DIFICULDADE DA ESCOLA NA ORIENTAO SEXUAL NAS SRIES INICIAIS Autora: Esp.

Luclia Magaly Soares Sena RESUMO Neste trabalho apontaremos as relaes existentes entre infncia e adolescncia, sade, conhecimento psicolgico, dentro do contexto histrico-social, propiciando situaes que transformem o pensar e agir dos educadores em sua prtica pedaggica, no seu dia-a-dia com os jovens e crianas. As crianas e os adolescentes tm o direito de serem educados, direito aos cuidados da sade, de serem amados e acolhidos, direito ao lazer, no entanto, tambm tm de cumprir seus deveres, para se tornarem cidados crticos e responsveis. Busca-se pensar sobre tabus e preconceitos referentes temtica apresentada. Com esse material, esperamos desencadear nos profissionais da educao, comunidade e pais num contexto geral, reflexes de seu cotidiano com as crianas e adolescentes, abrindo portas para futuros trabalhos relacionadas Orientao Sexual. O interesse de investigar sobre a orientao sexual do ensino fundamental partiu das discusses travadas ao longo da Ps-Graduao em Psicopedagogia, cursada nas Faculdades Integradas de Patos (FIP). Os suportes terico-metodolgicos adotados evidenciam um trabalho de pesquisa qualitativa. Essa condio de pesquisa privilegia o entendimento de que a compreenso ampla dos objetos privilegiado em nossa investigao requer a nossa interpretao enquanto pesquisador. Trabalhamos nessa pesquisa a luz dos autores: Fernandes (1990), Suplicy (2000), Freud (1956-1939/1976, 1994), Kupper (1997), entre outros, que embasaram nossa pesquisa. Palavras chave: infncia, adolescncia, sexualidade, educao, sociedade, biologia e psicologia. 1. INTRODUO A sexualidade infantil ganha cada vez mais espao nas discusses e estudos cientficos. Ela fundamental na formao da personalidade, pois uma necessidade do ser humano, estritamente relacionada aos pensamentos e aes. Impedir o conhecimento, seja por valores rgidos ou em nome da moral e dos bons costumes em nada beneficia o jovem; ao contrario, pode provocar srios bloqueios de aprendizagem, porque impede o desenvolvimento da curiosidade pelo saber e a espontaneidade (FERNANDES apud RIBEIRO, 1990, P. 37). O no esclarecimento das curiosidades dos adolescentes e jovens pode gerar angustias e tenses, influenciando assim, a aprendizagem. Diante dessas constataes, defenderemos nesse trabalho que a escola, considerada como um lugar adequado para a Orientao Sexual tem a misso de colaborar com a famlia na educao dos adolescentes. Uma vez reconhecido seu direito, compete aos pais tomar plena conscincia de sua misso nesse campo da Orientao Sexual, o que supe preparar-se adequadamente para isto, esforar-se por vencer as resistncias e conservadorismo, buscar

