Dissertao Ppgem 2019 Isabela R5
Dissertao Ppgem 2019 Isabela R5
Dissertao Ppgem 2019 Isabela R5
DISSERTAÇÃO
Belo Horizonte
2022
Isabela Corrêa e Castro
Belo Horizonte
2022
Isabela Corrêa e Castro
Isabela Corrêa e Castro
Resultado: aprovado.
Banca Examinadora:
Dedico este trabalho à comunidade científica e aos colegas engenheiros, para que, juntos,
possamos fazer melhor na busca por tecnologias sustentáveis.
Minha igualmente eterna e imensa gratidão aos meus pais, anjos sem asas, que me deram
durante toda a minha caminhada, o suporte necessário para que eu pudesse trilhar meus
caminhos, abraçar as oportunidades e alcançar as conquistas que alcancei até aqui.
Agradeço ao meu filho, meu pequeno Henriquinho, pelo brilho nos olhinhos que me fez
conhecer a forma mais verdadeira do amor, e por ser o combustível que me motiva ainda mais
a ser cada dia melhor.
Agradeço aos amigos, aos antigos, pelo apoio diário, por ouvir meus desabafos desesperados
na dúvida se eu iria conseguir chegar viva ao fim deste mestrado, em especial à querida amiga
Bruna, e ao novo amigo que o mestrado me trouxe, Eduardo, pelos momentos compartilhados,
pela parceria, pelos artigos publicados e por termos nos tornado mais fortes juntos nesta
caminhada.
Agradeço ainda, ao apoio do professor Dr. Antônio Gabriel Souza Almeida, do Instituto
Federal da Bahia, e ao colega Gabriel Nery.
(Albert Einstein)
RESUMO
Diante da crescente demanda energética mundial, torna-se cada vez mais relevante a busca
pela substituição de fontes de energia não renováveis pelas renováveis. Entre os setores
consumidores de uma economia, o das edificações representa consumo significativo. Embora
seja crescente o número de edificações que possuem sistemas de energia solar, ainda
existem poucas aplicações diretas desse tipo de energia para alimentar os sistemas de ar
condicionado. Soma-se a esse contexto, o fato de que os sistemas de ar condicionado
representam a maior parcela de consumo das edificações em geral e por isso torna-se
relevante o desenvolvimento de estudos relacionados à utilização de energias renováveis
nesses sistemas. Este trabalho teve como objetivo realizar um estudo teórico da usina solar
do CEFET-MG, para suprimento de energia térmica para o sistema de ar condicionado central
com chiller de absorção para o prédio 20, que apresenta perfil de utilização significativo em
termos de consumo energético, visando a proporcionar conforto térmico para a edificação de
maneira sustentável. Foi utilizado o software TRNSYS 16 para modelagem de coletores,
simulando a usina solar, desenvolvida em parceria com a Companhia Energética de Minas
Gerais – CEMIG, por meio de um projeto de pesquisa e desenvolvimento. Foram realizadas
também, análises dos ambientes a serem climatizados no prédio 20 para levantamento de
cargas térmicas e seleção do sistema de climatização. Por meio da análise dos resultados,
verificou-se a eficiência do software escolhido para a modelagem, parametrização dos
componentes do sistema, incluindo ajuste de COP de modelos comerciais dos equipamentos
selecionados e realização de análises climáticas. Foi possível concluir que a temperatura da
água da usina atende ao requerido pelos modelos comerciais de chiller de absorção (em
média 70°C). Após o cálculo da demanda energética no período de 1 ano pelo chiller para 2
perfis de utilização propostos, obtiveram-se valores de 73,77GJ e 91,81 GJ. A simulação no
software TRNSYS mostrou que os coletores parabólicos são capazes de fornecer 131,49 GJ
de energia no mesmo período, ou seja, atendem à demanda de energia total necessária para
geração de água gelada para climatização do prédio 20, dando relevância a este trabalho e
potencial de contribuição acadêmica e prática.
