mg N/ dia. Após a colheita das flores, a taxa de absorção de N se
reduziu para dar início ao desenvolvimento das novas hastes florais. A menor
taxa de absorção de N ocorreu quando a taxa de alongamento das brotações
era máxima, e a maior taxa de absorção ocorreu quando as hastes florais
adquiriam a maturidade comercial. A irradiação não alterou a periodicidade do
ciclo de absorção de N, mas afetou a sua demanda média diária (Cabrera et ai.,
1995a).
Suprindo com fertilizante marcado com 15N, nos diferentes estágios do
ciclo do florescimento da roseira, cv Royalty, foi estudado para verificar o
11

momento da absorção do N e a dinâmica total deste no interior da planta.


Durante o período de rápido alongamento das brotações, o N absorvido da
solução de nutriente supriu 16-36% do N da haste floral. O resto, que
representa a maior parte do N contido na haste floral em crescimento, foi
oriundo do N armazenado em outros órgãos, particularmente do caule e das
folhas. A absorção de N foi aumentada após o ciclo de florescimento, e este N
armazenado foi suficiente para suprir a demanda de crescimento das hastes
floríferas e reabastecer o suprimento das folhas e dos tecidos lenhosos. Estes
órgãos continuam armazenando N até se tornarem viáveis para o reinício das
brotações (Cabrera, et ai., 1995b).
Os micronutrientes são mantidos, independentemente da adição dos
macronutrientes. Isto ocorre porque a absorção destes elementos não é afetada
grandemente pelas concentrnções dos macronutríentes. Além do mais, o B e
especialmente o Mg podem facilmente alcançar níveis tóxicos, níveis que
podem variar com os cultivares, afetando sensivelmente o rendimento
(Sonnevelt, 1989). O ferro deve ser adicionado na forma quelada.
Das várias formas do ferro quelado, o Fe-EDDHA (ethylenediamine di
o-hydrocyphenyl-acetic acid) fo i a mais estável em termos de manter o conteúdo
de ferro solúvel em solução recirculante, seguida Fe-DTPA (diethylenetriamine
pentaacetic acid) e o Fe-EDTA (ethylenediamine tetraacetic acid) como a menos
estável. A solubilidade que interfere na absorção deste elemento pela planta. Os
conteúdos de ferro solúvel na solução com Fe-DTPA foram menores a valores
de pH 5,5. O Fe-EDDHA e o Fe-EDTA, não tiveram grande alteração em sua
estabilidade com a variação do pH (Fisher, 1984). Ao nível prático, o Fe-DTPA é
o mais usado, e em alguns casos específicos de utlilização do pH de 6.5, são
recomendados o Fe-EDDHA.
Problemas associados a recirculação de nutrientes, em regiões semi­
áridas como as de Israel, para o desenvolvimentos da cultura da roseira foram
apontados por Raviv et ai. (1995). Estes problemas incluem a alta salinidade da
água de irrigação; a alta evapotranspiração local acarretando rápido aumento
12

da salinidade da solução drenada; a diferença iônica entre a água irrigada e a


água drenada e o risco de disseminação de doenças de solo. Entretanto, a
produção e a qualidade da cultura não foi afetada quando foi feita a
recirculação, e o consumo de água e de fertilizante foram reduzidos em 25%, e
o aumento da salinidade foi menor que o esperado.
As condições climáticas podem interferir no metabolismo das plantas.
Assim diferenças no déficit de umidade entre a folha e o ar da casa de
vegetação afetaram grandemente a transpiração da roseira (cv Frisco). Estas
diferenças são causadas particularmente pelas diferenças da temperatura
mínima da água do sistema e a temperatura do ar da estufa. A transpiração no
cv. Frisco apresentou correlação com o déficit de umidade e com a radiação
global incidente, e afetou também a produção de outros quatro cultivares
(Graaf, 1995).
Duchein et al.(1995) estudaram a eficiência do uso da água e consumo
de nutrientes da roseira, cultivada em casa de vegetação sobre lã de rocha e
verificaram que a radiação solar e a água foram utilizados com maior eficiência
pela cultura, durante o inverno, quando comparado com os demais períodos do
ano. A eficiência da água foi quase três vezes superior no inverno do que no
verão (0,8 contra 0,3 flores/L). As justificativas seriam: a temperatura do ar e a
umidade dentro da casa de vegetação, tal como a temperatura do substrato,
estariam na faixa ótima, pois a eficiência do uso da radiação é geralmente
superior em baixas a moderadas condições de luz. Quanto a taxa de absorção
de nutrientes foi linear para a absorção de água até aproximadamente 0,4
Uplanta dia. Acima deste valor, a absorção de nutrientes se reduziu
significativamente (exceto para o P), pois altas taxas de absorção de água
correspondem a altos níveis de radiação, portanto, as altas temperaturas do
substrato afetam negativamente a absorção de nutriente pelas raízes. De
acordo com o mesmo autor, estes resultados mostram a importância do controle
climático em locais de climas tropicais durante os períodos mais quentes.
Pensa-se em um sistema de resfriamento, como o fog, que é capaz de reduzir
13

tanto a temperatura do ar como pressão de vapor, permitindo maior eficiência


da radiação e também taxas superiores de fotossíntese. Aquele autor concluiu
que o resfriamento do substrato pode ser benéfico por permitir a manutenção de
altas taxas de absorção de nutrientes e evitar o excesso de drenagem ou o uso
sistemático de lavagens do substrato para evitar salinização do mesmo. Um
outro fator importante é acompanhar a radiação solar e a temperatura do
substrato para ajustar o nível de fertilizantes na solução de nutrientes.
Quanto ao sistema de condução das plantas de rosa em sistemas de
cultivo sem solo, não existe ainda um consenso e nem uma experiência
,__conclusiva. Muitos produtores continuam com os mesmos sistemas que usavam
para o cultivo em terra, outros estão tentando mudar este sistema, com uma
condução baixa da planta combinada com a curvatura dos ramos.
O sistema de condução de plantas de rosa conhecido como "poda
japonesa" ou em "coroa" vem sendo bastante difundido na França e Itália, para
o cultivo sem solo (Morisot, 1997). Neste sistema, as estruturas das plantas são
mantidas muito baixas (<25cm). Uma parte vegetativa muito desenvolvida
constituída de ramos curvados é deixada, chamada de "Pulmão da planta". As
podas sobre esta parte da planta são bastante limitadas. Algumas flores
formadas deste pulmão são colhidas, em períodos de maior demanda do
comércio, e nos demais são deixadas na planta. Esta técnica favorece o
desenvolvimento de hastes longas em detrimento das demais. Entretanto, este
sistema não serve para todas os cultivares. Os cultivares: Elegance, Feria, First
Red, Grand Gala, Leonidas, Noblesse, Pareo, Prophyta, Ravel, RoyalRed,
Shara, Sari, Soleada, Sonia, Texas, Top Secret, Versilia, Vision, etc. tiveram
resultados positivos; já nos cultivares Anna, Pailine, Tennessee, Vivaldi etc, as
plantas não apresentaram vigor e ramificaram pouco.
Três sistemas de condução de plantas de rosas foram estudados, na
Holanda, por Kool (1996). No primeiro tratamento, tido como controle, foram
curvados todos os ramos na sexta semana do plantio, e os ramos formados a
partir da base das plantas até a altura de 30 cm eram continuamente removidos,
14

com exceção daqueles oriundos da parte mais basal (mergulhões). As colheitas


foram iniciadas exatamente sobre estes mergulhões, na quarta gema a partir da
base, contendo pelo menos 5 folíolos. Nos ramos de ordem superior, foram
feitas as colheitas sobre a segunda folha com 5 folíolos, sistema de poda e
colheita normalmente utilizado na Holanda. Um segundo tratamento foi igual ao
primeiro, com a variação de que neste foram deixados se desenvolverem
somente dois ramos por planta. Um terceiro tratamento foi, deixando-se
desenvolver somente um ramo por planta, associado à densidade duplicada de
plantas para 24 plantas/m2 de canteiro (espaçamento de 0.25x0.17m). A
formação de ramos basais nos dois primeiros sistemas mostrou que a
competição entre ramos basais é maior que a competição entre plantas no início
da produção e que durante os anos subsequentes não houve diferença nem
entre plantas e nem entre ramos basais. A maior densidade de plantas
aumentou o número de flores colhidas e reduziu o peso individual das flores.
Os tipos de implantes para o cultivo sem solo da roseira foram
discutidos durante o congresso de hidrocultura, realizado em Sanremo em 1996
(Belliard, 1996). O primeiro tipo de implante é o cultivo em vasos que variam de
14 a 20 L, preenchidos com substratos, dispondo de 2-3 plantas/vaso. Este
sistema é indicado para regiões onde a topografia é mais acentuada pela
facilidade de distribuição no terreno. Neste sistema, vem colocado um dreno no
fundo do vaso para recolher o excesso de irrigação. O segundo tipo é a cultura
em canais; é o sistema mais utilizado na Itália e França. Para adotar este
sistema, é necessário ter uma caída relativamente homogênea do terreno.
Inicialmente, foram adotados canais de 30x30cm de dimensões e
comprimentos variáveis; hoje estão sendo usadas canaletas com dimensões
menores, de 25x25cm. Um terceiro tipo é o cultivo sobre a lã de rocha,
predominante no norte da Europa (Holanda e Bélgica). Para este tipo de
condução há necessidade de um sistema de fertirrigação bastante sofisticado
para o controle da salinidade, e apresenta, ainda, a inconveniência de que a lã
de rocha não pode ser reutilizada, e fica difícil descartar esse material. Um
15

quarto tipo é o cultivo em sacos preenchidos com perlitas ou substratos


orgânicos.
Os substratos mais utilizados para a cultura sem solo na Europa são: a
pedra pomes de 3-8 mm, a perlita de 3-12 mm, fragmentos da rocha vulcânica
pozzolana de 2-8mm, como substratos orgânicos são usados a turfa e a fibra de
coco (Belliard, 1996). Vários outros substratos podem ser testados para as
nossas condições de Brasil como a argila expandida que foi testada com
sucesso para o cultivo sem solo do crisântemo (Barbosa, 1996), desde que este
substrato seja o mais inerte possível quimicamente, e apresente uma
granulometria não muito grossa (com tendência de pouca retenção de água),
nem muito fina (com perigo de asfixia para as raízes). É importante também,
levar em consideração o preço, a facilidade de operar este material, a sua
disponibilidade e sua resistência ou estabilidade no tempo, assim como a
possibilidade de reutilização.
3 CULTIVO HIDROPÔNICO FECHADO DA ROSEIRA COM RECÍRCULO
PROLONGADO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA

RESUMO

Os experimentos sobre cultivo sem solo a ciclo fechado da roseira


foram conduzidos no 'lstituto Sperimentale per la Floricoltura di Sanremo'. O
objetivo foi encontrar um sistema simples com baixo emprego de capital,
compatível com propriedades de pequeno e médio porte. O sistema se baseia
no emprego de duas caixas, em terrenos de natural declive, uma posicionada
na parte mais baixa do terreno, de onde a solução nutritiva é bombeada e
distribuída nos interventes de fertirrigação. Nesta caixa, são também recolhidos
os drenados que posteriormente irão recircular. Quando o volume torna
excessivamente reduzido, por efeito do consumo, coloca-se solução nutritiva
nova, que se mistura ao drenado remanescente. A solução permanece em
reciclo até ser considerada ruim para o reciclo (a solução é considerada
exaurida quando a CE supera o teto máximo estipulado para a roseira que foi
de 4000mmS/cm). A partir deste momento, a solução é retirada de circulação
e armazenada na caixa superior, desta é retirada uma amostra, para as
análises químicas, e sucessivamente reequilibrada, para retornar ao sistema,
como solução nova. No caso, para remoção da solução exaurida da caixa
posicionada na parte inferior do conjunto, o sistema continua em
funcionamento, com a administração de solução nova. A CE do drenado, em
recirculação, da caixa inferior é monitorado diariamente. Nesta pesquisa, são
relatados dados de 18 meses de cultivo da roseira sem solo a ciclo fechado
contínuo, parâmetros de uso do sistema, metodologias usadas, suporte de
cálculo, dados do balanço hídrico/nutricional e produtividade.

Palavras-chave: Rosa, cultivo hidropônico, sistema fechado


17

PROLONGED RECYCLING IN CLOSED GROWING SYSTEM FOR ROSE

SUMMARY

An experiment on rose cultivation in closed soilless growing system


was carried out from October 1996 until May 1998. The aim was to check a
simple equipment suitable at the management of nutrition in a closed system
compatibible with the low resources of the small floricultura! farms. Non frequent
chemical analysis of nutrient levels in the drainage solution and a subsequent
regeneration are proposed as a substitute of sensors for continuous adjustment
of pH and solution concentration. The method was tested in a system provided
with two tanks and one pump. One tank placed in higher position was intended
for storage of exhausted nutritive solution (E.C. > 4000 mmS/cm) and
regeneration after chemical analysis. The second tank in a lower position is
intended for receiving the drain after distribution to the substrate; such drain
mixed with fresh nutritive solution when necessary will be available for the next
distribution. ln case of storage of the exhausted drainage in the upper tank, a
fresh nutritive solution will be supplied in the lower tank and recirculated. E.C. is
monitored daily in the lower tank.
ln this paper data related to 18 months of rase growth in soilless
culture with continued ricirculation, are reported. Good productive results were
observed. A noteworthy reduction in water consumption and a high levei (90-
95%) of nutrients utilization were achieved. The methods proved itself useful
for cost reduction and for environmental respect, used for improving the
efficiency of the use of water and fertilizer, qualification and produtivity rases.

