08 Redator
08 Redator
08 Redator
ASSINATURA DO CANDIDATO
No do Documento
0000000000000000
Conhecimentos Básicos
P R O VA Conhecimentos Específicos
Discursiva-Redação
INSTRUÇÕES
Quando autorizado pelo fiscal
de sala, transcreva a frase
ao lado, com sua caligrafia Educação engloba aquisição de conhecimentos e civilidade.
usual, no espaço apropriado
na Folha de Respostas.
VOCÊ DEVE
- Procurar, na FOLHA DE RESPOSTAS, o número da questão que você está respondendo.
- Verificar no caderno de prova qual a letra (A,B,C,D,E) da resposta que você escolheu.
- Marcar essa letra na FOLHA DE RESPOSTAS, conforme o exemplo: A C D E
- Ler o que se pede na Prova Discursiva-Redação e utilizar, se necessário, o espaço para rascunho.
ATENÇÃO
- Marque as respostas com caneta esferográfica de material transparente de tinta preta ou azul. Não será permitida a utilização de
lápis, lapiseira, marca-texto, régua ou borracha durante a realização da prova.
- Marque apenas uma letra para cada questão. Será anulada a questão em que mais de uma letra estiver assinalada.
- Responda a todas as questões.
- Não será permitida nenhuma espécie de consulta ou comunicação entre os candidatos, nem a utilização de livros, códigos,
manuais, impressos ou quaisquer anotações.
- Em hipótese alguma o rascunho da Prova Discursiva-Redação será corrigido.
- Você deverá transcrever sua Prova Discursiva-Redação, a tinta, na folha apropriada.
- A duração da prova é de 4 horas e 30 minutos para responder a todas as questões objetivas, preencher a Folha de Respostas e
fazer a Prova Discursiva-Redação (rascunho e transcrição) na folha correspondente.
- Ao término da prova, chame o fiscal da sala e devolva todo o material recebido.
- É proibida a divulgação ou impressão parcial ou total da presente prova. Direitos Reservados.
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
CONHECIMENTOS BÁSICOS
Língua Portuguesa
Pensar e redigir
O aluno diz ao professor que está com “ótimas ideias” para fazer o trabalho, falta “apenas colocar no papel”. O rapaz acha que
a passagem da boa ideia para a redação que a sustentará é fácil, ou mesmo automática. É como se o bom conteúdo imaginado
garantisse por si mesmo a forma que melhor o expressará. Essa ilusão se desmancha logo na primeira frase: descobre-se que cada
palavra empregada fixa-se inapelavelmente no papel, diz somente o que diz, e o mesmo acontece com a ordem das frases que vão
chegando, tudo é inapelável, e se apresenta longe de corresponder às “ótimas ideias”.
Não é o caso de desanimar, mas de aprender que é longo o caminho que vai da ideia solta e criativa ao necessário
determinismo das palavras. Aprende-se com isso o limite que é nosso, a fronteira onde se detém nossa capacidade de expressão.
Esse aprendizado sofrido não deixa de ser um ganho: faz-nos querer alargar os domínios da nossa capacidade expressiva.
Sendo um limite, na sua compulsória particularização de sentido, toda linguagem é também a garantia de alguma forma
conquistada; ainda que modesta no alcance, essa forma é mais do que o silêncio que a precedia. O que nos limita é também o que
nos define: é o que nos diz nossa linguagem, no espelho da página em que se projeta.
(CRUZ, Aníbal Tolentino, inédito)
1. A ilusão do aluno, referida no primeiro parágrafo, deriva do fato de que o rapaz, a princípio, acredita que
(A) não há qualquer problema na mediação entre a natureza da ideia e sua redação.
(B) o automatismo das ideias adapta-se razoavelmente aos automatismos da linguagem.
(C) não há redação suficientemente falha para contradizer a força final de uma ideia.
(D) a potência de uma boa redação supre as possíveis lacunas de um pensamento.
(E) toda palavra comprometida com a verdade dos fatos torna-os mais transparentes.
3. Considerando-se o contexto, está adequada a tradução de sentido de um segmento do terceiro parágrafo do texto em:
4. Está plenamente clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:
(A) As ideias que um aluno julga em princípio que são ótimas revelam-se insuficientes para que se propaguem delas alguma
expressão de fato digna de seu alcance.
(B) Os limites verbais da expressão de um pensamento podem também ser vistos como úteis demarcadores do alcance de
uma linguagem que se deseja expandir.
(C) Não há linguagem em cuja representação também não seja vitoriosa, diante do silêncio que soube vencer tão logo esta
alcançou um mínimo de manifestação.
(D) As ilusões de um jovem aluno costumam decorrer de que, para ele, tão logo as ideias se assentem, assim também deve-
rão ocorrer às palavras que lhes correspondem.
(E) Caso fosse automática a passagem dos pensamentos para a representação que lhe correspondem, seria fácil traduzir da
melhor forma as ideias que houvesse de ocorrer.
2 CMFOR-Conhec.Básicos3
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
5. O verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se numa forma do plural para integrar adequadamente a frase:
(A) Com os limites da linguagem não (dever) surpreender-se quem das palavras espera a fiel expressão de uma ideia.
(B) Se a todas as boas ideias (vir) sempre a corresponder a melhor expressão delas, não ficaríamos decepcionados com nos-
sa redação.
(C) Aos jovens alunos não (costumar) ocorrer que as deficiências de uma redação comprometem a qualidade das ideias.
(D) Os limites verbais que se (reconhecer) na prática da linguagem abrem espaço para algum aprimoramento na expressão
das ideias.
(E) Do poder das palavras (resultar), para os usuários de uma língua, a impressão de que elas sempre traduzem fielmente
nossas ideias.
Discute-se a felicidade como se esta fosse, em grande medida, produto de fatores materiais, como saúde, dieta e riqueza. Se
as pessoas são mais ricas e mais saudáveis, também devem ser mais felizes. Mas isso é mesmo assim tão óbvio? Filósofos, padres e
poetas refletiram sobre a natureza da felicidade durante milênios, e muitos concluíram que fatores sociais, éticos e espirituais têm
tanta influência sobre nossa felicidade quanto as condições materiais. E se as pessoas nas sociedades afluentes modernas sofrem
muitíssimo de alienação e carência de sentido, apesar de sua prosperidade? E se nossos ancestrais menos abastados encontravam
grande contentamento na comunidade, na religião e em vínculo com a natureza?
