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Amanda Lima Santos: Instituto Federal Do Espírito Santo Curso de Engenharia Elétrica

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

AMANDA LIMA SANTOS

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE


TERMELÉTRICA EM UMA UNIDADE DE TRATAMENTO DE GÁS

Vitória
2017
AMANDA LIMA SANTOS

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE


TERMELÉTRICA EM UMA UNIDADE DE TRATAMENTO DE GÁS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Engenharia Elétrica do
Campus Vitória do Instituto Federal do Espírito
Santo, como requisito parcial para obtenção do
título de Graduação em Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Clainer Bravin Donadel

Vitória
2017
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

S237e Santos, Amanda Lima.

Estudo de viabilidade técnica e econômica da implantação de


termelétrica em uma unidade de tratamento de gás / Amanda Lima
Santos. – 2017.

108 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Clainer Bravin Donadel.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo,


Coordenadoria de Engenharia Elétrica, Curso Superior de Engenharia
Elétrica, 2017.

1. Energia termelétrica. 2. Usinas termoelétricas 3. Gáses. 4.


Estudos de viabilidade. I. Donadel, Clainer Bravin. II. Instituto Federal
do Espírito Santo. III. Título.

CDD 21 – 621.31243
AMANDA LIMA SANTOS

ESTUDO DE VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DA IMPLANTAÇÃO DE


TERMELÉTRICA EM UMA UNIDADE DE TRATAMENTO DE GÁS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenadoria do Curso de Engenharia Elétrica do
Campus Vitória do Instituto Federal do Espírito
Santo, como requisito parcial para obtenção do
título de Graduação em Engenharia Elétrica.

Aprovado em 07 de dezembro de 2017.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Clainer Bravin Donadel


Orientador

Prof. Pós-Dr. Pablo Rodrigues Muniz

Prof. Me. Paulo Henrique Fernandes Zanandrea


DECLARAÇÃO DA AUTORA

Declaro, para fins de pesquisa acadêmica, didática e técnico-científica, que este


Trabalho de Conclusão de Curso pode ser parcialmente utilizado, desde que se faça
referência à fonte e à autora.

Vitória, 07 de dezembro de 2017.

Amanda Lima Santos


Dedico este trabalho ao meu filho, Dyonizio, por todas as horas de brincadeiras que
foram trocadas por horas de estudo.
AGRADECIMENTOS

Quero agradecer à minha família, na figura de meus pais e irmãos, pelo apoio
incondicional ao meu objetivo de concluir uma graduação. Agradeço também meus
amigos de turma e de curso, que foram fundamentais nos momentos de dificuldade e
presentes nos momentos de alegria. Quero agradecer aos professores que foram
fundamentais para este trabalho: Clainer Bravin Donadel, como orientador, Cláudio
Brotto e José Marcos Stelzer Entringer, por todo o apoio acadêmico e pessoal que me
deram durante o processo.
RESUMO

O máximo aproveitamento da energia advinda de combustíveis fósseis é uma meta e


um desafio para o setor industrial. Uma vez que essa fonte de energia é esgotável,
deseja-se que todo o potencial energético seja utilizado. Em algumas plantas
industriais, como as petroquímicas, uma parte do combustível é queimado –
geralmente componentes cujas plantas não são capazes de processar e especificar
para a venda ao mercado - e os produtos resultantes da queima são lançados na
atmosfera, causando dois efeitos indesejados: degradação do meio ambiente e
desperdício energético. Diante disso, faz-se necessário dar utilidade para essa
energia, com consequente redução dos impactos ambientais. Uma das formas mais
difundidas para a resolução deste tipo de problema é a geração de energia elétrica.
Neste estudo de caso, procuraram-se formas de aproveitar essa energia que
atualmente é desperdiçada e transformá-la em energia elétrica. Para tal, foram
analisadas as principais formas de geração termelétrica que utilizam gases como
combustíveis. Essa análise passou pelos aspectos da viabilidade técnica e
econômica. Foi realizada uma análise econômica inicial para mostrar a ordem de
economicidade das opções; a partir disso realizou-se a viabilidade técnica, não em
profundidade de um projeto executivo e sim, em ordem de grandeza com relação aos
principais equipamentos das tipologias. Ao final do estudo, foi feita uma análise
econômica da tipologia que, obedecendo ao ranking da viabilidade econômica inicial,
satisfez os critérios técnicos. Essa análise final teve por objetivo mostrar a
economicidade da tipologia que melhor apresentou resultado nas duas etapas
anteriores.

Palavras-chave: Análise de viabilidade. Aproveitamento energético. Gás queimado


em tocha. Geração de eletricidade. Termelétrica.
ABSTRACT

The maximum use of energy from fossil fuels is a goal and a challenge for the industrial
sector. Once this energy source is exhaustible, it is wanted that all energetic potential
is used. In some industrial plants, such as petrochemical, one part of the fuel is burned
– usually components that plants are not capable to process and specify to sale to the
market – and the products resulting from burning are released in the atmosphere,
causing two unwanted effects: environmental degradation and energy waste. In light
of this, it is necessary to give usefulness to this energy, with consequently
environmental impact reduction. One of the most known ways to solve this kind of
problem is the electrical energy generation. In this case study, it is sought forms to
benefit from this energy which currently is wasted as well as turning it into electrical
energy. For this purpose, it was analysed the main forms of thermoelectric generation
which use gases as fuels. This analysis passed by technical and economic viability
aspects. It was made an initial economic analysis to exhibit the order of economics
options; based on that it was accomplished a technical viability, not in depth of an
executive project but in order of magnitude related to main equipment of the typologies.
At the end of study, it was made an economic analysis of the typology that, following
the initial economic viability rank, satisfied the technical criteria. This final analysis
aimed to reveal the economics of typology which presented the best result in the
previous two stages.

Keywords: Viability analysis. Energetic utilization. Burned gas in flare. Electricity


generation. Thermoelectric.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Sistema geral de recuperação de gás de tocha ....................................... 27

Figura 2 – Ciclo Rankine ........................................................................................... 29

Figura 3 – Esquemas e principais componentes de uma termelétrica a vapor 30

Figura 4 – Processos termodinâmicos que ocorrem em uma termelétrica a vapor de


ciclo simples..............................................................................................30

Figura 5 – Dependência da eficiência térmica de um ciclo a vapor em função dos


parâmetros iniciais (temperatura e pressão) da substância de trabalho...31

Figura 6 – Circulação de fluido de trabalho em caldeiras: a) natural, b) forçada e c)


passe único .............................................................................................. 33

Figura 7 – Configurações típicas das caldeiras de vapor atendendo à organização do


processo de tiragem: a) natural; b) forçada; c) induzida e d) balanceada 34

Figura 8 – Configurações típicas para as caldeiras, atendendo a disposição da


fornalha e superfícies de aquecimento ..................................................... 35

Figura 9 – Esquema de instalação de condensação. 1. Turbina a vapor; 2. Seção de


exaustão da turbina; 3. Condensador; 4. Tubos do condensador; 5. Canal
de fornecimento de água de circulação; 6. Canal de descarga da água de
circulação; 7. Bomba de circulação; 8. Tubulação para remoção do ar; 9.
Ejetor a vapor; 10. Bomba de condensador ............................................. 38

Figura 10 – Sistema de fornecimento com torres de resfriamento. 1. Condensador da


turbina; 2. Bombas de circulação; 3. Torre de resfriamento; 4. Canal de
fornecimento de água; 5. Tubos de descarga da torre; 6. Tubulação para
o sistema de tratamento; 7. Tubulação de reposição de água; 8. Bomba
de água de reposição ............................................................................ 39

Figura 11 – Ciclo Brayton: (a) circuito aberto; (b) circuito fechado ............................ 40

Figura 12 - Fluxograma de uma turbina a gás ciclo Brayton movida a gás natural ... 41

Figura 13 - Componentes básicos de uma turbina a gás .......................................... 42

Figura 14 – Motor a Combustão Interna (MCI) .......................................................... 44

Figura 15 – Ciclo combinado Brayton/Rankine com um nível de pressão ................ 45

Figura 16 – Ciclo combinado Brayton/Rankine com três níveis de pressão: BP (baixa


pressão), MP (média pressão) e AP (alta pressão) ............................... 45
Figura 17 - Tipos de termelétricas de ciclo combinado: a) em série; b) em paralelo; c)
em série-paralelo .................................................................................... 46

Figura 18 – Caldeira de recuperação em arranjo vertical .......................................... 47

Figura 19 – Representação do pinch point e temperaturas de aproximação ............ 48

Figura 20 - Esquema simplificado do coletor de tocha .............................................. 61

Figura 21 – Porcentagem de abertura das válvulas de queima, no período AGO 2016


– MAR 2017 ........................................................................................... 62

Figura 22 - Curva de demanda ativa da UTG, no período AGO 2016 – MAR 2017,
UTG .......................................................................................................... 64

Figura 23 – Curva de carga diária, em FEV, UTG..................................................... 66

Figura 24 – Interligação da tocha com a caldeira ...................................................... 83

Figura 25 – Localização das subestações. ............................................................... 89

Figura 26 – Entrada, saídas e balanço anual (mil R$), para a usina térmica a
vapor ...................................................................................................... 97

Figura 27 – Custo de investimento, balanço anual e resultado após 5 anos de


operação (mil R$) .................................................................................. 98
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Subgrupos dos clientes de alta tensão .................................................... 20

Tabela 2– Poder Calorífico de alguns gases, por componente ................................. 22

Tabela 3 – Índice de Wobbe mínimo, por gás, em MJ/Nm3 ...................................... 24

Tabela 4 – High heating value (HHV) e low heating value (LLV), por hidrocarboneto
................................................................................................................. 25

Tabela 5- Heat rate de diferentes tipos de centrais termelétricas ............................ 28

Tabela 6 – Recomendação do valor da pressão de entrada do gás, pinch point e


temperaturas de aproximação ................................................................ 48

Tabela 7 – Seleção de tensão de geração, para determinada potência do gerador . 53

Tabela 8 – Limites térmicos, por classe de isolamento, em temperatura ambiente de


40 ºC ....................................................................................................... 54

Tabela 9 - Custos de investimentos, por tipologia ..................................................... 57

Tabela 10 – Custos de operação e manutenção, por tipologia ................................. 58

Tabela 11 – Cromatografia média do gás queimado na tocha, por composição, no


período AGO 2016 – MAR 2017, UTG .................................................. 60

Tabela 12 – Propriedades do gás queimado ............................................................. 60

Tabela 13 – Demanda, no período AGO 2016 – MAR 2017, UTG............................ 64

Tabela 14 – Valores contratuais de tensão e demanda, UTG, em FEV/2017 ........... 65

Tabela 15 – Preços unitários do kWh, por tarifa, referente à tarifa azul. ................... 66

Tabela 16 – Valores de demanda ativa e energia ativa, em FEV 2017, UTG ........... 66

Tabela 17– Tarifas de Uso do Serviço de Distribuição, para o grupo A2 (88 a 138kV),
no período de FEV 2017, Espírito Santo ............................................... 67

Tabela 18– Valores estimados de energia (kWh) e potência nominal (MW), por
tipologia de geração ............................................................................... 68

Tabela 19– Valores estimados de energia excedente - em um mês (GWh) e potência


injetada na rede (MW), por tipologia de geração ................................... 69

Tabela 20 – Energia consumida na ponta, energia consumida fora da ponta e tarifa


de energia, UTG. ................................................................................... 71
Tabela 21 – Valor gerado em um ano com a venda de excedente ........................... 72

Tabela 22 – Custo de investimento, O&M fixo anual e O&M variável anual, por
tipologia.................................................................................................. 73

Tabela 23 – Balanço anual, por tipologia .................................................................. 74

Tabela 24 – FVP e VPL, por tipologia ....................................................................... 75

Tabela 25 – Potência elétrica gerada, por turbina a gás ........................................... 76

Tabela 26 - Entalpia do vapor a 100 PSIg, entalpia da água de alimentação na


temperatura de saturação e eficiência teórica. ...................................... 77

Tabela 27 – Vazão de combustível, rendimento, high heating value do combustível


(HHV) e vazão de vapor, para uma caldeira .......................................... 78

Tabela 28 – Rendimentos de uma turbina a vapor.................................................... 78

Tabela 29 – Heat rate e potência estimados para a turbina a vapor ......................... 78

Tabela 30 – Parâmetros técnicos da turbina SST-150 .............................................. 79

Tabela 31 – Características técnicas dos geradores, por modelo ............................. 79

Tabela 32 – Pressões de vasos acumuladores de gás para caldeira ....................... 81

Tabela 33 – Volumes de gás e do vaso acumulador................................................. 82

Tabela 34 – Parâmetros técnicos para o compressor ............................................... 83

Tabela 35 – Parâmetros técnicos dos compressores no mercado ............................ 83

Tabela 36– Coeficiente isentrópico de alguns gases, por componente .................... 84

Tabela 37– Dados para cálculo de demanda de potência do compressor ................ 85

Tabela 38 – Parâmetros técnicos dos motores no mercado ..................................... 86

Tabela 38 – Parâmetros técnicos para transformador e cabeamento ....................... 87

Tabela 34 – Características técnicas do transformador da WEG .............................. 88

Tabela 41 – Porcentagem dos custos típicos de investimento de uma central a


vapor ..................................................................................................... 90

Tabela 42 – Custos de investimento detalhado de termelétricas com ciclo a vapor . 90

Tabela 43 – Custos de investimento detalhado da termelétrica a vapor ................... 91


Tabela 44 – Custos de investimento unitário do cabeamento ................................... 92

Tabela 45 – Custos de investimento dos equipamentos de interligação da tocha e


cabeamento .......................................................................................... 93

Tabela 46 – Custos de investimento total da usina termelétrica em estudo .............. 94

Tabela 47 – Potência injetada e energia excedente atualizadas............................... 95

Tabela 48 – Valor gerado em um ano com a venda de excedente, atualizado ......... 96

Tabela 49 – Custo de investimento, O&M fixo anual e O&M variável anual,


atualizados ............................................................................................ 96

Tabela 50 – Balanço anual para a usina a vapor ...................................................... 96

Tabela 51 – Tempo de retorno de capital .................................................................. 97

Tabela 52 – Custo do combustível e balanço anual .................................................. 99


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A Ampére
ACL Ambiente de Contratação Livre
ACR Ambiente de Contratação Regulada
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
AT Alta Tensão
CNTP Condições Normais de Temperatura e Pressão
CR Caldeira de Recuperação
DMCR Demanda Máxima Corrigida e Registrada
Eq. Equação
EPE Empresa de Pesquisa Energética
FC Fator de Correção
FOV Fast opening valve
FP Fator de Potência
FVP Fator de Valor Presente
GASENE Gasoduto Sudeste Nordeste
GD Geração Distribuída
GE General Eletric
GWh Gigawatt-hora
HHV High Heating Value
HRSG Heat Recovery Steam Generation
HV Heating Value
IW Índice de Wobbe
kg/h quilograma por hora
Kg/m3 quilograma por metro cúbico
Kg/s quilograma por Segundo
KW quilowatt
KWh quilowatt-hora
KJ Quilojoule
KJ/Nm3 Quilojoule por normal metro cúbico
KPa Quilopascal
LHV Low Heating Value
MCI Motor a combustão interna
MJ/kg Megajoule por quilograma
MJ/Nm3 Megajoule por normal metro cúbico
MW Megawatt
MON Motor Octane Number
NM Número de Metano
Nm3 Normal metro cúbico
Nm3/h Normal metro cúbico por hora
NOx Óxidos de Nitrogênio
ONS Operador Nacional do Sistema
O&M Operação e Manutenção
PCI Poder Calorífico Inferior
PCS Poder Calorífico Superior
PIE Produtor Independente de Energia Elétrica
PLANGÁS Plano Nacional de Antecipação do Gás
PRODIST Procedimentos de Distribuição
PRORET Procedimentos de regulação tarifária
Rpm rotações por minuto
SELIC Sistema Especial de Liquidação e Custódia
SIN Sistema Interligado Nacional
TE Tarifa de Energia
TG Turbina a gás
TIR Taxa Interna de Retorno
Ton/h toneladas por hora
TRC Tempo de Retorno de Capital
TUSD Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição
TV Turbina a vapor
UTG Unidade de Tratamento de Gás
V Volts
VA Volt-Ampére
VPL Valor Presente Líquido
W Watt
LISTA DE SÍMBOLOS

η Rendimento
ηele Rendimento elétrico absoluto
ηg Rendimento do gerador
ηm Rendimento mecânico
ηri Rendimento relativo interno
ηt Rendimento térmico
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 18
2 REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 20
2.1 TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA................................................. 20
2.2 PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS COMBUSTÍVEIS ........................... 21
2.3 REAPROVEITAMENTO DE GÁS QUEIMADO EM TOCHA ................. 26
2.4 USINAS TERMELÉTRICAS A GÁS ...................................................... 27
2.4.1 Termelétricas a vapor ......................................................................... 28
2.4.1.1 Caldeiras convencionais ........................................................................ 32
2.4.1.2 Turbina a vapor ..................................................................................... 36
2.4.1.3 Condensador ......................................................................................... 37
2.4.1.4 Torres de resfriamento .......................................................................... 38
2.4.2 Termelétricas a gás de ciclo simples ................................................. 40
2.4.3 Termelétricas com motores de combustão interna (MCI)
alternativos...........................................................................................43
2.4.4 Termelétricas de ciclo combinado ..................................................... 44
2.5 CENTRAIS GERADORAS DE ENERGIA ELÉTRICA ........................... 48
2.6 CENTRAIS TERMELÉTRICAS E O SISTEMA ELÉTRICO ................... 51
2.7 VIABILIDADE ECONÔMICA ................................................................. 55
2.7.1 Conceitos básicos de análise econômica ......................................... 55
2.7.2 Custos associados a centrais termelétricas ..................................... 56
3 ESTUDO DE CASO .............................................................................. 59
3.1 AQUISIÇÃO DE DADOS ....................................................................... 59
3.1.1 Características do gás ........................................................................ 59
3.1.2 Demanda da UTG ................................................................................. 64
3.1.3 Contrato de energia elétrica ............................................................... 65
3.2 ESTIMATIVA DE POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA GERADA ......... 67
3.3 DEFINIÇÃO DO MERCADO ................................................................. 68
3.4 ANÁLISE ECONÔMICA INICIAL ........................................................... 69
3.5 ESPECIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE GERAÇÃO .................. 75
3.6 ESPECIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE INTERLIGAÇÃO COM O
SISTEMA DE TOCHA ........................................................................... 80
3.7 ESPECIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE INTERLIGAÇÃO COM
A REDE..................................................................................................87
3.8 ANÁLISE ECONÔMICA DA TERMELÉTRICA A VAPOR ............................ 89
4 CONCLUSÃO ............................................................................................ 100
REFERÊNCIAS...........................................................................................101
18

1 INTRODUÇÃO

Uma prática comum na indústria petroquímica é o flaring, que consiste em uma


queima contínua de gases excedentes oriundos do processo, sendo essa uma das
principais fontes de gases causadores do efeito estufa (POURHASSAN; TARAVAT,
2014).

