Issue 11281
Issue 11281
Issue 11281
Região da Serra
Região das Hortênsias
Campos de Cima da Serra
Paranhana e Encosta da Serra
Vale do Caí
RANDONCORP/DIVULGAÇÃO/JC
Inovação
impulsiona
a indústria e
abre mercados
no exterior
Regiões da Serra, Campos de Cima
da Serra, Hortênsias, Vales do
Paranhana e Caí sediam polos
metalmecânico, de móveis e alimentos,
com exportações para o mundo
Caderno Especial do Jornal do Comércio
2 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023
Carta do editor
de dados, em que juntamos e a iniciativa de uma empresa, tão importantes para uma vi- em 24 de outubro – ficou evi-
/ JC
analisamos informações, em de uma prefeitura, de um go- são de futuro. Identificar opor- dente a importante contribui-
alguns casos publicadas ao verno, de uma cooperativa... tunidades e ver os desafios. ção de lideranças regionais
longo do tempo isoladamente. Evidentemente, tem seu valor E como estamos fazendo para apontar os caminhos do
A partir dessa “visão da flo- para o setor e para o momento esse mapeamento? Esse pro- desenvolvimento econômico.
resta”, de conjunto dos dados, em que acontece. jeto é pensado desde o ano Em 20 de novembro, será
conseguimos trazer novas in- Agora, quando reunimos passado e foi implementado realizado o último evento re-
formações. todos os dados, todas as notí- no início deste ano, com entre- gional, em Porto Alegre. A cada
Um exemplo é a pesquisa cias de investimentos realiza- vistas de empresários e eco- edição, além do painel regio-
Marcas de Quem Decide, que dos em um determinado lugar, nomistas, análise de dados, nal, publicamos um caderno
Guilherme Kolling revela anualmente a preferên- no nosso caso, em solo gaú- consulta a relatórios de entida- como este, que circula hoje no
Editor-Chefe do Jornal do Comércio cia e a lembrança de marcas cho, temos um panorama com- des empresariais e de órgãos JC, com o detalhamento das
em 75 setores da economia pleto dos aportes feitos. E aí públicos, tudo isso para fazer cadeias produtivas e da econo-
O Mapa Econômico do Rio gaúcha, há 25 anos. A evolução trazemos um indicador novo, um mapa da economia do Rio mia dessas regiões.
Grande do Sul é um projeto desse mapeamento de marcas que é a soma dos investimen- Grande do Sul. Esse é o quarto conteú-
ambicioso, considerando a ri- permite ver as transformações tos no Rio Grande do Sul anun- Além disso, estamos reali- do especial da série, com um
queza e a diversidade da eco- no mercado ao longo do tempo. ciados ou realizados ao longo zando encontros regionais para mapa das principais atividades
nomia do Estado. Mas também Outro exemplo desse tra- de um ano. ouvir as lideranças locais dos das regiões da Serra, Campos
é um desafio a que nos propu- balho de dados é o nosso Em 2022, por exemplo, na mais diferentes setores, sobre de Cima da Serra, Hortênsias,
semos nos 90 anos do Jornal Anuário de Investimentos do quinta edição do Anuário de In- desafios e oportunidades para Vale do Paranhana e Enconsta
do Comércio porque está em Rio Grande do Sul. Ele começa vestimentos do Rio Grande do o desenvolvimento econômico. da Serra, e Vale do Caí.
linha com o nosso trabalho do no dia a dia, já que, em quase Sul, mapeamos 300 aportes Desta forma, descobrimos as É uma parte do Rio Grande
dia a dia. todas as suas edições, o Jornal anunciados ou realizados no demandas locais para que o do Sul muito industrializada –
Como diário de economia do Comércio publica informa- Estado, pela iniciativa privada Estado possa crescer. com polos metalmecânico, mo-
e negócios do Rio Grande do ções de novos empreendimen- ou pelo poder público. E iden- Dividimos o Rio Grande do veleiro, calçadista, de alimen-
Sul, ao publicar matérias sobre tos em solo gaúcho: uma rede tificamos a cifra total de R$ 62 Sul em cinco grandes regiões, tos e bebidas – e que investe
novos negócios e empreendi- de varejo que abre novas uni- bilhões de investimentos no reunidas conforme semelhan- forte em inovação. Tem ainda
mentos, o Jornal do Comércio dades, uma indústria que ex- Rio Grande do Sul. ças e proximidade geográfica: relevância na pauta de expor-
está, de certa forma, fazendo pande a produção, uma estra- Trata-se de um indicador, Regiões Sul, Campanha tações, além de sediar o princi-
um raio-X da economia gaúcha da que é ampliada, um parque que pode ser comparado com e Fronteira Oeste; pal polo turístico do Estado. E
a cada edição. eólico que é instalado. os anos anteriores, já que o Regiões Central, Vales, abriga muitas outras potencia-
Em uma dimensão maior, Olhando essas notícias de Anuário já teve cinco edições. Jacuí Centro e Alto Jacuí; lidades, como mostraremos ao
ao longo do ano, publicamos E também pode ser analisado Regiões Norte, Noroeste longo desse especial.
conteúdos especiais sobre regionalmente – quanto cada e Missões; Finalmente, cabe observar
setores da economia gaúcha, região recebeu de investimen- Regiões da Serra, Cam- que a economia está sempre
aprofundando temas e reve- Esse é o quarto tos. pos de Cima da Serra, Hortên- em transformação, o que per-
lando tendências. especial da série Esses casos ilustram a sias, Vales do Paranhana e Caí; mite projetar que esse trabalho
O caráter de formulação importância estratégica de in- Região Metropolitana, do Mapa Econômico seguirá ao
está em apresentar informa- Mapa Econômico do formações e indicadores para Litoral e Vale do Sinos. longo dos anos, mostrando as
ções novas ao grande público, RS, contando sempre nortear decisões e saber onde Nos quatro eventos até mudanças nas regiões e, de
permitindo pensar e projetar estamos e para onde vamos. aqui realizados – em Pelotas, forma comparativa, trazendo
o desenvolvimento econômico com a contribuição De uma certa forma, é o em 23 de junho; em Santa tendências e indicadores.
do Rio Grande do Sul. de lideranças locais objetivo desse projeto Mapa Cruz do Sul em 3 de agosto; Boa leitura!