Faced with the growing world energy demand, the search for the replacement of non-
renewable energy sources with renewable ones becomes increasingly relevant. Among the
consuming sectors of an economy, buildings represent significant consumption. Although the
number of buildings that have solar energy systems is increasing, there are still few direct
applications of this type of energy to power air conditioning systems. Added to this context,
the fact that air conditioning systems represent the largest share of consumption in buildings
in general, and therefore, the development of studies related to the use of renewable energy
in these systems becomes relevant. This work aimed to carry out a theoretical study of the
CEFET-MG solar plant, to supply thermal energy to the central air conditioning system with
absorption chiller for building 20, which has a significant use profile in terms of energy
consumption, aiming to provide thermal comfort for the building in a sustainable way. The
TRNSYS 16 software was used to model collectors, simulating the solar plant, developed in
partnership with Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, through a research and
development project. Analyzes of the environments to be air-conditioned in building 20 were
also carried out to survey the thermal loads and select the air conditioning system. The results
showed the efficiency of the software chosen for the modeling, parameterization of the system
components, including adjustment of COP of commercial models of the selected equipment
and performance of climatic analyses. It was possible to conclude that the water temperature
of the plant meets the requirements of commercial models of absorption chillers (70°C on
average). After calculating the energy demand in the period of 1 year by the chiller for 2
proposed usage profiles, values of 73.77 GJ and 91.81 GJ were obtained. The simulation in
the TRNSYS software showed that the parabolic collectors are able to supply 131.49 GJ of
energy in the same period, that is, they meet the total energy demand necessary for the
generation of chilled water for the air conditioning of building 20, giving relevance to this work
and potential for academic and practical contribution.
Figura 1 Vistas em seção transversal e longitudinal do coletor solar de tubo evacuado ...... 22
Figura 2- coletor solar de calha parabólica com alguns dos raios incidentes e refletidos .... 23
Figura 3 - Modelo físico de receptor de calha parabólica (seção transversal do receptor). 24
Figura 4 - Representação da perda térmica do receptor. .................................................... 24
Figura 5 - Exemplo de modelo de absorvedor utilizado em simulação computacional ........ 25
Figura 6 - Concentrador parabólico ..................................................................................... 26
Figura 7 - Configurações possíveis de fornecimento de energia auxiliar ............................. 32
Figura 8 - TRNSYS - Simulation studio ............................................................................... 35
Figura 9 - Exemplo de parâmetros de componente ............................................................. 36
Figura 10 - Linha 2 da usina solar do CEFET-MG............................................................... 38
Figura 11 - Type 536 no Simulation Studio do TRNSYS ..................................................... 40
Figura 12 - parâmetros de configuração do Type 536 ......................................................... 41
Figura 13 - Propriedads termofísicas do MobilTherm 605 ................................................... 42
Figura 14 - Modelo da usina solar do CEFET-MG............................................................... 43
Figura 15 - Fachada lateral do prédio 20............................................................................. 44
Figura 16 - Sala 414 do prédio 20 ....................................................................................... 44
Figura 17 - Planta baixa do 4° pavimento do prédio 20 ....................................................... 45
Figura 18 - Planta baixa de salas de aula do prédio 20 ....................................................... 46
Figura 19 - Modelo do prédio 20 ......................................................................................... 47
Figura 20 - Irradiação anual e temperatura ambiente em Belo Horizonte ............................ 48
Figura 21-Configuração do perfil de utilização no TRNSYS ................................................ 49
Figura 22 - Perfil de utilização proposto para análise de atendimento pela capacidade da
usina .................................................................................................................................... 50
Figura 23 - Parâmetros de configuração do Type 91........................................................... 51
Figura 24 - Modelo de lâmpada utilizada nas salas de aula ................................................ 52
Figura 25 - Projetor Epson existente nas salas de aula ....................................................... 53
Figura 26 - Chiller por absorção – água quente .................................................................. 54
Figura 27 - Arranjo de sistema com chiller de absorção. ..................................................... 55
Figura 28 - Type 107, utilizado para modelagem do sistema de ar condicionado ................ 56
Figura 29 - Modelo do sistema com chiller de absorção acoplado à usina .......................... 57
Figura 30 - Unidade evaporadora modelo piso teto. ............................................................ 58
Figura 31 - Torre de resfriamento........................................................................................ 58
Figura 32 – Temperaturas do óleo na entrada do coletor .................................................... 60
Figura 33 - Temperaturas do óleo na saída do coletor ........................................................ 61
Figura 34 - Temperaturas do óleo na saída do coletor e radiação anual ............................. 61
Figura 35 - Temperaturas de saída do óleo na saída do reservatório térmico ..................... 62
Figura 36 - Temperaturas de água na saída do trocador de calor ....................................... 62
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13
2 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 14
3 OBJETIVOS ............................................................................................................. 16
3.1 Objetivo geral ......................................................................................................... 16
3.2 Objetivos específicos............................................................................................. 16
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 17
4.1 Cenário mundial de demanda energética ............................................................. 17
4.2 Energia solar........................................................................................................... 18
4.2.1 Processo de transformação da energia solar ...................................................... 20
5 METODOLOGIA ...................................................................................................... 33
5.1 Infraestrutura utilizada ........................................................................................... 34
5.1.1 TRNSYS ..................................................................................................................... 34
1 INTRODUÇÃO
A demanda crescente por energia, o aumento dos preços dos combustíveis fósseis e as
consequências ambientais resultantes do desenvolvimento industrial das nações ao redor de
todo o mundo motivam a busca da substituição de fontes energéticas não renováveis por
fontes alternativas e renováveis, visando a atender a demanda energética mundial de forma
sustentável.