permanentemente o equilbrio pricossexual. A famlia e escola so dois lugares de misses especificas para cada um embora estejam integrados na unidade de projeto comum. Vale lembrar que a sociedade tambm executa um papel decisivo da Orientao Sexual de todas as crianas, adolescentes, jovens e adultos. Esse estudo que tem por objetivo geral refletir sobre a diversidade de valores, crenas e comportamentos relativos sexualidade. Buca-se pensar sobre tabus e preconceitos referentes temtica apresentada. Em outras palavras, estuda sobre o inegvel direito e deveres das crianas, adolescentes e adultos sobre a sexualidade. Os objetivos especficos que se buscam so: aspectos conceituais e histricos da educao sexual no Brasil; os parmetros curriculares nacionais: a orientao sexual; (ds) caminhos da educao sexual; orientao sexual nas escolas. E, finalmente, apontar sugestes de educao sexual nas sries iniciais. O interesse de investigar sobre a orientao sexual do ensino fundamental partiu das discusses travadas ao longo da Ps-Graduao em Psicopedagogia, cursada nas Faculdades Integradas de Patos (FIP). Nesta instituio evidencia-se a prtica pedaggica organizada em torno das relaes interpessoais no atendimento das crianas nas series iniciais. Nesse sentido, mim motivou a verificao de que o desenvolvimento do imaginrio e da socializao favorecido pela prtica escolar. Os suportes terico-metodolgicos adotados evidenciam um trabalho de pesquisa qualitativa. Essa condio de pesquisa privilegia o entendimento de que a compreenso ampla dos objetos privilegiado em nossa investigao requer a nossa interpretao enquanto pesquisador. No que concerne aos instrumentais de pesquisa que sero considerados no processo de coleta de dados, privilegiamos as seguintes estratgias como instrumentais: a pesquisa bibliogrfica, a pesquisa virtual, a pesquisa de campo e a anlise documental. As fases que nortearam a efetivao da pesquisa foram: a fundamentao terica sobre os objetos de estudos; a anlise crtica da reviso bibliogrfica; o trabalho de campo e sua anlise, a elaborao do produto final que corresponde o presente artigo cientfico. O presente trabalho est estruturado da seguinte forma: primeiramente, apresenta uma introduo, que contextualiza os objetos de estudo (aspectos conceituais e histricos), define os objetivos que se busca alcanar, a justificativa, a motivao da pesquisa e os procedimentos

metodolgicos utilizados. Sequencialmente dividiu-se em trs tpicos de desenvolvimento, os quais se voltam para a anlise da importncia da temtica sexualidade para a qualidade pedaggica das orientaes sexuais das aprendizagens escolares no ensino infantil. Por ltimo, so tecidas as consideraes finais que apontam os resultados e as nossas perspectivas em relao s constataes evidenciadas ao longo deste estudo. 2. ASPECTOS CONCEITUAIS E HISTRICOS DA EDUCAO SEXUAL NO BRASIL A sexualidade imposta de uma maneira pela Igreja, tambm abordada no seio familiar, onde nas duas formas so passadas de forma direta ou indireta valores nos quais a prpria famlia quer que o adolescente adote, mas tambm cabe escola orientar sobre o tema prevenindo-a de doenas e de uma gravidez indesejada, este sim o papel da educao, dar informaes para a pessoa ter o controle sobre o que ela quer para o seu futuro. Segundo a autora e mdica e sexloga Marta Suplicy (2000). A Educao Sexual um processo formal e informal, sistematizado que se prope a preencher lacunas de informao, erradicar tabus, preconceitos e abrir discusso sobre as emoes e valores que impedem o uso dos conhecimentos cabem tambm propiciar uma viso mais ampla, profunda e diversificada acerca da sexualidade. Hoje, tm-se realizado muitos trabalhos preparatrios para a execuo dos estudos a respeito da sexualidade, pois extremamente importante em todas as etapas do nosso desenvolvimento. O sexo tem grande relevncia no desenvolvimento e na vida psquica das criaturas humanas, pois se relaciona com a busca da satisfao, necessidade fundamental dos indivduos. Segundo Freud (1939-1956,1976), algo inerente, que se manifesta desde o momento do nascimento at a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento. (FREUD apud GUIA DE ORIENTAO, 1994. p. 22). Freud foi o primeiro a descrever o impacto das experincias da infncia sobre o carter do adulto, reconhecendo a atividade e o aprendizado sexual das crianas. Na Idade Mdia, acreditava-se que as crianas eram seres puros e inocentes que no tinham sexualidade a expressar, e as manifestaes da sexualidade infantil possuam a conotao de algo feio, sujo, pecaminoso, cuja existncia se devia ms influncia de adultos. Freud mostra que a sexualidade no se liga genitalidade e que se organiza a partir de operaes psquicas. (FREUD apud GUIA DE ORIENTAO, 1994, p. 14). Props que os adolescentes j