Key words: Rose, soiless closed systens


18

3.1 INTRODUÇÃO

A cultura da rosa sem solo está ainda em fase de expansão, em vista


das pesquisas para comprovação dos efetivos elementos de interesse que ela
apresenta sobre o plano das tecnologias de produção e de rendimentos. Na
maior parte dos casos, são utilizados substratos como pedra pomes ou
agriperlita e eventualmente misturados com a turfa. A quase totalidade dos
implantes funciona a ciclo aberto, com perda do percolado. Em poucos locais
ocorrem caso em que se faz uma efetiva reutilização do excesso de
fertirrigação percolada, nem mesmo para a recirculagem por reduzida duração
ou para a fertilização de outras culturas praticadas sobre solo natural.
Os altos percentuais de drenagem utilizados, a freqüência dos
interventes de irrigação no decorrer da jornada, associada à relativa capacidade
de retenção hídrica dos substratos, determinam significativa emissão de
resíduos químicos sobre o solo. Uma estimativa feita na França por
pesquisadores do INRA ressaltam perdas de 300 L/m2, por 9 meses de cultura
de tomate, o que corresponde a 7-8 toneladas de fertilizantes por hectare. A
estimativa feita pela equipe técnica da Chambre d'Agriculture dei Var relataram
perdas de 500 L/m2/ano nos sistemas abertos com dispersão de 10
toneladas/ha/ano de fertilizantes, dos quais uma tonelada seria de N.
Esta situação torna-se supostamente mais agravante em áreas
produtivas, onde a preparação profissional específica do produtor e o nível de
assistência técnica no setor da hidroponia é ainda mais deficiente, como tem
acontecido em algumas zonas italianas e aqui no Brasil. O que na verdade
ocorre é que o meio mais fácil para evitar situações de risco com salinidade
sobre as culturas é aumentar a quantidade de drenagem. Além dos evidentes
problemas de impacto ambiental, calcula-se que os gastos em fertilizantes e
água podem alcançar mais de 1 real/m3/ano, do qual uma elevada quota,
avaliada em mais de 0.8 reais é desperdiçada, porque é jogada sobre o solo.
19

A solução mais óbvia e radical para tais problemas, além da utilização


de confiáveis métodos de controle da efetiva exigência hídrica da planta, é a
adoção do ciclo fechado. Entretanto, mesmo as empresas agrícolas que já se
encontram com implantação compatível com este tipo de solução, nenhuma
delas adotaram efetivamente o sistema fechado. Os motivos que têm
determinado tais comportamentos são diversos, e entre estes pode-se
enumerar a baixa confiabilidade dos produtores sobre a sua própria capacidade
de conduzir o sistema fechado e a existência de alguns problemas
fitopatológicos de real importância para determinadas espécies quando
cultivadas neste sistema. Junto a isto deve-se acrescentar a problemática da
carência de assistência técnica disponível para tal condução e, sem esquecer
as políticas comerciais de algumas empresas que fornecem equipamentos,
sistemas, tecnologias, assistência, e que privilegiam o ciclo aberto. Em
determinados casos, ressaltam problemas ligados ao custo das tecnologias
propostas para os sistemas a reciclo, que para as reais circunstâncias não
seriam compatíveis com os níveis de investimento suportáveis para os
pequenos e médios agricultores.
Com base nesta situação, e também ao fato de que no futuro próximo
será inevitável a adoção de sistemas fechados, foi conduzida, junto ao "lstituto
Sperimentale per la Floricoltura di San remo", uma pesquisa sobre o cultivo sem
solo com reciclagem da solução nutritiva para a cultura da rosa. Tais atividades
são originadas, consequentemente, de uma avaliação preliminar do uso de
sistema de reciclagem com baixo emprego de tecnologia. Os resultados
relativos a tais avaliações preliminares executadas sobre plantas de
Chamaelaucíum (Farina et ai, 1997a). Um dos objetivos, relacionado ao
sistema foi a substituição do uso de sensores, para a monitoragem 'em linha',
dos níveis dos elementos na solução nutritiva com uma simples analise química
de laboratório. Neste trabalho, são fornecidos, para 18 meses de cultivo
hidropônico da roseira em reciclagem contínua, os parâmetros de uso do
sistema, as metodologias de utilização, discussão sobre a questão do
20

dimensionamento de alguns elementos para a implantação deste sistema e


dados relativos ao balanço hídrico/nutricional e produtividade agronômica.

3.2 MATERIAL E MÉTODOS

3.2.1 Implante

O experimento foi conduzido no "lstituto Sperimentale per la


Floricoltura di Sanremo", Itália. O conjunto constituía-se de duas caixas (uma
superior e uma inferior sobre um terreno com declividade natural e uma bomba.
A cada distribuição do fertilizante o drenado era recolhido mediante um
apropriado sistema hidráulico de recuperação na caixa inferior; de lá eram
redistribuídos nos interventes de fertirrigações sucessivos. Diariamente era
executado o monitoramento da salinidade e do pH. Quando o volume de
solução recirculante resultava em excessiva redução pelo efeito do
consumo(1/5 do volume máximo = 1/5 do volume da caixa para reciclo), é
acrescentada solução nutritiva nova que era misturada ao drenado (Figura 1 e
2).
A irrigação, controlada por programador, ocorria através de bicos de
irrigação com jato de 180°, inseridos sobre um tubo de adução dispostos sobre
a superfície do substratos e em posição próxima a uma das paredes da
canaleta. As plantas foram transplantadas a uma distância de 5 cm da parede
oposta àquela do tubo de irrigação. Uma pequena aba de polipropileno na
forma de 'L' serviu para cobrir uma parte da superfície do substrato, formando
uma câmara entre as bordas da superfície da canaleta e a base das plantas,
de tal modo que a irrigação das plantas fosse feita dentro desta câmara e
permitisse a oxigenação da solução nutritiva e também lavar, por completo, o
volume de substrato a disposição das plantas, sem jogar a solução nutritiva fora
desta canaleta.
21

PROGRAMADOR
CAIXA2

ESTERILIZADOR CAIXA 1

Figura 1 - Esquema utilizado na implantação do sistema a ciclo fechado

Figura 2 - Sistema de fertirrigação e armazenamento de solução exaurida


22

O drenado era considerado bom para a reciclagem até quando, para


o volume de drenado maior ou igual a 1/5 daquele da caixa inferior, não
alcançasse o teto máximo de salinidade. No caso de ultrapassar este teto
máximo de salinidade, o drenado "exaurido" era transferido para a caixa
superior e retirado da reciclagem, enquanto na caixa inferior era colocada
solução nutritiva nova que era utilizada para a reciclagem. O drenado exaurido
era submetido a alguns ciclos de esterilização mediante lâmpada de UV e
corrigido o pH a 6 para as sucessivas determinações químicas-analíticas. De
posse desses dados analíticos era feito o cálculo para retornar aos valores do
nível inicial da solução exaurida. Tais cálculos levam em consideração os
valores de N, P, K, Ca, Mg, e Fe, e a utilização de um software projetado
justamente para este fim, que executa os cálculos de reequilibratura. Após a
correção química dos elementos minerais e o controle do pH final a valores de
5.8-6.0, a solução da caixa superior pode retornar ao sistema para ser
reutilizada.

3.2.2 Substrato, material vegetal e forma de condução

O sistema foi conduzido em canaletas de polipropileno contendo pedra


pomes de granulometria mista de 3 a 12mm, calibre normalmente utilizado na
Riviera das Flores (Sanremo) para o cultivo sem solo. Foram cultivadas plantas
de rosa microenxertadas da cv Anna sobre o porta-enxerto R. indica. O volume
de substrato à disposição foi de cerca 14 !/planta. As plantas foram dispostas
em fila única distanciadas de 23 cm (d= 10.7 plantas/m2 cultivado), com livre
crescimento de outubro de 1996 até o primeira colheita, executada em
dezembro de 1996. A colheita foi feita com cortes sobre o ramo que continha a
flor, ou seja, com condução dos ramos a subir, com exceção de um
rebaixamento a ramos de segunda ordem em julho de 1997 e uma poda de
revigoramento na metade de fevereiro de 1997. O experimento foi conduzido
sobre estufa de vidro sem aclimatação térmica ou luminosa, a exceção de uma
23

caiação (branqueamento dos vidros com calda de cal) para redução do excesso
de radiação no período de junho/agosto 1997.
Foi utilizada inicialmente uma solução nutritiva de composição
semelhante àquela utilizada por Brun, de condutividade elétrica igual a 2100
mmS/cm, com a concentração reduzida a 2/3 no período de verão
junho/setembro (Tabelas 1 e 1a). Para preparar a solução nutritiva, foram
usados fertilizantes de uso cotidiano e água de distribuição municipal com teor
inicial de 100-150 mg/L de Ca e condutividade igual a 300-500 mmS/cm, usada
após descalcificação através resina de troca iônica. Os micronutrientes foram
administrados com solução nutritiva de concentração em mg/L de Mn 0.17, Cu
0.17, b 0.03, Zn 0.03, Mo 0.03. O Fe foi distribuído alternando, na solução
irrigada, o uso da forma quelada (Sequestrene} com aquela ionica livre (sulfato
ferroso}.

Tabela 1. Composição da solução nutritiva de outubro de 1996 a outubro de


1997
Concentração N-N03 N-Nlii p K Ca Mg Fe Microel. pH E.C
(mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) mmS/cm
Normal 151 23 41 220 96 33 0.7 Compl. 6.0 2100
Reduzida 101 15 27 146 64 22 0.4 Compl. 6.0 1400

Tabela 1a. Composição da solução nutritiva de novembro de 1997 ao final da


prova

Concentração N-N03 N-Nlii p K Ca Mg Fe Microel. pH E.C


(mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) (mgtl) mmS/cm
Normal 164 19 18 192 110 19 0.7 Compl. 6.0 2100
Reduzida 109 13 12 128 73 13 0.4 Compl. 6.0 1400
24

3.2.3 Parâmetros para uso deste sistema

Foram previstos três interventes de irrigação ao dia: às 8.30 / 12.30 /


17.20 horas, reduzidos a dois interventes durante o período de inverno: às 8.30
e 16.30 horas. O volume irrigado em cada aplicação foi igual a 0.45 Uplantas,
com um drenado médio compreendido entre os 70 e 80%.
O teto máximo de salinidade adotado para estabelecer o drenado
como bom para recircular foi baseado em uma experiência feita anteriormente
com a cultura do Chamaelaucium e rosa (Farina et ai, 1997a). O valor foi fixado
em 4000 mmS/cm, obviamente para volume de drenado maior ou o máximo
igual a 1/5 daquele da caixa inferior de reciclagem.

3.2.4 Dados colhidos

Foram coletados dados do ritmo de consumo e do volume da solução


nutritiva presente no sistema como um todo, e foram adotados os volumes das
soluções nutritivas novas colocadas no sistema como parâmetros. Na solução
drenada em reciclagem foram analisadas diariamente o pH e salinidade. Para
as soluções exauridas, além do pH e salinidade, foram executadas as
determinações químicas. Para as análises foi utilizado o sistema
"Spectroquant Merck", um espectrofo tometro SQ118 e os respectivos kits
analíticos. Para a analise do Mg foi utilizado o sistema "Aquaquant Merk", com
prévia concentração da amostra do drenado trâmite evaporador de rotação.
Sobre as plantas foram coletadas dados de colheita de flores e em
seguida, feita a classificação segundo critérios comerciais utilizados para o
cultivar em questão, para os quais são previstas 5 categorias de qualidade
para o mercado de Sanremo: 40-50 cm, 50-60 cm, 60-70 cm, 70-80 cm e >80
cm. Para os principais fluxos de produção foram coletados amostras de peso e
comprimento das flores para cada categoria comercial.
25

3.2.5 Avaliação do pH e da condutividade elétrica

Para a caracterização da evolução do pH e da salinidade, tanto do


drenado instantâneo (colhido na saída do substrato contendo a cultura) e
quanto do drenado em reciclo (amostras colhidas na caixa inferior onde é
armazenada a solução em reciclo), foram coletadas amostras seguindo os
turnos de irrigação e segundo a redução da solução estoque em reciclo
(evapotranspiração + consumo pelas plantas+ perdas no sistema). Foi utilizado
duas soluções nutritivas idênticas em concentração (Tabela 1), mas com a
relação entre o nitrogênio amoniacal e nítrico diferentes:
a) solução com N-NH4 : N-N03 = 1 : 8
b) solução com N-NH4 : N-NO3 = 1 : 3, solução derivada da
reiquilibratura da solução exaurida.
O período de condução deste ensaio foi de março a abril de 1998.