A energia solar tem ganhado grande importância nos últimos anos e são desenvolvidos
numerosos estudos sobre os diversos tipos de coletores e sistemas para a geração de energia
a partir do sol. Esse tipo de energia tem sido aplicado diretamente a sistemas, como os
elétricos residenciais, para as instalações de iluminação e tomadas, e para aquecimento de
água em sistemas hidro sanitários, ou fornecendo energia para processos, como aquecimento
de água para cozinhas industriais, por exemplo, que utilizam grandes quantidades de água
quente, não só para a preparação dos alimentos como para limpeza dos utensílios. Assim,
esforços tem sido aplicados na busca de melhoria da eficiência dos sistemas que utilizam
energia solar para que tornem-se economicamente vantajosos.
Este trabalho realizou um estudo teórico da usina solar do CEFET-MG, para suprimento
de energia térmica como força motriz para o sistema de ar condicionado com chiller de
absorção proposto para o prédio 20, visando a baixos custos operacionais com energia
elétrica em comparação com um sistema que utilize energia da concessionária e visando
também à operação do sistema de maneira mais sustentável. O sistema de climatização
estudado é um sistema de ar condicionado com chiller de absorção, que alimenta com água
gelada os climatizadores individuais para cada ambiente. O sistema foi modelado objetivando
a atender aos parâmetros de conforto térmico nas salas de aula do prédio, com perfil de
utilização significativo em termos de consumo energético. Foi verificada a viabilidade de
substituição de energia elétrica da concessionária pela energia fornecida pela usina solar
instalada no campus Nova Gameleira. Para essa verificação, foi utilizado o Software TRNSYS
16 para modelagem de coletores, simulando a usina solar, desenvolvida em parceria com a
Companhia Energética de Minas Gerais – CEMIG, por meio de um projeto de pesquisa e
desenvolvimento. Além da simulação da usina solar alimentando o sistema de climatização
do prédio, foram realizadas análises de viabilidade econômica mais abrangente, levando-se
em conta custos, como de aquisição e instalação de equipamentos e materiais, que auxiliaram
na conclusão sobre a vantagem de se utilizar o sistema proposto.
Objetivou-se, assim, alcançar uma contribuição acadêmica com essa análise, gerando
futuras publicações, levando-se em conta a relevância atual do tema, e contribuição prática,
devido à possibilidade de operação do prédio de porte significativo no Campus com uma fonte
sustentável de energia.
2 JUSTIFICATIVA
3 OBJETIVOS
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Nos últimos anos, a Agência Internacional de Energia (IEA) e a União Europeia (UE)
têm prestado cada vez mais atenção ao setor do consumo de energia nos edifícios, em
particular no setor do aquecimento e refrigeração. As diretivas de desempenho energético dos
edifícios de 2010 e as diretivas de eficiência energética de 2012 foram introduzidas na
legislação da UE a fim de reduzir o consumo de energia elétrica e térmica dos edifícios. Esses
fatores incentivaram o aumento dos esforços relativos à adoção de fontes de energia
alternativas e renováveis no setor da construção (CALISE, 2017).
Com a escassez dos recursos fósseis, o preço desses recursos tende a aumentar no
futuro em velocidade preocupante. Portanto, o desenvolvimento de energia sustentável é
incentivado por alguns governos durante a crise financeira, como EUA, Japão e China. Prevê-
se que o governo chinês investirá de modo que a energia nuclear, eólica e solar na China
terão rápido desenvolvimento (LIU, 2010).