ÍNDICE
EXPEDIENTE
Editor-Chefe: Indicadores para uma visão de futuro do RS página 2 Novo Polo Químico no Vale do Caí página 15
Guilherme Kolling
[email protected] A divisão do Estado em cinco regiões página 4 Polo moveleiro inova para ganhar o mundo página 16
Editor-executivo: Dados sobre a população e o PIB páginas 6 e 7 Vale do Paranhana e a criação calçadista página 17
Mauro Belo Schneider
[email protected]
Serra Gaúcha aposta em inovação página 8 Vinhos têm Indicação de Procedência página 18
Editora de Economia:
Fernanda Crancio Multinacionais exportam tecnologia da Serra página 9 O chocolate artesanal de Gramado página 19
[email protected]
Setor metalmecânico abrange vários municípios página 10 Vacaria é referência na produção de maçãs página 20
Reportagem:
Eduardo Torres
[email protected]
Com indústria forte, varejo também prospera página 11 Veranópolis é pioneira na produção de biodiesel página 21
Projeto gráfico e diagramação: Um mapa de oportunidades páginas 12 e 13 O turismo na Região das Hortênsias página 22
Luís Gustavo Van Ondheusden
Ecossistema de inovação e uso do grafeno páginas 14 Desafios logísticos para o desenvolvimento página 23
Jornal do Comércio Terça-feira, 31 de outubro de 2023 3
Caderno Especial do Jornal do Comércio
4 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023
Reportagem Especial
Porto Alegre
Pelotas
AS CINCO REGIÕES
Regiões Sul, Campanha e Fronteira Oeste
Evento em Pelotas realizado em 23 de junho
Regiões Central, Vales do Rio Pardo, Taquari, Jaguari, Jacuí Centro e Alto Jacuí
Evento em Santa Cruz do Sul realizado em 3 de agosto
Programas de estágios e
desenvolvimento de carreiras.
Saiba mais:
Caderno Especial do Jornal do Comércio
6 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023
População População
Município Vale do Paranhana
atual em 2010
e Encosta da Serra
Vacaria 64.187 61.342
Bom Jesus 11.202 11.519
Ipê 5.325 6.018
São José dos Ausentes 4.172 3.290
Campestre da Serra 3.242 3.247
A população total das regiões Serra,
Esmeralda 3.195 3.168
Campos de Cima da Serra, Hortênsias,
Monte Alegre dos Campos 3.180 3102
Vales do Paranhana e Caí era de 1.584.899
Muitos Capões 2.879 2.988 em 2022, de acordo com o Censo, um
Pinhal da Serra 2.248 2.130 crescimento de 8,86% em relação a 2010,
André da Rocha 1.135 1.216 quando eram 1.455.844 habitantes.
São 78 municípios. Entre os 10 mais
MARCOPOLO/DIVULGAÇÃO/JC
Reportagem Especial
Multinacionais gaúchas
exportam tecnologia
Com 13 mil funcionários negócios. As áreas de desenvol- veículos rodoviários, urbanos e
pelo mundo, Marcopolo vimento da engenharia, assim micros. Em Caxias do Sul, ainda
como da Marcopolo Next, que é opera, além dos ônibus elétri-
produz ônibus elétricos em uma das frentes de negócios do cos, a fabricação de veículos so-
planta no Rio Grande do Sul grupo, com a responsabilidade bre trilhos, com a marca Marco-
de acelerar processos, são gran- polo Rail.
Com uma receita líquida de des responsáveis pelo fortale- “Estamos no mercado há
R$ 5,4 bilhões em 2022 e a lide- cimento da empresa no cenário 74 anos, e mesmo posicionada Linha de produção de ônibus em unidade instalada em Caxias do Sul
rança nacional no mercado de internacional. Hoje, temos em entre as melhores do mundo,
ônibus e micro-ônibus, a Marco- torno de 700 ônibus elétricos e temos muito orgulho em dizer O caminho da empresa ini- foi marcante. O País vivia um
polo emprega hoje 7 mil pessoas hídricos circulando no mundo, que somos da Serra Gaúcha, ciou em 1949, quando Paulo Bel- momento de incentivos governa-
entre duas fábricas em Caxias mas com chassis de parceiros, pelo destaque que as indústrias lini e os irmãos Nicola empreen- mentais à industrialização ace-
do Sul – além da recém inaugu- desenvolvidos em conjunto. desta região têm. É a partir daqui deram, criando a Nicola e Cia, lerada e à infraestrutura, espe-
rada unidade de componentes, Nosso desafio era criarmos a que a Marcopolo é uma referên- uma das primeiras empresas do cialmente de estradas. A solução
em Farroupilha. tecnologia 100% nacional, que cia no transporte de passagei- Brasil dedicada à fabricação de vinha da Serra, e se expandiu.
Ao todo, são 13 mil funcio- agora é realidade”, explica o CEO ros. Temos hoje diversos caxien- carrocerias para ônibus, inicial- Em 1961, a empresa, que
nários entre as 11 unidades, que da empresa, André Armaganijan. ses que iniciaram a carreira nas mente, em madeira. Com 15 fun- ainda não se chamava Marcopo-
incluem o Espírito Santo e seis Segundo ele, a produção unidades da cidade e levam essa cionários, foram três meses para lo, fez a sua primeira exportação
países – Argentina, Colômbia, das primeiras unidades do Attivi experiência para outras opera- a entrega da primeira. Três anos para o Uruguai. Dez anos depois,
México, China, Austrália e África seguirá nas fábricas de Caxias ções, não para ‘exportarmos’ depois, fabricaram a primeira já com o nome que faz referência
do Sul. Foi da fábrica no distrito do Sul, mas há possibilidade de o que temos em Caxias do Sul, estrutura metálica. ao navegador que expandiu os
de Ana Rech, em Caxias do Sul, expandir para outras fábricas do mas para reforçar o que fazemos Assim como agora o pio- horizontes pelo mundo, a Marco-
que saiu o Attivi Integral, ônibus grupo, conforme a demanda e a aqui, de aproximar as pessoas neirismo nos veículos elétricos polo foi a primeira indústria au-
elétrico lançado em meados do logística. e promover o desenvolvimento aponta para a Serra, naquela tomobilística brasileira a vender
ano passado. Hoje, todas as unidades da regional, com a valorização dos época a demonstração da capa- tecnologia para o exterior, para
“A inovação é uma das nos- Marcopolo estão aptas à pro- trabalhadores locais”, aponta cidade dos empreendedores da a Venezuela. Hoje, a Marcopolo
sas principais fontes de novos dução dos seus modelos de Armaganijan. região saírem na frente também exporta para mais de 100 países.
