Modelo Liberdade Provisoria

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DE

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER DA COMARCA [...].


INQUÉRITO Nº [...]
[...], brasileiro, casado, pintor, inscrito no Cadastro de Pessoas físicas sob o nº [...], residente
e domiciliado na Rua [...], atualmente detido junto à Cadeia Pú blica da Cidade de [...], por
meio da Defensoria Pú blica, com fulcro nos arts. 3º, inciso IV e 4, inciso XIV da Lei
Complementar nº 80/03 seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente, à
presença de Vossa Excelência, requerer a concessã o de
LIBERDADE PROVISÓRIA ou
MEDIDA CAUTELAR
com fulcro no art. 5º, inciso LXVI, da Constituiçã o Federal, bem como nos artigos 310, inciso
III e 321 do Có digo de Processo Penal, pelas razõ es de fato e de direito a seguir expostas:

DOS FATOS
O acusado encontra-se recolhido junto à Cadeia Pú blica da Cidade de [...], à disposiçã o da
justiça, em virtude de prisã o em flagrante pela suposta prá tica dos delitos previstos nos
artigos 147 e 163 do Có digo Penal, c/c arts. 7º e 24-A da Lei nº 11.340/2006, por
supostamente ter descumprido medidas protetivas, ameaçado e danificado objetos da
vítima, sua companheira [...], fato ocorrido por volta das [...], do dia [...], na rua [...], Bairro
[...], [...].
O requerente nega peremptoriamente a autoria do delito que lhe é imputado, cediço que tal
negativa deverá ser comprovada em outro momento processual, pretende, através do
presente pedido, a concessã o da liberdade provisó ria como contracautela à prisã o em
flagrante, tendo em vista que nã o estã o presentes os requisitos para a manutençã o da
prisã o preventiva previstos no art. 312, do CPP.
DA CONDUTA DO ACUSADO
Cabe salientar MM. Juiz, que o acusado sempre foi pessoa honesta e voltada para o
trabalho; também possui profissã o definida, pintor; possui residência fixa, qual seja, Rua
[...], na cidade de [...]; nã o havendo assim, motivos para a manutençã o da Prisã o em
Flagrante, porquanto o Acusado possui os requisitos legais para responder ao processo em
liberdade.
Assim, o requerente possui ocupaçã o lícita e preenche os requisitos do pará grafo ú nico do
art. 310 do Có digo de Processo Penal. Destarte Excelência, com a devida venia, nã o se
apresenta como medida justa o encarceramento de pessoa cuja conduta sempre pautou na
honestidade e no trabalho.
DO DIREITO
Cumpre ressaltar mais uma vez que, nã o existe vedaçã o legal para que nã o seja concedida a
LIBERDADE PROVISÓ RIA, vez que o Acusado preenche os requisitos elencados no
pará grafo ú nico, do art. 310 do Có digo de Processo Penal, que assim determina:
“Art. 310. Quando o juiz verificar pelo auto de prisã o em flagrante que o agente praticou o
fato, nas condiçõ es ao art. 19, I, II e III, do Có digo Penal, poderá , depois de ouvir o
Ministério Pú blico, conceder ao réu liberdade provisó ria, mediante termo de
comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogaçã o.
Pará grafo ú nico. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto de
prisã o em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipó teses que autorizam a prisã o
preventiva (arts. 311 e 312).”
Os Tribunais têm firmado posiçã o favorá vel ao ora pleiteado, senã o vejamos:
”DIREITO PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. LEI MARIA DA PENHA.
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊ NCIAS. DECRETAÇÃ O DA PRISÃ O
PREVENTIVA DO PACIENTE. DESPROPORCIONALIDADE. SUFICIÊ NCIA DAS MEDIDAS
CAUTELARES DIVERSAS DA PRISÃ O. CONCESSÃ O DE LIBERDADE PROVISÓ RIA. ORDEM
CONCEDIDA. 1.A prisã o cautelar é instrumento de extrema valia nos casos que encerram