apresentam uma sexualidade muito diferente das outras espcies e que, na adolescncia, no est comprometida ao rgo sexual, mas a sensaes ligadas sexualidade. J na dcada de 1990, a preocupao dos educadores quanto insero de um programa de Orientao Sexual no currculo escolar se intensificou. Em 1996, lanado pelo Ministrio do Desporto e Educao, um documento sobre a Orientao Sexual, nos Parmetros Curriculares Nacionais- PCNs, como tema transversal visando ser um referencial fomentador da reflexo sobre os currculos escolares, uma proposta aberta e flexvel, que pode ou no ser utilizada pelas escolas na elaborao de suas propostas curriculares. Em artigo publicado no jornal Folha de So Paulo l-se: o melhor mtodo anticoncepcional para as adolescentes a escola: quanto maior escolaridade, menor a fecundidade a maior a proteo contra doenas sexualmente transmissveis. (FOLHA DE SO PAULO, 2001, p. 07). Sabe-se que a Orientao Sexual nas escolas de suma importncia para o bem estar das crianas e dos jovens, na vivncia de sua sexualidade atual e futura. A famlia possui o direito e o dever de educar sexualmente os filhos. A sexualidade primeiramente abordada no espao privado, atravs das relaes familiares. 2.1 OS PARMETROS CURRICULARES NACIONAIS: A ORIENTAO SEXUAL O objetivo dessa abordagem uniformizar a linguagem em comum acordo com os alunos. Tal entendimento primordial, pois promove o dialogo para assuntos mais importantes que integram a parte afetiva do relacionamento e do prazer. A forma de trabalho do professor decisiva para o bom entendimento do assunto e a ampliao do dialogo em sala de aula. Para auxiliar neste processo, os PCNs (Parmetros Curriculares Nacionais) abordam a orientao sexual em seus temas transversais trazendo propostas para os trabalhos referentes a este assunto no contexto escolar. As indicaes dos PCNs (1998, p. 299) sobre orientao sexual recomendam que, a escola deve abordar diversos pontos de vista, valores e crenas existentes na sociedade para auxiliar o aluno a construir um ponto de auto referncia por meio da reflexo. Ainda de acordo com os parmetros, o trabalho realizado pela escola no substitui nem concorre com a funo famlia, mas complementa. A proposta dos PCNs sugere uma ao pedaggica que estimule a reflexo e autoformaro do educando, tendo em vista que este trabalho um complemento da educao

familiar recebida pelo aluno. Nos objetivos gerais os PCNs pontuam que a finalidade do trabalho de orientao sexual :

[...] Contribuir para que os alunos possam desenvolver e exercer sua sexualidade com prazer e responsabilidade sendo capazes de: [...] respeitar a diversidade de valores, crenas e comportamentos relativos sexualidade; compreender a busca de prazer como um direito; conhecer seu corpo; valorizar e cuidar da sua sade; identificar e repensar tabus e preconceitos referentes sexualidade evitando comportamentos discriminatrios e intolerantes; identificar e expressar seus sentimentos e desejos, respeitando os sentimentos e desejos dos outros; protegerse de relacionamentos sexuais coercitivos ou exploradores, evitar uma gravidez indesejada; tomar decises responsveis a respeito da sexualidade. (PCNS, 1998, p. 311).