O Banco Mundial estima que 140 bilhões de metros cúbicos de gás são queimados
em plantas petroquímicas anualmente, causando uma emissão de mais de 300
toneladas de CO2 na atmosfera. Essa prática ocorre por motivos técnicos, de
segurança operacional e até financeiro (BANCO MUNDIAL, 2016).

Inicialmente, o flaring foi concebido como forma de controle da poluição, quando


comparado à simples ventilação direta de gases da atmosfera. Comparando o dióxido
de carbono (resultante da queima) e o metano (ventilação direta), a liberação de gás
carbônico é quase dez vezes menos nociva, no que se refere ao aquecimento global
(SOLTANIEH et al., 2016). Além disso, o sistema de tocha oferece a segurança de
uma queima controlada desses gases, reduzindo o risco de formação de atmosfera
explosiva e, consequentemente, de incêndio e explosão (HEYDARI; ABDOLLAHI;
ATAEI, 2015).

Com o avanço tecnológico e o entendimento da necessidade de leis ambientais mais


severas, novas maneiras de aproveitamento desse gás têm sido estudadas e
aplicadas. Além do fator ambiental causado por essas emissões, o fator energético é
também relevante. O Banco Mundial estima que, com todo o gás queimado
anualmente, seja possível gerar 750 bilhões de kWh/ano, um valor que ultrapassa o
consumo anual do continente africano. Ao confrontar dados ambientais e energéticos,
o Banco Mundial lançou uma campanha chamada "Zero Routine Flare by 2030". Essa
campanha consiste em zerar a prática de queima constante em todo o mundo até o
ano de 2030 por meio de um esforço conjunto de governos, instituições de
desenvolvimento e empresas do ramo petrolífero (BANCO MUNDIAL, 2016).
19

O reaproveitamento desse gás pode ser feito distribuindo-o na rede de gás natural,
armazenamento (liquefação), reinjeção em poços produtores ou geração de energia
elétrica (RAHIMPOUR et al., 2012).

Dentro desse cenário, em 2015 o Brasil queimou 1,229 bilhões de m3 de gás natural
(4% da produção total), apresentando uma redução de 13,68% quando comparado
com o ano de 2014 (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NAURAL E
BIOCOMBUSTÍVEIS, 2016). O Brasil possui um grande desafio para zerar a prática
rotineira de queima de gás.

O objetivo desse trabalho é fazer um estudo de caso e analisar as viabilidades técnica


e econômica de uma usina termelétrica que aproveitaria o gás que é queimado
atualmente na tocha da Unidade de Tratamento de Gás (UTG) para gerar energia
elétrica, reduzindo as emissões de gases causadores do efeito estufa e reduzindo os
custos com energia elétrica. A hipótese é que essa termelétrica a gás será viável
técnica e economicamente.

No capítulo 2 será apresentada uma revisão de literatura, que abrangerá todos os


tópicos necessários para a realização de uma análise de viabilidade para o caso em
estudo: aspectos tecnológicos e econômicos, além de uma breve explicação sobre a
legislação que setoriza os agentes produtores de energia. No capítulo 3, será
apresentado o estudo de caso, que detalha os passos que foram seguidos e os
resultados que foram alcançados a fim de atingir os objetivos deste estudo. Ao final,
será apresentada a conclusão com a análise dos resultados.
20

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 TARIFAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

A tarifação de energia elétrica no Brasil é regida pelos Procedimentos de Regulação


Tarifária (PRORET), que são consolidados e divulgados pela Agência Nacional de
Energia Elétrica (ANEEL). Para clientes de alta tensão (AT), além da cobrança de
energia consumida no período de faturamento (Tarifa de Energia – TE), há a cobrança
de demanda de potência a ser disponibilizada pela concessionária. Os clientes de AT
são subdivididos em grupos, como mostra a tabela 1.

Tabela 1 – Subgrupos dos clientes de alta tensão


Subgrupo Nível de Tensão
A1 Igual ou maior que 230kV
A2 88 a 138 kV
A3 69kV
A3a 30 a 44 kV
A4 2,3 a 25kV
AS Sistema Subterrâneo – menor que 2,3kV
Fonte: Agência Nacional de Energia Elétrica, 2016c.

Para os clientes AT, existem três tipos de tarifações: convencional binômia, horária
azul e horária verde. A convencional binômia é caracterizada por tarifas de consumo
de energia e demanda de potência únicas, independente do horário de utilização, e
está em desuso. Na horária verde, existem tarifas diferenciadas para consumo,
dependendo do horário, sendo que a tarifa de demanda de potência é única. Na
horária azul, existem tarifas distintas para consumo e demanda, sendo definidos dois
valores: ponta e fora ponta. O horário de ponta é definido pela distribuidora, sendo
composto por 3 horas diárias consecutivas, com exceção dos finais de semana e
feriados nacionais. O horário fora ponta é o conjunto das horas diárias
complementares àquelas definidas no horário de ponta (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2016d).
21

A tarifa total do consumidor é composta pela Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição


(TUSD) e pela Tarifa de Energia (TE). De acordo com o PRORET (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017), a TUSD é definida como:

[...] valor monetário unitário determinado pela ANEEL, em R$/MWh ou em


R$/kW, utilizado para efetuar o faturamento mensal de usuários do sistema
de distribuição de energia elétrica pelo uso do sistema [...].

A Tarifa de Energia – TE (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016d)


é definida como:

[...] valor monetário unitário determinado pela ANEEL, em R$/MWh, utilizado


para efetuar o faturamento mensal pela distribuidora referente ao consumo
de energia [...].

As bandeiras tarifárias fazem parte de um sistema que sinaliza aos consumidores os


custos reais da geração de energia elétrica. Dependendo das usinas utilizadas para
gerar energia, esses custos podem ser maiores ou menores. Quando as condições
hidrológicas são favoráveis, a bandeira está verde e não há acréscimo na fatura. No
caso da bandeira amarela, as condições são menos favoráveis e há um acréscimo de
R$ 0,015/kWh. Quando as condições hidrológicas são desfavoráveis, a bandeira
vermelha entra em vigência, podendo ser de patamar 1 ou 2; a de patamar 1 ocasiona
um aumento de R$ 0,030/kWh e a de patamar 2 resulta em um aumento de R$
0,045/kWh (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016a). A atualização
das bandeiras ocorre mensalmente e é informada pela ANEEL, já os valores das
bandeiras são anualmente revisados e publicados pela Agência.

2.2 PROPRIEDADES QUÍMICAS DOS COMBUSTÍVEIS

Dentre as propriedades químicas dos combustíveis, uma que se destaca para a


análise técnico-econômica de uma usina é o poder calorífico, que pode ser definido
como a quantidade de energia que é liberada durante a combustão completa de uma
unidade de volume (1 Nm3) de combustível, sendo expressa em kJ/Nm3. A medida de
vazão é normalizada, ou seja, a vazão é dada como se tivesse sido medida nas
Condições Normais de Temperatura e Pressão (CNTP). Para indicar essa
22

normalização, é utilizada a letra N antes da unidade de medida de vazão, nesse caso


é o normal metro cúbico por hora (Nm3/h).

Existem duas situações limites, uma quando a água resultante da combustão está
completamente em estado gasoso, não fornecendo o calor resultante da condensação
e outra quando a água está totalmente em estado líquido. No primeiro caso tem-se o
Poder Calorífico Inferior (PCI) e no segundo, Poder Calorífico Superior - PCS
(TEIXEIRA; LORA, 2004).

Na indústria, o PCI é mais comumente utilizado para análises de viabilidade, pois,


geralmente, os gases de exaustão das máquinas saem a temperaturas acima da
temperatura de condensação da água. O PCI de alguns gases estão na tabela 2.

Tabela 2– Poder Calorífico de alguns gases, por componente


Componente PCI (MJ/Nm3)
Inertes -
Metano (C1) 33,38
Etano (C2) 59,39
Propano (C3) 85,08
Butano total (C4s) 110,62
Pentano total (C5s) 146,00
Nitrogênio (N2) -
Gás carbônico (CO2) -
Fonte: Teixeira; Lora, 2004.

A determinação do PCI de uma mistura de gases é igual a soma do produto da fração


volumétrica de cada componente da mistura pelo seu respectivo PCI individual
(TEIXEIRA; LORA, 2004), conforme a equação 1:

PCI𝒔 = ∑ni=1 (PCIi × xi ) (1)

Onde:
PCI𝑠 : PCI da mistura (MJ/Nm3)
PCIi : PCI do componente (MJ/Nm3)
xi : fração volumétrica (-)
23

A densidade também é uma propriedade importante na análise e comparação de


combustíveis. A densidade absoluta é a razão entre a massa em um determinado
volume e o próprio volume, sendo dada em kg/m3. A densidade relativa entre dois
compostos é a razão entre suas densidades absolutas, conforme a equação 2, sendo
um número adimensional (ÇENGEL; BOLES, 2013). A densidade do ar nas condições
normais de temperatura e pressão (20 ºC e 101, 325 kPa) é de 1,2041kg/m3.

d
ρ= d1 (2)
2

Onde:
ρ: densidade relativa (-)
d1: densidade absoluta do gás 1 (kg/m3)
d2: densidade absoluta do gás 2 (kg/m3)

Outra propriedade usada amplamente no setor de geração de energia é o Índice de


Wobbe (IW). Esse índice indica as propriedades de combustão de um determinado
combustível gasoso que passa por um orifício, sendo calculado de acordo com a
equação 3 (ZACHARIAH-WOLFF; EGYEDI; HEMMES, 2007).

PC
IW= (3)
√ρ

Onde:
IW: Índice de Wobbe (MJ/Nm3)
PC: poder calorífico (MJ/Nm3)
ρ: densidade relativa do gás com relação ao ar (-)

Caso seja utilizado o PCI, obtém-se o Índice de Wobbe mínimo, caso usemos o PCS,
obtém-se IW máximo. A utilidade do Índice de Wobbe é que, para um determinado
orifício (bicos injetores, por exemplo), todos os gases que tiverem o mesmo IW
fornecerão a mesma quantidade de calor ao serem queimados. Assim, ao se estudar
a alteração de combustível em uma máquina, o IW deverá ser comparado
(ZACHARIAH-WOLFF; EGYEDI; HEMMES, 2007).
24

A tabela 3 apresenta os principais combustíveis gasosos com os seus respectivos


Índices de Wobbe mínimos.

Tabela 3 – Índice de Wobbe mínimo, por gás, em MJ/Nm3


Gás Índice mínimo (MJ/Nm3)

Hidrogênio 40,67
Metano 47,95
Etano 62,51

Gás natural 48,55


Propano 74,60
n-Butano 85,14
i-Butano 84,77
GLP 79,99

Acetileno 46,65
Monóxido de carbono 12,81
Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Pinheiro; Cimbleris, 2010.

Com relação a combustão do gás, uma propriedade importante é o valor de


aquecimento (heating value). Esse valor exprime o calor que é fornecido ao se realizar
a queima completa de um determinado combustível, em um processo de fluxo
constante e onde os produtos são devolvidos ao mesmo estado dos reagentes. Assim
como o poder calorífico, é dividido em inferior e superior: LHV (low heating value) –
quando a água resultante da combustão está no estado vapor e HHV (high heating
value) - quando a água resultante da combustão está no estado líquido (ÇENGEL;
BOLES, 2013).

Para uma determinada mistura, o heating value (HV) pode ser determinado por meio
das equações 4 e 5.

mi
x i= (4)
mtotal

HV = ∑ni=1 ( HVi × xi × ρi ) (5)

Onde:
25

HV: heat value (MJ/kg)


mtotal : massa total (kg)
mi : massa do componente (kg)
xi: fração mássica (-)
HVi: heat value do componente (MJ/kg)
ρi : densidade relativa do componente em relação ao ar

Na tabela 4, são mostrados os valores de HHV e LHV para os principais


hidrocarbonetos do gás natural.

Tabela 4 – High heating value (HHV) e low heating value (LLV), por hidrocarboneto
Componente HHV (MJ/kg) LHV (MJ/kg)
Metano (C1) 55,53 50,05
Etano (C2) 51,90 47,52
Propano (C3) 50,33 46,34
Butano (C4) 49,15 45,37
Pentano (C5s) 47,76 44,63
Fonte: Çengel; Boles, 2013.

O poder antidetonante de um gás é a capacidade de resistir, sem detonar, aos níveis


de temperatura e pressão na câmara de combustão de um motor. Sendo assim,
quanto maior esse número, mais o combustível resiste às condições severas
(elevadas pressões e temperaturas) sem detonar. Para combustíveis líquidos, esse
valor é medido por meio do número de octano motor (MON). Para combustíveis
gasosos, desenvolveu-se uma escala de Número de Metano (NM), que utiliza como
referência o metano puro (NM=100) e o hidrogênio (NM=0) e possui relação direta
com o MON. A metodologia de cálculo desses valores está nas equações 6 e 7
(KUBESH et al., 1992).

H H H 2 H 3
MON= (-406,14× C) + (508,04× C) + (-173,55×( C ) ) + (20,17×( C ) ) (6)

NM=MON×1,624-119,1 (7)

Onde:
MON: Número de octano motor (-)
26

H: número de átomos de hidrogênio em 1 mol de gás (-)


C: número de átomos de carbono em 1 mol de gás (-)
NM: Número de Metano (-)

2.3 REAPROVEITAMENTO DE GÁS QUEIMADO EM TOCHA

A prática de flaring é comum na indústria petrolífera. O sistema de queima é utilizado


para realizar a queima controlada de gases que não puderam ser processados, seja
em operação normal ou em paradas de emergência. Diante dos avanços da tecnologia
e enrijecimento das leis ambientais, alternativas para a utilização desses gases vêm
sendo estudadas.

A geração de energia elétrica é uma das alternativas mais viáveis à pratica de flaring;
apesar de possuir custo elevado, possui também uma alta taxa de retorno
(RAHIMPOUR et al., 2012). No Brasil, o governo federal tem incentivado formas
descentralizadas de geração de energia, com o objetivo de diversificar a matriz
energética e aumentar a oferta de energia.

Uma das particularidades do gás de tocha é a variação de vazão. Quando a unidade


está em operação, a vazão costuma oscilar pouco. Já em paradas ou descontroles
operacionais, a vazão se altera bruscamente. Assim, pode ser prevista a existência
de um vaso acumulador de gás a montante da usina termelétrica. Sem esse vaso,
paradas da termelétrica podem ocorrer de forma frequente, devido à falta de gás,
causando diminuição da vida útil das máquinas térmicas; além do que, é necessário
garantir uma pressão estável na entrada da usina, para que ela opere com a eficiência
próxima da que foi projetada (VARELLA, 2006). Além disso, é necessária a instalação
de uma válvula de abertura rápida (FOV) que, em caso de sobrepressão no vaso de
entrada da usina, irá direcionar o fluxo excedente para a tocha (HEIDARI; ATAEI;
RAHDAR, 2016). A Figura 1 demonstra um esquema típico de recuperação de gás de
tocha, com a presença de um disco de ruptura em paralelo com a FOV, para assegurar
o direcionamento do fluxo excedente para o queimador, em caso de mau
funcionamento da válvula. Além disso, pode ser necessário um compressor para
enviar o gás para a termelétrica, pois o sistema de tocha usualmente opera em
pressões pouco acima da atmosférica (101,325 kPa).
27

Figura 1 – Sistema geral de recuperação de gás de tocha

Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Heidari; Ataei; Rahdar, 2016.

Um dos desafios ao projetar uma termelétrica que utiliza essa corrente de gás é definir
cenários representativos da vazão e da composição do gás, a fim de avaliar qual ciclo
e quais equipamentos serão apropriados para uma taxa de retorno mais elevada
(HEIDARI; ATAEI; RAHDAR, 2016).

