Reginaldo L Ferreira R Org Africa Margen
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COLEÇÃO VÁRIAS HISTÓRIAS
VOLUMES PUBLICADOS
Robert W. Slenes1
Notas
1 Professor colaborador aposentado, Departamento de História, Unicamp;
professor visitante sênior, Programa de Pós-Graduação em História, UFBA.
2 Robert W. Slenes. “A importância da África para as ciências humanas”. História
Social, 19. Campinas, 2010, pp. 19-32.
Ver também: Steven Feierman. “African Histories and the Dissolution of
World History”. In: Robert H. Bates; V. Y. Mudimbe & Jean F. O’Barr (org.).
Africa and the Disciplines: the Contributions of Research in Africa to the Social Sciences
and Humanities. Chicago, University of Chicago Press, 1993.
3 Joseph E. Inikori. Africans and the Industrial Revolution in England: A Study
in International Trade and Economic Development. Cambridge, Cambridge
University Press, 2000. Ver também estudo clássico de Walter Rodney. How
Europe Underdeveloped Africa. London/Dar-es-Salaam, Bogle-L’Ouverture
Publications/Tanzanian Publishing House, 1972.
4 Alberto da Costa e Silva. Um rio chamado Atlântico: a África no Brasil e o Brasil na
África. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2003.
5 E. P. Thompson. A formação da classe operária inglesa. 3 vols. Rio de Janeiro, Paz
e Terra, 1987 [2. ed. inglesa, 1968]. Ver também: James C. Scott. The Moral
Economy of the Peasant: Rebellion and Subsistence in Southeast Asia. New Haven,
Yale University Press, 1976.
6 Por exemplo, James Sweet. Domingos Álvares, African Healing, and the
Intelectual History of the Atlantic World. Chapel Hill, The University of North
Carolina Press, 2011. Idem. “Research Note: New Perspectives on Kongo in
Revolutionary Haiti”. The Americas, 74:1, jan. 2017, pp. 83-97.
7 John M. Janzen. Ngoma: Discourses of Healing in Central and Southern Africa
Berkeley, University of California Press, 1992; RijkVan Dijkf; Ria Reis &
Maria Spierenburg (org.). The Quest for Fruition through Ngoma: the Political
Aspects of Healing in Southern Africa. Oxford, James Curry, 2000. Este último
livro prefere “culto de fruição”, não a designação mais comum, “culto de
aflição”. Junto aqui os dois termos, pois, se o culto nasce da “aflição”, ele tem
como objetivo recuperar a “fruição” em vida.
8 Alexandre Almeida Marcussi. Cativeiro e cura: experiências religiosas da escravidão
atlântica nos calundus de Luzia Pinta, séculos XVII e XVIII. Tese de doutorado em
História. São Paulo, USP, 2015; Gabriela dos Reis Sampaio. Juca Rosa: um pai
de santo na corte imperial. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 2009; Robert
W. Slenes. “L’arbre nsanda replanté: cultes d’affliction kongo et identité des
esclaves de plantation dans le Brésil du Sud-Est (1810-1888)”. Cahiers du Brésil
Contemporain, vols. 67-68. Paris, Ehess, 2007, pp. 217-313.
9 Robert W. Slenes. “L’arbre nsanda…”, op. cit.
INTRODUÇÃO
The Indian Ocean in the Age of Global Empire (2006), assim como o estudo
de Thomas Metcalf sobre as ligações entre a Índia e o mundo do
oceano Índico.14 Até então, na visão de Bertz, a historiografia sobre o
oceano Índico ocuparia um lugar periférico se comparada à muito mais
volumosa bibliografia sobre o mar Mediterrâneo e os oceanos Pacífico
e, sobretudo, o Atlântico – apesar da importância do Índico como o
mais antigo espaço para a formação de redes de comércio, migrações
forçadas e peregrinações religiosas.
De fato, a volumosa bibliografia sobre o Atlântico atesta a
importância desse espaço geográfico para a história e, por conseguinte,
para a historiografia que trata da época moderna. Nesse conjunto, o
Atlântico ocupa lugar privilegiado na chamada história dos impérios,
que, marcada pelo ranço das histórias nacionais, privilegiou o estudo do
domínio colonial europeu (português, espanhol, britânico, holandês,
etc.) sobre os demais continentes.15 Embora os grandes impérios
ultramarinos incluíssem territórios banhados pelo Índico, a importância
das colônias americanas e do comércio de escravos na costa ocidental
africana, entre os séculos XVII e XIX, elucida as razões do posterior
foco historiográfico nos circuitos atlânticos. Nesse sentido, é exemplar
a trajetória daquele que é considerado um dos mais importantes
historiadores dos impérios ultramarinos modernos.16 Até o final dos
anos 1940, Charles Boxer dedicou‑se ao estudo da Ásia, mas a partir dos
anos 1950 voltou sua atenção para o Atlântico Sul.17 O deslocamento
de interesses foi geográfico e também cronológico. O autor, cujas
obras mais conhecidas tratam do império português, também publicou
estudos seminais sobre o império marítimo holandês.18 Nos dois casos, a
primazia das Américas e da África na conformação econômica e política
dos impérios, a partir do século XVII, esclarece o deslocamento
geográfico e cronológico dos estudos de Boxer.
Ainda que as diferenças de abordagens, temas e metodologias
sejam muitas, há algumas semelhanças entre a história dos impérios e
seus principais críticos reunidos sob o guarda‑chuva da world history. Se
para os primeiros o Atlântico foi o principal eixo dos impérios coloniais,
para os últimos o oceano foi, ao mesmo tempo, uma criação do mundo
capitalista e condição histórica para a realização de uma economia
mundo. Esse conceito (economia mundo), diretamente relacionado
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