Nas últimas décadas, psicólogos e biólogos aceitaram o desafio de estudar cientificamente o que de fato deixa as pessoas
felizes. A descoberta mais importante de todas é que a felicidade não depende de condições objetivas de riqueza, saúde ou mesmo
espírito de comunidade. Em vez disso, depende da correlação entre condições objetivas e expectativas subjetivas.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens – uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2018, p.
390-393, passim)
(A) passaram a disseminar a hipótese de que, em grande medida, a saúde é uma condição necessária para ser feliz.
(B) perceberam que nas sociedades mais próximas de nós a prosperidade material vai de encontro às grandes satisfações
humanas.
(C) concluíram, ao longo da história, que também as condições espirituais e sociais, como as materiais, concorrem para que
sejamos felizes.
(D) deduziram que ela, como já nos provaram os primitivos, depende sobretudo da relação harmoniosa com a natureza em
que vivemos.
(E) induziram os contemporâneos a buscar essa sensação nas pequenas alegrias, como a formação de comunidades populares.
8. A conclusão a que chegaram psicólogos e biólogos, no tocante às razões da existência da felicidade, é a de que
(A) há uma nítida primazia das condições materialmente verificáveis sobre as expectativas íntimas alimentadas esporadica-
mente pelo sujeito.
(B) esse estado está condicionado ao tipo de correlação que exista entre as condições empíricas de vida e as expectativas
pessoais.
(C) tudo depende da forma como se ajustam as expectativas psicológicas às condições econômicas objetivamente determinadas.
(D) o indivíduo feliz resulta do justo equilíbrio que alcança entre aquilo que lhe é interditado socialmente e aquilo que ele sonha
experimentar.
(E) o fator determinante, na articulação entre o real e o imaginário, é que este tenha força para inspirar e determinar aquele.
CMFOR-Conhec.Básicos3 3
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
9. Considere as seguintes frases:
I. Há tempos busca-se definir a felicidade.
II. Alguns associaram a felicidade a fatores materiais.
III. Outros associaram a felicidade a elementos espirituais.
Essas três afirmações compõem-se com clareza e correção no seguinte período:
(A) Mormente seja associada a fatores materiais e espirituais, a felicidade vem sendo objeto de pesquisa já há muito tempo.
(B) Se alguns há muito associam a felicidade a fatores materiais, nem por isso outros deixam de lhe associar aos espirituais.
(C) Fatores materiais e espirituais desde há muito tempo vem se associando à felicidade, sejam por alguns, sejam por outros.
(D) Na busca já antiga de uma definição de felicidade, há quem a associe a elementos materiais e quem a faça depender de
qualidades do espírito.
(E) Muito embora seja definida há tempos, sempre há uns que subordinam a felicidade a itens materiais, ao passo que com
outros ocorre o oposto.
10. Há ocorrência de forma verbal na voz passiva e é adequado o emprego do elemento sublinhado na frase:
(A) Devem conjugar-se condições objetivas e expectativas subjetivas para que se acesse a felicidade a que se aspira.
(B) Não deixam de ser alienadas as pessoas a cujas ocorre que a felicidade depende de bens materiais.
(C) O estado de felicidade, ao qual ninguém admite se excluir, depende de uma adequada articulação de fatores.
(D) Na conclusão do texto, em que não podemos deixar de dar atenção, é evidente uma fórmula de madura sabedoria.
(E) Nas afluentes sociedades modernas, de cuja prosperidade ninguém hesita em admitir, a felicidade continua sendo uma
expectativa.
[Nossa duplicidade]
Querem saber a história abreviada de quase todo o mal-estar na civilização? Ei-la: a evolução natural produziu o animal
homem. No âmago desse homem, entretanto, foi-se instalando um inquilino altivo, exigente e dado à hipocrisia e ao autoengano: o
homem civilizado. As rusgas foram crescendo, o conflito escalou, mas nenhum dos dois é forte o bastante para aniquilar o outro. E
assim brotou no interior da caverna uma guerra civil que se prolonga por toda a vida.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos: uma perspectiva brasileira da crise civilizatória. São Paulo: Companhia das Letras,
2016)
11. Com a afirmação As rusgas foram crescendo, o conflito escalou, o autor do texto está-se referindo
(A) às difíceis alternativas que o homem vem enfrentando na escolha dos processos naturais de sua evolução.
(B) à disputa que permanece entre traços primitivos de sua evolução e seus passos no processo civilizatório.
(C) aos frequentes desenganos que a humanidade sofre a cada vez que afirma sua civilização em projetos ilusórios.
(D) aos conflitos que se agravam toda vez que uma mudança de rumo da civilização acentua as desigualdades sociais.
(E) às batalhas que se travavam nas cavernas primitivas por conta dos princípios da evolução natural.
13. As rusgas foram crescendo, o conflito escalou, mas nenhum dos dois é forte o bastante para aniquilar o outro.
Uma nova e correta redação da frase acima, iniciada por Nenhum dos dois é forte o bastante para aniquilar o outro, deverá ter a
seguinte complementação para que se mantenha seu sentido:
(A) porquanto as rusgas foram crescendo e o conflito tenha escalado.
(B) conquanto fossem crescendo o conflito e assim as rusgas.
(C) ainda que as rusgas tenham crescido e o conflito escalado.
(D) tendo em vista que as rusgas crescessem e o conflito escalasse.
(E) à proporção que as rusgas crescessem enquanto o conflito escalava.
Noções de Legislação
15. Nos termos da Lei Orgânica do Município de Fortaleza, compete ao Município
(A) manter, com a cooperação técnica e financeira da União e do Estado, programas de educação pré-escolar, de ensino fun-
damental e de ensino médio.
(B) promover a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, dos patrimônios cultural, his-
tórico, artístico, paisagístico e arqueológico, observadas as legislações federal e estadual.
(C) organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão, permissão ou autorização, os serviços públicos de interesse local,
incluídos o de transporte coletivo, iluminação pública e o de fornecimento local de gás canalizado, que têm caráter essencial.
(D) coibir, no âmbito do território do Município, a exploração do serviço de Radiodifusão Comunitária, a ser disciplinada por lei
específica.
(E) promover o ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da ocupação do solo
urbano, exigindo-se Alvará de Funcionamento para estabelecimentos industriais e templos religiosos.
16. Em relação às licenças, dispõe o Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Fortaleza que
(A) a licença para tratamento de saúde depende unicamente de laudo do médico particular do servidor, e terá a duração que
for indicada no respectivo documento.