Como o gás queimado em tochas possui variação de composição, se faz necessária


uma compensação dessa variação, no caso de termelétricas onde o gás seja o fluido
de trabalho da máquina térmica e a instalação de um vaso acumulador de gás, a fim
de garantir estabilidade e operação de modo contínuo. As formas encontradas para
isso são a aquisição de turbinas que operem com maior flexibilidade de combustível
(HUMMEL; JAKOBY; STEIN, 2014) e ou a instalação de um equipamento capaz de
analisar e mesclar mais de uma corrente de gás para chegar mais próximo do
combustível especificado no projeto da turbina (HEIDARI; ATAEI; RAHDAR, 2016).

2.4 USINAS TERMELÉTRICAS A GÁS

A geração termelétrica é baseada na conversão de energia térmica em energia


mecânica e desta em energia elétrica. A primeira etapa consiste na mistura do ar com
o gás a fim de gerar uma mistura combustível. Após essa combustão, têm-se os ciclos
28

típicos de geração de potência, podendo ser centrais com turbinas a vapor, motores
a combustão interna ou turbinas a gás (TEIXEIRA; LORA, 2004).

As unidades termelétricas podem gerar além da eletricidade, o calor. Essa modalidade


é conhecida como cogeração, e é utilizada em plantas industriais onde há a
necessidade de utilização de vapor e/ou calor. Em um processo de cogeração, o gás
que seria descartado em uma usina de ciclo de ciclo simples é utilizado para gerar
energia térmica e vapor. Os pontos positivos dessa modalidade são: a possibilidade
de utilização da energia que geralmente se perde no processo de geração de energia
elétrica, maior independência em relação ao suprimento de energia vinda de terceiros
e a redução da emissão de gases lançados na atmosfera (BARJA, 2006).

Um parâmetro de comparação entre diferentes tipologias é o heat rate, que é a


quantidade de calor (kJ) que deve ser fornecida para gerar um kWh. Os valores de
heat rate encontrados na literatura estão na tabela 5.

Tabela 5- Heat rate de diferentes tipos de centrais termelétricas


Motores de
Ciclo
Parâmetro Central a vapor Turbina a gás combustão
combinado
interna
Heat rate,
7.531 – 8.018 8.200 – 10.400 5.900 – 7.200 7.260 – 9.000
(kJ/kWh)
Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Lora et al., 2004.

2.4.1 Termelétricas a vapor

O ciclo a vapor é o mais antigo na geração de energia elétrica e opera no ciclo


termodinâmico Rankine. O ciclo Rankine consiste em uma turbina a vapor que é
acionada pelo vapor gerado em uma caldeira (1), através da adição de calor da
combustão do gás (QAD). Após a expansão pela turbina (gerando trabalho W T –
processo 2), o vapor é resfriado (perdendo calor QREJ para a água de resfriamento)
em um condensador (3) – retornando ao estado líquido e bombeado (recebendo
trabalho W B) para a caldeira (4), fechando o ciclo (NASCIMENTO et al., 2004). A
Figura 2 é um esquema simplificado de um ciclo Rankine.
29

Figura 2 – Ciclo Rankine

Fonte: Nascimento et al., 2004

A turbina a vapor é um motor térmico rotativo de combustão externa (mistura


ar/combustível não entra em contato com o fluido de trabalho), sendo que o calor da
combustão é transferido para esse fluido, que se expande tornando-se vapor. Esse
ciclo de geração de potência a vapor é conhecido como ciclo Rankine (NASCIMENTO
et al., 2004). Pelo fato da queima de combustível ser realizada fora da turbina, que
opera apenas com vapor, a flexibilidade de combustível é uma das grandes vantagens
dessa tipologia.

O calor obtido na queima do combustível é passado para o fluido, que se aquece e se


expande, transformando-se em vapor a alta pressão, na caldeira. Esse vapor é
direcionado para a turbina, que está acoplada a um gerador elétrico. O vapor de
exaustão da turbina é resfriado no condensador, ao trocar calor com água de
resfriamento e bombeado de volta para a caldeira. Os gases resultantes da combustão
são lançados na atmosfera através da chaminé. O circuito responsável pelo
resfriamento do vapor de saída da turbina é composto por uma fonte de alimentação
de água, uma bomba e uma torre de resfriamento, que é responsável por reduzir a
temperatura da água de refrigeração (TOLMASQUIM, 2016), figura 3.
30

Figura 3 – Esquemas e principais componentes de uma termelétrica a vapor

Fonte: Tolmasquim, 2016.

Essa tecnologia apresenta eficiências entre 42% e 44%, sendo esse valor muito
influenciado pela qualidade do combustível. Apresentam também elevadas potências
unitárias (caso seja desejado). As temperaturas típicas do vapor estão entre 400 ºC e
600 ºC, temperaturas mais elevadas na entrada da turbina aumentam a eficiência,
mas são limitadas pelo material construtivo da turbina. Outra forma de se aumentar a
eficiência é utilizar o vapor de exaustão como fonte de calor em processos externos,
no regime de cogeração (TOLMASQUIM, 2016).

O ciclo simples é mais comum em plantas de potência menor do que 100MW. Na


Figura 4 são apresentados os processos termodinâmicos que ocorrem em um ciclo
simples a vapor, sendo o eixo das abcissas a entropia e o eixo das coordenadas a
temperatura. Os processos que ocorrem nesse tipo de ciclo são:

1-2: expansão isentrópica,


2-3: condensação do vapor no condensador,
3-4: compressão da água na bomba,
4-1: conversão da água em vapor superaquecido na caldeira.

Figura 4 – Processos termodinâmicos que ocorrem em uma termelétrica a vapor de


ciclo simples
31

Fonte: Lora, 2004.

Tendo em vista a elevação da eficiência em centrais a vapor, o aumento da


temperatura do vapor é sempre um objetivo. A Figura 5 mostra a dependência entre
eficiência térmica de um ciclo a vapor (eixo das coordenadas) em função da
temperatura (isotermas) e pressão (eixo das abcissas). É possível observar que, para
uma pressão constante, o aumento da temperatura sempre se traduz em elevação de
eficiência, mas, nem sempre, o acréscimo de pressão a uma temperatura constante é
revertido em aumento de eficiência (LORA, 2004).

Figura 5 – Dependência da eficiência térmica de um ciclo a vapor em função dos


parâmetros iniciais (temperatura e pressão) da substância de trabalho

Fonte: Lora, 2004.

A seleção dos parâmetros do vapor é um problema técnico-econômico, pois o


aumento do investimento é considerável, uma vez que o material para elevadas
temperaturas é mais custoso. Assim, a implantação de elevadas temperaturas ou
pressões só são viáveis em unidades de alta capacidade.
32

O aquecimento regenerativo consiste na utilização do vapor de exaustão das turbinas


para aquecer o condensado que alimenta as caldeiras. Ele aumenta
consideravelmente a eficiência e é utilizado na maioria dos esquemas de centrais
termelétricas (LORA, 2004).

2.4.1.1 Caldeiras convencionais

As caldeiras podem ser definidas como os equipamentos que, utilizando energia de


combustão, promovem a mudança de fase da água do estado líquido para o de vapor,
a uma pressão maior que a atmosférica. É composta basicamente por duas partes:
fornalha – onde ocorre a queima do combustível, e superfície de aquecimento: onde
ocorre a troca de calor dos gases quentes com o fluido de trabalho. Podem ser
classificadas de acordo com: aplicação principal, disposição dos gases e do fluido de
trabalho, força motriz para circulação do fluido de trabalho, nível de pressão, tipo de
combustível, tecnologia de combustão, tiragem dos gases e disposição da fornalha e
superfície de aquecimento (LORA et al., 2004).

Quanto à aplicação principal: termelétricas, indústrias e setor naval. As utilizadas nas


centrais termelétricas operam com vapor superaquecido entre 400 ºC e 560 ºC e
pressões entre 6 MPa e 18 MPa. Com relação à disposição relativa dos gases e fluido
de trabalho, podem ser flamotubulares ou aquotubulares. Nas flamotubulares, os
gases de combustão passam por dentro dos feixes, sendo comumente utilizadas em
aplicações de pequeno porte, com capacidade de produção de vapor de até 20 ton/h.
Já nas aquotubulares, a água circula pelo interior dos tubos verticais, que são
dispostos ao redor da fornalha. A transferência de calor é predominantemente por
radiação (LORA et al., 2004).

A força motriz de circulação do fluido de trabalho pode ser natural, forçada ou de passe
único (Figura 6). As de circulação natural se equivalem da diferença de densidade
entre o vapor e a água líquida para o seu funcionamento. Uma das limitações é a
necessidade de tubos de maior diâmetro e com inclinação, aumentando os custos
com materiais. Já as de circulação forçada possuem uma bomba que fornece energia
para movimentação do fluido e um único tambor separador de vapor saturado,
permitindo caldeiras mais compactas e eficientes. Nas caldeiras de passe único não
33

há recirculação: a água líquida passa pela tubulação apenas uma vez, sendo
convertida em vapor superaquecido, geralmente são utilizadas em centrais de grande
porte (LORA et al., 2004).

Figura 6 – Circulação de fluido de trabalho em caldeiras: a) natural, b) forçada e c)


passe único

Fonte: Lora et al., 2004.

As caldeiras utilizadas na geração de energia podem ser de pressão alta (10-16 MPa),
super alta (> 17 MPa) e supercrítica (>22,1 MPa). Há também as de operação
deslizante, onde a pressão da caldeira varia conforme a carga da turbina. Com relação
ao tipo de combustível, podem operar com combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos.

Quanto à tecnologia de combustão, podem ser de grelha móvel ou fixa (combustíveis


agroindustriais de pequeno porte), de queima em suspensão (sólidos pulverizados,
líquidos ou gases) ou de leito fluidizado (sólidos em geral). No que diz respeito ao
34

processo de tiragem, conforme pode ser visto na Figura 7, podem ser de tiragem
natural (a própria chaminé é suficiente para extrair os gases de exaustão da caldeira,
sendo mais utilizada em usinas de pequeno porte), forçada (presença de sopradores
na entrada da fornalha, que fornecem ar sob pressão para a caldeira), induzida
(presença de ventiladores de exaustão, que geram uma pressão ligeiramente negativa
na fornalha) ou balanceada (combinação entre tiragem forçada e induzida). O objetivo
da tiragem é proporcionar a quantidade de ar necessária para a queima do
combustível e forçar a circulação dos gases de exaustão (LORA et al., 2004).

Figura 7 – Configurações típicas das caldeiras de vapor atendendo à organização do


processo de tiragem: a) natural; b) forçada; c) induzida e d) balanceada

Fonte: Lora et al., 2004.

Em relação à disposição da fornalha e da superfície de aquecimento, o formato mais


comum em caldeiras modernas é o π. Esse e outros formatos são exibidos na Figura
8.
35

Figura 8 – Configurações típicas para as caldeiras, atendendo a disposição da


fornalha e superfícies de aquecimento

Fonte: Lora et al., 2004.

A quantidade de vapor gerado em uma caldeira pode ser calculada de acordo com a
equação 8 (JOHNSTON BOILER COMPANY, 2006).

C× (η × HHV)
Vp = (8)
(hv - ha )

Onde:
Vp : Vapor produzido (kg/s)
C: vazão de combustível (kg/s)
η: rendimento da caldeira (-)
HHV: high heating value (MJ/kg)
hv : entalpia do vapor a 100 PSIg (MJ/kg)
ha : entalpia da água de alimentação na temperatura de saturação (MJ/kg)

A entalpia é uma propriedade que exprime a quantidade de energia que existe em um


volume. Ela é advinda de outras propriedades, conforme a equação 9 (ÇENGEL;
BOLES, 2013).

H = U + p×V (9)

Onde:
H: entalpia (kJ)
U: Energia interna (kJ)
P: pressão (kPa)
36

V: volume (m3)

2.4.1.2 Turbina a vapor

É um motor térmico rotativo, no qual a energia térmica do vapor é transformada em


energia cinética devido à expansão que ocorre nos bocais. Essa energia é
transformada em energia mecânica de rotação, devido à ação do vapor nas pás
rotativas. Podem ser utilizadas para acionamento mecânico (ventiladores, bombas e
compressores) ou para acionamento elétrico (MAZURENKO; TEIXEIRA, 2004).

Com relação ao princípio de funcionamento, podem ser de ação ou de reação. As


turbinas de ação funcionam somente devido à queda de pressão do vapor nos bocais
e à sua correspondente queda de entalpia, que é transformada em energia cinética;
esse vapor em alta velocidade incide sobre as palhetas móveis, realizando a
conversão em energia mecânica. As turbinas de reação utilizam a pressão do vapor e
a sua expansão nas rodas móveis (pás); o distribuidor transforma apenas uma parte
da energia térmica em energia cinética, sendo a outra parte da conversão realizada
nas pás, que não trabalham com pressão constante e sim decaindo de montante para
jusante, em relação ao percurso das palhetas (MAZURENKO; TEIXEIRA, 2004).

O rendimento elétrico absoluto (ηele) caracteriza a eficiência das instalações de


turbinas como um todo. Para seu cálculo, são necessários os valores de rendimento
térmico (ηt), relativo interno (ηri), mecânico (ηm) e do gerador (ηg). O rendimento
térmico representa o limite da transformação de calor em trabalho mecânico, sendo
também chamado de rendimento calorífico (no caso das máquinas térmicas); para as
unidades modernas, os valores típicos estão entre 42% a 45%. O rendimento interno
relativo representa o grau de perfeição da seção de fluxo na turbina, sendo
determinado pelas perdas que ocorrem no processo de transformação de energia,
com valores típicos entre 0,83 a 0,92. O rendimento mecânico da turbina caracteriza
as perdas no eixo mecânico, como vibração, perdas nos mancais, acoplamento e
outras; os valores típicos são de 0,992 a 0,998, sendo os maiores valores para as
turbinas de maior potência. O rendimento do gerador depende da potência e do
sistema de refrigeração; as perdas podem ser divididas em perdas no cobre (bobinas
de cobre do rotor e estator) e perdas no aço (perdas na magnetização do núcleo);
37

para geradores com resfriamento a ar, o valor típico é de 0,986 (MAZURENKO;


TEIXEIRA, 2004). Finalmente, o rendimento elétrico absoluto pode ser calculado a
partir da equação 10.

ηele =ηt ×ηri ×ηm ×ηg (10)

Para avaliação do rendimento econômico da instalação da turbina é comumente


utilizado o Heat Rate, que é a quantidade de energia que deve ser fornecido a uma
usina para gerar 1 kWh, que pode ser calculado pela equação 11 (MAZURENKO;
TEIXEIRA, 2004).

1000[kJ]
HR = (11)
0,309[kWh]×nele

Onde:
HR: heat rate (kJ/kWh)
nele : rendimento elétrico do ciclo (-)

2.4.1.3 Condensador

É um trocador de calor no qual o vapor que sai da turbina é convertido ao seu estado
líquido, ao entrar em contato com o fluido de resfriamento que passa dentro dos tubos
(geralmente água). Os tubos do condensador devem ser resistentes à corrosão, sendo
constituídos de ligas a base de cobre, latão e aço inoxidável e disposto de forma
ondulada, para aumentar a superfície de contato e reduzir a velocidade do vapor
(LORA; ANDRADE, 2004) - Figura 9.
38

Figura 9 – Esquema de instalação de condensação. 1. Turbina a vapor; 2. Seção de


exaustão da turbina; 3. Condensador; 4. Tubos do condensador; 5. Canal de
fornecimento de água de circulação; 6. Canal de descarga da água de circulação; 7.
Bomba de circulação; 8. Tubulação para remoção do ar; 9. Ejetor a vapor; 10. Bomba
de condensador

Fonte: Lora; Andrade, 2004.

2.4.1.4 Torres de resfriamento

São elementos típicos nos sistemas de água de resfriamento de ciclo fechado e sua
função é diminuir a temperatura da água de circulação. Podem ser classificadas pelo
tipo de acionamento (mecânico ou natural), pelo sentido da movimentação dos fluxos
de ar e água (cruzado ou contracorrente) e pelo tipo predominante de transferência
de calor (úmido ou seco). Nas torres úmidas, o resfriamento é consequência da
evaporação de parte da água durante o contato com o ar (LORA; ANDRADE, 2004),
por isso também chamado de resfriamento evaporativo. A Figura 10 apresenta um
esquema do sistema de fornecimento de resfriamento de água.
39

Figura 10 – Sistema de fornecimento com torres de resfriamento. 1. Condensador da


turbina; 2. Bombas de circulação; 3. Torre de resfriamento; 4. Canal de fornecimento
de água; 5. Tubos de descarga da torre; 6. Tubulação para o sistema de tratamento;
7. Tubulação de reposição de água; 8. Bomba de água de reposição

Fonte: Lora; Andrade, 2004.

Os principais parâmetros de uma torre de resfriamento são a carga térmica –


projetados para a maior carga térmica da turbina, e a temperatura de bulbo úmido –
temperatura de saturação até a qual o ar pode ser resfriado. O principal elemento da
torre é o dispositivo de nebulização, ele é responsável por fracionar a água em
gotículas para facilitar a troca térmica. O ar, por sua vez, passa no sentido contrário
ao das gotas, trocando calor. O ar quente e saturado é lançado ao ambiente pela parte
superior da torre, enquanto que a água resfriada sai pela base da torre. O
desempenho da torre é influenciado pelo seu recheio, pois é ele o responsável
construtivo por fornecer um adequado contato entre água e ar (LORA; ANDRADE,
2004).
40

2.4.2 Termelétricas a gás de ciclo simples

As termelétricas a gás de ciclo simples têm seu funcionamento baseado no ciclo


Brayton. O fluido de trabalho é comprimido pelo compressor, passando para a câmara
de combustão, onde recebe a energia do combustível, aumentando a sua
temperatura. Saindo da câmara de combustão, o fluido é direcionado pela turbina,
onde é expandido, fornecendo potência para o compressor e potência útil. O ciclo
Brayton pode ser aberto ou fechado. A diferença entre os dois é que no circuito
fechado há presença de trocadores de calor entre o compressor e a turbina
(NASCIMENTO et al., 2004), Figura 11.

