OK - Conceito Maitland de Terapia Manual

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20 de julho de 2009

O Conceito Maitland de Terapia Manual

O Conceito Maitland de Terapia Manual foi desenvolvido na


década de 60 pelo fisioterapeuta australiano Geoffrey D. Maitland (esse aqui ao
lado), e na postagem de hoje vou fazer uma breve introdução e discutir
algumas características interessantes deste conceito Mas antes de começar,
quero chamar a atenção para um detalhe importante: Esta abordagem de
fisioterapia é sempre referida como um "conceito", e não como uma “técnica”.
Sabem porque? Porque a ênfase do tratamento é colocada não sobre a técnica
de mobilização articular em si, mas principalmente sobre uma filosofia que
engloba a avaliação e o tratamento e que defende o raciocínio clínico baseado
principalmente nos achados clínicos (saber quando, como e quais técnicas
usar e adaptar a situações para cada paciente). De fato, as técnicas de
mobilização articular empregadas no conceito Maitland são em sua maioria
bastante simples, não há manuseios complexos ou ultra sofisticados que
exijam meses de prática para a sua realização. Desta forma fica claro que o
grande lance do conceito Maitland não reside nas técnicas, mas sim no
processo de avaliação clínica meticulosa permite, inclusive, que quaisquer
outras modalidades de mobilização ou manipulação possam ser agregadas,
aplicadas e reavaliadas sem comprometer em absolutamente nada o processo
de raciocínio clínico.
O advento do Conceito Maitland pode ser considerado um dos marcos mais
importantes do desenvolvimento da Terapia Manual. Neste modelo de
abordagem, a avaliação clínica baseia-se em uma anamnese minuciosa, em
um exame físico detalhado e passível de registro (movimentos ativos, passivos
e acessórios graduados em uma escala de 1 a 4), na avaliação dos sinais e
sintomas, e reavaliação investigando os efeitos das técnicas sobre estes sinais
e sintomas. Ao utilizar a filosofia do Conceito Maitland, os fisioterapeutas são
encorajados a formular e testar várias hipóteses a fim de encontrar o melhor
método de tratamento para o paciente.

O exame físico envolve a aplicação de movimentos vertebrais oscilatórios


passivos e acessórios nas articulações para tratar a dor e a rigidez de natureza
mecânica. As técnicas visam restaurar movimentos articulares e são
classificados de acordo com a sua amplitude.

Aqui temos um referencial histórico importante para a terapia manual, pois


Geoff Maitland desenvolveu uma metodologia capaz de classificar as
mobilizações articulares. Isto permitiu uma maior confiabilidade e registro
adequado da técnica de mobilização empregada nos pacientes. Assim, as
mobilizações podem ser classificadas em 4 graus:

Grau I: É um movimento de pequena amplitude, realizado abaixo da faixa de


resistência e é adequado para o tratamento de condições altamente irritáveis.

Grau II: É uma mobilização de maior amplitude porém ainda abaixo da


resistência do tecido (R1). Uso de mobilizações

Grau I e II são adequadas quando a mobilização gera dor antes da restrição do


movimento articular.

Grau III e IV são utilizados quando a resistência ao movimento é detectada


antes da dor. Uma mobilização III é um movimento de grande amplitude
executado dentro de resistência (R2) e geralmente utilizado para melhorar a
amplitude de movimento.

Grau IV é um movimento de pequena amplitude executado dentro resistência


(R2), utilizadas para dores crônicas de baixa irritabilidade.

Esta é uma descrição extremamente sucinta das graduações, uma vez que
este assunto é bem complexo e discutido ao longo de vários capítulos dos
livros do conceito Maitland. Em um próximo post eu vou falar um pouco mais
profundamente sobre os graus e sobre esta noção de resistência dos tecidos
(R1 e R2).

Para finalizar é preciso compreender que o conceito Maitland é dinâmico, e


continua a evoluir e modificar-se por meio da integração dos conhecimentos
científicos atuais. É importante ressaltar que apesar das técnicas de tratamento
serem basicamente técnicas de mobilização articular, o conceito Maitland não
se concentra exclusivamente nos componentes do movimento articular, mas
também engloba a avaliação e tratamento do sistema neural e as disfunções
do sistema muscular. Assim, uma visão global do paciente permite que um
tratamento específico possa ser programado.e sua efetividade avaliada.

Conceito Maitland

Na década de 60, mais precisamente em 1961 Geoffrey Maitland, Fisioterapeuta


Australiano, recebeu um prêmio para estudar na Inglaterra, onde iniciou seus estudos na
diferenciação entre a manipulação, preconizada na época por James Cyriax, e a
mobilização. Em 1964, foi lançado a 1ª edição do livro Manipulação Vertebral, traduzido
mais recentemente para o português em 2002 pela editora Medsi, e em 1968 a 1 ª edição
do livro Manipulação Periférica, ainda não traduzida.
Ao retornar para Austrália, iniciou a aplicação da abordagem terapêutica através do
Raciocínio Clínico (Clinical Reasoning), processo de tomada de decisão, na qual o
Fisioterapeuta é um investigador, criando questionamentos objetivos para mais
precisamente chegar ao diagnóstico fisioterapêutico. O raciocínio clínico pode ser utilizado
de forma hipotético-dedutivo; ou padrão-dedutivo, dependendo da experiência do
profissional (Edwards e col. 2004).
O Conceito Maitland preconiza que “Manipulação e Mobilização não são como um jogo de
golfe” ou seja, independente da habilidade do Fisioterapeuta, as peças
articulares só podem ser mobilizadas ou manipuladas nas direções de funcionamento das
mesmas; que a avaliação deve ser feita de forma analítica, somando as informações
colhidas no exame subjetivo e objetivo para que seja tomada a decisão do procedimento
terapêutico (Maitland 1986).
A contribuição de Geoffrey Maitland na Terapia Manual foi classificar os graus de
mobilização articular, para que tivessem maior aplicabilidade clínica.
Grau I: mobilização de pequena amplitude que não chega na barreira restritiva
Grau II: mobilização de grande amplitude que não chega na barreira restritiva
Grau III: mobilização de grande amplitude que chega na barreira restritiva
Grau IV: mobilização de pequena amplitude que chega na barreira restritiva
Grau V: mobilização de pequena amplitude feita em alta velocidade após abarreira restritiva,
conhecida como manipulação.
Os graus I e II são utilizados em quadros álgicos, enquanto os graus III e IV são utilizados
quando a restrição de movimento é o principal fator relacionado ao sintoma.

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