Segundo os Parmetros Curriculares, os professores necessitam revisar suas prprias dificuldades diante do tema com questes tericas, leitura e discusses referentes sexualidade e suas diferentes abordagens, preparando-se para intervenes prticas diante dos alunos. De acordo com os parmetros: a formao deve ocorrer de forma continuada e sistemtica, propiciando a reflexo sobre os valores e preconceitos dos prprios educadores envolvidos no trabalho de orientao sexual (PCNs, 1998, p.303). necessrio, portanto que os educadores se preparem efetivamente para abordar o tema de forma adequada, identificando seus prprios valores e comportamentos a fim de evitar a transmisso e a imposio de concepes pessoais. 2.2 A SEXUALIDADE PRECOCE Inicialmente, Freud acreditava que a sexualidade humana s se desenvolvia na puberdade, perodo em que o organismo poderia procriar. Entretanto ele comeou a rever estas questes com estudos sobre a sexualidade infantil. Freud fala das pulses sexuais que so vividas livremente pelas crianas e experimentadas parte no havendo ainda um objeto sexual. A pulso sexual tal como vemos em ao em um adulto composta de pulses parciais, cuja ao se observa nas preliminares do ato sexual. Cada pulso se liga ao prazer extrado do rgo a que estiver vinculado. Exemplo: olho, no caso da contemplao; genital prprio, no caso da masturbao; boca, no caso da suco do polegar; nus, no caso da defecao. Ser uma pulso dirigida ao prprio corpo que no buscar outro corpo, como acontecer na puberdade. (KUPFER, P. 41, 1997). Como h ausncia do objeto sexual, a pulso sexual no possui outros fins seno os propriamente sexuais e passvel de sublimao. a que interessa ao educador cuja educao, segundo Freud, ter seu papel

primordial. O indivduo, havendo a "desatualizao" do objeto poder voltar-se para atividades sexualmente elevadas, tais como, produo cientfica, artstica e tudo aquilo que proporcionar bem estar. Essas atividades sero impulsionadas pela libido, mas a antiga nsia sexual ainda permanece s que de modo mais brando, terno, prazeroso. 2.3 ORIENTAO SEXUAL NAS ESCOLAS A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, em seu artigo segundo, referente aos princpios e fins da Educao Nacional, declara:
A educao, dever da famlia e do estado, inspirada nos princpios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualificao para o trabalho. (Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

Cita tambm, no artigo vinte e nove, referente Educao Infantil:

A educao infantil, primeira etapa da educao bsica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criana at seis anos de idade, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social, complementao a ao da famlia e da comunidade. (Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996).

A escola um lugar privilegiado para discutir-se a temtica da sexualidade. Ela, sendo uma instituio social, atende crianas de todas as faixas etrias. na escola que as crianas passam um bom perodo dirio. Assim, a escola constitui-se uma parceria da famlia na educao sexual das crianas. A orientao sexual nas sries iniciais pode contribuir na preveno de problemas graves, como o abuso sexual, uma possvel gravidez indesejada na adolescncia ou a aquisio de doenas transmissveis. Quando a pessoa aprende a lidar com a sexualidade de maneira saudvel e natural, desde a infncia, quando adolescente, ter condies de tomar atitudes pautadas na reflexo consciente. Finalmente, pode-se afirmar que a implantao de Orientao Sexual nas escolas contribui para o bem-estar das crianas e dos jovens na vivncia de sua sexualidade atual e futura. 2.4 SEXUALIDADE MAL RESOLVIDA E DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM A sexualidade interfere muito na questo da identidade, principalmente do pbere e do adolescente, e assim interfere no processo de aprendizagem. O jovem que pode ter um pouco mais conhecimento de si, de sua sexualidade, passa a ter um maior desenvolvimento escolar, um

desenvolvimento da aprendizagem melhor, na medida em que a relao entre autoconhecimento, sexualidade e aprendizagem muito grande. Outra questo essencial para que algum aprenda ou que se disponha a aprender a curiosidade. Se ns no temos curiosidade no aprendemos, e a primeira curiosidade da onde que eu vim, para onde que eu vou quem sou eu. Parte dessa curiosidade tem a ver com a sexualidade, ento, se abrimos o caminho para a curiosidade acerca da sexualidade, abrimos tambm caminho para a curiosidade sobre o mundo, curiosidade cientfica, curiosidade filosfica, curiosidade cata de conhecimento. Na nossa cultura, uma das portas mais fechadas para a curiosidade a que diz respeito sexualidade. 2.5 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL no lar que o ser humano deveria ter sua primeira educao sexual. De acordo com a sexloga Marta Suplicy. Uma criana falante e curiosa pode comear a mostrar interesse pelo sexo aos 2-3 anos, mesmo sem o uso da palavra. A maioria o far com 4-5 anos de idade (SUPLICY, 1983, p. 36). No texto de Freud Esclarecimento sexual das crianas em resposta a uma carta de Dr. M. Frst, ele afirma que as crianas devem receber educao sexual assim que demonstrem algum interesse pela questo (KUPFER, p. 46, 1997). A criana que tem idade para perguntar tambm tem idade para ouvir. Os pais nunca devem dar respostas imaginrias e irreais como, por exemplo: se a criana perguntar como nasceu o pai responder que foi a cegonha que trouxe, ao invs de falar a verdade na linguagem adequada para cada idade. Visca (1987, p. 76), define as primeiras aquisies que o beb faz como Prontoaprendizagem. Para ele:

[...] Consiste na aprendizagem das primeiras relaes vinculares que se estruturam na criana, como resultado da interao que se estabelece entre esta e sua me..., nos contatos com sua me, vai estabelecendo suas primeiras discriminaes e vnculos com o mundo externo.

Quando a criana descobre que os pais esto mentindo ela se sente enganada como afirma Suplicy, No momento que seu filho descobrir que voc o engana voc no ser mais um pai ou me perguntvel. Voc perde a credibilidade, mas seu filho continua curioso e perguntar aos colegas (1983, p. 36).

As primeiras perguntas feitas pelas crianas geralmente so: porque o pipi do papai maior que o meu? Porque ele tem esses pelinhos e eu no? Onde est o pipi da mame? Por onde saem os bebs? Isto acontece porque nas primeiras perguntas infantis a criana faz uma constatao do que observa segundo Suplicy (1983). A mesma autora ainda observa que conforme a criana vai crescendo as perguntas vo se sofisticando, e ao redor dos quatro-cinco anos ela j quer saber como o beb sai da barriga da me. E, provavelmente a pergunta seguinte ser como entrou. (SUPLICY, 1983, p. 36). Estas perguntas devem ser respondidas da forma mais natural possvel. Se os pais a repreendem, a criana nunca mais lhes perguntar e continuar to curiosa quanto antes, afinal est numa fase de descobertas. Sem a ajuda deles ela poder interpretar o sexo de forma errada, acreditando, por exemplo, que seu pnis tem algum problema por ser menor que o do pai, que o pnis da mame ou da irm foi cortado. Para chegarmos adolescncia recorreremos psicanlise para ratificar a afirmao de Fagundes (1995) feita no pargrafo anterior, mostrando as fases do desenvolvimento sexual infantil: Fase oral ou fase da libido oral, ou hedonismo bucal a criana de 0 aos 2 anos, atravs da estimulao da zona oral (suco, mastigao, satisfao da fome) sente sensaes agradveis de prazer. Nesta fase tudo que v quer levar boca. Fase anal ou fase da libido ou hedonismo anal nesta fase a criana entre 2 e 3 anos sente prazer em poder controlar parte de seu corpo retendo ou liberando as fezes, comea ento a controlar suas vontades e tomar decises. Sente prazer em brincar com massas de modelar, argilas, barro. Fase flica ou fase genital, ou fase da libido ou hedonismo genital quando comea a interessar-se pelo corpo e manipular seus rgos genitais. nesta fase que se inicia o complexo edipiano. No complexo de dipo o menino sente um amor intenso pela me, identificando-se com o pai, sente desejo em ocupar seu lugar sentindo ento raiva, medo e culpa. Imagina ento que o pai pode cortar seu pnis (complexo de castrao). A menina tambm vive este complexo, mas neste caso sente inveja do pnis. Inicia ento um perodo de latncia que vai at a puberdade e caracteriza-se por uma diminuio das atividades sexuais. A criana entre 6 e 10 anos tem sua sexualidade parte reprimida e parte sublimada, deslocando a energia para atividades e aprendizagens intelectuais e sociais.