TÂNIA MEINERZ/JC
www.crea-rs.org.br
Caderno Especial do Jornal do Comércio
10 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023
Reportagem Especial
Municípios
exportadores da
Serra, Campos
de Cima da Serra,
Força do setor metalmecânico
Hortênsias, Vales
do Paranhana
e do Caí
abrange diversos municípios
TRAMONTINA/DIVULGAÇÃO/JC
farinhas e preparações para do Sul, entre janeiro e setem- faturamento anual de R$ 50 bi- zinha recicláveis e fabricados Marcopolo, Agrale, Madal, Intral,
alimentação animal. bro deste ano. Os materiais lhões. com materiais reciclados. Guerra, Soprano)
Carlos Barbosa (Tramontina)
São Sebastião do Caí (42º produzidos entre as suas fá- Em 2022, a Tramontina fa- “É a combinação de ma-
Farroupilha (Tramontina,
no RS entre jan-set): 93% bricas respondem por 95% das turou R$ 8,3 bilhões, e projeta teriais reciclados com a maior
exportações do município. crescimento de até 15% neste responsabilidade ambiental Marcopolo, Soprano)
das exportações em carnes, Garibaldi (Tramontina)
conservas e miudezas. A empresa conta com 10 ano. E tem uma trajetória que no processo de fabricação
Nova Prata (Vipal)
mil funcionários entre 10 fábri- precede, em muito, o boom do destes produtos. No caso dos
Veranópolis (45º no RS Montenegro (CBC, John Deere)
cas, com capacidade total de setor metalmecânico de Caxias talheres e facas, os elementos
entre jan-set): 74% das expor-
tações em produtos da soja.
produção que ultrapassa 86 do Sul. de plástico são provenientes Fonte: Sindecs
Reportagem Especial
Colombo é maior
Com uma indústria forte, varejo rede varejista de
PANORAMA
Serra
Conheça 14 iniciativas que já se destacam entre as atividades
econômicas ou têm projetos com potencial de alavancar o
desenvolvimento econômico dessa parte do Rio Grande do Sul
Serafina Corrêa
Nova
1. O MAIOR POLO 2. SETOR MOVELEIRO Fagundes Varela
METALMECÂNICO DO REFERÊNCIA NO ESTADO
RIO GRANDE DO SUL Está na Serra o principal polo fabricante Veranópolis
O complexo industrial, que parte de móveis do Rio Grande do Sul. A Pinto Bandeira
da metalurgia, passando pelo setor partir de Bento Gonçalves e municípios
de máquinas e equipamentos, vizinhos, o Sindmóveis aponta que
até as indústrias da borracha e são 300 empresas na região, com Bento Go
de componentes eletrônicos, é 5,6 mil funcionários e R$ 3,1 bilhões
mapeado, partindo de Caxias do de faturamento no último ano. Mas a
Sul, segundo o Simecs, em até 17 produção de alta qualidade no mobiliário, Monte Belo do Sul Garibaldi
municípios. Ao todo, são 4,5 mil entre as regiões retratadas neste recorte
indústrias com um faturamento do Mapa Econômico do RS vai além, e
anual médio de R$ 50 bilhões. também chega ao Vale do Paranhana. Carlos Barbos
Vale Real
Boa Vista do Sul
4. O DESENVOLVIMENTO
Tupandi
DO SETOR CALÇADISTA
3. FLORESTAS PLANTADAS
Se nos últimos anos boa parte
A produção de móveis na Serra tem uma cadeia de
da produção calçadista migrou
fornecimento de madeira, que é essencial para essa
do Rio Grande do Sul para o Vale do Caí
atividade, bem estruturada na região. Conforme o
Nordeste, o tempo consolidou o
Sindimadeira, 100% do material, especialmente pinus,
Estado, especialmente o Vale do
fornecido às indústrias moveleiras vem de florestas
Paranhana, como uma espécie
plantadas. São Francisco de Paula, na Região das
Hortênsias, por exemplo, tem a maior área de pinus
de central de inteligência do setor. Montenegro
Conforme a Abicalçados, o Vale do
plantada no Rio Grande do Sul, e a segunda maior
Paranhana e a Serra concentram
entre todas as florestas plantadas no Estado. Pareci Novo
mais de 600 empresas do setor,
com 30 mil trabalhadores.
8. CADEIA DO FRANGO
Assim como em outras regiões do Estado e do País,
as gigantes do setor de frigoríficos também dominam
a produção da industrialização do frango entre a Serra
e o Vale do Caí. Ainda assim, a partir da produção
local de aves, este é um setor estabelecido na região.
Vacaria
Monte Alegre dos Campos
Bom Jesus 10. A TERRA DAS MAÇÃS
A região dos Campos de Cima da Serra tornou-se
Prata Campestre da Serra São José a terra das maçãs no Rio Grande do Sul. A produ-
dos Ausentes ção da fruta neste ano chegou a 338 mil toneladas
no Estado, que representa quase 70% da produção
Jaquirana nacional, com 14,4 mil hectares plantados. Deste
total, 8,5 mil hectares foram plantados entre Vaca-
São Marcos ria e Bom Jesus. As maçãs representam 90% das
exportações de Vacaria.
Flores da Cunha
onçalves Cambará
do Sul
Caxias do Sul
Farroupilha
11. O VALE DAS BERGAMOTAS
Entre as potencialidades da economia do Vale do Caí
sa Canela está o plantio da bergamota, e Montenegro é a capital da
São Francisco Hortênsias fruta no Rio Grande do Sul. Neste ano, os produtores do
Gramado município plantaram 3,3 mil hectares e colheram 54 mil
de Paula toneladas da fruta, que rende ainda maior valor agregado
Três Coroas com produtos da indústria cosmética, a partir da essên-
Bom Igrejinha cia da bergamota.
Princípio Parobé
Taquara
12. A INOVAÇÃO COMO MOTOR DA ECONOMIA
Nova Em uma região marcada pelas grandes multinacionais do
Petrópolis setor industrial, que mantêm no RS os setores criativos e
Nova Hartz de desenvolvimento de novos produtos, inovar é a palavra
de ordem. O TecnoUCS, em Caxias do Sul, é um dos mais
avançados polos de inovação do Rio Grande do Sul e, no
Vale do Paranhana, os governos municipais têm fortaleci-
Paranhana e Encosta da Serra do o ecossistema da inovação em conjunto com a Faccat.
13. O MAIOR POLO TURÍSTICO DO RIO GRANDE DO SUL 14. AEROPORTO, FERROVIAS E RODOVIAS
Uma das principais “indústrias” da região é o turismo, A região que teve o seu crescimento industrial, a partir da década de
em todas as suas frentes. Do lazer, com a Região das 1950, estimulado pelos investimentos em infraestrutura no País, com as
Hortênsias recebendo até 9 milhões de pessoas por ano melhorias em rodovias, hoje enfrenta limitações logísticas que chegam
- injetando R$ 1,5 bilhão na economia -, até a aventura e o a representar 15% nos custos ao setor produtivo. Desta vez, as oportuni-
contato com a natureza. Tem ainda o potencial de feiras e dades para reduzir as perdas logísticas apresentam-se desde o ar, com
eventos, o chamado turismo de negócios que, em Caxias o projeto de um novo aeroporto em Caxias do Sul, até a concessão de
do Sul, responde por 80% dos rendimentos do setor. rodovias estaduais da região. Há demanda por um porto no Litoral Norte.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
14 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023
LUIS BISOLC/DIVULGAÇÃO/JC
Tecnologia
Igrejinha, Parobé, Nova Hartz aberta”, conta a diretora executi- “Temos um ecossistema de tório de projetos com 70 grupos Nova Hartz
e Taquara. “O espaço é orga- va do Instituto Hélice, de Caxias inovação e de soluções que se de pesquisas equipados com Taquara
nizado pelo poder público, e a do Sul, Salissa Festugato. tornou um dos principais pilares laboratórios específicos. E há,
PREFEITURA DE MONTENEGRO/DIVULGAÇÃO/JC
Indústria
AUGUSTO TOMASI/DIVULGAÇÃO/JC
Indústria
Polo moveleiro de
Bento inova para
ganhar o mundo
Sindmóveis contabiliza Gonçalves (Sindmóveis) contabi-
300 empresas do setor liza 300 empresas do setor, com
5,6 mil trabalhadores vinculados
instaladas em municípios ao polo moveleiro. O faturamen-
da Serra Gaúcha to dessas empresas, no ano pas-
sado, chegou a R$ 3,1 bilhões.