(B) terminada a licença para tratamento de saúde, o servidor reassumirá o exercício no prazo máximo de três dias úteis.
(C) a licença por motivo de doença em pessoa da família será concedida com a remuneração proporcional ao tempo de efetivo
exercício.
(D) a licença para acompanhar o cônjuge ou companheiro será concedida com a remuneração proporcional ao tempo de
efetivo exercício.
(E) o servidor investido em mandato de Prefeito será considerado em licença e afastado do cargo, emprego ou função, sendo-
-lhe facultado optar pela sua remuneração.
17. Em relação às Comissões, o Regimento Interno da Câmara Municipal de Fortaleza dispõe que
(A) às Comissões Permanentes cabe apenas discutir proposições relativas à matéria de sua competência, que serão votadas,
em todos os casos, pelo Plenário.
(B) os membros das Comissões Permanentes serão escolhidos para compô-las, pelo período de um ano, permitida a recon-
dução para o mesmo cargo independentemente de legislatura.
(C) uma das competências da Comissão de Constituição, Justiça e Legislação Participativa é a de examinar a criação de
novos bairros.
(D) as alterações numéricas que venham a ocorrer nas bancadas dos Partidos ou Blocos Parlamentares decorrentes de
mudanças de filiação partidária importarão em imediata modificação na composição das Comissões.
(E) a Câmara Municipal, a requerimento de um quinto de seus membros, instituirá Comissão Parlamentar de Inquérito para
apuração de fato determinado e por prazo certo, a qual terá poderes de investigação próprios das autoridades judiciais,
além de outros previstos em lei e em seu Regimento.
18. Em relação à sanção e ao veto do Prefeito aos projetos de lei aprovados, a Lei Orgânica do Município de Fortaleza estatui que
(A) o veto do Prefeito só pode ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Vereadores da Casa, em votação secreta.
(B) o Prefeito poderá vetar o projeto caso o considere contrário ao interesse público, mas se o considerar inconstitucional, ao
invés de vetá-lo deverá ajuizar representação de inconstitucionalidade no Tribunal de Justiça.
(C) o veto será apreciado em dois turnos de discussão e votação, com o parecer da comissão pertinente.
(D) as Comissões Técnicas deverão se manifestar no prazo máximo de quarenta e oito horas antes da sessão de votação do
veto e, não havendo manifestação, o veto será discutido e votado sem parecer.
(E) o veto será apreciado pela Câmara dentro do prazo de quinze dias, contado de sua leitura em Plenário.
19. No que se refere às sessões, o Regimento Interno da Câmara Municipal de Fortaleza, dispõe que
(A) as sessões temáticas se destinam à discussão de assuntos específicos, de alto interesse do legislativo ou que envolvam
problemas que afetam à população em geral.
(B) as sessões ordinárias terão início às 9h, sendo procedida a segunda chamada às 9h15min, tendo a duração de três horas,
das segundas-feiras às quintas-feiras.
(C) o Pequeno Expediente terá a duração máxima de uma hora e destina-se inicialmente ao uso da palavra pelos vereadores,
previamente inscritos em livro próprio.
(D) a Explicação Pessoal destina-se a franquear o uso da palavra, por tempo improrrogável e sem apartes, a representantes
de entidades associativas formalmente constituídas ou pessoas residentes no Município.
(E) o Grande Expediente terá início ao esgotar-se a Ordem do Dia, presente um terço dos Vereadores, e terá duração máxima
de cento e vinte minutos.
CMFOR-Conhec.Básicos3 5
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
20. A nosso ver, a principal característica dessas doutrinas é serem extrovertidas: ou seja, não praticam a dedução a partir de
princípios inatos, como tenta fazer o racionalismo, mas voltam-se para o exterior, tratam o homem como objeto de ciência. [...]
observando o homem tal como ele é em vez de escrutinarem o dever-ser, acreditam que os atos dos homens estão
instintivamente dirigidos pela vontade de bem-estar [...]. [...] o homem tende para a segurança. Essa necessidade será
plenamente satisfeita pelo Estado [...]. Com efeito, é nesse momento que a política começa a se especializar; em vez de ser a
ciência do justo, torna-se uma arte do útil, à qual o direito está subordinado.
(VILLEY, Michel. A formação do pensamento jurídico Moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2009, passim)
21. O objeto próprio dessa virtude é atribuir a cada um o seu, conforme a fórmula tradicional já mencionada por Platão e que será
retomada por toda a literatura clássica: que se efetue uma partilha adequada, em que cada um não recebe nem mais nem
menos do que a boa medida exige. Aristóteles encontra, portanto, uma explicação de sua teoria geral da virtude como busca do
meio-termo: mas, aqui, o meio-termo está nas próprias coisas, que são atribuídas a cada um em quantidades nem grandes nem
pequenas demais, mas média entre esses dois excessos [...]. O objetivo é obter ou preservar uma certa harmonia social;
procurar conseguir o que Aristóteles chama uma igualdade.
(Adaptado de: VILLEY, Michel. A formação do pensamento jurídico Moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 41 e 42)
(A) justiça corretiva, expressa modernamente e por uma ótica dogmática no direito privado.
(B) direito privado (direito de família, contratos de compra e venda etc.), que expressa uma justa distribuição entre os cidadãos
da cidade.
(D) justiça distributiva, que nos tempos atuais e por uma ótica dogmática pode ser realizada por meio do Direito Público,
quando este busca efetivar a justa distribuição dos bens.
(E) justiça pautada na reciprocidade, em que o dinheiro opera uma equivalência entre produtos e serviços.
I. Método preocupado com o sentido das palavras: [...] é, pois, apenas um ponto de partida, e nunca ou quase nunca um fim
do processo.
(FERRAZ JR., T. S. A ciência do direito. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 94)
II. Considera o ordenamento jurídico como um todo: A oposição entre dois textos incompatíveis não decorre apenas da sua
oposição formal, mas exige uma referência a uma situação.
(FERRAZ JR., T. S. A ciência do direito. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2014, p. 95)
III. Baseia-se na investigação dos antecedentes da norma jurídica; guarda relação com o projeto de lei, sua justificativa e
exposição de motivos, discussões e emendas.