Figura 11 – Ciclo Brayton: (a) circuito aberto; (b) circuito fechado

Fonte: Nascimento et al., 2004.

A configuração em sistema aberto possui baixa eficiência, pois após passarem pela
turbina, os gases são resfriados e dispersados na atmosfera. Já no circuito fechado,
o fluido de trabalho permanece no sistema e o combustível é queimado fora, em um
trocador de calor. A vantagem do circuito fechado é utilizar alta pressão em todo o
sistema, o que reduz o tamanho da turbina, e a possibilidade de variação de potência
(ao variar a pressão de trabalho). A maior desvantagem é a necessidade de um
sistema de aquecimento entre o compressor e a turbina (NASCIMENTO et al., 2004).

As turbinas a gás admitem o ar do ambiente e esse ar é direcionado ao compressor,


onde irá ocorrer compressão adiabática com aumento de pressão e temperatura. Esse
ar é direcionado para a câmara de combustão, onde é injetado o combustível. A
41

combustão ocorre a pressão constante, ocasionando um aumento de temperatura e


consequente aumento do volume do fluxo de gases. Esses gases quentes e sob
pressão acionam a turbina, gerando trabalho mecânico (Figura 12).

Figura 12 - Fluxograma de uma turbina a gás ciclo Brayton movida a gás natural

Fonte: Falco, 2011.

As turbinas a gás (TG) em ciclo simples possuem partida rápida, sendo ideais para
atender a demanda em períodos de pico. Os componentes básicos de uma turbina a
gás são (Figura 13):

- compressor: comprime o ar, com consequente aumento de temperatura e o direciona


pressurizado e quente à câmara de combustão;

- sistema de combustão: é composto por injetores que despejam combustível na


proporção desejada, a fim de formar uma mistura ar/combustível que queime em altas
temperaturas.

- turbina: conjunto de palhetas por onde passam os gases em expansão, fazendo com
que o eixo da turbina gire e, consequentemente, gire o eixo do gerador elétrico
(EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2016).
42

Figura 13 - Componentes básicos de uma turbina a gás

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética, 2016.

A máxima potência útil fornecida pela turbina é limitada pela temperatura máxima que
o material pode suportar e pela vida útil requerida. Os principais fatores que afetam o
desempenho da TG são a eficiência dos componentes e a temperatura de entrada na
turbina. Outro fator relevante é o tipo da câmara de combustão, podendo ser a pressão
constante ou a volume constante. Na teoria, a eficiência térmica a volume constante
é maior, porém as dificuldades mecânicas também aumentam, sendo necessárias
válvulas com poder de isolação elevado (NASCIMENTO et al., 2004).

As turbinas a gás industriais podem ser aeroderivativas ou heavy duty. Como o próprio
nome diz, as aeroderivativas são turbinas aeronáuticas que sofrem alterações para
trabalharem com combustível industrial. Basicamente são formadas por um gerador
de gás acoplado a uma turbina livre. São conhecidas pela eficiência, confiabilidade,
pelo tamanho reduzido e flexibilidade de manutenção. São usadas geralmente em
plataformas, potência de pico em termelétricas e propulsão naval. As heavy duty são
projetadas para aplicação industrial e conhecidas por sua robustez, flexibilidade no
uso de combustível, confiabilidade e baixo custo. São de eixo simples, um compressor
e uma câmara de combustão. De acordo com o porte, as turbinas industriais podem
ser divididas em pequeno porte - até 1 MW, médio porte - 1 a 15MW e grande porte –
acima de 15 MW (NASCIMENTO et al., 2004).

As turbinas podem ser instaladas em diversas configurações, podendo ser


adicionados compressores, outras turbinas, trocadores de calor, possuírem mais de
43

uma câmara de combustão, etc. Na configuração com um eixo, parte da potência é


utilizada no compressor e o restante é fornecido como potência útil. Essa tipologia é
muito utilizada para operações com carregamento e velocidade constante, como é o
caso da geração de energia elétrica, onde geralmente são empregas as turbinas
Heavy Duty Gas Turbine (NASCIMENTO et al., 2004).

As vantagens das termelétricas de ciclo simples são: elevado estágio de


amadurecimento tecnológico, menor custo, menor complexidade e posteriormente
pode ser transformada em ciclo fechado. Em contrapartida, a eficiência dessas usinas
é baixa (entre 36% e 39%), devido ao desperdício energético causado pelo não
aproveitamento dos gases de exaustão, enquanto que o ciclo combinado apresenta
eficiência entre 50% e 61% (ARRIETA; NASCIMENTO; MAZURENKO, 2004).

2.4.3 Termelétricas com motores de combustão interna (MCI) alternativos

Os Motores a Combustão Interna (MCI) são máquinas térmicas nas quais a energia
térmica do combustível se transforma em energia mecânica no eixo. Os MCI
alternativos são subdivididos de acordo com sua ignição, podendo ser por centelha
(ciclo Otto) ou por compressão (ciclo Diesel). Na ignição por centelhamento, uma
mistura ideal ar/combustível é admitida na câmara de combustão e somente será
queimada após o centelhamento causado por uma vela de ignição. No motor ignitado
por compressão, o ar admitido é comprimido até uma determinada pressão, com esse
aumento de pressão há também a elevação da temperatura dentro do cilindro,
fazendo com que ocorra combustão espontânea do combustível quando esse for
injetado (TEIXEIRA; COBAS, 2004). Na figura 14, é mostrado um motor a combustão
da Wartisilla.
44

Figura 14 – Motor a Combustão Interna (MCI)

Fonte: Wartsilla, acesso em 14 set. 2017.

Na geração de energia elétrica, os motores mais competitivos são os a Diesel e a gás,


devido à sua elevada eficiência térmica. Além dessa eficiência, esses motores são
menos sensíveis às condições locais de temperatura, pressão e umidade, quando
comparados às turbinas a gás (TEIXEIRA; COBAS, 2004).

Os MCIs são máquinas eficientes em carga nominal e parcial, chegando até 50% de
eficiência, principalmente para pequenas capacidades. Na geração de energia
elétrica, podem ser usados para gerar até 50MW (ARRIETA; NASCIMENTO;
MAZURENKO, 2004). Também existem os MCIs híbridos, que utilizam sistemas de
ignição de centelhamento e de compressão, com o intuito de obter a melhor razão de
compressão, elevando a eficiência.

2.4.4 Termelétricas de ciclo combinado

O ciclo combinado é a combinação entre o ciclo Brayton e o ciclo Rankine, sendo o


mais difundido o que combina o ciclo Brayton aberto e o ciclo Rankine fechado,
podendo ainda ter um ou mais níveis de pressão. A Figura 15 representa o ciclo
combinado com apenas um nível de pressão, sendo o calor dos gases de exaustão
da turbina recuperados em um gerador de vapor. Com apenas um nível de pressão,
cerca de 30% da energia elétrica gerada no ciclo é obtida na turbina a vapor.
45

Figura 15 – Ciclo combinado Brayton/Rankine com um nível de pressão

Fonte: Nascimento et al., 2004.

O uso de dois níveis de pressão na caldeira de recuperação permite aumentar a


potência gerada em até 10% e com um terceiro nível, aumentar mais 3% (MARTSON;
HYRE, 1995). A Figura 16 mostra um ciclo combinado com três níveis de pressão:
baixa pressão (BP), média pressão (MP) e alta pressão (AP).

Figura 16 – Ciclo combinado Brayton/Rankine com três níveis de pressão: BP (baixa


pressão), MP (média pressão) e AP (alta pressão)

Fonte: Nascimento et al., 2004.

Em um ciclo Rankine, gera-se vapor devido a uma grande diferença de temperatura.


Os gases de exaustão da combustão se encontram na faixa dos 1.000 ºC, enquanto
que o vapor gerado se encontra em torno de 500 ºC. As termelétricas de ciclo
combinado possuem uma turbina a gás acoplada a uma turbina a vapor (TV), dessa
46

forma obtém-se maior aproveitamento da energia inicial contida no combustível. Esse


aproveitamento é possível com a alocação dos ciclos em cascatas energéticas, que é
formada quando ao invés de se utilizar um grande diferencial de temperatura em um
processo de troca térmica - processo esse com elevadas perdas - se usa um ciclo
Brayton para obter trabalho.

Alguns tipos de termelétricas de ciclo combinado são: série, paralelo e série-paralelo


(Figura 17).

- Série: os gases de exaustão da turbina a gás são utilizados para aquecer uma
caldeira de recuperação, que gerará o vapor que será fornecido para a turbina a vapor.

- Paralelo: o combustível é usado para gerar calor para os dois ciclos. A maior
dificuldade desta configuração é a necessidade de combustível de alta qualidade.

- Série-Paralelo: similares ao tipo série, com o diferencial de ser utilizado combustível


para aquecer a caldeira, adicionalmente aos gases de exaustão.

Figura 17 - Tipos de termelétricas de ciclo combinado: a) em série; b) em paralelo; c)


em série-paralelo

Fonte: Arrieta; Nascimento; Mazurenko, 2004.

Dentre as vantagens da aplicação de ciclos combinados, temos um aumento da


eficiência da usina, alcançando uma média na faixa de 55% a 58%, podendo atingir
até 63% (ISHIKAWA et al., 2008; LORA; NASCIMENTO, 2004). Além disso, a faixa
de potência é ampla (de quilowatts a gigawatts), graças às diversas configurações
oferecidas pelos fabricantes (ARRIETA; NASCIMENTO; MAZURENKO, 2004).
47

Os principais equipamentos do ciclo combinado são: caldeiras de recuperação de


vapor, turbina a vapor, turbina a gás, condensador e torre de resfriamento (ARRIETA;
NASCIMENTO; MAZURENKO, 2004).

A caldeira de recuperação (CR) é o acoplamento entre os ciclos a gás e a vapor. Os


gases de escape de uma turbina a gás saem a altas temperaturas e podem ser
aproveitados como fonte de energia para um ciclo a vapor. Ela também é comumente
chamada por sua sigla em inglês, Heat Recovery Steam Generation (HRSG). É
composta por: superaquecedor, evaporador e economizador, que são montados em
uma sequência que visa maximizar a recuperação do calor dos gases e a geração de
vapor (LORA et al., 2004).

As caldeiras podem ser horizontais ou verticais, de circulação natural (fluido circula


devido à diferença de densidade) ou de passe único (fluido circula devido à diferença
de pressão, causada por uma bomba). Nessa configuração pode-se gerar vapor em
parâmetros de temperatura e pressão que elevam a eficiência global, porém com a
desvantagem de elevar os custos de investimento e operação e manutenção (Figura
18).

Figura 18 – Caldeira de recuperação em arranjo vertical

Fonte: Lora et al., 2004.

Para que uma CR seja viável, os seguintes parâmetros devem ser estabelecidos:
pressão do gás de entrada; níveis de pressão e temperatura desejados; diferença
48

mínima de entre a temperatura do gás na saída do evaporador e temperatura de


saturação do vapor (essa diferença de temperatura também é chamada de pinch
point); temperaturas de aproximação no economizador e superaquecedor (Figura 19).
No economizador, a temperatura de aproximação é a diferença entre a temperatura
do gás na saída do evaporador e a temperatura da água na saída do economizador.
Para o superaquecedor, é a diferença entre a temperatura do gás que entra na CR e
do vapor superaquecido que sai da CR (LORA et al., 2004) .

Figura 19 – Representação do pinch point e temperaturas de aproximação

Fonte: Lora et al., 2004.

A tabela 6 contém os valores recomendados para os parâmetros descritos acima.

Tabela 6 – Recomendação do valor da pressão de entrada do gás, pinch point e


temperaturas de aproximação
Parâmetro Valor

Pressão de entrada 2,5 – 3,7 kPa

Pinch point 11 – 28 ºC

Aproximação de temperaturas no economizador 6 – 17 ºC


Aproximação de temperaturas no
22 – 3 3ºC
superaquecedor
Fonte: Babcok & Wilcox, 1992.

2.5 CENTRAIS GERADORAS DE ENERGIA ELÉTRICA

Central geradora é o agente que explora a atividade de geração de energia elétrica,


podendo ter instalações de interesse restrito. Nesse conceito incluem-se:
autoprodutores, cogeradores, geradores distribuídos e produtores independentes
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016c).
49

A definição de geração distribuída (GD) possui algumas divergências dependendo das


fontes utilizadas. Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), a geração
distribuída é definida como (EMPRESA DE PESQUISA ENERGETICA, 2007):

[...]aquela geração que é realizada próxima do consumidor final, cuja


instalação objetiva atendimento prioritário a este, podendo ou não gerar
excedentes energéticos comercializáveis para além das instalações do
consumidor final.

A GD pode ser de grande porte (industrial) ou médio/pequeno porte (setor comercial


e residências). Na legislação, são encontrados outros conceitos para a geração
distribuída. Segundo o decreto nº 5.163 (BRASIL, 2004), a definição é:

Art. 14. Para os fins deste Decreto, considera-se geração distribuída a


produção de energia elétrica proveniente de empreendimentos de agentes
concessionários, permissionários ou autorizados, incluindo aqueles tratados
pelo art. 8o da Lei no 9.074, de 1995, conectados diretamente no sistema
elétrico de distribuição do comprador, exceto aquela proveniente de
empreendimento:
I - hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW; e
II - termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética inferior a
setenta e cinco por cento, conforme regulação da ANEEL, a ser estabelecida
até dezembro de 2004.
Parágrafo único. Os empreendimentos termelétricos que utilizem biomassa
ou resíduos de processo como combustível não estarão limitados ao
percentual de eficiência energética prevista no inciso II do caput.

De acordo com o glossário de termos técnicos dos Procedimentos de Distribuição -


PRODIST (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016c), a definição de
geração distribuída é:

[...] centrais geradoras de energia elétrica, de qualquer potência, com


instalações conectadas diretamente no sistema elétrico de distribuição ou
através de instalações de consumidores, podendo operar em paralelo ou de
forma isolada e despachadas – ou não – pelo ONS (Operador Nacional do
Sistema).

Devido a essas diferentes definições, diversas fontes energéticas podem ser usadas
para aderir ao modelo de geração distribuída, sendo as fontes renováveis
(fotovoltaica, eólica e biomassa) as mais incentivadas. No ramo das energias não
renováveis são comuns motogeradores e microturbinas a gás, cogeração a gás,
motores a diesel.
50

O autoprodutor é a pessoa física ou jurídica que recebe autorização para gerar energia
que será destinada exclusivamente ao seu próprio consumo (BRASIL, 1996) e que
pode, mediante autorização da ANEEL, comercializar o excedente (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016c).

O produtor independente é a pessoa jurídica que recebe concessão ou autorização


para vender toda ou parte da energia produzida, por sua conta e risco (BRASIL, 1996).
São caracterizados por centrais térmicas ou hidrelétricas e seu respectivo sistema de
transmissão (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016c).

A cogeração é o “processo operado numa instalação específica para fins da produção


combinada das utilidades calor e energia mecânica” (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2016c).

Para garantir a comercialização da energia, o PIE e o autoprodutor terão amplo acesso


às redes de transmissão e distribuição, devendo pagar o custo de transporte, a ser
definido pela ANEEL por meio de ato específico (BRASIL, 1996).

A modalidade de operação pode ser integrada ou não integrada. A operação integrada


ao sistema é aquela em que as regras operativas buscam aumento da otimização dos
recursos energéticos. Sempre que houver interferência significativa da central
geradora, o ato autorizativo disporá sobre a necessidade de operação integrada. As
usinas termelétricas destinadas a autoprodução operarão na modalidade não
integrada, podendo ser interligadas ao sistema elétrico. A operação da central
geradora integrada será definida com base em estudos pelos órgãos responsáveis
pela otimização. Os contratos e autorizações definirão o montante de energia anual e
potência que poderão ser comercializados ou utilizados para consumo próprio, nos
casos de operação integrada. Nos casos de operação não integrada, os contratos e
autorizações definirão o montante de potência associado ao empreendimento
(BRASIL, 1996).

O produtor independente poderá comercializar energia com: concessionário ou


permissionário de serviço público de energia elétrica; consumidores com contratos
vigentes com carga igual ou maior que 10.000 kW, em tensão igual ou superior a
51

69kV; novos consumidores, com carga maior que 3.000 kW, em qualquer tensão;
conjunto de consumidores, independente de tensão ou carga, nas condições
previamente ajustadas com a concessionária local e qualquer consumidor que
demonstre não ter sido atendido pela concessionária dentro do prazo de 180 dias após
a solicitação. Poderá o PIE permutar blocos de energia economicamente equivalentes
para possibilitar o consumo em instalações industriais de sua propriedade (BRASIL,
1996).

O autoprodutor deverá demonstrar à ANEEL que a energia elétrica gerada será


destinada a consumo próprio, podendo ser facultada a compra, por concessionário ou
permissionário de serviço público de distribuição, do excedente gerado; a permuta de
energia, para utilização em propriedades do autoprodutor em local diverso daquele
onde ocorre a geração, também pode ser autorizada pelo órgão regulador (BRASIL,
1996).