As políticas ambientais tornam-se cada vez mais rigorosas em relação ao consumo de
energias primárias (PETELA, 2017) e a utilização de energias alternativas é cada vez mais
necessária para reduzir as emissões de CO2 e redução do consumo de energias não
renováveis. Na Índia, por exemplo, o primeiro-ministro anunciou recentemente a intenção do
governo de reduzir a dependência das importações de petróleo em 50% até 2030 (SUDHEER,
2015). As emissões de CO2 da Índia atualmente correspondiam em 2016 a 6,5% do total das
emissões mundiais (LIU, 2016). No Marrocos, o crescimento da utilização das energias
renováveis tem ganhado importância na estratégia energética marroquina, uma vez que o
país tem sofrido com a sobrecarga dos sistemas geradores de energia durante o verão. A
18
estratégia governamental busca uma maneira eficiente de otimizar o uso de energia e diminuir
os custos com o consumo de energia. O objetivo é atingir 15% de economia de energia
(BOUHAL et al., 2018). O consumo de energia no setor de construção marroquino é
responsável por 35% da energia total utilizada, e é crescente nos últimos anos com o
desenvolvimento da economia nacional. Segundo Hinrichs et al (2010), aproximadamente
60% do volume dos gases responsáveis pelo agravamento do efeito estufa são provenientes
do gás CO2, produto da queima de combustíveis fósseis. O Acordo de Paris, assinado em
2015, rege medidas de redução de efeito estufa a fim de conter o aquecimento global e
estabelece a meta de manter a média de aumento da temperatura global em 2°C e a aplicação
de esforços visando a reduzir essa média de aumento para 1,5°C. Prevê-se que a contribuição
de energia renovável deverá aumentar para 55% a 75% do consumo final bruto de energia na
Europa até 2050 (SCARLAT, 2015).
O consumo de energia elétrica pelas edificações é cada vez mais expressivo. O setor
de construção representa 25% das emissões totais de CO2 (BOUHAL et al., 2017). O consumo
de energia pelos sistemas de AVAC (Aquecimento, Ventilação e Ar Condicionado) nas
edificações residenciais e comerciais ultrapassa 50% do total e existem previsões de aumento
da demanda por sistemas de climatização artificiais devido às exigências cada vez maiores
por conforto térmico pela humanidade, inclusive em climas moderados (VAKILOROAYA,
2015). Ainda segundo Vakiloroaya (2015), o faturamento anual do mercado global de
climatizadores aumentou de 7 para 8 bilhões de euros desde 2012. O consumo final de
energia nos edifícios da União Europeia representa cerca de 40% do consumo total de
energia, segundo Pérez (2008). No setor residencial da UE, cerca de 70% do consumo total
de energia final é utilizado para a climatização de ambientes, 15% para água quente sanitária
e 15% para eletricidade (PÉREZ et al., 2008).
Embora a aplicação das tecnologias atuais que utilizam energias renováveis ainda
enfrente barreiras como custo e eficiência, graças aos esforços aplicados em pesquisas e
desenvolvimento, além da escassez dos recursos naturais não renováveis, essas tecnologias
têm se tornado mais amplamente aceitas pela sociedade (STANEK, 2018).
Utilizar a luz do sol para produzir resfriamento é uma meta há muito buscada.
Intuitivamente, a necessidade de resfriamento é proporcional à intensidade de energia solar
incidente, sendo, assim, correspondentes o pico de demanda de resfriamento e a
disponibilidade de energia solar máxima. Devido a essa relação entre recurso e necessidade,
reforça-se a importância de investimentos em pesquisas e produção de tecnologias para
resfriamento solar (TAYLOR, 2012).
Assim, torna-se cada vez mais relevante a utilização de energia solar também em território
brasileiro, levando-se em conta a disponibilidade solar no país e a disponibilidade de extensos
20
territórios para instalação de usinas. Na busca crescente pela adoção de energias renováveis
nas edificações e sistemas, a utilização de energia solar tem se tornado cada vez mais comum
no Brasil (ANEEL, 2018).
A energia solar é transmitida até a Terra por meio de radiação e são utilizados pelos
sistemas de aquecimento solar para elevação da temperatura do fluido de trabalho. Os
principais componentes dos sistemas de aquecimento solar são os coletores solares,
reservatório térmico, fonte auxiliar de energia e uma rede de distribuição de água aquecida
(LIMA, 2003). Nesses sistemas, ocorre a conversão da energia solar em energia térmica.
A utilização de células fotovoltaicas sob radiação solar concentrada pode reduzir o custo
de produção de eletricidade solar (MOJIRI, 2013). Nesses modelos, a maior parte da área da
célula fotovoltaica é substituída por concentradores solares, como lentes e espelhos, que
geralmente são mais baratos que as células fotovoltaicas. Por exemplo, o custo de uma calha
parabólica incluindo os espelhos, dispositivos de rastreamento e estruturas necessárias custa
cerca de 295 ($/m2) (TURCHI, 2010), enquanto um sistema fotovoltaico em escala de utilidade
feito de células de silício policristalino (com eficiência média de 14,5% e um rastreamento de
eixo) custa cerca de 638 ($/m²); 44% deste último deve-se apenas ao custo do módulo
fotovoltaico (GOODRICH, 2012) que é igual a cerca de 280 ($/m²).