I II III
(A) gramatical lógico-sistemático histórico
(B) sociológico histórico lógico-sistemático
(C) gramatical histórico sociológico
(D) gramatical lógico-sistemático sociológico
(E) histórico lógico-sistemático sociológico
6 CMFOR-Conhec.Básicos3
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
23. A teoria de Kelsen é "pura" em dois sentidos: (i) afirma-se livre de quaisquer considerações ideológicas, não se emitem juízos de
valor sobre qualquer sistema jurídico, e a análise da "norma jurídica" não é afetada por nenhuma concepção da natureza do
direito justo; (ii) o estudo sociológico da prática do direito e o estudo das influências políticas, econômicas ou históricas sobre o
desenvolvimento do direito ficam além da esfera de ação da teoria pura. [...] Para Kelsen, as regras eram as características
observáveis (na escrita etc.) de um sistema normativo. As regras eram, portanto, as características de superfície do direito, e as
normas sua essência interior; conquanto elas possam ter dado origem aos atos de "vontade" de um Parlamento, ou à adoção de
um costume por um juiz, uma vez aceitas como direito adquirem existência independente; sua validade não depende da vontade
de um mandatário.
(MORRISON, Wayne. Filosofia do Direito: dos gregos ao pós-modernismo. São Paulo: Martins Fontes, 2006, p. 381, 382 e 392)
24. Tem o direito, como direito "subjetivo" (ou seja, o direito de um determinado sujeito), de ser distinguido da ordem jurídica, como
Direito "objetivo". Na linguagem jurídica inglesa dispõe-se da palavra right quando se quer designar o direito (subjetivo), o direito
de um determinado sujeito, para o distinguir da ordem jurídica, do Direito objetivo, da law.
(KELSEN, Hans. Teoria Pura do Direito. 8.ed., São Paulo: Martins Fontes, 2009, p. 140 e 141)
(C) O direito subjetivo não pressupõe a existência de normas jurídicas, de direitos objetivos.
(D) Se toda norma jurídica é direito objetivo, somente será direito objetivo a lei emanada do Poder Legislativo.
Raciocínio Lógico-Matemático
1
25. Algumas raposas estão comendo os ovos de um depósito. No primeiro dia elas comeram dos ovos. No segundo dia elas
8
1 1
comeram dos ovos que sobraram e no terceiro dia comeram dos ovos que ainda restaram. Nesses três dias nenhum ovo
5 3
foi reposto ou retirado do depósito. A fração dos ovos que inicialmente estavam no depósito e que sobraram intactos é
7
(A)
15
119
(B)
120
7
(C)
120
1
(D)
24
1
(E)
36
CMFOR-Conhec.Básicos3 7
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
26. A soma de 6 números inteiros consecutivos é igual à soma dos 3 inteiros consecutivos que sucedem imediatamente o último
termo da primeira soma. Essa soma vale
(A) 31
(B) 28
(C) 27
(D) 30
(E) 24
27. Um cubo de arestas medindo 3 cm foi formado por 27 cubinhos brancos de arestas medindo 1 cm. Após montado, esse cubo
teve todas suas faces pintadas de azul. Em seguida, o cubo foi desmontado, e restaram cubinhos com faces pintadas de branco
ou azul. O total de cubinhos com exatamente duas faces pintadas de azul é
(A) 15
(B) 6
(C) 8
(D) 12
(E) 1
28. Os 72 alunos de uma escola devem, nas aulas de educação física, participar de treinos em uma, duas ou três modalidades es-
portivas, entre futebol, atletismo e natação. Sabendo que 33 alunos treinam futebol, 34 treinam atletismo e 26 treinam natação, e
que 4 alunos treinam as três modalidades, o número de alunos que treinam exatamente duas modalidades é
(A) 27
(B) 16
(C) 19
(D) 22
(E) 13
29. Marcelo e Samanta desenharam, na quadra de sua escola, uma circunferência com letras, como na figura abaixo.
Eles brincam de saltar de uma letra para outra letra vizinha toda vez que uma moeda é lançada segundo a seguinte regra: se o
resultado do lançamento for cara, Marcelo salta no sentido horário para a letra vizinha de onde ele está e Samanta fica parada.
Se o resultado for coroa, Samanta salta no sentido anti-horário para uma letra vizinha de onde ela está e Marcelo fica parado.
Marcelo começa em A e Samanta em E. Após 70 lançamentos da moeda que resultaram em exatamente 37 caras, Marcelo e
Samanta estarão, respectivamente, nas letras
(A) FeE
(B) HeC
(C) FeD
(D) GeD
(E) AeE
30. Se 16 máquinas produzem 7.056 metros de tecido em 18 dias, então, supondo que cada uma das máquinas produz a mesma
quantidade de tecido por dia, o número de máquinas necessário para produzir 10.829 metros de tecido em 17 dias é
(A) 25
(B) 24
(C) 27
(D) 26
(E) 28
8 CMFOR-Conhec.Básicos3
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Sobre a presença daquele que é possivelmente seu mais famoso e lido livro, Pedagogia do oprimido, Paulo Freire critica aquilo
que chama de uma visão “bancária” da educação, em que os educadores mantêm com os alunos uma relação que detém informações
que são “depositadas” numa sala de aula, que está ali para memorizar, e não aprender. “Em lugar de comunicar-se, o educador faz
‘comunicados’ e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção
‘bancária’ da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e
arquivá-los.”
(ALMEIDA, Carol. Disponível em: Suplemento Pernambuco, p. 12, janeiro de 2019)
Assim, tanto o indianismo quanto o regionalismo de Alencar se construíram em um esquema sobredeterminado pela exaltação
da nobreza do colonizador que só a devoção do colonizado pode igualar. A ambivalência dessa posição ideológica é resolvida
poeticamente em Iracema, lenda que conta a fundação do Ceará consumada graças à “doce escravidão” (expressão de Machado de
Assis) à qual se submeteu a “virgem dos lábios de mel”. Iracema fugirá de sua tribo e se entregará ao conquistador europeu, Martim
Soares Moreno. Dessa união fatal para a mulher, que morrerá ao dar à luz, nasceria Moacir, “filho do sofrimento”, o primeiro cearense.
A coragem de Peri e a beleza de Iracema são a fonte de poesia desses romances ao mesmo tempo históricos e lendários. Mas o
poder que imanta os enredos vem do colonizador: homem, branco, português.
(BOSI, Alfredo. “A cultura no Brasil Império – literatura ideias”. In: História do Brasil nação − A construção nacional 1830-1889 − v. 2, Rio de
Janeiro: Objetiva, 2012, p. 245)
(A) metáfora, uma vez que atenua a dor sentida por Iracema.