Eduardo Torres Assim como outros setores
industriais da região, a produção
A partir de alguns cliques, moveleira tem mercado aberto
o consumidor pode elaborar o no exterior. Conforme o Sindmó-
projeto dos seus móveis planeja- veis, no primeiro semestre deste
dos, com a ajuda dos especialis- ano, as empresas da região ne-
tas, e ainda consegue acompa- gociaram US$ 24 milhões. Os
nhar toda a trilha da produção, móveis de Bento chegaram a 42 Gisele Dalla Costa, do Sindicato das Indústrias do Mobiliário, diz que o setor é referência internacional
desde a concepção, a fabrica- países, sendo o Uruguai o maior SINDIMÓVEIS/DIVULGAÇÃO/JC
ção, até o carregamento e a en- importador, seguido pelos EUA. Florestas plantadas
trega. A operação, denominada “Hoje, somos uma referên-
Save Space e desenvolvida em cia mundial pela tecnologia e abastecem indústria
conjunto com o Instituto Hélice, é design aplicados na concepção de móveis do RS
uma das apostas na inovação do dos móveis. Desde muito cedo,
Grupo Bertolini, um dos princi- quando o sindicato foi concebi- A força do polo moveleiro
pais do polo moveleiro de Bento do, o setor já tinha essa preocu- mobiliza ainda toda a cadeia
Gonçalves. Até 2028, a empresa pação de garantir móveis não só produtiva dos fornecedores
criada em 1969 na Serra preten- bonitos, mas funcionais. O polo dessa indústria. Estão na Ser-
de desembolsar R$ 101 milhões como um todo foi um processo ra, por exemplo, três municí-
em processos de modernização. de construção altamente colabo- pios com algumas das maiores
Quando anunciou o plano rativo, que permanece até hoje”, áreas de floresta plantada no
de investimentos, em 2022, o diz a presidente do Sindmóveis, Estado – São Francisco de Pau-
CEO, Evandro José Boscardin, Gisele Dalla Costa. la, Cambará do Sul e Bom Jesus.
explicou: “Investimos em equi- A entidade surgiu em 1977, De acordo com o Sindimadeira,
pamentos, sim, mas a prioridade já com a realização da feira Mo- todo o pinus fornecido para a
está nas pessoas, e na nova for- velsul, hoje a maior da América fabricação de chapas para mó-
ma de consumo de móveis a par- Latina no setor. Seis anos an- Tecnologia é aplicada na concepção e fabricação de móveis na Serra veis gaúchos vem de florestas
tir da pandemia. Estamos aber- tes, a Todeschini, empresa que de pinus plantadas no Rio Gran-
tos às novas ideias e inovações”. surgiu ainda no início do século de do Sul.
É como se a marcenaria ti- XX em Bento Gonçalves com a O Sindmóveis contabiliza,
vesse encontrado a fórmula para
levar o seu trato para a criação
fabricação de gaitas, após um
incêndio, restabeleceu-se como
Produção também está em somente na região de Bento
Gonçalves, uma cadeia de 60
dos móveis a uma escala global. uma indústria de móveis. Inovou expansão no Vale do Caí empresas fornecedoras de in-
Uma fórmula que a Florense, de desde o início, com a produção sumos, máquinas, ferramentas
Flores da Cunha, aplica como de modulados. Engana-se quem pensa responde por 60% da receita e softwares. “Além do cenário
poucas. A empresa, que é uma Desde o ano passado, a em- que o potencial da região na –, Uz Utilidades, Idélli Am- favorável para empreender na
das gigantes gaúchas no setor presa faz um dos maiores inves- produção de móveis limita- bientes, My Home e Bartzen. área moveleira, a nossa região
moveleiro, foi uma das fundado- timentos industriais na região, -se aos arredores de Bento Sozinho, o grupo expor- tem grandes oportunidades
ras do Instituto Hélice. de R$ 272 milhões na amplia- Gonçalves. Além da produ- ta móveis para 45 países. para empresas que fornecem
O grupo atribui o segredo ção do seu parque industrial em ção artesanal característica Desde 2021, é a primeira fa- ao setor. São locais e até mes-
para o crescimento à manuten- Bento Gonçalves, que chegará da Região das Hortênsias, o bricante de móveis do Brasil mo estrangeiras. Mantemos um
ção do que fez a Florense surgir, a quase 100 mil metros quadra- mercado mobiliário tem no considerada carbono zero, e programa, chamado Orchestra
em 1953, como pequena marce- dos. São 700 funcionários em- Vale do Caí outra potência agora, como já acontece com Brasil, que qualifica e poten-
naria familiar. Atualmente a em- pregados nessa produção. no setor. outras empresas do setor da cializa esta cadeia de forneci-
presa é comandada pela terceira O Grupo K1, com fábrica Serra, o Grupo K1 também mento”, aponta a presidente do
geração das famílias parceiras, em Tupandi, apresenta-se vai expandir sua fabricação Sindmóveis.
e denomina sua produção como Principais municípios como o maior grupo do se- para o Nordeste, na Paraíba.
high end custom made. É como tor na América Latina. A em- Na mesma região, há
se fosse uma marcenaria gigan- do setor moveleiro presa criada em 1995 pelos ainda a Madesa, com um Municípios de
te, que customiza cada um dos Bento Gonçalves irmãos Carlos Sost e Celso moderno parque fabril em destaque no
elementos do projeto desejado Flores da Cunha Theisen emprega 1,9 mil Bom Princípio. Ao todo, o setor florestal
Tupandi
pelo cliente. A partir do municí- funcionários em um parque setor moveleiro conta com
Bom Princípio São Francisco de Paula
pio da Serra, a Florense conta industrial de 200 mil metros 36,8 mil indústrias no Rio
São Marcos Cambará do Sul
com 50 lojas franqueadas no quadrados. Grande do Sul, com 2,4 mil
Garibaldi Bom Jesus
Brasil e 14 no exterior, entre Es- A partir de Tupandi, funcionários. O setor movi-
Caxias do Sul São José dos Ausentes
tados Unidos e América Latina. Gramado
são produzidos móveis das mentou, no ano passado, Jaquirana
O Sindicato das Indús- marcas Kappesberg – que R$ 11,5 bilhões.
trias do Mobiliário de Bento Fonte: Sindmóveis e Movergs Fonte: Ageflor
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 17
VULCABRAS/DIVULGAÇÃO/JC
Indústria
Vale do Paranhana
concentra criação
do setor calçadista
Municípios como Parobé, e desenvolvimento”, diz o CEO
Igrejinha, Três Coroas da Vulcabras, Pedro Bartelle.