21
Os coletores solares térmicos são um tipo especial de trocador de calor que transforma a
energia solar radiante em calor. (DUFFIE et al, 2013). Estes dispositivos são responsáveis
por captar a energia radiada pelo sol e transformar em energia térmica para o aquecimento
de um fluido de trabalho.
Entre eles, o coletor solar de tubo em U evacuado apresenta maior aplicabilidade prática,
simplicidade no projeto e menor custo de investimento. Esse tipo de coletor é basicamente
um trocador de calor que transfere a energia da radiação solar do sol para o fluido de trabalho.
A radiação solar incidente na superfície externa do vidro do tubo evacuado é transferida para
o tubo interno de vidro através do processo de transferência de calor radiativo e, em seguida,
o calor é absorvido pelo tubo em U. Do tubo em U, o calor é trocado para o fluido de trabalho.
Figura 2- Coletor solar de calha parabólica com alguns dos raios incidentes e refletidos
O modelo térmico do receptor pode ser representado por uma rede de resistência
térmica como mostrado na figura 4.
seja, calor sensível. No caso de aplicações com o coletor tipo calha parabólica, onde as
temperaturas são mais elevadas, geralmente utiliza-se um circuito indireto, ou seja, o fluido a
ser utilizado não é o mesmo que circula nos coletores solares.
Segundo BEAHR (2015), dentre todas as tecnologias de concentração de energia solar
disponíveis até agora, a calha parabólica é a mais promissora para geração de energia.
Sistemas que dependem de energia solar térmica, como um ciclo de refrigeração por
absorção que é impulsionado principalmente por entrada de calor. Esses sistemas não
utilizam trabalho mecânico de compressores, e possuem um dispositivo denominado gerador
e um absorvedor.
Nas últimas décadas, o sistema de resfriamento por absorção solar composto por
coletor solar de baixa temperatura e resfriador de absorção de água LiBr de simples efeito foi
amplamente pesquisado. Este sistema adota coletor de placa plana ou coletor de tubo
evacuado como fonte de calor e fornece água quente abaixo de 100°C para o resfriador de
absorção. Assilzadeh et al. (2005) estudaram um coletor solar de tubo evacuado acionando
um sistema de resfriamento de absorção de água LiBr de simples efeito na Malásia. O
desempenho do sistema foi calculado em TRNSYS. O projeto ideal para uma saída de
resfriamento de 3,5 kW precisava de um coletor de 35 m² e funcionava cerca de 5 horas por
dia. Syed et al. (2005) estudaram um coletor de placa plana de 49,9 m² acionando um sistema
de resfriamento por absorção de água LiBr de 35 kW de simples efeito em Madri. O COP
instantâneo máximo e o COP médio diário de 0,60 e 0,42 foram obtidos experimentalmente.
Lizarte et al. (2012) estudaram um coletor de placa plana a vácuo acionando um sistema de
resfriamento de absorção de água-LiBr de simples efeito refrigerado a ar de 4,5 kW em Madri.
COP médio e COP solar de 0,53 e 0,06 foram obtidos experimentalmente. Esses sistemas
tinham intervalo de trabalho curto e exigiam grande área de coletor solar. Coletores solares
com temperatura de trabalho mais alta podem ser adotados para melhorar esses resultados.
Mazloumi et al. (2008) estudaram um coletor de calha parabólica (PTC) acionando um sistema
de resfriamento de absorção de água LiBr de 17,5 kW de simples efeito por simulação. O
chiller trabalhou 12 h por dia com COP de 0,67 a 0,76. O tempo de trabalho foi maior, mas a
eficiência do sistema foi limitada pelo chiller de absorção de simples efeito. Para aumentar a
eficiência do sistema, chillers de absorção com maior eficiência, incluindo chiller de absorção
de duplo efeito podem ser usados. Bermejo et al. (2010) estudaram experimentalmente um
Refletor Linear Fresnel (LFR) acionando um sistema de resfriamento por absorção de água
LiBr de duplo efeito na Espanha. Calise et al. (2019), fizeram um estudo comparativo entre
coletores de tubo evacuado e refletores lineares de Fresnel. Os resultados mostraram que a
tecnologia utilizada na energia solar interfere na seleção do chiller de absorção. No caso dos
coletores de Fresnel, as temperaturas de condução alcançadas podem ser mais altas, de
modo que é possível selecionar um chiller de absorção de LiBrH2O de dois estágios, com um
COP igual a 1,2. No caso dos coletores com tubo evacuado, a temperatura de operação mais
baixa requer a seleção de um chiller de absorção de simples efeito, com um COP nominal
igual a 0,8. Esses valores de COP para o chiller de absorção são consistentes com os dados
disponíveis na literatura.
coletores concentradores que possam oferecer uma eficiência satisfatória, com processo de
fabricação e manutenção de custos relativamente baixos.