 Fase genital a chegada da puberdade, da adolescncia no qual o complexo de dipo reaparece, porm mais perigoso j que o desejo incestuoso pelo pai/me agora pode ser realizado com o surgimento da sexualidade genital. Mas paralelo a isto o superego organizado e surge como uma barreira ao incesto reprimindo os pensamentos perigosos e censurando o ego que responsvel pelo controle dos instintos. Ocorre ento o deslocamento das fantasias de dentro para fora da famlia, o que gera muita ansiedade e culpa. Juntamente a este deslocamento surge o processo de desligamento da autoridade dos pais. J Piaget classificou quatro estgios no desenvolvimento do raciocnio humano, que iam do nascimento at o fim da puberdade e conseqentemente ao incio da adolescncia, que se sucediam de acordo com as fases do desenvolvimento fsico. Vejamos. Primeiro estgio: chamou sensrio-motor. Ele corresponde aos dois primeiros anos da vida e caracteriza-se por uma forma de inteligncia emprica, exploratria, no verbal. A criana aprende pela experincia, examinando e experimentando com os objetos ao seu alcance, somando conhecimentos. Segundo estgio: que ele chamou pr-operacional, e que vai dos dois anos aos sete anos, os objetos da percepo ganham a representao por palavras, as quais o indivduo, ainda criana, maneja experimentalmente em sua mente assim como havia previamente experimentado com objetos concretos. Terceiro estgio: dos sete aos doze anos, as primeiras operaes lgicas ocorrem e o indivduo capaz de classificar objetos conforme suas semelhanas ou diferenas. Quarto estgio: dos doze anos at a idade adulta, o indivduo realiza normalmente as operaes lgicas prprias do raciocnio. 3. A EDUCAO SEXUAL NAS SRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Atravs de uma pesquisa realizada com alunos das sries iniciais do Ensino Fundamental, sobre o conceito e a importncia da orientao sexual para o desenvolvimento adolescente, a presente pesquisa caminhou no sentido de verificar as possibilidades pedaggicas alcanadas com a prtica de palestras, perguntas, curiosidades e debates, por meio de um estudo de caso em uma escola pblica, no municpio de Baro da Gamboa RN. A Escola Municipal Chapeuzinho Vermelho, est situada no municpio de Baro da Gamboa- RN, e tem esse nome devido ao fato de ter sido construda no terreno que pertencia a

um vaqueiro do municpio chamado Antonio Vermelho. A escola funciona nos seguintes turnos: matutino (07h00min s 10h30min), intermedirio (10h40min s 13h50 min) e vespertino (14h00 min s 17h30min). Possui 11 professores, 5 auxiliares, uma diretora e uma coordenadora administrativa. So 500 alunos matriculados, na faixa etria de 10 16 anos. A escola possui quatro salas de aula, uma cozinha, dois banheiros, uma secretaria, ptio amplo e uma rea de lazer que no adequada s necessidades dos alunos. Quanto disponibilidade de recursos possui um computador na secretaria e alguns brinquedos que no chegam a ser suficiente pra a demanda dos alunos. Por ser localizada num bairro pobre de grande importncia. Sua existncia resulta melhoria para esse alunado da periferia e de bairros carentes. Considerando os aspectos scioeconmicos, por ser de natureza pblica, o gestor da cidade, ou seja, o prefeito prestar servios a instituio de ensino, sendo responsvel pela alimentao das crianas, reforma da instituio de ensino, professores e etc., atendendo assim as principais necessidades fsicas, estruturais e pedaggicas da escola. A escola oferece um excelente espao livre para realizao de atividades esportivas, permitindo assim uma boa integrao e socializao entre as crianas. As concepes bsicas dos professores em relao orientao sexual dentro do mbito escolar. Quando perguntamos aos professores se concordavam ou discordavam de se trabalhar a questo da sexualidade na escola, revelaram:

Sim bvio que devemos trabalhar e explorar este assunto dentro de nossas salas de aula, visto que, este faz parte do cotidiano de muitas crianas e adolescentes, que precisam ser esclarecidos a respeito do assunto. (PROFESSORA ALEGRIA, 2011) Sim, porque hoje em dia ainda temos famlias que tratam o assunto com tabus por isso, a escola precisa orientar seus alunos para que esses tenham conhecimentos prvios em relao temtica. (PROFESSORA FELICIDADE, 2011).