Desde que o novo modelo foi
e Farroupilha mantêm lançado, em 2022, já foram 100
grandes fábricas pódios garantidos por corredo-
res de elite no País. Conquistas
A produção de calçados no que, como explica Bartelle, en-
Vale do Paranhana e na Serra há volvem centenas de pessoas. Só
muito não é mais aquele grande para desenvolver um modelo de
galpão limitado à fabricação em tênis, são pelo menos 120 pro-
série de componentes ou pares fissionais no processo que mais
de calçados. O papel deste, que envolve tecnologia no mundo da
é um dos principais polos calça- indústria calçadista. Centro de Pesquisa em Parobé tem laboratórios para o desenvolvimento de tênis e reúne 700 profissionais
distas do País, cada vez mais é O Centro de Pesquisa e De- TÂNIA MEINERZ/JC
o de criação e desenvolvimento. senvolvimento de Parobé é o de 30%, teve faturamento de Municípios de
Foi a partir do Centro de Pes- maior da América Latina. Lá a R$ 2,9 bilhões, um dos melhores
quisa e Desenvolvimento da Vul- empresa tem 700 funcionários resultados do setor no Brasil. destaque do
cabras, em Parobé, por exem- entre laboratórios de materiais, “A cultura centenária, a es- setor calçadista
plo, que a criação do primeiro de realidade virtual, de usina- trutura industrial e a qualidade Parobé
tênis de corrida com o uso do gem para matrizes e de impres- principalmente na disseminação Igrejinha
grafeno começou a tomar forma. são 3D de solados, dedicando de conhecimento e tecnologia Três Coroas
Foram 18 meses de trabalho em R$ 600 milhões nos últimos dão ao Estado um know-how no Farroupilha
parceria com o UCS Graphene cinco anos em investimentos em setor que é diferenciado em rela- Nova Petrópolis
e outros 40 dias de desenvol- tecnologia e inovação. Anual- ção ao Brasil. É algo que nos fez
vimento do protótipo inicial do mente, mais de 800 modelos aprender muito e garantir, hoje,
calçado. são gerados para a indústria. inclusive maior produtividade, como principal linha, expandiu a
“Na indústria de calçados “Em Parobé, garantimos não só com qualidade, do que os asiá- produção para o Nordeste, mas
esportivos, o desenvolvimento o desenvolvimento de tecnolo- ticos”, diz Bartelle. mantém em Farroupilha – onde
de novas tecnologias é uma par- gia para produtos brasileiros, Na origem da Vulcabras, ain- está a origem da família – parte
te fundamental do processo in- mas também a exportação de da em Parobé, havia a produção da produção e administração da
dustrial. No caso do Olympikus conhecimento para EUA e Ja- dos calçados Azaléia. A linha de empresa.
Corre Grafeno, precisávamos pão”, aponta o executivo. sapatos femininos atualmente é Conforme a Associação Bra-
desenvolver um material que ga- Além da marca própria licenciada para a Grendene, ou- sileira das Indústrias de Calça-
rantisse o efeito trampolim, ab- Olympikus, a empresa fabrica tra gigante do ramo calçadista e dos (Abicalçados), o Vale do Pa-
sorvendo o impacto da passada para Under Armour e Mizuno líder nacional em exportações. ranhana e a Serra concentram
e transformando em impulsão, – esta última com 100% da co- A empresa, fundada em 1971, 616 empresas do setor, com 30
com o menor gasto de energia leção de 2022 no Brasil desen- em Farroupilha, é da mesma fa- mil pessoas empregadas. Em
possível. A busca de respos- volvida pela Vulcabras – em mília que tem o maior volume 2022, dali saíram 37,1 milhões
tas aos desafios da produção é plantas no Ceará e na Bahia. Em CEO da Vulcabras, Pedro Bartelle de ações da própria Vulcabras. de pares de calçados, com US$
constante no centro de pesquisa 2022, com crescimento acima vê resposta a desafio da produção A Grendene, que tem a Melissa 186,5 milhões em exportações.
EMERSON RIBEIRO/DIVULGAÇÃO/JC
Indústria
Campos de Cima da Serra amplia produção de queijo serrano com selo de procedência
Outro dos selos de origem concedido neste ano –, que che- estaria sujeito a incertezas do Ausentes e Bom Jesus, Biten- é garantido.” É que este não é
na região está nos Campos de gam a fabricar 1,5 mil quilos de setor. Desde que conquistamos court produz até 15 quilos por qualquer queijo. A começar pelo
Cima da Serra. Somente lá é queijo serrano por dia. o reconhecimento de identifica- dia, e vende tudo rapidamente. leite que dá origem a ele. Para
possível encontrar o queijo ser- Aos 57 anos, Cladecir Biten- ção geográfica do queijo, as ven- “Todo o turista que hoje vem ser o queijo serrano, não pode
rano. De acordo com a Associa- court, que preside a associação, das e o valor do produto aumen- para os Aparados, por exemplo, ser originário de vacas leiteiras,
ção dos Produtores de Queijo e cria 22 vacas em campo nativo taram em uns 50%. Significou tem que passar aqui para levar mas de vacas de raças de cor-
Derivados do Leite dos Campos em São José dos Ausentes, e há muito valor agregado”, conta. o queijo serrano. E tem ainda te. Elas precisam ser criadas no
de Cima da Serra (Aprocampos), 18 anos dedica-se à produção do Com a sua queijaria, a Vô toda a demanda para os conta- campo nativo, típico de Cima da
a região conta com pelo menos queijo serrano. “Se fosse ven- Manuel, estrategicamente po- tos que temos em Porto Alegre Serra. E no momento da produ-
50 produtores – 10 deles já con- der leite, com certeza não teria sicionada à beira da estrada e em outras regiões com maior ção, o leite é cru. O queijo é ob-
tam com o selo de procedência, o rendimento que tenho, e ainda no limite entre São José dos consumo. Na Expointer, o lucro tido somente com coalho e sal.