A comercialização de energia elétrica no Brasil é realizada de duas maneiras: no


Ambiente de Contratação Livre (ACL) e no Ambiente de Contratação Regulada (ACR),
sendo os contratos obrigatoriamente registrados na Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE). No ACL, há uma livre negociação entre os compradores e
vendedores, com definição do preço de comum acordo. No ACR, a compra e venda
de energia elétrica acontece por meio de leilões regulados pela ANEEL e com preço
da energia definido (CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA,
[s.d.]). Os produtores independentes e os autoprodutores podem atuar nos dois
ambientes.

2.6 CENTRAIS TERMELÉTRICAS E O SISTEMA ELÉTRICO

A energia elétrica, diferentemente de outros bens econômicos, é consumida no


mesmo instante na qual é produzida. Diante disso, se faz necessário haver um
controle de demanda e geração. Se a conexão da unidade geradora for feita na rede
de distribuição, os requisitos a serem cumpridos antes, durante e após a conexão
estão listados no PRODIST, sendo necessário firmar contrato com a concessionária
local (LIMA; MENDES, 2004).
52

Os principais equipamentos que usualmente compõem o sistema elétrico de uma


termelétrica são: gerador síncrono, regulador de velocidade e transformador elevador
(para os casos onde há necessidade). Os geradores síncronos presentes nas térmicas
são os turbogeradores, que são acionados por turbinas e possuem velocidades típicas
de 3600 ou 1800 rpm - para sistemas elétricos com frequência de 60 Hz. São
constituídos por dois componentes: o rotor, que é acoplado ao eixo da turbina e é a
parte móvel e a armadura, que é montada na carcaça do gerador. O rotor é composto
de bobinas montadas sobre pólos magnéticos. A relação entre número de pólos e
frequência da tensão gerada é dada pela equação 12 (GRAINGER; STEVENSON,
1994).

p×n
f= (12)
𝟏𝟐𝟎

Onde:
f: frequência (Hz)
p: número de pólos (-)
n: velocidade de rotação do motor (rpm)

As especificações mínimas para um gerador são: potência, tensão, fator de potência


(valores típicos entre 0,8 e 0,9 indutivo), corrente, rotação, classe de isolamento, tipo
de refrigeração e característica construtiva (LIMA, 2002). A potência nominal do
gerador é dada pela equação 13.

PT ×ηg
SN = (13)
FPN

Onde:
SN : Potência nominal do gerador (VA)
PT : Potência nominal da turbina (W)
ηg : Rendimento do gerador (-)

FPN : fator de potência nominal (-)


53

Com relação à potência nominal, o gerador pode ser conectado a um barramento por
meio de um transformador, que será responsável por compatibilizar a tensão. Esse é
o caso de centrais que são interligadas nas linhas de transmissão com tensões acima
de 13,8kV. O segundo caso é quando o gerador é acoplado diretamente no
barramento, com apenas um disjuntor, devendo ter a tensão de saída igual à do
barramento; esse caso é o das indústrias que fazem cogeração (LIMA, 2002).

A escolha da tensão de geração deve considerar não somente os custos do gerador,


mas também o custo da interligação gerador-transformador e de outros equipamentos
ligados à tensão de geração (ELETROBRÁS, 1982).

A tabela 7 apresenta a seleção da tensão de geração que resulte numa solução


economicamente atraente.

Tabela 7 – Seleção de tensão de geração, para determinada potência do gerador


Potência do gerador (MVA) Tensão do gerador (V)

<2 220/380 ou 480


<3 2.300

<5 4.160
< 15 6.900
> 10 13.800
Fonte: Eletrobrás, 1982.

A corrente nominal de fase é calculada pela equação 14.

SN
IN = (14)
√3×UN

IN : corrente nominal de fase (A)


SN : Potência nominal do gerador (VA)
UN : Tensão nominal (V)

A classe de isolamento define a elevação de temperatura admissível durante a


operação da máquina. A vida útil de um equipamento elétrico tem forte ligação com
54

sua temperatura de operação. A tabela 8 contém os valores de limites térmicos para


cada uma das categorias, na temperatura ambiente de 40 ºC.

Tabela 8 – Limites térmicos, por classe de isolamento, em temperatura ambiente de


40 ºC
Característica Classe A Classe E Classe B Classe F Classe H

Elevação de temperatura média


60 75 80 100 125
admissível (ºC)
Diferença de temperatura entre o
ponto mais quente e a 5 5 10 15 15
temperatura média (ºC)
Temperatura admissível no ponto
105 120 130 155 180
mais quente (ºC)
Fonte: Lima, 2002.

O sistema de refrigeração é responsável pela retirada de calor do equipamento, sendo


caracterizado pelo tipo de fluido, pelo arranjo do circuito e pelo modo de suprimento
de energia para a circulação do fluido refrigerante. Para geradores menores que 100
MW é comum utilizar resfriamento a ar, que pode ser de livre circulação, com
exaustores ou com trocadores de calor (LIMA, 2002).

O transformador deverá ter potência superior ou igual à potência máxima do gerador,


sendo recomendável procurar especificar um valor de potência padronizado, a fim de
reduzir os prazos e o custo de aquisição. Recomenda-se também instalá-lo o mais
próximo possível da casa de força, com o objetivo de reduzir os custos com cabos e
redução das perdas (ELETROBRAS, 1982).

O regulador de velocidade (também conhecido como governor) é o equipamento


responsável pelo controle da velocidade do gerador e, consequentemente, da turbina
a ele associada - atuando nas válvulas de admissão de fluido, reduzindo ou
aumentando sua abertura. Os transformadores elevadores são equipamentos
responsáveis por aumentar a tensão da energia, que é gerada entre 10 e 30 kV, até
os valores das linhas de transmissão - usualmente entre 138 kV e 765 kV (LIMA;
MENDES, 2004).
55

2.7 VIABILIDADE ECONÔMICA

2.7.1 Conceitos básicos de análise econômica

As decisões acerca de investimento passam por uma análise de viabilidade


econômica, podendo ser utilizada para comparar mais de uma alternativa ou para
elucidar a economicidade de uma alternativa específica (MARTINS, 2004).

Para a análise econômica, alguns indicadores são pertinentes de serem utilizados,


como o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Tempo
de Retorno de Capital (TRC).

- Tempo de Retorno de Capital (TRC) ou payback: tempo necessário para que o


empreendimento recupere seu investimento inicial. É uma das formas mais simples
para analisar a economicidade de uma única alternativa (GITMAN, 2001) e seu cálculo
é feito pela equação 15:

Cinv
TRC= (15)
B

Onde:
TRC: Tempo de Retorno de Capital (anos)
B: Balanço anual (R$)
Cinv: Custo de investimento (R$)

- Valor Presente Líquido (VPL): são as projeções de fluxo de caixa futuros trazidos ao
valor presente (GITMAN, 2001). É um método interessante para se comparar
alternativas mutuamente excludentes. Deve-se considerar apenas os aspectos que
diferenciam uma alternativa da outra, mantendo o período de análise o mesmo para
todas as alternativas. A alternativa que obtiver o maior valor de VPL, será a mais
atraente economicamente (MARTINS, 2004). Para o cálculo do VPL, são utilizadas as
equações 16 e 17:
56

( (1 + i ) t ) - 1
FVP = ×B (16)
((1+i)t)× i

VPL = FVP - Cinv (17)

Onde:
FVP : Fator de Valor Presente (-)
i : Taxa anual de juros (-)
t : tempo (anos)
B : Balanço anual (R$)
Cinv : custo do investimento (R$)

- Taxa Interna de Retorno (TIR): taxa de retorno necessária para igualar o valor do
custo de investimento com os respectivos fluxos de caixa futuros, ou seja, a taxa
necessária para igualar o fluxo de receita ao fluxo de custos. A TIR é muito utilizada
para a comparação entre investimentos dos tipos mais variados setores, propiciando
uma avaliação rápida e de fácil entendimento para o investidor (SOUZA; CLEMENTE,
2001),. Para o cálculo da TIR, é utilizada a equação 18:

B
0=Cinv + ∑N
t=1 (18)
(1+TIR)t

Onde:

TIR: Taxa Interna de retorno (%)


t : tempo (anos)
B : Balanço anual (R$)
Cinv : custo do investimento (R$)

2.7.2 Custos associados a centrais termelétricas

Os custos de uma usina podem ser divididos em custos de investimentos (associados


à construção) e de geração – operação e manutenção (TOLMASQUIM, 2016).
57

Os custos de investimento incluirão licenciamento ambiental, obras, equipamentos


mecânicos, elétricos, automação, montagem, comissionamento e interligação à rede
(ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION, 2013; MARTINS, 2004). Os custos
diretos de investimento são tipicamente compostos pelos equipamentos
eletromecânicos (60%), montagem dos equipamentos (12%), construção (21%) e
outros (7%), sendo responsáveis por 70% do custo total de investimento. Os custos
indiretos são os custos relacionados à tributação, legislação ambiental e outras
despesas comuns na implantação de centrais térmicas, correspondendo, tipicamente,
aos 30% restantes do custo de investimento total. Uma alternativa para a estimativa
desses custos é tomar como referência os custos de empreendimentos anteriores com
características similares (MARTINS, 2004), devendo ser feita uma avaliação mais
detalhada desses durante as etapas posteriores, de forma a ajustar de acordo com as
peculiaridades de cada projeto. A tabela 9 resume os custos de investimentos em
termelétricas a gás, apresentados em estudos internacionais.

Tabela 9 - Custos de investimentos, por tipologia

Tipologia Custo de investimento (US$/kW)

Central a vapor 1.613

Turbina a gás 1.123


Ciclo combinado 998
Motores a combustão interna 1.370
Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Empresa de Pesquisa Energética, 2016; US Energy
Information Administration, 2016.
Nota: Valores expressos em dólar referente ao ano de 2017.

Os custos de operação e manutenção (O&M) são classificados como fixos ou


variáveis. Os custos fixos não variam com o número de horas de operação nem com
o fator de capacidade. São eles: custos com manutenção preventiva, mão de obra e
encargos mensais de operação. Os custos variáveis são diretamente proporcionais à
quantidade de energia produzida; incluem o consumo de água, lubrificantes e
combustíveis e os custos de paradas programadas de manutenção mais longas
(ENERGY INFORMATION ADMINISTRATION, 2013). A tabela 10 contém os dados
de custos de operação e manutenção.
58

Tabela 10 – Custos de operação e manutenção, por tipologia


Custos de O&M fixo (US$/kW Custos de O&M variável
Tipologia
x ano) (US$/MWh)
Central a vapor 10,93 8,68

Turbina a gás 7,44 13,36

Ciclo combinado 14,77 3,62


Motores a combustão
16,45 6,04
interna
Fonte: Elaborado pela autora adaptado de US Energy Information Administration, 2016; Olson et al.,
2014; Tolmasquim, 2016.
Nota: Valores expressos em dólar referente ao ano de 2017.
59

3 ESTUDO DE CASO

3.1 AQUISIÇÃO DE DADOS

Foram reunidos dados da UTG Sul Capixaba, localizada no município de Anchieta. A


UTG recebe o gás advindo das plataformas do parque das baleias (localizado no sul
do estado do Espírito Santo) e produz, em média, 1.500.000 Nm 3/dia de gás natural e
65 m3 de gasolina natural. Os dados foram coletados no período de 01/ago/2016 a
01/mar/2017. A data inicial foi escolhida após o comissionamento e estabilização da
plataforma que mais recentemente iniciou o envio de gás para a unidade, a P-58. A
data final foi escolhida por ser a mais recente ao início da aquisição dos dados. Esse
período é representativo, uma vez que o processo de produção de óleo nas
plataformas com consequente envio de gás para a UTG é contínuo e não apresenta
grandes mudanças (salvo em paradas operacionais). Os dimensionamentos dos
equipamentos não têm o objetivo de serem precisos e específicos como em uma etapa
de projeto e sim de demonstrar se existem ou não equipamentos no mercado que
satisfaçam preliminarmente às condicionantes estabelecidas pelo caso em estudo,
além de oferecerem dados para o levantamento da ordem de grandeza dos custos e
assim possibilitar a análise de viabilidade econômica.

3.1.1 Características do gás

Foram reunidos dados da cromatografia do gás queimado na tocha da UTG Sul


Capixaba. Na tabela 11, encontra-se a média da composição deste gás. Observou-se
que a soma das porcentagens não totalizou em 100% e isso se deve à incerteza de
medição do cromatógrafo (±0,5%), conforme manual do fabricante (YOKOGAWA,
[s.d.]).
60

Tabela 11 – Cromatografia média do gás queimado na tocha, por composição, no


período AGO 2016 – MAR 2017, UTG
Composição Porcentagem Molar (%)
Inertes 0,123
Metano (C1) 7,189
Etano (C2) 13,365
Propano (C3) 32,701
Butano soma (C4s) 41,193
Pentano soma (C5s) 5,420
Nitrogênio (N2) 0,052
Gás carbônico (CO2) 0,072
TOTAL 100,115
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Além da cromatografia, foi coletada a densidade do gás de queima. Essa medição é


realizada em linha e de forma automática por um módulo do soprador de ar da tocha.
Essa medição é utilizada para o ajuste automático da rotação do soprador, a fim de
manter a chama da tocha estável e a queima o mais próximo possível da combustão
completa. Algumas propriedades importantes do gás queimado estão na tabela 12.

Tabela 12 – Propriedades do gás queimado


Propriedade Valor
Poder Calorífico Inferior (MJ/Nm 3) - Eq. 1 91,64
Densidade do gás (kg/m 3) – coletado 1,58
Densidade relativa – Eq. 2 1,31
Índice de Wobbe (MJ/Nm 3) – Eq. 3 74,37
Número de Metano – Eqs. 6 e 7 38,84
Low Heating Value (MJ/kg) – Eq. 5 45,87
High Heating Value (MJ/kg) – Eq. 5 49,78
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

A medição de vazão foi realizada por meio de um medidor ultrassônico instalado a


montante do coletor da tocha (Figura 20).
61

Figura 20 - Esquema simplificado do coletor de tocha

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Medidores ultrassônicos utilizam pulsos de ondas moduladas, que são emitidas dentro
da tubulação, no sentido da corrente e no sentido oposto à corrente de fluido. Esses
sinais são emitidos alternadamente e ocorre uma diferença no tempo de transmissão
através do fluido em função da corrente agir a favor do movimento de um sinal e contra
o movimento do outro. Essa diferença é proporcional à velocidade de escoamento.
Assim, esses sinais podem ser convertidos em medida de vazão.

A vazão de queima medida no intervalo exposto acima variou entre 73,74 Nm3/h e
115.280 Nm3/h, com média calculada pela equação 19.

∑ Vinst
Vmédia = = 1.335,84Nm3 /h (19)
n

Onde:
Vmédia : Vazão média no período aquisitivo (Nm3/h)
Vinst : Vazão instantânea (Nm3 /h)
n: Número de medições

A vazão mássica média é dada por:

Vmas = Vmédia × 𝝆 (20)


62

Onde:
Vmas : Vazão mássica (kg/h)
Vmédia : Vazão média volumétrica (Nm3/h) – Eq. 19
𝜌: densidade (kg/m3) – Tabela 12

A cromatografia do gás queimado não foi realizada por não haver ponto de
amostragem adequado, porém a maior parcela do gás de queima é proveniente da
abertura da válvula de alívio do topo da torre desbutanizadora – PV-1237054B (Figura
21) e nesse ponto há uma análise de composição em linha, que foi a cromatografia
utilizada no decorrer deste trabalho.

Figura 21 – Porcentagem de abertura das válvulas de queima, no período AGO 2016


– MAR 2017
63

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


64

3.1.2 Demanda da UTG

Analisando a curva de demanda no mesmo período utilizado para a aquisição dos


dados do gás, pôde-se ver que a curva de carga é típica, uma vez que a operação da
unidade é contínua e com um número praticamente imutável de equipamentos
operando simultaneamente, exceto em trocas de um equipamento por seu stand-by,
testes de equipamentos para manutenções preventivas/preditivas ou paradas de
planta (as paradas estão representadas pelos pontos no gráfico com valores bem
abaixo do consumo normal) – Figura 22.

Figura 22 - Curva de demanda ativa da UTG, no período AGO 2016 – MAR 2017,
UTG

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Os resultados de demanda foram obtidos através do gráfico da Figura 22 e estão na


tabela 13:

Tabela 13 – Demanda, no período AGO 2016 – MAR 2017, UTG


Demanda kW
Mínima 406
Máxima 1.670
Média 1.452
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
65

A energia média consumida durante um mês pôde ser calculada pela equação 21.

Econsumida = Dmed ×24×30 (21)

Onde:
Econsumida : Energia consumida no mês (kWh)
Dmed: Demanda média (kW) – Tabela 13

O valor encontrado para a energia média consumida em um mês foi de 1,046 GWh.

3.1.3 Contrato de energia elétrica

Para simplificar os cálculos, foi escolhido o mês de fevereiro/2017 para uma análise
das tarifas aplicadas e dos gastos com energia da unidade de tratamento de gás,
sendo esse o último mês completo antes do início dessa análise. Esses valores são
representativos, pois não houve nenhuma mudança importante na curva de demanda
no período entre agosto/2016 e março/2017, conforme mostrado na Figura 22. Os
valores contratados pela UTG juntamente com a concessionária de energia, estão na
tabela 14. As tarifas aplicadas pela concessionária estão na tabela 15 e correspondem
ao tarifário azul. Os valores de demanda e energia encontrados através da curva de
demanda estão na tabela 16.

Tabela 14 – Valores contratuais de tensão e demanda, UTG, em FEV/2017


Item Valor contratado
Tensão Contratada 138,0 kV
Demanda Contratada Ponta 1.800 kW
Demando Contratada Fora Ponta 2.100 kW
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
66

Tabela 15 – Preços unitários do kWh, por tarifa, referente à tarifa azul.