A aplicação de energia solar em vários tipos de sistemas AVAC-R provou seu potencial
para redução do uso de energia proveniente de combustíveis fósseis. No entanto, a radiação
solar é uma fonte de energia altamente dependente do tempo e não corresponde
necessariamente à demanda do edifício. Este problema pode ser resolvido regulando o
armazenamento e a liberação de energia térmica de acordo com a carga do edifício. Portanto,
um método de controle apropriado deve ser empregado por sistemas AVAC-R assistidos por
energia solar para ajustar a demanda transitória do edifício com a energia térmica solar
armazenada. Na automação da construção, o gerenciamento de energia e a necessidade de
reduzir o consumo geral de energia estão se tornando um assunto cada vez mais importante,
devido aos ambientes altamente dinâmicos em associação com as condições frequentemente
variáveis de configuração do edifício e sua ocupação (Li et al, 2012).
Para edifícios com ar condicionado, um problema importante é a otimização de
energia, por exemplo, usando um modelo confiável para prever toda a transferência de calor
e umidade do edifício (Qin et al, 2009). No contexto de edificações e energia, a aplicação de
engenharia de modelagem e controle tem se mostrado promissora (Hazyuk et al, 2014).
Além dos sistemas de automação e gerenciamento energético com importância
comprovada no desempenho energético nas edificações, fontes de energia auxiliar conferem
maior confiabilidade aos sistemas que operam com energia solar.
O reservatório térmico é responsável por acumular o fluido aquecido sem apresentar
corrosão ou degradação do seu material interno, bem como suportar as pressões envolvidas
no sistema (MATOS, 2014). A escolha do meio de armazenamento irá depender do processo
utilizado, no caso de aplicações residenciais ou onde é necessário a utilização de água quente
a escolha mais sensata é o armazenamento de água quente, ou seja, calor sensível. No caso
de aplicações com o coletor tipo calha parabólica, onde as temperaturas são mais elevadas,
geralmente utiliza-se um circuito indireto, ou seja, o fluido a ser utilizado não é o mesmo que
circula nos coletores solares. Kumaresan et al (2018) utilizou como fluido de trabalho o óleo
32
5 METODOLOGIA
A norma NBR 15569 [2020] – Sistema de aquecimento solar de água em circuito direto
– Requisitos de projeto e instalação e normas da ASHRAE foram utilizadas como base para
definição dos parâmetros do sistema de aquecimento de água. As normas ABNT NBR 16401-
1: Instalações de ar condicionado - Sistemas centrais e unitários Parte 1: Projetos das
instalações, RE 09 da ANVISA e normas da ASHRAE foram utilizadas para a definição dos
parâmetros do sistema de ar condicionado.
5.1.1 TRNSYS
Para a descrição da usina solar do CEFET-MG, foi utilizada como base a dissertação
Metodologia Experimental Utilizando Teste Quase Dinâmico para a Avaliação de Coletores
Concentradores do Tipo Cilíndrico Parabólico, assim como a dissertação Avaliação
Experimental dos Coletores Solares Cilindro Parabólicos da Instalação Solar do CEFET-MG.
Ambas as dissertações foram realizadas no programa de pós graduação em Engenharia da
37
Energia do CEFET-MG em associação com a Universidade Federal de São João Del Rei
(UFSJ). A usina solar do CEFET-MG consiste dos seguintes equipamentos: coletores solares,
fluido térmico, trocador de calor, sistema de controle de temperatura, circuito térmico,
sistemas para movimentação dos coletores e instrumentação. A instalação solar é composta
por três linhas de coletores tipo calha parabólica de 20 m de comprimento cada, totalizando
60 m de comprimento. Cada linha é constituída por cinco módulos coletores conectados num
circuito em série, com comprimento de 3,75m. A linha 1, que foi projetada e construída antes
das demais linhas apresenta abertura menor que as demais.
Primeiramente, foi modelado o coletor tipo calha parabólica para suprir a energia a ser
fornecida para o sistema de climatização. O modelo do coletor solar de calha parabólica é
apresentado no Type 536 no software TRNSYS também conhecido como concentrador linear
parabólico, e foram utilizadas também as equações pertinentes. Segundo o Manual do
TRNSYS (2007), essa sub-rotina modela um concentrador parabólico linear; um coletor solar
usado para concentrar a radiação solar. O projeto básico do sistema é uma calha parabólica
reflexiva que reflete a radiação solar em um tubo absorvedor cilíndrico (receptor). Os
concentradores lineares focalizarão a radiação do feixe para o receptor se o sol estiver no
plano central do concentrador (o plano incluindo o eixo focal e a linha de vértice do refletor).