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 19
Agronegócio
Conservas Oderich e o
Vacaria é referência pioneirismo nos enlatados
no cultivo de maçãs Ao longo deste ano, a Ode-
rich, de São Sebastião do Caí,
atuam em São Sebastião do
Caí. As carnes e miudezas da
AGAPOMI/DIVULGAÇÃO/JC
investe R$ 45 milhões para Oderich representam 93% das
Quase 90% das exportações avançar no mercado nacional exportações do município, que
do município dos Campos de conservas. Faz aportes, ocupa o 42º lugar entre as ex-
principalmente, no desenvol- portações das cidades gaú-
de Cima da Serra são da vimento de novas embalagens chas entre janeiro e setembro.
comercialização da fruta exclusivas, que vão além da li- O auge das salsichas en-
nha dos sachês, por exemplo. A latadas, que chegaram a re-
Eduardo Torres empresa dedica ainda recursos presentar 80% das receitas da
para uma nova tecnologia em Oderich, passou. Vieram legu-
Nos Campos de Cima da defumadores de salsichas. mes e também doces em con-
Serra, Vacaria é a referência no É que seguir apostando no serva. Um frigorífico próprio
cultivo de maçãs. Quase 90% fortalecimento da produção a na Campanha garante o abas-
de todas as exportações do mu- partir do Vale do Caí, hoje, para tecimento à unidade do Caí.
nicípio, que ocupa a 57ª posição o mundo, está no DNA da famí- Assim como uma fábrica de
entre os maiores exportadores lia que é pioneira não apenas latas própria, em Eldorado do
gaúchos, é de maçãs, peras e entre os produtores de conser- Sul, garante a demanda da em-
marmelos. “É o último rincão vas no País, segmento no qual presa e a venda para terceiros.
de resistência na produção da Rio Grande do Sul tem 370 produtores de maçã, sendo 330 em Vacaria estão entre as preferências do Há ainda produção de legumes
maçã. Em todo o Estado, são 370 consumidor da Região Sul e de em Goiás e de conservas no
produtores, sendo 330 na região processo de refrigeração das fru- industrializados, é também o todo o Brasil, mas da própria Sul do Estado. Toda a produção
de Vacaria. Temos potencial pro- tas para a venda também é con- maior produtor de hortifrutigran- industrialização gaúcha. é distribuída a partir de São Se-
dutivo muito grande, passamos centrado nos Campos de Cima jeiros. São mais de 50 culturas “Hoje, nossa unidade em bastião do Caí. “A Oderich tem
de 1 milhão de toneladas da fruta da Serra, onde estão 73% dessas em propriedades familiares, que São Sebastião do Caí mantém a hoje um papel muito impor-
no mercado nacional, agora nos- estruturas. “A gala, principal cul- garantem 75% do abastecimen- atividade que está nas nossas tante no combate à fome e no
so desafio é melhorarmos a ima- tivar da região, é muito desejada to da Ceasa na Serra e 25% em raízes, com produção dos itens fornecimento de alimentos em
gem da maçã gaúcha e o alcance no mercado. E tem sido sinônimo Porto Alegre. São 21 mil hectares de carne suína, bovina e de continentes que dependem do
no exterior. O ideal é conseguir- do desenvolvimento de Vacaria. de cultivos, com a uva de mesa aves, entre enlatados e conge- alimento enlatado, dos embu-
mos exportar mais do que 10% Em 20 anos, o orçamento do mu- sendo a principal plantação. lados. Além de patês, feijoada, tidos e congelados. Países da
do que vendemos no Brasil”, diz nicípio triplicou”, comenta Sozo. maionese, catchup, mostarda e África, Oriente, Caribe e Leste
o presidente da Associação Gaú- Não à toa, Vacaria tem o maior Municípios que molhos. As salsichas, que du- Europeu foram mercados que
cha de Produtores de Maçã (Aga- VAB Agrícola das regiões retra- rante anos foram o carro-chefe, descobrimos e nos estabelece-
pomi), José Sozo. tadas neste Mapa Econômico, e se destacam na hoje garantem em muito a nos- mos nesses últimos 30 anos”,
A última safra do País resul- também o 2º maior no Estado. produção de maçãs sa presença no exterior. Já ex- conta o CEO da empresa.
tou em 501,9 mil toneladas de A Serra e os Campos de Cima Vacaria
portamos para até 80 países, e Da fábrica de São Sebas-
maçãs, sendo 338 mil toneladas, da Serra têm ainda destaque em Bom Jesus hoje as vendas para o exterior tião do Caí saem, por exemplo,
ou 67,3%, de produção gaúcha. cultivos como o do pêssego, com Caxias do Sul respondem por 45% da nossa os kits de alimentos compra-
Entre os 14,4 mil hectares culti- o domínio da produção da fruta São Francisco de Paula receita”, diz o CEO da empresa, dos pelas Forças Armadas bra-
vados neste ano no Rio Grande de mesa, milho e feijão. E o mais Monte Alegre dos Campos Marcos Oderich. sileiras e de outros países para
do Sul, Vacaria e Bom Jesus con- curioso. Caxias do Sul, mesmo Entre os 2,3 mil funcioná- o fornecimento a refugiados e
centraram 8,5 mil hectares. O sendo um dos municípios mais Fonte: Agapomi rios atuais da empresa, 1 mil em zonas de guerra.
Viegas que mostram, a cada giões deste Mapa Econômico do bergamota é muito favorecido açude em 2019, adquirimos ma- Farroupilha
safra, o tamanho da eficiência RS. Um potencial que, em 1996, aqui em Montenegro e no Vale quinário e, posso dizer, saímos Caxias do Sul
desta produção. A venda dos fru- estimulou, por exemplo, a Bom do Caí. A terra é mais argilosa, o fortalecidos depois de três anos Antônio Prado
tos verdes para a elaboração de Princípio Alimentos a industruia- relevo ajuda e a logística é favo- de estiagem no Estado. De uma Campestre da Serra
essências à indústria cosmética, lizar o que se produz na região. rável. O mercado prefere nossa perda que ficaria em torno de Produção de milho
que são processados por quatro A empresa, que hoje tem fábrica bergamota em relação a outros 40% da produção, conseguimos Vacaria
empresas da região do Vale do com 14 mil metros quadrados estados brasileiros, porque tem ter crescimento de 15%. Com o Muitos Capões
Caí, já representa até 15% do em Tupandi, e pretende inves- mais sabor e coloração. É uma aumento da capacidade hídrica, Bom Jesus
tir na sua ampliação a partir de cultura que herdei e, quem sabe, agora avançando, tenho aumen- Esmeralda
Municípios que se 2024, emprega 270 pessoas. A minhas filhas, que ainda são pe- tado a produtividade das plan- Caxias do Sul
produção começou com a venda quenas, vão levar adiante.” tas”, explica o produtor.