Tarifa Preço unitário (R$/kWh)
Preço unitário do kWh 0,05590
TE Ponta Bandeira Verde 0,33947
TE Ponta Bandeira Amarela 0,35447
TE Ponta Bandeira Vermelha – Patamar 1 0,36947
TE Ponta Bandeira Vermelha – Patamar 2 0,38447
TE Fora Ponta Bandeira Verde 0,22399
TE Fora Ponta Bandeira Amarela 0,23899
TE Fora Ponta Bandeira Vermelha – Patamar 1 0,25399
TE Fora Ponta Bandeira Vermelha – Patamar 2 0,26889
Fonte: EDP Escelsa, 2017.

Tabela 16 – Valores de demanda ativa e energia ativa, em FEV 2017, UTG


Itens Leituras
Demanda Máxima Ponta 1.624 kW
Demanda Máxima Fora Ponta 1.702 kW
Energia Ponta 90.462 kWh
Energia Fora Ponta 886.474 kWh
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

A curva de demanda ativa do mês de fevereiro de 2017 está na Figura 23.

Figura 23 – Curva de carga diária, em FEV, UTG


Demanda (KW) 1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
00:00:00 03:30:00 07:00:00 10:30:00 14:00:00 17:30:00 21:00:00
Horário (hs)

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


67

Uma característica que pôde ser observada pela Figura 23 é que a demanda da
unidade não varia significativamente durante o dia.

Os valores referentes a fevereiro/2017 de TUSD foram consultados no sítio eletrônico


da Escelsa (EDP ESCELSA, 2017) e estão na tabela 17.

Tabela 17– Tarifas de Uso do Serviço de Distribuição, para o grupo A2 (88 a 138kV),
no período de FEV 2017, Espírito Santo
Preço por demanda
Tarifa Preço por consumo (R$/kWh)
(R$/kW)

TUSD Ponta 9,94 -

TUSD Fora de Ponta 3,04 -

TUSD Consumo - 0,05590

Fonte: EDP Escelsa, 2017.

3.2 ESTIMATIVA DE POTÊNCIA E ENERGIA ELÉTRICA GERADA

Primeiramente, foi definido que a usina operará em regime permanente. Foram


utilizados o heat rate encontrado na literatura, o cálculo do PCI do gás que é queimado
e a média de vazão de queima, sendo possível estimar a quantidade de energia e de
potência nominal de cada tecnologia de termogeração a gás. As equações 22 e 23
demonstram os cálculos de potência e energia e os resultados encontrados estão
apresentados na tabela 18.

P = Vmed ×PCI /HRmed (22)

30
Egerada = P×24h× 1000 (23)

Onde:
P: Potência nominal da tipologia (MW)
Egerada : Energia gerada em um mês (GWh)
Vmed : Vazão média de gás queimado (Nm3 /h) – Eq. 19
PCI: Poder Calorífico Inferior do gás (MJ/Nm3 ) – Tabela. 12
68

HRmed : Heat Rate médio da tipologia (KJ/kWh) – Tabela. 5

Tabela 18– Valores estimados de energia (kWh) e potência nominal (MW), por
tipologia de geração
Potência nominal (MW) – Eq. Energia gerada em 1 mês
Tipologia
22 (GWh) – Eq. 23
Central a vapor 15,75 11,34
Turbina a gás 13,16 9,48
Ciclo combinado 18,69 13,46
Motores a combustão
15,06 10,84
interna
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

3.3 DEFINIÇÃO DO MERCADO

A legislação brasileira permite que ocorra a venda de energia elétrica excedente, nas
seguintes modalidades (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016c):
geração distribuída, produtor independente ou autoprodutor (mediante autorização
expressa da agência e interesse da concessionária ou permissionária).

A modalidade de geração distribuída não é contemplada por termelétricas com


eficiência menor que 75% (BRASIL, 2004), eficiência essa que não espera-se
alcançar para o caso em questão, devido ao gás ser oriundo de processo. A opção de
autoprodutor é destinada para aquelas centrais que gerarão energia exclusivamente
para o seu próprio consumo, devendo pedir autorização à ANEEL para comercializar
algum possível excedente de energia. A alternativa de produtor independente não
necessita de autorização para cada venda de excedente. Para estimar o excedente
de energia, em um mês, utilizou-se a equação 24:

Eexc = Egerada - Econsumida (24)

Onde:
Eexc : Energia excedente em um mês (GWh)
Egerada : Energia gerada em um mês (GWh) - Tabela. 18
Econsumida : Energia consumida em um mês (GWh) – Eq. 21
69

A tabela 19 contém os valores esperados de energia excedente a ser produzida em


um mês. Esse valor é bem acima da energia consumida mensalmente pela UTG e
devido a isso, foi feita a escolha de atuar no mercado como produtor independente,
uma vez que pelos cálculos acima, haverá produção de energia excedente e não é
necessário pedir autorização da ANEEL para cada oferta de excedente, como precisa
ser feito pelos autoprodutores.

Tabela 19– Valores estimados de energia excedente - em um mês (GWh) e potência


injetada na rede (MW), por tipologia de geração

Energia gerada em 1 Excedente gerado em Potência estimada


Tipologia
mês (GWh) – Eq. 23 1 mês (GWh) – Eq. 24 a ser injetada (MW)

Central a vapor 11,35 10,30 14,31


Turbina a gás 9,48 8,44 11,72
Ciclo combinado 13,47 12,42 17,25
Motores a combustão
10,85 9,80 13,62
interna
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Além disso, foi definido que a usina atuaria no Ambiente de Contratação Livre (ACL),
uma vez que no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) é necessária garantia do
fornecimento de energia na forma estabelecida pela ANEEL (CÂMARA DE
COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2017a) e no ACL o contrato é feito
diretamente entre gerador e consumidor, sendo mais flexível.

3.4 ANÁLISE ECONÔMICA INICIAL

Para determinar qual tipologia seria a mais viável economicamente, dentre as quatro
apresentadas, foi utilizado o critério do Valor Presente Líquido (VPL). Nesse método,
para avaliar alternativas mutuamente excludentes, faz-se necessário avaliar somente
o que diferencia essas alternativas. Sendo assim, foram desconsideradas as
seguintes características – uma vez que são iguais para todas as modalidades:
bandeiras tarifárias (foi considerada bandeira verde), sistema de transformação e
interligação na rede e vida útil (30 anos).
70

O tempo de análise foi o de 10 anos, por não haver previsão de desmobilização da


UTG nesse período. A taxa de juros adotada foi a meta da taxa básica de juros
(SELIC) para o ano de 2017 - 12,25% em 03/2017 – (BANCO CENTRAL DO BRASIL,
2017).

Para calcular o valor de retorno financeiro anual, foram realizados os cálculos


referentes a duas parcelas: a primeira é economia com o não pagamento da tarifa de
energia junto à concessionária e a segunda é o valor gerado com a venda do
excedente de energia. Deve-se ressaltar que a tarifa de demanda continuará sendo
paga, para que a UTG permaneça operando em caso de parada da termelétrica.

O primeiro passo foi calcular a economia anual com o não pagamento do consumo de
energia para a concessionária. Como foi possível observar na Figura 22, o consumo
da UTG não alterou significativamente ao longo dos meses e a curva diária é
praticamente constante (Figura 23), não há variação considerável de consumo e
demanda entre os períodos de ponta e fora da ponta, assim a energia consumida
nesses períodos pôde ser calculada por meio das equações 25 e 26 (considerando
um mês de 30 dias):

Ec,p = Pmédia ×3×30 (25)

Ec,fp = Pmédia ×21×30 (26)

Onde:
Ec,p: energia consumida na ponta, em um mês (kWh)
Ec,fp: energia consumida fora da ponta, em um mês (kWh)
Pmédia: potência média de demanda (kW) – tabela. 13

Para o cálculo, foi utilizada a bandeira verde, a fim de representar o pior cenário de
retorno econômico dessa parcela. No período de 24 meses (abril/2015 e abril/2017),
a bandeira verde esteve vigente por 10 meses, representando 41,7 % do período
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]). Para realizar este cálculo,
utilizou-se a equação 27.
71

TEmensal = Ep ×R$kWh,p +Efp ×R$kWh,fp (27)

Onde:
TEmensal: Tarifa de energia mensal (R$)
Ep: Energia consumida mensalmente na ponta (R$) – tabela 16
R$kWh,p: Valor unitário do kWh na ponta (R$) – tabela 15
Efp: Energia consumida mensalmente fora da ponta (R$) – tabela 16
R$kWh,fp: Valor unitário do kWh fora da ponta (R$) – tabela 15

Os resultados estão na tabela das equações 25, 26 e 27 estão na tabela x.

Tabela 20 – Energia consumida na ponta, energia consumida fora da ponta e tarifa


de energia, UTG.
Variável Valor

Energia consumida ponta em um mês (MWh)


131
- Eq. 25
Energia consumida fora ponta em um mês
915
(MWh) – Eq. 26
Valor economizado na ponta em um mês (mil
44
R$)
Valor economizado fora da ponta em um
205
mês (mil R$)
Valor total economizado em um mês (mil R$)
249
– Eq. 27

Valor total economizado em um ano (mil R$) 2.991

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Para calcular o valor monetário gerado em um ano relativo à venda de energia


excedente, multiplicou-se a energia excedente em um mês, referente à cada tipologia,
pelo valor unitário do kWh projetado para o período de 2017-2025 (a última projeção
encontrada foi para o ano de 2025) no Ambiente de Contratação Livre (CAVALIERE,
2017), observando-se que esse valor é uma projeção, uma vez que os preços são
definidos em contrato de forma livre entre o gerador e o consumidor e subtraiu-se o
gasto referente à Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição para centrais geradoras
(TUSDg), que possui a mesma definição já apresentada anteriormente, porém o valor
monetário cobrado é diferenciado ao se comparar consumidores com centrais
72

geradoras. Ao final, multiplicou-se por 12, que é a quantidade de meses contidos em


um ano. Esses procedimentos estão condensados na equação 28.

V = ((Eexc × R$kWh ) - (Pinj ×TUSD ) )× 12 (28)


g

Onde:
V: Valor gerado anualmente por cada tipologia (R$)
Eexc: energia excedente em um mês (kWh) – tabela 19
R$kWh: Valor unitário do kWh = R$ 0,13078/kWh (CAVALIERE, 2017)
TUSDg: Valor unitário do kW = R$ 2,661/kW (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2017)
Pinj: Potência injetada na rede (kW) – tabela 19

Os dados e resultados referentes à equação 28 estão na tabela 21:

Tabela 21 – Valor gerado em um ano com a venda de excedente

Ciclo
Variável Central a vapor Turbina a gás MCI
Combinado

Receita mensal
venda excedente
1.347 1.104 1.624 1.282
em um mês (mil
R$)
Gasto mensal
com TUSDg (mil 38 31 46 37
R$)

Valor gerado em
um ano (mil R$) – 15.708 12.870 18.942 14.951
Eq. 28
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Para estimar os custos de investimento, O&M fixo e O&M variável do caso em estudo,
foram utilizados os valores presentes na tabela 10 (custos encontrados nas
bibliografias) e aplicados aos valores de potência e energia que estão na tabela 18.
Os cálculos estão nas equações 29, 30 e 31.

Cinv = Ctab × CUS$ × P (29)


73

O&Mfixo = O&Mfixo-tab × CUS$ × P (30)

O&Mvar = O&Mvar-tab × CUS$ × Egerada × 12 (31)

Onde:
Cinv : Custo de investimento (R$)
Ctab : Custo de investimento tabelado (US$/kW) - tabela 9
O&Mfixo : Custo fixo de operação e manutenção em um ano (R$)
O&Mvar : Custo variável de operação e manutenção em um ano (R$)
CUS$ : Cotação do dólar em Março⁄17 (R$) = R$3,13 (UOL ECONOMIA, [s.d.])
P: Potência nominal da unidade (kW) – tabela 18
O&Mfixo-tab : Custo fixo de operação e manutenção ( US$⁄(kW×ano) ) - tabela10
O&Mvar-tab : Custo variável de operação e manutenção (US$/kWh) - tabela 10
Egerada : Energia gerada em um mês (kWh) - tabela 18

Na tabela 22, encontram-se os resultados de custo de investimento, O&M fixo anual


e O&M variável anual.

Tabela 22 – Custo de investimento, O&M fixo anual e O&M variável anual, por
tipologia.
Ciclo
Custo Central a vapor Turbina a gás MCI
Combinado

Custo de
investimento (mil 79.510 46.298 58.392 65.553
R$) – Eq. 29
O&M fixo em um
ano (mil R$) – 538 306 864 775
Eq. 30
O&M variável em
um ano (mil R$) – 3.695 4.755 1.832 2.458
Eq. 31
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Os custos de combustíveis foram retirados do cálculo, uma vez que o gás utilizado
como combustível é queimado em tocha. Dessa forma, espera-se um aumento da
74

taxa de retorno, em relação a outras plantas de geração termelétrica, uma vez que o
gasto com o combustível é um dos maiores custos da geração termelétrica
(TEIXEIRA; LORA, 2004). Caso fosse considerado o custo do combustível, na mesma
vazão de gás da tocha, esse custo não precisaria ser computado nessa etapa de
comparação entre as tipologias, uma vez que seria o mesmo para todas e, para o
cálculo de VPL, os custos que são comuns e iguais não são inseridos no cálculo.

Com esses dados das tabelas 21 e 22, foi possível calcular o balanço anual, que é a
subtração entre a entrada (economia com fatura de energia e venda de excedente de
energia) e saída (custos com O&M), no período de um ano.

B = (Vecon +Vger ) - ( O&Mfixo + O&Mvar ) (32)

Onde:
B: Balanço anual (R$)
Vecon: Valor economizado em um ano com o pagamento de consumo de energia (R$)
– tabela 20
V: Valor gerado em 1 ano com a venda de excedente de energia (R$) – tabela 21
O&Mfixo : Custo fixo de operação e manutenção em um ano (R$) – tabela 22
O&Mvar : Custo variável de operação e manutenção em um ano (R$) – tabela 22

Os resultados do cálculo de balanço anual, para cada uma das tipologias, estão na
tabela 23.

Tabela 23 – Balanço anual, por tipologia


Entradas (mil R$) – Tab. Saídas (mil R$) – Balanço anual (mil R$) –
Tipologia
20 e 21 Tab. 22 Eq. 32
Central a vapor 18.699 4.234 14.465
Turbina a gás 15.861 5.062 10.799
Ciclo
21.934 2.696 19.238
Combinado
MCI 17.942 3.233 14.709
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
75

O passo seguinte consistiu em calcular o Fator de Valor Presente (FVP) e o Valor


Presente Líquido (VPL), por meio das equações 16 e 17, respectivamente. Os valores
de FVP e VPL estimados, para cada tipologia, estão na tabela 24.

Tabela 24 – FVP e VPL, por tipologia


Tipologia FVP – Eq. 16 VPL (mil R$) – Eq. 17
Central a vapor 80.904.252 1.394
Turbina a gás 60.398.345 14.101
Ciclo Combinado 107.595.848 49.204
MCI 82.266.949 17.714
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Ao analisar o VPL, quanto maior o valor, melhor o retorno econômico esperado


daquela alternativa, sendo assim, o ranking econômico das quatro tipologias foi o
seguinte:

1º) Ciclo combinado,


2º) Motores a Combustão Interna
3º) Turbina a gás
4º) Central a vapor

3.5 ESPECIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE GERAÇÃO

Nesta etapa, iniciou-se a viabilidade técnica das alternativas ranqueadas na seção


anterior. Iniciou-se com a tipologia de ciclo combinado, ao realizar a pesquisa de
plantas de ciclo combinado nos principais fabricantes do setor. Foram pesquisados os
principais fabricantes de plantas de geração de energia com ciclo combinado:
Siemens e General Eletric. Inicialmente não foi encontrada nenhuma planta completa
de ciclo combinado para a vazão de gás que é queimada na tocha, apenas para
capacidades maiores (SIEMENS, [s.d.]; GENERAL ELETRIC, [s.d.]). Diante disso, foi
tomada a decisão de pesquisar separadamente os equipamentos que compõem uma
termelétrica de ciclo combinado.

A etapa seguinte foi especificar apenas a turbina a gás e a partir dela, especificar os
outros equipamentos que constituem uma usina de ciclo combinado. Para essa etapa,
76

foi utilizado o Poder Calorífico Inferior do gás de tocha (tabela 12) e o heat rate
fornecido pelos fabricantes (tabela 24), a fim de determinar a potência real que seria
fornecida pela turbina (Eq. 22). Para essa pesquisa, foram utilizadas tabelas
internacionais que condensam informações básicas sobre os fabricantes de turbina
em todo o mundo (ANSALDO ENERGIA, 2013).

Na tabela 25 estão os modelos encontrados, com seus respectivos heat rate a


potência elétrica a ser fornecida.

Tabela 25 – Potência elétrica gerada, por turbina a gás


Modelo Heat Rate (kJ/kWh) Potência (MW)
Siemens SGT-A05 4 MW 12.137 10,09
Siemens SGT-A05 5 MW 11.152 10,98
Siemens SGT-A05 6 MW 8.741 14,00
Siemens SGT-300 9 MW 11.773 10,40
Siemens SGT-400 13 MW 10.355 11,82
Siemens SGT-400 15 MW 10.178 12,03
Siemens SGT-600 25 MW 10.720 11,42
Hitachi H-15 15 MW 10.500 11,66
Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Ansaldo Energia, 2013.