3.3 RESULTADOS

Os resultados correspondem aos 20 meses de cultivo em reciclagem.


Durante este período não foi retirado do sistema nenhum drenado, a não ser
temporariamente, com o objetivo d e reequilibrar a solução ao setup inicial e
permitir sua reutilização.

3.3.1 Balanço hídrico

Os resultados obtidos indicam um consumo de cerca 64.000 litros de


água para os 566 dias de cultivo de 406 plantas, correspondendo a 0.28
Uplanta/dia. O consumo mínimo foi igual a 0.09 Uplanta/dia no período de
inverno, que corresponde à primeira quinzena de janeiro de 1998. Para agosto,
que corresponde ao verão, foi o período de máximo consumo, alcançando 0.6
Uplanta/dia (Figura 3). Para se entender melhor estes dados de consumo
26

mínimo absoluto, recorda-se que em janeiro as temperaturas são baixas, que


ao nível de solo chegaram próximas de zero e que não foi dado nenhum tipo de
suplementação térmica às plantas.

3.3.2 Balanço dos elementos fertilizantes

O balanço nutricional após 566 dias está na Tabela 2. Os consumos


médios diários por planta para cada elemento são: 39mg de N, 7.4mg de P,
46mg de K, 22 mg de Ca e 7 mg de Mg. A relação entre os elementos
consumados é N:P:K:Ca:Mg = 1 : 0.19: 1.18: 0.57: 0.17 semelhantes àqueles
utilizadas para a composição da solução nutritiva (1 : 0.23 :1.26: 0.55: 0.19). O
percentual de utilização dos elementos fertilizantes colocados foi notavelmente
alta.

0,0 +--+--+-+--+-+-+--+--+-+-+-+-+--+--+-+-+-+-+--t--+-l-+--t--t-+--t-+-+-+-+--+-+--+--+-+-+--+-t--+-il

#���###$$�##$����##$$
".l '); ".l ...,<;)'
...�..;. ..., ".l ..., 'l,�<;)

Figura 3 - Consumo hídrico médio por planta de rosa em sistema de cultivo sem
solo
27

Tabela 2. Balanço do fornecimento de fertilizantes para as 406 plantas de rosa


em cultivo sem solo em reciclo em 566 dias

N p K Ca Mg Fe
Adicionados ao sistema (g) 9195 1720 10772 5555 1565 31,2
Restante no sistema (g) 202 14 212 464 31 6,7
Consumido (g) 8992 1706 10561 5092 1534 24,5
Consumido/planta/dia (mg) 39 7,4 46,0 22,2 6,7 0,11
Relação entre elementos 1,00 0,19 1,17 0,57 0,17
Agua Consum.(Uplanta/dia) 0,28 Litros

3.3.3 Produção de drenado instantâneo e em reciclagem e relação entre


características do drenado instantâneo e em reciclo

No decorrer dos 18 meses, foram produzidos 4400 litros de drenado


exaurido. Tais quantidades correspondem a uma produção média de 0.019
Uplanta/dia. Foi obtido ritmo de produção máxima no período junho/agosto
1997 (0.024 Uplanta/dia) e ritmo de produção mínimo no período novembro de
1997 / março de 1998 (0.007 Uplanta/dia). O percentual de drenagem variou
entre os valores máximos de 80% no período de outubro de 1996/ maio de
1997 e o valor mínimo de 68% no período de abril/ maio de 1998 (Tabela 3).
De posse desses dados da efetiva quantidade de drenagem, pode-se presumir
que em cada aplicação de irrigação se tenha obtido uma boa homogeneização
da solução nutritiva no ambiente radicular das plantas, se comparado a solução
recirculante irrigada.

Tabela 3. Parâmetros de fertirrigação e volume de drenado em cada período da


prova

Período Aplicação/dia Consumo/dia (L) Irrigação/dia (L) Drenagem (%)


l0/10/96-20/05/97 2 0,20 0,99 80
20/05/97-1 l/l l/97 3 0,37 1,48 75
l l/11/97-10/04/98 2 0,22 0,99 78
10/04/98-30/05/98 3 0,47 1,48 68
28

No experimento conduzido para analisar o andamento do pH e


salinidade nos drenados, no teste onde foi feito uso da solução nova com
condutividade elétrica de 2100 mmS/cm e N-NH4 : N-NO3 = 1: 8. Esta
solução, ao passar pelo substrato, deu origem a um drenado instantâneo com
condutibilidade de 3000 mmS/cm que, ao ser misturado com a solução na
caixa inferior, deu origem a um drenado com condutividade um pouco superior
àquela da solução irrigada. Com o suceder dos interventes de fertirrigação, a
salinidade do drenado instantâneo e do drenado na caixa tenderam a nivelar­
se, aumentando contemporaneamente para valores de condutividade sempre
superior à inicial. O teto da salinidade de 4000 mmS/cm foi superado nesta
série de avaliações, quando a solução em reciclo foi reduzida a cerca de 1 /3 do
volume inicial. O andamento do pH, ao contrário, foi menos indicativo,
entretanto, é importante evidenciar que se manteve entre 6.3 e 6.8 com o
progredir da reciclagem ,e mesmo, com o aumento da concentração do drenado
(Figura 4). Entretanto quando foi utilizada solução regenerada, cuja relação
entre nitrogênio N-NH4 : N-NO3 era de 1: 3, o pH reduzia de 6.5 para 3.2 na
solução recirculante, enquanto o drenado instantâneo apresentava sempre
valores do pH em torno de 3.2 (Figura 5).
Retornando à condução normal do sistema, onde a solução nutritiva
fresca se mistura a solução drenada já presente, no total da experimentação, o
drenado foi considerado exaurido 9 vezes em períodos de cerca 65 dias entre
eles, com exceção de um período de utilização da solução nutritiva mais longo,
entre novembro de 1997 e março de 1998. Cada vez que a condutibilidade do
drenado atingia um nível superior a 4000 mmS/cm, este era considerado
exaurido, e neste momento, o pH correspondente era bastante ácido estando
entre os níveis de 4.8 - 5.2. Apesar disto, os valores de pH analisados durante o
funcionamento do sistema estavam sempre na faixa de 5.8 - 6.2, valores
considerados bons para a condução neste tipo de cultivo.
29

-.-
7,0 ,---------------�5000
-pH-drenado.
6,8 (N-NH4:N03=8:1)
4000
6,6 --O-pH-drenado "instant:
(N-NH4:N03=8:1)
6,4
• ,t, • Conduc. drenado.
1i.6,2 ----�-- - - ------------
6,0 -- - ----- ---- - ----- --- - 2000 W
u • -A • Condut. dren.
'instant.'
5,8 - - - - - - - - - - - - - - - - - -
1000

5,6 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

5,4 +----+----+----+----+-------+
100,0 80,0 61,7 45,0 33,3 28,3
% do volume inicial

Figura 4 - Andamento da condutividade e do pH do drenado instantâneo e em


reciclo com solução nutritiva inicialmente com relação nitrogênio
amoniacal e nítrico 1 :8

-pH-drenado.
6,0
(N-NH4:N03=8:1)
5,5 _,._pH-drenado
(N-NH4:N03=3:1)
1i. 5,0
-0-pH-drenado "instant."
(N•NH4:N03=8:1)
4.5
--6-pH-drenado "instant."
4,0 (N-NH4:N03=3:1)

3,5

3, 0 +-----------+-----+-----<
100,0 80,0 61,7 45,0 33,3 28,3

% do volume inicial

Figura 5 - Andamento do pH do drenado instantâneo e em reciclo com


diferente relação entre nitrogênio na forma amoniacal e nítrica
30

3.3.4 Correção do drenado exaurido e composição da solução nutritiva

A correção dos elementos nutritivos da solução drenada foi feita com


água e adubos minerais, após uma série de cálculos executados via específico
software FERSAN 46, software projetado pelo Dr. Enrico Farina do "lstituto
Sperimentale per la Floricoltura di Sanremo". O programa toma como base os
parâmetros nutricionais do elemento do drenado mais desbalanceado em
relação aos níveis ótimos de N, P, K, Ca, Fe e salinidade. Ao final dos cálculos,
somente os níveis de N, P, K, Ca, Fe eram retornados aos níveis ótimos; os
demais elementos, mesmo que ausentes analiticamente, não eram
reequilibrados, retornando aos devidos níveis por ocasião da adição da solução
nova ao sistema. Finalmente, o pH da solução reequilibrada era levado a 6
mediante a adição de solução de ácido nítrico diluída.

3.3.5 Produtividade e qualidade da produção

O rendimento total analisado foi de 26.5 flores/ planta, para o período


de 18 meses de condução da roseira sem solo que correspondeu a 15 meses
de colheita. A classificação das flores colhidas nas suas respectivas classes
comerciais caracterizadas por diferença de comprimento de hastes florais estão
na Tabela 4. É importante ressaltar que não foi feita aclimatação da casa de
vegetação no período, e que as plantas entram em dormência no período de
inverno e também que o sistema de condução das plantas usado foi o sistema
tradicional. Atualmente, estão usando o sistema de condução japonês ou em
coroa, que permite um favorecimento da produção somente de hastes longas
em detrimento das demais (Morisot, 1997), sistema já bastante usado na
França e cujo uso na Itália está aumentando.
31

Tabela 4. Produção de rosas nos dezoito meses de colheita nas diferentes


classes comerciais em comprimento (cm)

Classe <40cm 40-50cm 50-60cm 60-70cm 70-80cm >80cm Total


comercial
Rosas/planta 8.89 8.08 5.55 2.33 0.53 0.12 26.50

Uma atribuição de qualidade sobre base objetiva de parâmetros


biométricos foi calculada a partir do peso por unidade de comprimento, em cada
fluxo de produção (Tabela 5). Destes dados é possível verificar que as hastes
florais desenvolvidas logo após o período de repouso invernal, período que
corresponde ao primeiro fluxo de produção, apresentam uma espessura maior
em decorrência da poda de inverno ou poda de rejuvenescimento, sendo
também o período em que se concentra também a maior produção de flores
(Figura 6 e 7).

2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

Figura 6 - Distribuição da produção comercial de flores (>40cm)


32

Tabela 5. Peso por unidade de comprimento de hastes dentro de cada classe


comercial

classe comercial
Data <40 40-50 50-60 60-70 70-80 >80
08/04/97 não determ. 1, 10 1,26 1,23 1,47 1,58
30/06/97 não determ. 0,59 0,58 0,77 0,83
30/09/97 não determ. 0,53 0,51 0,65
07/05/98 não determ. 0,94 1,12 1, 18 1,21 1,2

Figura 7 - Visão geral das roseiras no período de produção

3.4 DISCUSSÃO

O consumo médio de água obtido no decorrer do experimento (0.28


Uplanta/dia) foi muito inferior àquele obtido no decorrer de uma experiência
feita anteriormente no mesmo sistema para o cultivo sem solo do
Chamaelacíum (Farina et ai, 1997a). Realmente, neste caso relatado, o
consumo foi igual a 0.95 L/planta/dia, média obtida de 10 meses entre outubro e
33

julho. Esta diferença de consumo hídrico assim evidente pode ser em


decorrência, pelo menos em parte, do efeito da cobertura do substrato usada
no ensaio para proteção do substrato e redução da perda de água. É
interessante ressaltar-la, mesmo porque no caso da rosa que apresenta
crescimento e área foliar muito superior ao do Chamaelaucíum obteve-se um
consumo médio muito menor. Por outro lado, estes dados sobre o uso de
cobertura do substrato em cultura sem solo, já evidenciados por Farina et ai.,
1997(b), é que levaram a este tipo de condução, por apresentar uma redução
no consumo de água de até 30% e ainda maior produção. No caso deste
ensaio, o baixo consumo de água se presume que seja por uma baixa
intensidade de evaporação de água e um baixo conteúdo e reduzido aumento
da salinidade da solução do substrato, fato importante na condução do sistema,
principalmente quando se pensa neste tipo de cultivo em áreas tropicais ou com
altas temperaturas e baixa umidade relativa.
O consumo de água ressaltado correspondente a 64.000 litros é muito
inferior àqueles obtidos para um cultivo normal sobre terra, estimados em 100 a
130 m3, em base aos turnos de rega e aos volumes de irrigação previstos e que
normalmente são aumentados por conta dos próprios produtores ou por
condições climáticas mais rigorosas (assistência técnica local).
Em relação ao consumo dos elementos nutritivos, os percentuais de
utilização dos macro-elementos, N, P, K, Ca e Mg se encontram entre 91 a 99.2
%; já o Fe apresentou um baixo aproveitamento em relação àquele que se
administrou nas soluções, caso já previsto, uma vez que o Fe torna-se não
disponível às plantas após determinado período, mesmo que presente na
solução é, assim, colocado em quantidades superiores àquelas exigidas pelas
plantas, principalmente em casos de ciclo fechado (Tabela 6). No caso de se
decidir por descartar o drenado r emanescente no sistema após os 18 meses
de reciclagem, seria jogada no ambiente ou utilizado como adubo em culturas
em solo normal, após previa diluição, somente uma pequena quantidade de
elementos, muito inferior àquela estimada por Guerin et ai (1995), que foi igual
34

a 50%. Menor ainda se comparadas as perdas estimadas aos níveis


experimentais para o cultivo a ciclo aberto nos experimentos feitos por
Jeannequin e Fabre (1993), os quais indicam dispersão superior a 65% de N
(forma nítrica), a 45% para o P, a 58% para o K, a 56% para o Ca e superior a
80% para o Mg.