(B) anáfora, pois retoma qualidades e atributos já expressos pelo autor.
(C) metonímia, já que funciona como substituição ao elemento europeu.
(D) epíteto, já que alude ao personagem Moacir.
(E) hipérbole, pois exagera a coragem de Martim e de Iracema.
34. O trecho Mas o poder que imanta os enredos vem do colonizador: homem, branco, português
Quando no decênio final do século XVI, os Países Baixos consolidaram militarmente na Europa sua independência da
Espanha, a ofensiva batava desdobrou-se em ofensiva ultramarina visando à destruição das bases coloniais da riqueza e do poderio
ibéricos. Nos primeiros anos do século XVII, a Companhia das Índias Orientais (VOC), sociedade de ações operando mediante
monopólio outorgado pelo governo neerlandês, promoveu o comércio e a colonização na Ásia em detrimento da presença espanhola
e portuguesa naquela parte das Índias Ocidentais (doravante referida também pelas suas iniciais holandesas WIC, ou “West Indische
Compagnie”), idêntico modelo institucional foi adotado para as Américas e para a costa ocidental da África.
(MELLO, Evandro Cabral de. “Introdução”. In: O Brasil Holandês, São Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2010, p. 12)
35. As palavras sublinhadas no texto podem ser substituídas, sem prejuízo de seu sentido, respectivamente, por
Havia na imprensa uma massa de analfabetos. Saíam as coisas mais incríveis. Lembro-me de que alguém, num crime
passional, terminou assim a matéria: − “E nem um goivinho ornava a cova dela”. Dirão vocês que esse fecho de ouro é puramente
folclórico. Não sei se talvez. Mas saía coisa parecida. E o Pompeu trouxe para cá o que se fazia nos Estados Unidos − o copy desk.
Começava a nova imprensa. Primeiro, foi só o Diário Carioca; pouco depois, os outros, por imitação, o acompanharam. Rapidamente,
os nossos jornais foram atacados de uma doença grave: − a objetividade. Daí para o “idiota da objetividade” seria um passo. Certa
vez, encontrei-me com o Moacir Werneck de Castro. Gosto muito dele e o saudei com a mais larga e cálida efusão. E o Moacir, com
seu perfil de Lord Byron, disse para mim, risonhamente: − “Eu sou um idiota da objetividade”.
Também Roberto Campos, mais tarde, em discurso, diria: − “Eu sou um idiota da objetividade”. Na verdade, tanto Roberto
como Moacir são dois líricos. Eis o que eu queria dizer: − o idiota da objetividade inunda as mesas de redação e seu autor foi, mais
uma vez, Pompeu de Sousa. Aliás, devo dizer que o copy desk e o idiota da objetividade são gêmeos e um explica o outro.
(RODRIGUES, Nelson. “Os idiotas da subjetividade”. A cabra vadia, São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 50-51)
o
38. Em Eis o que eu queria dizer (2 parágrafo), o termo sublinhado pode ser substituído, sem prejuízo para o sentido do texto, por
(A) Afinal, colocando-se em relevo a ideia de causa.
(B) Ao invés, ressaltando-se a noção de oposição.
(C) Exceto, evidenciando-se o caráter de exclusão.
(D) Aqui está, mantendo-se o caráter de designação.
(E) Sequer, mantendo-se o caráter de exclusão.
10 CMFOR-Redator-H08
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
Atenção: Para responder às questões de números 39 a 44, baseie-se no texto abaixo.
Estabelecida na Sicília no século V a.C., a retórica terá como primeiros cultores a Empédocles, Córax e Tísias. Segundo
Armando Plebe (1968, p. 3-6, passim), já nesse momento nebuloso de suas origens, a disciplina conheceria duas linhagens: primeira,
uma demonstração técnica e racional do verossímil; segunda, uma psicagogia (literalmente, “condução da alma”), isto é, exploração
do potencial de sedução da palavra, aquém ou além de sua inteligibilidade. A primeira linhagem aspira a tornar mais potente o
discurso válido de uma perspectiva lógica, tendo como fonte Córax, Tísias e Protágoras; a segunda, mergulhada em princípios pitagó-
ricos − magia, medicina e música como terapias − e parmenídicos − distinção entre a via da verdade e a da opinião − pretende
trabalhar o fascínio enganador a que se presta a palavra, originando-se no pensamento de Empédocles, para daí passar a Górgias e
depois a Isócrates.
A partir de fins do século V a. C., a retórica entra num período que ficou melhor documentado, podendo-se dizer, contudo, que a
controvérsia já referida, entre a arte da palavra como embalagem do raciocínio ou como encantamento e ilusionismo, se transforma
em verdadeiro mote do debate filosófico que atravessaria os séculos. Desse período, são de destacar as obras de Platão − que em
geral reagiu contra a retórica enquanto hipertrofia da linguagem como forma sedutora, ou então a avaliou positivamente, desde que
identificada com a dialética − e de Aristóteles − que lhe dedicou um tratado específico destinado a ampla influência, concebendo-a
como técnica rigorosa de argumentação e como arte do estilo, além de estudá-la sob os pontos de vista do ethos do orador e do
pathos dos ouvintes.
(Adaptado de ACÍZELO, Roberto. O império da eloquência: retórica e poética no Brasil oitocentista. Rio de Janeiro: EdUERJ: EdUFF, 1999, p. 7)
39. Segundo a exposição presente no texto, a retórica teria historicamente duas linhagens: uma demonstrativa, na elaboração do
sentido verossímil, e outra psicagógica, no sentido de indução. Respectivamente, estas duas linhagens se associam
(A) à condução da verdade e à elaboração de um interlocutor do discurso.
(B) ao discurso filosófico e à enunciação de discursos fúnebres.
(C) ao elogio da razão e ao falseamento das palavras.
(D) à elaboração de ficções e ao combate de discursos mentirosos.
(E) ao encadeamento lógico do discurso e à condução do auditório.
40. O texto atribui a Platão e a Aristóteles concepções distintas sobre a retórica. Para Platão, a retórica
(A) é a arte do diálogo, no combate ao engano e à palavra estilosa; para Aristóteles, é a arte do ethos e do pathos, com a
finalidade argumentativa.
(B) é a arte do engano e da embalagem do raciocínio, por isso contrária à dialética; para Aristóteles, é um tratado que estuda
apenas as técnicas da argumentação.