Porém, ao realizar a pesquisa dos dados técnicos dessas turbinas, observou-se que
elas apresentam limitações quanto à qualidade de combustível, podendo operar
apenas com gás natural (SIEMENS) ou com gás natural e óleo destilado (HITACHI) e
o gás que é queimado na tocha, não atende a essa especificação (SIEMENS AG,
2009;HITACHI, 2010).

Uma vez encontrada essa limitação da qualidade do combustível para as turbinas a


gás, foi necessário descartar as duas tipologias que necessitam dessa máquina
térmica para funcionar: ciclo combinado e ciclo simples a gás. Assim, como foi
mostrado na tabela 24, a segunda tecnologia na ordem da viabilidade econômica
inicial foi a de motores a combustão interna.

Foi iniciada a busca por fabricantes de motores a combustão interna que utilizem gás
como combustível. O primeiro critério utilizado foi a flexibilidade de combustível, uma
vez que o gás a ser queimado tem propriedades distintas do gás natural. Os
77

equipamentos encontrados nos catálogos de fabricantes que vendem no Brasil,


Caterpillar e Wärtsilä, operam com Número de Metano mínimo acima de 80
(CATERPILLAR, 2012; WÄRTSILLÄ, 2016), o que também não corresponde à
especificação do gás que é queimado na UTG que, conforme a tabela 12, possui
Número de Metano de 38,84.

Diante de mais esse entrave tecnológico, foi iniciada a pesquisa das centrais a vapor,
que foi a quarta e última possibilidade para utilização do gás queimado com a
finalidade de gerar energia. Na análise de viabilidade inicial foi encontrado um VPL
negativo, o que significa a inviabilidade da tipologia.

O primeiro equipamento a ser definido foi a caldeira de vapor, pois é nela onde ocorre
a queima do combustível. A operação da caldeira é bem mais flexível no que se refere
à qualidade do combustível, o que a torna propícia para o projeto em estudo. Foram
pesquisados os fabricantes de caldeiras que atuam no mercado brasileiro e avaliadas
as especificações técnicas, sendo eles Babcock & Wilcox, Sathel e Zanini. Os valores
encontrados na literatura das entalpias e do rendimento da caldeira estão na tabela
26.

Tabela 26 - Entalpia do vapor a 100 PSIg, entalpia da água de alimentação na


temperatura de saturação e eficiência teórica.
Característica Valor

Entalpia do vapor a 100PSIg (MJ/kg) 2,77


Entalpia da água de alimentação na
0,67
temperatura de saturação (MJ/kg)
Rendimento (%) 83,92
Fonte: Lee; Coyle; 2014; Çengel; Boles, 2013.

Para o cálculo da quantidade de vapor gerado, pôde-se utilizar a equação 8,


juntamente com os dados da tabela 26 e da tabela 12. Os dados do combustível (gás
de queima) e o resultado da vazão de vapor estão na tabela 27.
78

Tabela 27 – Vazão de combustível, rendimento, high heating value do combustível


(HHV) e vazão de vapor, para uma caldeira
Característica Valor

Vazão de combustível (kg/s) 0,62


High heating value do combustível
49,78
(MJ/kg) – Tabela 11
Vazão de vapor (kg/s) – Eq. 8 12,33
Fonte: Lee; Coyle; 2014; Çengel; Boles, 2013.

Após a especificação da caldeira, o próximo passo foi a especificação da turbina a


vapor. Para tal, foi necessário calcular o rendimento elétrico absoluto do ciclo e a
potência a gerada, os dados necessários para esses cálculos foram retirados da
literatura apresentada anteriormente nesse texto (valores típicos encontrados) e estão
organizados na tabela 28.

Tabela 28 – Rendimentos de uma turbina a vapor


Rendimento Valor

Rendimento térmico (ηt) 0,435


Rendimento interno relativo (ηri) 0,875

Rendimento mecânico (ηm) 0,995


Rendimento do gerador (ηg) 0,986
Rendimento elétrico absoluto (ηele) – Eq. 10 0,373
Fonte: Mazurenko; Teixeira, 2004.

Com os dados da tabela 28, foi possível especificar a potência estimada a ser gerada
pela turbina, o resultado está na tabela 29.

Tabela 29 – Heat rate e potência estimados para a turbina a vapor


Característica Valor

Heat Rate (kJ/kWh) – Eq. 11 8667


Potência (MW) – Eq. 22 14,12
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Foram pesquisados os principais fabricantes de turbinas a vapor (Siemens e GE) e as


turbinas da GE possuem capacidade a partir de 100MW, sendo inviável para este
estudo (GENERAL ELETRIC, [s.d.]). O equipamento que mais se aproximou das
79

especificações requeridas foi a SST-150 (Siemens) e suas especificações estão na


tabela 30.

Tabela 30 – Parâmetros técnicos da turbina SST-150


Característica Valor

Potência de saída (MW) Até 20


Velocidade (rpm) Até 13.300

Pressão do vapor (bar) Até 103


Temperatura do vapor (ºC) Até 505
Pressão da sangria (bar) Até 25
Pressão do controle de extração (bar) Até 16
Temperatura do controle de extração (ºC) Até 350
Pressão do vapor de exaustão (bar) Até 10
Fonte: Siemens, 2009b.

O próximo equipamento a ser a definido foi o gerador, sendo ele acoplado no eixo da
turbina acima. Dentre as opções de mercado, os fabricantes encontrados foram a
General Eletric (GE) e WEG. Considerando um fator de potência igual a 0,85 indutivo
(os valores típicos encontrados na literatura foram de 0,8 – 0,9), foi possível calcular
a potência do gerador por meio da equação 13. O valor de potência foi de
SN =16,4 MVA. A potência mínima dos geradores da GE encontrados foi de 70 MVA,
sendo inviável tecnicamente para este projeto (GENERAL ELETRIC, [s.d.]). Dentre os
geradores da WEG, os que operam nessa faixa de potência são o 2-Pole Turbine
generation e o ST40 e suas especificações estão na tabela 31.

Tabela 31 – Características técnicas dos geradores, por modelo


Potência Velocidade Frequência
Modelo Tensão (kV) FP
(MVA) (rpm) (Hz)

2 – Pole 6 – 200 4,16 – 14,4 0,8 – 0,9 3.600 60

ST40 Até 200 13,8 - 1.800/3.600 60

Fonte: WEG, acesso em 2 set. 2017; Machinery, acesso em: 2 set. 2017; Eletric Machinery Company
llc, acesso em 24 set. 2017.
80

Definiu-se que a tensão de saída do gerador seria de 13,8 kV, após ser consultada a
tabela 7, de posse do valor da potência nominal do gerador, e pelo fato de a
subestação da unidade estar também nessa classe de tensão.

3.6 ESPECIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE INTERLIGAÇÃO COM O


SISTEMA DE TOCHA

Conforme mostrado na Figura 1 deste trabalho, para a recuperação do gás de tocha


para gerar energia elétrica, é necessário comprimir o gás (o sistema de tocha possui
pressão pouco acima da atmosférica). Além disso, como a vazão é variável, é
interessante que haja um vaso acumulador entre o compressor e a usina. Esse vaso
é responsável pela estabilidade de operação da planta térmica mesmo com variações
de vazão de gás de tocha.

Nos sistemas de gás combustível presentes na UTG, além da alimentação principal


de gás, há uma alimentação de gás natural para os vasos acumuladores. Essa linha
é responsável por completar a pressão do sistema em caso de anormalidade
operacional e falta de gás combustível. Como o foco deste trabalho é utilizar gás de
tocha, considerou-se que é necessário a presença dessa linha para flexibilidade
operacional (HEIDARI; ATAEI, 2016), porém não foi feita avaliação da utilização de
gás natural, uma vez que esse gás só será utilizado em situações atípicas.

Como a especificação de pressão do vaso acumulador faz parte da etapa de projeto


executivo, o que não é o escopo deste trabalho, realizou-se uma pesquisa sobre as
pressões geralmente utilizadas em vasos acumuladores de gás de caldeiras na
Petrobras. Os valores encontrados estão na tabela 32.
81

Tabela 32 – Pressões de vasos acumuladores de gás para caldeira


Unidade de produção Pressão (kPa)

Parque Recife 760


Parque São Sebastião 1 280

Miranga 280
Estação Carmo 250

Estação Palmeira 1 520


Estação Palmeira 1 250
Estação Pedra Branca 280
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Com relação ao tempo de operação na falta de gás de tocha, foi decidido especificar
um vaso capaz de suprir a usina por 12 horas. Esse tempo foi obtido levando em
consideração que as paradas de manutenção geralmente duram apenas um turno (12
horas) e que as paradas emergenciais geralmente demoram menos de um turno.

Para o cálculo de autonomia, o primeiro passo foi calcular o volume (nas CNTP) de
gás para alimentar a usina por 12 horas (equação 33), considerando o gás como ideal
e que a que a pressão do gás no interior da parte de combustão da caldeira é
aproximadamente a atmosférica (LORA, 2004). No segundo passo, utilizou-se uma
manipulação da lei dos gases ideais (ÇENGEL; BOLES, 2013), conforme a equação
34:

Vgás =Vmédia ×12[hs] (33)

Vgás ×Patm
Vvaso = (34)
Pvaso

Onde:
Vgás: Volume de gás a ser acumulado nas CNTP (m3)
Vmédia: Vazão volumétrica média do gás de tocha (Nm3/h) – Eq. 19
Vvaso: Volume de gás a ser acumulado na pressão do sistema de gás combustível (m3)
Patm: Pressão atmosférica = 101,325 kPa
Pvaso: Pressão do vaso de gás combustível (kPa)
82

Utilizando a pressão média encontrada na tabela 32 para uma autonomia de 12 horas


(o que suportaria quase totalidade das paradas de planta que ocorreram na UTG,
sejam de manutenção ou de emergência), foi calculado um vaso com mais de 4000m3
de capacidade, o que é inviável. Conforme pôde ser visto nas equações 33 e 34, as
duas formas de se reduzir o volume do vaso são: elevando sua pressão e reduzindo
a autonomia. Para chegar um tamanho viável, elevou-se a pressão para a máxima
encontrada na tabela 32 (760 kPa) e calculou-se uma autonomia para 30 minutos
(tempo suficiente apenas paradas emergenciais não complexas da planta de
processo). Em paradas de manutenção ou emergenciais que não forem de rápida
solução, a usina precisará ser parada.

Tabela 33 – Volumes de gás e do vaso acumulador


Medida Volume (m3)

Volume de gás na pressão atmosférica – Eq. 32 668

Volume de gás do vaso acumulador – Eq. 33 90


Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O gás de queima será desviado para a usina antes do vaso separador de líquido da
tocha (Figura 1), pois não serão feitas modificações no sistema de tocha a fim de que
em paradas da usina térmica, o sistema de tocha permaneça disponível e operando.
Assim, é necessária a instalação de um vaso separador de líquido à montante do
compressor. Esse vaso tem a função de não permitir que líquidos não adentrem ao
compressor, danificando o equipamento.

Para fins de simplificação, o vaso separador de líquido do compressor será da mesma


capacidade do vaso acumulador de gás.

Na Figura 24, está um esquema simplificado da interligação entre o sistema de tocha


e a caldeira.
83

Figura 24 – Interligação da tocha com a caldeira

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Para especificação do compressor, foram utilizados os dados de pressão de entrada,


pressão de saída e vazão. Esses valores estão na tabela 34.

Tabela 34 – Parâmetros técnicos para o compressor


Parâmetro Valor

Pressão de entrada (kPa) 101, 325


Pressão de saída (kPa) 760
Vazão (m3/h) – Eq. 19 1335
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Foram consultados os principais fabricantes de compressores de gás (Newman &


Esser, Atlas Copco, MYCOM e GE) e os modelos que se adequaram às
especificações da tabela 34 estão na tabela 35:

Tabela 35 – Parâmetros técnicos dos compressores no mercado


Pressão máxima Pressão mínima na
Equipamento Vazão máxima (m3/h)
(kPa) sucção (kPa)
Newman & Esser
process gas 43.000 - 4.078
(alternativos)
GE (centrífugos e
1.400 -90 400.000
alternativos)
Fonte: General Eletric, acesso em 21 nov. 2017; Newman & Esser, acesso em 25 nov. 2017 .
Nota: A rotação do compressor não foi especificada nos catálogos dos fabricantes
84

Além da especificação do compressor, foi necessário fazer um cálculo teórico de


quanta potência o compressor iria demandar, para ser possível especificar o motor
elétrico e atualizar o montante de energia elétrica que seria disponibilizada para o
mercado. O cálculo da potência de um compressor pode ser dado pela equação 35
(HEYDARI; ABDOLLAHI; ATAEI, 2015):

k-1
k P2 k
PCOMP =P1 ×Q1 × k-1 [(P ) -1] (35)
1

Onde:
Pcomp: Potência demanda pelo compressor (kW)
P1: Pressão na sucção (kPa)
P2: Pressão na descarga (kPa)
Q1: Vazão de gás na sucção (m3/s)
k: coeficiente em um processo isentrópico1

Para o cálculo de coeficiente isentrópico do gás de queima, utilizou-se a tabela 36 e


foi aplicada a mesma metodologia utilizada para o cálculo do PCI, conforme a equação
36 (ÇENGEL; BOLES, 2013).

Tabela 36– Coeficiente isentrópico de alguns gases, por componente


Componente k (-)
Inertes -
Metano (C1) 1,299
Etano (C2) 1,186
Propano (C3) 1,126
Butano total (C4s) 1,091
Pentano total (C5s) 1,081
Nitrogênio (N2) 1,400
Gás carbônico (CO2) 1,289
Fonte: Çengel; Boles, 2013.

k𝒔 = ∑ni=1 (ki × xi ) (36)

1Processo isentrópico: onde não há troca de calor com o ambiente e é reversível. Para cálculos
aproximados, usa-se a compressão isentrópica como referência. (NASCIMENTO et al., 2004).
85

Onde:
k𝑠 : k da amostra (-)
ki : k do componente (-)
xi : fração volumétrica (-)

O valor de k calculado e dos outros dados necessários para o cálculo da demanda de


potência do compressor assim como o resultado, estão na tabela 37.

Tabela 37– Dados para cálculo de demanda de potência do compressor


Característica Valor

Pressão na sucção (kPa) - atmosférica 101,325

Pressão na descarga (kPa) – Valor máximo


760
tabela 31

Vazão de gás (m3/s) – Eq. 1 0,371

Coeficiente em um processo isentrópico (-) – Eq.


1,3
35
Potência demandada pelo compressor (kW) –
96
Eq. 34
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Para o correto dimensionamento da potência do motor, utilizou-se a equação 37:

Pcomp
Pm = (37)
η

Onde:
Pm: potência do motor (kW)
Pcomp: potência do compressor (kW)
η: rendimento do motor (-)

O rendimento de motores elétricos nessa faixa de potência tipicamente é 0,91 (SILLA,


2003). Para a escolha do motor, deve-se pegar um valor acima do valor calculado na
equação 37, a fim de ter uma margem de segurança na operação. Os níveis de tensão
que alimentam os equipamentos elétricos existentes na UTG são: 13,8 kV; 4,16 kV;
1,38 kV, 440 V, 380 V, 220 V e 127 V. Os valores comerciais de motores geralmente
86

são dados em cavalo-vapor (cv) ou horse-power (hp). As conversões de kW para


essas unidades estão apresentadas nas equações 38 e 39:

P
W
Pcv = 0,736 (38)

WP
Php = 0,746 (39)

Onde:
Pcv: potência (cv)
Php: potência (hp)
Pw: potência (kW)

Com os dados de potência (106 kW/144 cv/142 hp) e tensão (alguma existente na
UTG), foram pesquisados com os fabricantes que vendem motores no Brasil (WE e
ABB) os motores disponíveis no mercado que operam em atmosfera com presença
de gases inflamáveis, uma vez que o motor estará acoplado ao eixo de um compressor
de gás.

Os motores que atenderam às especificações estão na tabela 38.

Tabela 38 – Parâmetros técnicos dos motores no mercado


Equipamento Potência (cv) Tensão (V) Frequência (Hz)

WEG W21 Ex 150 220/380/440 60


WEG W22 Xn 0,16 – 750 220/380/440 60
ABB M3BP280 SMC 2 150 440 60
Fonte: ABB, acesso em 15 set. 2017 ; WEG, acesso em 25 nov. 2017 .

Foram dimensionados também os cabos de alimentação do motor. Para esse


dimensionamento foi consultada a NBR 5410 - Instalações elétricas de baixa tensão
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRAS DE NORMAS TÉCNICAS, 2004). O primeiro passo foi
o cálculo da corrente circulante nos condutores, por meio da equação 40.

P
i= 3Vm (40)
87

Onde:

I: corrente monofásica (A)

Pm: potência do motor (W)

V: tensão de alimentação

Como pôde ser visto, a corrente é inversamente proporcional à tensão e, por isso, foi
usado o valor de 440V, que foi a maior tensão encontrada na etapa de seleção dos
motores para reduzir a bitola dos cabos. Foram feitos os cálculos para o método de
referência D, por contemplar cabos em canaleta enterrada (característica já existente
na UTG). Pelo critério de capacidade de corrente, a seção mínima dos cabos foi de
185 mm2 para isolação de PVC e de 150mm2 para isolação EPR ou XLPE, sendo
ambos os condutores de cobre.