Tabela 6. Balanço do fornecimento dos fertilizantes após 566 dias de reciclo da


solução nutritiva

N p K Ca Mg Fe
Colocado (g) 9195 1720 10772 5555 1565 31,2
Não utilizado (g) 202 14 212 464 31 6,7
o/o de utilização 97.8 99.2 98.0 91.7 98.0 78.5

A utilização do ciclo fechado segundo a metodologia descrita, permitiu,


portanto, uma grande economia de fertilizantes, acima de tudo em relação ao
seu desperdício quando este é jogado no meio ambiente, com benefícios do
tipo econômico (menor despesa com adubos) e benefícios ao nível ambiental.
Em relação ao aumento da acidez verificada durante as análises de
controle do pH e condutividade elétrica, a partir das soluções nutritivas
regeneradas, é necessário considerar que a quantidade de N-NH4 é um dos
principais fatores de controle do pH de uma solução em reciclagem.
Willmsen(1984), trabalhando com alface, considerou que, para manter um pH
entre 4 e 5, seria necessário cerca de 10% de N amoniacal e de 90% de N­
nítrico. O pH, portanto, depende grandemente do nível de N amoniacal. Por
outro lado, o N-NH4 pode ser oxidado a N-No3 em passagens sucessivas pela
ação de bactérias, principalmente as dos gêneros Nitrosomonas e Nitrobacter
+
que o transforma através das reações metabólicas e produzem o íon H .
Portanto, é de se considerar que, a partir das soluções nutritivas obtidas dos
drenados exauridos regenerados por meio da adição de sais de amônia, se
possam obter drenados com elevada acidez, como efetivamente verificados
35

neste ensaio, problema que ao nível prático surgem com freqüência, uma vez
que, por falta de sais específicos, torna-se difícil regenerar a solução sem a
adição de amônia para reequilibrar a solução.
Com relação ao aumento da acidez avaliada na solução circulante no
momento que se apresentava com elevada concentração, justamente após
vários ciclos com reposição com soluções frescas, não pode ser correlacionada
com a elevada quantidade de íon a mônia, uma vez que as análises químicas do
drenado exaurido evidenciam ausencia deste íon no momento de ser retirado
de circulação. Deste modo, é necessário considerar que a solução nutritiva é
um sistema químico extremamente complexo para se fazer uma análise unitária
dos fatores que interagem e governam o sistema, sabendo-se que ela é
composta de múltiplos subsistemas que apresentam unidades de equilíbrio
químicos diferentes, quanto à sua solubilidade e capacidade tamponante, mas
que interagem entre elas. Poderia ser interessante considerar principalmente
dentro dessas propriedades destes subsistemas, aquelas do fosfato biácido que
é uma realidade conhecida dentro deste sistema. Para isto, se tiver uma
solução de um sal de fosfato biácido, por exemplo, a concentração de cerca
0.1 M (cerca 12 g/L), o pH vai a valores de 4-5, enquanto a diluição de tal
solução leva o pH a 7, ou seja ao pH semelhante ao da água. Isto pode
+
confirmar o aumento da concentração de íons H e da salinidade verificada no
decorrer do experimento.
Um outro aspecto importante deste método é possibilitar o controle,
por meio de análises químicas, de um eventual e desequilíbrio de alguns
elementos no drenado exaurido e, portanto, de adequar a real quantidade dos
elementos nutritivos à exigência da espécie em cultivo. Por exemplo, nesta
pesquisa, o P administrado pelo primeiro setup (Tabela 1) foi excessivamente
alto para o reciclagem; uma vez que não era absorvido pela cultura, este vinha
acumulado na solução do drenado, e assim permitiu que fosse feito o ajuste,
mudando-se a formulação para uma outra que continha menor concentração
deste elemento.
36

Com os dados desta pesquisa, na qual o consumo de água foi de 0.28


Uplanta/dia, o percolado correspondeu a uma produção de drenado exaurido
igual a 0.019 Uplanta dia. O drenado exaurido foi analisado e sucessivamente
regenerado 9 vezes em 18 meses. Para um cultivo que não seja ao nível
experimental, é possível manejar o drenado exaurido de tal forma que não
sejam necessárias análises e regenerações freqüentes. Para isso, bastaria que
se armazenasse em uma caixa diversos drenados inadequados ao reciclo e
depois seriam submetidos a uma única análise para a sua sucessiva
regeneração. Neste caso, o acúmulo progressivo dos drenados em uma caixa
de estocagem permitiria diminuir o custo das análises químicas, que variariam
segundo o tipo de laboratório no qual seriam encaminhados, sejam públicos,
privados, consorciados, ou na própria empresa. Particularmente, o momento em
que deve ser efetuada as análises químicas seria sugerido pelo próprio valor
econômico do drenado exaurido acumulado e o valor de custo da análise, fato
que talvez não seja ainda a realidade, porque não se tem uma legislação
rigorosa que proíba o descarte de resíduos químico sobre o solo.
A título de exemplo, pode-se estimar o seguinte cálculo: a partir do
valor médio do drenado exaurido obtido no decorrer do experimento, indicou o
valor de 2.76 reais/m3 como base e conômica das análises. Portanto, uma caixa
de estocagem de 10 m3 conteria um drenado no valor de 27 reais , ou seja,
valor que corresponderia ao custo da análise química junto a um laboratório
público. O volume de 10 m3 de drenados exaustos é alcançado, ao ritmo de
0.019 1/planta/dia, após 526.313 plantas cultivadas /dia (valores que
correspondem por exemplo a 526 dias para 1000 plantas em cultivo, ou a 53
dias para 10.000 plantas e assim por diante). Mas, no caso de se estocar o
drenado, deve-se levar em consideração que seria necessária a utilização de
uma outra caixa para executar os sucessivos reequilíbrios ou usar uma caixa
de estocagem com volume maior que o total do drenado de tal forma que
possibilite sua reequilibratura após as análises.
37

3.5 CONCLUSÃO

Ao final de 18 meses de cultivo fechado, não foi descartado nenhum


drenado do sistema, mas deve-se ressaltar que para ser efetuado este tipo de
manejo com longa duração dependeria, acima de tudo, da qualidade da água,
porque alguns sais não utilizados pelas plantas, mesmo que não sejam tóxicos,
tendem com o tempo a acumular e tornar cada vez mais difícil a regeneração
da solução com os elementos nutritivos aos valores do setup e ainda manter os
valores da condutibilidade elétrica dentro dos valores toleráveis as plantas. Os
ganhos positivos são dirigidos principalmente para a redução dos custos de
produção pela utilização em níveis quantitativos dos elementos nutritivos, e
também com respeito à preservação do meio ambiente, sem descarte de
produtos químicos poluentes. O método proposto compreende a escolha de
algumas técnicas, recentemente introduzidas como o uso de cobertura
protetora "mulching" para a obtenção destes resultados citados. Parte
importante deste método é a utilização de computadores, com software
específicos, na agilização dos cálculos para a regeneração do drenado a partir
das análises, ao nível de pesquisa e principalmente de propriedades agrícolas.
O sistema proposto é superior ao do sistema aberto, mesmo que seja
necessário descartar o drenado exaurido após determinado período.
4 PRODUÇÃO DE ROSEIRAS PROPAGADAS POR ENXERTIA OU
ESTAQUIA EM CULTIVO HIDROPÔNICO

RESUMO

Plantas dos cv Sari e Anna propagados por enraizamento de estacas


ou enxertadas sobre R. indica foram cultivadas em sistema hidropônico aberto,
utilizando a mistura areia:turfa (4:1 v/v) como substrato. As fertirrigações foram
feitas com uma solução completa de macro e micro nutrientes. Os resultados
evidenciam aumento na produção para as flores de I classe de 17.33 para 27.95
flores/planta sobre os cultivares Anna e de 14.08 para 21.6 flores/planta sobre o
cv Sari a favor das plantas enxertadas. Resultados semelhantes em favor das
plantas enxertadas, foram obtidos na produção comercial de flores. Foram
verificados, para as plantas enxertas também aumentos da matéria fresca
exportada sob forma de flores e também na matéria fresca total (flores +
descarte de flores + material de poda). O efeito positivo da enxertia foi verificado
também sobre o comprimento das hastes florais da classe I e 11, com exceção da
classe I da cv Sari. Após a poda de rebaixamento das plantas, feita no verão, foi
verificado uma menor formação de mergulhões ou ramos de renovação, nas
plantas da cv Sari oriundas de estacas enraizadas.

Palavras-chave: Rosa, propagação, hidroponia, estaquia, enxertia,


39

PRODUCTION OF ROSE PLANTS HIDROPONICS PROPAGATED BY


CUTTINGS OR GRAFTING

SUMMARY

The effect of propagation method (rooting of cuttings or grafting on R. indica


roostock) on growth, flower yield and flower quality of the rose cvs Anna and Sari
was investigated in soilless culture with free drainage. The plants were grown in
greenhouse on raised banches filled with mixture of sand:peat (4:1 v/v). The
cornposition of the fertilizing solution was the sarne used in comrnercial
productions. Fertigation volume was determined by volume and EC of the
drainage. The Expected Leaching Frection was 0.1. ln eighteen months of
harvesting an increase of yield of flowers of class 1 (1 > 50cm) was deterrnined in
the case of the grafted plants (frorn 17 .33 to 27 .95 flowers/plants for cv Anna and
frorn 14.8 to 21.6 flowers/plants for cv Sara). Higher yield of comrnercial flowers
qualit was obtained frorn grafted plants. Higher fresh rnatter of cut flower and of
the total harvest stem + discard material frorn pruning was reached by grafted
plants. Higher length of flower stem was obtained frorn the grafted plants of the
cv Anna and Sari in the case of flowers belonging to class li ( 1 < 50 cm), but only
for cv Anna in the case of the flowers of class 1. The plants of the cv Sari
propagated by cut rooting showed poor developrnent of prirnary shoot (pseudo­
suckers) after cut-back in july. On the whole grafted plants (rninigreffe) gave
higher yield and higher flower quality showing higher growth rate (fresh weight of
material harvested).

Key words: Rose, propagation method, cuttings, soilless culture


40

4.1 INTRODUÇÃO

O cultivo sem solo da roseira representa hoje uma técnica de condução


já consolidada nos países mais adiantados da Europa, onde já existem
protocolos à disposição dos produtores ou estão em desenvolvimento das
definições específicas para sua utilização. Pode ser discutido ainda se a
utilização de plantas enxertadas deve ser considerada uma opção preferencial.
No cultivo sem solo, existem aspectos agronômicos e fisiológicos a serem
considerados, bem como as característicos de tal técnica. Um destes aspectos é
a particular condição em que se explora o sistema radicular. Tais condições
derivam das propriedades físico/químicas do substrato como pH, porosidade
etc., das condições de manejo as quais o mesmo substrato é colocado sobre as
bases especificas do sistema e do protocolo de gestão da nutrição (composição
da solução nutritiva, concentração de oxigênio, temperatura, etc.). Com certeza,
um bom substrato para cultivo sem solo deve possuir um conjunto de
características particularmente boas para garantir um elevado ritmo de
crescimento, em geral melhor do que a maior parte dos substratos naturais.
Portanto, a relação de mediador com o terreno, freqüentemente atribuída ao
porta-enxerto, sobre a qual normal mente são feitas as escolhas dos porta­
enxertos, resultaria menos importante. Também a função de garantir maior
vitalidade e permitir maior longevidade das plantas assume menor significado na
ótica de um desfrute intensivo das plantas, típico do sistema sem solo. É natural,
portanto, que se pergunte se a escolha de plantas enxertadas, que são mais
caras em relação às plantas propagadas por enraizamento de estacas, seja
ainda considerada oportuna para o cultivo sem solo em substratos artificiais.
Com o objetivo de obter alguns elementos que possam contribuir para
esclarecer esta dúvida, uma avaliação agronômica comparando plantas
propagadas por enraizamento de estacas e plantas enxertadas foi inserido
dentro do programa do trabalho de rosas em cultura hidropônica.
41

4.2 MATERIAIS E MÉTODOS

Os experimentos foram conduzidos junto ao 'lstituto Sperimentale per la


Floricoltura di Sanremo', na Itália. Roseiras dos cvs Sari e Anna, obtidas por
enraizamento de estacas e por microenxertias (minigreffe), usando como porta­
enxerto a R. indica, foram cultivadas em regime hidropônico em arquibancadas
suspensas.
Como substrato, foi adotada uma mistura composta inicialmente de
areia:turfa = 4:1 v/v, substrato que foi utilizado outras vezes por diferentes
espécies, com baixa interação química com os elementos fertilizantes das
soluções nutritivas e suficiente quanto à porosidade para esta cultura,
capacidade de retenção hídrica e boa como suporte físico para as plantas. Este
substrato permitiu fertirrigações a cada 3 dias, sem riscos para a cultura.
O transplante foi feito no inicio de Novembro de 1995 distribuindo as
plantas em fila única. A densidade final na superfície cultivada resultou em 6,1
plantas/m2 . Para evitar competição entre as variedades ou materiais
diferentemente propagados, dotados de diferente ritmos de crescimento, cada
variedade, dentro cada variação de propagação, foi transplantada até completar
a superfície de duas arquibancadas, escolhidas ao acaso dentro da estufa.
Sobre cada arquibancada foram colocadas 7 parcelas, cada uma contendo 6
plantas, sendo utilizadas apenas as 5 centrais como parcelas experimentais para
coleta de dados de crescimento e produção. Portanto, foram previstas 10
repetições para cada combinação dos níveis dos fatores experimentais, cv x
unidade de propagação. As plantas foram deixadas em livre crescimento, a
temperatura mínima hibernal de 1 OºC, até abril de 1996, fazendo somente a
retiradas dos botões florais formados.
As fertirrigações foram feitas com uma solução completa de macro e
micro nutrientes obtida via adubos minerais usuais, como nitrato de amônia,
42

fosfato monoamônio, nitrato de cálcio e nitrato de magnésio. A relação entre


elementos nutritivos está relatada na tabela 1. O Fe foi distribuído alternado-se
na solução irrigada, sob a forma de quelada (Sequestrene) e a forma iônica livre
(sulfato ferroso).

