Petição - Revogação P Flagrante

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO 1ª VARA

CRIMINAL DA COMARCA DE CHAPECÓ– SC

Autos sob nº: XXXXXXXXXXXXXXX

ALCEU MORAIS, brasileiro, estado civil, motorista de aplicativo, inscrito sob RG:
xxxxx, CPF xxxxxx, residente e domiciliado Rua Nome da Rua, n xxx, bairro Nome
do Bairro cidade Chapecó-SC, através de seu advogado e procurador infra-assinado
(procuração anexa), vem a honrosa presença de Vossa Excelência, requerer a

REVOGAÇÃO DE PRISÃO PREVENTIVA


Com fundamento no artigo 5º, inciso LXV, da Constituição Federal, e no
artigo 316 do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e de direito a seguir
expostos.

1. DA SÍNTESE FÁTICA:
O Requerente foi preso em flagrante no dia 24 de julho de 2022, por ter, em tese,
praticado o crime descrito no artigo, do Código Penal.

Após ser realizada Audiência de Custódia, este Juízo decretou a prisão preventiva do
Requerente, embasando a sua decisão para o fim de resguardar a ordem pública, a
conveniência da instrução criminal, e assegurar a aplicação lei penal, nos termos do
art. 312 do Código de Processo Penal.

Todavia, no presente momento processual não é mais cabida a manutenção da prisão


cautelar contra o Requerente, em razão que se passa a expor.

2. DOS FUNDAMENTOS:
A Requerente pugna pela sua liberdade para que possa responder adequadamente ao
processo, pela aplicabilidade do Princípio da Presunção de Inocência, até que se
esgotem todos os recursos da ampla defesa e contraditório, onde a prisão cautelar é
uma exceção.

Pelo sistema implantado pela Lei nº 12.403/2011, as prisões cautelares são a


última ratio, ou seja, deve ser o ultimato final de todas as medidas cautelares
disponíveis em nosso ordenamento jurídico.
Art. 282. As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas
observando-se a:
I - necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução
criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações
penais;
II - adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições
pessoais do indiciado ou acusado.
(...)
§ 6º A prisão preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição
por outra medida cautelar (art. 319).
Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o
juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas
cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do
art. 282 deste Código.
Vale ressaltar que o Requerente possui trabalho e residência fixa (CTPS e
comprovante de endereço anexo), e é réu primário, não ostentando qualquer
condenação criminal, comprometendo-se a comparecer em todos os atos processuais
solicitados.
Ressalta-se que o Requerente não é investigado em outro inquérito policial, portanto
possui conduta inquestionável, tendo em vista que a Constituição Federal afirma que
somente é considerado culpado após condenação penal transitada em julgado:

Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
(...)
LVII. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença
penal condenatória.
Referido dispositivo consolida o Princípio da Presunção de Inocência, garantia
constitucional que permite ao acusado de uma infração penal não ser considerado
culpado, até que esgotadas todas as fases do processo, e ao final haja sentença penal
condenatória com trânsito em julgado. Diante disso, não se pode considerar, por si só,
inquéritos policiais em curso como instrumento idôneo a justificar a manutenção da
prisão preventiva da Requerente. Segue jurisprudência neste sentido:

PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. PRISÃO PREVENTIVA DECRETADA


NA SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU. RÉU QUE PERMANECERA SOLTO
DURANTE A INSTRUÇÃO CRIMINAL. EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS
POLICIAIS EM ANDAMENTO. FUNDAMENTO QUE, POR SI SÓ, NÃO
JUSTIFICA A PRISÃO PREVENTIVA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A existência de
inquéritos policiais em andamento não justifica, por si só, a decretação da prisão
preventiva. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça. 2. Ordem concedida. (TRF-
3 – HC 2501 SP XXXXX-2. Rel.: Nelton dos Santos. Data Julg.: 08/06/2010. Segunda
turma).
Nesta linha de raciocínio, o Código de Processo Penal estabelece medidas que
assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem
sacrifício de sua liberdade, deixando a prisão cautelar apenas para as hipóteses de
absoluta necessidade. Passa-se a analisar a ausência do requisito ensejador da prisão
cautelar, previsto no artigo 312 do Código de Processo Penal.

O Requerente não apresenta nenhum risco para a ordem pública, pelo qual entende-se
pela expressão da necessidade de se manter em ordem a sociedade, que, como regra,
é abalada pela prática de um delito. Verifica-se que o Requerente foi preso em
24/07/22, e até a presente data, restabelecendo a ordem pública, não existindo nenhum
fato que demonstre que a sociedade encontra-se abalada pelo crime, razão pela qual
não se pode cometer a injustiça de presumir uma periculosidade inexistente.
Impor ao Requerente o cumprimento antecipado de uma pena é fechar os olhos aos
princípios que norteiam o ordenamento jurídico, em especial, no que se refere a
presunção de inocência e a dignidade da pessoa humana.

No que tange a conveniência da instrução criminal, o Requerente não pretende, e de


nenhuma forma perturbará ou dificultará a busca da verdade real, no desenvolvimento
da marcha processual, não podendo, também, presumir tal fato, pois inexiste nos autos
quaisquer elementos que indiquem um entendimento em sentido contrário, como
mesmo afirmado por este Juízo em sua decisão.

Ressalta-se que, conforme Art.313, § 1 do CPP:

§ 1º Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a


identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida.

Tendo em vista que, conforme já anteriormente justificado, está cooperativo e


comprometido com a resolução dos fatos, o que ensejará na comprovação de sua
inocência. Quanto ao quesito previsto Art. 313, inciso I do CPP, a admissão da
decretação da prisão preventiva, não obriga sua aplicação, tendo em vista que os
demais quesitos para esta não a ratificam.

Ademais, o Requerente tem consciência de que a instrução criminal é o meio hábil de


exercer o direito constitucional do contraditório e da ampla defesa, e de provar sua
inocência, razão pela qual não se pode presumir que a mesma se voltará contra o único
meio que possibilitará o exercício de sua defesa

Por fim, quanto a aplicação da lei penal, que visa garantir a finalidade útil do
processo, qual seja, garantir ao Estado o seu exercício do direito de punir, aplicando a
sanção devida a quem é considerado o autor de uma infração penal, também não se
encontra presente.
Dessa forma, é perfeitamente cabível que sejam impostas medidas cautelares diversas
da prisão, previstas no artigo 319 do Código de Processo Penal:

Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão:


I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz,
para informar e justificar atividades;
II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer
distante desses locais para evitar o risco de novas infrações;
III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por
circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer
distante;
IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou
necessária para a investigação ou instrução;
V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos;
VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica
ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de
infrações penais;
VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com
violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-
imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração;
VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência
injustificada à ordem judicial;
IX - monitoração eletrônica.
Portanto, a liberdade poderá ser concedida ao Requerente, decretando,
subsidiariamente, as medidas cautelares diversas da prisão, conforme preconiza os
artigos 319 e 320 ambos do Código de Processo Penal, isto porque, as suas
circunstâncias e condições pessoais dão ensejo a aplicação de tais medidas.

3. DOS PEDIDOS:
Diante de todo o exposto, pede-se, encarecidamente a Vossa Excelência, nos termos
do artigo 316, ab initio, do Código de Processo Penal, a revogação da prisão
preventiva do requerente ALCEU MORAIS, com a expedição do competente alvará
de soltura, e a aplicação de medidas cautelares previstas no artigo 319 do Código de
Processo Penal, as quais Vossa Excelência entender ser justa e cabível ao presente
caso.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

CHAPECÓ, 05 de março de 2023.

ADVOGADO

OAB, Nº xxxxx.

Você também pode gostar