Esses coletores podem ser girados em torno de um único eixo de rotação, que pode ser Norte-
Sul, Leste-Oeste ou inclinado e paralelo ao eixo da Terra (nesse caso, a taxa de rotação é de
15 graus por hora). Existem diferenças significativas tanto na quantidade de radiação do feixe
incidente, sua dependência do tempo, quanto na qualidade da imagem obtida com os três
modos de operação. Este modelo despreza a radiação difusa e usa a equação de eficiência
do coletor linear para modelar o concentrador. O coletor solar desfocará parte da radiação
para manter a temperatura de saída abaixo de um máximo especificado pelo usuário,
calculando a energia que não deverá ser absorvida se ocorrer uma condição de
sobretemperatura.
A eficiência térmica do coletor modelado pelo Type 536 é baseada nas equações de
Duffie et al (2013). A Equação 1 é utilizada como base para cálculo da performance do coletor.
(1)
Onde 𝑄𝑢̇ é energia útil gerada do coletor, 𝐴𝑐 a área do coletor, 𝐹𝑅 (𝜏𝛼)𝑛 é a eficiência
com a qual a radiação solar é absorvida pela placa do coletor e removida pelo fluxo através
do coletor, 𝐼𝑡 a quantidade de radiação solar incidente no plano da superfície do coletor, 𝐹𝑅𝑈𝐿
é a taxa de perda do coletor, ∆𝑇 a diferença de temperatura gerada no coletor, considerada
como a temperatura média do fluido no coletor menos a temperatura ambiente.
• Vazão mássica de teste: Vazão por unidade área usada no teste para cálculo da
eficiência do coletor.
41
(2)
que a água aquecida é necessária. Normalmente tem o aspecto físico de um tanque com
isolamento térmico, armazenando o fluido aquecido. Os principais parâmetros do Type 4 são:
• Altura do “nós”: altura dos pontos em que os cálculos serão feitos no tanque;
O fluido térmico utilizado no teste foi o óleo MobilTherm 605. Na figura 13, apresentam-
se as propriedades termofísicas desse óleo.
Como não está sendo considerado fornecimento de 100% de carga pela usina para
evitar superdimensionamento, conforme encontrado na literatura, o Type 6, parametrizado
com o calor específico da água, exerce a função da fonte de energia auxiliar para o sistema.
Com base nos parâmetros construtivos da usina, foi elaborado o modelo no TRNSYS,
conforme figura 14
moderadamente quentes e úmidos e invernos secos. A estação seca tem duração de quatro
a cinco meses, sendo que 80% das chuvas são concentradas na estação chuvosa (FRANCA,
2009).
Alguns dados necessários para a elaboração deste estudo foram baseados em arquivos
disponibilizados por estudo prévio elaborado no CEFET-MG, no qual o dimensionamento da
edificação foi feito a partir do projeto arquitetônico do prédio 20, obtido na Divisão de Projetos
do CEFET-MG e utilização do software Sketch up.
Alguns dados foram obtidos de estudos prévios realizados por discentes da graduação
em engenharia mecânica do CEFET-MG. Com o perfil de utilização do sistema e as
características de cada componente do modelo definidas no TRNSYS, foi possível realizar a
simulação. O estudo foi feito para o período de um ano (8760 horas) e a cidade de Belo
Horizonte foi utilizada como referência.
48
Para que as cargas térmicas sejam calculadas de maneira correta, é necessário definir
rotinas de utilização para cada uma das zonas térmicas do modelo termoenergético.
Para isso, foi utilizada informação fornecida pela instituição sobre o perfil de utilização
das salas do prédio 20: 8h00 às 12h00, 14h00 às 18h00, 18h00 às 22h00, para dias de
semana. Para sistemas com chiller de absorção, recomenda-se que o sistema seja ligado de
30 a 60 minutos antes do horário em que se deseja que a água gelada no chiller atinja a
temperatura desejada. Assim, na parametrização do type 14, foi considerada essa
particularidade.
49
Foi considerada a utilização do sistema durante 22 dias por mês, 12 meses por ano para
uma análise inicial.