Tabela 1. Composição da solução nutritiva

Concentração (mg/1)
N-NQ3 N-NH4 p K Ca Mg pH
169 20 40 210 125 23 5.5-6
Zn Mn Cu Mo Bo Fe Cond.(mS/cm)
0.03 0.17 0.17 0.03 0.03 0.6 2.1

Foi utilizado um sistema hidropônico aberto com drenagem a perder.


Para acompanhar e fazer o controle do estado hídrico das culturas, foi usado o
método proposto por Farina (1996), que se baseia essencialmente no controle
da percolação efetiva das fertirrigações efetuadas. Para o monitoramento do
sistema, foi montada, dentro das arquibancadas, uma caixa de 70x70x17 cm de
material plástico, o qual era preenchido com os mesmo substrato e continha
plantas em cultivo idêntico ao restante da arquibancada. As caixas continham
um leve declive para o centro e um furo central, com o objetivo de canalizar o
excesso de irrigação a um recipiente coletor ali disposto. O confronto entre o
volume drenado real e aquele teórico permite calcular o volume a ser irrigado na
fertirrigação sucessiva. O percentual de drenado teórico foi fixado em 10% do
volume de solução fertirrigante administrada; o intervalo entre as fertirrigações
foi fixado em dois por semana.
43

No inverno 1996/97 foi mantido um regime térmico mínimo do ar de


°
12 C. Foi adotado o sistema de colheita contínua, ou seja, sem programação de
colheitas e sem períodos de repouso hibernal. O corte da haste floral foi feito no
ramo do botão, com exceção nos períodos de rebaixamento, a ramos de ordem
inferior àqueles floridos, sempre que foi julgado necessário, seguindo uma
avaliação de vigor dos ramos floridos, ou nos períodos de rebaixamento a ramos
de segunda ordem, de inverno e nos períodos de repouso e de baixa produção
do verão.
Uma avaliação da f ormação de gemas de renovação (mergulhões) foi
feita no final de setembro de 1996. Do mês de abril de 1996 até final de junho
1998, foram analisados dados de produção de flores e de matéria fresca. As
flores foram divididas em classes caracterizadas por diferença de comprimento e
hastes: Classe 1 (>50cm), classe li (30 - 50cm) , classe li ( < 30cm).
Os dados foram submetidos à análise de variância e sucessivamente ao
teste de confronto de médias ( Teste de Tukey. P = 0.05).

4.3 RESULTADOS

Os dados foram analisados separadamente para cada cultivar. Os dados


de colheita de abril de 1996 a julho de 1998 (26 meses de colheitas continua)
estão na tabela 2, e evidenciam um aumento significativo no número de flores
pertencentes à classe 1, em favor das plantas enxertadas, tanto sobre a cv Anna
(de 17.33 para 27.95 flores/planta) quanto sobre a cv Sari (de 14.08 para 21.6
flores/planta). Nenhuma diferença significativa em relação à forma de
propagação foi constatada para a produção da classe li cv Sari, mas, para a cv
Anna, houve uma redução da produção de flores dentro desta categoria.
Entretanto, analisando-se a produção comercial relativa, soma das duas
produções na classe I e classe 11, verifica-se, no caso da cv Anna, aumentos de
15.6 % e de 17.6% para a cv Sari, conforme expresso na tabela 2.
44

Tabela 2. Produtividade média (número de flores/planta) de 27 meses de


colheita dentro das devesas classes

Classe 1 Classe li comercial


Anna Sari Anna Sari Anna Sari
Enxertadas 27.95a 21.60 a 12.97 a 34.97 a 40.92 a 56.61 a
Estacas 17 .33 b 14.08 b 18.09 b 34.07 a 35.46 b 48.15 b
As médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si (teste
de Tukey, p = 0.05)

Da análise da produção de matéria fresca vegetal, confirma-se


claramente o efeito positivo do porta-enxerto, já verificado ao nível de
rendimento de número de flores. Verifica-se, no caso das plantas enxertadas,
um substancial aumento da massa de matéria exportada na forma de flores (de
1309.7 para 1545.5 e de 1230.5 para 1774.5 g/planta respectivamente, para o cv
Anna e Sari). Análogo aspecto pode ser encontrado, analisando-se a massa total
de matéria fresca exportada, que corresponde à massa das flores menos
aquelas flores de descarte e a parte podada por efeito de limpeza ou para
revigoramento das plantas (tabela 3).

Tabela 3. Peso médio da matéria fresca das flores colhidas e da substância


fresca total exportada das plantas de rosa propagadas por estacas ou
microenxertia.

Matéria fresca de flores (g) Matéria fresca total (g)


Anna Sari Anna Sari
Enxertadas 1545.48 a 1774.53 a 1712.97 a 1992.96 a
Estacas 1309.73 b 1230.53 b 1442.25 b 1443.15 b
As médias nas colunas seguidas da mesma letra nSo diferem significativamente entre si (teste
de Tukey, p = 0.05)
45

Com respeito ao comprimento médio das flores colhidas, foi verificado,


para o cv Anna, aumento de 57.8 para 60.7 cm na classe I e de 42.1 para 43.9
cm na classe li para o material propagado via microenxertia. Para o cv Sari, um
aumento no comprimento significativo ao nível estatístico foi verificado em favor
das plantas enxertadas, somente no caso da classe li (de 40.0 para 41.2 cm).
Os dados relativos a estes parâmetros biométricos não são apenas de
significado fisiológico, mas também de importância prática, porque
correlacionam às classes de qualidade comercial, resultados que estão
representados na tabela 4.

Tabela 4. Comprimento médio das flores dentro de cada classe comercial (cm)

Comprimento( classe 1) Comprimento(classe li)


Anna Sari Anna Sari
Enxertadas 60.71 a 54.54 a 43.93 a 41.22 a
Estacas 57.87 b 53.54 a 42.11 b 40.03 b
As médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si (teste
=
de Tukey, p 0.05)

Com relação à distribuição da produção no tempo, figuras 1 e 2, é


possível verificar o andamento da floração (produção da classe 1), demonstrando
ser um processo análogo para as plantas enxertadas ou plantas propagadas por
enraizamento de estaca, exceto com relação à maior produtividade para o
primeiro tipo de propagação. As duas variedades seguem o mesmo padrão de
floração, dentro dos tratamentos previstos, mas são diferenciadas entre elas.
Com relação ao cv Sari (figura 2), é importante notar, em particular, na primeira
fase de produção, uma forte diferença em favor das plantas enxertadas, aspecto
relacionado seguramente a um maior vigor expresso destas plantas. A diferença
relativa se acentua, na verdade, no andamento da produção das flores de
46

qualidade comercial (figura 3). Já para o cv Anna, esta diferença não foi
evidenciada, como mostra a figura 4. A hipótese do maior vigor das plantas
enxertadas do cv Sari pode ser reforçada com os resultados relativos à presença
de ramos de renovação no fim de setembro de 1996, após a poda de
rebaixamento feita em julho, assim como pela maior espessura de hastes dada
pela relação do peso por cm, demostrado para o cv Sari, figura 5 e 6. Na tabela
5, vem expressa a quantidade destes ramos mais robustos e vigorosos, que se
originam na base da planta (mergulhões) e que são utilizados em geral para
reconstituir a estrutura produtiva da planta, condição ilustrada pela figura 7 e 8.

Tabela 5. Formação de ramos basais de renovação após a poda de julho de


1996 ( ramos/planta média± err. Std)

cv Anna cv Sari
Enxertadas 0.18 ±0.043 0.14 ± 0.046
Estacas 0.21 ± 0.043 0.03 ± 0.016

É possível verificar facilmente que, entre as quatro combinações cv x


método de propagação, foram exatamente as plantas da cv Sari propagadas por
enraizamento de estaca as que apresentaram resultados claramente inferiores.
47

-Enxertada ....o,,-Estaca
2,5

,s 2,0
e

u; 1,5
o
li=
<11 1,0

Z 0,5

0,0 --!--.----,---,---,---,---,----,---,---�-,---���--,---,---,---,------,--r-r--,::Y--r-����

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Figura 1 - Distribuição da produção de flores de I classe no tempo - cv Anna

-Enxertada ....o,,. Estaca


2,5

S 2,0
e

0 1,5

li=
(1)
1 'O

0
z 0 ,5

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Figura 2 - Distribuição da produção de flores de I classe no tempo - cv Sari


48

4, 0 1 .....,..Enxertada -O-Estaca 1
3, 5
s 3, 0
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Figura 3 - Distribuição da produção de flores comerciais no tempo - cv Anna

-Enxertada -O-Estaca 1

S 4,
4, 0 .
; 3, 5
:e, 3, 0
f 2, 5
� 2, 0
,8 1,5
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Figura 4 - Distribuição da produção de flores comerciais no tempo - cv Sari


49

1,2
1 -Enxerto ---<>-Estaca

1,0

E 0, 8
.!:
e o, 6

C) 0,4

0,2

Figura 5 - Distribuição do peso médio por centímetro de haste de rosa colhida


no tempo - cv Anna

-Enxerto -o- Estaca


1,0

0,8

-5
CII
0,6

e 0,4

0,2

0,0 -t---,---,---,---,---,--,--,--,--,--,--,--,--.------,--,-----,--,---,---,---,--.---,----,---,--..----,--,

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<$- '<� �\ <$-� ,-.<i C,, Q'(J «l> �\ <$-�

Figura 6 - Distribuição do peso médio por centímetro de haste de rosa colhida


no tempo - cv - Sari
50

Figura 7 - Roseira da cv Sari propagada por enxertia

Figura 8 - Roseira da cv Sari propagada por estaquia


51

4.4 DISCUSSÃO

O uso de plantas propagadas por enxertia é, ultimamente, uma prática


comum no cultivo tradicional da rosa. No solo, naturalmente tem-se maior risco
de ataques de patógenos ao sistema radicular, além das condições de nutrição
não serem sempre as ideais para a cultura. Esta técnica de propagação vem
sendo usada para obter rendimentos superiores e dar maior longevidade
produtiva às plantas. No cultivo sem solo, o benefício do enxerto poderia ser
devido a uma maior tolerância às variações da salinidade no substrato, que é
variável com relação à suscetibilidade do cultivar. Neste sentido, Singh(1984)
verificou que a recuperação, o crescimento e o desenvolvimento das gemas
foram reduzidos com a utilização de determinados porta-enxertos,
principalmente quando o nível de salinidade da solução drenada foi maior ou
igual a 4000mmS/cm. De acordo com a metodologia adotada, é oportuno e
importante recordar que a modalidade de condução da nutrição adotada prevê
um aumento do volume de irrigação ou mesmo somente de água nas condições
em que a salinidade da solução drenada for maior ou igual a 4000 mmS/cm
(Farina, 1996). Deste modo, pode-se afirmar também, baseando-se no controle
da salinidade do drenado, que foi evitado, na fase de condução, o surgimento de
situações de elevada salinidade no substrato. Portanto, não é admissível supor
que os benefícios obtidos da utilização de plantas enxertadas sejam apenas pela
maior tolerância à salinidade, sendo necessário procurar diferentes razões para
eventual melhora da performance das plantas. Com isto, recorda-se como
elementos de grande importância, os dados relativos sobre o número dos novos
ramos formados para a renovação das plantas encontrados em outubro no cv.
Sari, depois da poda de rebaixamento de julho. Tais elementos comprovariam
um maior vigor vegetativo das plantas enxertadas. É evidente que somente as
plantas enxertadas podem usufruir do mecanismo de formação de gemas a
partir de tecidos não diferenciados da região de soldagem entre enxerto e porta­
enxerto, gemas que dão origem aos ramos chamados mergulhões ou ramos
52