violência doméstica e familiar contra a mulher (Lei Maria da Penha, art. 20); no entanto é
medida de exceçã o e nã o pode significar, do ponto de vista do Estado Democrá tico de
Direito, manifesta afronta ao princípio da proporcionalidade. 2. A prisã opreventiva, em um
primeiro momento, estava justificada ante o descumprimento pelo paciente das medidas
protetivas de urgência deferidas em favor da vítima e de sua filha; no entanto, apó s mais de
um mês de segregaçã o em regime fechado, nã o há dú vida de que a custó dia já cumpriu sua
funçã o cautelar, mostrando-se necessá ria concessã oda ordema fim de substituir a medida
gravosa por cautelares diversas. 3. Impetraçã o admitida; ordem concedida com a
imposiçã o de medidas cautelares diversas da prisã o.
(TJ-DF 20170020200257 DF 0020886-58.2017.8.07.0000, Relator: WALDIR LEÔ NCIO
LOPES JÚ NIOR, Data de Julgamento: 19/10/2017, 3ª TURMA CRIMINAL, Data de
Publicaçã o: Publicado no DJE : 25/10/2017 . Pá g.: 112/126)
HABEAS CORPUS. PRISÃ O PREVENTIVA. MEDIDAS PROTETIVAS. DESCUMPRIMENTO.
LIBERDADE PROVISÓ RIA. CONDIÇÕ ES DE RESPONDER AO PROCESSO EM LIBERDADE.
LIMINAR CONCEDIDA. CONVALIDAÇÃ O. APLICAÇÃ O DE MEDIDAS CAUTELARES DE
OFÍCIO. ORDEM CONCEDIDA.
- O Paciente teve sua prisã o preventiva decretada em audiência em que esteve ausente, em
19/09/2015, pela prá tica, em tese, do crime previsto no artigo 147, do Có digo Penal c/c os
artigos 5º e 7º, inciso II, da Lei 11.340/2006.
- A autoridade impetrada, ao entender ser necessá ria a decretaçã o da custó dia cautelar do
Paciente, o fez levando em consideraçã o, especialmente, o fato da vítima, sua irmã , ter
alegado que o paciente estaria descumprindo medida protetiva, o que, por si só nã o poderia
fundamentar um decreto preventivo. A situaçã o que deu origem aos desentendimentos
necessitam de confirmaçã o probató ria. O incidente relatado pela vítima exige
esclarecimento e investigaçã o, nã o ficando demonstrado que, se posto em liberdade, o
Paciente pudesse representar risco à vítima ou à ordem pú blica ou, ainda, se furtar à
aplicaçã o da lei penal.
- O Writ foi recebido durante o Plantã o Judiciá rio de 2º grau (fl. 80), e, concluso à Juíza de
Direito Plantonista (fl. 81), esta entendeu pelo deferimento da liminar pleiteada, conforme
consta da decisã o de fls. 82/84, determinando a expediçã o de Contra Mandado de Prisã o
com força de Alvará de Soltura ao Paciente, embora nã o tenha havido cumprimento deste,
uma vez que o Paciente encontrava-se em liberdade, fl. 85v.
- Por outro lado, considerando o lapso de tempo transcorrido desde a data da concessã o da
referida liminar, 29 de agosto de 2015, que concedeu a liberdade provisó ria ao Paciente, e
por nã o haver notícia, nos autos, de que o mesmo tenha coagido a vítima nesse período,
entendo deva permanecer solto durante a tramitaçã o do processo.
- Convalido a liminar, concedendo a ordem com aplicaçã o, ex officio, ao paciente, das
medidas cautelares alternativas estabelecidas no art. 319 a serem estabelecidas pelo
julgador da instruçã o. (Classe: Habeas Corpus,Nú mero do Processo: 0018647
09.2015.8.05.0000, Relator (a): José Alfredo Cerqueira da Silva, Segunda Câ mara Criminal -
Segunda Turma, Publicado em: 13/11/2015 )
Neste mesmo sentido, o Có digo de Processo Penal Interpretado de Jú lio Fabbrini Mirabete,
8ª ediçã o, pá g. 670, estabelece: “Como, em princípio, ninguém dever ser recolhido à prisã o
senã o apó s a sentença condenató ria transitada em julgado, procura-se estabelecer
institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a
presença do acusado sem sacrifício de sua liberdade, deixando a custó dia provisó ria apenas