Para a taxa metabólica, foi considerado o que está previsto na normas pertinentes:
ABNT:NBR 16401 e ASHRAE 55-2017. Na literatura e nas normas, tem-se que o metabolismo
é o processo de produção de energia interna a partir de elementos orgânicos. Entretanto, de
toda a energia produzida pelo corpo humano, cerca de 80% é transformada em calor, que
precisa ser dissipado para manutenção da sua temperatura interna, que é praticamente
constante (variando aproximadamente de 35°C a 37°C). A quantidade de calor que é liberada
pelo corpo é uma função da atividade desenvolvida - quanto maior a atividade física, maior o
metabolismo (LAMBERTS et al., 2016).
52
Para ser possível encontrar a taxa metabólica por pessoa (W/pessoa), considera-se a
área como sendo a superfície de pele do indivíduo. O valor recomendado pela ASHRAE 55-
2017 é de 1,8m² de superfície de pele por pessoa. As lâmpadas presentes nas salas são de
14W cada, conforme indicado na figura 23.
Cada luminária oferece espaço para 4 lâmpadas. A sala 414, que representa o tipo de
sala de maior ocorrência na edificação, apresenta: 9 luminárias – ou 36 lâmpadas, totalizando
504W – em um espaço de 53,25m². Dessa forma, foi encontrado o valor de 9,465W/m2 para
esse tipo de sala.
de utilização das salas de aula, de acordo com a rotina de cada uma delas. A potência utilizada
Os resultados para as salas com maior ocorrência no prédio (salas de aula com área
aproximada de 54m²), corredores e banheiros encontram-se na tabela 3:
Tabela 3 - Cargas térmicas típicas de alguns dos espaços a serem considerados nas
análises
O chiller por absorção tipo água quente utiliza calor em vez de eletricidade, sendo
uma alternativa para redução do custo operacional com energia elétrica. Nesse modelo, o
insumo principal é calor a baixas temperaturas, substituindo o trabalho mecânico utilizado
pelos chillers por compressão de vapor, cujo consumo de energia elétrica dos compressores
representa a parcela principal de consumo.
Nos chillers por absorção, são utilizados 2 fluidos, o absorvedor e o fluido refrigerante.
No modelo selecionado, é utilizado brometo de lítio, LiBr, como fluido absorvedor e água como
fluido refrigerante. Na figura 27, é apresentado um esquema representativo do ciclo que
ocorre em um arranjo com chiller de absorção
condiz com o fornecido para os modelos de chiller de simples efeito de absorção por água
quente.
Foi utilizado, então o type 107 para a simulação do sistema de ar condicionado a ser
alimentado pela usina. Segundo o catálogo do software utilizado, o type107 usa uma
abordagem de pesquisa de dados de catálogo para prever o desempenho dos chillers de
absorção por água quente de simples efeito. Neste projeto, o calor necessário para operação
é fornecido por um fluxo de água quente. A energia do processo de absorção do refrigerante
é rejeitada para o resfriamento de um fluxo de água e a máquina é projetada para esfriar um
terceiro fluxo de fluido para um set point de temperatura designado pelo usuário. A figura 27
mostra o type 107
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste estudo, foi realizada a simulação no software TRNSYS de um modelo com coletores
parabólicos que representa a usina solar instalada no campus Nova Gameleira do CEFET-
MG para fornecimento de calor como fonte de energia para um chiller de absorção
componente de um sistema de climatização proposta para o prédio 20 existente no campus.
Na figura 33, é apresentado o perfil de temperatura do óleo na saída dos coletores tipo
calha parabólica. Observa-se que em dias de maior radiação a temperatura na saída dos
coletores chega a níveis de aproximadamente 360°C.
61
Por fim, foi possível chegar no valor da energia gerada pelo sistema de coletores
parabólicos durante o período de um ano, correspondente a 131,49 GJ.
Com base nas cargas térmicas levantadas para o sistema, foi possível calcular a
potência de refrigeração do chiller (em TR), e, com base nos dados de potência do pelo chiller
selecionado (LJ-A 21 fabricante Carrier), foi possível calcular o valor de energia demandada
para climatização do prédio 20, conforme apresentado na tabela 4
CONCLUSÃO
além de utilização do sistema em todos os dias úteis de todas as épocas do ano, o sistema
atende com segurança à demanda energética do sistema de climatização.
Sob o ponto de vista da temperatura da água quente gerada pela usina, os valores
são satisfatórios em relação às demandadas pelos modelos comerciais de chillers de
absorção.
Conclui-se, ainda, com este estudo, que a aplicação de resultados obtidos por
simulações encontra a barreira da indisponibilidade de modelos comercias de equipamentos
com valores exatos de capacidade conforme necessidades reais das edificações.
66
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