destacam na produção de geleias, chimias e recheios à No município que neste ano A liderança no mercado das Produção de feijão
Muitos Capões
de bergamotas base de frutas, e hoje inclui con- cultivou 3,3 mil hectares, um frutas também é observada per-
Vacaria
Montenegro servas, laticínios e chocolates. quarto da produção de todo o to dali, em Bom Princípio. Em um
Bom Jesus
Pareci Novo Viegas herdou a produção Estado, foram colhidas 54 mil universo de 143 produtores, o Esmeralda
São José do Sul do pai e do avô, que começa- toneladas de bergamotas em município cultivou 1,2 milhão de Monte Alegre dos Campos
Harmonia ram a plantar bergamotas nos 2023. Um potencial que é esti- plantas de morangos neste ano,
Veranópolis anos 1980, e hoje ele cultiva 17 mulado pelo governo local, com 15% acima de 2022. Fonte: Secretaria da Agricultura
Caderno Especial do Jornal do Comércio
Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023 21
OLEOPLAN/DIVULGAÇÃO/JC
Combustíveis
Veranópolis
é pioneira na
produção de
biodiesel no RS
Oleoplan começou a um papel de protagonismo na
produzir o biocombustível evolução da importância econô-
mica do grão para a economia
no ano de 2007 gaúcha. Em 2007, foi no muni-
cípio da Serra que a Oleoplan Fábrica na Serra, com capacidade para produzir 1,3 milhão de litros de biodiesel/dia, emprega 650 pessoas
As regiões da Serra e Cam- inaugurou a primeira planta de
pos de Cima da Serra não figu- produção de biocombustível do a considerar a legislação do uso também em outra unidade, na soja da Oleoplan garante 75% de
ram entre as principais áreas Rio Grande do Sul. do biodiesel para complementar Bahia. Em Veranópolis, empre- tudo o que é exportado por Ve-
produtoras de soja do Rio Gran- “A empresa sempre teve os combustíveis no transporte ga 650 pessoas, transformando ranópolis, que é o 45º município
de do Sul. Na safra de 2022, so- como princípio, desde 1979, brasileiro, já estávamos prontos 100% do óleo produzido em bio- exportador do Rio Grande do Sul
mente Vacaria e Muitos Capões quando iniciou as operações no para essa evolução”, conta o di- diesel. Com uma capacidade de entre janeiro e setembro deste
estavam presentes entre os 30 processamento de soja, espe- retor de relações institucionais esmagamento de 2,5 mil tonela- ano.
principais produtores do Estado, cialmente na produção de óleo, da Oleoplan, Leonardo Zillio. das diárias de soja, a empresa Em 2022, a empresa recebeu
com 109 mil hectares plantados agregar valor ao produto local. Hoje a empresa também processa 1,3 milhão de litros diá- seu primeiro certificado para ex-
e 267,7 mil toneladas colhidas. Dois anos antes da inauguração opera no terminal hidroviário rios de biodiesel. portar o combustível produzido
No entanto, Veranópolis tem da planta, logo que o País passou de Canoas e processa biodiesel A produção de derivados de na Serra Gaúcha.
A tradicional culinária da
imigração italiana
da Serra Gaúcha
Cada prato é uma homenagem à autenticidade da gastronomia que
herdamos dos nonnos e das nonnas, onde o artesanal recebe todo
cuidado e dá vida a sabores genuínos.
Paol
Di RS
Bento Gonçalves
PR
Curitiba
SP
Shopping Lar Center
o
A
CH
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DEL GA
LA SERRA
Recanto Maestro
Caderno Especial do Jornal do Comércio
22 Porto Alegre, Terça-feira, 31 de outubro de 2023
LUCAS DIAS/DIVULGAÇÃO/JC
Serviços
A indústria bilionária do
turismo nas Hortênsias
Gramado e Canela formam somente a região turística das acordo com a prefeitura, há 10
o segundo principal destino Hortênsias responde por 1,1% novos hotéis em construção.
do PIB do Rio Grande do Sul. “O atendimento em Grama-
turístico do Brasil; Vale Nos últimos anos, houve a do é acolhedor, e isso não é um
dos Vinhedos, em Bento atração de megainvestimentos, clichê. É algo que fazemos ques-
Gonçalves, também cresce sobretudo em parques e hotéis tão de levar para onde vamos,
temáticos, que hoje chegam a porque é nato dessa região”, diz
Eduardo Torres 37. O resultado foi uma transfor- o gerente de novos negócios da Impulsionada pelo fluxo de turistas, Canela registra crescimento
mação na característica do turis- Laghetto, Luis Paulo Dyundi.
O turismo entre a Serra, as mo local, passando da contem- Originário, e com a sua ad- De acordo com Cláudio Sou- Mapa do Turismo
Hortênsias e o Paranhana tem plação, em roteiros geralmente ministração toda mantida em za, porém, há um desafio real Roteiros de lazer e cultura
em todas as suas formas – da consumidos por casais, para o Gramado, a Laghetto conta com para o setor. “Estamos com um
(Gramado, Canela, Nova
aventura, ao entretenimento, destino de famílias do Brasil e do uma rede de 23 hotéis, 14 deles sério risco de cairmos na vala Petrópolis, Bento Gonçalves,
até os eventos e negócios – uma mundo. Conforme o Sindicato da entre Gramado e Canela. Nos comum de lugares que tinham Carlos Barbosa, Garibaldi, Flores
das principais oportunidades na Hotelaria, Restaurantes, Bares e próximos quatro anos, serão vocação turística e, depois de da Cunha)
economia regional. Similares da Região das Hortên- outros 10 estabelecimentos com criarem uma bolha, não deram Roteiros de aventura (Três
O maior expoente é a região sias (Sindtur), no ano passado, 8 a marca Laghetto. Atualmente, certo. Se o poder público não Coroas, Cambará do Sul, Canela)
de Gramado e Canela, que se mil norte-americanos e 5 mil ale- 1,2 mil pessoas trabalham na frear, por exemplo, a liberação Roteiros de feiras e eventos
consolida como o segundo prin- mães estiveram na região. rede, 5% com mais de 10 anos de empreendimentos entre 500 (Caxias do Sul, Bento Gonçalves,
cipal destino no Brasil, com 9 “Os parques têm um papel de casa. e mil apartamentos, há risco de Gramado, Taquara)
milhões de visitantes por ano – importante no aumento do pe- “Valorizar essa ‘prata da empobrecer a cadeia”, aponta o
100 vezes mais do que os 90 mil ríodo de permanência do turista. casa’ é fundamental para conso- presidente do Sindtur.
habitantes somados dos dois Sem dúvida, jogou a qualidade lidarmos justamente o jeito de Mesmo que a região das qualificada para ocupar.
municípios –, que movimentam para cima, mas criou o desafio fazer turismo da Serra Gaúcha. Hortênsias tenha 20% dos em- O crescimento da região
pelo menos R$ 1,5 bilhão ao ano. de conseguirmos aumentar a Por exemplo, o café da manhã pregos locais relacionados ao tu- como polo turístico extrapola
Em Gramado, o turismo respon- demanda na velocidade com que daqui é diferenciado. Quando rismo – 70% deles em Gramado aquele cenário de visitantes oca-
de por 86% da economia local, e a oferta tem crescido”, aponta o chegamos em outros lugares, –, que representam 8% de toda sionais. Gramado e Canela foram
em Canela, 73%. presidente do Sindtur, Cláudio mais voltados ao corporativo, a mão de obra no setor no Esta- os municípios com maior taxa de
Dados do Observatório do Souza. São pelo menos 270 ho- isso é visto como uma novidade do, há hoje, como alerta Souza, crescimento populacional entre
Turismo, da Secretaria Estadual téis, e uma oferta de 27 mil lei- que garante a fidelidade deste mil vagas de emprego abertas e 2010 e 2022, conforme o Censo,
do Turismo (Setur), apontam que tos em Gramado. Em Canela, de consumidor”, explica Dyundi. sem mão de obra suficiente ou alta de 24% neste período.