Diante das revelaes dos problemas, constatamos que estes, de forma unnime, dizem trabalhar em sala de aula a respeito da sexualidade com crianas e adolescentes para que eles tenham uma viso panormica no que tange o assunto. Como sabemos, na maioria dos casos, este tema tratado com total descaso pela famlia, que por no possuir um conhecimento aprofundado

sobre a temtica, acaba no discutindo com seus filhos de modo crtico, gerando assim, uma grande confuso na cabea dos mesmos no que diz respeito sexualidade. Quando perguntamos aos professores sobre que orientaes do a seus alunos sobre a questo da sexualidade, revelaram:
Procuro preveni-los futuramente em relao s doenas sexualmente transmissveis, AIDS, da gravidez indesejada e do sexo precoce entre as crianas e adolescentes que se torna um processo altamente prejudicial para suas vidas. (PROFESSORA ALEGRIA, 2011). Dentro de sala de aula, procuro desenvolver o assunto atravs de conversas informais, vdeos educativos, visando com isso dissimar o maior nmero de informaes a respeito da temtica em questo. (PROFESSORA FELICIDADE, 2011).

Notamos que os professores procuram adequar os materiais didticos utilizados as disciplinas que lecionam de forma diversificada, haja vista que utilizam textos informativos, palestras, cartazes, lbum seriado, etc. percebvel, que todos os professores procuras adaptar os temas transversais como orientao sexual em suas disciplinas em momentos oportunos, permitindo que o ensino torne-se mais dinmico e significativo para as crianas e os adolescentes. Quando perguntamos aos professores se detectaram em seus alunos informao ou desinformao sobre sexualidade, revelaram:
As manifestaes da sexualidade aparecem em todas as idades e muitas questes so trazidas pelas as crianas e adolescentes para a sala de aula em forma de dvidas e curiosidades. (PROFESSORA ALEGRIA, 2011). Meus alunos aparecem sempre com curiosidades e dvidas sobre alguns assuntos a respeito da sexualidade, desta forma, posso dizer que eles j possuem alguma informao. (PROFESSORA FELICIDADE, 2011).

Verificamos que os professores procuram trabalhar sua metodologia de forma participativa, haja vista que h certa preocupao por parte deles em dar oportunidades para que seus alunos expressem suas idias, permitindo dessa forma, que haja uma troca de conhecimentos entre ambos, pois se sabe que no processo de ensino-aprendizagem tanto o professor como o aluno so sujeitos deste processo e no meros objetos. Quando perguntamos aos professores se procuram abordar questes de sexualidade dentro dos interesses e possibilidades de compreenso prprias da idade de seus alunos, revelaram:

Sim, pois no poderei usar de linguagens tcnicas com meus alunos, visto que estes, no entenderiam o significado de certas palavras, assim procuro ser flexvel, trabalhando o assunto a ser abordado de acordo com a faixa etria deles. (PROFESSORA ALEGRIA, 2011). Sim, procuro trabalhar de acordo com a faixa etria dos alunos e de forma flexvel. (PROFESSORA FELICIDADE, 2011).