(C) identifica-se com a dialética, quando se difere da palavra enganosa; já para Aristóteles, é a técnica da argumentação, do
estilo, bem como um tratado sobre o ethos do orador e sobre os modos de conduzir o pathos do auditório.
(D) é uma controvérsia sobre a filosofia iniciada com os filósofos pré-socráticos; para Aristóteles, enquanto arte do estilo, é o
estudo da argumentação por meio do ethos e do pathos com a finalidade de persuadir o auditório.
(E) é apenas uma embalagem do raciocínio com a finalidade de iludir; para Aristóteles, é a arte de influenciar por meio do
conhecimento das técnicas da argumentação.
41. O sentido da palavra verossímil, desdobrado em outras expressões presentes no texto, como “discurso válido” e “embalagem do
raciocínio”, retoricamente refere-se
(A) à escolha das palavras na constituição de um estilo engenhoso, próprio e autoral.
(B) ao ordenamento das partes do discurso, de modo a resultar em um todo provável organizado.
(C) à invenção de argumentos ilusórios que distanciam o discurso da argumentação comum.
(D) à verificação dos fatos do senso comum, por meio da organização dos argumentos.
(E) ao desenvolvimento da argumentação, com o objetivo de formar uma opinião comum.
44. As duas linhagens descritas na origem da retórica, segundo o texto, sintetizam-se em dois vocábulos presentes no primeiro
parágrafo. Respectivamente, estes vocábulos são:
(A) demonstração e potência.
(B) razão e morte.
(C) raciocínio e alma.
(D) verossímil e sedução.
(E) nebulosidade e inteligibilidade.
Para que haja argumentação, é mister que, num dado momento, realize-se uma comunidade efetiva de espíritos. É mister que
se esteja de acordo, antes de mais nada e em princípio, sobre a formação dessa comunidade intelectual e, depois, sobre o fato de se
debater uma questão determinada.
(PERELMAN, Chaïm & OLBRECHTS-TYTECA. Tratado da argumentação. A nova retórica. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 16)
45. Depreende-se do trecho acima que, para que haja a seleção de uma questão a ser debatida e o seu efeito argumentativo, o
discurso necessita estar de acordo com o seu interlocutor quanto
(A) ao senso de fraternidade.
(B) aos lugares-comuns.
(C) à elite intelectual.
(D) aos canais de comunicação.
(E) aos objetivos comuns.
47. A síntese do parágrafo na forma de uma frase, preservando a sua intenção de sentido, está corretamente reescrita em:
(A) Num dado momento, para que haja argumentação, antes de mais nada, e em princípio, é mister que se esteja de acordo
sobre a formação dessa comunidade intelectual.
(B) É mister, para que haja argumentação, que se realize uma comunidade; e num dado momento, para debater uma questão.
(C) Para que haja argumentação, é mister que se esteja de acordo sobre a formação de uma comunidade intelectual no
debate de uma questão.
(D) Para que haja argumentação e debate de uma questão determinada, é mister que se realize uma comunidade intelectual e
efetiva de espíritos.
(E) Num dado momento, é mister que se esteja de acordo com a formação de uma comunidade de espíritos e intelectual.
48. Um silogismo é um raciocínio dedutivo elaborado por meio de duas premissas e de uma conclusão. Segundo a ordem das
premissas apresentadas no trecho, está correto o silogismo que se encontra em:
(A) Há argumentação. Há uma comunidade intelectual e efetiva de espíritos. Logo, há um acordo.
(B) Há argumentação. Há um acordo. Logo, há uma comunidade intelectual e efetiva de espíritos.
(C) Há uma comunidade efetiva de espíritos. Há uma questão para se debater. Logo, há uma comunidade intelectual.
(D) Há uma comunidade intelectual e efetiva de espíritos. Há uma questão para se debater. Logo, há argumentação.
(E) Há um acordo. Há uma comunidade intelectual e efetiva de espíritos. Logo, há uma questão para se debater.
12 CMFOR-Redator-H08
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
49. Considere o texto a seguir.
Há a autoridade do “ontem eterno”, isto é, dos mores [costumes] santificados pelo reconhecimento inimaginavelmente antigo e
da orientação habitual para o conformismo. [...] Há a autoridade do “dom da graça” [...] extraordinária e pessoal, a dedicação
absolutamente pessoal e a confiança pessoal na revolução, heroísmo e outras qualidades da liderança individual [...] Finalmente,
há o domínio da “legalidade”, em virtude da fé na validade do estatuto legal e da “competência” funcional baseada em regras
racionalmente criadas.
(WEBER, Max. IN: QUINTERO, Tania et alli (orgs). Um toque de clássicos. Durkheim, Marx e Weber. Editora da UFMG: 1995, p. 121
e 122)
O trecho acima indica três tipos de autoridade política, que podem ser identificados, conforme a ordem em que aparecem no
texto, com as seguintes formas de legitimação do poder:
50. Considerado um dos principais filósofos da humanidade, Platão teorizou, em suas obras, acerca da política, desenvolvendo
reflexões sobre temas como
(A) a divisão necessária do governo em três poderes (executivo, legislativo e judiciário) de modo que houvesse uma
autorregulação dos mesmos.
(B) a liberdade de expressão na imprensa e a tolerância religiosa no espaço público, elementos por ele considerados
fundamentais para a manutenção da democracia.
(C) o uso justificado dos mais variados meios para se atingir um fim nobre e garantir a permanência do governante no po-
der.
(D) o papel imprescindível do Estado no estabelecimento de um contrato social que garantisse os direitos de todos os cida-
dãos e decisões consensuais.
(E) a ética necessária na conduta dos governantes, de forma a atender aos interesses coletivos e não individuais.
51. As políticas desenvolvimentistas dos anos 1950, levadas a cabo sobretudo nos governos de Getúlio Vargas e de Juscelino
Kubitschek, acabaram por gerar dois efeitos colaterais em termos socioeconômicos, perceptíveis entre o fim dos anos 1950 e a
década de 1960, tais como:
(A) o aumento dos índices de pobreza causado pela superexploração dos trabalhadores, e a diminuição da classe operária,
uma vez que foram efetivados projetos de empreendedorismo rural.
(B) o incremento de impostos e tributos, devido aos custos demandados para se construir Brasília, e a devastação da
Amazônia setentrional com vistas à ocupação demográfica e à exploração agrícola.
(C) a intensificação da desigualdade inter-regional, causada pela concentração de investimentos no centro-sul, e o aumento da
migração interna, principalmente do Nordeste para o Sudeste do país.