CSG/DIVULGAÇÃO/JC
Infraestrutura
Serra demanda
novo aeroporto,
porto no Litoral e
melhores rodovias
Logística é apontada Juntamente com o aeropor-
como gargalo ao to, o projeto prevê construções
de nova ponte para ligar Caxias
desenvolvimento; do Sul a Gramado, uma nova rota
concessão deve melhorar a São Marcos e um novo acesso
condições de estradas à zona urbana de Caxias.
Entidades empresariais da
Se no começo da década de região também participam das
1950 a força produtiva da Serra discussões para um novo porto
fez a diferença no País ao apro- no Litoral Norte, em Arroio do
veitar a oportunidade que se Sal, que encurtará o caminho em Concessão de estradas da Serra deve duplicar caminho até a Capital, mas serviços ainda são pontuais
apresentava, com as melhorias relação a Rio Grande ou Santa SEPLAN/DIVULGAÇÃO/JC
de infraestrutura em estradas no Catarina para as exportações.
Rio Grande do Sul, agora, a mo- Entre os novos modais, a
bilização é para garantir a quem comunidade de Vacaria tem par-
produz na região um diferencial ticipação importante para viabili-
logístico pelo ar, com o projeto zar a construção de um terminal
do aeroporto de Vila Oliva. rodoferroviário no município, a
“Caxias do Sul é muito boa partir de um dos ramais do sis-
dos seus limites para dentro, tema de trens que passa pela
mas quando dependemos da região.
logística, há um grave gargalo. O projeto é apontado como
O custo logístico para quem pro- aliado não apenas para escoar a
duz aqui chega a ser 15% maior. produção, mas como ponto cha-
Termos um aeroporto para car- ve para reduzir custos no trans-
gas será uma mudança para a porte de insumos para a indús-
cidade e região”, diz o secretário tria e o agro da Serra e do Norte.
de Desenvolvimento Econômico Do ponto de vista rodoviário,
de Caxias do Sul, Élvio Gianni. a principal medida adotada, e já
A expectativa é elaborar o em execução, para reduzir per-
edital para o início das obras, das logísticas é a concessão do Maquete eletrônica mostra como será futuro aeroporto em Caxias do Sul, com transporte de cargas
com investimentos previstos de polo rodoviário da Serra e Vale
até R$ 200 milhões, no final des- do Caí. Conforme a Concessio- da ERS-122 ao redor de Caxias
te ano. A partir do momento em nária Caminhos da Serra Gaúcha do Sul e outros 18 quilômetros As soluções logísticas para a região
que a contratação for feita, serão (CSG), no primeiro ano de con- da RSC-453, entre Farroupilha e
Aeroporto de Vila Oliva, em 30 anos, 119,4 quilômetros de
três anos de empreitada. cessão são previstos R$ 250 mi- Bento Gonçalves. As duas obras
Caxias já tem um dos princi- lhões. No entanto, obras estrutu- de duplicação, com investimento Caxias do Sul, representará a estradas duplicadas na região,
alternativa para o transporte de entre as ERSs 122, 240 e 446,
pais aeroportos regionais gaú- rais só iniciam em 2024. Em 30 previsto de R$ 600 milhões, de-
cargas aéreo. a RSC-453 e um trecho da
chos. Em 2022, foram 221,4 mil anos, o contrato prevê 119,4 qui- vem ser finalizadas já em 2025. Terminal Rodoferroviário, BR-470.
passageiros, alta de 131,2% em lômetros de rodovias duplicadas “Neste primeiro ano, já es- em Vacaria, representará uma Finalização da Estrada
relação ao ano anterior. No en- e outros 55,7 quilômetros para tamos transformando as condi- alternativa para o recebimento Bioceânica, com recursos
tanto, o atual aeroporto não per- receberem uma terceira faixa. ções de rodagem em todas as ro- de suprimentos à produção previsto pelo novo PAC, ligando,
mite o transporte de cargas. De acordo com o diretor dovias concedidas, e certamente industrial da Serra, vindos de pela BR-285, São José dos
O município já fez as desa- executivo da CSG, Paulo Negrei- já fará diferença no transporte”, outras regiões do Brasil. Ausentes a Araranguá (SC).
propriações de 445,5 hectares ros, os dois primeiros trechos aponta Negreiros. Concessão de rodovias da Construção de um novo
para o novo aeroporto, e aguar- crônicos a receberem as obras Além da RS-122 e da RSC- Serra e Vale do Caí, assumida porto no Litoral Norte gaúcho,
da análise do projeto pelas auto- mais significativas serão os 453, a concessão inclui as ERSs neste ano pelo CSG, prevê, em em Arroio do Sal.
ridades aeroviárias. pouco mais de 10 quilômetros 240 e 446 e trecho da BR-470.
Conexão entre São José dos Ausentes e Araranguá (SC) está prevista no PAC
Não faz parte da concessão próximos do poder público. de Cima da Serra. construção de uma ponte de maçã enviam o produto refri-
de rodovias para a Concessio- No entanto, a primeira fase Está orçada em mais de 400 metros sobre o Rio das An- gerado por 600 quilômetros de
nária Caminhos da Serra Gaú- do novo Programa de Acele- R$ 70 milhões a finalização da tas. A rodovia terá pista simples rodovia até o Porto de Rio Gran-
cha (CSG) a antiga demanda ração do Crescimento (PAC) pavimentação de pouco mais e vai conectar a região, e tam- de ou para o Porto de Itajaí,
pela duplicação da BR-116 en- incluiu uma obra que promete de 8 quilômetros da BR-285, bém o Norte e Noroeste gaú- também a 600 quilômetros de
tre Caxias do Sul e Vacaria. A acabar com uma “rua sem saí- a Estrada Bioceânica, em São cho, à BR-101, em Araranguá, Vacaria. Com a concretização
estrada tampouco está na lista da” especialmente para os pro- José dos Ausentes, na divisa no lado catarinense. dessa obra, o porto de Imbituba
de pacotes de investimentos dutores de maçãs dos Campos com Santa Catarina, além da Hoje, os produtores de torna-se uma alternativa.
24 Terça-feira, 31 de outubro de 2023 Jornal do Comércio