machos. Para as plantas propagadas por enraizamento das próprias estacas,


em uma das duas variedades, ou seja no cv Anna, foram as gemas basais sobre
o ramo principal da estaca que deram origem a esses tipos de ramos, passando
a assumir o mesmo papel dos ramos denominados morfologica e funcionalmente
de mergulhões. No cv Sari, tais mecanismos contrariamente ao cv anterior, não
se manifestaram, resultando praticamente na ausência de ramos neste local.
A superioridade das plantas enxertadas em cultivo sem solo, com
respeito às plantas de estacas, foi evidenciada por algumas pesquisas, e em
outras não. Com base a algumas provas feitas na França, o cv Royal Red
(planta microenxertada sobre a R. indica) cultivado sobre lã de rocha, forneceu
no período de outubro/junho cerca 31% de produção a mais, quando comparada
com plantas oriundas de enraizamento de estacas, com um aumento de 16,4%
de produtos de primeira qualidade (Hoffmann, 1991). Os resultados de uma
pesquisa feita por Bredmose & Hansen (1995), relacionando a produção de 20
meses de cultivo sobre lã de rocha, demonstraram resultados superiores para
as plantas de estacas do cv Frisco, enquanto o cv Gabriela, tanto de estacas ou
microenxertadas, tenham apresentado resultados idênticos, principalmente
dentro da classificação de primeira. Em ambos os casos, foram usados a R.
canina (lnermis) como porta-enxerto. Halevy (1986) relata a superioridade
produtiva em lã de rocha para muitas cultivares de rosa originadas de estacas
em relação a plantas enxertadas. Contrariando estes dados, Van de Pol (1993)
obteve dados de superioridade para plantas enxertadas. Estes dados
contraditórios, no conjunto, levam-nos a uma visão pouco clara sobre eventual
superioridade produtiva com o uso da enxertia, uma vez que os resultados se
derivam de contradições, mas analogamente podem-se verificar os mesmos
tipos de confrontos agronômicos, feitos para o uso ou não de plantas enxertadas
para o cultivo tradicional, a nível de solo. Este tipo de discussão e contradições
foram apresentadas por Picard (1968).
53

4.5 CONCLUSÃO

Em relação aos resultados obtidos, parece totalmente favorável o uso


de plantas enxertadas para os dois cultivares utilizados em hidroponia nesta
pesquisa. Apesar disso, dado o pequeno número de cultivares empregados para
o teste, não é absolutamente possível confirmar, em base genérica, o conceito
da conveniência, do ponto de vista dos resultados produtivos.
5 EFEITO DA COBERTURA DO SUBSTRATO COM FILME PLÁSTICO EM
CULTIVO SEM SOLO DA ROSEIRA

RESUMO

Plantas das cultivares Anna e Sari foram conduzidas em cultivo sem


solo em bancadas com e sem cobertura do substrato. O material usado para a
cobertura foi o plástico preto de espessura de O .18 mm. Como substrato de
cultivo, foi usada a mistura de areia:turfa = 4:1 v/v. Os transplantes foram feitos
em novembro de 1995, dispostos em fila única com 7 .5 plantas/m2• Para o
controle da fertirrigação, foi usado o método que se baseia no uso de um
Lisímetro, colocado em cada bancada, o qual permite obter o percentual de
drenado prefixado e também controlar o limite máximo de salinidade do
percolado, a partir do qual é adicionada água para lavar o excesso de sais do
substrato. O percentual de drenagem teórico foi fixado em 10% do volume
irrigado, e a salinidade máxima a 4000 mmS/cm e as fertirrigações em duas por
semana.
Como resultado do uso da cobertura do substrato, foi verificada redução
do consumo hídrico de 35% e 16% correspondente as cultivares Anna e Sari e
também menor salinização dos substratos. O uso da cobertura do substrato
permitiu uma melhoria de qualidade de flores e também ganho em
produtividade, com menor consumo hídrico, resultando em maior eficiência de
uso da água. A umidade no ambiente das raízes manteve-se mais estável
55

principalmente na superfície do substrato, comprovando o uso da cobertura do


substrato como uma técnica, a mais, para o controle da umidade e da
salinidade do substrato, com redução da quantidade de drenagem e da
quantidade de água e de fertilizantes administrados, com redução dos custos
de produção e benefícios para o meio ambiente.

Palavras-chave: Rosa, cobertura do substrato, cultivo hidropônico

EFFECT OF MULCHING IN SOILESS SYSTEMS ON THE ROSE CULTURE

SUMMURY

Plants of rose cvs Anna and Sari grafted on Rosa indica rootstock
were grown in close soilless systems with and without mulching of black
polyethytene sheet (0.18 mm). The plants were grown in a greenhouse on
raised benches filled with a mixture of sand:peat (4:1v/v). The plants in single
row (7.5 plants / cultivated m2) were maintained in a greenhouse at a minimum
°
temperature of 12 C in winter. The fertirrigation was carried out with a leaching
fraction 10% controlled by lysimeters. According to a formerly tested method,
substrate leaching by an increased volume of nutritive solution or water occurre
in case of an electric conductivity levei =/> 4000mmS/cm in the leachate. There
was a reduction in the water consumption of 35 and 16% corresponding
respectively to cvs Anna and Sari in the case of mulching. The number of
fertigations with increased volumes of nutritive solution or water for high
leachate salinity decreased in the mulched cultivation. Salt accumulation near
the subsbstrate surface of the c ontrai was very high in summer. A lower
electrical conductivity and a higher water content of the mulched substrate was
recorded both in fali and in spring/summer. The results showed significtive
differences of flowers production and quality of mulched system. Higher
56

efficiency of water use was caused by lower evaporation, and lower increase of
the electrical conductivity of the substrate.

Key words: Rose, mulching, soilless culture

5.1 INTRODUÇÃO

O efeito da cobertura morta do solo, no sistema de cultivo tradicional


em solo, é uma técnica com efeitos agronômicos bem definidos, sendo
comprovado o melhoramento da produção e da qualidade da rosa com o uso da
cobertura com filme de polietileno {Paskalev, 1983). Os efeitos desta cobertura
sobre as características do substrato de cultivo são de natureza diversas. No
cultivo de Angelica dahurica, a umidade do solo foi mantida em até 72% com a
utilização desta técnica (Chung et ai., 1991). Alguns efeitos da cobertura do
substrato, sobre rosas de corte (Rosa Chinensis), foram obtidos no controle da
salinidade, avaliado em diferentes profundidades, sobre o comprimento e
diâmetro de hastes florais e rendimento na produção de flores (Wu Genlang &
Cai WeiGuo, 1996). Também foram verificados aumentos no número e
rendimento na produção de hastes de rosas utilizadas na produção de óleos
usados como essências, após uma poda drástica (Paskalev & Tsacjev, 1982).
O cultivo da rosa sem solo, em bancadas ou mesmo em vasos, ê
conduzido usualmente sem essa proteção e sem controle da evaporação da
água. Os substratos artificiais que normalmente são empregados para a cultura
sem solo são caracterizados por elevada porosidade ou disponibilidade de ar.
Normalmente, o mesmo não acontece com a disponibilidade de água, que na
maioria dos casos é baixa. Nestas condições, os processos de evaporação
podem assumir valores relativamente elevados, que conduzam a importantes
alterações, tanto sobre a quantidade de água disponível às plantas, quanto na
composição química da solução nutritiva do substrato, fatores que podem influir
57

na disponibilidade de todas as substâncias ou elementos fundamentais ao


crescimento das plantas.
O problema da variação da salinidade no substrato via acumulação de
sais e a sua renovação via fertirrigação tem sido avaliada nos sistemas de
cultivo sobre lã de rocha (Van Noordwijk & Raats, 1980), sistema em que o
substrato vem protegido por um saco plástico com perfurações, fornecendo
indicações sobre estratégias e parâmetros de fertirrigação a ser adotado para
conter os efeitos desfavoráveis da evaporação. No sistema estudado, o
substrato é envolvido por um plástico, podendo ser considerado como na
presença da cobertura do substrato.
A manutenção da qualidade da solução nutritiva no substrato assume
importância, tanto no sistema hidropônico no ciclo aberto quanto no ciclo
fechado. Para o sistema a ciclo fechado, pode-se melhorar a qualidade do
drenado em reciclo, uma vez que manteria os níveis dos elementos nutritivos
em condições mais propícias as culturas por um período mais longo. Com base
nestas ponderações, foi idealizado este experimento, com o objetivo de avaliar
o efeito da cobertura do substrato com lona plástica, em sistema de cultivo sem
solo, sobre o balanço hídrico/nutricional e sobre o crescimento e produtividade
na cultura da roseira.

5.2 MATERIAL E MÉTODOS

Roseiras dos cultivares Sari e Anna microenxertadas, sobre R. indica,


foram colocadas em cultivo hidropônico em bancadas suspensas, junto ao
lstituto Sperimentale per la Floricoltura di Sanremo, Itália, adotando como
variantes no sistema, plantas com cobertura do substrato e plantas sem
cobertura. As coberturas do substrato nas bancadas foram feitas usando filme
de plástico preto de espessura de O, 18 mm. Como substrato, foi adotada uma
mistura composta inicialmente de areia:turfa = 4:1 v/v. O transplante foi feito no
início de novembro de 1995, dispondo as plantas em linha única. A densidade
58

final na superfície cultivada foi de 7.5 plantas/ m2 ( largura das bancadas de 0,7
m). Em cada bancada foram conduzidas 7 parcelas (cada uma contendo 6
plantas), das quais apenas as 5 centrais foram utilizadas como unidades
experimentais para a coleta dos dados de crescimento, e de produção. As
plantas foram deixadas em crescimento livre, à temperatura mínima hibernal de
°
10 C até abril de 1996, executando somente a retirada dos botões florais
formados.
Foi utilizado o sistema hidropônico aberto com perda do drenado. Para
o monitoramento e controle do estado hídrico das culturas, foi utilizado o
método proposto por Farina et ai. (1996), sobre o qual é calculado o volume de
fertirrigação, baseando-se nos percentuais dos drenados e de sua salinidade
prefixada. Neste ensaio, o percentual de drenagem teórica foi fixado em 10%
do volume de solução fertirrigada. A salinidade máxima do drenado foi fixada
em 4000 mmS/cm. Toda vez que a salinidade atingisse o teto máximo fixado,
a irrigação sucessiva era conduzida somente com água para lavar o substrato.
Os intervalos entre irrigações foram fixados em dois interventes por semana.
Caixas lisimétricas, dispostas na extremidade de cada bancada, permitiram o
cálculo do balanço hídrico, a partir dos dados do volume irrigado e o volume
drenado. Sistema igual foi colocado nas bancadas sem plantas para estimar a
evaporação. O uso deste método prevê o uso de um software próprio
"Fersan46" para os cálculos da quantidade da solução a ser irrigada, programa
que armazena os dados de todas as soluções nutritivas administradas e seus
respectivos drenados produzidos a cada intervente de fertirrigação.
As fertirrigações foram feitas com uma solução completa em macro e
micro elementos, obtidas a partir de adubos minerais usuais, com as seguintes
concentrações em mg/I; N-NO3 (150.9), N-NH4(23.4), P(41), K(220), Ca(96),
Mg(33), Fe(0.6), Mn(0.17), Cu(0.17), B(0.03), Zn(0.03), Mo(0.03),
CE(2.1 mS/cm). A concentração f oi reduzida a 2/3 no período de verão. O ferro
foi distribuído alternando na solução irrigada na forma quelada (Sequestrene) e
59

aquela ionica livre (sulfato ferroso). A distribuição da solução nutritiva (ou


d'agua) foi feita uniformemente sobre toda superfície do substrato.
O ensaio foi conduzido em casa de vegetação climatizada,
programada para manter o regime térmico mínimo do ar a 12 ºC nos invernos
de 96/97 e 97/98, e nos demais períodos do ano programada para a abertura
°
de janelas laterais e posteriormente do teto a partir dos 25 C no ambiente
interno da casa de vegetação.
Foi adotado o sistema de colheita contínua de flores. O materiais
frescos colhidos; flores, descarte vegetal, ou materiais de poda, foram
pesados. As flores colhidas foram divididas em classes comerciais
caracterizadas por diferenças de comprimento de hastes: classe 1, classe li, e
classe Ili (descartes). Dados de temperatura, umidade e salinidade do
substrato de 0-5 cm e de 6-10 cm, foram coletados no quarto dia após a
fertirrigação, seguindo a programação habitual de irrigação prevista. Os dados
foram coletados durante duas semanas de novembro de 1997 e de junho de
1998, sendo cada período representado por seis repetições. Os dados de
salinidade foram coletados a partir da adição de água destilada sobre a amostra
do substrato previamente pesada, de acordo com o método utilizado por Chen
et ai. (1991) para alguns substratos minerais. 100g do substrato foi pesado (Po)
acrescentado 100ml de água destilada e, após a decantação, foi medida a
°
salinidade. Em seguida, o substrato foi colocado para secar a 110 C e
novamente pesado (P1). Por Diferença de peso (Po-P1) foi calculada a água
inicial (P2). A partir do valor da água inicial, foi calculada a diluição (P2+100)/P2
empregada para estimar a salinidade real do substrato, usando uma curva,
previamente calibrada, de diluição da solução nutritiva.
No final da pesquisa, o sistema radicular das plantas foi arrancado,
secado e pesado. Todos os dados colhidos foram submetidos a análise de
variância e sucessivamente aos testes de confronto de médias (Teste de Tukey,
P = 0.01).
60