(D) a crise do agronegócio monopolista, por causa da política de financiamento ao pequeno produtor, e a favelização da
periferia das grandes cidades, acompanhando a instalação de grandes parques industriais.
(E) a erradicação do analfabetismo, resultante de políticas nacionais de alfabetização, e a urbanização do Centro-Oeste, em
virtude da abertura de estradas e núcleos de povoamento.
52. A libertação dos escravos na Província do Ceará, quatro anos antes da Lei Áurea, está inserida em contexto específico,
marcado pela
(A) eleição do Partido Republicano para comandar a Província e pela insuficiente imigração europeia que, introduzida antes da
abolição, não atendia às altas demandas por mão de obra local.
(B) revolta dos oficiais do Exército, majoritariamente republicanos, e pelo estímulo direto do Imperador, que era criticado pelos
fazendeiros do café por ser simpático ao abolicionismo.
(C) atuação política dos maçons que comandavam a vida econômica da Província e pela rebelião geral dos escravos por conta
da Lei Saraiva, em 1881.
(D) ação da Campanha Abolicionista, que contava com amplo apoio popular na Província, e pela ineficácia econômica do
sistema escravista devido às características da economia regional.
(E) crise econômica da lavoura de cana, que não mais pagava os custos da escravidão, e pela introdução da pecuária que
demandava trabalhadores livres.
CMFOR-Redator-H08 13
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
53. Entre as principais causas da chamada “Sedição de Juazeiro”, em 1914, estava a
(A) política de laicização da República, comandada por militares positivistas, que desagradou a Igreja Católica e fez com que
os padres se tornassem líderes políticos.
(B) guerra entre famílias tradicionais pelo controle das pequenas cidades do Sertão, e a existência de um núcleo monarquista
no interior do estado.
(C) política de valorização da produção de café por parte do governo federal, que retirava recursos do Norte do país e da
pecuária, para investir no Sudeste.
(D) tensão camponesa na luta pela terra e a ação dos jagunços e cangaceiros, que exigiu uma intervenção do Exército para
conter uma revolta popular.
(E) política de intervenções do governo federal nos estados, também conhecida como “política das salvações”, que interferia
nas hegemonias locais que lhe eram contrárias.
54. São exemplos da emergência do liberalismo como força política, nos séculos XVIII e XIX, respectivamente, os seguintes
eventos históricos:
(A) Revolução Mexicana e Revolução de 1848 em Paris, que expressaram a luta da classe camponesa e operária.
(B) Guerra de Independência Americana e Santa Aliança, que afirmavam os direitos dos povos à autodeterminação.
(C) Revolução Americana e Revolução de Cádiz, que afirmavam os direitos naturais e a importância de um pacto cons-
titucional.
(D) Restauração na França e Movimento Cartista inglês, que lutavam pelo sufrágio universal masculino e pela república.
(E) Revolução Francesa e Conspiração da Pólvora na Inglaterra, que derrubaram as monarquias vigentes e instauraram
repúblicas liberais.
Se queremos analisar o regime autoritário em suas diversas formas devemos examinar os estilos de liderança e os diferentes
modos de conceber a relação entre o poder do Estado e a sociedade. As “ideologias” contêm um forte elemento utópico; as
“mentalidades” estão mais próximas do presente ou do passado. Os sistemas totalitários têm ideologias, enquanto os regimes
autoritários se baseiam em mentalidades peculiares, difíceis, portanto, de definir.
(LINZ, Juan apud: AVELAR, Lúcia. “Juan Linz. Um sociólogo de nosso tempo.” Tempo Social. Rev. de Sociologia da USP, São
Paulo, 13(1): 203-227, maio de 2001, p. 211. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ts/v13n1/v13n1a13.pdf)
(A) é inviável, pois os regimes autoritários são muito diferentes dos sistemas totalitários, já que estes últimos se baseiam na
utopia e não na liderança.
(B) exige que se considerem, em cada caso, fatores comparativos como as ideologias, as mentalidades e a relação entre
Estado e sociedade.
(C) leva à conclusão de que os sistemas totalitários são peculiares em seus estilos de liderança, portanto, mais complexos e
indefiníveis.
(D) procede, uma vez que ideologias e mentalidades são equivalentes, sendo mais importante diferenciar, na verdade, um
“sistema” de um “regime”.
(E) é complexa, pois os regimes totalitários estão presos ao passado, e os sistemas autoritários anunciam o futuro, por serem
dotados de elementos utópicos.
Neste regime, […] a verdadeira força política, que no apertado unitarismo do Império residia no poder central, deslocou-se para
os Estados. A política dos Estados, isto é, a política que fortifica os vínculos de harmonia entre os Estados e a União é, pois, na
sua essência, a política nacional.
(SALES, Campos. Mensagem de 3 de maio de 1902. In: ____. Manifestos e mensagens. São Paulo: Fundap/Imprensa Oficial, 2007,
p. 202)
O trecho acima revela uma estratégia política do Presidente Campos Sales, no começo da república brasileira, para pacificar as
facções regionais e organizar sua relação com o poder central. Essa estratégia ficou conhecida na historiografia como Política
14 CMFOR-Redator-H08
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
57. Considere o texto a seguir.
A globalização existe, é um fato, ou melhor, um processo histórico. Ao longo dos anos 1990, quando o debate era mais acirrado,
os que acreditavam na existência da globalização podiam ser divididos em dois grupos. Embora não houvesse homogeneidade
dentro deles, uns viam o fenômeno como algo positivo, tendendo à sua celebração, outros o viam como algo negativo.
(SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. São Paulo: Contexto, 2003, p. 32-33)
Dentre os aspectos positivos e negativos da globalização que pontuaram o debate acima, mencionam-se, respectivamente,
argumentos como
(A) os benefícios da internet para a democratização da informação, e a gradativa dificuldade de acesso à tecnologia
computacional, dada a diversidade de sistemas vigentes.
(B) o aumento da facilidade de comunicação e deslocamento entre as diversas regiões do globo, e a intensificação das
desigualdades econômicas e assimetrias entre os países.
(C) a acolhida humanitária e incondicional, pelos países desenvolvidos, dos grupos de refugiados e imigrantes vindos de
países pobres, e a disseminação do inglês como língua franca.
(D) a possibilidade de intercâmbio cultural entre países e populações distantes, e a gradativa falência das empresas do setor
de turismo, dada a queda no interesse pela experiência in loco.