3.7 ESPECIFICAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE INTERLIGAÇÃO COM A REDE

Para o dimensionamento de transformadores e do cabeamento, foi necessário obter


o valor da corrente de saída do gerador. Uma vez que a tensão de saída do gerador
já foi definida em 13,8 kV e que a tensão de fornecimento da distribuidora é de 138
kV, essas foram definidas como as tensões de primário e secundário do
transformador, respectivamente. Os valores de corrente e tensão do transformador
estão na tabela 31.

Tabela 39 – Parâmetros técnicos para transformador e cabeamento


Parâmetro Valor

Tensão no primário (V) 13.800


Tensão no secundário (V) 138.000

Corrente primário (A) - Eq. 14 686


Corrente secundário (A) - Eq. 14 68,6
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O passo seguinte foi pesquisar transformadores com valores iguais ou acima da


potência máxima do gerador. Foram pesquisados modelos de transformadores nos
principais fabricantes (WEG, ABB e SIEMENS). Foi observado que alguns fabricantes
88

(WEG e SIEMENS) apenas disponibilizaram o range total de potência e tensão dos


seus transformadores: SIEMENS trabalha com transformadores de pequeno porte de
5 MVA a 40 MVA, com tensão de até 145 kV (SIEMENS, [s.d.]) e ABB fabrica
transformadores de 5 MVA a 63 MVA, com tensão de até 170 kV (ABB, 2011). Já a
WEG, disponibilizou dados específicos de um determinado modelo. Como os três
fabricantes atendem às especificações desejadas de forma geral, foram colocados os
dados do modelo da WEG que mais se aproximou das especificações desejadas, na
tabela 34.

Tabela 40 – Características técnicas do transformador da WEG


Característica Valor

Potência (MVA) 20 - 25

Tensão (kV) Até 170


Norma de fabricação NBR 5356
Classe de tensão (kV) 145
Tensão primária (kV) 138
Tensão secundário (kV) 13,8

Frequência nominal (Hz) 60


Fonte: WEG, acesso em 25 nov. 2017.

O transformador será acondicionado subestação que já existe na unidade. Sendo


assim, entre a geração, em 13,8 kV, e o transformador, serão lançados cabos (Figura
25). De acordo com as características já existentes na unidade, os cabos estarão
dentro de caixas de passagens abaixo do solo. Foi feito um dimensionamento dos
cabos de acordo com o método de referência D, conforme a NBR 14039 (ABNT -
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2003). A corrente que
passará no cabo foi calculada por meio da equação 40. O cabo que atendeu ao critério
de capacidade de corrente e às especificações da tabela 31 é o de cobre, isolação
XLPE e EPR com 400 mm2 de seção nominal para trecho entre o gerador e o primário
do transformador. Foi utilizado o método da capacidade de corrente por ser de fácil
aplicação e não exigir parâmetros específicos do projeto, como exigem outros
métodos, como o da queda de tensão.

Os cabos do secundário do transformador não foram dimensionados, pois os critérios


de dimensionamento são mais complexos e a distância entre o secundário do
89

transformador e a medição (ambos na subestação principal) é de poucos metros, o


que impactaria pouco no custo total e, consequentemente, na análise de viabilidade
(Figura 25).

Figura 25 – Localização das subestações.

Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Google Maps, 2017.

3.8 ANÁLISE ECONÔMICA DA TERMELÉTRICA A VAPOR

Os custos que foram analisados nessa etapa são: custos de investimento e custos de
geração. A tabela 41 apresenta a composição dos custos típicos de investimento de
uma central a vapor.
90

Tabela 41 – Porcentagem dos custos típicos de investimento de uma central a vapor


Custos Porcentagem do custo total (%)
Planta da caldeira 18,9
Planta da turbina 14,7
Tubulação e acessórios 4,2
Subestação 2,1
Outros equipamentos 2,1
Montagem dos equipamentos 8,4
Obras civis 10,4
Circuito de água 4,3
Terreno, benfeitorias 2,1
Projeto, organização 2,8
Indiretos 30
Fonte: Martins, 2004.

Foi realizada uma consulta às tabelas internacionais mais recentes sobre os custos
de investimento detalhados e os dados levantados estão na tabela 42.

Tabela 42 – Custos de investimento detalhado de termelétricas com ciclo a vapor


Custos Valor (mil US$/MW)

Planta da caldeira 239

Planta da turbina 144


Tubulação 49
Elétrica 65

Facilidades gerais 226


Engenharia 61

Obras civis 120


Contingência de projetos 237
Redução catalítica seletiva 51
Indiretos 47
TOTAL 1.187
Fonte: Pauschert, 2009.Adaptada.
Nota: Dólar 2017.

Os custos da tabela 42 foram aplicados à potência gerada da usina em estudo através


da equação 41 e estão na tabela 43:
91

Cvapor =Ctabela ×Pvapor ×dólar2017 (41)

Onde:
Cvapor: Custo para a usina em estudo (mil R$)
Ctabela: Custos típicos da literatura (mil US$/MW) – tabela 42
Pvapor: Potência da usina a vapor (MW) – tabela 29
dólar2017: cotação média do dólar em março de 2017 (R$) – R$ 3,13 (UOL
ECONOMIA, [s.d.]).

Tabela 43 – Custos de investimento detalhado da termelétrica a vapor


Custos Valor (mil R$)

Planta da caldeira 10.548


Planta da turbina 6.349
Tubulação 2.167
Elétrica 2.889

Facilidades gerais 9.977


Engenharia 2.687
Obras civis 5.291
Contingência de projetos 10.498
Redução catalítica seletiva 2.267

Indiretos 2.083
TOTAL 52.488
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Nota: Real 2017.

Além dos custos acima consideraram-se também os custos com os equipamentos de


interligação com a tocha (vaso separador de líquido, vaso acumulador de gás,
compressor e motor do compressor) e o cabeamento (entre a geração e a subestação
principal e entre motor e subestação da área industrial), pois são os equipamentos
que não estão incluídos na tabela 43. Os custos desses equipamentos e seus
respectivos custos de instalação foram levantados na literatura.

O vaso separador de líquido será da mesma dimensão do vaso acumulador de gás e


os dois corresponderam ao custo como vasos de pressão. Durante a pesquisa de
custos, não foram encontrados vasos da capacidade desejada verticais. Sendo assim,
92

os vasos seriam horizontais. Os custos típicos referentes aos vasos de pressão


horizontais estão na tabela 45.

Durante a pesquisa de custos dos compressores, verificou-se que os compressores


alternativos são mais atraentes economicamente (LOH; LYONS; WHITE III, 2002).
Como na etapa de viabilidade técnica foram encontrados modelos alternativos e
centrífugos (tabela 35) foi considerada a possibilidade de menor custo. O valor
encontrado de custo foi referente ao conjunto motor/compressor e está na tabela 45.

Para o cálculo do cabeamento, utilizou-se a ferramenta Google Maps para medir as


distâncias aproximadas entre os equipamentos elétricos e as subestações. O
comprimento encontrado para o cabeamento do gerador foi de aproximadamente 400
m e do motor foi de aproximadamente 500 m (Figura 25). Os custos por metro dos
cabos encontrados estão na tabela 44.

Tabela 44 – Custos de investimento unitário do cabeamento


Cabo Valor (US$/m)

Gerador (400 mm2 XLPE) 44,97


Motor (185 mm2 PVC) 33,68
Motor (150 mm2 XLPE) 28,57
Fonte: Encore Wire, acesso em 23 de nov. de 2017; General Cable, acesso em 23 nov. 2017.
Nota: Dólar 2017.

Optou-se por utilizar o cabo de 150mm2 XLPE para a alimentação do motor, devido
ao seu menor custo com relação ao 185 mm 2 PVC. O custo total com cabeamento
pôde ser calculado pela equação 42 (foi efetuado o cálculo para o motor e gerador
sendo ligados a 4 fios, ou seja, com o custo mais elevado).

Ccabos =4×(Cger ×Dger-sub + Cmotor +Dmotor-sub )×dólar2017 (42)

Onde:
Ccabos: Custo total com cabeamento (R$)
Cger: Custo do cabeamento do gerador (US$/m)
Dger-sub: Distância aproximada entre gerador e subestação principal (m)
93

Cmotor: Custo do cabeamento do motor (US$/m)


Dmotor-sub: Distância aproximada entre motor e subestação industrial (m)
dólar2017: cotação média do dólar em março de 2017 (R$) – R$ 3,13 (UOL
ECONOMIA, [s.d.]).

Os custos de investimento dos equipamentos de interligação com a tocha e


cabeamento e os custos de instalação (materiais e mão-de-obra) estão na tabela 45.

Tabela 45 – Custos de investimento dos equipamentos de interligação da tocha e


cabeamento
Custos Valor (mil R$)

Vasos de pressão 675


Motocompressor 1.163

Fundação 214
Estruturas de aço 138
Obras civis 110

Isolamento 46
Instrumentação 154
Elétrica 257
Tubulações 1.240
Pintura 37
Diversos 99
Cabeamento do gerador 225

Cabeamento do motor 179


Total 6.374
Fonte: Elaborado pela autora adaptado de Encore Wire, acesso em 23 de nov. de 2017; General Cable,
acesso em 23 nov. 2017; Loh; Lyons; White III, 2002c; Silla, 2003.
Nota: Real 2017.

O valor de custo total de investimento atualizado para o caso em estudo pôde ser
encontrado de acordo com a equação 43 e os resultados estão na tabela 46:

Cinv =Cvapor + Ctocha +Ccabeamento (43)

Onde:
Cinv: Custo de investimento total (R$)
94

Cvapor: Custo da usina a vapor (R$) – tabela 43


Ctocha: Custo dos equipamentos de interligação com a tocha (R$) – tabela 45
Ccabeamento: Custo do cabeamento (R$) – tabela 45

Tabela 46 – Custos de investimento total da usina termelétrica em estudo


Custos Valor (mil R$)

Planta da caldeira 10.548


Planta da turbina 6.349

Motocompressor 1.163
Vasos de pressão 675
Tubulação 3.407
Elétrica 3.146
Cabeamento do gerador 225

Cabeamento do motor 179


Facilidades gerais 9.977

Engenharia 2.687
Obras civis 5.402
Contingência de projetos 10.498

Redução catalítica seletiva 2.267


Fundação 214
Estruturas de aço 138
Isolamento 46
Instrumentação 154
Pintura 37
Diversos 99
Indiretos 2.083
TOTAL 58.863
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
Nota: Dólar 2017.

Os custos de O&M no período de um ano dos equipamentos do sistema de


interligação com a tocha (motor, compressor e vasos) foram calculados pela equação
44 (CHYONG; NOËL; REINER, 2010).

R$ P
motor
Co&m =0,296[ hp×h ]× 0,746 ×8640 [h] (44)
[kW]
95

Onde:
Co&m: Custo de O&M
Pmotor: Potência do motor do compressor (kW)

O valor atualizado de energia excedente mensal é dado pelas equações 45 e 46.

Econs, comp = Pcomp ×24×30 (45)

Eexc, atual = Eger -(Econs, UTG +Econs, comp ) (46)

Onde:
Ecos,UTG: energia consumida mensalmente pelo compressor da interligação com o gás
de tocha (kWh)
Pcomp: Potência consumida pelo motor do compressor = 106 kW – Eq. 37
Eexc,atual: energia excedente mensal atualizada para cálculo do valor gerado (kWh)
Eger: energia gerada mensalmente pela usina a vapor (kWh)

Os valores atualizados de potência e energia estão na tabela 47.

Tabela 47 – Potência injetada e energia excedente atualizadas


Característica Valor

Energia gerada em um mês (MWh) – Eq. 23 10.178

Energia consumida em um mês pela UTG (MWh) – Eq. 21 1.064


Energia consumida pelo compressor em um mês (MWh) –
69
Eq. 45
Energia excedente em um mês - atualizada (MWh) – Eq.
9.063
46
Potência injetada na rede (MW) 12,59
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Com os dados da tabela 47, foi possível obter o valor atualizado com a venda de
energia excedente (tabela 48).
96

Tabela 48 – Valor gerado em um ano com a venda de excedente, atualizado


Variável Valor (mil R$)

Receita mensal com venda excedente (mil R$) 1.185

Gasto mensal com TUSDg (mil R$) 34

Valor gerado em um ano (mil R$) – Eq. 28 13.821

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Os custos atualizados de investimento e O&M estão na tabela 49.

Tabela 49 – Custo de investimento, O&M fixo anual e O&M variável anual,


atualizados
Custo Valor (mil R$)

Custo de investimento – Tabela 46 58.863

O&M fixo em um ano – Eq. 30 483

O&M variável em um ano – Eq. 31 3.315

O&M da interligação com a tocha em um ano– Eq. 44 36

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

O balanço anual está na tabela 50 e representado graficamente na Figura 26.

Tabela 50 – Balanço anual para a usina a vapor


Característica Valor (mil R$)

Entradas – Tabelas 20 e 48 16.812


Saídas – Tabela 49 3.834
Balanço anual – Eq. 32 12.978
Fonte: Elaborado pela autora, 2017.
97

Figura 26 – Entrada, saídas e balanço anual (mil R$), para a usina térmica a vapor

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Os critérios econômicos utilizados para a análise de viabilidade final foram o Tempo


de Retorno de Capital (TRC) – payback, que consiste na relação entre balanço anual
e custo de investimento (equação 15) e a Taxa Interna de Retorno (TIR) – equação
18.

Os tempos de retorno de capital encontrados estão na tabela 51 e na Figura 27.

Tabela 51 – Tempo de retorno de capital


Característica Valor

Balanço anual (mil R$) – Tabela 50 12.978

Custo de investimento (mil R$) – Tabela 46 58.863

TRC (anos) – Eq. 15 4,54

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.


98

Figura 27 – Custo de investimento, balanço anual e resultado após 5 anos de


operação (mil R$)

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

Para fins de comparação, caso fosse comprado o gás natural em quantidade


suficiente para gerar a mesma quantidade de energia, o valor gasto anualmente com
combustível poderia ser calculado pela equação 47. Para o Brasil admite-se o preço
do gás natural entre US$ 8 e 12/MMBtu2 (AGÊNCIA NACIONAL DO PETRÓLEO,
GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS, 2016).

Ccomb =Cgas ×HR×Eger ×dólar2017 (47)

Onde:
Ccomb : Custo anual com combustível (R$)
Cgas : Custo unitário do gás (US$/kJ)
HR: Heat Rate da usina a vapor (kJ/kWh) – Tabela 29
Eger : Energia gerada em um ano (kWh) – Tabela 47
dólar2017 : Cotação do dólar em março⁄17 = R$ 3,13 (UOL ECONOMIA, [s.d.])

Foi realizado o cálculo de custo de combustível e balanço anual para os dois casos
extremos de custo de combustível (US$ 8/MMBtu e US$ 12/MMBtu). Os novos

2 1 MMBtu = 1.055.055,85 kJ
99

balanços anuais foram obtidos subtraindo o custo do combustível do balanço anual


da tabela 50. Esses resultados estão na tabela 52.

Tabela 52 – Custo do combustível e balanço anual


Característica Valor (mil R$)

Custo anual com combustível: melhor caso - Eq. 47 25.099


Custo anual com combustível: pior caso - Eq. 47 37.649
Balanço anual: melhor caso - 12.121
Balanço anual: pior caso - 24.670
Balanço anual sem custo de combustível – Tab. 50 12.978

Fonte: Elaborado pela autora, 2017.

A TIR é utilizada pelo investidor decidir se vale a pena aplicar dinheiro em um


determinado investimento e é utilizado para comparar uma cartela de diversas
possibilidades para injeção de capital. Para o mesmo período de cálculo do VPL (10
anos) a TIR encontrada foi de 17,74% ao ano. Esse valor é maior do que a maior taxa
da renda fixa em 2017: 10,56% ao ano (VALOR, [s.d.]).
100

4 CONCLUSÃO

A análise de viabilidade de um projeto para geração de energia elétrica apresenta


vários desafios. Neste trabalho foram encontrados entraves importantes na questão
tecnológica, principalmente devido à especificação do combustível. Turbinas a gás e
motores a combustão interna necessitam de combustíveis com composição bem
definidas para operarem satisfatoriamente e, uma vez que o gás do estudo é resíduo
de processo e não se assemelha com a composição de nenhum gás comercializado,
a utilização desses equipamentos foi descartada na etapa de viabilidade técnica,
inviabilizando três, das quatro, alternativas.

Apenas na quarta e última opção no quesito de retorno econômico, foi possível


encontrar uma tipologia tecnicamente viável – as centrais a vapor. Devido ao fato da
queima do combustível ser em uma caldeira e não ocorrer dentro de uma máquina
térmica complexa, a flexibilidade de operação aumentou significativamente.

O tempo de retorno de capital para a central a vapor foi de aproximadamente 5 anos,


se tornando uma opção atraente para a geração de energia elétrica. Caso fosse
necessário comprar o combustível, essa alternativa seria inviável, o que foi
representado pelo balanço anual negativo quando considerados o custo com
combustível. Para viabilizar essa usina com a compra de combustível, seria
necessário um preço menor para a compra do gás natural e/ou um preço maior na
venda de cada kWh. O valor encontrado para a TIR não pôde ser avaliado por não se
saber qual a cartela de investimentos um possível investidor teria à sua disposição na
hora de aplicar seu capital, mas foi possível ver que o valor encontrado foi maior do
que as taxas de investimentos em renda fixa. O cálculo dessa taxa é relevante por
permitir que esse investimento seja diretamente comparado à outros investimentos
em áreas completamente distintas de forma ágil.

Finalmente, foi possível concluir que a instalação de unidade termelétrica a vapor é


viável técnica e economicamente na unidade de tratamento de gás estudada.
101

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