5.3 RESULTADOS

Da análise do balanço hídrico dos 790 dias de cultivo sem solo com
cobertura do substrato com filme plástico, foram verificadas reduções no
consumo hídrico de 35% sobre o cultivar Anna e de 16% sobre o cultivar Sari e
também, redução do total dos drenados de 29% nas bancadas cobertas, para
a cv Anna e de 10% para a cv Sari. A necessidade de se fazer interventos
somente com água para correção da salinidade foram reduzidas de 58.5 para
43,5 e de 51.5 para 42 interventes, respectivamente, sobre os cvs Anna e Sari
com cobertura de plástico. Isto significa que a salinidade f oi mantida por um
período mais longo, sem alcançar a salinidade máxima fixada nos 4000
mmS/cm (Tabela 1). É importante verificar que, somado à redução do volume
total da solução drenada, foi ainda constatada aumento percentual do drenado
em relação à quantidade administrada. Foi verificada, no caso, das bancadas
vazias, a contribuição da evaporação sobre o consumo hídrico total. A cota de
1,41 Ll/m2/dia, nas bancadas vazias, é bastante diferente de 1,89 e 1,88
Um2/dia de consumo nas bancadas com os cultivares Anna e Sari, consumo
que se deve à evaporação, transpiração e a água retida pelos tecidos.
Entretanto, por observações já feitas anteriormente, por Farina e Cervelli
(1994), as cotas de água retida pelos tecidos são tão pequenas que podem ser
desprezadas em termos práticos.
A distribuição do consumo hídrico e da evaporação está representada
nas Figuras 1 e 2. Nos primeiros meses de cultivo, a evapotranspiração foi
semelhante a evaporação nas bancadas sem o plástico para cobertura do
substrato. À medida que as plantas foram crescendo, aumentou também o
consumo de água por evapotranspiração, o mesmo acontecendo nas estações
do ano mais quentes. No mês de abril, iniciaram-se as colheitas das flores, que
continuaram nos meses sucessivos. O ritmo do consumo hídrico foi alterado ao
iniciar as colheitas, a partir de abril, por causa da retirada da planta de material
61

vegetal {flores e folhas), operação que interfere na superfície transpirante das


mesmas. A cobertura do substrato explica uma ação complexa, agindo seja
sobre evaporação do substrato, seja sobre a transpiração das plantas por meio
dos efeitos sobre o seu próprio ritmo de crescimento. Portanto, para
possibilitar o melhor entendimento deste processo, deve-se analisar o efeito da
cobertura sobre o balanço hídrico em condições de produção. Assim, fez-se a
análise dos componentes do balanço hídrico, juntamente com a produção
exportada pelas plantas.

Tabela 1. Balanço hídrico de 790 dias de cultivo da roseira em sistema de


cultivo sem solo, com e sem cobertura do substrato com filme
plástico, e número de interventos com água para correção da
salinidade

substrato Irrigação Drenado % Ev+trans. + tecidos Interv. e/ água


2
2
Um /dia 2
Um /dia percolado Um /dia
Cv Anna Coberto 1.61 0.42 26.08 1.19 45.5
Descoberto 2.47 0.59 23.75 1.89 58.5
Cv Sari Coberto 2.05 0.52 25.22 1.53 42.0
Descoberto 2.44 0.57 23.18 1.88 51.5
vazio Descoberto 1.83 0.43 23.27 1.41 65.5

Da relação entre produção de matéria fresca e consumo hídrico, foi


observada uma redução no consumo de água e incremento da eficiência no uso
da água com o uso da cobertura do substrato, durante toda a condução do
experimento (Figuras 3 e 4). Notáveis diferenças na eficiência e consumo de
água foram demonstrados com a mudança das estações climáticas do ano. No
verão, foi verificada redução na eficiência de uso da água para a produção de
matéria fresca, ou seja, nesta estação foi gasta mais água para produzir uma
62

unidade de peso de matéria seca, fato explicado em conseqüência da alta taxa


de evaporação, e também, conforme Baille et ai. (1994), o estresse hídrico e a
alta temperatura durante este período, levariam a um déficit de vapor de
pressão. Juntamente à alta temperatura do substrato, induzem o fechamento
dos estômatos e, em conseqüência, reduzem a taxa de fotossíntese.
Entretanto, mesmo neste período, as plantas com cobertura do substrato
conseguiram maior eficiência de produção de matéria fresca por litro de água
consumada.
Da análise agronômica dos dados de 27 meses de colheita contínua
de rosa, foi verificado ganho tanto de qualidade quanto de produtividade, com o
emprego da cobertura do substrato (Tabela 2), com aumento da produção de
flores da classe I igual a 8.99 e 4,46 flores/planta respectivamente para a cv
Sari e Anna, já para a classe li a produção foi significativamente superior
somente para a cv Sari. O rendimento da produção comercial cresceu de 29.66
para 38.16 flores/planta (+29%) para a cv Anna e de 33.52 para 52.43
flores/planta (+56%) para a cv Sari.
A produção de matéria fresca proveniente das flores colhidas e
também da exportação de flores de descartes e podas foi sempre a favor das
plantas com cobertura do substrato. Quanto à massa média das flores, não foi
verificada nenhuma diferença significativa com o uso da cobertura, isto significa
que o aumento de matéria fresca corresponde simplesmente a um aumento no
número de flores nas respectivas classes, mantendo a massa média das flores.
Igualmente, na análise da distribuição de flores e comprimento em cada classe,
verifica-se que o aumento na produção não vem acompanhado de aumento no
comprimento das hastes, exceto na cv Sari classe 11, Tabela 3 e 4.
63

4,0

3,5
----Anna-C
3,0 -o-Anna-SC
-o-Evapor.
2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0

Figura 1 - Distribuição do consumo hídrico médio (cv Anna) e da evaporação


por m2 , com cobertura e e sem cobertura se do substrato

4,0

3,5 ----Sari-C

3,0 -o-Sari-SC
-o-Evapor.
N 2,5

2,0

1,5

1,0

0,5

0,0 +-+-+-+-+--+-+-+--+-+--<-+-+---+-<--+--+-+--+-+-+--+-+-+-+-+--+-1--+--+--<
.., .., ..,
<f>' «eJ- i9 -:,·§· � o� ,i'' «eJ- i9 -:,-->� '?-� o� ,i1,, «.� i9 -:,.§'

Figura 2 - Distribuição do consumo hídrico médio (cv Sari) e da evaporação por


m2 , com cobertura e e sem cobertura se do substrato
64

30
-Anna-C
-0-Anna-SC

o -t--t---1---t--+--;--;----+--t--+--!---;--r--+--+---t--!--t--1,-.....+---t--;--;--;---;---t---1
-t9._ <:-
)v ,-(bº 1,
0� Q0 «0
4
-t9._ �v<:- ,_<f 1,
0� Q0 «0
4
-t9._ )v�

Figura 3 - Produção média mensal de matéria fresca por litro de água


consumada com e sem cobertura com filme plástico do substrato,
cv Anna, e-coberto e se- sem cobertura

-Sari-C
-0-Sari-SC
15

10

o -1--I;eC�-4---1--+--1--+--l----i---i---+-+--;..-J.--l--l----i--+--l--+--i---+--+-�
� )V<:- ,-<f o� Q0 1,
«0
4
-t9.. )V<:- ,-<f o� Q01, «0
4
� )V�

Figura 4 - Produção média mensal de matéria fresca por litro de água


consumada com e sem Cobertura com filme plástico do substrato,
cv Sari, e - coberto e SC- sem cobertura.
65

Tabela 2. Produtção (número de flores por planta) de vinte sete meses de


colheita

classe 1 classe li comercial


Anna Sari Anna Sari Anna Sari
Coberto 22.64a 17.86 a 15.53 a 34.56 a 38.16 a 52.43 a
Descoberto 18.18 b 8.87 b 11.52 a 24.57 b 29.66 b 33.52 b
As médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre elas
(Teste de Tukey, p=0.01)

Tabela 3. Peso fresco de flores por planta, peso médio por unidade de flor e
matéria fresca total exportada das plantas de rosa com e sem
cobertura do substrato

Massa fresca de Massa média de Massa fresca total


flores flores (g)
(g) (g)
Anna Sari Anna Sari Anna Sari
Coberto 1427.63 a 1502.51 a 37.41 a 28.66 a 1577.61 a 1718.06a
Descobert 1096.07 b 943.07 b 36.95 a 28.14 a 1222.46 b 1086.93 b
o
As médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre elas
(Teste de Tukey, P=0.01)

Tabela 4. Comprimento médio de flores dentro de suas respectivas classes

Comprimento ( classe Comprimento (classe li)


1) (cm)
(cm)
Anna Sari Anna Sari
Coberto 59.32 a 54.18 a 42.50 a 41.22 a
SI cobertura 58.94 a 53.15 b 42.63 a 39.21 b
As médias nas colunas seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre elas
(Teste de Tukey, P=0. 01)
66

O efeito benéfico e progressivo (Figura 5) da cobertura do substrato foi


evidenciado em todos os meses do ano. Entretanto, dentro da classe I este
efeito foi menor para o período mais quente do ano, de julho a setembro, e
também para o período mais frio, que foi em fevereiro (Figura 6 e 7).
Os efeitos da cobertura do substrato sobre a salinização, a retenção
de umidade e a manutenção da temperatura, ao quarto dia da fertirrigação está
representada na Tabela 5. A salinidade no substrato coberto foi sempre inferior
a 50% àquela encontrada sobre o substrato não coberto. A salinidade no
substrato apresentou variação com a profundidade. Para o substrato coberto, a
salinidade de 0-5 cm foi menor do que a 6-1O cm, enquanto que, no substrato
não protegido com o plástico, ocorre exatamente o contrário, efeito que se
torna ainda maior nos períodos mais quentes. Por exemplo, em junho, a
salinidade chegou a 7062mmS/cm, fato decorrente da forte evaporação neste
período. O uso da cobertura permitiu manter a umidade do substrato 21%
superior no período mais fresco e em 10% no período mais quente nos
primeiros 5 cm de profundidade, e de 15 e 12 % superior para a profundidade
de 6-10 cm ,respectivamente em novembro e em junho. Quanto à temperatura,
esta se manteve praticamente a mesma em ambos os tratamentos, sendo um
pouco menor no substrato protegido, no período mais fresco, talvez por causa
da maior quantidade de água retida, sendo que, para o período mais quente,
ela aumentou mais no substrato coberto, talvez pela maior incidência solar
sobre o plástico preto que absorve calor, mas de grandeza pouco relevante
quanto aos efeitos gerais da cobertura.
Ao final dos 27 meses de cultivo, foi verificado que as roseiras,
mantidas sem a cobertura com o plástico, tiveram seus sistemas radiculares
maiores, tanto no cv Anna quanto para o cv Sari (Tabela 6). As raízes no
substrato coberto estavam distribuídas de tal maneira a formar uma espécie de
bulbo partindo do colo da planta em direção ao fundo, sendo a distribuição das
raízes uniforme no perfil do substrato, e com raízes finas; já no caso das
plantas das bancadas sem cobertura, as raízes que se formavam próximas do
67

coleto eram de diâmetros bastante diferentes, em geral, em reduzido número e


predominando raízes grossas que se dirigiam para as partes mais profundas
do substrato e lá se ramificavam (Figura 8).

Tabela 5. Dados da temperatura máxima, salinidade e umidade do substrato,


em bancadas com e sem cobertura do substrato com plástico. Dados
coletados no quarto dia da fertirrigação, às 15 horas

Não protegido Protegido Temp. da


0-5 6-10 0-5 6-10 Estufa
Salinidade média a novembro (mmS/cm) 3567±188 3179±148 1518±11 1 1683±93
Salinidade média a junho (mmS/cm) 7062±578 5362±267 2076±125 2877±146
Umidade média a novembro (%v/v) 15.7±0.97 18.7±073 19.9±0.66 22.0±0.53
Umidade média a junho (o/ov/v) 12.9±1.63 14.3±0.89 14.4±0.69 16.2±0.64
Temperatura média a novembro ( ºC) 25.1±0.22 24.1±0.14 23.5±0.11 22.6±0.09 26.0
Temperatura média a junho (°C) 32.6±0.24 30.1±0.22 33.3±0.12 30.5±0.15 34.7
Média ± desv. pad.