(E) a universalização da ciência resultando no fim de epidemias e na exploração democrática do espaço, e o desenvolvimento
tecnológico de países essencialmente agrários como ameaça para um grande desequilíbrio na economia global.
58. O absolutismo, como o próprio termo sugere, tem como base o poder absoluto do governante, que dessa forma
(A) age como déspota ou tirano, obedecendo a seus caprichos e interesses, sem a preocupação de justificar seu poder, expor
sua imagem ou estabelecer alianças.
(B) centraliza o governo em suas mãos, exercendo, para isso, uma estratégia populista de comunicação para conquistar a
aprovação dos setores emergentes da sociedade, como a burguesia.
(C) se torna o grande líder espiritual e religioso de seus país, fundando uma igreja baseada no culto personalista de sua figura
e em regras por ele inventadas.
(D) assume o comando das Forças Armadas e passa a instituir um regime militar autoritário, com a finalidade de transferir
gradativamente seus poderes para uma instituição estatal considerada sólida, absoluta e impessoal.
(E) exerce o poder amparado pela tese de que sua autoridade tem origem divina, e que a monarquia é o regime ideal de go-
verno, capaz de assegurar vitórias militares, prosperidade e o sentimento de unidade em torno da figura de um soberano.
59. Durante a II Guerra Mundial, o governo brasileiro implantou, no Ceará, o Serviço Especial de Mobilização dos Trabalhadores
para a Amazônia (SEMTA). Esse organismo foi
(A) responsável pelo recrutamento dos chamados “soldados da borracha”, para assegurar a extração de látex nos seringais da
Amazônia e a exportação dessa matéria-prima para os Aliados, por meio de acordos político-econômicos firmados entre
Brasil e EUA.
(B) criado como parte dos Acordos de Washington, que estabeleceu compromissos entre o Brasil e os países Aliados no
sentido da cooperação militar e econômica para ocupar e desenvolver a Amazônia, região de fronteiras porosas e
vulnerável à invasão por parte dos países do Eixo.
(C) uma instituição de fachada, como exigia o contexto de guerra, que administrava as várias bases militares no Ceará e em
outros estados nordestinos, encarregadas de garantir o fornecimento de combustíveis e outros insumos para a indústria
norte-americana.
(D) resultado da política de Getúlio Vargas, que, para evitar uma revolta popular decorrente da calamidade social causada pela
seca na região, criou frentes de trabalho na Amazônia visando o combate à fome e o assistencialismo social permanente
às famílias.
(E) implementado pelo governo norte-americano como parte do acordo de que os Estados Unidos defenderiam o Brasil em
caso de ataque inimigo, em troca da livre exploração da Amazônia para sanar suas necessidades de guerra e de mercado.
60. O Estado brasileiro, no período após a independência e antes da proclamação da República, tinha como características políticas
(A) a ausência de separação entre Igreja e Estado, e a vigência do Código Manuelino como lei geral do Brasil.
(B) a sucessão de governos parlamentares, sob tutela monárquica, que buscaram assegurar a manutenção do trabalho
escravo, e a ocupação de cargos políticos por representantes da maçonaria.
(C) o vínculo formal com Portugal, uma vez que não se tratava de um estado soberano e sim de “Reino Unido”, e a tradição do
voto censitário nas eleições municipais.
(D) a disputa constante de poder entre um partido conservador, monarquista, e outro liberal, republicano, e problemas legais
de indefinição das fronteiras no sul do território brasileiro.
(E) a existência de um exército nacional forte, responsável por anexações de territórios originais da América Hispânica, e
oferta de ensino público e universal.
CMFOR-Redator-H08 15
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
PROVA DISCURSIVA-REDAÇÃO
Instruções Gerais:
Conforme Edital publicado Capítulo 9. 9.3 Na Prova Discursiva-Redação, o candidato deverá desenvolver texto dissertativo-argumentativo a partir de proposta
única, sobre assunto de interesse geral não atrelado necessariamente ao Conteúdo Programático de Conhecimentos Específicos referido no presente Edital.
9.4.4 Na aferição do critério de correção gramatical, por ocasião da avaliação do desempenho na Prova Discursiva-Redação a que se refere este Capítulo,
deverão os candidatos valer-se das normas ortográficas em vigor, implementadas pelo Decreto Presidencial no 6.583, de 29 de setembro de 2008, e alterado
pelo Decreto no 7.875, de 27 de dezembro de 2012, que estabeleceu o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 9.5 Será atribuída nota ZERO à Prova
Discursiva-Redação que: a) fugir à modalidade de texto solicitada e/ou ao tema proposto; b) não atender aos critérios dispostos nos quesitos 9.4.1 – Conteúdo,
9.4.2 – Estrutura e 9.4.3 – Expressão. c) apresentar texto sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e palavras soltas ou em
versos) ou qualquer fragmento de texto escrito fora do local apropriado; d) for assinada fora do local apropriado; e) apresentar qualquer sinal que, de alguma
forma, possibilite a identificação do candidato; f) estiver em branco; g) apresentar letra ilegível e/ou incompreensível; h) não atender aos requisitos definidos na
grade correção/máscara de critérios pela Banca Examinadora. 9.6 Na Prova Discursiva-Redação, a folha para rascunho no Caderno de Provas será de
preenchimento facultativo. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção pela Banca Examinadora. 9.7 Na Prova
Discursiva-Redação deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de
pontos a serem atribuídos à Redação. 9.8 A Prova Discursiva-Redação terá caráter eliminatório e classificatório e será avaliada na escala de 0 (zero) a 10
(dez) pontos, considerando-se habilitado o candidato que nela obtiver nota igual ou superior a 5 (cinco) pontos.
De um ponto de vista legalista e institucional, a justiça segue o caminho das leis, uma vez que são elas que delimitam
o alcance de nossas ações na sociedade civil. Todavia, como bem sabemos, as leis consideradas “justas” podem tornar-se
II
O conceito de justiça depende da moral e dos valores existentes em uma sociedade, diferentemente de noções como
“igualdade” ou “liberdade”, que, embora sejam conceitos teóricos, podem ser verificados de forma empírica dentro de um
dado contexto.
(Adaptado de: OLIVEIRA, Lucas de. Justiça Social. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br)
Com base nas ideias presentes em I e II, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
16 CMFOR-Redator-H08
Caderno de Prova ’H08’, Tipo 001
PROVA DISCURSIVA-REDAÇÃO
CMFOR-Redator-H08 17