O que podemos perceber que houve uma unanimidade por parte dos professores, visto que os mesmos afirmaram que tal iniciativa torna-se importante e precisa ser discutida com mais seriedade entre os professores e o corpo tcnico administrativo da escola para que juntos possam desenvolver um trabalho satisfatoriamente educativo em conjunto com os pais, adolescentes e a comunidade escolar em geral, para que possam quebrar os tabus e preconceitos que permeiam em nossa sociedade. Quando perguntamos aos professores se procuram trabalhar de forma crtica e reflexiva as questes polmicas ligadas a sexualidade com seus alunos, revelaram:
Sim, sempre que possvel, pois procuro dar oportunidades para que meus alunos expressem seus conhecimentos em relao a sexualidade. Com isso, passamos a trocar idias, visto que, torna-se algo muito significativo para o processo de ensino aprendizagem. (PROFESSORA ALEGRIA, 2011). Sim, primeiro procuro ouvir os relatos de meus alunos, suas dvidas, suas experincias e, a partir da, passamos a falar e discutir sobre o assunto. (PROFESSORA FELICIDADE, 2011)

Constatamos atravs dos relatos que os professores possuem noes relativas em relao questo da importncia da educao sexual na escola fato que evidencia que esto atentos e interessados em adquirirem novas informaes que venham complementares seus conhecimentos a respeito da temtica em questo. Tais aspectos confirma que Suplicy (1995) enfatizou, pois a educao sexual no Brasil de nossos dias torna-se alvo especial para os educadores, visto que muitos registram e revelam o quanto importante a troca de informaes entre professor e aluno sobre a questo de sexualidade 4. CONSIDERAES FINAIS Sendo a escola um lugar de curiosidades, sonhos, medos, idias, aprendizagem, conquistas, descobertas etc., esta no pode excluir as manifestaes da sexualidade e, sim criar um espao de discusso aberta e franca sobre ela, deixando de lado os prprios preconceitos,

permitindo que cada um se mostre como : com suas dvidas, conflitos, medos. O psicopedagogo, um novo profissional da escola, de grande relevncia no trabalho de Orientao Sexual. Certamente hoje a sexualidade tratada de forma explicita do que antes e, almejamos que amanh, seja mais que hoje. Quanto mais cedo forem derribadas as barreiras que impedem uma Orientao Sexual eficaz nas instituies escolares, mais cedo teremos a minimizao de problemas como a represso sexual, os problemas de aprendizagem ocasionados por angustias sexuais, o abuso sexual, o preconceito sexual, a gravidez na adolescncia e etc. Portanto, na tentativa de se caminhar para uma educao coerente, a qual aspira formar cidados, pretende-se demonstrar que a implantao do trabalho da Orientao Sexual na escola relevante, no sentido de informar e discutir os diferentes tabus, preconceitos, crenas e atitudes existentes na sociedade, buscando, se no uma iseno total, o que impossvel de se conseguir, uma condio de maior distanciamento pessoal por parte dos profissionais, para empreender essa tarefa. E o psicopedagogo o novo aliado escola, para empreender a tarefa de educar sexualmente as crianas e jovens. Segundo Pinto (1997, p. 50), entende-se que a funo da escola construir individualidades (identidades) e, se dessa maneira indireta que se dar sua contribuio ao amadurecimento da sexualidade infantil e juvenil, uma enorme transformao precisa ser realizada no seu interior. Sabe-se que mudar difcil, a misso rdua, os desafios so imensos, porm, cabe a cada um ousar e tentar mudar esse quadro, promovendo as mudanas necessrias, pois, como diz Ceclia Meirelles, o vento o mesmo, mas sua resposta diferente a cada folha. REFERNCIAS ANTUNES, Celso. Jogos para a estimulao das mltiplas inteligncias. 10. ed. Petrpolis: Vozes, 1998. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional: Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996. ______. Parmetros Curriculares Nacionais; Orientao Sexual Ensino Fundamental (1 a 4 sries) - Secretaria de Educao Fundamental Braslia: MEC:/ SEF, 1996. FAGUNDES, Tereza Cristina Pereira. Educao sexual, construindo uma nova realidade. Salvador, Instituto de Biologia da UFBa, 1995. FERNANDEZ, Alicia. A inteligncia aprisionada: abordada psicopedagogia. Clnica da criana e sua famlia. Porto Alegre: Artes mdicas, 1990. FREUD, S. Trs ensaios para uma teoria sexual. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

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