Tabela 6. Peso seco de raízes após vinte sete meses de cultivo hidropônico
com e sem cobertur a do substrato

Peso seco de raízes


Cv Anna Cv Sari
Coberto 12.34 a 11.77 a
Descoberto 16.60b 14.16b
As médias nas colunas seguidas da mesma letra nao diferem
significativamente entre elas (Teste de Tukey, P=0.01)
68

1:r-----� ...._sari-C
.....,_Anna-C
--0--Sari-SC
;�-t---------------..,.,,.."""---=------4 ---Anna-SC
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Figura 5 - Produção comercial acumulada (n ° de flores/planta), cvs Sari e Anna

-o-Anna- se
2,0 +-----------------,�--------- 35
v,
30 _,._Tmax.
fo 1,6 -l----�-�---�""""'1fi--\-----�-�'---.....-Jt,,;"--lf 25
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Figura 6 - Distribuição da produção de flores de I classe para a cv Anna


com e sem cobertura e média da temperatura máxima, C - coberto e
SC - sem cobertura
69
2,5 --,---------------------r 40
-Sari-C
35 -o- Sari- se
2,0 +-----------------,H/---A-------------.&
30 -+--Tmax.

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Figura 7 - Distribuição da produção de flores de I classe da cv Sari com e sem


cobertura, e a média da temperatura máxima, C - coberto e SC -
sem cobertura

Figura 8 - Aspecto visual do sistema radicular com a) e sem b) cobertura do


substrato
70

5.4 DISCUSSÃO

Quando os elementos são retidos nos tecidos da planta ou se


adiciona água, promove-se uma diluição e conseqüente redução da salinidade.
Ao contrário, com a evaporação, concentra-se a solução e aumenta a
salinidade. Este tipo de variação é mais acentuado no cultivo sem solo, em que
a quantidade de água disponível nos substratos artificiais normalmente é
baixa. O uso da cobertura do substrato permitiu uma redução das perdas de
água por evaporação de até 35%, perdas que acontecem sobre a superfície do
substrato e elevam a salinidade a níveis não desejados para a cultura,
freqüentemente.
Segundo De Kreij & Van Den Berg (1990), a condutividade ideal
estaria em torno de 1400mmS/cm na solução fertirrigada, valores que
correspondem a 2400mmS/cm nos drenados. Segundo Brun & Settembrino
(1995), valores de salinidade da solução nutritiva superiores a 1800 mmS/cm,
para o cv Sonia, em lã de rocha, reduziram a produtividade. Por outro lado,
Hughes & Hanan (1978) verificaram perdas de produtividade do cv Forever
Yours, a valores de salinidade da solução nutritiva de 1300 mmS/cm, em
condições da solução nutritiva desbalanceada. Ao contrário, Takeda &
Takahashi (1998) verificaram que para o cv Sonia, a produtividade era superior
com soluções nutritivas de condutividade 2100 mmS/cm, quando comparada a
soluções mais diluídas. Sonneveld (1995) considera que os valores mais altos
de salinidade para o tomate poderiam ser desejados para obter produtos de
melhor qualidade, e que os valores máximos são variáveis com a cultura e
também com o sistema de condução.
No presente experimento, foi adotada uma solução de 2100 mmS/cm
nos períodos mais frios, e de 1400 mms/cm no verão e estipulada a salinidade
máxima do drenado de 4000mmS/cm, método já comprovado por Farina et ai.
71

(1996), valores que podem corresponder a uma salinidade ainda mais alta no
ambiente das raízes (Tabela 5), sendo observados valores de até 7000
mmS/cm, nas bancadas sem cobertura do substrato e valores inferiores a 3000
mmS/cm para as bancadas com cobertura. O efeito da evaporação sobre a
concentração da solução nutritiva é evidente nos meses de verão, mesmo
porque, nos substratos não cobertos, a salinidade na parte superficial é maior
por estar mais exposta a evaporação; já para o substrato coberto, o gradiente
de concentração é o inverso. Portanto, o fato de se encontrar o sistema
radicular mais desenvolvido no fundo da bancada é porque aí as condições são
mais propícias ao seu desenvolvimento. Entretanto, não foram encontrados
danos evidentes sobre as plantas, diferentemente de Bernsteins et ai. (1972)
que relatou desfolha e morte de roseiras, enxertadas sobre 'Dr. Huey', cultivado
em solo irrigado com solução nutritiva com 4 g/L de sais (salinidade no
substrato saturado de 8500 mmS/cm) e diferente de Hughes & Hanan (1978)
que verificaram sintomas de toxicidade como cloroses ou necroses folhiares e
também ramos mal formados. Isto pode ser explicado pela maior tolerância do
porta-enxerto R. indica a salinidade.
Da análise do gradiente de salinidade no substrato e do
desenvolvimento relativo do sistema radicular, de tomate, sobre lã de rocha,
com irrigação por gotejamento, foi verificado por Van Noordwjik & Raats (1980)
que nas zonas de maior salinidade não houve desenvolvimento de raízes. O
gradiente de salinidade foi bastante acentuado tanto verticalmente quanto
horizontalmente, não podendo ser confrontado com os obtidos neste trabalho
que apresentou apenas um gradiente de salinidade vertical, visto que a
distribuição da solução nutritiva foi mais homogênea sobre toda superfície com
substrato.
Voltando, portanto, à situação que foi relatada, neste trabalho, em que
as raízes se desenvolveram no sentido do fundo das bancadas, não cobertas
com o filme plástico, pode-se dizer que este comportamento provavelmente
tenha contribuído para diminuir o risco de toxicidade devido à alta salinidade,
72

porque segundo Zeroni (1988), concentrações salinas, nos níveis obtidos neste
trabalho, possuem efeitos potencialmente negativos sobre o crescimento das
plantas, principalmente se somados à alta intensidade luminosa e baixa
umidade relativa, condições semelhantes àquelas em que foram conduzidos
neste experimento.
A composição química da solução no substrato resulta da diluição da
solução contida no mesmo mais aquela da solução irrigada. Este resultado é
variável segundo o volume administrado a cada intervente de fertirrigação.
Portanto, nos períodos em que a evaporação está aumentando e a salinidade
está chegando ao valor máximo estipulado, torna-se difícil baixar a salinidade
utilizando este método de manejo, principalmente nas bancadas sem cobertura
plástica que possuem maior taxa de evaporação. A diferença de evaporação
encontrada nas bancadas cobertas é de grande importância, por resultar na
manutenção da salinidade, em níveis próximos daqueles da solução irrigada, no
ambiente das raízes, valores que corresponderam praticamente à metade da
concentração salina encontrada nos substratos sem cobertura e, portanto, não
permitindo efeitos danosos às plantas e mantêm a melhor qualidade e
produtividade.
Os efeitos positivos da cobertura sobre a umidade do substrato estão
demonstrados na Tabela 5. A cobertura do substrato possibilita melhores
condições para o desenvolvimento e eficiência do sistema radicular das plantas
e, consequentemente, para o crescimento e desenvolvimento da planta como
um todo. É verdade que os níveis elevados de salinidade encontrados foram
possibilitados pela baixa freqüência das fertirrigações, assim como é verdade,
que para substratos mais permeáveis, como a pedra pome e a agriperlita,
normalmente usados pelos floricultores, os processos de evaporação podem
também assumir ritmos muito mais elevados que aqueles obtidos neste
trabalho. Realmente, na prática, em tais substratos, a freqüência das
fertirrigações, pode chegar a 10 interventes por dia, correspondendo à mesma
realidade de estresse citada anteriormente, porém, conduzem a perdas
73

importantíssimas de água e elementos nutritivos para o solo, com prejuízos ao


nível de custo e ainda problemas de impacto ambiental, no caso dos sistemas
abertos.
No sistema aberto, é previsto um excesso na fertirrigação para permitir
a renovação da solução contida no mesmo substrato, e também para abaixar a
salinidade. Entretanto, nem sempre se conseguem os resultados esperados,
isto acontece, segundo Van Noordwijk & Raats (1980), porque a eficiência no
reequilíbrio da solução no substrato depende tanto dos sistemas de distribuição
de água sobre a superfície, como da distribuição dos orifícios para a drenagem,
assim como da água contida inicialmente no mesmo substrato. Quanto mais
uniforme a distribuição da água sobre a superfície do substrato, mais úmido
estiver o substrato e também possuir os orifícios de dreno distribuídos fora das
áreas de maior fluxo gravitacional da solução, maior eficiência e uniformidade
serão obtidas no reequilíbrio da solução no substrato. No sistema usado nesta
pesquisa, as fertirrigações foram feitas sobre a superfície total das
arquibancadas, sistema que permitiria uma renovação por igual dos sais
minerais. Portanto, as variações encontradas no substrato vem, seguramente,
da retenção por parte das plantas e principalmente pela evaporação, que foi
bastante alta (Tabela 1). Como nas bancadas com cobertura plástica a
evaporação foi menor, pode haver dois sistemas interagindo, ajudando a
manter a salinidade, seja a menor concentração de sais, pelo menor
fornecimento de fertilizantes, assim como, a melhor eficiência no reequilíbrio da
solução que permanece no substrato, fatores que refletiriam positivamente
na eficiência de absorção dos elementos minerais, pelas raízes, e no
desenvolvimento das plantas, reduzindo a quantidade de solução para
reequilibrar a salinidade e, consequentemente, reduzindo o volume total do
drenado. Como resultado, a menor distribuição de resíduos químicos
poluentes ao meio ambiente. Portanto, a cobertura do substrato, em sistemas
hidropônicos, deveria ser uma técnica adotada como prática agronômica para
74

garantir as melhores condições nutricionais para a planta e racionalizar o uso


de água e fertilizantes.
As formas para adotar a cobertura do substrato dependem
essencialmente do tipo de sistema utilizado. De um lado, existem sistemas
sobre os quais a cobertura já é prevista, como sobre a lã de rocha e NFT; por
outro lado, há os sistemas com elevada densidade de plantas, sendo
impossível operacionalizar alguma coisa neste sentido. Fora esses dois casos
extremos, existe uma infinidade de situações que podem ser pesquisadas
soluções especificas. Uma solução particular foi, por exemplo, adotada para o
sistema em canaleta a ciclo fechado (Farina et ai., 1998).
Um outro efeito benéfico da cobertura do substrato com plástico preto
sobre bancadas seria o aquecimento do substrato, em períodos frios e de baixa
incidência de radiação. Segundo Zieslin & Halevy (1975), algumas desordens
fisiológicas que afetavam as plantas, como aborto de botões florais (hastes
cegas) e flores mal formadas, resultam de insuficiente temperatura do ar e do
solo. O uso da cobertura do solo com plástico pode ajudar na eficiência do
crescimento da planta, em situações de baixa temperatura, com redução da
variação térmica diária no substrato, já nos períodos mais quentes a
temperatura do substrato poderá elevar-se acima de valores favoráveis as
plantas.
A temperatura ideal no ambiente de raiz para a cultura da roseira,
°
segundo Cooper (1979), é cerca de 19 C, sendo que as temperaturas muito
baixas nas raízes impedem a absorção dos elementos nutritivos e da própria
água, provocando os fenômenos de amarelamente e envelhecimento das
°
plantas, e no caso de temperaturas muito altas, superiores a 38 C, no ambiente
de raízes, provocam danos irremediáveis ao desenvolvimento do vegetal.
Nesta linha de pesquisa, lkeda & Osawa (1980), pesquisando os efeitos da
temperatura sobre a nutrição das plantas, verificaram que a concentração de P,
K, Ca e Mg, nas folhas de alface, aumentaram com o aumento da temperatura
da solução nutritiva, em sistemas de cultivo NFT. Unger & Danielson, (1967)
75

foram quem comprovaram o aumento da absorção da água com o aumento da


temperatura.
Mesmo que, no período de outono, o filme plástico tenha reduzido a
temperatura do substrato, é importante observar que esta redução permitiu
° °
ainda manter a temperatura entre 22-23 C, próximo aos 19 C que constitui a
temperatura ideal para o sistema radicular da roseira. Entretanto, no verão, a
cobertura com o plástico preto determinou aumentos de temperatura do
°
substrato em relação ao controle. Tal aumento, mesmo que pequeno (1.5 C),
distancia-se ainda mais dos níveis ideais as culturais, os quais garantem as
condições ótimas de crescimento em meios hidropônicos, como, por exemplo,
° °
25 C para crisântemo (Moustafa & Morgan, 1984), 25-30 C para alface
°
(Mongeau & Stewart, 1984), < 32 C per Cucumis sativus (Choi et ai., 1995).
Contudo, poderia ser levado em consideração a possibilidade de reduzir tal
efeito de aquecimento com o uso de filmes de maior poder de reflexão da
radiação, como, por exemplo, filmes plásticos de cor mais clara. Nos casos, em
que se faz uso de sistemas fechados, com elevado número de fertirrigações
durante o dia, a própria solução nutritiva pode ser suficiente para conter este
aumento de temperatura.

5.5 CONCLUSÃO

Como resultado desta pesquisa, conclui-se que o uso da cobertura do


substrato, no cultivo sem solo, promove melhoria na qualidade e produtividade
de flores na cultura da rosa, com redução no consumo de água e também na
quantidade de percolados, refletindo significativamente, ao nível de custo de
produção e mais importante ainda com ganhos para o meio ambiente,
principalmente nos sistemas de cultivo abertos em que normalmente os
percolados são dispersos sobre os terrenos.
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