para as hipó teses de absoluta necessidade.”
Mais adiante, comentando o pará grafo ú nico do art. 310, na pá g. 672, diz:
“Inseriu a Lei nº 6.416, de 24-5-77, outra hipó tese de liberdade provisó ria sem fiança com
vínculo para a hipó tese em que nã o se aplica ao preso em flagrante qualquer das hipó teses
em que se permite a prisã o preventiva. A regra, assim, passou a ser, salvo exceçõ es
expressas, de que o réu pode defender-se em liberdade, sem ô nus econô mico, só
permanecendo preso aquele contra o qual se deve decretara prisã o preventiva. O
dispositivo é aplicá vel tanto à s infraçõ es afiançá veis como inafiançá veis, ainda que graves,
a réus primá rios ou reincidentes, de bons ou maus antecedentes, desde que nã o seja
hipó tese em que se pode decretar a prisã o preventiva. Trata-se, pois, de um direito
subjetivo processual do acusado, e nã o uma faculdade do juiz, que permite ao preso em
flagrante readquirir a liberdade por nã o ser necessá ria sua custó dia. Nã o pode o juiz,
reconhecendo que nã o há elementos que autorizariam a decretaçã o da prisã o preventiva,
deixar de conceder a liberdade provisó ria.”
E ainda: “É possível a concessã o de liberdade provisó ria ao agente primá rio, com profissã o
definida e residência fixa, por nã o estarem presentes os pressupostos ensejadores da
manutençã o da custó dia cautelar.” (RJDTACRIM 40/321).
E mais: “Se a ordem pú blica, a instruçã o criminal e a aplicaçã o da lei penal nã o correm
perigo deve a liberdade provisó ria ser concedida a acusado preso em flagrante, nos termos
do art. 310, pará grafo ú nico, do CPP. A gravidade do crime que lhe é imputado,
desvinculada de razõ es sérias e fundadas, devidamente especificadas, nã o justifica sua
custó dia provisó ria” (RT 562/329).
Já os incisos LIV, LVII e LXVI, do art. 5º, da Carta Magna, dizem o seguinte:
“LXVI – ninguém será levado à prisã o ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
provisó ria, com ou sem fiança;”
“LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;”
“LVII – ninguém será considerado culpado até o trâ nsito em julgado de sentença penal
condenató ria;”
Desta forma, ínclito Julgador, a concessã o de LIBERDADE PROVISÓ RIA ao Acusado é
medida que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, nã o havendo, por conseguinte, razõ es
para a manutençã o da reclusã o do mesmo.
Aliá s MM. Juiz, nã o se pode ignorar o espírito da lei, que na hipó tese da prisã o preventiva
ou cautelar visa a garantia da ordem pú blica; da ordem econô mica; por conveniência da
instruçã o criminal; ou ainda, para assegurar a aplicaçã o da lei penal, que no presente caso,
pelas razõ es anteriormente transcritas, estã o plenamente garantidas.
Assim, requer-se a V. Exa., que seja concedida ao Acusado a liberdade provisó ria com ou
sem fiança, haja vista que o mesmo é pessoa idô nea da sociedade nã o havendo motivos
para manter-se em custó dia.
DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer que seja deferida a liberdade provisó ria sem fiança ao Requerente,
com a expediçã o do devido alvará de soltura.
Caso assim nã o se entenda, desde já postula também a concessã o da liberdade provisó ria
cumulada com as medidas cautelares previstas no art. 319 do Có digo de Processo Penal,
uma vez que a prisã o é a ultima ratio a ser seguida pelo julgador.
Por tudo, requer a intimaçã o do Ilustre representante do Ministério Pú blico, nos termos da
lei.

Nesses termos,
Pede deferimento.
CIDADE, DATA.
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Defensor Pú blico

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